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Poesia 15

Coisas minhas
por Caroline Guimarães Gil

A coisa não tem nome


A coisa não tem regra Umuarama, domingo, 6 de setembro de 2009
A coisa come coisa
A coisa quer estante
A coisa pede briga
A coisa se assenta
O banco que permuta

“Parabéns, ó Brasileiros!”
A troca que se expande
A coisa não tem coisa
A coisa é feita de várias coisas
Essas coisas são sempre perdidas
Coisas minhas, quadros, calcinha...
Quadros de Picasso, foto Monalisa
A coisa é mais que dentro-fora por Tiago Knoll Inforzato
A coisa fica no ar quando alguém me olha
Quando alguém assopra ou enverniza
Sobre a coisa minha que é coisa sua
A coisa tem carência de coisa
A coisa sente falta de coisa
A coisa omite tantas outras coisas
A coisa se compra num bar
A coisa se compra na esquina minha
A coisa que ficou cortesã
Que já nem tive e tenho também

Crônica
Caminhando
por Angela Frasquete

  Assistindo a um filme há bastante tempo atrás, ouvi


uma frase que ficou em minha mente. Ela dizia assim:
“Descubra quem você é e então seja você mesmo.”Desde
então penso sobre ela.
  Quem sou eu?Ô perguntinha difícil. Parece fácil re-
sponder assim: sou Ângela, filha, esposa, mãe, professora,
católica, etc, etc, etc.Tudo isso, quem convive comigo já
sabe. Essa pergunta não é para os outros responderem por
O tempo passa, o tempo voa... e amanhã, 07 de Setembro,
completamos 187 anos da Independência do Brasil. Para
É notório! Somos um País de muita retórica e pouca atitude,
dependemos demais de leis e limites externos ao invés de
mim, é para eu responder. Quem sou eu? muita gente é mais um feriado, para outro tanto de pessoas agirmos com bom senso e resolver as pendengas da vida.
  Uma vez, alguém me disse que todas as perguntas e é o tal Dia da Independência do Brasil e para quase ninguém Talvez esse traço cultural advenha da falta de heróis, de
respostas estão no caminho que percorremos durante toda é o dia de comemorar os quase dois séculos de autonomia exemplos de vida e luta relevantes. Os nossos mártires e
a nossa vida. Também todos os problemas e suas soluções. política do nosso País. grandes homens foram todos contestados pelos historiadores
Vocês já perceberam que os artistas, quando interrogados Cada um de nós, se não passou, vai passar pelo processo e sobraram poucos os que não cometeram crimes ou deslizes,
sobre suas carreiras respondem que estão “na estrada” a um de emancipação. Não vemos a hora de completar 18 anos o que é até normal em se tratando de seres humanos.
número x de tempo? Quanto mais tempo mais credibilidade de idade e poder tomar as rédeas, decidir o que é o melhor Ora, no mundo todo houveram pessoas mais criminosas e
ele ostenta. Esse ‘estar na estrada’ é estar construindo a para nós mesmos e seguir a vida fazendo o melhor para
carreira passo a passo, é estar caminhando. menos criminosas, a diferença é que os grandes criminosos
   O nosso ‘eu’ também é construído a cada passo. continuarmos vivos, saudáveis, operantes e felizes. Também dos grandes Países foram, ao menos os piores, punidos.
Também a cada tombo e a cada levantar dele. Por isso, foi assim com a nossa Pátria, um belo dia alguém acordou Guilhotina, forca, motins, revoluções, tribunais de guerra,
sempre me perguntarei quem sou eu. Estou caminhando, de pá virada e resolveu que não era mais tão legal ser guerras civis, enfim, tudo o que serviria de exemplo para o
estou vivendo novas experiências que me transformam e obediente à Portugal, o negocio era andar com as próprias povo e para os sucessores no comando de uma nação em
me melhoram. pernas, conquistar o próprio espaço no mundo. Atitude mais crise. Diferentemente daqui do Brasil, onde os crimes e desvios
  Estar a caminho é aceitar fazer parte da vida. Como louvável não há, tanto que, sensibilizado, Pedro I, como todo éticos de figuras importantes sempre foram jogadas para o
assim? Aceitar? Estou viva e sou obrigada a viver quer filho que já passou por esse mundo, disse ao pai Dom João: escanteio em nome da manutenção da “paz institucional” e da
eu queira ou não. Não, não é bem assim. Quantas pessoas “Independência ou Morte!” e foi viver a própria vida em seu manutenção do status quo.
sentam a beira do caminho? Quantas delas desistem de próprio País, com suas próprias regras.
caminhar? Algumas continuam carregadas por outros, Não há como negar as revoluções da nossa história, tanto
Não foi de graça, e nunca é. Ao Brasil custou dois milhões sangue derramado e sacrifícios em nome de um Brasil melhor,
algumas se arrastam, algumas se recusam continuar.
 Viver é participar do caminho. É ver as belezas que nele de libras esterlinas. E o que fizemos com uma aquisição tão mas que tristemente não tocaram o coração do povo e muito
há. Sentir o perfume das flores que todo o caminho tem e o cara, a tal autonomia política? Ora, o que a maioria dos jovens menos dos que participaram de tais movimentos, os quais hoje
da “Maria-fedida,” aquele inseto que, eventualmente, fica recém emancipados faz: bobagem. Nada de estruturalmente já mudaram de lado e interesse em nome daquela mesma
por perto de algumas flores. Desviar das pedras quando relevante mudou, mas o discurso era libertário e pretendia “paz institucional” que ajuda a manter as cabeças no lugar e
possível, escalá-las quando necessário, ou retirá-las para soar maduro, como o daquele universitário que se gaba os bolsos bem alimentados.
quem vier atrás não se machucar. Olhar para o caminhante de ser independente e livre e bem resolvido, mas continua Não discutirei o sistema ideológico montado em todos os
ao lado, ajudá-lo e ser ajudado por ele. Olhar para trás, sendo sustentado integralmente pelo dinheiro dos pais – o níveis e setores da sociedade, afinal em tudo o que se
de vez em quando, e se alegrar com o caminho passado e que inclui as festas e inconseqüências diversas. Mas isso não
já percorrido. Olhar para frente e se alegrar pelo caminho manifesta existe ideologia embutida. A reflexão que proponho
tem problema, é mais fácil mentir-se livre do que reconhecer- aqui é que, apesar de 187 anos de emancipação política do
futuro e o que virá. Olhar o agora e agradecer o caminho
presente. se dependente e tomar providências para cortar os cordões Brasil, ninguém sabe o que fazer com isso, ninguém sequer
  Somos todos caminhantes e caminheiros. Estamos umbilicais. entendeu o que isso pode significar. E aí, a gente faz o que?
a caminho sempre. Estamos no caminho. Que alegria
estar a caminho e poder desfrutar de tudo de bom que ele
oferece.
   Quem sou eu? Apenas um ser humano que caminha
e que quer aproveitar ao máximo a beleza do caminho.
Mesmo com pedras, poeira, sol ardente, chuva fria e tombos
eu amo meu caminho. Ele também tem flores, solo fértil,
brisa, chuva de verão, estrelas.
  Responder quem sou eu de forma generalizada e
profunda é trabalho para a filosofia Pessoalmente pode-
se perguntar a cada dia a si mesmo. A resposta virá de
acordo com o tempo de estrada e posição em que se está:
caminhando, arrastando-se ou sentado à beira do caminho
vendo os outros passarem.
  Quem sou eu? Muito prazer, sou Ângela, sou camin-
hante, tenho 40 anos de estrada. E você?

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