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ILHÉUS-BAHIA
2008
AIAN CERQUEIRA COTRIM
ILHÉUS-BAHIA
2008
Cotrim, Aian Cerqueira
________________________________________
Maria Luiza Silva Santos - MS
UESC
(Orientadora)
________________________________________
Elias Lins Guimarães - DR
UESC
________________________________________
Jane Hilda Mendonça Badaró Junqueira - MS
UESC
DEDICATÓRIA
À minha família, pelo apoio incondicional. Aos meus colegas, fonte de inspiração,
críticas e idéias infindáveis. À minha orientadora, pelas valiosas lições. À minha
namorada, por dar uma razão mais amorosa à minha vida.
v
RESUMO
LISTA DE SIGLAS
CF Constituição Federal
CNTur Conselho Nacional do Turismo
Combratur Comissão Brasileira do Turismo
Embratur Instituto Brasileiro de Turismo
Fiset Fundo de Investimento Setorial de Turismo
Fungetur Fundo Geral de Turismo
IATA Associação Internacional de Transporte Aéreo
ICAO Organização Internacional da Aviação Civil
LGT Lei Geral do Turismo
OMT Organização Mundial do Turismo
ONU Organização das Nações Unidas
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
UIOOT União Internacional de Organismos Oficiais de Turismo
UNESCO Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura
WTTC World Travel and Tourism Council
vii
SUMÁRIO
Resumo..................................................................................................... v
Lista de siglas.......................................................................................... vi
INTRODUÇÃO........................................................................................... 8
CAPÍTULO I: UM POUCO DE TURISMO................................................. 10
1 Definições de turismo................................................................................ 10
2 Classificação da atividade turística............................................................ 13
3 Fases do desenvolvimento do turismo no mundo..................................... 14
3.1 O pré-turismo............................................................................................. 15
3.2 O turismo industrial.................................................................................... 16
3.3 O pós-turismo............................................................................................ 17
4 A intervenção pública no turismo............................................................... 17
CAPÍTULO II: O DIREITO E O TURISMO................................................ 20
1 As Organizações Internacionais e o Turismo............................................ 24
1.1 O Código mundial de ética do turismo....................................................... 26
2 O Ordenamento Jurídico do Turismo no Brasil.......................................... 28
2.1 A lei geral do turismo................................................................................. 30
CAPÍTULO III: O TURISMO SEXUAL...................................................... 32
1 Características do turismo sexual.................................................. 32
2 A gênese do turismo sexual....................................................................... 36
2.1 Análise macroscópica do sexo turismo...................................................... 37
2.2 Análise microscópica do sexo turismo....................................................... 40
3 Uma perspectiva de mercado do turismo sexual....................................... 43
4 O tráfico de pessoas e o turismo sexual.................................................... 46
CONCLUSÃO............................................................................................ 48
REFERÊNCIAS......................................................................................... 49
ANEXO...................................................................................................... 53
8
INTRODUÇÃO
O turismo sexual é o objeto principal deste trabalho, mas não o único. Ele é o
centro gravitacional ao redor do qual orbitam o direito e o turismo. O turismo seria o
local onde o turismo sexual se proliferaria e a ciência do direito iluminaria o olhar do
pesquisador, direcionando a sua perscrutação. Dessa forma o fenômeno do turismo
sexual estaria contextualizado com um enfoque jurídico.
CAPÍTULO I
UM POUCO DE TURISMO
1 Definições de turismo
1
Dados obtidos no UNWTO World Tourism Barometer. No mesmo documento a análise do primeiro
quadrimestre de 2008 aponta um crescimento de 5% em comparação com o mesmo período de
2007.
11
Salienta o mesmo autor que não se deve confundir turista estrangeiro com
turista internacional. O turismo é internacional quando envolve mais de um país, logo
o turismo nacional externo também é estrangeiro.
O turismo como viagem é um fenômeno antigo, mas não é esse que interessa
aos teóricos, pois não é só o deslocamento do local de origem que caracteriza a
atividade, como vimos anteriormente.
até as proximidades das atuais Escócia e Alemanha, ao sul, dentro do Egito e até o
longo do Mar Mediterrâneo. No oriente as estradas iam até o Golfo Pérsico, no atual
Iraque e o Kuwait (GOELDNER, 2002, p. 45).
