Вы находитесь на странице: 1из 60

Federação das Câmaras de Comércio Exterior

A FCCE é a mais antiga Associação de Classe dedicada CÂMARAS DE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS, organismo
exclusivamente às atividades de Comércio Exterior. que representa as Câmaras de Comércio Bilaterais dos
Fundada no ano de 1950, pelo empresário joão Daudt seguintes países: ARgENTINA, BOlÍVIA, CANADÁ,
de Oliveira (a ele se deve, 5 anos antes, a fundação da CHIlE, CuBA, EQuADOR, MÉXICO, PARAguAI,
Confederação Nacional do Comércio – CNC ), a FCCE SuRINAME, uRuguAI, TRINIDAD E TOBAgO e VE-
opera ininterruptamente, há mais de 50 anos, incenti- NEZuElA.
vando e apoiando o trabalho das Câmaras de Comércio Além de várias dezenas de Câmaras de Comércio Bi-
Bilaterais, Consulados Estrangeiros, Conselhos Empre- laterais filiadas à FCCE em todo o Brasil, fazem parte da
sariais e Comissões Mistas a nível federal. Diretoria atual, os Presidentes das Câmaras de Comércio:
A FCCE, por força do seu Estatuto, tem âmbito nacio- Brasil-grécia, Brasil-Paraguai, Brasil-Rússia, Brasil-Eslo-
nal, possuindo Vice-Presidentes Regionais em diversos váquia, Brasil-República Tcheca, Brasil-México, Brasil-Be-
Estados da Federação, operando também no plano interna- larus, Brasil-Portugal, Brasil-líbano, Brasil-Índia, Brasil-
cional, através “Convênios de Cooperação” firmados com China, Brasil-Tailândia, Brasil-ltália e Brasil e Indonésia,
diversos organismos da mais alta credibilidade e tradição, a além do Presidente do Comitê Brasileiro da Câmara de
exemplo da International Chamber of Commerce (Câmara Comércio Internacional, o Presidente da Associação Bra-
de Comércio Internacional – CCI), fundada em 1919, com sileira da Empresas Comerciais Exportadoras – ABECE,
sede em Paris e que possui mais de 80 Comitês Nacionais, o Presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferro-
nos 5 continentes, além de operar a mais importante viária – ABIFER, o Presidente da Associação Brasileira dos
“Corte Internacional de Arbitragem” do mundo, fundada Terminais de Contêineres, o Presidente do Sindicato das
no ano de 1923. Indústrias Mecânicas e Material Elétrico, entre outros.
A FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO Some-se, ainda, a presença de diversos Cônsules e diplo-
EXTERIOR tem sua sede na Avenida general justo no matas estrangeiros, dentre os quais o Cônsul-geral da
307, Rio de janeiro, (Edifício da Confederação Nacional República do gabão, o Cônsul do Sri lanka (antigo “Cei-
do Comércio – CNC) e mantém com essa entidade, há lão”), e o Ministro Conselheiro-Comercial da Embaixada
quase duas décadas “Convênio de Suporte Administrativo de Portugal.
e Protocolo de Cooperação Mútua”. Em passado recente A Diretoria
a FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO EXTE-
RIOR – FCCE assinou Convênio com o CONSElHO DE
Diretoria 2006-2009
Presidente

JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA

1 st V i c e - P r e s i d e n t e

PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZ

Vice-Presidentes Vice-Presidente Europa


Arlindo Catoia Varela Jacinto Sebastião Rego de Almeida
Gilberto Ferreira Ramos (Portugal)
Joaquim Ferreira Mângia Vice-Presidente Nor te
José Augusto de Castro Cláudio do Carmo Chaves
Ricardo Vieira Ferreira Martins
Vice-Presidente Sudeste
Antonio Carlos Mourão Bonetti
Vice-Presidente Sul
Arno Gleisner

Diretores

Diana Vianna De Souza Luiz Oswaldo Aranha


Marie Christiane Meyers Marcio Eduardo Sette Fortes de Almeida
Alexander Zhebit Oswaldo Trigueiros Júnior
Alexandre Adriani Cardoso Raffaele Di Luca
Andre Baudru Ricardo Stern
Augusto Tasso Fragoso Pires Roberto Nobrega
Cassio José Monteiro França Roberto Cury
Cesar Moreira Roberto Habib
Charles Andrew T’Ang Roberto Kattán Arita
Daniel André Sauer Sergio Salomão
Eduardo Pereira De Oliveira Sizínio Pontes Nogueira
José Francisco Fonseca Marcondes Neto Sohaku Raimundo Cesar Bastos
Luis Cesario Amaro da Silveira Stefan Janczukowicz

Conselho Fiscal (Titulares)

Delio Urpia de Seixas


Elysio de Oliveira Belchior
Walter Xavier Sarmento
Editorial

Rússia: a força emergente APOIO

Brasil e Rússia se destacam pela grandeza em várias esferas: extensão territorial, abun-
dância de recursos naturais, forte presença política nas regiões onde se encontram, graves
crises financeiras do passado e grandes promessas de se tornarem potências econômicas
em algumas décadas. Mas, apesar dessas semelhanças existirem e fazerem com que os dois
países pertençam ao grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), é verdadeiro, também,
apontar que as relações russo-brasileiras sempre se pautaram por certo distanciamento,
tanto político como comercial. Nesse contexto, movimentações de políticos e empresários
tentam fazer com que essa tendência se reverta e, cada vez mais, se abram oportunidades
para o comércio e investimentos no Brasil e na Rússia.
Objetivando fortalecer esse processo, a FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉR-
CIO EXTERIOR (FCCE) promoveu, no dia 09 de junho de 2008, o Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Rússia, convidando empresários, representantes
dos dois governos e de entidades de classe para discutirem os meios e as ações que possam
estreitar os contatos entre os dois países. Esta foi a 37a edição da série de seminários orga-
nizados pela FCCE, um dos mais bem-sucedidos encontros do setor de comércio exterior
no Brasil, e que conta com o apoio e participação do governo federal, através dos Ministé-
rios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, das
principais associações de classe, tais como a Confederação Nacional de Comércio (CNC), CONSELHO DE
a Câmara de Comércio Internacional – ICC, a Associação de Comércio Exterior do Brasil CÂMARAS DE COMÉRCIO
(AEB) e o Conselho das Câmaras de Comércio das Américas. Depois de passar por turbu- DAS AMÉRICAS
lências econômicas e financeiras na década de 1990, resultados de um complexo período
de transição política, a Rússia volta a figurar entre as nações de grande prestígio dentro
do tabuleiro mundial. Muito disso, é claro, se dá em razão da alta cotação do petróleo no
mercado internacional (a Rússia é um dos produtores líderes globais desse combustível
fóssil). Porém, não se pode negligenciar o papel político do ex-presidente Vladmir Putin
para o atual processo de estabilização político-econômica, ainda que o caminho centrali-
zador adotado ainda gere muitas controvérsias. Concordâncias e divergências a respeito da Expediente
condução política da era Putin à parte, o fato é que os números da economia russa atestam
Produção
dinamismo exuberante, atraindo investimentos do mundo inteiro, e demonstrando uma Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE
média de crescimento de 7% nos últimos cinco anos. E, ao que tudo indica, continuará a Av. General Justo, 307/6o andar
manter este ritmo, a despeito da crise financeira que assola o mundo em 2008. Tel.: 55 21 3804 9289
e-mail: fcce@cnc.com.br
Do lado do empresariado brasileiro, o fluxo de investimento das nossas empresas para Editor
a Rússia já é uma realidade. A recente inauguração de uma fábrica de processamento de O coordenador da FCCE
alimentos da Sadia e a atuação no fornecimento de carne do Frigorífico Bertin são exemplos Textos e Repor tagens
Brunno Braga
de sucesso das empresas brasileiras naquele país. Esse movimento é resultante de uma con-
Edição e Ar te
juntura econômica interna russa que permite maior consumo, sobretudo oriundo do setor Editora Aduaneiras
de alimentação. Contudo, faz-se necessário encontrar outros nichos que apresentem maior Rua da Consolação, 77
Tel.: 55 11 2126 9200
valor agregado. Isso porque quase três quartos da corrente de comércio russo-brasileira e-mail: comercial@aduaneiras.com.br
estão nas trocas de produtos primários: petróleo, por parte da Rússia; e alimentos (carne Impressão e Fotolito
e açúcar), por parte do Brasil. Com efeito, estimular parcerias e planos de cooperação Graphic Express
tecnológica e científica poderá representar um salto de qualidade nas relações bilaterais. Jornalista Responsável
Brunno Braga (MTB 050598/00)
As páginas a seguir comprovarão os esforços empreendidos pela FCCE no tocante a e-mail: carbrag29@yahoo.com.br
trazer o debate sobre a necessidade de se estreitar as nossas relações com esse importante Tel.: 55 21 9415 9365
país localizado na região conhecida pelo nome de Eurásia. Acreditamos, portanto, que, Estagiário:
Vinicius Henter
mais uma vez, cumprimos a nossa missão, propiciando um foro de alto nível e levando uma e-mail: viniciushenter@gmail.com
maior gama de conhecimento a respeito do comércio exterior com uma das mais pujantes Fotografia
potências emergentes do século XXI. Ismar Ingber
Secretaria
Maria Conceição Coelho de Souza
Boa leitura Sérgio Rodrigo Dias Julio
As opiniões emitidas nesta revista são de
responsabilidade de seus autores. É permitida a
reprodução dos textos, desde que citada a fonte.
O Editor
Sumário

6 E ntrevista 36 con j u nt u ra
Vladimir Lvovitch Tyurdenev
“O Brasil é a última fronteira agrícola do
“É impossível solucionar mundo”
os atuais problemas sem
a participação ativa da Rússia e do Brasil”

3 8 comércio bi l ateria l
“Estamos prevendo um fluxo de investimentos
1 4 A bert u ra US$ 50 bilhões”
Brasil e Rússia: relações emergentes

40 empresas

1 8 Paine l I “O Grupo Bertin acredita e aposta na Rússia”

Debatendo parcerias no campo da energia

43 C onfer ê ncia
Parcerias estratégicas
25 Paine l I I
A força dos agronegócio nacional
44 Ag rone g ó cios
“A Rússia é um mercado que o Brasil tem um
apreço muito grande”
2 8 Paine l I I I
Investindo em serviços e
infra-estrutura 46 c u lt u ra
A batuta russa

3 0 E ncerramento
Futuro promissor 5 0 R e l aç õ es B i l aterais
Intercâmbio Comercial Brasil – Rússia

5 4 C u rtas
3 4 empresas
Marca brasileira na Rússia
Entrevista

“É impossível
solucionar os atuais
problemas sem a
participação ativa da
Rússia e do Brasil”
Embaixador da Rússia no Brasil avalia como
promissora as relações entre os dois países

Vladimir Lvovitch Tyurdenev é embaixador da Rússia no Brasil. Formado


pelo Instituto Estatal das Relações Internacionais de Moscou, Tyurdenev é
bastante otimista em relação ao futuro das relações bilaterais Brasil-Rússia.
Em entrevista concedida à Revista da FCCE, ele apontou o aumento no
fluxo de comércio entre os dois países como sinal de que Brasil e Rússia
estão dando a devida importância às possibilidades existentes nas trocas
comerciais. No entanto, apesar dos bons números apresentados, o embai-
xador alerta que é preciso dar mais atenção ao comércio de produtos de
maior valor agregado e, assim, diminuir a influência dos produtos primários
negociados. Fluente em português e espanhol, Tyurdenev iniciou a sua
carreira diplomática em 1971 e já serviu nas embaixadas do Peru, Costa
Rica e Argentina. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista.

O último seminário bilateral Brasil- Vladmir Putin. O ministro das Relações


Rússia realizado pela FCCE foi em Exteriores da Rússia visitou o Brasil, no
2006. O que mudou de lá para cá mesmo ano. Enfim, tivemos momentos
em termos de avanços nas relações muito importantes na nossa relação bila-
entre os dois países? teral nos últimos dois anos. E o marco do
Tyurdenev – Nestes dois anos, fizemos ótimo clima nas nossas relações bilaterais
muito para intensificar as relações Brasil- foi o que ocorreu em maio deste ano quan-
Rússia. Nesse período, melhoramos muito do na cidade de Lekaterinburgo, localizada
o diálogo político. Em 2006, o presidente na região dos Urais, se realizou a reunião
Lula visitou o então presidente da Rússia, dos chanceleres dos países do grupo Bric

 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 
Entrevista

(Brasil, Rússia, Índia e China). Essa foi a


primeira vez que representantes oficiais
desses países se reuniram. E o tom da reu-
nião foi o comprometimento de fortalecer
os laços políticos e institucionais.

E, mas especificamente, como estão


as relações comerciais?
Tyurdenev – Do lado do comércio, é
também verificado um aumento significa-
tivo nas trocas comerciais entre os nossos
países. Em comparação com o ano 2006,
o ano de 2007 registrou um aumento no
intercâmbio bilateral de quase 25%, de
acordo com as estatísticas brasileiras. Mas
quando fazemos essa comparação com base
nas estatísticas russas, verificamos que,
em 2007, houve um aumento de 45% no
fluxo comercial, quando comparado com
o ano anterior. Mas, em números precisos,
as nossas trocas comerciais chegaram, em
2007, a US$ 5,5 bilhões. Para 2008, esta-
mos ainda mais otimistas, sobretudo em
razão da inauguração de uma fábrica de
processamento de alimentos da empresa
Sadia na Rússia e a produção da qual nós
vamos degustar agora.

O peso do comércio entre os dois


países ainda se dá na troca de pro-
dutos primários. É possível atenuar
esse quadro e trabalhar mais com
outros produtos?
Tyurdenev – Bem, de fato, a nossa pauta
de exportações para o Brasil está composta
por fertilizantes, petróleo e derivados. E Para o embaixador Tyurdenev, Brasil e Rússia precisam agregar mais valor no fluxo comercial.
nós compramos do Brasil basicamente
produtos agrícolas (carnes e açúcar). O “Para 2008, estamos ainda mais dades. Numa visão geral, Brasil e Rússia
problema é que a maior parte daquilo que otimistas, sobretudo em razão da não têm uma estrutura comercial compe-
é comercializado está atrelada à compra e titiva, mas sim complementar. A área de
inauguração de uma fábrica de
à venda de produtos primários, com pou- energia é uma delas. Temos a Necpower,
quíssimo valor agregado. Mas, numa das processamento de alimentos da companhia russa que trabalha com energia
reuniões tidas entre o ex-presidente Putin empresa Sadia na Rússia” nuclear. Ela está trabalhando há muitos
e o presidente Lula, ficou acordado que Tyurdenev anos na América do Sul, fornecendo
Brasil e Rússia vão trabalhar para firmar equipamento para energia hidrelétrica.
uma aliança tecnológica. Isso é primordial, Buscamos também trabalhar no plano de
porque entendemos que ao fazermos uma nosso comércio. Mas temos que lutar pela cooperação na energia nuclear. Essa é uma
área de cooperação no campo da tecnolo- diversificação. área importante e que o governo brasileiro
gia, estaremos dando um salto qualitativo já demonstrou interesse, o que demonstra
nas nossas relações comerciais. Isso não que o Brasil está pensando em todas as fon-
significa, é claro, que estaremos esquecen- É possível detalhar como os países po- tes de energia possível. Podemos, também,
do as commodities, que, por muito tempo, dem trabalhar pela diversificação? cooperar na área de petróleo e gás, na qual
vão representar um grande peso dentro do Tyurdenev – Temos muitas possibili- já firmamos contratos de entendimento e

 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


João Augusto Souza Lima, presidente da FCCE; o ex-senador Saturnino Braga; e o embaixador da Rússia no Brasil Tyurdenev.

cooperação entre a Gazprom e a Petrobras, podem ser resolvidas com uso de força, somos da opinião de que é impossível
duas empresas gigantes mundiais no campo elas devem ser efetivamente tratadas na solucionar os atuas problemas sem a par-
do petróleo. E acredito que essa parceria fonte da sua formação, indo ao fundo dos ticipação ativa da Rússia e do Brasil, países
será muito benéfica, pois o Brasil tem tec- problemas que geram as ameaças reais. de enorme potencial de desenvolvimento,
nologia para prospectar petróleo em águas com economias em alto ritmo de cresci-
profundas, enquanto a empresa russa detém mento, de importantes regiões de grande
tecnologia para exploração, armazenamen- É possível dizer que Brasil e Rússia extensão territorial como a Amazônia e a
to e transporte de gás. têm papel relevante para atuar con- Sibéria. Então, é preciso trabalhar mais e
mais para a cooperação entre Brasil e Rús-
tra a atual crise internacional?
sia se estreite em todas as esferas, inclusive
A crise atual tem múltiplas facetas: Tyurdenev – Sim, sem dúvida. Nós na econômica.
inflação dos preços dos alimentos,
aquecimento global, alta nos pre-
ços do petróleo. Como o governo Dados da Rússia
russo está encarando esses desafios
Nome oficial: Federação da Rússia
existentes na corrente conjuntura
Capital: Moscou
internacional? Presidente: Dmitri Medvedev
Tyurdenev – De fato, o mundo enfrenta Área territorial: 16,995,800 km2
novos e grandes desafios como mudanças Localização: do Nordeste Europeu ao Oceano Pacífico (Eurásia)
climáticas globais, pobreza em muitas par- População: 140,702,094 (estimativa de Julho de 2008)
tes do nosso planeta entre outros. Por isso Moeda: Rublo
é muito importante e oportuno o apelo do População alfabetizada (homens e mulheres com mais de 15 anos que
sabem ler e escrever): Homens: 99.7% / Mulheres: 99,2%
presidente Dmitriy Medvedev à comuni-
PIB em 2007 (em dólares): US$ 2,076 trilhões
dade internacional de agilizar os esforços,
PIB per capita (em dólares): US$ 14.600
inclusive reduzindo as despesas bélicas, Índice de inflação em 2007: 12%
para superar os complexos problemas Exportação em 2007 (em dólares): US$ 365 bilhões
que o novo século coloca perante a nossa Importação em 2007 (em dólares): US$ 260,4 bilhões
civilização. É claro que essas questões não

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 


10 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 11
Seminário bilateral de
Comércio exterior e investimentos BRASIL Rússia
Av. General Justo no 307 – Centro – Rio de Janeiro-RJ – Sede da Confederação Nacional do Comércio – CNC

Programa do Seminário: 9 de junho de 2008

14 h – Abertura dos Trabalhos: Presidente:


João Augusto de Souza Lima – Presidente da Federação das Gilberto F. Ramos – Presidente da Câmara Bilateral Brasil-Rússia
Câmaras de Comércio Exterior – FCCE
Pronunciamento Especial:
Sessão Solene de Abertura Alexey Labetskiy – Cônsul Geral da Rússia no Rio de Janeiro

Presidente da Sessão: Moderador:


Senador Roberto Saturnino Braga – ex-Presidente da Comissão Fabio Martins Faria – Diretor de Planejamento e
de Relações Exteriores do Senado Federal Desenvolvimento do Comercio Exterior do MDIC

Pronunciamento especial: Expositores:


