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FUNDAMENTOS DA FÍSICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA

Unidade VI – FÍSICA NUCLEAR E DE PARTÍCULAS


ELEMENTARES

Propriedades dos Núcleos

O núcleo é constituído de prótons e nêutrons. O símbolo para o número de


prótons é Z, conhecido como número atômico e o símbolo para o número de
nêutrons é N. O número total de prótons e de nêutrons é A=Z+N e é chamado
de número de massa. É possível ter dois ou mais núcleos com o mesmo
número de prótons, mas diferentes números de nêutrons. Tais conjuntos de
núcleos são chamados isótopos. Por exemplo, há um núcleo com 2 prótons e 1
nêutron e outro núcleo com 2 prótons e 2 nêutrons. Uma vez que ambos têm o
número atômico Z=2, eles são o mesmo elemento químico “hélio”, caso os
núcleos sejam neutralizados por elétrons. A matéria feita desses dois tipos de
átomos terá as mesmas propriedades químicas e físicas, pois são gases à
temperatura ambiente, são quimicamente inertes porque são gases nobres. Em
geral, para os isótopos, isso é verdade, pois eles têm as mesmas propriedades
químicas e físicas. Um dado núcleo é representado como segue: Utiliza-se o
símbolo químico para denotar o elemento químico. Por exemplo, He para o
hélio, C para o carbono, F para o flúor, Pb para o chumbo etc. O número de
massa A é escrito no extremo superior esquerdo e o número atômico Z no
extremo inferior esquerdo do símbolo químico. Assim, pode-se escrever 42𝐻𝑒 e
3 12 13 14
2𝐻𝑒 para os dois isótopos do hélio, 6𝐶 , 6𝐶 e 6𝐶 para três isótopos de
carbono. O número de nêutrons deve ser determinado fazendo-se a subtração
13 14
N=A-Z. Por exemplo, 6𝐶 tem 7 nêutrons e o 6𝐶 tem 8 nêutrons. Quando for
redundante, o número atômico será omitido. Algumas vezes também se pode
escrever “carbono-14”, “hélio-4” etc.

Os seguintes pontos gerais devem ser observados para os núcleos:

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1. Para os núcleos mais leves, observando-se os isótopos mais comuns, N
é aproximadamente igual a Z;
2. Para os núcleos mais pesados a partir de Z=20, o número de nêutrons N
começa a ficar consideravelmente maior do que o número de prótons Z.
Quanto mais pesado for o núcleo, mais essa diferença aumenta;
3. O bismuto é o núcleo estável mais pesado. Núcleos mais pesados do
este existem, mas eles são todos instáveis. Isto quer dizer que todos
eles acabam espontaneamente submetendo-se a certos processos
naturais em que está presente a radioatividade. Núcleos a partir de Z=84
(polônio) até Z=92 (urânio) são encontrados na natureza e todos os seus
isótopos são radioativos;
4. Os núcleos mais pesados do que o urânio existem, mas são todos
artificiais, pois foram criados por cientistas em laboratórios (aceleradores
de partículas). O núcleo mais pesado que existe é o de número Z=119
criado recentemente.

Desintegração Radioativa

Todas as reações químicas envolvem variações na camada eletrônica dos


átomos. Entretanto, elas não afetam os núcleos dos átomos, que mantêm sua
identidade em qualquer reação química. Todavia, os núcleos atômicos podem
sofrer mudanças e este é o caso das reações nucleares e do ramo a que se
referem, conhecido como “Química Nuclear”. As reações nucleares envolvem
transformações de elementos químicos e assim, realizam o sonho dos
alquimistas em transformar metais baratos como, por exemplo, o chumbo, em
ouro. Por outro lado, não se deve esquecer, a despeito do nome errôneo, a
Química Nuclear não é um ramo especial da Química, pois de fato as reações
nucleares não caem dentro do escopo da Química, já que esta só interfere com
as camadas eletrônicas fora do núcleo e lida com energias muito menores (1 a
103 kJ/mol) do que as energias de reações nucleares (103 a 1010 kJ/mol). Mais
que isso, as leis fundamentais da Química (por exemplo, a lei da conservação
da massa) não são válidas na Química Nuclear, já que os elementos químicos
não mantêm sua identidade e a equivalência entre massa e energia, de acordo

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com a fórmula de Einstein 𝐸 = 𝑚𝑐 2 , permite a transformação de matéria em
energia.

Os núcleos atômicos de todos os elementos químicos consistem de prótons


(simbolizados por p) e de nêutrons (simbolizados por n). Essas duas partículas
fundamentais, que são dois estados diferentes de uma mesma partícula
chamada núcleon, têm quase a mesma massa (p: 1.00727 uma; n: 1.00866
uma), mas apenas os prótons são eletricamente carregados (+1 e). No núcleo
atômico, os núcleons são ligados por forças nucleares de curto alcance
(interação forte), cujo alcance é da ordem de 1 𝑓𝑒𝑟𝑚𝑖 = 1 𝑓𝑚 = 10−15 𝑚, que
são fortíssimas se comparadas à força eletromagnética ou gravitacional e são
independentes da carga elétrica. As forças nucleares, geralmente atrativas
entre os núcleons, suplantam as forças de repulsão coulombianas entre os
prótons sempre que o número deste último não seja muito alto.

A radioatividade é um fenômeno causado pela ocorrência natural de reações


nucleares envolvendo a desintegração de núcleos atômicos instáveis. Estas
emanações nucleares foram descobertas casualmente na virada do séc. XIX
para o séc. XX pelo cientista francês Henri Becquerel, quem notou
primeiramente que uma chapa fotográfica escurecia sem ser exposta à luz na
presença de certos minerais (óxido de urânio). Em um estudo sistemático
desse fenômeno, Becquerel descobriu que amostras naturais ou sintéticas
contendo urânio emitiam uma radiação penetrante que causava a foto-reação
do brometo de prata (o pigmento fotossensível em placas fotográficas ou
filmes) no escuro.

Em 1898, o casal Pierre e Marie Curie descobriram novos elementos


radioativos: o polônio e o radônio. Essas descobertas conduziram Ernest
Rutherford, em 1900, a identificar três tipos de radiação nuclear, denominadas
α, β e γ. Em um campo elétrico (isto é, entre as placas de um capacitor), as
emissões radioativas provenientes de amostras radioativas se dividiam em três
radiações parciais: os raios α, que se desviavam para o pólo negativo, os raios
β, que se desviavam para o pólo positivo e os raios γ, que atravessavam o

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campo elétrico sem sofrer desvio nenhum. Uma análise quantitativa dos
desvios de trajetória em um campo magnético permitiu calcular a razão
carga/raio das partículas constituintes dessas radiações, uma vez que as
partículas carregadas descrevem circunferências em campos magnéticos
constantes. Assim, as partículas α foram identificadas como núcleos de hélio-4,
as partículas β como elétrons e as partículas γ como fótons de alta energia
(comprimentos de onda de 10−12 m a 10−14 m e freqüências de 1020 a 1022 Hz.
Ele estudou também a penetração dessas partículas na matéria e observou
que as partículas α eram as menos penetrantes na matéria (uma folha de papel
é capaz de barrá-la) e a γ é a mais penetrante e mais perigosa, pois uma
parede de concreto é completamente transparente a ela.