3.1 O pré-turismo
Essa fase é simbolizada pelo Grand Tour, que era descrito como algo
convencional e regular. Havia até uma forma para a sua realização, que incluia uma
longa estada na França, especialmente em Paris, visitando Gênova, Milão, Florença,
Roma e Veneza na Itália e depois um retorno à Alemanha e aos Países Baixos, via
Suiça. Esse roteiro poderia ser alterado, obviamente, mas como salienta Robinson:
16
"não havia muito mais a ser visto no mundo civilizado depois da Itália, da França e
dos Países Baixos, apenas completo barbarismo" (apud GOELDNER, 2002, p. 49).
No século XIX surge a fase industrial do turismo, que dura até o início da
segunda guerra mundial. Em meadas do século XIX Thomas Cook foi o primeiro a
organizar uma viagem com uma série de serviços incluídos a partir de um único
preço pago pelos clientes. Na fase industrial surgem os primeiros hotéis urbanos e
desenvolvem-se os balneários costeiros no mar mediterrâneo. Alguns governos
criam escritórios governamentais de turismo e aparecem os primeiros destinos
turísticos na América Latina.
3.3 O pós-turismo
Essa classificação foi proposta por Molina (2004, p. 27) e aponta para uma
nova tendência do turismo moderno.
CAPÍTULO II
O DIREITO E O TURISMO
Mas a França não foi o único país a abordar o tema do turismo na primeira
metade do século XX. Dois governos ditatoriais europeus fizeram uso do turismo
como estratégia para o desenvolvimento da economia e do nacionalismo: a Itália e a
Alemanha.
A idéia italiana foi copiada pela Alemanha em 1933, à época sob o domínio de
Hitler. Na ocasião foi instituído o programa Kraft durch Freude que visava convencer
os germanos de que sem lazer e diversão o trabalho não teria significado. Foram
organizadas diversas colônias de férias no país, principalmente na Baviera e no
litoral, e os cidadãos eram convidados a não se retirar do país e apreciar o que este
lhes podia oferecer. Assim como na Itália o sucesso foi sensível e o número de
turistas subiu de 100 mil em 1923 para 3 milhões em 1934 (BADARÓ, 2006, p. 74).
Badaró (2008, p. 41) aponta que o boom do turismo foi motivado pela paz em
zonas de estabilidade política aliado ao aumento do poder aquisitivo da população e
às mudanças nas leis trabalhistas ocorridas em vários países, difundindo as férias
remuneradas e o direito ao lazer.
22
Vale salientar que nessa fase de expansão o turismo ainda era um tema com
mais influência enquanto política econômica e estratégica do que jurídica. Só após
as conseqüências do boom do turismo que a atividade seria efetivamente
regulamentada, levando-se em conta as suas peculiaridades. Enquanto tais efeitos
não surgiam as leis se preocupavam em organizar as áreas que compõe a atividade
turística, tais como hospedagem e transporte, sem se preocupar com a atividade
como um todo e os seus efeitos na sociedade.
temos que em 1973 nove entre as dez maiores redes de hotéis do mundo eram
americanas (BADARÓ, 2008, p. 46).
4
Rezek salienta que o primado do direito das gentes sobre o direito interno ainda é uma proposição
doutrinária, vez que dificilmente uma das leis fundamentais desprezaria o ideal de segurança e
estabilidade da ordem jurídica para se submeter ao produto normativo dos compromissos exteriores
25
que surtiu maior efeito foi a pressão criada pelas organizações na defesa dos temas
que cada uma tem como objeto. Elas elaboram diversos encontros e documentos
em todas as partes do globo, influenciando de uma forma ou de outra a produção e
adaptação do direito interno aos anseios da comunidade internacional.
do Estado. Na Constituição Federal os tratados sobre direitos humanos que o Congresso aprove com
o rito de emenda à Carta integrarão a ordem jurídica constitucional.
26
adotada neste ano como sede oficial da organização. Em 1976 a OMT converteu-se
em agência executiva do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) e firmou um acordo oficial com a ONU. Em 2003 as relações entre a OMT e
a ONU seriam estreitadas com a conversão daquela em agencia especializada
desta5.