Vladimir Tyurdenev – Embaixador Plenipotenciário da Rússia Cynthia Maria Memória Xavier da Silva – Área de
Biocombustíveis da Petrobras
Andrei Potemkim – Diretor-executivo da RUSBRAGEO
Componentes da mesa:
Alexander Sheykin – Vice-Diretor Internacional da GAZPROM
Alexey Labetskiy – Cônsul-Geral da RÚSSIA no Rio de Janeiro
Sergei Krivolapov – Diretor para a America Latina da POWER
Theóphilo de Azeredo Santos – Presidente da CCI e Presidente
MACHINE (Rússia)
do Conselho Superior da FCCE
Marcio Reis – Sócio-gerente da Siqueira Castro Advogados
Gilberto F. Ramos – Presidente da Câmara de Comercio Industria
e Turismo Brasil-Rússia
(coffee-break)
Alexander Zhebit – Presidente da Câmara de Comércio e
Industria Brasil-Belarus 16 h PAINEL II: As relações Brasil – Rússia no setor de
Gustavo Affonso Capanema – Vice-Presidente do Conselho Agronegócios
Superior da FCCE
Presidente do Painel:
14h30 PAINEL I: A cooperação energética e as parcerias João Sampaio – Secretário de Estado da Agricultura e
BRASIL-RÚSSIA nos setores de petróleo e fontes Abastecimento do Estado de São Paulo (ex-Presidente da
alternativas de energia Sociedade Rural Brasileira)
Moderador: Pronunciamento Especial:
Arthur Pimentel – Diretor de Comércio Exterior do MDIC Boris Komissarov – Chefe do Departamento Internacional do
Governo de São Petersburgo (Rússia)
Expositores:
Isabel Esteves – Representante do Frigorífico Bertin
José Juni Neto – Diretor do Grupo SADIA
Componentes da mesa:
17h30 PAINEL III: O relacionamento Brasil-Rússia no setor Vladimir Tyurdenev – Embaixador Plenipotenciário da Rússia
de serviços, apoio logístico e cooperação inter-regional Sebastião do Rêgo Barros – ex-Embaixador Plenipotenciiário
do Brasil na Rússia
Presidente:
Edson Lupatini – Secretario de Comercio e Serviços do MDIC Senador Sergei Vassiliev – Vice-Presidente do
Vneshecovombank
Pronunciamento especial: Alexey Labetskiy – Cônsul-Geral da Rússia no Rio de Janeiro
Senador Sergey Vassiliev – Vice-Presidente do
Vnesheconombank da Rússia – “Facilidades aos empresários João Augusto de Souza Lima – Presidente da FCCE
brasileiros para participação no mercado da RÚSSIA” Embaixador Paulo Pires do Rio – Diretor-Conselheiro do
Conselho Superior da FCCE
Moderador:
Embaixador Ernesto Rubarth – Secretário de Estado de Gilberto F. Ramos – Presidente da Câmara Bilateral Brasil-
Assuntos Internacionais do Rio de Janeiro Rússia

Expositores: Alexander Zhebit – Presidente da Câmara Bilateral Brasil-


Embaixador Ernesto Rubarth – Secretário de Estado de Belarus
Assuntos Internacionais do Rio de Janeiro

18h30 Sessão Solene de Encerramento: COQUETEL:


Presidente da Sessão: Ministro Marcus Vinicius Pratini de Homenagem ao Sr. Vladimir Tyurdienev – Embaixador
Moraes – Presidente do Conselho Empresarial Brasil-Rússia Plenipotenciário da Rússia

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 13


A be r t u r a

Brasil e Rússia: relações


emergentes
Embaixador da Rússia no Brasil comenta a atual relevância política e
econômica de Brasil e Rússia no mundo

Da direita para esquerda: Teophilo Azeredo Santos, Saturnino Braga, embaixador Vladimir Tyurdenev, Boris Komissarov, Gustavo Capanema, Diana
Viana de Souza.

O presidente da FCCE, João de Conselho das Câmaras de Comér- FCCE convidou o secretário-geral
Souza Lima abriu os trabalhos do cio das Américas e lembrando que do Conselho de Comércio Exterior
Seminário Bilateral de Comércio encontro é o 37o realizado dentro da Associação Comercial do Rio de
Exterior e Investimentos Brasil- de um programa de comum acor- Janeiro, Marco Aurélio de Andrade;
Rússia dizendo aos presentes que o do estabelecido com o Governo o presidente da Câmara Bilateral
evento contou com a colaboração da Federal, através do Ministério das Brasil-Bielarussia, Alexander Zhe-
Confederação Nacional de Comér- Relações Exteriores e do Ministério bit; o presidente da Câmara Bilate-
cio (CNC), da Câmara de Comércio do Desenvolvimento Indústria e ral Brasil-Rússia, Gilberto Ramos;
Internacional, da Associação do Comércio Exterior (MDIC). Para o vice-presidente do Conselho
Comércio Exterior do Brasil, e do compor a mesa, o presidente da Superior da FCCE, Gustavo Capa-

14 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


nema; o chefe do Departamento fíceis. Nos períodos mais recentes, o país dois países que hoje se colocam como gigan-
Internacional do Governo de São teve uma crise econômica muito grave tes da economia emergente”, disse.
e conseguiu superá-la inteiramente. Ela Saturnino lembrou, ainda, que quando
Petersburgo, Boris Komissarov; o ainda teve crises políticas no fim do século foi prefeito da cidade do Rio de Janeiro
senador da Rússia, Sergei Vassiliev; passado que transformaram seu regime (1986-1988), promoveu a aproximação
o cônsul-geral da Rússia, Alexey político, e soube superar todos esses entre a capital fluminense e a então cidade
percalços, mostrando ao mundo todo o de Leningrado (hoje São Petersburgo).
Labetskiy; o presidente da CCI e acúmulo de saber, de maturidade e sensi- “Estive lá e tive a oportunidade de conhe-
Presidente do Conselho Superior da bilidade que o seu povo tem”, analisou. Na cer uma das mais belas cidades do mundo.
FCCE, Teóphilo de Azeredo Santos avaliação de Saturnino Braga, esses aspec- Eu tenho no meu currículo esse ato de
tos encontrados na Rússia são suficientes aproximação que muito me orgulha. É
e o embaixador da Rússia no Brasil, para que o Brasil estreite cada vez mais uma razão a mais de honra para mim, ao
Vladimir Tyurdenev. A sessão foi as relações com esse país. Segundo ele, estar presidindo esse seminário”, disse
presidida pelo ex-senador pelo Rio os dois países tiveram, até recentemente, concluindo a sua participação. Em seguida,
oportunidades de contatos mais íntimos, o presidente da sessão de abertura passou
de Janeiro, Saturnino Braga mas que não foram devidamente efetivados a palavra para o embaixador da Rússia no
em razão da grande distância geográfica. Brasil, Vladimir Tyurdenev.
“Brasil e Rússia têm um
encontro marcado na história e Bom momento
A importância da Rússia estamos aqui exatamente para O embaixador começou o seu pro-

O
ex-senador Saturnino Braga iniciou impulsionar essa aproximação” nunciamento ressaltando a importância
o seu discurso elogiando a série de S at u r n i n o B r a g a do evento e lembrando estar satisfeito
seminários promovida pela FCCE, pelo fato de ser o segundo encontro
afirmando que os resultados dos seminá- Brasil-Rússia promovido pela FCCE em
rios representam um foro importante para Não obstante Brasil e Rússia estarem a
dois anos. “Tenho grandes expectativas a
aproximação comercial e política do Brasil milhares de quilômetros distantes, Satur-
respeito dessa reunião. Espero que, como
com vários países. “Sempre que tenho nino Braga disse que ambos os países têm
o último seminário sobre o mesmo tema
podido, compareço a esses seminários. E, analogias em comum. Entre elas, encon-
tram-se os recursos naturais em abundân- realizado em fevereiro de 2006, se incen-
com razões muito maiores, sinto-me hon- tive a ampliação dos contatos empresariais
rado e satisfeito com a missão de presidir cia e semelhanças na trajetória política,
este último destacado pelo palestrante. e o desenvolvimento geral da cooperação
a sessão, por ser a Rússia um dos países multifacetada entre os nossos países”,
mais importantes do mundo”, disse. Ele “Os dois países não têm tradições demo-
cráticas. A democracia brasileira ficou afirmou o diplomata.
comentou que a Rússia desempenha papel Ele informou que, em outubro de
de grande relevância na conjectura mun- truncada durante vinte anos na segunda
metade do século passado, e a Rússia só 2008, as relações diplomáticas entre o
dial atual, refletindo a importância do país
recentemente adotou o regime democrá- Brasil e a Rússia completam 180 anos. E,
ao longo da sua trajetória na história do
tico. Porém são países que vivenciam um de acordo com o palestrante, esta data
mundo ocidental. Além disso, Saturnino
momento especial no aperfeiçoamento do representa uma boa oportunidade para
Braga ressaltou a destacada contribuição
cultural da Rússia. “A Rússia é o país de seu sistema político, exatamente por não avaliar o histórico dessa relação e traçar
Dostoievski e de Tolstoi. É um país que se possuírem, ao longo da sua história, uma novas metas de cooperação bilateral. Ele
destacou na música, no balé, e nas artes tradição sedimentada, o que demanda uma considerou, ainda, que o atual estágio das
em geral, tendo acumulado um acervo troca de experiências mais freqüente entre relações está em um bom momento. “Os
que impõe respeito à humanidade”. Ele os dois países”, afirmou. nossos países estão avançando, de forma
acrescentou, ainda, os avanços do país nas Para o ex-senador, há certa semelhança precisa, rumo à formação e à geração de
áreas científica e tecnológica. “A Rússia entre a população brasileira e russa. Se- parceria estratégica baseadas na fidelidade
tem feitos extraordinários na área cientí- gundo ele, os dois povos se caracterizam aos valores da paz, da democracia, do de-
fica. Enfim, a história registra a presença pela criatividade e sensibilidade apurada. senvolvimento e do respeito e defesa dos
da Rússia sob vários aspectos, em vários “Brasil e Rússia têm um encontro marcado direitos humanos”, disse.
momentos, com um destaque muito es- na história e estamos aqui exatamente para Na avaliação de Tyurdenev, a coope-
pecial” afirmou. impulsionar essa aproximação, pelo lado ração bilateral desempenha um papel
As mudanças política e econômica vivi- comercial, sim, pois ele é propiciador dessas importante no fortalecimento do co-
das pelo país recentemente também foram aproximações. Mas eu, pela minha vida po- mércio russo-brasileiro. Ele comentou
temas tratados pelo palestrante. “A Rússia lítica, também quero crer que é importante que o intercâmbio comercial entre os
passou por momentos extremamente di- cuidarmos dessa aproximação entre esses dois países, que têm crescido nos últimos

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 15


A be r t u r a

anos, aumentou quase 25% em 2007,


atingindo US$ 5,5 bilhões. “A tendência
positiva deve se manter neste ano também.
Porém, apesar dos êxitos atingidos, acho
que o volume atual do comércio bilateral
não atingiu o nível de capacidade poten-
cial. Por isso, precisamos fazer muito nos
próximos anos, levando em conta a meta
indicada pela cúpula russo-brasileira de
atingir o intercâmbio comercial de US$
10 bilhões até 2010”.
O embaixador disse estar convencido
da necessidade da participação de círculos
empresariais para que tal objetivo seja
alcançado. Segundo Tyurdenev, a discus- Para o embaixador Tyurdenev, o comércio bilateral entre Rússia e Brasil vai aumentar nos próximos
anos.
são no âmbito do seminário promovido
pela FCCE incentiva a procura de novas de exploração das reservas de petróleo. As “Os nossos países estão
possibilidades para a cooperação entre os experiências brasileiras e russas nessa área avançando, de forma precisa,
círculos comerciais dos dois países, tanto têm o caráter de boa complementaridade. rumo à formação e à geração
no aumento quanto na diversificação desse A experiência brasileira na área de desco- de parceria estratégica, que se
intercâmbio. “Temos, hoje, boas condições brimento e extração de hidrocarbonetos baseia na fidelidade aos valores
para atingir esses objetivos. Uma das mui- de pressão pode ser útil aos russos. Por da paz, da democracia, do
desenvolvimento e do respeito e
tas provas disso é o recente cancelamento sua vez, os nossos especialistas possuem
das restrições temporárias à importação da a sua própria tecnologia na construção defesa dos direitos humanos”
carne brasileira, introduzidas por causa dos de gasodutos magistrais, na preparação Embaixador Vladimir Tyurdenev
surtos da febre aftosa. Mas acho que o mais de armazéns de gás e nos terminais para
importante é promover a cooperação para receber gás liquefeito”. Ele disse, também, representados pela sigla por Brasil, Rússia,
ampliar a participação dos produtos da alta considerar importante a cooperação na Índia e China, também foram alvo de co-
tecnologia no intercâmbio bilateral, pois a área de energia nuclear russa com os mentários por parte do embaixador russo.
grande parte dele é formada por matéria- planos aqui existentes. Além do campo Tyurdenev mencionou que as negociações
prima”, analisou o embaixador. energético, o embaixador russo disse que dos ministros das relações exteriores dos
já está em andamento parcerias nos cam- Brics, iniciadas em maio deste ano, mostra-
pos automobilístico, espacial, construção ram que os países estão dispostos consolidar
Aliança tecnológica de ferrovias e nanotecnologia. a união política e dos mercados emergentes.
O embaixador argumentou em favor “Ficou óbvio que esta comunhão, além de
do comprometimento a ser firmado entre “Considero muito vantajosa abrir caminhos importantes para a coopera-
os dois países dentro do campo da aliança a perspectiva de criação dos ção econômica, está adquirindo significado
tecnológica. Nesse contexto, ele apontou projetos russo-brasileiros de político.A Rússia acha que o conceito Bric é
o setor de energia como uma das áreas com
exploração das reservas de uma realidade, pois o alto crescimento dos
mais perspectivas de cooperação bilateral.
petróleo” nossos países mantém o desenvolvimento
“Esperamos que a empresa russa Energ
sustentável de uma economia global”. Para
Power, que muito tempo atrás começou Embaixador Vladimir Tyurdenev
finalizar, Tyurdenev afirmou ter certeza de
a participar de forma ativa no desenvolvi-
mento de energia hídrica brasileira, consi- Já na área de investimentos, apesar de que os recorrentes encontros e contatos
ga tomar parte na realização dos projetos reconhecer que essa seara ainda é tímida, serão importantes para aumentar a coo-
hidrelétricos no Rio Madeira, bem como o embaixador destacou a inauguração da peração de comércio e investimento entre
na construção de outras hidrelétricas for- Fábrica Concórdia, construída, em 2007, os dois países. “Espero que esse seminário
necendo equipamento energético”, disse. na Rússia pela Sadia, e que é voltada para contribua para que os nossos países al-
Ele disse que essa mesma visão de coope- o processamento industrial de alimentos cancem um novo patamar de cooperação
ração é esperada em relação à estatal russa naquele país. Ele acrescentou que em- prática”, disse, concluindo. Após o término
Gazprom, que, segundo informado por presários russos continuam estudando do pronunciamento do embaixador, o pre-
ele, já manifestou intenção de estabelecer as possibilidades de investir na área de sidente da sessão, Saturnino Braga, deu por
a cooperação estratégica com a Petrobras. mineração no Brasil, e definir os planos encerrada a primeira etapa do Seminário
“Considero muito vantajosa a perspectiva das ações conjuntas. Bilateral de Comércio Exterior e Investi-
de criação dos projetos russo-brasileiros Os Brics, grupo de nações emergentes mentos Brasil-Rússia.

16 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


Programação de Cursos Aduaneiras 2008
RIO DE JANEIRO SÃO PAULO
Cálculo dos Tributos na Importação Analista de Exportação
Dia 6 de setembro (sábado), das 9 h às 18 h De 1o a 5 de setembro, das 18h45 às 21h45
Professora: Naila Freire Professor: Ricardo Rodrigues Pinheiro
Despacho Aduaneiro na Importação Sistemática de Exportação
Dia 13 de setembro (sábado), das 9 h às 18 h Dias 2, 3, 9 e 11 de setembro, das 18h45 às 21h45
Professora: Naila Freire Professor: Luiz Martins Garcia

Siscomex-Importação Documentos no Comércio Exterior, Carta


Dia 20 de setembro (sábado), das 9 h às 18 h de Crédito e Publicação 600
Dias 5 e 6 de setembro, das 8h30 às 17 h
Professora: Adriana Vieira Barreto de Oliveira
Professor: Samir Keedi
Regimes Aduaneiros Especiais
Análise da Tributação na Importação e
Dia 27 de setembro (sábado), das 9 h às 18 h Exportação
Professor: Hélio Fernando Rodrigues Silva Dias 6 e 13 de setembro (aos sábados), das 9 h às 16 h
Marketing no Comércio Internacional Professor: Carlos Eduardo Garcia Ashikaga
Dia 4 de outubro (sábado), 9 h às 18 h Incoterms 2000 (Condições Internacionais de
Professora: Marilza Gama Pereira da Silva Compra e Venda)
Câmbio e Suas Modalidades Dia 6 de setembro (sábado), das 8h30 às 17h30
Dia 11 de outubro (sábado), das 9 h às 18 h Professor: Angelo Luiz Lunardi
Professora: Shirley Y. Kanamori Atsumi Importação e Exportação
de Serviços
Conceitos de Logística Aplicados a
Dia 8 de setembro 8h30 às 17h30
Transportes Internacionais Professor: Angelo Luiz Lunardi
Dia 18 de outubro (sábado), das 8 h às 18 h
Professor: Paulo Roberto Ambrósio Rodrigues Classificação Fiscal de
Mercadorias e Multas por
Seguro Aplicado ao Comércio Internacional Enquadramento Incorreto
Dia 25 de outubro, das 9 h às 18 h Dia 11 de setembro, das 8h30 às 17h30
Professor: José Alves M. Castro Jr. Professor: João dos Santos Bizelli
Intensivo de Importação (RJ) Importação: Aspectos
De 8 de novembro a 13 de dezembro (aos sábados), Fiscais e Administrativos
9 h às 18 h Dias 13 e 20 de setembro
Professores: Adriana Vieira Barreto de Oliveira, Hélio Fernando (aos sábados), das 8h30 às 17 h
Rodrigues Silva, Naila Freire e Shirley Y. Kanamori Atsumi Professor: João dos Santos Bizelli

Acesse: www.aduaneiras.com.br/cursos
e conheça a programação completa

Sempre um curso
preparado para você!
Informações e inscrições:
Rio de Janeiro-RJ São Paulo-SP Outras regiões
21 2425 1055 11 2158 8600 4003 5151
E-mail: E-mail: Se a sua região ainda não é atendida pelo
aduaneiras.rj@uol.com.br cursos@aduaneiras.com.br serviço 4000, disque 0xx11 4003 5151.
P ainel I

Debatendo parcerias no campo da


energia
Palestrantes do Painel I discutem a atual conjuntura do setor de energia e as
possibilidades de projetos de cooperação entre Brasil e Rússia

Da direita para a esquerda: Alexander Sheykin, Andrei Potemkim, Fábio Martins Faria, Gilberto Ramos, Alexey Labetskiy, Cynthia Maria Xavier da Silva
e Marcio Reis.

