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Perdão

- por René Burkhardt | 24 de Abril de 2009

E o Senhor Jesus chamou atenção, diversas vezes, sobre como e o que é o Reino de Deus, que
está próximo de nós, não no tempo, mas na possibilidade de o alcançarmos. Chegar a ele é uma
questão de mudança de atitude, provocada pelo Espírito Santo, naqueles que se entregam ao
senhorio de Cristo, nos que buscam intimidade com o nosso Deus Pai e Criador. Essas atitudes
são contrárias ao pensamento e ao agir do mundo, porque o Reino de Deus é amor a Deus e ao
próximo acima de tudo, enquanto o reino terreno é amor a si mesmo e aos interesses próprios.
Assim, o Senhor gastou bastante tempo nos ensinando e mostrando como seriam essas
atitudes, forjadas em nós pelo Espírito de Cristo, atitudes antes desprezadas por nós. Uma delas
é o perdão.

“E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” (Mt
6.12). Este é o quinto, de sete pedidos que o Senhor Jesus nos ensinou a fazer, quando
orássemos ao nosso Pai Celestial. Não é apenas mais um pedido. É um pedido especial, de
grande importância, a ponto de ser o único que mereceu um comentário específico no final do
exemplo de oração: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco
vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (vs.14-15). Assim, o Senhor nos ensina que o perdão
é um dos elementos mais importantes do cristianismo, pois envolve o fato de demonstrarmos,
através de uma atitude nossa, que fazemos realmente parte de Seu Reino. Quando recebemos o
perdão de Deus em nossas vidas, através da fé em Jesus Cristo, passamos a fazer parte do
Reino de Deus. E, fazendo parte desse Reino, seremos levados a perdoar, assim como o Pai nos
perdoou. Se não perdoamos, é porque não entendemos e não recebemos o perdão de Deus para
nós. E, neste caso, não fazemos parte de Seu Reino, não somos verdadeiramente convertidos,
não estamos verdadeiramente salvos.

Vejam em que nível se encontra o perdão no Reino de Deus! O Senhor Jesus se esvaziou de Sua
soberania, Se tornando servo e homem mortal, exatamente para derramar o perdão do Pai a
todos que quisessem, através de Seu amor evidenciado na cruz do Calvário! Deus é amor e é
justamente esse amor que possibilitou o Seu perdão. O amor e o perdão estão intimamente
ligados, a ponto de evidenciarmos a um, quando o outro se manifesta. Não existe perdão, sem
amor, assim como não existe amor, sem perdão. E só através do Espírito Santo seremos cheios
desse amor e, conseqüentemente, dessa capacidade de perdoar.

A QUEM PERDOAR?

Para respondermos a esta pergunta, vamos dar um passeio no tempo e no espaço. Vamos viajar
até cerca de dois mil anos atrás, para um pequeno monte fora de Jerusalém, chamado Calvário,
ou Gólgota. O dia é uma quinta-feira, perto de nove horas da manhã. Os soldados romanos já
estão com tudo pronto para o espetáculo do dia, as três crucificações. Os condenados já
chegaram, assim como uma grande multidão ansiosa por assistir o derramamento de sangue.
Muitos gritam palavras de ordem contra um dos condenados e os soldados carrascos começam a
prender a cada um em suas cruzes. Dois deles são amarrados à madeira, mas um deles tinha
que ser pregado. Então os carrascos martelam os cravos em Suas mãos e em Seus pés, além de
prenderem Seus braços com cordas à madeira, para Seu corpo não pender para frente e cair da
cruz. Com tudo pronto, os soldados romanos começam a erguer aquela cruz, para colocá-la no
buraco que a manteria em pé. Assim que ela é erguida, desliza para dentro do buraco,
alcançando o seu fundo com violência, provocando ainda mais dor Àquele que estava preso nela.