Figura 1: Antoine Henri Becquerel (1852-1908), descobridor da


radioatividade. http://chimge.unil.ch/En/nuc/2nuc3a.htm

Como exemplo de um decaimento α, em que há a emissão de partículas α por


um núcleo instável radioativo, no caso o urânio-238 decai lentamente em um
elemento chamado tório-90. A reação pode ser apresentada simbolicamente
238 234
como 92𝑈 → 90𝑇ℎ + 𝛼. Pode-se perguntar por que os núcleos de hélio são
ejetados dos materiais radioativos? Os núcleos instáveis - como é o caso do
urânio – não têm estabilidade em decorrência do excesso de partículas
concentradas em um volume muito pequeno. As partículas que compõem o
núcleo são carregadas eletricamente (no caso, os prótons) e, portanto, há uma
fortíssima repulsão coulombiana que tende a desagregar o núcleo. Ela é
contrabalanceada pela força nuclear forte, que atrai prótons e nêutrons. Dentro
do núcleo, quando a repulsão é muito forte, alguns pequenos aglomerados de

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partículas ganham certa estabilidade permanecendo coesos e assim se
movimentando dentro do núcleo. Quando alguma instabilidade transitória
acontece no interior do núcleo, pode ocorrer a ejeção desses aglomerados
para o núcleo recuperar alguma estabilidade. Em geral, há a emissão de
núcleos de hélio-4 (partículas α), que são aglomerados bastante coesos e
estáveis, mais estáveis do que outros núcleos leves como 32He, 31H, or 21H.

A reação de decaimento do plutônio-239 (um elemento químico artificial) é


239 235
94𝑃𝑢 → 92𝑈 + 𝛼. Este processo é utilizado como um gerador de nêutrons em
laboratório. O urânio é fortemente radioativo; uma amostra de urânio é
colocada perto de um pedaço de berílio. Um fluxo de partículas α sai do
plutônio e eventualmente algumas delas colidem com os núcleos de berílio
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produzindo nêutrons de acordo com a seguinte reação: 4𝐵𝑒 +𝛼 → 6𝐶 +𝑛.
Essa é a reação que Chadwick utilizou na descoberta do nêutron em 1932,
mas obviamente ele não utilizou o plutônio como fonte de partículas α, pois o
plutônio ainda não havia sido descoberto naquela época. Reações desse tipo
são perigosas, pois a produção de nêutrons perto de plutônio pode levar a uma
reação em cadeia do tipo daquela que pode levar a uma explosão nuclear.

No decaimento beta, um fluxo de elétrons de alta energia é encontrado saindo


de materiais radioativos. Esses elétrons não são provenientes da nuvem
eletrônica do átomo, mas de seu núcleo. Dois exemplos seguirão: a)
234 234 28 28
90𝑇ℎ → 91𝑃𝑎 + 𝑒 em que Pa é o protactínio; b) 13 𝐴𝑙 → 14 𝑆𝑖 + 𝑒, em que Al é
alumínio e Si é o silício. Diferente do caso da partícula α, aqui o número de
prótons e de nêutrons não é o mesmo antes e após o processo. Em ambos a) e
b) tem-se um próton a mais do que antes e um nêutron a menos. Um dos
nêutrons no tório se desintegrou e em seu lugar um próton e um elétron foram
criados. O próton ficou no núcleo, fazendo com que o número atômico
mudasse e o átomo se tornasse outro (outro elemento químico). O elétron não
fica no núcleo, ele é ejetado e é observado como uma radioatividade beta.

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Observe que uma série radioativa exibe a transmutação de diversos elementos,
podendo envolver diversos decaimentos (α, β e γ). Por exemplo, no
decaimento do urânio-238, tem-se:

238 234
92𝑈 → 90𝑇ℎ +𝛼

O tório-90 tem um decaimento beta como já foi observado,

234 234
90𝑇ℎ → 91𝑃𝑎 +𝑒

O protactínio-91 decai em decaimento beta por

234 234
91𝑃𝑎 → 92𝑈 +𝑒

O urânio-234 também é radioativo e decai novamente. Pode-se afirmar que


nesta série há mais de uma dúzia de passos, em que há a emissão de
partículas α, β e γ, até chegar a um elemento não radioativo, que no caso é o
chumbo-82. Assim, é de se esperar que em uma amostra de urânio-238, como
os núcleos decaem aleatoriamente, há a emissão simultânea dos três tipos de
emanações, sendo a γ a mais perigosa.

O nêutron é uma partícula instável (ele isolado decai em cerca de 14 minutos)


quando ele está fora do núcleo. Na realidade, o nêutron ganha estabilidade
quando ele está ligado ao próton. Em núcleos leves, tais como na partícula α,
por exemplo, o número de prótons e de nêutrons é o mesmo, daí sua grande
estabilidade. Mas em núcleos pesados, pode haver situações em que, devido a
uma instabilidade qualquer no interior do núcleo, alguns nêutrons podem se
afastar o suficiente de um próton para que ele perca a estabilidade e se
desintegre, decaindo em um próton, um elétron e um antineutrino. Em
referência a este último, ele é a antipartícula do neutrino, que desempenha um
papel importante nas interações fracas e eletrofracas. Sua interação com
outras partículas é extremamente fraca e como resultado, só foi descoberta em
1948.

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Em Física Nuclear, a idéia de criar matéria a partir do nada parece estranha,
mas na época em que o decaimento beta começou a ser estudado, os
cientistas aprenderam algumas outras coisas que fizeram com que o processo
do decaimento do nêutron já não parecesse assim tão inacreditável, pois de um
lado da equação há um nêutron e do outro lado há três partículas: próton,
elétron e antineutrino. Mas olhando outro aspecto, a luz pode ser pensada
como um fluxo de partículas, os fótons. Esses fótons têm energia, mas não têm
massa de repouso. Contudo, eles se transformam em matéria pela fórmula
𝐸 = 𝑚𝑐 2 e, assim, não é correto dizer que as partículas são criadas a partir do
nada, pois elas são criadas a partir da energia. Essa possibilidade dada pela
Teoria da Relatividade de Einstein de converter massa em energia é uma
propriedade fundamental do mundo físico, já que além da possibilidade de
converter fótons em partículas com massa, ainda há outra possibilidade que é
a conversão de energia de ligação em massa incorporada. Dizendo de outra
forma, a massa total de um sistema estável de partículas ligadas é sempre
menor do que a soma das massas de todas as partículas constituintes livres.
Como toda energia de ligação é negativa, a ligação em si faz com que haja
uma diminuição da massa total. Como as ligações que mantêm um núcleo
coeso (ligado) são enormes, esse fenômeno torna-se muito mais aparente para
esses sistemas. Todavia, na desintegração de um nêutron, do lado esquerdo
há a massa do nêutron que é 939.56563 MeV. Do lado direito há a massa do
próton que é 938.27231 MeV e a massa do elétron que é 0.51099906 MeV;
ambas somadas resultam em uma massa de 938. 78 MeV. Portanto, há uma
diferença de massa de 0.78563 MeV que não pode ser atribuída à massa do
antineutrino pois ela é nula. Assim, o nêutron possui mais massa do que as
demais partículas livres, o que pareceria antagônico se ele fosse estável, mas
ele é um estado ligado instável. Ele tem massa o suficiente para formar a
massa de um próton mais a de um elétron e ainda dar energia cinética para o
elétron e o antineutrino (o próton fica praticamente parado em relação ao
nêutron antes do decaimento). Por outro lado, se o nêutron se ligar a um próton
formando um dêuteron (hidrogênio pesado, formado por um próton e um