O Painel I do seminário teve como Cynthia Maria Xavier da Silva, o foi um entusiasta do incremento das
tema: A cooperação energética e as diretor-executivo da Rusbrageo, relações bilaterais russo-brasileiras.
parcerias Brasil-Rússia nos setores de Andrei Potemkim; o vice-diretor “Estou há mais de 20 anos atuando
petróleo e fontes alternativas de energia. Internacional da Gazprom, Alexan- nessa área”, afirmou. Ele classificou
Presidido pelo presidente da Câma- der Sheykin; e o sócio-gerente da como importante as conversações
ra Bilateral Brasil-Rússia, Gilberto Siqueira Castro-Advogados, Marcio entre os dois países sobre biocom-
Ramos, e moderado pelo diretor de Reis. O cônsul-geral da Rússia no bustíveis. “Defendo que há boas
Planejamento e Desenvolvimento Rio de Janeiro, Alexey Labetskiy, possibilidades de conversarmos
do Comércio Exterior do MDIC, fez o pronunciamento especial da com empresas russas a respeito dos
Fábio Martins Faria, o Painel teve sessão. biocombustíveis. Apesar de a Rússia
como expositores a gerente da Área Ao abrir os trabalhos do painel, ser a maior produtora mundial de
de Biocombustíveis da Petrobras, Gilberto Ramos disse que sempre gás e petróleo, acredito que pode
18 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a
ser uma questão de investimento.
Com grande orgulho, afirmo que
somos praticamente os pioneiros
dessa tecnologia, que podemos tra-
balhar em conjunto com a Rússia”,
afirmou. Com relação à Gazprom, o
presidente da Câmara Bilateral Bra-
sil-Rússia informou que em março
deste ano a estatal russa de energia
planeja investir bilhões de dólares
até 2010 em campos e oleodutos.
Ele afirmou, ainda, que o Brasil
tem interesse em importar algumas
tecnologias dessa empresa russa e
trabalhar em investimentos. “A Ga-
zprom é a segunda maior do mundo Gilberto Ramos, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia: “Empresas russas vão investir
US$ 10 bi no Brasil até 2010.”
na área de energia e o Brasil tem
que estar atento às oportunidades minários e foros de debates para que se limitado para que haja construções de
que podem surgir para negociar ”. possa trocar informações e conhecimentos usinas nos rios da Sibéria”, disse.
sobre os dois países. “Sem informação,
Em seguida, o presidente do Painel nada avança”, considerou.
passou a palavra para o cônsul-geral Petróleo e gás
“Em 2007, o PIB russo cresceu
da Rússia no Rio de Janeiro, Alexey O diplomata classificou a promoção e
acima de 7%”
Labetskiy, responsável pelo pronun- a extração do petróleo como o segundo
Alexey Labetskiy pilar no setor energético russo. Ele lem-
ciamento especial da sessão. brou que em 2006, a Rússia se tornou o
Em seguida, o palestrante fez um breve primeiro país em exportação de petróleo,
comentário histórico da economia russa. ultrapassando a Arábia Saudita. “É muito
Ele contou que a partir de 2000, a Rússia importante. O nosso país dispõe de várias
conseguiu crescer a taxas consideráveis. áreas ricas em hidrocarbonetos de todos os
Evolução do PIB russo “Em 2007, o PIB russo cresceu acima de tipos, tendo o petróleo em primeiro lugar.

A
o iniciar a sua participação, o di- 7%. Quais são as bases desse crescimento? Conseguimos, no ano passado, atingir o ní-
plomata comentou que um dos Quais são os recursos que foram utilizados vel de produção de petróleo de 120 bilhões
principais problemas existente nas para atingir essa velocidade impressionan- de barris mensais. Desta quantidade, 55%
relações russo-brasileiras reside no pouco te? Há duas bases. A primeira é a consoli- está destinada à exportação”. Em razão
conhecimento que ambos os países têm um dação do Estado, que promoveu reformas disso, Labetskiy disse que o montante
do outro. “Apesar de vivermos em época estruturais que ocorrem no país”, analisou. de divisas que entrou no país aumentou
de internet, se perguntarem a um russo em Em seguida, Labetskiy comentou sobre o muito, influenciando a velocidade do cres-
Moscou ou em qualquer outra província cenário de energia russo. De acordo com cimento do PIB e abrindo a possibilidade
russa sobre o que é o Brasil, a resposta ele, o primeiro pilar do setor energético da Rússia resolver os problemas ligados à
será muito simples: Corcovado, Pelé, Rio russo é o setor de energia elétrica. O dívida externa. “Basta dizer que as nossas
de Janeiro, futebol, Amazônia. A mesma diplomata informou que este setor foi reservas cambiais hoje ultrapassam US$ 50
coisa se perguntarem a um brasileiro sobre criado nos anos 20 e 30 do século passa- bilhões. O fundo soberano já ultrapassou
o que é a Rússia. Ele dirá: Revolução de do. No entanto, o diplomata apontou que US$ 160 bilhões. E isso foi atingido muito
outubro, balé, primeira nave cósmica”, há problema de ordem financeira para o em função da exploração do petróleo”,
declarou o diplomata. Neste contexto, desenvolvimento do setor hidrelétrico. “O ressaltou.
Labetskiy destacou a importância de se- recurso para o desenvolvimento é muito A exploração do gás foi apontada pelo

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 19


P ainel I

mercado muito importante, para onde


devemos orientar o nosso fornecimento”,
avaliou o diplomata.
Para facilitar os meios de transporte
dos hidrocarbonetos para o continente
asiático, Labetskiy revelou que foi iniciada,
em 2007, a construção de um oleoduto
que ligará a Sibéria ao oceano pacífico.
“Esse oleoduto terá 4.600 quilômetros, e
já se encontra em fase avançada. Ele ligará
a Rússia ao mercado chinês e aos portos
marítimos no Japão, e assim abrir novos
mercados para o nosso setor energético”,
detalhou.
Além desses projetos voltados para o
fornecimento de energia para o mercado
externo, Labetskiy contou que o governo
russo está elaborando para o mercado
O cônsul Alexey Labetskiy disse que Petrobras e Gazprom podem trabalhar juntos no setor de interno o programa de estabilidade ener-
biocombustíveis. gética para o ano de 2010. “O teor central
do programa é o chamado “três ‘is’”: infra-
estrutura, inovação e investimento. Isso
“Se no início do século Rússia foi um dos pioneiros da geração de significa que agora nós tentamos repensar
passado a energia elétrica foi energia atômica e da construção das usinas o desenvolvimento do setor energético à
a matriz energética da antiga nucleares. Contudo, Labetskiy disse que o base das novas tecnologias”, disse o cônsul.
aumento do preço do petróleo e o do gás
Rússia e União Soviética, hoje, Ele explicou que o programa consistirá na
no mercado internacional fez com que a
o governo estabeleceu a meta de construção de novas linhas de transmissão
Rússia criasse políticas de ressurgimento
gaseificação de todo o país” para energia elétrica, elaboração de novas
de construção de usinas nucleares.
Alexey Labetskiy
estações de compressão de gás, utilização,
ainda maior, das jazidas de petróleo e
Mercados externos investimento em capital humano, este últi-
A busca por uma maior presença nos mo visto como extremamente importante,
diplomata como o terceiro pilar da matriz
mercados externos vem sendo tratada segundo o palestrante. “Nós sentimos que
energética e da indústria energética da
como fundamental dentro da estratégia é necessário investir muito na geração de
Rússia. “Isso é bem importante, pois a
comercial russa. Segundo o diplomata, novos usineiros e técnicos”, comentou.
exploração do gás representa 20% para o
orçamento do estado. E, agora, o gás ocupa essa política visa concentrar esforços para Em relação às políticas de cooperação
o lugar de maior meio energético para abrir novos meios de fornecimento de energética entre Brasil e Rússia, Labetskiy
solução dos problemas industriais e sociais petróleo e de gás aos países da Europa por mencionou que a empresa Gazprom já
do país. Se, no início do século passado, a intermédio da construção de gasodutos assinou um memorando de entendimento
energia elétrica foi a matriz energética da por toda a fronteira ocidental russa. Ele de parceria estratégica com a brasileira
antiga Rússia e União Soviética, hoje, o contou que o primeiro projeto foi desen- Petrobras. Além disso, ele considerou
governo estabeleceu a meta de gaseificação volvido em 2005 e, agora, está em fase de que as possibilidades de parceria residem
para todo o país”. O palestrante revelou construção. Já o segundo, planejado para na complementaridade de produção e
que esse processo está avançado. Ele disse ser construído a partir do mar Báltico, exploração energética. “Nós russos, temos
que, três anos atrás, menos da metade ligará São Petersburgo à Alemanha. “Este grandes experiências na construção de
das cidades russas eram gaseificadas. No ano (2008), foram assinados acordos gasodutos. Já as empresas brasileiras, em
entanto, hoje, 65% das cidades na Rússia para construção do terceiro maior gaso- especial a Petrobras, têm grandes avanços
já dispõem de energia a gás. “Isso permite duto que vai ligar a Rússia, pelo Mar do na exploração e produção no pré-sal e
aumentar muito a produtividade e nível Norte, ao sul da Europa. Isso permitirá possuem muitas conquistas científicas e
de vida, em primeiro lugar, nas regiões da diversificar e, assim, garantir a seguran- industriais na produção dos biocombustí-
província”, afirmou Labetskiy. ça energética nos fornecimentos para a veis. Isso abre possibilidades imensas para
O quarto pilar da matriz energética Europa. Mas com o surgimento e avanço todas as outras empresas de aproveitar es-
russa é a produção da energia atômica. A das economias na Ásia, apareceu um novo sas possibilidades na cooperação prática”,

20 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


destacou. O diplomata disse, ainda, que a
Rússia estuda adotar os biocombustíveis
como matriz energética importante do
país. “A Rússia está ciente que a época dos
hidrocarbonetos está chegando ao fim.
Mas, compreendemos muito bem que com
as nossas condições internas não podemos
utilizar alimentos como o milho e a beter-
raba para a produção de biocombustíveis.
Por isso, a produção dos biocombustíveis
a partir da celulose é uma realidade que já
está testada na Rússia e nós estamos cientes
de que isso vai avançar” concluiu.

“As usinas de biodíesel estão


mais espalhadas em território
nacional do que as usinas de Cynthia Xavier da Silva, da Petrobras, disse que a empresa dispõe de US$ 1,5 bi para investir em
etanol” biocombustíveis.
Cynthia Maria Xavier da Silva

“Os valores de emissão de ela, os objetivos desse projeto estão na


etanol decorrentes seriam diversificação da matriz energética, na
Biocombustíveis redução das importações de diesel, na
melhorados se a palha não fosse
A palestrante seguinte foi a gerente da geração de emprego e renda, na fixação do
queimada, se biocombustíveis
Área de Biocombustíveis da Petrobras, homem no campo e extensão da agricultura
fossem utilizados no maquinário
Cynthia Maria Xavier da Silva. No início da sustentável e na recuperação de solos e
sua participação, ela fez um levantamento agrícola”
suprimento de um combustível ambiental-
a respeito do mercado de energia para os Cynthia Maria Xavier da Silva
mente correto. “As usinas de biodiesel estão
próximos 20 anos. De acordo com esse mais espalhadas em território nacional do
prognóstico apresentado, o crescimento veículos leves”, disse a palestrante, que
que as usinas de etanol. O que a gente está
do consumo será da ordem de 2,1% ao acrescentou que o Brasil já exporta, por
buscando, em razão da responsabilidade
ano, enquanto o crescimento da produção ano, três bilhões de litros de etanol.
social e ambiental da Petrobras, é tentar
de petróleo será de 1,9%. “Basicamente, Em relação à situação geográfica das
minimizar o uso de matéria prima alimentí-
isso sinaliza que vamos ter reservas fósseis usinas, a representante da Petrobras reve-
cia para sair desse problema de competição
decrescentes, elevados preços de energia lou que 90% da produção estão na região
com alimentos”, disse.
e forte dependência em energias não re- sudeste. E dentro da questão do ciclo de

nováveis. Aliado a isso, há o problema de vida de produção do etanol comparado ao
instabilidade política em alguns países su- que existe em termos de emissão e absor-
pridores. Isso vem a forçar uma demanda ção de CO2, o resultado é que são gerados Atuação internacional
por novas fontes de energia, mais limpas, 309 quilos de CO2 por mil litros de etanol A atuação da Petrobras no campo dos
sustentáveis e economicamente viáveis”, que são emitidos na produção, enquanto biocombustíveis se dá em diversos países.
analisou a representante da Petrobras. Em que para a produção da mesma quantida- A estatal petrolífera brasileira tem 15
seguida, ela apresentou um cronograma de de energia utilizando gasolina, seriam refinarias e 23.142 km de dutos. A partir
da experiência brasileira, salientando que 3.368 quilos. “Os valores de emissão de do ano passado, a Petrobras desenvolveu
os primeiros testes para o uso de etanol etanol decorrentes seriam melhorados se estratégia corporativa para biocombus-
foram realizados em 1925. “O etanol a palha não fosse queimada, se biocom- tíveis e passou a atuar mais fortemente
está participando cada vez mais da matriz bustíveis fossem utilizados no maquinário nesse item. “Nós temos US$ 1,5 bilhão
veicular brasileira. A cana já é a segunda agrícola, e se o bagaço fosse utilizado para para investir em biocombustíveis até 2012,
fonte primária de energia. Ela já passou a fabricação de etanol de segunda geração, o seja no Brasil, ou no exterior”, revelou a
energia elétrica, hidráulica e eletricidade. que a Rússia está tentando fazer em termos gerente da Petrobras.
Está em segundo lugar depois de petróleo de madeira”, analisou. Ela disse, ainda, que devido à impor-
e derivados. A participação dos veículos Ela também mencionou o programa de tância do segmento dos biocombustíveis,
Flex Fuel é cada vez mais importante nos produção de biodiesel brasileiro. Segundo a empresa, na sua diretoria e no conselho

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 21


P ainel I

Potemkim revelou que uma das principais


áreas desenvolvimento de tecnologias
digitais é um banco de dados que realiza
trabalhos de levantamento de 30 mil
quilômetros de dutos, além de tomar
decisões e prever os trabalhos de reparo
e possíveis avalias. “Um dos trabalhos
recentes da filial, que tem sede aqui no
Rio de Janeiro, foi um levantamento para
projetos de travessias e foram executados
trabalhos de hidrologia, geofísica, entre
outros”, disse, acrescentando que a em-
presa está executando vários projetos de
expansão de dutos no Brasil “Esperamos
criar várias parcerias com o que tem de
melhor entre as empresas brasileiras e as
empresas russas”.

Gigante do petróleo
O vice-diretor da Área Internacional
da Gazprom, Alexander Sheykin, pales-
Andrei Potemkim, da Rusbrageo, disse que a empresa está executando vários projetos de expansão trou em seguida. Ele aproveitou para, de
de dutos no Brasil. início, agradecer o convite para fazer a
exposição do perfil da companhia, comen-
de administração, criou uma subsidiária “A Gazprom gostaria de suprir tando sobre os resultados e estratégias da
da Petrobras chamada Petrobras Biocom- a demanda por gás nos Estados estatal russa para os presentes. Ele contou
bustíveis S/A. “A Petrobras já faz testes que a Gazprom é a maior produtora e
Unidos e reproduzir nosso
com óleo de soja em três refinarias e exportadora de gás natural do mundo A
sucesso europeu ao entregar gás
já temos a patente registrada. Estamos empresa também é proprietária da maior
fazendo investimentos e adequação em
natural para a região da Ásia-
infra-estrutura de transmissão de gás do
cinco refinarias e avaliando as condições pacífico” mundo e cerca da metade de suas ações
para adaptação de outras. Atualmente Alexander Sheykin são do Estado russo e a outra metade de
não estamos produzindo h-bio devido ao acionistas minoritários. Para demonstrar
preço significativo do óleo de soja para a o crescimento do volume de capital da
sua produção”. Por fim, Cynthia Xavier dos trabalhos da empresa tanto na área de
Gazprom nos últimos cinco anos, Ale-
disse que o atual desafio da Petrobras é conclusão e acompanhamento do projeto,
como por exemplo, monitoramento eco- xander Sheykin disse que o mercado de
evoluir de uma tecnologia de primeira capitalização da estatal passou de US$ 33
geração para uma de segunda geração, e lógico.Temos técnicos econômicos para o
cliente autoral das obras executadas, além bilhões em dezembro de 2003, para US$
passar a tratar com a biomassa o que hoje
de próprios equipamentos e máquinas com 300 bilhões em janeiro de 2008.
se obtém com petróleo e gás. “Na nossa
certificado de qualidade e capacidade de O Grupo Gazprom emprega cerca de
visão, o caminho é evoluir do petróleo até
atuar em indústrias petrolíferas, como é 400 mil pessoas e é responsável por 90%
energias renováveis e hidrogênio”, disse,
encerrando a sua participação. o caso do nosso principal cliente que a da produção e transporte de gás na Rússia.
Gazprom”, disse o executivo. Segundo ele, A empresa possui 158 mil Km de gaso-
como a rede de gás e petróleo na Rússia é dutos e representa 20% dos impostos ao
Tecnologia de petróleo extensa, é grande a demanda por serviços governo russo. “Nossos longos termos de
Andrei Potemkim, o diretor-executivo de engenharia, como os relacionados ao contrato e a previsão de preços favoráveis
da Rusbrageo, foi o expositor seguinte. Ele campo geológico, hidrológico e ecológico, para o mercado internacional de energia
contou que a Rusbrageo possui, em toda a entre outros estudos. “As áreas principais nos ajudarão a estabelecer um estável
sua estrutura, vários departamentos de ge- de atuação da empresa são voltadas para a e significante fluxo de dinheiro para o
ologia, de área geofísica, e, recentemente, triangulação, criação de sistema de infor- futuro. Nós também solidificamos nossa
foi criado o departamento de relações ex- mação geográfica e outros serviços que posição no mercado europeu e consegui-
teriores. “Estudos fazem parte obrigatória compõem esse departamento”. Andrei mos um lucro adicional ao desenvolver as

22 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


Além das estratégias definidas para a
expansão das atividades da Gazrpom no
mundo, Alexander Sheykin disse, também,
que a empresa está focando em duas prin-
cipais estratégias de mercado. Segundo ele,
o primeiro desafio é incrementar a presen-
ça na Europa e criar mecanismos de adap-
tação às mudanças do mercado como as
liberalizações, assim como, expandir para
novos segmentos de mercado. O segundo,
é abrir novos mercados. “Nesse contexto, a
Gazprom gostaria de suprir a demanda por
gás nos Estados Unidos e reproduzir nosso
sucesso europeu ao entregar gás natural
para a região da Ásia-pacífico”, revelou.
Após o seu pronunciamento, ele passou a
palavra para o sócio-gerente da “Siqueira
Castro-advogados”, Marcio Reis.