Neste exato momento de extrema dor, de exposição pública à vergonha, o Senhor Jesus declara:
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). Aquele que é o Soberano sobre
todas as coisas e sobre todas as pessoas, Jesus, o Filho de Deus, que se esvaziou dessa
soberania para fazer a perfeita vontade do Pai, agora estava com o Seu corpo mortal totalmente
preso e exposto. Apesar disto, ainda usou o pouco de forças que Lhe restava e a Sua boca, para
derramar, mais uma vez, a Sua misericórdia sobre aqueles que O ultrajavam.
Mas, por que o Senhor disse isso? A quem Ele Se referia? Será que essas Suas palavras
demonstram que todas as pessoas são perdoadas por Deus? Para responder a isto, precisamos
considerar alguns pontos importantes: primeiro, só necessita de perdão quem é culpado de algo;
segundo, sabemos, através da Palavra de Deus, a Bíblia, que Deus perdoa a todos os que crêem
em Jesus Cristo e em toda Palavra do Pai a Seu respeito, e O recebem em suas vidas.

Então, vamos começar analisando quem são os culpados, sobre os quais Jesus pediu o perdão
de Deus. Os soldados que O crucificaram seriam culpados? Sim, com certeza! “Igualmente os
soldados o escarneciam e, aproximando-se, trouxeram-lhe vinagre, dizendo: Se tu és o rei dos
judeus, salva-te a ti mesmo” (Lc 23.36-37). Esses soldados sabiam Quem era Jesus, mas,
mesmo assim, o mataram. Diante desse conhecimento, eles poderiam ter-se negado a fazer
isso, mesmo tendo as conseqüências posteriores sobre sua atitude. Mas não o fizeram.
Preferiram levar a termo o único crime imperdoável de toda a história, a morte de um verdadeiro
Justo.

Mas seriam eles os únicos culpados? Não podemos esquecer dos religiosos judeus que O levaram
a essa situação, tão culpados quanto Seus executores. Foram eles que conspiraram contra Jesus
e O prenderam e O levaram às autoridades romanas para ser julgado. Mantiveram sua
incredulidade até o final: “De igual modo, os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos,
escarnecendo, diziam: Salvou aos outros, a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel! Desça
da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem;
porque disse: Sou Filho de Deus” (Mt 27.41-43).

E quanto às autoridades romanas? Tanto Herodes, quanto Pilatos, tiveram chance de libertar a
Jesus, porém, não quiseram se envolver, não quiseram se indispor com os religiosos judeus.
Pilatos chegou a ser advertido por sua esposa: “Não te envolvas com esse justo; porque hoje,
em sonho, muito sofri por seu respeito” (Mt 27.19). O próprio Deus falou com a esposa de
Pilatos, através de um sonho, para que ele fosse advertido e tivesse a oportunidade de agir
corretamente, de não se tornar culpado da morte do Senhor. Mas ele não deu ouvidos a Deus.

Mas há mais culpados: “Os que iam passando, blasfemavam dele, meneando a cabeça e
dizendo: Ah! Tu que destróis o santuário e, em três dias, o reedificas! Salva-te a ti mesmo,
descendo da cruz!” (Mc 15.29-30). “Os que iam passando” e os que estavam assistindo, também
eram culpados daquela morte inocente. Ao invés de se manifestarem contrários ao que estava
acontecendo, alguns ainda blasfemavam e, outros, apenas contemplavam de longe: “Entretanto,
todos os conhecidos de Jesus e as mulheres que o tinham seguido desde a Galiléia
permaneceram a contemplar de longe estas coisas” (Lc 23.49). Seus conhecidos e os que O
haviam seguido por tanto tempo não reagiram. Contemplaram de longe.