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nêutron), a ligação irá consumir 2.2245 MeV. Perceba que para um núcleo
qualquer

𝑚𝑛𝑢𝑐 = 𝑍𝑚𝑝 + 𝑁𝑚𝑛 − 𝐵(𝑍, 𝑁)/𝑐 2 .

isto é, a massa nuclear é a soma das massas dos prótons e dos nêutrons e a
energia de ligação 𝐵(𝑍, 𝑁) entre eles é subtraída. Em geral, a energia de
ligação é da ordem de 1% da massa de repouso do núcleo, 𝐸 = 𝑚𝑛𝑢𝑐 𝑐 2 .
Experimentalmente, as massas dos íons atômicos ao invés da massa dos
núcleos nus (núcleos sem os elétrons), usualmente são as quantidades
medidas diretamente. Se 𝑚𝑎 (𝑍, 𝑁) é a massa do átomo neutro,

𝐵 𝑍, 𝑁
𝑚𝑎 𝑍, 𝑁 = 𝑍(𝑚𝑝 + 𝑚𝑝 ) + 𝑁𝑚𝑛 − − 𝑏𝑒𝑙𝑒𝑡𝑟 ô𝑛𝑖𝑐𝑜 /𝑐 2
𝑐2

em que 𝑏𝑒𝑙𝑒𝑡𝑟 ô𝑛𝑖𝑐𝑜 é a energia de ligação dos elétrons atômicos. Essas


contribuições são, para muitos propósitos, desprezíveis. As massas atômicas
são conhecidas de forma muito acurada e há tabelas publicadas que fornecem
as massas atômicas ao invés de massas nucleares.

Efeitos Biológicos da Radiação

Marie Curie, na virada do séc. XIX para o séc. XX e no início do séc. XX


analisou o urânio quimicamente e descobriu outros novos elementos usando o
mesmo método. Um deles foi o rádio, um dos elementos mais intensamente
radioativos; outro é o radônio, que é um gás e que pode se acumular no ar das
casas, principalmente nos porões. Marie Curie foi provavelmente a primeira
vítima de câncer por emanações radioativas. Recentemente, foi descoberto
que várias pessoas que trabalharam onde se situou o laboratório de Ernest
Rutherford foram vítimas de câncer e o laboratório encontra-se interditado.

Um número de diferentes unidades é utilizado para medir quantidades de


radiação. O curie é uma medida da quantidade de radioatividade em uma dada

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amostra de material. É aproximadamente a radioatividade presente em 1
grama de rádio. O curie não mede quanto de uma dose radioativa uma pessoa
absorverá, uma vez que irá depender, entre outras coisas, de quão próxima a
pessoa estará da fonte. Uma unidade para a dose de radioatividade é o rad,
que é definida em termos de uma dada energia das partículas que decaem que
é absorvida por quilograma de peso do corpo. O rem é uma unidade similar ao
rad, mas definida de forma a levar em conta o fato que o efeito sobre o corpo
depende não apenas da energia da partícula radioativa, mas do tipo de
partícula (alfa, beta, gama e nêutrons). O tempo de vida de uma dose que um
indivíduo recebe de radioatividade natural do meio ambiente (urânio e outros
minerais da Terra, raios cósmicos do espaço) é de aproximadamente 7 rem.
Uma chapa de raios X do tórax dá uma dose de cerca de 0.03 rem. Doses
maiores de radiação podem causar sérios danos ao corpo humano, mas há
ainda controvérsia acerca de quão sérios os efeitos de uma dose serão. O
conhecimento dos efeitos da radioatividade sobre o corpo humano advém dos
estudos de curto e longo prazo das vítimas de Hiroshima e Nagasaki, dos
relatórios de estudos médicos de usos da radiação e de pesquisas com
animais. A radiação danifica uma célula quando uma única partícula radioativa
rompe uma molécula da célula pelo processo de ionização, ou seja, as quebras
de ligações que mantêm presos os elétrons à molécula. O principal efeito
fisiológico característico é um dano às células da medula óssea responsável
por produzir os derivados do sangue, como os glóbulos vermelhos. Entre
outras coisas, uma falha na produção dos glóbulos brancos pode expor o corpo
a infecções, reduzindo a imunidade. Danos ao DNA e outras moléculas podem
levar a um aumento quanto ao risco de câncer por um período de várias
décadas. Doses na faixa de 100 a 200 rem podem produzir fadiga, vômitos,
perda de cabelo e efeitos moderados no sangue, mas o índice de
sobrevivência é próximo a 100%. Uma dose de 500 rem produz severos efeitos
no sangue e uma taxa de sobrevivência de cerca de 50%. Em 1000 rem a taxa
de sobrevivência é 0%. Esses números são controversos até agora. Em altas
exposições poucos casos foram estudados até agora. Na faixa intermediária de
várias centenas de rem, estudos baseados nas vítimas japonesas são incertos
por causa que essas pessoas foram sujeitas a outros efeitos da bomba que

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poderiam ter causado doença ou morte. Alguns pesquisadores reinvindicam
que a dose em que a taxa de sobrevivência é de 50% deva ser reduzida de 500
rem para cerca de 200.

Controvérsias e incertezas existem também acerca dos efeitos de radiação de


baixo nível. Muitos especialistas acreditam que na faixa de 10 a 100 rem há
efeitos danosos permanentes porque há sempre uma radioatividade de fundo
de baixo nível e coisas vivas teriam de ter desenvolvido mecanismos de
reparos de danos a células por causa disso. Outros assumem que os efeitos de
radiação de baixo nível existem e que são proporcionais à dose; assim, por
exemplo, o aumento do risco de câncer em 15 rem é um décimo da risco em
150 rem (esta é chamada de hipótese linear). A questão importante aqui é
estimar o risco de câncer de longo prazo devido a acidentes nucleares tais
como o de Chernobyl. Se há um aumento no risco de radiação de baixo nível,
será pequeno para cada indivíduo, mas o número de pessoas sujeitas à
radiação de baixo nível pode ser muito grande e assim, as conseqüências
globais pode ser o aparecimento de muitos casos adicionais de câncer.