Alexander Sheykin, da Gazprom, acredita na expansão da capacidade de infra-estrutura da companhia


para atender à demanda européia por gás importado. Legislação do petróleo
nossas vendas”, disse o representante da futuro, projetamos grande fornecimento Márcio Reis iniciou a sua exposição
empresa russa. para a Ásia vindo das reservas de gás da dizendo que sua participação tinha como
Com isso, ele acredita na expansão da Rússia, localizadas na Sibéria oriental”, objetivo fazer um rápido sumário a res-
capacidade da infra-estrutura da compa- peito do regime jurídico da produção e
informou.
nhia, visando atender à demanda européia exploração de petróleo e gás natural no
Brasil. Para começar, ele lembrou que o
por gás importado. “Além da nossa rota
Brasil é um mercado onde há o monopó-
através da Ucrânia, nós completamos, Aumentando investimentos
lio da Petrobras, mas que permite certa
em dezembro de 2005, a construção da Alexander Sheykin disse, ainda, que a abertura para atuação de outras empresas.
refinaria do gasoduto de “Yamal-Euro- Gazprom está sendo responsável, a pedi- “Quando se começou a aventar a possibili-
pe” para utilizar a sua capacidade de 33 do do governo russo, pela coordenação dade de abertura do mercado havia fortes
bcm (bilhões de micrômetros cúbicos) do programa de unificação do sistema resistências de segmentos nacionalistas.
por ano”, afirmou. Além desse projeto, de produção, transporte e distribuição Essa abertura do petróleo não foi algo
Sheykin disse que a Gazprom está desen- na Sibéria oriental e no extremo oriente fácil”, disse o advogado. Em seguida, ele
volvendo o gasoduto de “Nord Stream”, da Rússia. De acordo com o expositor, fez um breve apanhado histórico recente
que permitirá mandar por navio o gás é esperado um aumento potencial de sobre as políticas do petróleo no Brasil.
extraído em território russo para o norte produção de gás nessa região, excedendo Ele disse que o início do processo de de-
da Alemanha, Dinamarca, Holanda e Reino 100 bcm por ano em 2020. “Para entre- mocratização, iniciado no governo José
Unido. “Nós também estamos discutindo gar esse gás, nós estamos desenvolvendo Sarney (1985-1989) foi quando se deram
opções para expandir o gasoduto de “Blue planos para um gasoduto de exportação na os primeiros processos de desestatização e
Stream”, que carregará gás para a Turquia, Sibéria Oriental. Assim, nós temos todo no governo Fernando Collor (1990-1992)
via Mar Negro. Juntos, os projetos men- o potencial para sermos um agente global que se deu de forma efetiva o processo de
cionados estão acrescentando mais de 70 energético. E, com todos os nossos planos desnacionalização. No entanto, segundo
bcm de capacidade de exportação às nossas sendo seguidos, nós vamos alcançar esse Reis, foi no governo FHC (1994-2002)
rotas de exportação à Europa”, calculou o objetivo em um futuro próximo”, previu que se conseguiu liberar o mercado de
palestrante. Sheykin. Para sustentar esse argumento, petróleo. “A emenda constitucional nú-
Para os mercados da Ásia Pacífica, o o executivo contou que, em dezembro mero 9 permitiu que empresas privadas
vice-diretor da Gazprom revelou que a último, a estatal russa assinou um pro- pudessem atuar no segmento de petróleo
demanda por gás importado é também es- tocolo de intenções com a Shell, Mitsui e gás no Brasil, pois ela flexibilizou o
perada e há perspectivas de que ela dobrará e Mitsubishi, visando tornar-se acionista monopólio da Petrobras. Em agosto de
em 2020. Segundo ele, a companhia estuda majoritária no projeto ‘‘Sakhalin II’’. De 1997, foi aprovada a lei do petróleo, que
possibilidades de fornecimento de gás acordo com o protocolo, a Gazprom vai é o marco regulatório atual que disciplina
com um número de potenciais consumi- adquirir 51% das ações do projeto, o que a exploração e produção de petróleo e
dores na região, sobretudo na China. “No representará US$ 7,45 bilhões. derivados no Brasil”, disse Reis.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 23


P ainel I

Flexibilização
Ele fez questão de ressaltar que a fle-
xibilização do monopólio não significa a
quebra do controle estatal. Isso porque,
segundo explicou o advogado, não foi
possível retirar a expressão monopólio
em função de resistências nacionalistas.
“O governo, certamente depois de realizar
os seus estudos, entendeu que não seria
possível retirar a expressão monopólio da
Constituição, pois geraria uma resistência
tão forte que talvez impedisse a abertura
desse mercado”, analisou.
Em razão da flexibilização do mercado
de petróleo e gás, o Brasil passou a adotar
modelos de concessão nos contratos com
empresas do setor. Nesse caso, a empresa
Marcos Reis, da Siqueira Castro-Advogados, disse que a flexibilização do mercado de petróleo
concessionária para exploração de petró- brasileiro impulsionou o crescimento do setor.
leo e gás passa a assumir todos os riscos
existentes na extração. “A concessionária
negocia livremente. Em troca, ela paga cado. Além disso, a ANP estabeleceu que compras do Brasil também estão bastante
tributos e participações governamentais. os direitos da União, por meio de rodadas concentradas em energia e derivados.
E os equipamentos e instalação usados de licitações, consagrando com o direito No entanto, ele alertou para participa-
no processo pertencem a ela. O que a de exploração dos campos de petróleo e ção ainda muito pequena do Brasil e da
concessionária conseguir extrair é de sua gás os interessados que oferecem as me- Rússia no comércio global com o resto
propriedade, e comercializa livremente o lhores condições. Se essa exploração for do mundo. “Nós participamos ainda com
petróleo e derivados”, explicou Reis. bem sucedida, as empresas vencedoras do percentuais mínimos nesse comércio.
processo de licitação iniciam a produção Uma ferramenta que nós colocamos a
de gás natural. “A concessão, portanto, disposição do público na Secretaria do
Tipos de contratos concede ao concessionário a propriedade Comércio Exterior é chamada Radar
Outra possibilidade verificada na polí- do bem extraído. Isso está expressamente Comercial. Essa ferramenta procura
tica de flexibilização é o contrato de pres- constituído”. Dentro dessa atual conjuntu- apontar as potencialidades que podem
tação de serviços. Reis contou que nessa ra, o advogado disse que a flexibilização do
ser exploradas nas exportações brasileiras
modalidade de contrato o Estado continua mercado de petróleo brasileiro permitiu
para a Rússia”, afirmou. Ele acrescentou
a ser o detentor exclusivo dos direitos de que a indústria do setor lograsse cresci-
que o comércio de automóveis produzi-
exploração e produção, mas contrata uma mento satisfatório, evoluindo de cerca
dos no Brasil para a Rússia pode um dos
empresa e a paga pela tarefa que ela de- de 2% para 10% do PIB, nos dias atuais.
“Houve amadurecimento das instituições nichos a ser explorado. “O Brasil não
sempenhar. “Ela não tem nenhuma relação
com a consolidação do marco regulatório”, participou desse mercado praticamente.
com a produção. Ela recebe o valor pela
concluiu. Há uma potencialidade grande, porque,
prestação de serviço, remunerada como
em três anos, o Brasil exportou mais de
tal”, disse.
US$ 2 bilhões em automóveis de 1.500 a
O contrato de risco é mais uma moda-
Descobrindo oportunidades 3.000 cilindradas. Nos automóveis abaixo
lidade instituída na lei de flexibilização de
exploração do petróleo, sendo que nesse O moderador do painel, Fabio Mar- de 1.500 cilindradas, nós também expor-
contrato, os equipamentos e instalações tins Faria, diretor de Planejamento e tamos um volume bastante parecido com
continuam pertencendo ao governo, isso Desenvolvimento do Comércio Exterior que a Rússia comprou do mundo, mas não
não é passado aos particulares. Com a do MDIC, disse, em breve participação, fizemos negócios com eles. Por isso, há
promulgação da lei do petróleo, em 1997, que as relações bilaterais entre Brasil e possibilidades significativas no comércio
foi instituída a ANP (Agência Nacional do Rússia têm tido escala de crescimento entre os nossos países que precisam ser
Petróleo), que tem como função ser uma impressionante. Ele lembrou que as ex- mais exploradas”, disse. Após o seu pro-
agência reguladora independente e que portações brasileiras para a Rússia estão nunciamento, Martins Faria encerrou o
passa a regular todas as atividades do mer- dominadas pela carne e, por outro lado, as Painel I.

24 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


P ainel II

A força dos agronegócio


nacional
Representantes da Sadia e Bertin falam sobre o sucesso das suas empresas
na Rússia

Da direita para esquerda: Isabel Esteves (Bertin), João Sampaio (secretário de Agricultura-SP, Arthur Pimentel (MDIC) e José Juni Neto (Sadia).

O Painel II teve como tema: As re- apresentação dizendo que a Rússia por conta das plantas industriais
lações Brasil-Rússia no setor de Agrone- é o quarto maior mercado de co- e frigoríficos colocados no nosso
gócios e foi presidido pelo secretário mércio exterior do Brasil e que o estado. Eles estão focados em aten-
de Estado da Agricultura e Abasteci- fluxo comercial com esse país tem der, da melhor maneira possível, às
mento do Estado de São Paulo, João crescido consideravelmente nos especificações colocadas por nossos
Sampaio. Para fazer as exposições últimos anos. “Em 2007, o nosso clientes. E a Rússia é um dos nossos
da sessão, foram convidados José comércio exterior representou nú- mais importantes compradores. Daí
Juni Neto, diretor do Grupo Sadia; meros superiores a US$ 3 bilhões, e a nossa necessidade e a nossa von-
e Isabel Esteves, representante do mais de 90% desse valor vieram do tade em atender, adequadamente,
Frigorífico Bertin. O moderador agronegócio, concentrado no açúcar aos requisitos que a população russa
do Painel II foi o diretor de Co- e nas carnes”. Sampaio informou
quer”, disse.
que São Paulo é o maior produtor
mércio Exterior do MDIC, Arthur No entanto, o representante do go-
brasileiro de açúcar e álcool, e é,
Pimentel. verno do estado de São Paulo alertou
também, o maior exportador de
O secretário de Estado da Agri- carne, apesar de o estado não ser que o comércio exterior não pode
cultura e Abastecimento de São maior produtor nacional. “São Pau- se pautar apenas em carnes e açúcar.
Paulo, João Sampaio, iniciou a sua lo é o maior exportador do Brasil Ele destacou a exportação de flores
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 25
P ainel II

e frutas que, segundo o secretário, Entender o mercado russo de toneladas por ano de carne. Dessa ca-
pacidade, metade é produzida na Rússia,

O
tem crescido. Sampaio disse, ainda, secretário argumentou que Brasil 15% são fornecidos por ex-repúblicas
que o estado de São Paulo aposta e Rússia têm enormes chances de da União Soviéticas e 35% são carnes
no crescimento do mercado da incrementar o comércio. De acordo importadas. “Moscou e São Petersburgo
com ele, o fato de o Brasil ter carnes e são as duas principais cidades da Rússia.
silvicultura, em especial o da celu-
açúcar como os principais itens da pauta Em Moscou, 65% do mercado de carne
lose. “São Paulo se desenvolveu, ao de comércio com a Rússia não impedem é importada, e em São Petersburgo, esse
longo dos anos, sempre focado em com que haja outras oportunidades no percentual é de 50%. Para ser indepen-
parcerias. Nós não queremos apenas mercado desse país. “A gente tem inúme- dente das importações de carne, a Rússia
ras outras oportunidades que podem ser precisaria dobrar a sua produção. Mas, os
vender e os maiores exemplos disso desenvolvidas. Quem conseguir entender números mostram que os produtores rus-
são as empresas Bertin e Sadia que o mercado russo e trabalhar com parcerias, sos conseguem aumentar somente 1% ao
já têm esse trabalho de parceria. O como faz a Bertin e a Sadia, terá êxito. Os ano a sua produção. Portanto, existe uma
governo do estado quer ser parcei- institutos de pesquisa de São Paulo e os grande dificuldade para a Rússia se tornar
nossos departamentos de comércio estão independente na produção de carne”, afir-
ro na linha do desenvolvimento de à disposição para quem tenha interesse em mou. Isabel Esteves disse, ainda, que 70%
cooperações estratégicas”, afirmou. trabalhar conjuntamente para desenvolver das importações de carne são provenientes
Em sua avaliação, para o comércio produtos com qualidade e atuar junto no de Brasil, Argentina e Uruguai. “Temos um
exterior se torne positivo é preciso comércio bilateral com a Rússia”, disse papel muito importante nas importações
concluindo a sua apresentação. deles”, frisou.
que ele se dê em mão-dupla, ou Em relação ao tipo de carne que os rus-
seja, quando é possível exportar sos importam, a representante da Bertin
e importar de forma equilibrada. “Nós estamos atuando cada vez afirmou que eles ainda não fazem parte do
grupo de importadores de cortes nobres,
“Esse é o nosso foco do governo do mais presentes no mercado russo.
ao contrário dos consumidores dos países
estado”, comentou. A forma que nós encontramos foi da Europa Ocidental. Mas, segundo ela,
a parceria, para que possamos com o passar do tempo, os russos podem
Em seguida, Sampaio apresentou assim chegar mais diretamente se tornar compradores de cortes com
números referentes ao comércio ao consumidor final” valores mais elevados devido ao aumento
bilateral Brasil-Rússia. De acordo Isabel Esteves
de poder aquisitivo. Após o término da sua
com as estatísticas apresentadas, o apresentação, ela passou a palavra para José
Juni Neto, diretor do Grupo Sadia.
crescimento do fluxo de comércio
Bertin
entre os dois países, de 2002 a 2007,
A representante do Frigorífico Bertin,
foi de mais de 160%. “Em 2002, Sadia
Isabel Esteves, foi a segunda palestrante
a gente exportou US$ 1,2 bilhão, do Painel II. A empresa Bertin, que ano O diretor da Sadia traçou, de início,
e, em 2007, vendemos US$ 3,7 passado completou 30 anos, tem hoje forte um breve histórico da atuação da em-
bilhões para os russos. Desse total, atuação no mercado da Rússia, conforme presa, informando que a Sadia atua há 15
ela explicou. “É um mercado de bastante anos no setor de comércio exterior. “O
US$ 3,4 bilhões são produtos de mercado externo brasileiro era comple-
importância para as exportações de carne
agronegócios. E o restante refere-se da empresa Bertin. Nós estamos atuando tamente diferente do que é hoje. Nós não
à venda de tratores e implementos tínhamos a menor idéia de onde iríamos
cada vez mais no mercado russo. A forma
agrícolas”, detalhou. Ele informou, chegar. Quando eu entrei na empresa,
que nós encontramos foi a parceria para
disseram-me que havia um problema que
ainda, que o crescimento da expor- que possamos assim chegar mais direta-
necessitava ser resolvido: o mercado da
tação de carne bovina foi de 100% mente ao consumidor final”, disse Isabel Rússia”. Segundo ele, os estudos para
Esteves. Em seguida, ela informou que as inserção no mercado russo começaram
em cinco anos, o de frutas, 50%, e exportações do grupo Bertin para a Rússia,
o de produtos florestais, 140% no com a constatação de que o país era im-
em 2007, atingiram 50 mil toneladas. E, portante e era preciso entendê-lo melhor.
mesmo período. “Um número que em 2008, a empresa exportou, de janeiro a Juni Neto lembrou que, até o ano 2000,
é interessante citar é o relacionado a maio, 21 mil toneladas. “Este ano, tivemos a Rússia passava por períodos de instabi-
flores e produtos ornamentais, pois problemas de redução de gado. Portanto, lidade econômica e cambial. No entanto,
se tivéssemos uma produção maior, pro- após a eleição de Putin para a presidência
cresceu 180% em cinco anos. Esse vavelmente exportaríamos mais”. do país, o câmbio começou a se estabilizar
comércio hoje já representa US$ Ela explicou que a capacidade de con- e os agentes econômicos se posicionaram
1,6 milhão por ano”, revelou. sumo na Rússia gira em torno 1, 7 milhão melhor, fazendo com que os negócios

26 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


de 2001 a 2007, a despeito das oscilações
no mercado, pois, num momento as ex-
portações sobem, e num outro, descem”,
disse o palestrante, acrescentando que, em
2007, a Sadia exportou 194 mil toneladas
de carne, gerando uma receita cambial de
US$ 300 milhões.
A presença da carne suína na área de
exportações para a Rússia teve destaque
por parte do palestrante. “A carne mais
consumida no mundo ainda é a suína. E
ela carrega um valor muito grande”, disse.
De acordo com ele, os principais consu-
midores são a Rússia, os países da Ásia e,
em particular, a China. “A Rússia consome
carne suína de manhã, no almoço e à noi-
te”, afirmou. Juni Neto informou, ainda,
que, em 2001, a Sadia exportou 150 mil
toneladas de carne suína. Mas, em 2007, o
volume exportado chegou a 280 mil, o que
representou em valores cerca de US$ 677
milhões. O Brasil tem participação média
José Juni Neto, diretor da Sadia, disse que a empresa atua na Rússia desde o ano 2000. de 50% dentro do mercado russo.
Quanto à carne de frango, o diretor da
começaram a florescer. “Em 2000, come- “A Sadia fez um investimento Sadia disse que a participação da Rússia nas
çamos realmente intensificar abordagem de aproximadamente US$ 90 importações da empresa está em 10% de
regular do mercado”. tudo que a empresa brasileira vende para
milhões de dólares na nossa
o consumo dos russos. “Esse percentual
fábrica de processamento de pode ser melhorado”, disse. Ele lembrou
Entrando no mercado russo matéria-prima, que gerará que o Brasil é, hoje, o maior exportador
produtos industrializados que de carne de frango do mundo, passando
A decisão de entrar com mais agressivi-
dade no mercado russo se deu, conforme nós compramos no Brasil” os Estados Unidos em 2006. “Em termos
de exportação, vamos continuar manten-
contou o palestrante, em 2005, em função José Juni Neto
do essa posição de maneira constante”,
do potencial econômico que país passou a
disse.
ostentar desde então. José Juni Neto disse
Juni Neto disse que será possível chegar a Ele levantou, ainda na sua apresentação,
acreditar que a presença da Sadia vai se a questão das cotas de importação que são
fazer mais presente e os índices de lucro países europeus em alguns anos. Ele disse,
ainda, que quando a fábrica estiver em sua impostas pelo governo russo para o Brasil.
tenderão a dobrar nos próximos anos. Ele explicou que a Rússia dividiu os países
“Inauguramos uma fábrica em um local capacidade plena de operação, ela vai gerar
200 empregos diretos. “A planta vai ser um nos quais ela importa carnes em quatro
que não fica na superfície da Rússia, mas categorias: União Européia, os Estados
faz parte do território russo, ao lado dos dos fornecedores do McDonald’s local, e
de outros restaurantes da franquia que se Unidos, o Paraguai e “outros países”.
países bálticos. Criamos uma empresa, “Em 2008, a Rússia impôs uma cota para
uma join-venture, com um parceiro nosso, instalarem na região russa. Os empregados
são treinados na fábrica como se eles esti- importação de carne suína de 493.500
que é o nosso distribuidor na Rússia desde toneladas, e para a carne de frango 1,2
vessem no Brasil para absorver a cultura da
muitos anos. A Sadia fez um investimento milhão de toneladas”, disse. Ele lamentou
Sadia, mas sempre adaptados ao ambiente
de aproximadamente US$ 90 milhões de o fato de os Estados Unidos terem uma
e à cultura russa.”, frisou.
dólares na nossa fábrica de processamento cota de 900 mil toneladas, e o Brasil, que
de matéria-prima, que gerará produtos está dentro da linha “outros países”, com
industrializados que nós compramos no 68 mil toneladas. “Estamos questionando
Brasil”, detalhou o palestrante. A capaci- Exportação de carnes
a posição especial dada ao Brasil em razão
dade de produção esperada é de 53 mil Em relação às exportações de carne da importância da sua produção. Somos o
toneladas por ano, e atenderá não somente bovina do Brasil para a Rússia, o diretor da terceiro maior produtor de carne do mun-
ao mercado russo, como também aos mer- Sadia revelou que a empresa exportou, em do, depois dos Estados Unidos e da China.
cados de países adjacentes, contabilizando 2001, 96 mil toneladas de carne de frango, E nós gostaríamos que o Brasil saísse dessa
cerca de 80 milhões de pessoas. Dentro gerando uma receita de US$ 83 milhões classificação”, disse o diretor da Sadia,
do programa de expansão da empresa, para a empresa. “Tivemos uma evolução concluindo, assim, a sua exposição.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 27