E esses não são todos os culpados. Eu, você e todas as pessoas, de todos os tempos, somos tão
culpados quanto aqueles. Creia! Se eu, ou você, estivesse lá naquele dia, também não reagiria.
Talvez até zombasse, escarnecesse, ou blasfemasse do Senhor, como tantas pessoas fizeram.
Talvez gritássemos para os soldados: “Cravem mais um prego nEle, para Ele ver o que é bom!”.
Devemos lembrar que o Evangelho ainda não tinha sido levado ao mundo todo e, por isto, não
teríamos nenhum entendimento do que estava acontecendo ali, ainda mais que, nem mesmo
aqueles que tinham convivido com o Senhor o entendiam.

Sim, meus amados! Todos somos culpados da morte do Senhor Jesus! “Pois todos pecaram e
carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). E essa é a glória de Deus derramada sobre todos nós: o
Seu perdão, através da morte sacrificial de Seu Filho Amado. Mas esse perdão alcança a todas
as pessoas? Não! Ele está disponível para todas as pessoas, mas só vai alcançar àqueles que
crêem em toda essa obra realizada pelo Senhor e no que está escrito a Seu respeito: “se
manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a
fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem” (3.21-22); “Mas, a todos quantos
o receberam [a Jesus], deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem
no seu nome” (Jo 1.12); “Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé
em Jesus Cristo, fosse a promessa [perdão e salvação] concedida aos que crêem” (Gl 3.22).
É fácil concluir que o Senhor derramou o Seu perdão sobre TODAS as pessoas que O ofenderam
e que esse perdão estaria disponível a todo aquele que o quisesse, desde que cresse e se
entregasse ao senhorio de Cristo, se arrependendo de sua vida errada, individualista, distante do
Senhor. Este é o alcance das palavras de Jesus, ao ser levantado na cruz: “Morri por amor a
todos vocês e, através deste amor, o Pai Celestial pode conceder o perdão a todos. Creiam nisto
e apliquem isto a suas vidas, que Meu Pai os perdoará e os manterá junto a Ele por toda a
eternidade, desde esta vida aqui na terra, até na vida por vir”. E, como devemos ser imitadores
do Mestre, o Senhor Jesus, também devemos conceder o perdão a todas as pessoas que nos
ofenderam, ou que discordaram de nós, esperando no Deus Pai que elas cheguem ao
reconhecimento, arrependimento e modificação de sua conduta, seguindo a orientação do
Espírito Santo. Não podemos nos esquecer, nem negligenciar o mandamento do Senhor para
nós: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que
também vos ameis uns aos outros” (Jo 13.34).

RECEBER E APLICAR O PERDÃO

Em Mateus 18.23-35, o Senhor Jesus nos conta uma parábola, que é fundamental para
compreendermos o perdão, tanto com relação ao seu recebimento, quanto a sua aplicação. O
Senhor começa falando que o Reino dos Céus é semelhante a um rei, que resolveu ajustar
contas com os seus servos (v.23). Aqui, já podemos identificar esse rei, como sendo o próprio
Deus, e os seus servos, como sendo os cristãos, aqueles que mantêm um relacionamento com
Ele.

Nessa prestação de contas, trouxeram um servo que lhe devia uma quantia enorme: 10 mil
Talentos (v.24). Mas esse servo não tinha como pagar sua dívida, ficando sujeito à penalidade da
condenação pelo rei (v.25). Diante da condenação severa a que estava sujeito, esse homem se
curvou com reverência, rogando por paciência. Vejam, amados, que esse homem não pediu
perdão pelo seu erro, mas, tentando bajular ao seu senhor com um gesto reverente, só pediu
que o rei fosse paciente com ele e que lhe desse mais algum tempo, para que ele pudesse
resolver aquele problema (v.26).

Essa atitude é semelhante a de um empregado que é pego roubando. A primeira atitude dele é
a de mostrar uma falsa tristeza, tentando bajular ao seu patrão. Ele pede a Deus por clemência,
para não perder o seu emprego, para não passar necessidade, para ter mais uma chance. E,
apesar de ter lesado seu patrão por muito tempo, pede para não ser demitido, pois ele não faria
mais isso e restituiria o que roubou. Só que isto é impossível, porque ele nem sabe mais de
quanto ele se apropriou indevidamente.