Quanto aos raios X de diagnóstico médico, eles afetam o corpo de forma


similar à radioatividade. A dose de raios X é também medida em rem. Uma
chapa de raios X do tórax impinge uma dose de cerca 0.03 rem; uma
mamografia é cerca de 10 vezes maior. Essas doses são pequenas se
comparadas às doses ambientais e assim, o risco é usualmente considerados
pequenos o suficiente para se ter confiança no procedimento. Por outro lado,
recentemente alguns laboratórios têm feito propaganda para se fazer um
“escaneamento completo do corpo”, que pode detectar tumores e outras
anormalidades no corpo inteiro. Aqui a dose é maior, cerca de 3 rem e assim
há interesse nesse procedimento, especialmente se ele for repetido um número
grande de vezes, podendo sujeitar o paciente a um risco exagerado e talvez
desnecessário ao câncer.

É comum, quando se entra no assunto “lixo atômico” utilizar-se do termo “meia-


vida” para se falar em quanto tempo o lixo atômico levará para deixar de ser

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radioativo. Após quanto tempo, dependerá do tipo de material que está
estocado. O que se deve deixar claro antes de tudo é o preciso significado do
termo meia-vida. Um núcleo instável e, portanto, radioativo, decai
espontaneamente para outro núcleo. Não se sabe se ele irá decair agora ou
daqui a 100 anos, pois o processo é aleatório. No entanto, em média há um
processo previsível em que a estatística dispersa a aleatoriedade. Há um
número fixo chamado meia-vida de decaimento de um núcleo atômico que é o
tempo para que metade de uma amostra radioativa se desintegre ou decaia.
Por exemplo, a meia-vida do alumínio-28 é 134 segundos; partindo-se de 1 g
de amostra, após 134 segundos há apenas 0.5 g de alumínio-28 e após mais
134 segundos há 0.25 g de alumínio-28 e assim por diante.

Como são criados os núcleos atômicos e em que condições? É fato que o


sistema solar possui elementos químicos que são comuns aos que estão
presentes no Sol, mas há outros que não. Então, primeiramente, como são
formados os elementos químicos no Sol? A resposta é que toda estrela é
formada inicialmente a partir de uma imensa nuvem de gás (comumente
hidrogênio) e poeira. Por atração gravitacional essa nuvem com o tempo vai se
comprimindo causando um aquecimento na nuvem, de forma que a energia
cinética das moléculas de hidrogênio pesado (dêuteron) é tão grande em
virtude da altíssima temperatura que as moléculas acabam atingindo
velocidades altas o suficiente para vencer a repulsão coulombiana entre dois
núcleos de hidrogênio pesado, aproximar as partículas de forma a ficar ao
alcance da força nuclear forte e realizar a fusão nuclear. Esse processo libera
energia fazendo com que a temperatura aumente ainda mais, favorecendo a
fusão de mais núcleos. Com o passar do tempo, boa parte dos dêuterons é
consumida e começa a haver quantidades suficientes de outros núcleos com
diferentes fusões. Há todo um ciclo de nascimento, vida e morte de uma
estrela, que são os diversos estágios de equilíbrio entre a força gravitacional e
as outras forças (eletromagnética, nuclear forte e nuclear fraca). A evolução de
uma estrela não permite que haja a formação de toda a sorte de elementos
químicos, de forma que muitos dos elementos que estão presentes aqui na
Terra apenas como traços em relação a sua massa total foram formados

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apenas durante a explosão de estrelas, isto é, em processos violentos e
catastróficos em que há grandes acelerações de núcleos durante a explosão e
conseqüentemente violentas colisões, favorecendo a formação de uma vasta
gama de novos núcleos.

A idade do sistema solar é de 4.6 bilhões de anos. Portanto, apenas os núcleos


com meia-vida muito grande, aproximando-se de um ou mais bilhões de anos
estão ainda presentes. Aqueles com meia-vida menor do que isso todos já
decaíram. Os elementos artificialmente criados pelo homem são todos
radioativos, muitos com meia-vida curtíssima que dificulta a observação. Outros
durando uns poucos dias ou uns poucos minutos. Mas há os que duram muito
e podem ser estocados por longo período, como é o caso do plutônio com
meia-vida de 24 000 anos.

A Força Núcleon-Núcleon

A compreensão da interação NN (núcleon-núcleon) é de interesse geral para a


Física Nuclear por várias razões. Primeiro de tudo, o sistema NN é o mais
simples sistema da Física Nuclear e o que se quer é entendê-lo em termos da
interação básica NN. Outra razão é entender a interação NN em si em termos
da subseqüente teoria das interações fortes, que é conhecida como
Cromodinâmica Quântica (em inglês, Quantum Chromodynamics ou QCD).
Finalmente, a intenção é explicar as propriedades de núcleos complexos em
termos da interação NN. Deve-se mencionar aqui que se assume nesta forma
de abordar a Física Nuclear que as forças nucleares são predominantemente
forças de dois corpos, mas é importante frisar que na Física Nuclear podem-se
ter forças de três ou mais corpos. Assim, basicamente as interações entre os
núcleons dentro dos núcleos são descritas em termos de interações NN
aditivas de dois corpos. Pode-se afirmar que esta é uma boa aproximação, pois
apesar de haver contribuições de forças de mais corpos, elas são pequenas.
Apenas para dar um exemplo, a propriedade de saturação dos sistemas
nucleares é essencialmente um resultado de uma interconexão entre uma
atração de longo alcance e uma repulsão de curto alcance da interação NN (a

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saturação significa que a energia de ligação por núcleon tem um mínimo de
aproximadamente 17 MeV em uma densidade nuclear de aproximadamente
0.15 𝑛ú𝑐𝑙𝑒𝑜𝑛𝑠/𝑓𝑚3 ).

Até agora, está bem estabelecido que a parte de longo alcance da interação
NN é gerada pela troca de mésons. Em particular, o píon executa um papel
muito importante. A interação de curto alcance, por outro lado, ainda não é bem
compreendida. Em geral, ela é tratada fenomenologicamente como um caroço
repulsivo. A esperança é que, provavelmente, a parte de curto alcance da
interação NN seja entendida em termos da QCD. O que interessante falar
acerca da interação NN é que há uma forma da força nuclear distinguir um
próton de um nêutron. Esta quantidade é parecida com o spin do elétron que
tem sua componente para cima (up) e para baixo (down): o nêutron tem isospin
-1 e o próton tem isospin +1. Logo, o isospin (não é o spin, mas “funciona” de
forma parecida) é a quantidade que diferencia o próton do nêutron na força
nuclear.

