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14/01/2009
Central Destino de Produção Cap. 08
Inspirada no original de
Janete Clair
Colaboração de
Eduardo Secco
Direção
Claudio Boeckel e Marco Rodrigo
Direção Geral
Luiz Fernando Carvalho
Núcleo
Luiz Fernando Carvalho
Personagens deste capítulo
Atenção
“ Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA e por conter informações confidenciais, não
poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer meio, sem o prévio e expresso
consentimento da mesma.No caso de violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às penalidades previstas em
lei e/ou contrato.”
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 08 Pag.: 2
CHICA — Nóis vai pra janela e enchê eles de chumbo. Nóis tá protegida aqui
dentro e eles tão em campo aberto.
CHICA — Pra nóis i até ele, precisa tirá esses hóme da fazenda. Nóis tem que
botá eles pra corrê pra pode i lá fora e vê como o pobre tá.
NARA — Então é melhó nóis andá logo, Chica. Bicho num vai dura muito tempo
se fica lá. (p) Isso se ele ainda tivé vivo.
CHICA VAI ATÉ A JANELA, A ABRE COM FORÇA E COLOCA A ESPINGARDA PRA FORA.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CHICA — E por acaso ocê acho que eles iam ficá quieto?
QUANDO OS TIROS DIMINUEM, CHICA VOLTA A ATIRAR, ASSIM COMO NARA E BRISA.
ELAS ATIRAM E SE PROTEGEM.
CORTA PARA:
HOMEM — Elas tão protegida e nóis em campo aberto! Vão acertá todo mundo!
NILO — Num queria tê de fazê isso, mas ele tá com a razão. Aqui nóis somo
alvo fácil. (p) Vamo embora! Todo mundo embora!
OS HOMENS COMEÇAM A SAIR, ATIRANDO PARA COBRIR SUA FUGA. NILO SEGURA
UM DOS HOMENS.
NILO — Ocê fica dando cobertura pra gente. Se alguém saí daquela casa, eu
quero que ocê mate! Me entendeu?!
CORTA PARA:
CORTA PARA:
JULIANO — Num gosto de sonho assim. Têm cheiro de aviso. Aviso de desgraça.
BRISA — Tá na minha hora. Ainda preciso arrumá as minhas coisa pra i passá a
noite na fazenda. Pedro vai viaja e pediu pra eu mais Chica passá a noite
lá com Nara. Só passei aqui mêmo pra vê como o senhor tava.
JULIANO — Será que... Será que isso num foi só um sonho? Será que a Brisa e as
ôtra tão correno perigo?
CORTA PARA:
NARA — Brisa, ocê vorta pro telefone e tenta falá com o delegado de novo.
Nóis tem de consegui avisá ele do que tá aconteceno.
CHICA — É, mas não fica com o cabeção levantado que eles pode tá de tocaia
esperano pra atirá.
BRISA VAI MEIO AGACHADA ATÉ O TELEFONE E TENTA LIGAR. NARA PUXA CHICA
PARA PERTO DA PORTA.
NARA — Eu vô saí.
NARA — Se Bicho tivé vivo, deve de tá muito mau. Nóis precisa de socorre o
pobre.
NARA — Eu acho que não. Pararam de atirá e os boi já desembestou pelo pasto.
Num tem mais nada aqui que eles querem.
CORTA PARA:
NARA — Bicho-Brabo?
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 08 Pag.: 6
NARA TIRA UM PANO QUE TEM AMARRADO EM SUA CINTURA E TENTA ESTANCAR O
SANGUE QUE SAI DO FERIMENTO. ELA DEPOSITA A ESPINGARDA NO CHÃO.
PRÓXIMO AO CURRAL, O HOMEM QUE NILO DEIXOU DE GUARDA APANHA SUA
ARMA E COMEÇA A ANDAR SORRATEIRAMENTE EM DIREÇÃO À ÍNDIA.
CORTA PARA:
JULIANO — Que Deus me ajude. Que me ajude e que aquilo tudo tenha sido só um
sonho mesmo.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
NILO — Não deu pra pega quase nada dos boi! Desgraça!
NILO — Depois ele alcança ocês. O que interessa é ocês sumirem. O Lucena
providencia o resto do pagamento.
NILO — Não vô soltá nada! O que ocê tá fazeno por aqui a essa hora?
JULIANO — Nada.
NILO — Nada?