P ainel III E xportação

Investindo em serviços e
infra-estrutura
Painel III levanta debate sobre a importância dos investimentos nos setores
de serviços e logística
O relacionamento Brasil-Rússia no setor
de serviços, apoio logístico e cooperação
inter-regional foi o tema do Painel
III do Seminário. O secretário de
Comércio e Serviços do MDIC,
Edson Lupatini, presidiu a sessão.
Para fazer as apresentações do Pai-
nel foi convidado o senador da Re-
pública da Rússia e vice-presidente
do “Vnesheconombank”, Sergey
Vassiliev. O Painel contou, ainda,
com a moderação do embaixador
Ernesto Rubarth, secretário de Es-
tado de Assuntos Internacionais do
Rio de Janeiro.
Ao fazer o discurso inicial do Painel,
Edson Lupatini disse que a série de
Da esquerda para a direita: Edson Lupatini (MDIC), embaixador Ernesto Rubarth, Sergey Vassiliev
seminários promovida pela FCCE e o cônsul Alexey Labetskiy.
é uma ótima oportunidade para
aprender e trocar idéias sobre os de boa rentabilidade”, avaliou o se- Intercâmbio de bens e serviços
mais diversos países que o Brasil

L
cretário do MDIC. De acordo com upatini ressaltou que o governo
tem relações. Segundo ele, os en- Lupatini, a Rússia tem investido brasileiro está empenhando em
contros não são importantes apenas mais que o Brasil em outros países, buscar resultados importantes para
para tratar das relações comerciais, essas duas economias emergentes através
e o crescimento do PIB russo tem
mas também para aprofundar outros do fortalecimento das relações bilaterais.
sido bastante forte. “Acredito que,
contatos em outros campos, como, “Se nós pudermos, cada vez mais, alicerçar
tanto para Brasil quanto para Rússia,
por exemplo, na área de serviços o intercâmbio de bens e de serviços na
de engenharia, construção civil, ar- haja possibilidades de receberem área de investimentos, seguramente as
quitetura, transportes, distribuição um bom tratamento por parte dos nossas economias, que têm muita coisa
e vendas, setores financeiro e ban- demais parceiros e, principalmente, em comum, poderá chegar a um patamar
cário. Em relação à Rússia, Lupatini dos países mais desenvolvidos. Eles muito melhor do que elas apresentam
são dois países que estão figurando hoje”, analisou.
afirmou que esse país tem passado O palestrante citou, também, a im-
por uma evolução bastante impor- no comércio internacional de uma
portância do mercado interno russo
tante. “A Rússia é, hoje, um dos forma bastante importante nos para atração de investimentos dos mais
países que tem recebido uma grande últimos anos, e estamos dividindo variados. “A renda per capita na Rússia é
quantidade de investimentos. Isso o interesse da comunidade inter- bem maior que a brasileira. O retorno
se dá porque o retorno é rápido e nacional”. do investimento está acima da média. As

28 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


E xportação

empresas russas estão relativamente com Brasil e Rússia apresentam uma estrutura setores podem ser o petrolífero, espacial,
os seus custos barateados para efeito de bastante tímida. Ele disse que, apesar de construção de rodovias e telecomunica-
aquisição e participação no capital social. o banco não permitir apoiar a exportação ções. Eu penso que esta possibilidade
São dados importantes”, disse. russa dos hidrocarbonetos para o Brasil construirá uma contribuição importante
Lupatini afirmou que o setor de servi- ou a importação russa da carne brasileira, para o desenvolvimento dos laços dos dois
ços ainda tem uma participação pequena é possível que haja cooperação em outros países”, disse concluindo.
na composição do PIB da Rússia, conta- níveis. “O nosso banco pode apoiar a ex-
bilizando 56% do total, mas há tendência portação de produtos manufaturados da
de crescimento para os próximos anos. Rússia para o Brasil e o desenvolvimento Relações Rio de Janeiro-Rússia
“A participação do setor de serviços na dos projetos conjuntos nesse âmbito bi- O último expositor do Painel, o em-
economia dos países desenvolvidos está lateral. Podemos pensar na possibilidade baixador Ernesto Rubarth, apresentou
em torno de 85%, e no Brasil, 64%. Mas, de financiar e apoiar a exportação de dados que atestam o crescimento do
a taxa de crescimento na participação no produtos manufaturados brasileiros para fluxo comercial entre Brasil e Rússia nos
PIB do setor de serviços na Rússia tem a Rússia”. Vassiliev revelou que o Vneshe- últimos dez anos, contabilizando, para o
aumentado a níveis bem superiores àqueles conombank já desenvolveu experiências Brasil, um grande superávit durante esse
apresentados dentro dos setores primário desse tipo com Portugal “Em abril último, período. “Exportamos para os russos US$
e secundário da economia russa”. Ele des- assinamos um convênio bilateral com Por- 18 bilhões, e importamos US$ 7 bilhões,
tacou que o setores de construção civil e tugal que prevê o apoio para exportação o que dá um superávit comercial de
engenharia da Rússia são vistos como um de produtos portuguesa à Rússia. Vamos US$11 bilhões”, disse. Segundo o secretá-
dos mais atrativos do mundo, em função ver, agora, quais são as possibilidades que rio de Estado de Assuntos Internacionais
do tamanho desse mercado e da expansão existem nesse sentido entre e Brasil e do Rio de Janeiro, a excessiva concentra-
do poder aquisitivo do cidadão russo. “A Rússia e quais os instrumentos financei- ção das commodities na pauta de comércio
demanda por aeroportos e a expansão e ros adequados para incentivar o projeto” bilateral deixa clara a necessidade de se
renovação da infra-estrutura dos trans- considerou.
buscar maior diversificação. Em relação às
portes é grande, pois é um país duas vezes Em relação às parcerias no campo dos
relações entre a Rússia e o Rio de Janeiro,
maior que o Brasil, e exporta commodities investimentos na área de tecnologia, o
Ernesto Rubarth disse que o quadro é o
ao longo de milhares de rodovias e dutos palestrante disse que o banco está aberto
oposto ao apresentado nas trocas comer-
existentes lá”. para empresários brasileiros e russos que
ciais entre Brasil e Rússia. “Os números
desejem desenvolver projetos concre-
são francamente desfavoráveis ao Rio de
tos dentro dos setores citados. “Vamos
Janeiro. As importações foram dez vezes
encontrar maneiras de aproveitar esses
Banco de investimentos superiores às exportações. Além da diver-
projetos de proveito mútuo. O nosso apoio
O senador Sergey Vassiliev, que tam- será para diminuir o preço dos recursos sificação da pauta, temos que pensar em
bém é vice-presidente do banco “Vneshe- financeiros adequados para o projeto e aumentar substancialmente esse pequeno
conombank”, foi o palestrante seguinte. diminuir os riscos possíveis”, explicou. volume muito concentrado em alguns
“Existem possibilidades brilhantes para Para ele, é necessário que os dois países produtos”, disse.
o crescimento das relações econômicas trabalhem para remover barreiras exis- Para ele, a despeito das dificuldades
entre o Brasil e a Rússia. Mas, elas ainda tentes no relacionamento entre o Brasil e que foram apresentadas, há interesse do
não estão sendo aproveitadas da devida a Rússia no campo econômico. “Existem governo brasileiro em estimular uma
maneira”, disse, logo no início do seu as diferenças culturais entre as maneiras mudança dessa situação. “A Rússia pode-
discurso. Em seguida, ele explicou que de fazer negócios no Brasil e na Rússia. ria reverter esse quadro, que poderia ser
o “Vnesheconombank” é um banco de Mas há muitas coisas comuns que nos une muito maior. Ainda que esse comércio
fomento aos moldes do Banco Nacional e que na maneira de fazer negócios. Tanto não tenha chegado à sua plenitude, suas
de Desenvolvimento Econômico e Social na Rússia como no Brasil, as ligações pes- potencialidades podem ser exploradas
(BNDES). “O Vnesheconombank foi cria- soais são importantes para a realização de e, se devidamente estimuladas, poderão
do há cerca de um ano nas bases de um dos negócios comerciais. Estou convencido de progredir bastante em breve”, conside-
bancos tradicionais existente nos tempos que os políticos, tanto no Brasil quanto na rou. De acordo com o secretário, o go-
soviéticos. As funções que o nosso banco Rússia, devem se esforçar para lançar gran- verno do estado do Rio busca se colocar
tem que cumprir são semelhantes às de des projetos que servirão para ultrapassar presente para buscar maior entrosamento
qualquer banco de desenvolvimento, e tem obstáculos e barreiras que ainda existem”, e interesse em estimular o empresaria-
como foco a infra-estrutura, tecnologia afirmou Vassiliev. Ele considerou, ainda, a do para ter uma atuação cada vez mais
e exportação no âmbito da cooperação promoção da troca de estudantes do en- importante internacionalmente. Após
internacional”, disse Vassiliev. sino superior em várias áreas como fator a sua exposição, o presidente do Painel
O senador disse que as relações bila- importante para o fortalecimento das rela- III, Edson Lupatini, deu por encerrada
terais de comércio e investimentos entre ções bilaterais política e econômica. “Esses a sessão.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 29


E ncerramento

Futuro promissor
Palestrantes da Sessão de Encerramento falam sobre o presente e as
perspectivas futuras das relações Brasil-Rússia

O ex-ministro e presidente do Conselho Empresarial Brasil-Rússia, Pratini de Moraes, presidiu a Sessão Solene de Encerramento do Seminário.

A sessão solene de Encerramento Bilateral Brasil-Belarus; Alexey La- fazer o pronunciamento especial foi
teve como presidente o ex-minis- betskiy, cônsul-Geral da Rússia no convidado Boris Komissarov , chefe
tro da Agricultura, Marcus Vinicius Rio de Janeiro; embaixador Paulo do Departamento Internacional do
Pratini de Moraes, atual presidente Pires do Rio, diretor-Conselheiro Governo de São Petersburgo.
do Conselho Empresarial Brasil- do Conselho Superior da FCCE; Pratini de Moares disse, ao iniciar
Rússia. A mesa da solenidade foi Ernesto Rubarth, secretário de a sua exposição, que a evolução do
composta por: Edson Lupatini, se- Estado de Assuntos Internacionais comércio do Brasil com a Rússia é
cretário de Comércio e Serviços do do Rio de Janeiro, João Sampaio, extraordinária. Segundo ele, depois
MDIC; Gilberto Ramos, presidente secretário de Estado da Agricultura, de os dois países apresentarem uma
da Câmara de Comércio, Indústria e Abastecimento do Estado de São corrente de comércio inferior a
e Turismo Brasil-Rússia; Alexan- Paulo; Vladimir Tyurdenev, em- US$1 bilhão em 2000, registrou-se,
der Zhebit, presidente da Câmara baixador da Rússia no Brasil. Para em 2007, uma corrente de comér-

30 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


cio de US$ 5,5 bilhões. “Em 2008, um pouco mais de 30%. Em relação à brasileiros invistam cada vez mais para
carne, por exemplo, o Brasil vendia para atender o mercado internacional. “Por
o fluxo comercial Brasil-Rússia 40 mercados em 2000, e, hoje, vende para que há uma maior procura por carne? A
atingirá, seguramente, a casa dos 184 mercados”. De acordo com ele, essa razão é que há uma mudança na geografia
diversificação das exportações brasileiras comercial no mundo. A carne começa a ser
US$ 6,5 bilhões. Com os dados que é muito importante, pois, assim, o Brasil comprada por países emergentes porque
temos até maio, já tivemos uma cor- mantém uma postura de global player de as suas populações estão comendo mais e
maior peso no mercado internacional. melhor. E comer melhor é comer prote-
rente de comércio de US$ 3 bilhões
“Estamos focando cada vez mais em alguns ína animal. Vendemos a picanha brasileira
com a Rússia”, revelou. Ele lembrou mercados que se mostram compradores para o Egito, Rússia, China e para o norte
que, em 2000, a Rússia representava importantes dos produtos do agronegócio. da África”, disse Pratini. Ele afirmou,
Temos um saldo comercial importante ainda, que mais de 70% das exportações
1% das exportações brasileiras e com a Rússia e temos que buscar o que do agronegócio brasileiro vão para países
era o 22o mercado de destino das comprar naquele país, o que não é fácil, emergentes, sendo Rússia e China os mer-
pois a Rússia está ficando cada vez mais cados mais importantes.
nossas vendas internacionais. Mas, dependente das exportações de petróleo O setor de investimentos também foi
em 2008, a Rússia já representa- e gás”. De fato, o ex-ministro informou matéria de análise por parte do expositor.
que, no final do ano passado, o setor de Para ele, é necessário que mais empresas
va 2%, e, em valores absolutos, petróleo e gás respondeu por 32% do brasileiras invistam na Rússia. “A Sadia deu
o crescimento foi muito maior. PIB da Rússia. O valor gerado por esses um importante passo ao construir uma
combustíveis foi de 50% da receita total planta que foi inaugurada recentemen-
“A participação relativa da Rússia do país. Já as exportações de petróleo e gás te. Já estamos estudando investimentos
para o setor exportador brasileiro representaram 65% das exportações totais também na área de carne bovina para
da Rússia. “Com o aumento dos preços do produzir alimentos preparados dentro do
dobrou, e, nos próximos anos, a petróleo e gás, o volume de exportação território russo, e isso certamente abrirá
Rússia estará equivalendo ao Japão, dessas commodities está chegando aos 75% outras oportunidades para a Rússia na área
das vendas totais. Essa grande concentra- de embalagens. Não podemos é continuar
Itália e Chile, e chegando perto da ção do comércio exterior da Rússia na pretendendo manter um crescimento
Alemanha como um dos principais área de hidrocarbonetos faz com que seja baseado quase que exclusivamente em
difícil buscar um equilíbrio nas transações commodities, pois precisamos encontrar
destinos das nossas exportações. A
com o mercado russo”, disse. Nesse con- produtos de maior valor agregado”. Segun-
Rússia é, hoje, o nono mercado para texto, Pratini de Moraes considerou ser do ele, isso pode ser feito estimulando os
as exportações brasileiras”, afirmou um desafio expandir a lista de produtos investimentos brasileiros na Rússia vice-
importados da Rússia. Atualmente, adubos versa, apesar de a distância entre os dois
o ex-ministro. No que diz respeito e fertilizantes são os principais produtos países ser um grande problema para que os
às importações, Pratini de Mora- comprados pelos brasileiros. “Temos de investimentos se dêem de forma mais efe-
encontrar uma forma de diversificar a tiva. “Mas, como as economias são muito
es revelou que a Rússia também pauta importadora”, afirmou. Ele acres- complementares, particularmente na área
compunha apenas 1% do total, no centou que países que exportam commo- de alimentos, nós vendemos churrasco e
dities sempre enfrentam essa dificuldade. eles caviar”, concluiu.
ano 2000, mas, hoje, já conseguiu No entanto, a solução para estabilizar o
dobrar a porcentagem. comércio e fazê-lo crescer é buscar o valor
agregado. “A agregação de valor é o grande
desfio que o Brasil tem, principalmente no São Petersburgo
agronegócio”, analisou. Após a exposição de Pratini e Moraes,
foi vez de Boris Komissarov, chefe do
Departamento Internacional do Governo
Mercados diversificados
de São Petersburgo, tomar a palavra e

“E
stamos assistindo, no Brasil, Demanda por carne fazer a sua apresentação. Ao começar o
uma crescente diversifica- No entanto, apesar da necessidade de seu pronunciamento, Komissarov disse
ção dos mercados. Há 10 se buscar maior valor agregado para os ser, há muito tempo, um interessado na
anos, vendíamos 64% das exportações produtos, a aquecida demanda por carne, cultura brasileira. “Faço estudos de temas
do agronegócio para os Estados Unidos e aliada aos bons preços internacionais desse brasileiros desde meados do século pas-
União Européia. Hoje, eles representam produto, vem fazendo com que produtores sado. Posso confessar que amo este país,

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 31


E ncerramento

onde trabalhei por muitos anos”, disse.


Em seguida, ele falou que para que haja
um sustentável e duradouro processo de
fortalecimento das relações bilaterais
é preciso estabelecer mecanismos que
permitam maior conhecimento entre
os países. Ao continuar o seu discurso,
Komissarov fez um breve comentário
histórico sobre São Petersburgo. “A mi-
nha cidade natal hoje é a segunda maior
da Rússia. E, sem qualquer dúvida, é um
centro de ciência, de cultura avançada e
é a cidade mais européia de todo o país”,
disse. Para ele, a atual perspectiva de
crescimento da cidade se dá dentro de
um processo objetivo, irreversível e que
vai avançar. “A cidade de São Petersburgo
devolveu as suas funções da capital do
país, mas parcialmente. Ela está prestes a Boris Komissarov, chefe do Departamento Internacional do Governo de São Petersburgo, fez o
receber as sedes das maiores corporações pronunciamento especial da Sessão de Encerramento.
industriais da Rússia. E este processo vai
se intensificar e alargar nos próximos
meios culturais, de autores, de grupos claro, também, que é preciso desen-
anos”, avaliou o palestrante.
folclóricos e de músicos do Brasil.Vamos volver uma participação mais ativa do
Em seguida, Komissarov fez comen-
tários sobre as origens e raízes históricas abrir uma grande exposição histórica e Brasil dentro do grupo Bric. Ele disse
da cidade que, segundo ele, se confunde econômica dedicada ao relacionamento que se constatou que um dos obstáculos
com a própria história da Rússia. “São entre Rússia e países do continente la- principais para que não haja uma maior
Petersburgo é um símbolo de toda a his- tino-americano. E nós temos os planos interação brasileira no grupo reside na
tória da Rússia. De toda aquela história de realização periódicas dessas semanas distância que separa os membros do Bric.
nova que foi iniciada no início do século para dar continuidade ao processo de No entanto, ele Komissarov ressaltou
XVI, com o imperador Pedro, o Grande. aproximação”, disse. que, numa época de globalização, existem
Mas depois da Revolução de Outubro meios de ultrapassar a distância, por meio
de 1917, Moscou passou a ser a capital de tecnologias.
Bric Além do uso de tecnologias para o
da Rússia e o país passou a ser a União
Soviética. A partir do início dos anos Ele falou, ainda, da primeira confe- estreitamento das relações, o palestrante
90 do século passado, a Rússia acabou rência dos representantes de cidades dos ressaltou que é preciso intensificar os
um ciclo da sua história e está voltando países do Bric, que foi realizada em julho, meios culturais e diplomáticos. “Vamos
para o caminho comum do seu processo em São Petersburgo. Essa conferência foi comemorar, em 2008, 180 anos de rela-
histórico, ocupando o seu lugar de des- organizada pelo governo local e pela uni- ções diplomáticas entre Brasil e Rússia.
taque e integrando-se no espaço cultural, versidade de São Petersburgo, e contou Apesar disso, gostaria de levantar algo
econômico e político globalizado”. De com participação de representantes das que considero triste: temos poucos es-
acordo com Komissarov, essa nova etapa cidades de Rio de Janeiro, São Petersbur- tudos na Rússia sobre a economia brasi-
da história da Rússia está fazendo com go, Moscou, Pequim e Bombaim. “Nesse leira. É proposta minha criarmos centros
que São Petersburgo renasça e recupere encontro, apenas duas apresentações do de estudos brasileiros na Universidade
o seu valor. “A minha cidade natal voltou Brasil foram feitas. A idéia central foi a de São Petersburgo, uma universidade
a ser o grande centro do país”, disse. de que o comércio bilateral entre Brasil pioneira de estudo da língua portuguesa
Em relação aos contatos a serem fir- e Rússia deve ser incrementado, pois o na Rússia. Mas, acredito que este centro
mados entre São Petersburgo e Brasil, nível não corresponde às reais poten- deve assumir, também, a responsabilidade
o palestrante disse que a cidade está cialidades”, considerou. “Eu penso que de preparação de especialistas capazes
trabalhando para estreitar as relações para fortalecer a própria Bric é preciso de trabalhar em todas as áreas bilaterais.
por intermédio de feiras, seminários e desenvolver os contatos russo-brasilei- Afinal, Rússia e Brasil ocupam quase 20%
demais eventos. “Nós temos planos e já ros”, completou. do território terrestre”, disse concluindo
começamos a trabalhar no convite dos Para Komissarov, a conferência deixou a sua participação.