A Estrutura do Núcleo

Assim como os elétrons estão se movimentando em níveis e subníveis bem


definidos em torno do núcleo formando o que se chama de orbitais, os
núcleons também formam camadas e subcamadas em torno do centro de
massa do núcleo. Em geral, pensa-se que o núcleo é uma bolinha cheia de
outras bolinhas, os prótons e os nêutrons, parecendo uma amora bem redonda.
No entanto, a experiência mostra que a maioria dos núcleos não é esférica,
mas é oblata (na forma de uma pizza ou de um DVD) ou prolata (na forma de
um charuto). É comum alguém imaginar que os núcleons estão parados dentro
do núcleo já que eles são muito pesados em relação aos elétrons. Assim,
imagina-se que os elétrons estão em movimento e que os núcleons estão
parados. Mas a velocidade dos núcleons, em média, é de cerca de 10% da
velocidade da luz, ou seja, de 30 000 km/s. Assim, os núcleons são, em geral,
relativísticos, de forma que a Física Nuclear não relativística consegue obter,
em geral, apenas resultados aproximados. Já o modelo de camadas vem para
derrubar outra idéia que se tem acerca dos núcleons: a de que eles estão

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unidos, formando uma bolinha constituída por outras bolinhas compactadas. O
modelo de camadas afirma que os núcleons formam camadas ou níveis de
energia com regras específicas de transição de um nível para outro, valendo
ainda que ao sair de um nível mais energético para um nível menos energético
há a emissão de um fóton. Como os níveis nucleares são muito mais
energéticos do que os níveis atômicos, é claro que o fóton emitido tem uma
freqüência muito maior do que os fótons oriundos de transições de níveis
eletrônicos em átomos. A freqüência do fóton emitido está na faixa de
freqüência dos raios γ e é por isto que estes últimos são perigosos, energéticos
e penetrantes. É por isso também que é muito difícil se construir um laser de
radiação gama. Assim, quando se fala nessa radiação, nunca se deve pensar
em um processo atômico, mas sim em um processo desenvolvido no interior do
núcleo atômico.

Fissão e Fusão Nucleares

A crescente contribuição da repulsão eletrostática à medida que cresce o


número atômico e, portanto cresce o tamanho do núcleo, faz com que a
instabilidade nuclear também cresça. Pode-se pensar em um núcleo pesado
como uma ratoeira bem grande armada pronta para desarmar: ao menor toque,
isto é, à menor instabilidade e a ratoeira despeja seu excesso de energia que
estava armazenada em sua fortíssima mola. Um núcleo pesado é assim
também, instável e com grande energia acumulada. Quando se faz chocar
contra ele um nêutron, além da energia cinética que lhe é transmitida durante a
colisão, como o nêutron não tem impedimento quanto a ter uma força
eletrostática que lhe impeça de adentrar ao núcleo, assim que ele - por um
lapso de tempo - se incorpora a este núcleo, ele se torna uma partícula a mais,
com o núcleo ficando ainda mais pesado e ele não consegue se manter com
tanta instabilidade e se rompe em duas partes, que são geralmente
assimétricas. Por exemplo, em média, cerca de 200 MeV de energia por núcleo
são liberados na fissão do urânio. Tal qual a ratoeira, ele libera o excesso de
energia, que é justamente a energia de ligação que foi rompida. Isto caracteriza
a fissão de um núcleo, qual seja a utilização de um neutro em colisão para

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causar o rompimento da ligação e liberar energia. Mas se a intenção é a
utilização da fissão para a produção de energia, é importante que se utilize
uma fissão para estimular a produção de novas fissões e que o tempo médio
de cada fissão seja muito rápido, o que torna obrigatória a seleção de
processos de fissão que tenham como subproduto a emissão de dois ou mais
nêutrons com energia cinética suficiente para o rompimento de outros núcleos.
Então, o rompimento de um núcleo teria como continuação do processo o
rompimento de outros dois núcleos e assim por diante, formando uma reação
nuclear conhecida como reação em cadeia. Em um reator nuclear, a reação em
cadeia é controlada. Pode-se impedir a passagem de nêutrons diminuindo
assim a velocidade da reação em cadeia e controlando-se a quantidade de
energia liberada para que esta não seja grande de forma a se tornar perigosa,
com risco de explosão de um reator nuclear. Mas se a intenção é a pior de
todas, qual seja, a de explodir uma bomba, uma vez iniciada a reação, ela só
terminará quando todos (ou quase todos) os núcleos tiverem sofrido a fissão
nuclear. Há, para cada elemento químico, uma massa crítica em que ocorre a
reação em cadeia. Para o urânio, por exemplo, a massa crítica é de um pouco
mais de 400 g. Acima da massa crítica, a massa torna-se supercrítica e
explode e abaixo dela, a massa é subcrítica e não explode. No processo de
refino do mineral de urânio, formando o que se chama de “concentrado” e
após, ao se obter o metal puro, não se pode estocar de forma nenhuma
porções de urânio próximas umas das outras sem a separação por camadas
grossas de chumbo.

Na fusão nuclear, numa escala em que a massa do dêuteron é igual a 2, o


valor da massa do hélio é 3,975. A diferença de massa refere-se à energia de
ligação dos constituintes do núcleo de hélio. Este processo de fusão pode ser
utilizado para a produção de energia, pois a fusão é seis vezes mais eficiente
do que a fissão nuclear. Como a fusão nuclear pode ser feita com núcleos
leves, há uma quantidade enorme de hidrogênio pesado nas águas dos lagos e
mares para que possa ser aproveitada como combustível. O grande empecilho
é a repulsão coulombiana a ser vencida. À temperatura ambiente, a energia
cinética das partículas não é suficiente para, em uma colisão, vencer a barreira

15
de potencial. Mas à temperatura de alguns milhões de graus haveria energia
cinética suficiente para fundir dois núcleos. Assim, durante a explosão de uma
bomba atômica é possível fazer a fusão de uma mistura de dêuterons, trítio
(hidrogênio com dois nêutrons) e lítio-6. Uma vez que a reação termonuclear
tenha sido iniciada, a energia extra que ela libera pode manter a alta
temperatura até que grande parte do material tenha sido utilizada. Isto é o que
se chama de bomba H. Mas o interesse nobre sobre a fusão nuclear reside na
fusão controlada, que seria um processo limpo de obtenção de energia nuclear,
diferentemente da fissão nuclear que produz o lixo atômico, uma quantidade
grande de materiais altamente radioativos de meia-vida longa (de centenas e,
às vezes, de milhares de anos), poluentes, terríveis para o meio ambiente e
que exigem condições especiais de armazenamento a um custo muito alto de
manutenção.

A fusão nuclear consiste em confinar o gás que contém os núcleos que serão
fundidos em um espaço ínfimo. Confinado, sua temperatura aumenta até
chegar a uma temperatura adequada à fusão. O confinamento é obtido
ionizando-se o gás e utilizando-se um campo magnético confinante obtido por
uma bobina toroidal (em forma de uma câmara de pneu) para manter um
plasma (mistura de gás com cargas elétricas) em um filamento ao centro da
seção do toro. Tal aparelho é conhecido como tokamak. O desafio atual é
tentar manter a taxa de fusão nuclear em um patamar que ultrapasse a barreira
de décimos de segundo de duração. A fusão nuclear já é conseguida há algum
tempo em laboratório, mas ainda não é controlada e muito menos
comercialmente viável.