Percebam que esse servo era uma pessoa muito especial, muito capaz, afinal, havia recebido
todo aquele montante do rei. E isto foi feito em confiança, no intuito de receber muito lucro,
quando da prestação de contas. Em Mateus 25, aprendemos que o Senhor dá talentos às
pessoas, mas esperando receber os frutos disso, ao final. Ele não dá esses talentos
indiscriminadamente, mas o faz conforme a capacidade que Ele vê em cada um e cobra o
resultado disso. E esse servo consumiu tudo consigo mesmo, não tendo sobrado nada para
apresentar ao rei.

“E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida” (v.27).


Por que o senhor perdoou ao servo, se este o estava, apenas, bajulando e pedindo paciência?
Aquele rei sabia que o servo não tinha como pagar a dívida, de forma nenhuma, no entanto, o
perdoou. Por quê? O texto diz que o senhor se compadeceu do servo. Certamente, ele viu que o
servo não tinha condições de pagar a dívida, mas ele também viu mais do que isto: ele viu que o
servo não fazia a menor idéia do tamanho de sua dívida. Se transformamos esse valor em dias
de trabalho, esse servo precisaria trabalhar mais de 160 mil anos ininterruptos e sem pegar nem
um centavo de seu pagamento diário, para poder quitar sua dívida. Se ele tivesse consciência
disto, não pediria mais algum tempo para pagar o que devia. Foi uma insanidade dele e o senhor
percebeu isto e se compadeceu dele, por isto.

Diante da insanidade desse homem, o senhor também percebeu que ele não se arrependeu.
Esse homem havia recebido muito, usou tudo indevidamente, não deu retorno a quem de direito
e, ainda assim, não se arrependeu de seu erro e demonstrou pensar que seu pecado era
insignificante, um pequeno engano que poderia ser resolvido com o tempo, com o esforço
próprio. Se ele tivesse se arrependido, teria se humilhado diante do senhor, suplicando por
perdão. Na verdade, era esta atitude que o senhor esperava dele. O senhor esperava que o
servo compreendesse que ele não tinha como saldar a dívida com o seu próprio esforço. O rei
queria que o servo abrisse mão de tentar resolver as coisas por si mesmo e confiasse na
misericórdia dele.

O Senhor Jesus demonstra, aqui, que o arrependimento é mais do que dar meia-volta, uma
conversão acompanhada de uma dor piedosa. É mais do que sofrer dor por causa do passado,
por ter feito o Senhor sofrer. E é muito mais do que, simplesmente, se afastar dos pecados da
carne. De acordo com esta mensagem, o Senhor nos diz que só estaremos verdadeiramente
arrependidos, quando estivermos totalmente conscientes de que é impossível realizarmos a
expiação por nossos próprios pecados. Qualquer pecado nosso, por “menor” que seja, fere a
infinita justiça de Deus. Nós somos seres mortais, finitos, e não temos nenhuma condição de
restituir a Deus por tal erro, nem mesmo através de orações, de jejuns, de boas obras. O
Evangelho, a Nova Aliança, deixa isso claro.

Nesta parábola, o Senhor demonstra que devemos nos afastar completamente da insanidade
que é pensar que podemos compensar a Deus, de alguma forma, por nossos pecados. E essa
insanidade afeta milhões de cristãos hoje, por todo o mundo. Tais pessoas, quando pecam,
pensam que podem acertar tudo com Deus, derramando lágrimas, prometendo orar mais, ler
mais a Bíblia, até jejuar, sempre com a intenção de compensar a Deus por seus erros. Meus
amados, isso é impossível! Isso só leva as pessoas a um profundo desespero, por lutar e cair,
lutar e cair, produzindo uma falsa santificação feita por elas mesmas. Com esta falsa
santificação, elas se acomodam em uma também falsa paz e, por fim, são convencidas por uma
grande mentira.