32 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 33
E mpresas

Marca brasileira na Rússia


Completando 40 anos de atuação internacional, a Sadia instala fábrica
na Rússia e se consolida como uma das empresas brasileiras que mais se
destacam no exterior

Fábrica da Sadia m Kaliningrado: A expectativa é que a fábrica vai gerar 700 empregos diretos e produzir 80 mil toneladas de produtos

Fundada em 1944, a Sadia é uma das a sua presença no exterior: inau- Como está sendo o ano de 2008 para
a Sadia em relação ao ano anterior?
empresas que mais se destaca atual- gurou, na Rússia, uma fábrica de
Quais são as expectativas para os
mente no segmento agroindustrial e processamento de alimentos, que, próximos anos?
na produção de alimentos derivados quando estiver funcionando em sua Augusto Sá – Os primeiros resultados
de carnes suína, bovina, de frango plena capacidade, a fábrica vai gerar da Sadia no ano foram extremamente
e de peru. Não seria para menos. cerca de 700 empregos diretos, po- positivos. A empresa encerrou o primeiro
trimestre com faturamento de R$ 2,6 bi-
Nos três primeiros meses de 2008, dendo produzir 80 mil toneladas de
lhões e receita líquida de R$ 2,3 bilhões,
a empresa alcançou o faturamento produtos. Em entrevista concedida, valores respectivamente 20,3% e 20,9%
de R$ 2,6 bilhões, tendo um lucro por e-mail, à Revista da FCCE, José superiores aos obtidos nos três primeiros
meses de 2007. O lucro líquido totalizou
líquido de R$ 214,9 milhões, um Augusto Sá, diretor de Relações
R$ 214,9 milhões, com um incremento
aumento de 123% em relação ao Internacionais da Sadia, comentou de 123,4% em relação a 2007. O desem-
mesmo período de 2007. Atuando sobre as movimentações na Rússia, penho positivo veio confirmar a tendência
com força no mercado internacio- em outros países e dos números da de crescimento esperada pela companhia,
que continua apostando na estratégia de
nal, a Sadia deu, recentemente, um empresa nos primeiros meses de manter o foco em seu core business e na
passo importante para aumentar 2008. internacionalização. Em 2008, a companhia

34 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


prevê investimentos de R$ 1,6 bilhão, que Nos anos 70, o gradual crescimento da re- Dentro desse cenário, quais são
serão aplicados em todas as áreas da em- ceita com exportação da Sadia demonstrava os movimentos e as pretensões da
presa, inclusive em projetos inovadores e também a evolução do aprendizado de empresa em investir na Rússia e as
ampliação de seu portifólio. Para 2008, a como exportar: foram US$ 2 milhões em expectativas de resultados a médio
Sadia estima crescimento entre 12% e 14% 1973, US$ 6,5 milhões em 1975, US$ 21 e longo prazo?
nas vendas físicas totais. milhões em 1976 e US$ 106 milhões em
1980.Tiveram início nessa época as vendas Augusto Sá – Nossas expectativas são as
de frango congelado para o Oriente Médio, melhores. A construção da primeira fábrica
Sendo uma empresa do setor de que teriam crescimento ininterrupto nas da Sadia no exterior representa uma nova
alimentação, como a Sadia está ve- três décadas seguintes. fase do processo de internacionalização da
rificando os efeitos da atual crise de companhia, iniciada há 40 anos, mas que
alimentos no Brasil e no mundo? a partir de então passou a produzir fora
do Brasil. Decidimos começar pela Rússia
Augusto Sá – Levando em conta o poten- por vários motivos. Temos um parceiro
cial de crescimento do Brasil, eu diria que
importante e muito atuante no país, a
essa crise pode levar à abertura de novos
Miratorg, que distribui nossos produtos
mercados, o que é positivo para o país e
naquele país de forma bastante eficiente.
para a Sadia. A companhia está preparada
Outro ponto é que a Rússia tem um grande
para atender às oportunidades surgidas
potencial de crescimento em nosso seg-
com o aumento mundial da demanda por
mento e isso, aliado à ambição que temos
alimentos e o nosso esforço como empresa
de desenvolver nossa marca no mercado
exportadora de alimentos tem sido aumen-
tar nossa produtividade cada vez mais para russo, nos levou a investir na construção
fazer frente a esse crescimento. da primeira fábrica da companhia em Ka-
liningrado. Quando estiver funcionando
em sua plena capacidade, a fábrica vai gerar
A crescente inflação nos preços dos cerca de 700 empregos diretos, podendo
alimentos já está fazendo com que a produzir 80 mil toneladas de produtos. A
Sadia reveja alguns resultados pre- Sadia será fornecedora exclusiva de pro-
vistos para 2008? dutos processados de frango para a rede
McDonald´s na Rússia e nos países da Co-
Augusto Sá – Para 2008, a estimativa José Augusto Sá, diretor de Relações
munidade dos Estados Independentes, com
de crescimento da companhia se mantém Internacionais da Sadia
as ex-repúblicas da antiga União Soviética.
entre 12% a 14% nas vendas físicas totais,
Cerca de um quarto da produção da nova
em relação a 2007, e a margem EBITDA Em relação à Rússia, qual é o peso
unidade será destinada ao abastecimento
deve ficar novamente entre 12% e 13%. A deste mercado para a empresa?
Sadia pretende continuar investindo firme- da rede mundial de fast food, já atendido
Augusto Sá – A Rússia é o principal pela Sadia na América Latina, Inglaterra,
mente em inovação, com foco em seu core
mercado exportador da Sadia na Eurásia e França e Alemanha. Levando em conta o
business, tanto no mercado interno como
o quinto maior mercado no exterior. Em potencial do mercado russo, a Sadia não
no mercado externo, mantendo o objetivo
2007, o país respondeu por mais de 8% descarta a construção de uma segunda
de dobrar o faturamento em cinco anos. do total embarcado. Portanto, trata-se de fábrica naquele país.
um mercado totalmente estratégico para a
companhia. A Rússia já tem pratos prontos
A Sadia está presente em quantos pa-
e industrializados com a marca Sadia, como Além da Rússia, existem outros mer-
íses e quando a empresa começou a
pizzas congeladas, lasanhas, salames, em- cados importantes para a Sadia?
entrar no mercado internacional?
panados e frango e itens light. A Sadia tem
Augusto Sá – A Sadia leva seus produtos campanhas publicitárias específicas para o Augusto Sá – Certamente um dos merca-
a mais de 100 países e conta com 11 es- país, e os produtos da empresa estão entre dos mais importantes é o Oriente Médio,
critórios no mundo, além de possuir uma os mais vendidos dentro de suas categorias onde a Sadia é sinônimo de frango e uma
fábrica na Rússia e outra na Holanda. Os em todos os estabelecimentos comerciais. das marcas mais conhecidas na região.Tanto
primeiros contratos de exportação da Sadia A Sadia é a marca estrangeira mais conhe- que a empresa pretende construir uma
foram assinados em 1967, quando a com- cida no seu setor no mercado russo, além unidade nos Emirados Árabes, em local a
panhia vendeu algumas toneladas de carne das empresas russas. No comércio de aves, ser definido. Além desse mercado, grande
bovina e suína in natura congeladas para o a empresa aparece em Moscou entre as dez parte de nossas exportações é destinada a
então Mercado Comum Europeu e a Suíça. marcas mais conhecidas. países da Ásia e Leste Europeu.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 35


C onjuntura

“O Brasil é a última fronteira


agrícola do mundo”
Pratini de Moraes comenta sobre o comércio de agronegócios
brasileiro atual

O Brasil vem ocupando um espaço gentes. O ex-ministro da Agricul- agropecuário. Ele também falou
interessante no mercado mundial, tura e hoje presidente do Conselho à Revista da FCCE, e, além de
mostrando-se, cada vez mais, mais Empresarial Brasil- Rússia, Marcus comentar sobre o mercado russo,
competitivo, com capacidades de Vinicius Pratini de Moraes, par- tocou em assuntos como o sucesso
crescer. O agronegócio brasileiro ticipou do Seminário Bilateral de do agronegócio brasileiro, futuro
alcançou, no passado, US$ 60 bi- Comércio Exterior e Investimentos da Rodada de Doha e o protecio-
lhões, em volume de exportação Brasil-Rússia, onde relatou a atual nismo praticado pelos países ricos.
para variados destinos do mundo, conjuntura de comércio entre os Acompanhe, a seguir, os principais
com destaque para os países emer- dois países, sobretudo no setor trechos da entrevista.

36 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


Mesmo com problemas como taxa mesmo está sempre inventando exigências sua própria produção de carne local. É cla-
de câmbio e logística o agronegócio novas e é uma fortaleza comercial que tem ro que ainda há muito que fazer, como, por
brasileiro tem auferido resultados horror à competição. Contudo, a postura exemplo, equilibrar mais a nossa balança.
muito bons. Para os próximos anos, protecionista dos países ricos tem levado Mas eu sou um otimista em relação ao
é possível acreditar que esse setor a uma mudança na geografia de comércio. comércio entre Brasil e Rússia. Começam
vai continuar crescendo? Se antes, os nossos principais mercados a existir investimentos brasileiros no mer-
eram os EUA e a Europa, hoje, eles são cado russo e vice-versa. O nosso fluxo de
Pratini de Moraes – Sim, vai continuar
os mercados emergentes, cuja demanda comércio com a Rússia, em 2008, poderá
crescendo. O Brasil é a última fronteira
por alimentos está cada vez maior. É claro atingir US$ 7 bilhões.
agrícola do mundo. O nosso país é o único
que vamos continuar lutando para reduzir
que reúne todas as condições fundamentais
o protecionismo, mas estamos sempre “A postura protecionista dos
para aumentar a produção e, por con-
procurando abrir novos mercados para
seguinte, as exportações. Afinal, temos, países ricos tem levado a uma
o Brasil.
em abundância, terra, sol e água. Sem mudança na geografia de
esquecer, é claro, da tecnologia e da grande comércio”
capacidade dos nossos agricultores. Quanto à Roda de Doha, o senhor Pratini de Moraes
tem esperanças que o Brasil possa
ter um resultado favorável? Como o governo pode ajudar nesse
O Brasil é, hoje, o maior produtor de
processo?
carnes do mundo. Como consegui- Pratini de Moraes – Bem, num ano de
mos alcançar essa posição? eleições para a presidência dos Estados Pratini de Moraes – É importante
Unidos, acredito ser muito difícil conse- ressaltar que as duas embaixadas, tanto a
Pratini de Moraes – O agronegócio
guir alcançar os objetivos ambiciosos. Na da Rússi no Brasil como a nossa na Rússia,
brasileiro conquistou destacada partici-
verdade, não se espera qualquer milagre estão muito empenhadas em melhorar as
pação do setor de carnes no comércio
em relação ao desfecho da Rodada de relações entre os dois países. Eles têm
exterior através de modernas técnicas de
Doha. Por isso que o Brasil tem que par- sido verdadeiros parceiros nas atividades
criação, rígido monitoramento de sani-
ticipar mais das negociações bilaterais, comerciais e econômicas.
dade animal, realização de pesquisa em
rever os limites de negociação existentes
melhoria do rendimento de cortes nobres,
no âmbito do Mercosul entre outros movi- “Na verdade, não se espera
investimento em capacidade produtiva e
mentos políticos. O mundo quer comprar qualquer milagre em relação ao
emprego de tecnologia avançada. Com o
produtos agropecuários brasileiros, e nós desfecho da Rodada de Doha”
avanço tecnológico em toda cadeia produ-
vamos vender, com ou sem Doha.
tiva da carne bovina e o intenso cuidado Pratini de Moraes
com a sanidade do rebanho, a carne bovina
deu um saldo na pauta de exportações e “Eu sou um otimista em relação
impulsionou o país à liderança no mercado ao comércio entre Brasil e E o senhor acha que uma eventual
mundial. Rússia. Começam a existir entrada da Rússia na OMC (Or-
investimentos brasileiros no ganização Mundial de Comércio)
mercado russo e vice-versa” pode fazer com que as relações
E o protecionismo às nossas expor- Pratini de Moraes comerciais entre o Brasil e esse país
tações de produtos agropecuários? melhorem ainda mais?
Como fazer para que consigamos
Pratini de Moraes – Sempre é útil. Mas
reverter este atual quadro? Em relação a Brasil e Rússia, as re- a OMC está tão descolada da realidade
Pratini de Moraes – O protecionismo lações comerciais se destacam bas- do comércio mundial, que não tem uma
vai continuar existindo e o Brasil vai ter tante no setor agropecuário. Como importância tão grande assim em termos
que aprender a conviver com ele. Os EUA, fazer para que o fluxo cresça ainda de melhorias na linha de comércio. Na
Europa, Japão e Coréia do Sul praticam mais nos próximos anos? realidade, o que faz realmente o comércio
subsídios gigantescos que, hoje, somam Pratini de Moraes – O nosso relaciona- crescer é a existência de mercados fortes,
mais de US$ 1 bilhão por dia e que têm um mento comercial está muito bom. A Rússia e ele está crescendo. A OMC pode ajudar,
componente extremamente nocivo para o é um dos nossos principais mercados, pois mas não é primordial. De fato, o que a
comércio internacional, isso porque esses é um grande comprador de carne suína OMC faz hoje em dia é ficar defendendo
subsídios representam uma deformação no e bovina. O Brasil está, agora, vendendo os subsídios americanos. E isso ela faz com
comércio mundial de alimentos. A Europa proteína de origem vegetal para suprir a muita galhardia.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 37


Comércio Bilateral

“Estamos prevendo um fluxo de


investimentos US$ 50 bilhões”
Presidente da Câmara Brasil Rússia de Comércio projeta fluxo de
investimentos vultosos para os próximos dez anos
Gilberto Ramos é presidente da
Câmara Brasil Rússia de Comércio
Indústria e Turismo. Há duas déca-
das trabalhando para aproximar os
dois países, Ramos disse que Brasil
e Rússia vivem momentos especiais
nas relações. Segundo ele, após
estarem historicamente distantes,
é possível estimar que haverá um
fluxo de investimentos da ordem
de US$ 50 bilhões dentro de uma
década. Confira, a seguir, trechos
da entrevista concedida pelo presi- Gilberto Ramos disse que empresários russos vão investir US$ 10 bi no Brasil em 10 anos.
dente da Câmara Brasil-Rússia para
a Revista da FCCE.
Como estão os números em relação Gilberto Ramos - Sim, pois há um am-
aos investimentos? biente muito favorável para acelerar os in-
Gilberto Ramos – A Rússia tem aumen- vestimentos entre os dois países, apesar de
tado os seus investimentos no mundo todo. hoje ainda ser muito pouco o fluxo. Uma
Estamos prevendo um fluxo de investi- das provas de que isso está mudando é que
Como o senhor avalia o atual mo- mentos US$ 50 bilhões para os próximos recentemente está sendo instalada no Rio
mento nas relações comerciais e 10 anos. Estamos estudando possibilidades Grande do Sul uma planta para a fabricação
de investimentos entre Brasil e de várias empresas russas virem aqui de jipes militares com capital russo, já com
Rússia? investir, sobretudo nos setores de óleo e encomenda de 300 unidades.
Gilberto Ramos – A Rússia já incorpo- gás. Estamos, inclusive, conversando com
rou a economia de mercado e esse proces- a Gazprom, responsável por 20% do PIB
so é irreversível. E, como já anunciado, russo, para que ela possa desenvolver pro- Qual a avaliação que o senhor faz
a corrente de comércio Brasil-Rússia gramas de transferência de tecnologia. Um do papel do Brasil dentro do grupo
alcançou, em 2007, a marca de US$ 5,5 bom campo seria discutir investimentos no Bric?
bilhões. Muito deste comércio se dá no setor ferroviário. Eu sou representante da
setor de commodities. A Rússia é hoje Caminho de Ferro da Rússia. E a Rússia Gilberto Ramos – Dos quatro países
a maior compradora de carne bovina detém tecnologia avançada nesta área. do Bric, o que mais apresenta vocação
brasileira. Até mesmo pela necessidade Só para exemplificar o tamanho dessa agropecuária é, sem duvida, o Brasil. E
de alimentar a sua população de consumo empresa, a Caminhos de Ferro da Rússia este é um dado muito importante num
de proteína, apesar de ter havido certas emprega 1,3 milhão de funcionários. Eu mundo onde a demanda por alimentos se
restrições de compra de alguns estados creio que é um momento importante, pois faz cada vez mais crescente. No entanto,
brasileiros. Outra informação interessante podemos dar uma virada e modificar essa para se consolidar uma parceria estratégica
é que a Embraer recebeu a certificação concentrada pauta de commodities. e viabilizar um maior adensamento nas
do governo da Rússia para vender aviões relações, é preciso que haja investimento
do modelo ERJ 145. Já tem até fila para Mas, apesar das conversas, há algo recíproco e transferência de tecnologia
comprar. de concreto? entre os países do grupo.

38 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 39
E mpresas

“O Grupo Bertin acredita e


aposta na Rússia”
Diretor de estratégia comercial do Grupo Bertin fala sobre a atuação da
empresa no mercado internacional

Vista área da unidade da Bertin em Lins (SP).

O Grupo Bertin atua há mais de 30 Rússia é tido como um dos principais Como está sendo o ano de 2008 para
o Bertin em relação ao ano anterior?
anos nos segmentos de agroindústria, mercados da empresa nos últimos
Quais são as expectativas para os
infra-estrutura e energia renovável. anos. Em entrevista concedida à próximos anos?
Sediado no Estado de São Paulo, é Revista da FCCE, Marco Bicchieri, Marco Bicchieri – Em 2008, o setor
uma empresa de capital 100% nacio- diretor de Estratégia Comercial e se deparou com a restrição da oferta de
boi, a limitação das exportações da carne
nal e possui 42 unidades produtivas, Relações Institucionais da Bertin, bovina para a Argentina e União Européia
onde operam 35 mil colaboradores. conta o desempenho da empresa em e a baixa disponibilidade do produto no
Atualmente, o Bertin atende, além 2008, as expectativa de resultados Uruguai e Paraguai. Como conseqüência,
os preços tiveram aumentos significativos.
do mercado interno, a mais de 80 para os próximos anos e a atuação Para o Grupo Bertin, o ano tem sido ca-
países, nos cinco continentes. E a da Bertin na Rússia. racterizado pela diminuição dos volumes

40 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


da empresa. A inflação foi um momento
pontual, ocorrido pela valorização da
arroba do boi, que, aos poucos, está se
normalizando.
 O Bertin está presente em quantos
países e quando a empresa come-
çou o processo de internacionali-
zação?
Marco Bicchieri – Os produtos do
Grupo Bertin são destinados para mais
de 80 países, nos cinco continentes. A
empresa iniciou o seu processo de inter-
nacionalização em 2006, com a aquisição
do frigorífico Canelones, no Uruguai. Em
seguida, o Grupo instalou uma unidade
produtiva de recurtimento e acabamento
de couro, na província de Guandong, a
100 km de Hong Kong, na China, que
foi inaugurada no primeiro trimestre de
2007. No mesmo ano, a companhia adqui-
riu uma unidade produtiva de Alimentos
no Paraguai.