A fusão nuclear é o processo de produção de energia nas estrelas, responsável


pela sua evolução (nascimento, vida e morte) e graças a ele ocorre a
manutenção da vida aqui na Terra.

FÍSICA DAS PARTÍCULAS ELEMENTARES


O objetivo principal da Física é explicar todos os fenômenos físicos por meio de
um pequeno número de princípios fundamentais. A estrutura da matéria deve

16
então ter a organização regida por leis fundamentais e por partículas
elementares (indivisíveis) que serão os blocos básicos formadores de toda a
matéria.

Na procura pelos blocos construtores da matéria, várias partículas passaram


por partículas elementares e após, revelaram-se partículas compostas, isto é,
constituídas de outras partículas. A matéria é constituída de moléculas, que
são constituídas de átomos, que são constituídos de prótons, elétrons e
nêutrons. E estes, têm constituintes? A resposta é sim e não. Os prótons e
nêutrons são constituídos de outras partículas, mas os elétrons não. Prótons e
nêutrons são constituídos de quarks e glúons, mas há uma quantidade enorme
de outras partículas na natureza, por volta de 2000. Mas quais realmente são
elementares? O que se pode afirmar até agora é que apenas uma quantidade
muito pequena é considerada elementar. Este é realmente um ramo da Física
que ainda deve evoluir bastante. Várias perguntas devem ser respondidas,
como: Por que a massa do elétron é de cerca de 0.5 MeV e não outro valor
qualquer? Por que os átomos são eletricamente neutros, isto é, ele é simétrico
em relação às cargas elétricas (há um mesmo número de cargas positivas e de
negativas), mas é completamente assimétrico em relação à massa (a menor
assimetria pertence ao átomo de hidrogênio, ainda que o próton seja quase
2000 vezes mais pesado do que o elétron)? O que é carga elétrica? Spin?
Quantas dimensões há no espaço físico? Existe alguma situação de completa
simetria para todas as grandezas físicas e leis físicas? Existe alguma situação
em que todas as interações (forças) se fundem em uma única? Bem, há muitas
perguntas de difíceis respostas, algumas delas já consumiram as vidas
profissionais de muitos cientistas. Alguns avanços já foram feitos e aqui serão
mostrados uns poucos pontos para tentar ilustrar a importância em relação à
Física.

Antimatéria

A teoria quântica relativística das partículas de spin ½ prevê a existência do


que são chamadas de antipartículas. Para uma dada partícula, existe uma

17
antipartícula de mesma massa, mesma carga com sinal oposto, com a
característica de aniquilar a partícula correspondente, formando fótons. Então
as duas massas de repouso são transformadas em energia diretamente na
forma de fótons. A primeira antipartícula conhecida foi o pósitron, que é a
antipartícula do elétron, descoberta em 1933 em uma câmara de bolhas
exposta a raios cósmicos. O primeiro pósitron foi descoberto por acaso,
embora P.A.M. Dirac já tivesse previsto sua existência pela teoria quântica
relativística. O pósitron, que é um elétron positivo, tem a mesma massa de
cerca de 0.5 MeV, mesma carga de valor 𝑒 = 1.602 × 10−19 𝐶, mas sinal
positivo. Quando um pósitron vem parar no interior da matéria, ele é
rapidamente aniquilado por um elétron resultando em dois fótons:

𝑒 + + 𝑒 − → 2γ

Então, cada fóton deve ter uma energia de aproximadamente 0.5 MeV. Os
pósitrons são facilmente produzidos por uma reação chamada produção de
pares, em que um fóton de alta energia polariza o vácuo e arranca-lhe um par
de partícula-antipartícula, no caso, um par elétron-pósitron, uma transformação
direta de energia em massa de repouso. No decaimento beta também é
possível a produção de pósitrons juntamente com neutrinos. Bombardeando-se
partículas pesadas com outras partículas com energia maior do que o dobro da
massa de qualquer partícula pode-se formar pares de partícula-antipartícula de
qualquer partícula carregada. Por exemplo,

𝑝+𝑝 →𝑝+𝑝+𝑝+𝑝

observa-se que houve a formação de um par próton-antipróton. Tal energia


pode-se conseguir, por exemplo, utilizando-se um acelerador de partículas com
energia suficientemente alta para a produção do par.

Desintegração Beta e a Interação Fraca


A desintegração beta envolve o decaimento do nêutron em um próton, um
elétron e um antineutrino. Como a desintegração beta é sempre acompanhada

18
de emissão de neutrinos, uma descrição do neutrino é essencial. O neutrino é
uma partícula elementar que não tem carga nem massa de repouso. Além
disso, a interação entre um neutrino e qualquer outra partícula é tão fraca que é
de muito difícil detecção. Se um feixe de 1012 neutrinos fosse lançado contra a
Terra, de todos apenas um interagiria com alguma partícula da Terra, os outros
passariam diretamente pela Terra sem serem perturbados. Logo, a Terra é
praticamente transparente para os neutrinos. Como partícula elementar, o
neutrino é muito parecido com o fóton sob o ponto de vista de ter massa de
repouso nula, mas possui spin ½ como os elétrons prótons e nêutrons;
portanto, o neutrino é um férmion. Em 1958 houve um grande progresso na
compreensão da interação fraca, a interação universal de Fermi. Esta teoria
fornece uma previsão bastante precisa do tempo de vida do múon. A
desintegração do nêutron é dada pela transformação

𝑛 →𝑝+𝑒+𝜈

com uma meia-vida de 14 minutos e a liberação de energia de 0.8 MeV. A


diferença de massa nêutron-próton é de 1.3 MeV. Como a massa do elétron é
0.5 MeV sobram 0.8 MeV que vão para a energia cinética do elétron mais a do
antineutrino. Observa-se que os 0.8 MeV podem ser compartilhados entre o
elétron e o antineutrino de forma variável e fazendo-se a observação,
encontram-se valores para a energia cinética do elétron raramente tendo a
máxima energia permitida; logo, a energia faltante está com o antineutrino. Foi
assim que ele foi descoberto, isto é, de forma indireta.

Interação Eletrofraca
Pesquisar em http://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_padr%C3%A3o

Simetrias e Quebra de Simetrias

Algumas perguntas interessantes em relação às antipartículas são: Se todas as


partículas se tornassem ao mesmo tempo suas respectivas antipartículas, será
que o universo seria o mesmo? Será que os fenômenos ficariam indiferentes?