NILO — Escuta aqui, velho. Ocê num me pego numa boa noite. Meu dedo tá
coçando pra apertá um gatilho. Acho bom ocê me conta por que tá
andando pelos mato a essa hora.
NILO FICA OLHANDO PARA JULIANO, SEM ACREDITAR NO QUE O BEATO FALA.
NILO — Num sei por que, mas eu num tô acreditando nessa sua história. Beato
num devia mentir. Num é pecado?
NILO — Acho bom que num teja mesmo. (p) Num vô mais perde tempo aqui
com ocê Juliano. Só vô lhe dizê uma coisa. Ocê nunca me viu aqui,
entendeu? Nunca!
NILO — Porque se ocê abri essa boca, num me custa nada fecha ela pra sempre.
E num é só ocê que tem a perdê, não. (p) Como eu sei que ocê é tão
ligado em Deus, num deve de tê medo de morrê. Só que ocê num é
sozinho nesse mundo.
NILO — Ah, ouso sim. Mas depende de ocê. Ocê fica quieto e eu não faço nada
com elas. (p) Tamo entendido?
NILO — Ótimo. Então agora vai embora daqui. (p) Vai velho!
CORTA PARA:
CHICA — Graças a Deus que o senhor chegou. Foi Deus quem lhe mandou.
NARA — Ainda não, mas vai morrê se nóis num fizé arguma coisa.
BRISA — Eu consegui falá com o delegado. Ele tá vindo aí com os hóme dele.
Também tá trazeno a ambulância do hospital. (p) Como é que tá o Bicho?
CORTA PARA:
DIOGO — Você acha que eu não queria estar na nossa casa agora, com a Nara?
Acha que eu gosto de vir pra casa dessa mulher que não quer a gente por
aqui? Claro que não. Mas agora a gente precisa usar a cabeça. Não
adianta ficar fazendo birra. A nossa vida mudou e a gente agora tá
sozinho.
DIOGO — Eu sei que tá, mas tem coisa que a Nara não pode fazer, Pedro. Eu sei
que ela quer a gente com ela, mas não dá. A gente precisa aceitar isso. E
quanto mais a gente fizer, mais ela vai sofrer. (p) Você já pensou se ela
tivesse usado aquela espingarda? Ela pode querer fazer alguma doideira
só pra proteger a gente.
DIOGO — Somos só nós dois agora Pedro. A gente só tem um ao outro nesse
mundo.
PEDRO — Eu quero o pai e a mãe, Diogo. Eles não iam deixar isso acontecer
com a gente. Eu quero eles.
PEDRO — Se ocê quisé ir embora, vai! Eu não me importo! Ocê disse que agora a
gente só tinha um ao outro, mas ocê tá querendo ir embora. Vai Diogo.
Eu não preciso de ocê!
PEDRO — Eu não quero escutar nada! Vai embora! Vai pra onde ocê quisé, mas
me dêxe. Meu lugar é em Divinéia!
CORTA PARA:
CHRISTIANE — O que é, Viviane?! Será que eu não posso ter um minuto de sossego?
VIVI LEVA O DESENHO ATÉ A MÃE, QUE O OBSERVA SEM MUITA ATENÇÃO.
CHRISTIANE — Ai Viviane! Que coisa mais chata! Pára de ficar fazendo pergunta! Não
tá vendo que eu não quero falar? Que eu não tô com a menor paciência de
responder?
CHRISTIANE — Vai pro seu quarto. Vai desenhar, fazer o seu dever. Vai fazer qualquer
coisa, mas me deixa aqui sozinha, pelo amor de Deus!
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CHICA — Pois é. Ai o pobre do Bicho-Brabo foi tentá impedi e deu no que deu.
CHICA — E o senhor queria que ele ficasse parado vendo aqueles bandido levá
tudo?
AMARO — Se tivesse ficado, a essa hora não tava no hospital entre a vida e a
morte. Ele deu é sorte. Podia ter acabado que nem aquele outro ali.
O DELEGADO SORRI.
AMARO — É claro que não, Chica. Você vai ter que responder a um processo.
Isso não têm como evitar. Mas você matou o homem pra se defender, não
foi?
AMARO — Se vocês quiserem ir pro hospital, ver como está o Bicho-Brabo, por
mim estão liberadas. Só quero que amanhã vocês passem na delegacia pra
prestar depoimento.
CHICA — Pode dexá que nóis passa lá, Delegado. Vamo Nara.