Em relação à Rússia, qual é o peso


deste mercado para a empresa? 
Linha de produção
Marco Bicchieri – O Grupo Bertin
acredita e aposta na Rússia. Este mercado
exportados em termos de toneladas. de Higienização), infra-estrutura (Cons-
promissor permitiu, em 2008, uma con-
Apesar deste cenário, os resultados da trução Civil, concessões de Rodovias e de tinuidade das exportações, sem alterações
empresa não foram afetados por haver uma Saneamento Básico) e energia renovável de preços, favorecendo a parceira entre
compensação nos valores de comercializa- (Pequenas Centrais Hidrelétricas e Usinas os dois países. Em médio prazo, a em-
ção. Para os próximos anos, a expectativa de Biodiesel e Álcool). O Brasil não sofreu presa aguarda uma abertura maior para a
é expandir a atuação da companhia em grandes sanções, pois neste período, as comercialização de produtos com maior
novos mercados e aumentar o volume das exportações nacionais foram favorecidas valor agregado, como cortes nobres e itens
exportações. O Bertin aguarda também e o produto continuou a ser fornecido industrializados.
modificações que atingirão toda a cadeia, internamente. A crise pôde ser sentida,
como a regularização dos preços e o fim em maior intensidade, nos Estados Uni-
das restrições de embarques de produtos dos, que ocasionou a escassez de grãos e Quais são os movimentos e as pre-
tensões da empresa em investir nesse
para alguns países. o aumento do preço da proteína animal
país e as expectativas de resultados
(carnes bovinas, suínas e de aves).
  a médio e longo prazos? 
  Marco Bicchieri – A intenção do
Quais os setores que o Grupo atua?
No setor de alimentos, como o Ber- A crescente inflação nos preços dos Grupo Bertin é aumentar a margem de
tin está verificando os efeitos da alimentos já está fazendo com que distribuição de produtos destinados para
atual crise no Brasil e no mundo?   o Bertin reveja alguns resultados a Rússia, e com isso, atingir atacadistas e
previstos para 2008?   iniciar operações diretas com o varejo.
Marco Bicchieri – O Grupo Bertin atua A companhia também pretende investir,
nos setores de agroindústria (Agropecuá- Marco Bicchieri – O Grupo Bertin ainda mais, no mercado de food service. Para
ria, Alimentos (carne e lácteos), Couros, não teve os seus resultados afetados. Este concretizar essas movimentações, o Bertin
Equipamentos de Proteção Individual, ano, o mercado interno absorveu, com irá construir um centro de distribuição nas
Higiene e Beleza, Produtos Pet e Sistemas preços atrativos, grande parte da produção proximidades de Moscou.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 41


X xxxxxxx

42 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


PARCERIAS
ESTRATÉgICAS
Conferencistas debatem projetos de
cooperação estratégica entre Brasil e Rússia

Q uando, em 2001, o economis-


ta jim O’ Neill, do banco de
investimentos goldman Sachs
cunhou a expressão Bric para de-
signar o grupo de países emergentes (Brasil,
aprofundado do que as relações desses países
com o Brasil. No entanto, ele disse que Brasil
e Rússia estão, aos poucos, convergindo os
interesses e ações geopolíticas, fazendo com
que, em breve, haja um maior estreitamento
no Conselho de Segurança, Martynov argu-
mentou que as conversações não conseguem
avançar em razão da resistência de alguns
países, como os Estados unidos. “O Brasil
faz parte do g-4 (Brasil, Índia, Alemanha e
Rússia, Índia e China) que poderão dominar nas relações. japão). É claro que existe oposição em relação
o cenário político-econômico mundial em Para o cônsul-geral da Rússia no Rio de à pretensão brasileira de se tornar membro-
algumas décadas, várias análises sobre as reais janeiro,Alexey labetskiy , o continente latino- permanente do CS, como a Argentina e o
potencialidades existentes em cada país foram americano, e o Brasil em especial, está ganhan- México. Mas, a maior oposição em relação
feitas pelos mais renomados especialistas, aca- do interesse da Rússia, por ser uma região de à reforma vem dos EuA. Isso porque eles
dêmicos e publicações do mundo. Concomi- mercado promissor e de desenvolvimento. Em defendem primeiro uma reforma na Secre-
tante à discussão a respeito dos desempenhos relação a uma possível cooperação russo-bra- taria-geral da ONu para depois reformar o
econômicos do Bric, seu aspecto geopolítico sileira na área militar e tecnológica, ele disse CS. Isso é incoerente, pois a reforma deveria
também vem sendo alvo de interesse, e estu- ser possível, pois o governo russo encara o começar pelo setor mais representativo da
dos vêm sendo empreendidos com a mesma Brasil como uma potência emergente e como ONu, que é o Conselho de Segurança”, disse
atenção que o tema merece. E, com o intuito um país cuja economia demonstra ótimo de- o professor. Ele acrescentou, ainda, que além
de contribuir com o debate, a Federação das sempenho. “Acredito que podemos trabalhar dos EuA, é preciso, também, levar em conta
Câmaras de Comércio Exterior (FCCE) e o dentro da cooperação tecnológica em várias que a posição da China ainda não está clara.
Consórcio Programa Rio de janeiro de Estudos esferas”, disse o diplomata. já o professor Boris “Apesar de já ter manifestado apoio em re-
de Relações Internacionais, Segurança e Defesa Martynov, do Instituto da América latina da lação à reforma da instituição, a China ainda
Nacional (uFRj, EgN, PuC-Rj) realizaram no Academia de Ciências da Rússia, afirmou que não deixou clara a sua posição em atender à
dia de 10 de junho, no prédio-sede da Confede- os projetos de cooperação técnico-científica reivindicação brasileira”.
ração Nacional de Comércio (CNC), no Rio de entre Brasil e Rússia ainda não alcançaram o Também convidado a para palestrar no
janeiro, a Conferência Científica Internacional seu verdadeiro potencial. De acordo com ele, evento, o professor Paulo Fagundes Vizentini
Brasil-Rússia – Premissas da Parceria (História, os dois países apresentam papéis importan- (universidade Federal do Rio grande do Sul)
Política, Ciência, Cultura). O objetivo da con- tes dentro da atual configuração geopolítica disse que o mundo pós-guerra fria, que deu
ferência foi tratar, por intermédio de palestras mundial, sobretudo, em virtude da abundância início à era da globalização, é um ambiente
e exposições de acadêmicos e especialistas de recursos naturais existentes nas regiões de transformações de grande alcance. No
em relações internacionais dos dois países, de amazônica e siberiana. “Em termos geopolí- entanto, ele alertou que a consciência desses
análises comparativas a respeito da evolução ticos, essas regiões mostram, em comum, os novos grandes atores ainda não está totalmente
do Brasil e da Rússia no contexto dos BRICs mesmos motivos de preocupação dos nossos formada. “Eles procuram, por ora, aproveitar
e das possibilidades de elaboração de projetos governos, já que elas passam por ameaças de as oportunidades existentes na atual ordem.
bilaterais integrados em áreas de cooperação internacionalização em suas respectivas áreas Os Brics tendem a convergir quando não en-
estratégica. O evento contou, ainda, com a estratégica: a Amazônia e a Sibéria”, disse o contram caminhos na ordem atual. Por isso,
colaboração da Embaixada da Rússia no Brasil. professor. não vejo o desenho de uma estratégia muito
O professor Alexander Zhebit, da univer- bem elaborada, mas observo sim um conjunto
sidade Federal do Rio de janeiro, disse ser im- Cooperação entre os Bric de posicionamentos que poderá transformar a
possível a aproximação entre os dois países sem Quanto ao potencial de cooperação ordem mundial a médio e longo prazo”, disse.
a participação dos atores políticos e sociais. política russo-brasileira no âmbito dos Bric Foi discutido, ainda, no evento, o papel da
“São eles os políticos, diplomatas, empresários, na ONu, o professor considerou que essa cultura russa e brasileira como ponte de apro-
homens de cultura e estudantes”, disse. Ele parceria apresenta um amplo potencial para ximação entre os países e o desenvolvimento
lembrou que o relacionamento histórico entre atuar na esfera política. No entanto, apesar do regime democrático interno como peça
Rússia, Índia e China tem um perfil muito mais de dialogarem sobre a proposta de reforma auxiliar nesse processo.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • r ú S S i a 43


a GronEGÓcioS

“A Rússia é um mercado que o


Brasil tem um apreço muito grande”
Secretário de Agricultura de São Paulo fala do peso nacional do estado no
setor de exportação de produtos do agronegócio

São Paulo responde por 30% de acredito que deverá haver um crescimento.
já quanto aos preços, podemos verificar
todo o setor de agronegócios nacio-
que eles estão subindo no mercado inter-
nal. E a Rússia é um dos principais nacional e com o dólar cada vez mais en-
destinos dos produtos agrícolas do fraquecido, temos conseguido manter uma
boa taxa de crescimento nas exportações
estado paulista. Representando o
e acredito que isso vá se repetir em 2008.
governo do Estado de São Paulo, o Em 2007, conseguimos vender cerca de
secretário de Estado da Agricultura, R$ 35 bilhões ao exterior e a tendência é
que consigamos um crescimento de 10%
e Abastecimento, joão Sampaio con- em cima deste valor.
cedeu entrevista à Revista da FCCE.
Entre os pontos levantados, Sam-
Como o senhor vê o papel do gover-
paio, que também foi presidente no federal para a promoção do país
da Sociedade Rural Brasileira falou no campo das exportações?
sobre o mercado de agronegócios João Sampaio – Bem, como um agente
comércio bilateral só se fortalece quando do setor de exportações de bens agrí-
internacional e as perspectivas de ele é feito de mão-dupla. Por isso, esses se- colas, eu sou um crítico em relação à
crescimento do setor em 2008. minários, como este, são importantíssimos postura do governo federal de só negociar
para aproximar e conhecer os países, pois acordos multilaterais e negligenciar os
sem conhecimento, não se avança.
acordos bilaterais. Sou também bastante
cético quanto aos movimentos feitos em
Como o senhor avalia este seminário? direção a países que compram pouco em
E qual é o peso de São Paulo nesta
João Sampaio – Como um encontro corrente de comércio? detrimento de países da união Européia
muito importante. A Rússia é hoje o 4o e Estados unidos. Somados o poder de
João Sampaio – O peso de São Paulo é compra desses mercados – EuA e uE,
mercado para os produtos brasileiros. Em
enorme, porque o principal produto de representam cerca de uS$ 200 bilhões.
2007, o Brasil vendeu um total de uS$ 3
agronegócio exportado para a Rússia é o No entanto, eu, como secretário de es-
bilhões de produtos aos russos, sendo que
açúcar, e São Paulo produz 60% do açúcar tado, entendo que todos os movimentos
90% desta quantia ficaram a cargo dos
brasileiro. O mesmo acontece em relação que visem a um aumento no número de
bens agrícolas, com grande concentração
à carne bovina. Na verdade, quando se países compradores são importantes. Mas,
em açúcar e na carne. A Rússia é um mer-
fala em agronegócio, São Paulo lidera com ao mesmo tempo, o estado de São Paulo
cado que o Brasil tem um apreço muito
30% de tudo que é produzido dentro deste é crítico quanto ao entendimento de que
grande. A gente tem procurado atender
setor, apresentando uma economia agríco- o governo federal busque dar preferência
às exigências feitas pelos russos. Estamos
la muito diversificada e de qualidade. a terceiros mercados, esquecendo dos
trabalhando para que a carne suína e a
carne de frango tenham mais presença na mercados centrais. E a minha posição é a
Rússia, buscando corrigir algumas distor- de que é importantíssimo que o Brasil se
Há expectativas de crescimento em
ções existentes. Mas também é importante volte a tratados bilaterais. Pois só assim
2008?
ouvir dos russos a respeito do que eles teremos de fato um avanço na nossa linha
pretendem vender ao Brasil. Isso porque o João Sampaio – Em relação a volume, de comércio exterior.

44 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • r ú S S i a


Inovando a cada ano para tornar a
sua importação cada vez mais fácil.
Conheça o TecWin e descubra uma maneira
simples e rápida de obter dados confiáveis
sobre nomenclaturas, alíquotas, tratamentos
administrativos, acordos internacionais, preferências
de importação e exportação (Aladi), taxas de
2008 câmbio, medidas de defesa comercial, planilha de
custos e legislação sobre importação e exportação.

Vantagens da versão 2008


Melhorias na pesquisa do Manual de Classificação, com suporte para
uso de máscaras.
Inclusão de pesquisa por posição/capítulo, com opção de filtragem dos
capítulos desejados.
Pesquisa exata de NCM.
Inclusão de Glossário, permitindo acompanhamento/monitoramento
de alterações de alíquotas de itens cadastrados pelos usuários.
Indicação diária de todas as alíquotas alteradas dos itens
cadastrados no Glossário.

O conteúdo da publicação
impressa disponível na versão
eletrônica.

Conheça também
o TECwin Web

Sistema atualizado
diariamente para consultas on-line.

Ligue para a Aduaneiras e faça sua assinatura!

Rio de Janeiro-RJ São Paulo-SP Outras regiões Site: www.aduaneiras.com.br


Se a sua região ainda não é atendida pelo
21 2132 1314 11 2126 9200 4003 5151 serviço 4000, disque 0xx11 4003 5151. E-mail: comercial@aduaneiras.com.br
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • r ú S S i a 45
A BATUTA RUSSA
N
País é conhecido por ser um dos ão é preciso ser um profundo conhecedor de música
clássica para, pelo menos, ter ouvido falar sobre a
principais celeiros da música clássica música dos balés Quebra Nozes e Lago dos Cisnes.
mundial. Compostas pelo músico russo Tchaikovsky, os dois balés,
conhecidos mundialmente, representam, para muitos, a
porta de entrada para o rico universo musical russo. Não
obstante o império russo ter sido formado em meados do
século XVI, foi somente no século XIX que a Rússia entrou
no respeitável rol de países detentores de compositores de
música erudita de grande respeitabilidade e admiração, e
o primeiro compositor russo a ser reconhecido fora de seu
país foi Mikhail Ivanovich Glinka (1804-1857), conside-
rado como o pai da música russa. Glinka exerceu grande
influência sobre compositores russos, notadamente os nacio-
nalistas ligados ao Grupo dos Cinco (Mily Balakirev,
Alexander Borodin, César Cui, Modest Mussorgsky
e Nicolai Rimsky-Korsakov).

Nacionalismo
“A música clássica russa tem um grande público
entre os nossos ouvintes”, disse, em entrevista, o
produtor musical da Rádio MEC FM, Tiago Re-
goto. Para o produtor da emissora de rádio, que
tem a sua programação voltada, especificamente,
a música russa se destaca bastante pelo universa-
lismo, mas que teve muitos músicos preocupados
em estabelecer uma identidade nacional e Tchai-
kovsky é o melhor exemplo de compositor russo
que dedicou a sua música à Mãe Rússia.
O produtor disse, ainda, que está havendo,
cada vez mais, interesse por conhecer mais a
música clássica russa por parte dos ouvintes
da rádio e que procura produzir especiais com
diversos músicos russos para melhor divulgar
alguns nomes pouco conhecidos. “Exceção é, claro, feita a
Tchaikovsky, já que ele é bastante tocado. Há uma música
de Tchaikovsky pelo menos uma vez por dia”, disse Regoto,
acrescentando que, apesar de apresentar todas as compo-

4 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • r ú S S i a


sições de Tchaikovsky, as mais co- questra (1874), o balé
nhecidas e pedidas continuam sendo, O Lago dos Cisnes
além dos balés, as sinfonias Manfredo, (1876), o Concerto
Patética e Abertura 1812. para Violino (1878),
Além de um invejável elenco de o Capricho Italiano
compositores russos, Regoto chama a (1879), a Abertura
atenção para a existência de grandes 1812 (1880) e a sua
intérpretes tais como: Boris Berezo- famosa Sinfonia n°
vsky (pianista) Mstislav Rostropovich escrita entre mar-
(regente e violoncelista), Vladimir ço e dezembro de
horowitz (pianista) e Vladimir Ashke- 1877.
nazy (maestro e pianista). A seguir,
uma pequena biografia dos principais Prokofiev
compositores russos: Nascido em 27 de Abril de
1891 em Sontsovka, atual re-
Tchaikovsky gião da Ucrânia, Prokofiev era
Pyotr Ilyich Tchaikovsky nasceu filho único. Sua mãe era pianista
na cidade russa de Votkinsk no dia 7 e seu pai engenheiro agrônomo.
de maio de 1840. Foi um compositor Desde cedo o compositor de-
romântico considerado nacionalista, monstrou aptidão musical. Em
e suas músicas ficaram conhecidas e 1902, quando começou a receber
admiradas por possuírem um caráter lições particulares de composição,
distintamente russo, bem como por Prokofiev já tinha composto algu-
mas peças como o seu Concerto
suas ricas harmonias e vivas melodias.
para piano no 1. Em 1914 termina
Tchaikovsky foi o primeiro compositor
o curso do Conservatório de São
russo a dar ao ballet uma dimensão or-
Petersburgo com as mais altas clas-
questral. A música de Tchaikovsky tem sificações.De 1918 a 1920 viveu nos
gozado de grande popularidade, sendo Estados Unidos, e entre 1920 e 1936
considerada expressão autêntica da viveu na Europa Ocidental, realizan-
alma russa por ingleses e americanos do tournées como pianista nas quais
e também na Alemanha e Rússia. interpretava obras próprias como os
A carreira de Tchaikovsky foi mar- 5 Concertos para piano e as suas 5
cada pelo crescente sucesso como primeiras Sonatas para piano.
compositor e como regente, entreme- Em 1936 Prokofiev volta à Rússia
ado por diversas crises em sua vida onde continua a compor sobre a mes-
íntima. Datam desse período suas mais ma linguagem musical. Entre estas
conhecidas obras: a Fantasia-Abertu- obras destacam-se a famosíssima Pe- Glazunov
ra Romeu e Julieta (1869), a canção dro e o Lobo para narrador e orquestra Nascido em São Petersburgo em
Apenas um Coração Solitário (1869), e o ballet Romeu e Julieta. Prokofiev 1865, Glazunov era filho de conhecido
o Quarteto de Cordas no 1 (1871), morreu em Moscou no mesmo dia que editor e desde criança interessou-se
o Concerto no 1 para Piano e Or- Stalin: 5 de Março de 1953. pela música. Em 1879 conheceu Ba-

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • r ú S S i a 4


lakirev, que o aconselhou a concluir o Capricho Espanhol, a Aber-
sua formação clássica. Elogiado por tura “A grande Páscoa Russa”
Liszt, logo tornou-se conhecido no e a suíte sinfônica Schehera-
Ocidente. Suas sinfonias foram exe- zade. Suas outras composições
cutadas, com êxito em Weimar, Paris incluem dezenas de canções,
e Londres. Dirigiu concertos sinfô- arranjos de músicas folclóricas,
nicos em São Petersburgo, além de música de câmara e piano e obras
dar aulas de música no conservatório corais. Rimsky-Korsakov morreu
da mesma cidade, onde depois seria em Lyubensk, no dia 21 de junho
diretor.Glazunov morreu em Paris em de 1908.
21 de março de 1936. Ao contrário de
outros compositores russos, pouco se Stravinsky
interessou por ópera. Sua música é Igor Fiodorvitch Stravinsky nas-
essencialmente instrumental. O balé ceu em Oraniembaum, perto de São
As estações é sua obra mais popular. Petersburgo, a 17 de junho de 1882,
Glazunov escreveu 8 sinfonias e mú- filho de um conhecido cantor da ópe-
sica de câmara. ra imperial de São Petersburgo. Ape-
sar da precoce vocação para a músi-
Rimsky-Korsakov ca, foi encaminhado para o
Nascido em 1844 na cidade de curso de direito. Em 1902,
Tikhvin, que fica entre Leningrado e conheceu Nicolai Rimsky-
São Petersburg, Nikolai Andreyevich Korsakov que o aconse-
Rimsky-Korsakov era membro de lhou a estudar música.
uma família aristocrática e manifestou Stravinsky começou a es-
talento musical desde muito cedo. tudar com o compositor
Seguiu carreira militar, mas isto não russo em 1903; em 1905
o afastou da música. Escreveu sua abandonou a universi-
primeira sinfonia enquanto fazia uma dade. Ouvinte entusias-
viagem de navio ao redor do mundo. mado de suas primeiras
Foi membro do nacionalista Grupo obras, Diaghliev convi-
dos Cinco, ao lado de Mily Balaki- dou-o a colaborar nos
rev, Aleksandr Borodin, César Cui balés russos, para os
e Modest Mussorgsky. Apesar quais compôs O pás-
de ser auto-didata, Rimsky-
saro de fogo (1910),
Korsakov em 1871 é nomeado
seguido de Petruska”,
professor de composição e
(1911) lhe abriam o caminho da
orquestração do Conserva-
celebridade, porém nenhuma obra
tório de São Petersburgo.
de Stravinsky é mais conhecida do Haydn e Mozart. Quando a Segun-
Entre seus alunos
figuram nomes que A sagração da primavera (1913). da Guerra Mundial começou, Stra-
como Glazunov, Com seus ritmos selvagens, ausên- vinsky fugiu da Europa e foi para
Liadov, Proko- cia de melodia e energia selvagem, os Estados Unidos, onde se instalou
fiev, Respighi marca o início da música do século em Hollywood, Califórnia. Tornou-
e Stravinsky. XX. A I Guerra Mundial levou-o a se cidadão americano em 1940. Nos
Seus maiores mudar-se para a Suíça, voltando à anos cinqüenta, chocou o mundo
êxitos foram ob- França em 1919. Nessa época, apre- musical com o serialismo e produziu
tidos junto às ópe- sentou-se freqüentemente como pia- o balé dodecafônico Agon e o traba-
ras – foram quinze nista e regente, enquanto como com- lho coral Canticum Sacrum, entre
no total. A fama positor se voltava para a pesquisa da outros. Em 1963, após quase meio
de Korsakov no tradição clássica européia. Em 1920, século de afastamento, Stravinsky
Ocidente foi con- instalou-se em Paris e entrou num visitou a então União Soviética, re-
quistada com suas período denominado neo-classicis- cebendo carinhosa acolhida do povo
composições or- mo, no qual compôs um tipo de mú- russo. Stravinsky morreu em Nova
questrais, como sica baseado nos estilos e formas de Iorque, a 6 de abril de 1971.

