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A EXPLORAÇÃO DO VALE DO GUAPORÉ NO SÉCULO XVIII

Mauro Henrique Miranda de Alcântara1

Parte I

Para compreender a ocupação do vale do Guaporé pelos europeus, temos que analisar as disputas
territoriais entre Portugal e Espanha no século XVIII. É sabido que anterior a este período já havia andanças
por parte dos ibéricos por esta parte, porém a colonização sistemática passou a ser somente no século XVIII,
entre outros motivos, a descoberta de ouro e também para consolidar as fronteiras lusitanas e hispânicas na
região.
No final do século XVII e início do século XVIII foi encontrado ouro na região (atual) de Minas
Gerais e Goiás. E devido a grande imigração dos lusitanos da península para o Brasil, vários dos bandeirantes
que haviam descobertos tais veias auríferas acabaram por serem expulsos2 destas minas descobertas e tiveram
deslocar para outras partes em busca de novos achados e também de prear as populações nativas. Nas
andanças destes paulistas pelo interior (no sentindo oeste) chegaram então ao atual Mato Grosso, e as margens
do rio Coxipó, encontraram então ouro. Mais tarde no córrego denominado de prainha, o maior achado de
ouro daquelas bandas foi descoberto, a famosa Lavras do Sutil, tudo isso ainda na primeira parte do século
XVIII. Porém até 1750 as lavras de Cuiabá já apresentaram forte esgotamento, pois as técnicas de exploração
eram muito rudimentares. E esse “rápido” esgotamento levaram a importantes conseqüências na ocupação das
terras a oeste:

“... Assim, os mineiros mais afoitos, na ânsia de encontrar


ouro em maior profusão, deixavam Cuiabá, seguindo rumos
diversos. Dessa movimentação, foram descobertas outras
jazidas de menor proporção, responsáveis pelo povoamento
de área a Oeste que, pelo Tratado de Tordesilhas, não
pertenceria oficialmente a Portugal...” (SIQUEIRA, p.40).

1734 – Lavras do Rio Galera


1735 – Lavras de Santana
1735 – Lavras do Brumado e Corumbiara – Guaporé
1751 – Lavras de Santana e São Francisco Xavier - Guaporé
FONTE: SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. História de Mato Grosso: Da ancestralidade aos dias atuais. Cuiabá: Entrelinhas, 2002. p. 40.

A movimentação das populações lusitana acabou por modificar as fronteiras entre Portugal e
Espanha. O Tratado de Tordesilhas já havia sido “rasgado” há tempos. Porém a cada dia os portugueses
ampliavam ainda mais suas fronteiras para dentro do território hispânico. As fronteiras chegavam, neste
momento, até o vale do rio Guaporé, que passou a ser sistematicamente ocupado, ora ordenadamente, ora
desordenadamente. Inicialmente a organização não pautou a ocupação, pois quem ali chegou primeiro foram
garimpeiros sem grandes condições financeiras para construção de casas e fundação de vilas. E também não
era, de início, o interesse da maioria desses garimpeiros se fixarem na região, muito pelo contrário, o sonho
do eldorado, era encontrar riqueza e ir embora, de preferência para a terrinha.
Mas a Coroa lusitana interessada não apenas na riqueza da região, mas também na ampliação das
fronteiras de seu “Império” no Brasil, passou a organizar esta ocupação. A primeira medida foi desmembrar
esta região a oeste da capitania de São Paulo, criando em 1748 a capitania de Mato Grosso. Foi nomeado para
ser o 1º Capitão-General desta capitania Dom Antônio Rolim de Moura, que recebeu diversas recomendações,
diretamente da rainha Mariana para realizar no Mato Grosso. A principal delas: criar uma capital no extremo
oeste da capitania, para assegurar o território conquistado. Além disso, criar missões jesuíticas (que foi
inicialmente criada no atual município de Chapada dos Guimarães) e construir fortes e fortificações no vale
do Guaporé.