NARA — Vamo.
ANACLETO — E até parece que é o primeiro rôbo de gado que têm por aqui. E morte
têm sempre. O que não farta nessas banda é jagunço. O senhor sabe disso.
Já ficô um monte de caso por resorve porque o senhor não conseguiu...
CORTA PARA:
BRISA — Brigada.
BRISA — Ô pai!
BRISA — Eu tô bem.
BRISA — Mas eu tô bem. Chica mais Nara também. (p) O coitado do Bicho é
que tá morre, num morre.
BRISA — Essa moça aí disse que ainda num sabe dele. O médico me falô que ele
ia precisá operá. A coisa é feia, pai. (p) Tô cum medo que Bicho... Tô
cum medo que Bicho morra.
ZÉ MARTINS — Assussega o seu coração. A virgem não ia dexá acontecê uma coisa
dessas com ele. Bicho-Brabo é moço. É forte. Ele há de sai dessa.
CORTA PARA
CORTA PARA:
RITA JÁ ESTÁ VESTIDA COM A ROUPA QUE TROUXE DO QUARTO. ELA PASSA O
BATOM E COLOCA UM POUCO DE PERMUFE, QUE TIRA DE DENTRO DE UMA GAVETA.
DEPOIS SE OLHA NO ESPELHO, SORRI SATISFEITA COM A SUA APARÊNCIA E SAI.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
RITA ENTRA PELA JANELA. TOMA CUIDADO PARA NÃO FAZER BARULHO, TIRANDO
AS SANDÁLIAS. A MOÇA ANDA NA PONTA DO PÉ E VAI NA DIREÇÃO DO CORREDOR,
MAS PERCEBE UMA LUZ POR BAIXO DA PORTA DO ESCRITÓRIO. VAI ATÉ LÁ, OLHA
PELO BURACO DA FECHADURA E SORRI. RITA ABRE A PORTA E ENTRA.
CORTA PARA:
RITA — Tava ino direto pro seu quarto, mas vi a luz debaixo da porta.
ARTHUR SEGURA OS CABELOS DE RITA COM FORÇA E FICA OLHANDO PRO ROSTO
DELA.
ARTHUR BEIJA RITA COM MUITA PAIXÃO. ELE LEVANTA A MOÇA E A COLOCA SOBRE
A MESA. ELA ENLAÇA A CINTURA DE ARTHUR COM AS PERNAS ENQUANTO ELE
BEIJA SEU CORPO. RITA SORRI.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CORTA PARA:
MÉDICO — Brisa?
BRISA ACORDA. PRIMEIRO PARECE NÃO SABER ONDE ESTÁ, MAS DEPOIS LEMBRA E
CUTUCA ZÉ MARTINS, QUE TAMBÉM ACORDA. OS DOIS SE LEVANTAM.
BRISA — Pode falá, dotô. Como é que tá o Bicho? O senhor não vai me dizê que
ele...
ZÉ MARTINS — Eu sabia! Sabia que ele ia resisti. Bicho-Brabo num ia se entregá desse
jeito!
BRISA — Mas fala tudo, dotô. Explica pra nóis tudo direitinho.
MÉDICO — Foi muito sério. Ele poderia mesmo ter morrido, mas nós conseguimos
salvá-lo. Ele agora precisa de repouso. Está dormindo e vai demorar um
pouco pra acordar, mas é melhor assim.
BRISA — Muito obrigado, dotô. Muito obrigado mesmo. Deus lhe pague.
MÉDICO — Só fiz o meu trabalho. Se vocês me dão licença, agora eu vou pra
minha casa, que essa noite não foi fácil.
ZÉ MARTINS — Eu num falei pra ocê que ele ia aguentá? Num falei?
BRISA — Eu já vorto.
CORTA PARA:
PADRE LUÍS E DONANA ENTRAM. ELE ACABOU DE REZAR A MISSA E ELA O AJUDA A
GUARDAR OS OBJETOS E ROUPAS USADOS.
PADRE — Eu ainda não consigo acreditar nisso, Donana. Uma violência dessas.
Isso não entra na minha cabeça.
DONANA — Isso sempre aconteceu por essas banda, Padre. Parece inté que o
senhor num tá lembrado.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 08 Pag.: 17
PADRE — Claro que eu me lembro. Já houve muitas mortes por essas terras aqui.
Uma barbárie. Mas fazia tempo que isso não acontecia.