19
Será que há algum processo em que haveria alguma mudança? Até 1957 os
físicos pensavam que não haveria mudança nenhuma, isto é, o mundo das
antipartículas obedeceria às mesmas leis físicas das partículas e que não
haveria nenhuma mudança ao observar o mesmo fenômeno com partículas ou
com as rspectivas antipartículas. Em princípio não deveria haver uma maneira
de se afirmar que certo sistema físico é formado de matéria comum ou de
antimatéria. Haveria uma completa simetria entre um sistema e outro. Já que a
diferença entre uma partícula carregada e sua antipartícula reside somente no
sinal, pode-se chamar essa simetria de “invariância por conjugação de carga”
C. A conjugação é uma operação matemática que transforma cada partícula
em sua antipartícula. O princípio da simetria das antipartículas prevê, por
exemplo, que o espectro do átomo do anti-hidrogênio, formado por um
antipróton e um pósitron é o mesmo do hidrogênio comum. Em 1957 os físicos
perceberam que o princípio da simetria das antipartículas era violado pela
interação fraca. Esta situação ficou conhecida como quebra da conservação da
paridade.

A conservação da paridade é o formalismo matemático que afirma que um


sistema físico é invariante por uma reflexão de suas coordenadas, isto é, a
paridade nada mais é do que a imagem especular de um sistema. Assim,
observando-se um fenômeno em um sistema físico e sua imagem especular,
as leis físicas seriam as mesmas. Não dá para perceber uma diferença, pelos
resultados obtidos, que a observação se deu através de um espelho ou não.
Outra maneira de se dizer o mesmo é que todas as leis fundamentais da Física
devem ter o mesmo conteúdo matemático, quer se use um sistema de
coordenadas dextrógiro ou um levógiro.

As moléculas de proteínas produzidas biologicamente são formadas de


aminoácidos – todos eles de estrutura tipo parafuso com rosca esquerda. Por
outro lado, as proteínas dextrógiras podem ser sintetizadas pelos químicos e,
como era de se esperar pela conservação da paridade, têm exatamente as
mesmas propriedades químicas das variedades naturais. A única diferença é
que uma é imagem especular da outra. O fato de a Biologia na Terra sempre

20
produzir moléculas de uma definida simetria especular, enquanto que as
sintetizadas pelos químicos são sempre produzidas como uma mistura em
partes iguais de variedades dextrógiras e levógiras, pode parecer um enigma.

Em 1956, T.D. Lee e C.N. Yang propuseram algumas experiências para


comprovar a não conservação da paridade. Uma delas foi a desintegração do
píon positivo segundo a reação 𝜋 + → 𝜇 + + ν. Lee e Yang sugeriram que os
múons e neutrinos do decaimento poderiam ter um sentido de spin preferido
segundo o sentido de movimento. O múon e o neutrino devem “girar” em
sentidos opostos porque seus spins somados devem dar o spin do píon inicial
que é zero. A imagem especular, as partículas parecem “girar” em sentido
oposto. A situação apresentada foi observada pela primeira vez em 1957
utilizando-se múons produzidos em um pequeno (para os dias de hoje)
acelerador de partículas, um cíclotron. A imagem especular da experiência
sugerida nunca ocorre na natureza. Assim, a conservação da paridade é
claramente desobedecida. Os neutrinos sempre se apresentam girando para a
esquerda. A não conservação da paridade foi observada pela primeira vez em
uma experiência de desintegração beta realizada por C.S. Wu da Universidade
de Columbia e um grupo do National Bureau of Standards em Washington.
Sabe-se hoje que os neutrinos sempre giram para a esquerda e os
antineutrinos para a direita.

Ainda é difícil acreditar que o espaço tenha uma preferência intrínseca pela
esquerda sobre a direita. Aqui está um caso claro de uma lei da natureza que
não é simétrica.

Resumo das Leis de Conservação

As leis básicas de conservação da Física são bastante fortes, quase um


dogma. Não que sejam por imposição, mas por constatação. Isto porque, em
geral, as leis de conservação não são quebradas. Algumas das seguintes leis
de conservação estão enunciadas como princípios de simetria. No entanto, em
Mecânica Quântica é sempre possível achar uma lei matemática da

21
conservação correspondente a cada princípio de simetria. A perda da
conservação da paridade e da simetria das antipartículas serve como aviso de
que outras leis da Física podem também não ser corretas. Um exemplo,
ninguém pode provar de maneira completa que a lei da conservação da
energia seja correta. No entanto, se uma única violação fosse apresentada, isto
é, um contra-exemplo, seria prova absoluta de que a lei da conservação da
energia, tal qual ela é enunciada, não está correta. Com este aviso, serão
apresentadas a seguir algumas leis de conservação que podem eventualmente
ter de usadas em algum fenômeno de Física de Partículas:
1. Conservação da energia total;
2. Conservação do momento linear total;
3. Conservação do momento angular total;
4. Conservação da carga;
5. Conservação do número bariônico;
6. Conservação do número leptônico;
7. Conservação do isospin;
8. Conservação da estranheza;
9. Conservação da simetria das antipartículas;
10. Conservação da paridade;
11. Simetria de paridade-antipartícula;
12. Invariância CPT;
13. Invariância de inversão do tempo.

É importante frisar que há outras leis de conservação que não foram colocadas
aqui, mas que estão presentes na Física de Partículas.

Léptons, Hádrons e Bárions

Pesquisar no site http://en.wikipedia.org/wiki/Standard_Model ou


http://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_padr%C3%A3o

22
O Modelo Padrão
A primeira pista da existência da interação fraca foi a descoberta da
radioatividade cerca de um século atrás. Boa parte do século passado foi
utilizada para estabelecer as bases do Modelo Padrão, uma descrição
surpreendentemente completa das partículas fundamentais e suas interações.
O Modelo Padrão apesar do nome é uma teoria. Os indícios mais importantes
para a construção desse modelo vieram de experimentos elegantes que
estudaram fenômenos da interação fraca. O Modelo Padrão descreve as
interações eletromagnética, fraca e forte; a gravidade é a única interação que
está faltando incluir no modelo. Enquanto há indícios ocasionais da
necessidade de revisão, nenhum experimento confirmado contradiz o Modelo
Padrão. Todavia, a despeito do sucesso, muitos físicos estão convencidos que
uma teoria mais completa da natureza irá provavelmente substituí-lo. O Modelo
Padrão tem um grande número de parâmetros livres que é perturbador, cujos
valores numéricos não são explicados: muitos aspectos do modelo não
parecem naturais.