1
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal de Mato Grosso. Professor do Instituto Federal
de Rondônia – Campus Colorado do Oeste.
2
A Guerra dos Emboabas, em Minas Gerais (1708-1709), demonstra a disputa entre o elemento europeu e o
bandeirante, e como este era (socialmente, politicamente e economicamente) inferior à aquele e por isso
justificou-se a expulsão dos bandeirantes.
• Fundar a capital da nova Capitania no vale do rio Guaporé;
• Fundar uma aldeia jesuítica para os índios mansos;
• Incentivar a criação de gado;
• Conceder privilégios e isenções de impostos àqueles que desejassem residir nas imediações
da nova capital;
• Construir, na nova capital, residência para os capitães-generais;
• Agir com muita diplomacia nas questões de fronteira, evitando entrar em confronto aberto
com os espanhóis;
• Tomar cuidado com os ataques dos índios bravios, especialmente os Paiaguá e Guaicuru;
• Fornecer informações mais precisas sobre a capitania recém-criada, seus limites e
potencialidades;
• Proibir a extração e comercialização de diamantes;
• Criar uma Companhia de Ordenanças;
• Incentivar a pesca no rio Guaporé;
• Informar sobre a viabilidade de comunicação fluvial com a Capitania do Grão-Pará.

Em 1752 foi então criada a capital da nova Capitania, Vila Bela da Santíssima Trindade, bem as
margens do rio Guaporé (apesar de todas as dificuldades da região3). Para abastecer a região, uma nova
estratégia foi utilizada. A via Cuiabá-Vila bela por rio era muito complicada, além disso, as monções (rios
Cuiabá-Tietê), também não tinham o trajeto tão simples. A idéia era utilizar uma outra rota fluvial, navegar
pelos rios Guaporé-Mamoré-Madeira-Amazonas e desaguar no Oceano Atlântico e de lá partir para a Europa.
Além de “facilitar” a entrada de produtos a Vila Bela, também serviria para explorar o vale do Guaporé e a
bacia Amazônica. Desta maneira várias regiões passaram a ser conhecidas, e exploradas, afastando assim a
presença espanhola. Para realizar tal empreitada foi criada uma empresa (Companhia de Comércio Grão-Pará
e Maranhão4) que possuía o monopólio do comércio nesta região.
Agindo com cautela e diplomacia, Rolim de Moura conseguiu aos poucos fundar vilas e aldeias
jesuítas nas margens, tanto direita como esquerda, do Guaporé, expandindo ainda mais as fronteiras
portuguesas:
1752 – Vila Bela da Santíssima Trindade;
1754 – Aldeia de São José, mais tarde Leomil;
1757 – Sítio das Pedras;
1758 – N. Sra. Da Boa Viagem (Rio Madeira);
1760 – N. Sra. Da Conceição, ex-Santa Rosa Velha
FONTE: SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. História de Mato Grosso: Da ancestralidade aos dias atuais. Cuiabá: Entrelinhas, 2002. p. 48.

O 1º capitão-general foi um habilidoso diplomata, sabendo avançar para dentro dos territórios
espanhóis, ampliando as fronteiras lusitanas no oeste da América, e também sabendo recuar quando uma
possibilidade de conflito com os hispânicos era evidente.
Criou a Companhia de Pedestres, onde recrutava qualquer homem que se disponibilizasse ou não 5
para compor um exército, dando maior segurança à região.
(...)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. História de Mato Grosso: Da ancestralidade aos dias atuais. Cuiabá:
Entrelinhas, 2002.
VICENTINO, Cláudio. DORIGO, Gianpaolo. História para o ensino médio: historia geral e do Brasil:
volume único. São Paulo: Scipione, 2001.

3
A região onde foi fundada a V.B. da Santíssima Trindade, além de alagar por vários meses do ano, também
era infestada pela malária. Por este motivo, muitos capitães-generais acabaram por administrar Mato Grosso
por Cuiabá, e alguns nem chegaram a pisar na Vila Bela, mesmo quando está ainda era a capital.
4
Esta empresa teve uma curta vida. A grande distância entre Europa e Vila Bela, a decadência da mineração
na região do Guaporé, levou a companhia a grandes prejuízos o que inviabilizou a curto prazo a continuidade
deste negócio.
5
Muitos homens eram obrigados a se alistarem.

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