O senhor, na parábola, sabia que as conseqüências dos pecados do servo seriam terríveis e,
entregue a elas, esse servo estaria totalmente perdido. Ele não via o quanto os seus pecados
eram horríveis e, sem o perdão, ficaria cada vez mais cego e mais endurecido, a cada dia de sua
vida, chegando ao limite da desesperança. Foi aí que entrou a compaixão e a misericórdia do rei,
concedendo perdão ao servo, declarando-o livre, com a ficha limpa, liberto de qualquer dívida.
Vejam o que o Senhor Jesus está nos mostrando aqui: Ele nos dá o exemplo de um homem
confiável, cheio de talentos, mas que, de repente, se revela o maior dos devedores, uma pessoa
sem méritos e indigno de compaixão. Mas, apesar disto, o seu senhor o perdoa. É o mesmo que
o Senhor Jesus fez comigo e com vocês.

Vocês sabem o que os salvou? Foi alguma súplica? Suas lágrimas? Seu esforço sincero de se
afastarem dos pecados? Não! Foi a graça de Deus e somente ela. E não a merecemos, nem
fizemos por merecer, nem nunca faremos. Continuaremos indignos dela, por mais piedosos que
sejamos. É igual ao servo da parábola! Precisamos entender que o nosso arrependimento
verdadeiro é o nosso afastamento definitivo da idéia de que podemos restituir a Deus pelo que
devemos, de que podemos fazer alguma coisa para recebermos a Sua graça, enfim, que nenhum
esforço próprio, ou boa obra, pode pagar por nosso pecado. O único meio é aceitarmos a Sua
misericórdia, pois, só assim, alcançaremos a Sua salvação.

Esse perdão concedido pelo senhor ao servo, não é, como se poderia pensar, uma atitude injusta
e inconseqüente. Na verdade, ao perdoar, o senhor lançou uma responsabilidade enorme sobre o
seu servo, maior do que a própria dívida. A partir desse momento, o servo tinha a
responsabilidade de agir da mesma forma, com todas as pessoas. Ele deveria perdoar, assim
como havia sido perdoado. Vocês ainda se lembram da oração que o Senhor Jesus ensinou?
Voltamos a ela, percebendo que não se trata de uma opção que o Senhor colocou em nossas
vidas, mas uma ordem. Ele está dizendo: “Tive muito amor e misericórdia por você. Perdoei uma
dívida sua, que era impagável. Agora, só exijo isto de você: que você use o mesmo amor e a
mesma misericórdia que tive para com você, com as outras pessoas. Assim como o perdoei
gratuitamente, quero que você perdoe a todas as pessoas que o ofenderem, que o lesarem, que
o incomodarem, que o agredirem, também de graça. Faça isto no seu lar, no seu trabalho, na
sua igreja, nas ruas. Mostre a todos quanto amor e quanta misericórdia Eu usei com você”.
Mas o servo não fez isto. Assim que encontrou alguém, sobre quem ele poderia ter tido o mesmo
amor e a mesma misericórdia que recebeu, ele fez exatamente o contrário. Agarrou o sujeito
pelo pescoço e exigiu o pagamento de uma pequena dívida (v.28). O sujeito suplicou por
misericórdia, dizendo que pagaria tudo, se tivesse um tempo para isto (v.29). E, realmente,
seria possível pagar aquela pequena soma com pouco tempo de trabalho. Mas o servo não
aceitou e mandou o homem para a prisão, até que a dívida fosse quitada (v.30).