Desde a década de 70 os físicos experimentais vêm montando duas bem


armadas investidas sobre o Modelo Padrão na tentativa de descobrir suas
limitações: tentando verificar suas predições quantitativas na mais alta precisão
possível e procurar por novos, inesperados e inconsistentes fenômenos. A
prioridade maior da física de altas energias é descobrir a evidência direta para
o bóson de Higgs, a partícula responsável pela geração de todas as massas
finitas de partículas do Modelo Padrão. Se não houver o bóson de Higgs, então
o Modelo Padrão deve ser revisado. A procura prudente pelo bóson de Higgs
está na mais alta energia disponível. Pesquisas por extensões específicas do
Modelo Padrão (por exemplo, uma classe de teorias atrativas classificada como
modelos supersimétricos da grande unificação) são com freqüência, mas nem
sempre, feitas em altas energias. Todavia, pode acontecer de os testes do
Modelo Padrão em baixas energias sejam muito mais econômicos para se
encontrar uma nova física. Experimentos de baixa energia sempre têm um
potencial valioso para descobertas. A parte melhor fundamentada do Modelo
Padrão é sua descrição da interação eletromagnética. Chamada de

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Eletrodinâmica Quântica (QED do inglês), ela foi bem desenvolvida antes que a
interação fraca e a interação forte fossem incorporadas ao Modelo Padrão. A
QED é o protótipo teórico do Modelo Padrão inteiro, sendo que a confiança na
QED veio principalmente de testes da Física Atômica. Testes de precisão da
QED continuam a serem feitos com a participação de físicos nucleares de
áreas importantes. Um aspecto do trabalho moderno mais interessante envolve
um átomo simples, mas exótico, que é o muônio, consistindo de um antimúon e
de um elétron ligados entre si. Experimentos elegantes envolvendo o muônio
têm sido feitos por físicos atômicos e nucleares que exploraram a física nuclear
em aceleradores de média energia, os quais são fontes de múons. Os físicos
nucleares estão trabalhando com partículas e os físicos atômicos em sua
maioria em novos experimentos para determinar precisamente o momento
magnético do múon, a quantidade g-2. O g-2 do múon é uma medida das
correções da QED para as relações quantitativas entre o spin do múon e seu
momento magnético. Em princípio, a teoria prevê que seja exatamente g-2,
mas para melhorar a precisão do cálculo é exigido um trabalho teórico enorme.
Por décadas, novas técnicas experimentais e teóricas desenvolvidas
desafiaram-se umas às outras, procurando por uma discrepância que pudesse
indicar que a subseqüente teoria estaria errada. Experimentos modernos
repousam nas sofisticadas tecnologias de aceleradores e os múons, que têm
um tempo de vida de apenas dois milionésimos de segundo, são confinados
em anéis de armazenagem especialmente construídos. Estes experimentos
têm uma capacidade de testar predições particulares do Modelo Padrão. Mas a
principal investida nos pontos de confiança do Modelo Padrão é sobre a
interação fraca. Uma área ativa da pesquisa envolve estudos detalhados do
decaimento beta nuclear, responsável pela radioatividade natural. Os
constituintes fundamentais da matéria são quarks sem estrutura e léptons e as
forças que atuam entre eles, as quais surgem da troca de bósons. Os fótons,
glúons, os bósons W e Z são os bósons de gauge (ou de calibre) para as
forças eletromagnética, forte e fraca, respectivamente. As interações são
caracterizadas por tipos especiais de simetria classificadas como simetrias de
gauge. Na teoria quântica, uma simetria é uma mudança específica de
variáveis que preserva todas as previsões físicas. Cada simetria implica que

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uma lei de conservação é obedecida pela interação. A teoria correta da
natureza deve levar em conta as leis de conservação que são verificadas
experimentalmente. Por exemplo, uma simetria da eletrodinâmica implica que o
fóton não tem massa e que a carga elétrica é conservada. Nenhum
experimento jamais encontrou uma violação da conservação da carga elétrica
ou uma massa não zero para o fóton e sua simetria é bem fundamentada. O
fato de que os fótons em si não têm carga elétrica tornam a QED mais simples.
A força forte descrita pela QCD é mediada por glúons sem massa, porém são
auto-interagentes; conseqüentemente, a QCD é muito mais complexa do que a
QED. Uma importante implicação da auto-interação dos glúons é que, em
condições normais, os quarks ficam confinados. Os tijolos de construção de
todos os hádrons e do núcleo atômico, os quarks, aparentemente não podem
existir isoladamente. Em particular, nenhum experimento teve sucesso em
isolar um quark. Enquanto que se acredita que o confinamento de quarks está
completamente consistente com o Modelo Padrão, uma demonstração teórica
rigorosa não foi feita ainda por causa de complicações com o tratamento de
teorias não lineares.

O decaimento beta é um processo em que um núcleo emite um elétron e um


neutrino e resulta da troca de uma partícula, neste caso, um bóson massivo W.
No decaimento beta, um dos quarks transforma-se em outro quark de tipo
diferente (na verdade, um sabor diferente) e ao mesmo tempo, um bóson W é
emitido, que rapidamente decai em um elétron e um neutrino (elétrons, múons,
tauons e neutrinos são partículas elementares que são classificadas como
léptons). O caráter da interação particular é determinado pelas propriedades
das partículas trocadas; o alcance da interação depende de sua massa. A
interação fraca é uma força fraca de curto alcance porque os bósons de gauge
W e Z são bastante pesados, cerca de 90 mais pesados do que o próton.

O Modelo Padrão tem sobrevivido a décadas de intenso escrutínio


experimental. Por que, então, ele não é considerado a melhor teoria da
natureza? A despeito de seu sucesso, o Modelo Padrão tem 19 parâmetros
que são aparentemente arbitrários, números cujas origens não são entendidas.

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Mais que tudo, alguns dos parâmetros têm valores que são difíceis de
entender. Por exemplo, no presente Modelo Padrão, as massas dos neutrinos
são todas nulas (na verdade, o modelo não iria ter uma mudança significativa
se uma massa finita para o neutrino fosse incorporada). A situação é muito
diferente daquela para a massa do fóton, porque não há uma simetria óbvia no
Modelo Padrão que dê conta de neutrinos de massa zero. Em geral, as massas
das partículas são modificadas pelas interações. Mantendo as massas físicas
dos neutrinos zero parece haver uma conspiração: a magnitude das massas
nuas dos neutrinos e a intensidade das interações devem ser quase
exatamente ajustadas para dar zero no final. Os físicos têm chegado a
considerar teorias que devem ser finamente ajustadas de forma não natural e
completamente insatisfatória.

Todos os quarks têm um terço do número bariônico. Até aqui, o número


bariônico é absolutamente conservado em concordância com a experiência.
Mas, como com as massas zero dos neutrinos, nenhuma simetria subjacente
explica a conservação do número bariônico. Se há uma simetria, o número
bariônico deve ser associado com uma força, como é a carga elétrica, mas os
experimentos não encontraram uma força que se acopla ao número bariônico.
Um problema similar ocorre para os léptons: os experimentos mostram que os
números leptônicos são conservados na ausência de uma simetria subjacente.
Com algumas não boas razões para estas leis de conservação, a busca por
violações dos números bariônicos e leptônicos continuam ativamente a serem
perseguidas pelos físicos nucleares.

As características insatisfatórias do Modelo Padrão sugerem áreas específicas


para experimentos de prova. Por exemplo, observar uma evidência conclusiva
de massa do neutrino não nula é um dos objetivos da Física Nuclear.

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