PADRE — Eu vou dar um pulo no hospital. Quero ver como está o Bicho-Brabo.
DONANA — Brisa passô aqui ventano e carregô Chica mais Nara com ela.
HILDA ENTRA.
DONANA — Com certeza num foi o meu dia. (p) A senhora podia de tê me porpado
de lhe vê assim logo de manhã. Já estragô o resto do dia.
HILDA SORRI.
HILDA — Vai no hospital? Então você não atende mais os mortos de fome em
casa? É algum tipo de convênio? Convênio Parteira.
HILDA — Eu deixo. Por mim, nem via mais essa criatura na minha vida. (p)
Quando eu entrei o senhor estava dizendo que tudo acabou bem.
Aconteceu alguma coisa?
HILDA — O quê?
HILDA SE INTERESSA.
HILDA SE SENTA.
HILDA — Padre, o senhor olhe bem pra minha cara. Por acaso o senhor acho que
eu convivo com uma pessoa cuja alcunha é Bicho-Brabo? É óbvio que eu
não sei quem é essa criatura.
HILDA — É? Eu não sabia. Mas enfim, o que foi que aconteceu com esse...
Bicho-Brabo?
PADRE — Ele estava passando a noite na fazenda a pedido do Pedro, que está
viajando. Os ladrões chegaram e começou um tiroteio. Aí acertaram o
rapaz.
PADRE — Não.
O PADRE LANÇA UM OLHAR DE CENSURA PARA HILDA, QUE FINGE NÃO VER.
CORTA PARA:
SANDOVAL — Não muito, Chica. Achamo uns e ôtro, mas a maior parte eles levaram.
Ou então ainda tá perdido por aí.
SANDOVAL — Mas nóis vai continua procurano, Chica. Se ainda tivê um boi do
Pedro por esses pasto, nóis acha.
SANDOVAL — Precisa não, Chica. Nóis tudo faz isso com gosto. Agora é melhor eu
vortá. Ocês dá licença.
CHICA — Mais uma vez, brigada, Sandoval. Agradece os ôtro peão por mim.
CHICA — Num agüento mais essas coisa que acontece aqui por Divinéia. É
mardade em cima de mardade. É por essas e outras que eu tenho vontade
de i me embora daqui. Começá a vida em ôtro lugar. Num basta sê essa
porquêra de lugar, ainda acontece essas coisa.
CHICA — Num sei. Cuiabá, São Paulo. Uma cidade grande. Um lugar que a
gente possa tê mais oportunidade.
ZÉ MARTINS — E por acaso ocê acha que seu noivo Pedro vai concordá com isso?
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 08 Pag.: 20
CHICA — Não. Eu sei que não. (p) Mas pai, eu juro que vô tentá colocá isso na
cabeça dele. Juro!
CHICA – Então ele que me descurpe, mas por mais que me doa, eu largo ele e vô sozinha.
CORTA PARA:
PEDRO — Isso não pode sê verdade, Chica! Ocê só pode tá brincando comigo!
(p) Mas como é que foi acontecê uma coisa dessas? (p) E como ele tá?
(p) Graças a Deus que não aconteceu nada com vocês. Mas ele tá mesmo
fora de perigo? (p) Pelo menos isso. E os bois?
PEDRO — Levaram quase tudo, Chica? Não me diz uma coisa dessas. (p) Não.
Eu vou voltar pra Divinéia. Vou voltar agora mesmo. (p) Depois eu me
acerto com o seu Heitor. O que eu não posso e seguir nessa viagem
sabendo que tudo que é meu tá indo embora. (p) Tá. Eu vou ficar calmo.
(p) Também amo você. Toma cuidado aí.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CORTA PARA:
HEITOR ESTÁ DIRIGINDO O CARRO COM DIOGO SENTADO AO LADO. O RAPAZ OLHA
FELIZ PELA JANELA.
HEITOR — O que não deve ser difícil. Você lá, vivendo num país de primeiro
mundo, numa cidade linda. Esquecer isso aqui deve ser a coisa mais fácil
do mundo.
DIOGO — Não é não, tio. O senhor pode até não acreditar, mas eu sinto muita
falta do Brasil. Dessa loucura que é São Paulo. Desse nosso país meio
maluco. (p) É bom estar em casa de novo.
CORTA PARA:
CELESTE — Que bom ter você aqui de novo na nossa casa, Diogo.