Vejam, irmãos, que pecado horrível esse servo estava cometendo! Um homem que todos sabiam
ter um relacionamento com o rei, tinha a sua disposição o perdão desse senhor, age sem
piedade, sem o amor e a misericórdia que lhe tinham sido mostrados. Na verdade, aqui ele
mostrou o que realmente tinha dentro de si: trevas, não luz. Em Romanos 2, Paulo descreve
essas trevas: "Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas;
porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias cousas que
condenas...Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais cousas e fazes as mesmas, pensas
que te livrarás do juízo de Deus? Ou desprezas a riqueza da sua bondade, a tolerância, e
longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?" (Rm
2:1, 3-4).Quando Paulo diz que tal homem despreza ‘a riqueza da Sua bondade’, está dizendo
que esse homem acha essa bondade e misericórdia serem impossíveis e que não deve se
aprofundar nisso. Isso é contrário a sua teologia e, ao invés de aceitá-la, se coloca contra ela.

Devemos lembrar, amados, que o servo não aceitou a graça do seu senhor, porque não se deu
conta do tamanho da sua dívida. Ele já havia determinado em sua mente, que poderia se
esforçar até pagar a sua dívida. E, vejam, que o senhor já havia garantido o perdão a esse
homem. Já o havia liberado de toda a culpa, cobranças, de todo e qualquer compromisso,
exceto, o de agir com amor e misericórdia com os outros.

Mas quem não aceita e não recebe o amor, não consegue amar aos outros. Essa pessoa até
passa a condenar aos outros. O Senhor usa esse princípio em Lucas 7.36 e ss. Foi o que
aconteceu com o servo. Fica claro que o Senhor Jesus, aqui, está dizendo que a misericórdia e o
perdão imerecido de Deus têm o objetivo de nos levar ao arrependimento. Isto também foi
declarado por Paulo: “a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento” (Rm 2.4). E
Paulo, que se declarou o maior de todos os pecadores, soube disso por experiência própria.

É muito importante entendermos que o motivo de o rei perdoar ao servo foi a intenção de que
este homem se afastasse de suas obras na carne, para descansar totalmente na bondade do seu
senhor. Dessa forma, ele estaria livre para amar e perdoar aos outros. Mas ele não se
arrependeu e, ainda por cima, duvidou dessa bondade. Ele imaginou que o senhor poderia
mudar de idéia, em algum momento. Vejam, meus amados, que situação! Esse homem esteve
diante do amor, da bondade, da misericórdia, do perdão do seu senhor e desprezou a idéia de
que a liberdade seria tão fácil, ao invés de se alegrar. Mas saibam, que qualquer pessoa que
acha ser impossível esse amor de Deus tão farto, fica acessível a toda e qualquer mentira de
Satanás. Vive sem entrar no descanso do Senhor, por estar sempre com medo que Ele exerça
algum juízo sobre ela.

Agora pergunto: vocês conhecem alguém que viva nessa situação? Talvez, até, seja por isso que
haja tanta discórdia, tanta divisão no corpo de Cristo, tantos líderes divergindo e tamanha
desunião entre as denominações. Que diferença do que disse o Senhor: “Nisto conhecerão todos
que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros" (Jo 13:35)! Hoje, é quase impossível
que o mundo reconheça o povo de Cristo por este padrão.

Quando buscamos em nosso coração, com sinceridade, encontramos nossa luta em aceitar essa
bondade de Deus para conosco. Percebemos que nossa vida é uma escravidão legalista, um
esforço para corresponder a padrões que, supostamente, nos levariam à santificação, mas que
não passam de leis humanas que dizem para fazer assim, ou não fazer assado. Aí percebemos
que nunca experimentamos, em verdade, a Paz que o Senhor Jesus nos deixou e que nunca
entramos no descanso do Senhor. Tudo isto, porque não temos segurança do amor de Deus por
nós e de Sua paciência com nossos erros.
RESULTADO DOS ENSINAMENTOS

Chegamos ao final da parábola, confirmando a intenção inicial do rei, ao perdoar seu servo:
“Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente,
compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?” (Mt 18.32-33).