5
Mais informações sobre a formação e estrutura da OMT em http://www.unwto.org/aboutwto. Acesso
em 29 out. 2008.
27
6
Badaró (2008, p. 166) aponta que a previsão do direito ao turismo foi uma inovação da OMT que
acabou por fornecer ainda mais substrato para o direito do turismo.
28
Em 1977, foi criada a Lei 6.505, que revela uma opção estatal de
direcionamento da atividade turística através de uma postura ativa. Os serviços
29
o
Art. 2 Para os fins desta Lei, considera-se turismo as atividades realizadas
por pessoas físicas durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu
entorno habitual, por um período inferior a 1 (um) ano, com finalidade de
lazer, negócios ou outras.
Parágrafo único: As viagens e estadas de que trata o caput deste artigo
devem gerar movimentação econômica, trabalho, emprego, renda e receitas
públicas, constituindo-se instrumento de desenvolvimento econômico e
social, promoção e diversidade cultural e preservação da biodiversidade.
Mas fora essa nova abordagem dada à matéria a LGT não inovou muito. O
Sistema Nacional do Turismo foi recriado e o Fungetur foi remodelado. Revitalizou-
se também o cadastro obrigatório, segundo o artigo 22 “os prestadores de serviços
turísticos estão obrigados ao cadastro no Ministério do Turismo, na forma e nas
condições fixadas nesta Lei e na sua regulamentação”.
Um grande avanço deixou de ser tomado pela lei nº 11.771 em virtude do veto
de um dispositivo do projeto de lei que sacramentava a responsabilidade objetiva
das agências de turismo pela execução direta ou intermediação dos serviços
ofertados e solidariamente pelo serviço de fornecedores que fossem estrangeiros ou
não pudessem ser identificados.
32
CAPÍTULO III
O TURISMO SEXUAL
No início do século XIV nobres do sul da Europa viajavam até a cidade alemã
de Baden-Baden para participar das orgias que aconteciam nos banhos públicos
(BADARÓ, 2003, p. 65). Seria ingênuo acreditar que esse foi o primeiro caso de
turismo sexual, mas serve como exemplo para registrar que tal fenômeno não é
novo, em termos históricos.
No Brasil, ao contrário dos EUA, a prostituição não é ilegal. Então por que
um grupo de americanos foi preso num barco cheio de mulheres na baía de
Guanabara mesmo sendo todas profissionais e maiores de idade? Reserva
de mercado sexual? Xenofobia genital? Combate ao turismo sexual? Por
que combater o turismo sexual se os objetos de desejo dos visitantes são
homens e mulheres adultos que fazem isso porque precisam ou gostam? E,
certamente, não estão fazendo mal a ninguém, muito pelo contrário. Então
qual é o problema? Seria... humm... moral? Qual delas? A oficial? A petista?
A católica? A evangélica? Mas o Estado e a igreja não estão separados há
muito tempo? (MOTTA, 2005).
36
O turismo sexual não pode ser visto de maneira isolada da atividade turística.
O boom do turismo, que representa o período de massificação e grande crescimento
da atividade, causando efeitos que moldaram a atividade, também devem ser
analisado para tentar entender o turismo sexual.
O produto turístico é vendido pelo que ele representa, pelo imaginário que ele
é capaz de construir. A migração internacional para a reconstrução da Europa, que
37
O turista sexual faz parte de uma estratégia interessante no que diz respeito à
posição profissional e/ou pessoal da prostituta envolvida e às oportunidades que
possam se abrir a partir daí. Assim temos uma situação muito bem ilustrada por
Piscitelli na análise da migração brasileiras para a itália:
Deixa claro a autora que não é todo o caso de migração ou casamento que
acabam em uma história feliz, vez que há casos em que as mulheres permanecem
na indústria do sexo.
7
Essa opinião é demonstrada por Bem (2005, p. 105) em parte, vez que o autor atribui essa forma de
mobilidade à população excluída pelo processo de globalização. Seguindo esse raciocínio conclui o
autor que a configuração do turismo sexual cria uma infra-estrutura e uma dinâmica propícia à
proliferação do tráfico de mulheres.