4 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • r ú S S i a


r ElaçÕES B ilatEraiS

As exportações brasileiras para o mercado russo se destacaram


ao atingir o valor de US$ 3,7 bilhões no último ano, crescimento
de 8,7% em relação a 2006.

Intercâmbio Comercial
Brasil – Rússia
ARTIgO ElABORADO PElA EQuIPE D O DEPARTAMENTO DE
PlANEjAMENTO E DESENVOlVIMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR – DEPlA
DA SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR – SECEX DO MINISTÉRIO DO
DESENVOlVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC.

Comércio Exterior da Rússia O saldo comercial russo, tradicionalmente superavitário para


A economia russa segue em plena expansão e o país constitui o país, registrou uS$ 132,1 bilhões em 2007, valor ligeiramente
um dos mais importantes mercados consumidores do mundo. inferior ao recorde registrado no ano anterior, de uS$139,2
Após a crise financeira, deflagrada em 1998, o país retomou a bilhões.
rota de expansão, apresentando taxas substanciais de crescimento Considerando a pauta de exportações da Rússia, relativa ao ano
de sua economia. Em 2006 e 2007, a economia russa expandiu- 2006, tendo por fonte os dados do International Trade Centre da
se, respectivamente 7,4% e 8,1%, com um PIB no valor de uS$
1.289,6 bilhões, em 2007. Para 2008 e 2009, a previsão de cres-
cimento do PIB é de 6,8% e 6,3%, respectivamente.
No mesmo período, o comércio exterior russo experimentou
um crescimento acelerado que culminou com uma corrente de
comércio de uS$ 578,2 bilhões em 2007, 372% superior ao
montante de 2001, de uS$ 155,6 bilhões.
Este aumento foi ocasionado tanto pelo desempenho das
exportações quanto das importações. No período, as vendas ex-
ternas russas cresceram 348% e passaram de uS$ 101,8 bilhões,
em 2001, para uS$ 355,2 bilhões, em 2007. As importações
quadruplicaram, ao passarem de uS$ 53,8 bilhões, em 2001,
para uS$ 223,1 bilhões, no último ano.

50 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • a r G E n t i n a


uNCTAD, verifica-se que o principal item da pauta são combus-
tíveis minerais, com um total de uS$ 190 bilhões, representando
63,0% do total. O segundo item mais vendido pelo país foi
siderúrgicos, total de uS$ 17,8 bilhões, 5,9% da pauta; seguido
por alumínio e obras, uS$ 7,6 bilhões, 2,5% da pauta; madeira
e obras, uS$ 6,6 bilhões, 2,2%; níquel e obras, uS$ 6,0 bilhões,
5,0%; máquinas e equipamentos, uS$ 4,9 bilhões, 1,6%; cobre
e obras, uS$ 4,5 bilhões, 1,5%; fertilizantes, uS$ 4,1 bilhões,
1,4%; químicos orgânicos, uS$ 3,1 bilhões, 1,0%; e veículos
automóveis e partes, uS$ 2,40 bilhões, 0,8%.
As importações russas, no mesmo ano, foram compostas prin-
cipalmente por: máquinas e equipamentos, total de 21,9 bilhões,
15,9% do total das compras; veículos automóveis, uS$ 18,7
bilhões, 13,6% da pauta; eletroeletrônicos, uS$ 14,9 bilhões,
10,8%; farmacêuticos, uS$ 6,2 bilhões, 4,5%; plásticos e obras,
uS$ 5,0 bilhões, 3,6%; carnes, uS$ 4,5 bilhões, 3,3%; instru-
mentos de ótica e precisão, uS$ 3,9 bilhões, 2,8%; artigos de
ferro e aço uS$ 3,8 bilhões, 2,7%; siderúrgicos, uS$ 3,6 bilhões,
2,6%; frutas, uS$ 2,9 bilhões, 2,2%.
A Rússia teve como principais países compradores em 2007
(dados disponíveis): Holanda (15,2% do total exportado); Itália
(8,4%); Alemanha (6,3%); China (6,1%); ucrânia (5,3%); Tur-
quia (4,0%), Polônia (3,9%); Cazaquistão (3,8%); e Finlândia
(3,6%).
já os principais mercados fornecedores para a Rússia, em 2006
(dados disponíveis), foram: Alemanha (13,3% do total); China
(10,0%); ucrânia (7,1%); japão (6,1%); Coréia do Sul (5,3%);
Estados unidos (4,3%); Itália (4,1%); França (4,0%); Reino
unido (2,8%); e Cazaquistão (2,7%).
Como pode ser conferido no quadro ao lado, nos últimos anos,
a participação das exportações brasileiras na importação global
da Rússia tem se consolidado em torno dos 2%. já a importação
brasileira de produtos da Rússia é um pouco mais modesta, tendo
atingido 0,6% de participação nas vendas russas de 2007.

Intercâmbio comercial entre Brasil e Rússia – 2007


O comércio bilateral entre Brasil e Rússia acompanhou a
escalada do comércio exterior brasileiro nos últimos anos. A

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • a r G E n t i n a 51


r ElaçÕES B ilatEraiS

partir de 2001, a corrente de comércio cresceu sussecivamente


e atingiu o maior valor histórico em 2007, quando totalizou uS$
5,45 bilhões, total 24,3% superior ao de 2006.
As exportações brasileiras para o mercado russo se destacaram
ao atingir o valor de uS$ 3,7 bilhões no último ano, crescimento
de 8,7% em relação a 2006. As compras brasileiras de produtos
russos também apresentaram bom desempenho ao atingir a
soma de uS$ 1,7 bilhão, com aumento de 81,4% sobre o ano
anterior.
O superávit no comércio bilateral para o lado brasileiro foi de
uS$ 2,0 milhões em 2007, montante 18,8% inferior ao alcançado
em 2006.
A Rússia foi o décimo primeiro maior destino das exportações
brasileiras, com participação de 1,4% na pauta total de 2007.
Esta colocação é uma posição inferior à ocupada em 2006. Rela-
tivamente ao ranking de países de origem das compras externas
nacionais, o país ganhou seis posições. Atualmente, a Rússia ocupa
a 18 posição entre os principais provedores de mercadorias ao
Brasil, com uma participação de 1,4% no total da pauta.
A pauta brasileira de exportação para a Rússia foi composta
por 58,5% de produtos básicos e 41,4% de produtos industria-
lizados em 2007. O grupo dos produtos básicos apresentou cres-
cimento de 25,8% no comparativo 2007/2006 e o de produtos
manufaturados cresceu 13,5%. Os produtos semimanufaturados
apresentaram queda de 16,8%.
Os principais produtos exportados para o mercado russo em
2007 foram: açúcar em bruto (total de uS$ 1,04 bilhões e par-
ticipação na pauta de 27,7%), carne bovina (uS$ 968 milhões,
17,7%), carne suína (uS$ 282 milhões, 7,5%), carne de frango
(uS$ 282 milhões, 7,5%), tratores (uS$ 180 milhões, 4,8%),
fumo em folhas (uS$ 115 milhões, 3,1%), café solúvel (uS$ 83
milhões, 2,2%), soja em grão (uS$ 36 milhões, 21,0%), farelo de
soja (uS$ 34 milhões, 0,9%) e tripas e buchos de animais (uS$
29 milhões, 0,8%).
Do lado das importações brasileiras de produtos russos, quase
a totalidade (97,1%) foi composta por produtos industrializa-
dos. Esta classe de produtos apresentou aumento de 83,9% no
comparativo 2007/2006 (133,7% de manufaturados e 9,8% de
semimanufaturados). Os produtos básicos responderam com

52 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • a r G E n t i n a


2,9% do total e crescerem em 23,5% de 2006 para 2007.
Os principais produtos comprados pelo Brasil da Rússia em
2007 foram: adubos e fertilizantes (total de uS$ 451 milhões
e participação de 96,2% na pauta), uréia (uS$ 358 milhões,
102,5%), cloreto de potássio (uS$ 299 milhões e 17,5%), oléos
combustíveis (uS$ 208 milhões, 12,2%), nitrato de amônio (uS$
118 milhões, 6,9%), sulfato de amônop (uS$ 41 milhões, 2,4%),
borracha sintética e artificial (uS$ 36 milhões, 2,1%), enxofre
(uS$ 27milhões, 1,6%), produtos laminados planos (uS$ 18
milhões, 1,0%) e ferro-ligas (uS$ 17 milhões, 1,0%).
Ao se considerarem as unidades da federação que exportaram
para a Rússia em 2007, destaca-se a participação do Estado de São
Paulo, que foi responsável por uS$ 1,4 bilhão em exportações para
este mercado, representando 36,4% da pauta total. Os demais
principais estados brasileiros que exportaram para o país foram:
Rio grande do Sul (uS$ 751 milhões, participação de 20,1% no
total), Mato grosso (uS$ 301 milhões, 8,0%), Paraná (uS$ 251
milhões, 6,7%), goiás (uS$ 245 milhões, 6,6%), Santa Catari-
na (uS$ 190 milhões, 5,1%), Minas gerais (uS$ 183 milhões,
4,9%), Alagoas (uS$ 165 milhões, 4,4%) e Rondônia (uS$ 156
milhões, 4,2%). A demais unidades da federação exportaram
uS$ 131 milhões e foram responsáveis por 3,5% das vendas
totais à Rússia.
Do lado das importações, São Paulo foi também o estado que
realizou o maior volume de compras de produtos russos, soma
de uS$ 353 milhões e participação de 20,6% na pauta total. Em
seguida, encontran-se entre os principais estados: Paraná (uS$
254 milhões, 14,9%), Rio grande do Sul (uS$ 192 milhões,
11,2%), Minas gerais (uS$ 174 milhões, 10,2%), Mato grosso
(uS$ 166 milhões, 9,7%), Maranhão (uS$ 151 milhões, 8,8%),
goiás (uS$ 88 milhões, 5,2%), Bahia (uS$ 75 milhões, 4,4%) e
Ceará (uS$ 59 milhões, 3,5%).
No ano de 2007, 808 empresas brasileiras exportaram para
a Rússia. Este número significou um aumento de 6,6%, 50 em-
presas em termos absolutos, em relação ao ano anterior, quando
758 empresas exportaram para este mercado. O número de
compradores nacionais de produtos russoss também aumentou,
no comparativo 2007/2006, ao passar de 486 para 511 empresas,
aumento de 25 empresas ou 5,1% a mais.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a S i l • a r G E n t i n a 53


C u r ta s

Moscou é cidade mais


cara do mundo
Moscou é a cidade mais
cara do mundo para
trabalhadores estrangeiros,
com um custo de vida cerca
de 40% maior do que Nova
York. Já São Paulo subiu
da 62a para a 25a posição,
igualando-se a Atenas e
Amsterdã e superando
Madri. A pesquisa foi
elabora pela Mercer,
empresa de consultoria que
mede o custo de mais de
200 itens em 143 cidades.
Na lista, a capital paraguaia
Assunção é tida como a
cidade com menor custo
de vida, ocupando o último
lugar. A campeã Moscou
atingiu o índice de 142,4
pontos em comparação a
Nova York, cidade mais cara Moscou à noite: a capital russa foi eleita a cidade mais cara do mundo.
dos Estados Unidos e usada
como parâmetro, com um continua mantendo as suas
índice de 100 pontos. Em previsões iniciais. E, de
2008, o custo de vida nova- fato, a aposta nos países
iorquino caiu da 15a para do grupo Bric continua
a 22a posição. São Paulo em alta. Recentemente,
subiu de 82,8 pontos em o Goldman Sachs previu
2007 para 97 pontos neste que a economia da China
ano. O Rio de Janeiro, que vai superar a americana até
somou 95,2 pontos, subiu 2027, a Índia vai alcançar os
da 64a para a 31a posição, Estados Unidos até 2050 e
igualando-se a Barcelona e a as quatro nações, enquanto
Estocolmo. grupo, vão superar todos
os países do G-7 em 2032.
Assim, mesmo com a crise
Fundos globais apostam internacional de crédito
cada vez mais nos Bric liderada pelos EUA, o banco
Desde 2001, quando o argumenta que os Bric
economista Jim O’Neill, apresentarão oportunidades
do banco de investimentos de crescimento de capital de
Goldman Sachs, criou o longo prazo que os gestores
termo Bric hoje usado para de fundos.
descrever os mercados
em crescimento acelerado
de Brasil, Rússia, Índia Petrobras I – A produção
e China, muita coisa média de petróleo e
mudou. Apesar disso, o gás da Petrobras bate Plataforma da Petrobras na Bacia de Campos (RJ): empresa bateu recordes
banco de investimento recorde de produção em 2008.

54 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a


Em março, no Brasil, a alto dos dois grupos. De Localizada em Joinville encontradas na carne
produção média de petróleo acordo com o relatório, a (SC), e fundada em 1998, a oriunda desses países.
e gás da Petrobras bate Companhia é “referência Escola do Teatro Bolshoi no Com a medida, restrições
recorde alcançou 2.114.089 de transparência” entre Brasil é a única no mundo temporárias serão impostas
barris de óleo por dia, as empresas nacionais do fora da Rússia. à importação de carne
refletindo um aumento setor. O estudo avaliou 42 de algumas empresas
de 1,4% sobre o volume companhias e destacou três da Dinamarca, França,
produzido em março do áreas de ação: pagamentos Rússia limita Alemanha, Itália e Espanha a
ano passado. Em relação a aos governos dos países importações de carne partir desta terça. Segundo
fevereiro de 2008, quando onde atuam, operações e bovina de Goiás e o Ministério da Agricultura,
foram produzidos programas anticorrupção. Pernambuco o frigorífico brasileiro
2.129.420 barris/dia, A Transparência O Serviço Federal de atingido pela medida fica
houve uma ligeira redução Internacional é uma Controle Veterinário e em Rondônia. Segundo o
de 0,7%, como reflexo de organização da sociedade Fitossanitário da Rússia, o governo brasileiro, para que
paradas para manutenção de civil global que atua no Rosselkhoznadzor, anunciou a medida não seja posta em
duas plataformas na Bacia combate à corrupção. no dia 15 de julho que a prática serão estabelecidas
de Campos.Em 2008 mais imposição de restrições medidas corretivas no
cinco plataformas vão entrar temporárias à importação sistema de produção dessa
em operação, acrescentando Teatro Bolshoi no Brasil de carne de oito países, unidade, entre elas, boas
500 mil barris à capacidade No dia 27 de julho, alunos entre eles o Brasil, porque práticas de fabricação e
diária de produção da e bailarinos da Cia. Jovem substâncias proibidas foram higienização na unidade.
Petrobras: quatro na Bacia da Escola do Teatro Bolshoi
de Campos e uma no mar no Brasil apresentaram
do Espírito Santo. Também “Divertissement” no IX
no decorrer do ano as cinco Encontro Latino-Americano
plataformas que começaram de Líderes, em São Paulo,
a produzir em 2007 vão no Centro de Convenções
atingir suas capacidades do Hotel World Trade
máximas. Center. O Encontro Latino-
Americano de Líderes
é uma oportunidade de
Petrobras II – Empresa se investimento no futuro.
destaca em índice global A possibilidade de uma
de transparência contribuição decisiva na
A Petrobras foi considerada formação de uma geração A Revista dos Seminários Bilaterais
uma das empresas de óleo de empreendedores de Comércio Exterior e Investimento,
e gás com mais alto nível que se constituem em
de transparência com autênticas lideranças dos organizados pela FCCE, é distribuída
relação a seus rendimentos, seus segmentos, com entre as mais destacadas personalidades,
segundo relatório da legitimidade e capacidade do Brasil e do exterior, que atuam no
Transparência Internacional para conduzir o Brasil e a
divulgado no primeiro América Latina, em direção comércio internacional.
semestre de 2008. Os ao Primeiro Mundo.
resultados da pesquisa são O evento é o maior Anunciar aqui é fazer chegar o seu produto
divididos em dois grupos: do setor no Brasil e na
companhias nacionais em América Latina. No
a quem realmente interessa, a quem
território doméstico; e programa do espetáculo decide.
companhias internacionais estiveram trechos dos
e companhias nacionais que balés “Chopiniana”; “Don Procure-nos.
atuam em outros países. Quixote”; “La Fille Mal
Somente a Petrobras e a Gardèe”; “O Quebra-nozes”
Tel.: 55 21 2570 5854
norueguesa Statoil-Hydro e um solo do coreógrafo eduardo.teixeira@abrapress.com.br
estão listadas no nível mais Fokine “A Morte do Cisne”.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B r a s i l • R ú ss i a 55


Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Foreign Trade Chambers Federation
Fédération des Chambres de Commerce Extérieur
Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

Conselho Superior
Membros Vitalícios

Antônio Delfim Netto

Benedicto Fonseco Moreira

Bernardo Cabral

Carlos Geraldo Langoni

Ernane Galvêas

Giulite Coutinho

Gustavo Affonso Capanema (vice-presidente)


José Carlos Fragoso Pires

Laerte Setúbal Filho

Milton Cabral

Paulo D’Arrigo Vellinho

Paulo Pires do Rio

Paulo Tarso Flecha de Lima

Philippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança

Theóphilo de Azevedo Santos (Presidente)

Вам также может понравиться