Diante dessa declaração, sou levado a examinar a minha vida e a declarar junto com o salmista:
“... já se elevam acima de minha cabeça as minhas iniqüidades; como fardos pesados, excedem
as minhas forças” (Sl 38.4). São iniqüidades incontáveis da carne e do espírito: o quanto
desobedeci à Palavra de Deus, o quanto limitei o Seu agir em minha vida, o quanto fui
impaciente com os outros e quanto os julguei. Quantas vezes apontei o dedo da condenação
para outras pessoas! “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor”, que me perdoou de tudo isso! Mas, depois de tão
grande salvação, me pergunto: “tenho sido paciente com o meu próximo? Eu, realmente, o
tenho suportado, tenho tolerado as suas diferenças? Eu o tenho amado, como o Senhor me
amou? Será que tenho amado a todos, inclusive os que me desagradam de alguma forma?”.
Porque, se não tenho feito isso, o Senhor diz que eu sou um servo malvado, mesmo depois de
experimentar toda essa revelação e de estar às portas de tamanha salvação! Assim como Judas,
que foi ao Senhor, aprendeu com Ele, saiu com os discípulos exercitando poderes miraculosos,
expulsando demônios, mas, na hora da decisão, se negou a se converter a Ele de coração, eu
seria considerado mau e também teria meu nome riscado do Livro da Vida!

Com isto, meus amados, não quero dizer, aqui, que devamos fazer algum tipo de concessão. O
Espírito de Cristo deixou instruções bastante claras, através do apóstolo Paulo e dos outros,
sobre como devemos proceder em diversas situações: “não vos associeis com alguém que,
dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou
roubador; com esse tal, nem ainda comais” (1Co 5.11). E: "Corrige, repreende, exorta com toda
a longanimidade e doutrina" (2Tm 4:2), disse Paulo, recomendando que fôssemos guardiães da
sã doutrina. Mas as doutrinas não podem ser usadas para construir muros ao nosso redor, como
faziam os fariseus. Deus disse que deveriam santificar o sétimo dia ao Senhor, mas eles acharam
que isto era pouco. Então criaram um sem número de regras e leis, que os proibia de fazer
qualquer coisa no Sabbath. Eles pegaram a ordem de não tomar o nome de Deus em vão e
acrescentaram que não deveriam, nem mesmo, mencionar o Seu nome, para não pecarem. São
muros feitos pelo homem, uma prisão, uma escravidão.

O mesmo acontece na Igreja. O Senhor diz: "Sede santos, porque eu sou santo" (1Pe 1:16). Aí,
os homens redigem uma série de regras para se santificarem: use tal roupa, não vá a tal lugar,
não use maquiagem, se ajoelhe para orar, se levante para ler a Bíblia, sorria sempre, diga para o
irmão ao seu lado...”. Também são muros feitos pelo homem. Quem está dentro é salvo, mas
quem não está, é condenado. É exatamente o que fez o servo da parábola de Jesus: agarrou o
outro pelo pescoço, obrigando-o a fazer do jeito dele. Se não fosse desse jeito, não haveria
salvação! Mas os mandamentos do Senhor não foram dados para serem transformados em
fardos. Amar é manter o perdão disponível, de forma irrestrita, ainda que não se possa manter o
relacionamento. Mas, para amar, não pode haver esse tipo de muros.

Quando construímos, ou vivemos em tais muros, passamos pela mesma conseqüência que o
servo da parábola: “E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe
pagasse toda a dívida” (v.34). Não se enganem, meus irmãos, pois o Senhor está falando é do
inferno, aqui. Quando o Senhor diz, no verso 35: “Assim também meu Pai celeste vos fará, se do
íntimo não perdoardes cada um a seu irmão”, Ele está falando da nossa condenação, por não
termos aceitado o Seu perdão. Lembrem-se: só somos habilitados a amar e a perdoar, quando
aceitamos o Seu amor e o Seu perdão gratuitos. Aqui está a nossa conversão verdadeira, a
nossa salvação definitiva: em aceitarmos isso com toda a nossa força, com todo o nosso
entendimento e com todo o nosso coração, aplicando diariamente em nossas vidas. Amém.

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