CELESTE — Odeio quando você me chama de tia. Me sinto muito mais velha do
que eu sou.
TODOS RIEM.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 08 Pag.: 22
CELESTE — Luzia, por favor, leve a mala do seu Diogo pro quarto dele.
HEITOR — Diogo, eu vou deixar você aqui com a Celeste. Tenho que voltar pro
trabalho. Você descansa um pouco e depois nós conversamos melhor.
HEITOR — Caso você tenha um tempinho, eu deixei algumas coisas no seu quarto
pra você ir examinando. É sobre o tal projeto da hidrelétrica. Como eu sei
que você quer voltar logo pro Canadá, achei melhor já adiantar tudo.
HEITOR — Tá bem.
HEITOR — Mais uma vez, é muito bom ter você aqui com a gente.
DIOGO — Obrigado.
HEITOR SAI.
DIOGO — Bem.
DIOGO — Continua. A senhora não imagina o drama que ela armou porque eu
vim pra cá.
CELESTE — Você sabe que eu sempre fui contra esse casamento. Não é que eu não
goste da Christiane, mas ela sempre teve esse jeito meio... Como eu vou
dizer?
DIOGO — Louco.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 08 Pag.: 23
DIOGO — Eu mudei pra Vancouver pra ver se nós dois conseguíamos nos acertar.
Quando a Vivi nasceu, achei que as coisas podiam melhorar, mas não. Ela
têm períodos ótimos, mas de vez em quando surta, que nem agora.
CELESTE — Acha?
CELESTE — Péssima.
OS DOIS SORRIEM.
DIOGO — Talvez o meu afastamento por esses dias seja bom pra nós dois. Ela
pode colocar a cabeça no lugar.
DIOGO — E a Bárbara?
CELESTE — Foi só falar em colocar a cabeça no lugar que você lembrou dela, não
é?
DIOGO RI.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
ANDRÉ — Então, pelo que o Bruno disse, o que aconteceu não vai te atrapalhar.
EDUARDA — Diz ele que não. Eu acredito. Em todo caso, o melhor agora é eu ficar
pianinho. Não me meter em mais confusão.
EDUARDA RI.
EDUARDA — Você? Me fazer uma pergunta indiscreta? Isso não é do seu feitio.
EDUARDA — Tô brincando, André. Claro que você pode. A gente não é amigo?
Pergunta o que você quer saber.
ANDRÉ — Se você não quiser responder, não precisa. Não é da minha conta.
EDUARDA — Não.
EDUARDA — Bem que ele tentou, insistiu, mas eu fiz jogo duro.
ANDRÉ — É, mas se você continuar nessa brincadeira, uma hora ele não vai mais
se conformar só com um jantar.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 08 Pag.: 25
ANDRÉ — Eu ainda acho esse jogo perigoso. Você não precisa disso.
EDUARDA — Eu sei que não. Acontece que eu gosto desse clima de sedução, de
conquista. Gosto de saber que o Bruno faz o que eu quiser. Além do mais,
é sempre bom a gente ter uma carta na manga. Uma garantia pra amanhã.
O Bruno é a minha garantia.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
DIOGO — Isso aqui não pode estar certo. Deve ter algum engano.
CORTA PARA:
CELESTE SORRI.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 08 Pag.: 26
HEITOR — E o Diogo?
HEITOR — Ótimo. Eu preciso muito que ele se inteire do projeto. Eu ainda não
vou falar, mas quero que ele...
HEITOR — Oi Diogo.
DIOGO — Tio, que bom que o senhor chegou. A gente precisa conversar.
HEITOR — Claro.
CELESTE — Eu vou deixar vocês à vontade. Vou até a cozinha ver como anda o
jantar.
CELESTE SAI.
DIOGO — Errado. Só pode estar errado. (p) Tio, se o projeto for feito daquele
jeito que está nas plantas, depois que a barragem for construída, Divinéia
vai desaparecer. (p) Divinéia vai ser engolida pelas águas, tio. Vai acabar!
HEITOR OLHA PARA DIOGO UM POUCO SEM GRAÇA. A IMAGEM CONGELA E UMA
BARRAGEM DE HIDRELÉTRICA SE FECHA SOBRE ELA. A BARRAGEM SE ROMPE E
UMA INUNDAÇÃO TOMA CONTA DA TELA.
FIM DO CAPÍTULO
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 08 Pag.: 27