43
8
Dessa forma Houellebecq encaixa o protagonista do livro no estereótipo de turista sexual, um
cidadão de classe média, solteiro e de meia idade que faz a viagem de maneira solitária.
45
9
Franck (2006) salienta que a tendência é a construção da prostituição como a defesa de um direito
individual, pois tal teoria conta com o lobby da indústria do sexo, especialmente a da pornografia.
Dessa forma o turismo sexual seria livre de toda a responsabilidade ou culpa. O autor adverte para o
turismo sexual como uma forma de exploração: ao pagar pelo sexo o turista estaria comprando a
liberdade de uma pessoa sobre a qual, por um tempo determinado, ele detém todos os direitos,
operando assim a redução da prostituta à condição de uma mercadoria.
46
Advertem Silva et al. (2005) que para enfrentar o problema do tráfico no Brasil
é necessário levar em conta a textura real das vidas dos assim chamados traficados,
em vez de abstraí-las, colocando todos – crianças violentadas, mulheres e homens
adultos, inclusive quando agem por vontade própria – na mesma rubrica.
48
CONCLUSÃO
É certo que temos uma diferença entre o turismo sexual e a violência sexual,
pela proscrição universal da constrição da liberdade advinda da violência. Dessa
forma não podemos confundir os dois fenômenos, e essa atitude já seria um avanço
para uma compreensão mais precisa do tema abordado neste trabalho.
10
Badaró (2008) pauta a sua obra no combate ao turismo sexual, partindo do pressuposto que este
inclui o turismo sexual infantil.
49
REFERÊNCIAS
BADARÓ, Rui Aurélio de Lacerda. Direito do Turismo. São Paulo: Senac, 2003.
BEM, Arim Soares do. A Dialética do turismo sexual. São Paulo: Papirus, 2005.
FORTES, Lore. Et ali. O turismo sexual infanto juvenil: uma análise da participação da
polícia militar do Rio Grande do Norte In. X Encontro nacional de Turismo em base
local, 2007, Paraíba.
IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2003.
LAGE, Beatriz Helena Gelas; MILONE, Paulo César (organizadores). Turismo: teoria e
prática. São Paulo: Atlas, 2000.
50
REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público. 11. ed. São Paulo: Saraiva,
2007.
REALE, Miguel. Fundamentos do Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998.
VAZ, Gil Nuno. Marketing Turístico: receptivo e emissor – um roteiro estratégico para
projetos mercadológicos públicos e privados. São Paulo: Pioneira, 2001.
ESTRANGEIROS são presos em operação contra turismo sexual. Estadão, São Paulo,
1 abr. 2006. Disponível em: < http://www.estadao.com.br/arquivo/
cidades/2006/not20060401p26360.htm>. Acesso em: 13 nov. 2008.
LEIRNER, Carla. Brasil, terra do sexo fácil e barato. Até quando? Revista Marie
Claire. Edição 193, abril de 2007. Disponível em:
<http://revistamarieclaire.globo.com/Marieclaire/0,6993,EML1503174-1740,00.html>.
Acesso em: 11 nov. 2008.
MOTTA, Nelson. Nacionalismo Genital. Folha de São Paulo, São Paulo, 1 jul. 2005.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz 0107200506.htm> Acesso
em: 13 nov. 2008.
______. UNWTO World Tourism Barometer. v. 6, n 2, jun. de 2008. Disponível em: <
http://unwto.org/facts/eng/pdf/ barometer/UNWTO_Barom08_2_en_Excerpt.pdf>.
Acesso em: 16 abr. 2008.
SILVA, Ana Paula da et al. Prostitutas, "traficadas" e pânicos morais: uma análise da
produção de fatos em pesquisas sobre o "tráfico de seres humanos". Cad. Pagu,
Campinas, n. 25, 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
83332005000200007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 17 set. 2008.
A Assembléia Geral,
Pede aos governos dos países emissores e receptores de turista que Mobilizem
seus departamentos competentes, incluídas as administrações nacionais de turismo,
para tomar medidas contra o turismo sexual organizado,
5. Advertir aos turistas contra a participação do turismo sexual que afete a infância,
denunciando sua natureza delituosa e a maneira como as crianças e os jovens se
vêem forçados a cair na prostituição,