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Belmiro Ribeiro
(Centro de Formação das Escolas de Gondomar)
CONTEXTO
1. Não concordo com João Barroso quando considera que “o actual quadro
legislativo não é impeditivo do desiderato pretendido - reforçar o papel
das famílias e comunidades na direcção estratégica dos
estabelecimentos de ensino e favorecer a constituição de lideranças
fortes”. Entendo que a evidência empírica tem demonstrado que as
normas legislativas de largo espectro não asseguram, por si só, os
princípios que lhe são inerentes e podem mesmo promover equívocos
democráticos.
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essa determinação que vejo no Projecto de Decreto-lei em apreciação,
ao atribuir às famílias maior representatividade mas também maior
responsabilidade, no que se refere à sua função no Conselho Geral ao
qual caberá o papel regulador e ao qual a escola terá de prestar contas
– um misto de Conselho Social e de Conselho Fiscal que bem poderia
continuar a chamar-se Assembleia de Escola.
Não nos esqueçamos que, ao longo dos últimos anos, um número
crescente de pais e encarregados de educação tem demonstrado
interesse pelo processo educativo dos seus filhos na escola, ainda que,
por vezes, apenas como exigentes consumidores de um serviço público.
Este interesse crescente é visível na disseminação de associações de
pais.
Considero que uma escola sem a participação dos pais e restante
sociedade civil pode até ser tanto ou mais eficaz nos resultados
escolares, mas sonega um direito e uma lógica de pertença da escola.
Inevitavelmente, escolas e pais, face ao Projecto de Decreto-lei, têm um
percurso comum a percorrer que não será fácil. Todavia, nem nós, os
professores, poderemos esquecer os pais interessados, evocando
apenas os que nunca aparecem ou que participam tropegamente, nem
os pais participativos podem evocar apenas as escolas e os professores
que limitam a sua participação.
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parece a forma mais eficaz de potencializar a participação da autarquia
e reabilitar um órgão colegial de cariz cívico já existente e, em vários
concelhos, desvalorizado.
8. A participação dos municípios no C.G., face ao elevado número de
escolas e agrupamentos, deverá ser delegada, em muitos casos, nas
juntas de freguesia. Antevejo que muitos desses representantes
poderão vir a ter que dar um passo maior do que a própria perna se
forem chamados a participar mais activamente no Conselho Geral -
onde poderão vir a ser presidentes - do que participavam nas
Assembleias de Escola. Uma questão que se dissolverá no tempo?
Neste caso não tenho essa convicção.
9. A participação de “instituições, organizações e actividades de carácter
económico, social, cultural e científico” revela uma intenção positiva e
um potencial enorme de aproximação de instituições – a escolar com
outras – cujo único pecado no seu relacionamento tem sido, por vezes,
estarem tão próximas. Não são raras as vezes em que se procuram
soluções longe quando elas estão, muitas vezes, na porta ao lado. Essa
aproximação “obrigatória e conveniente” possibilitará a rentabilização
dos recursos de proximidade: facilitará a aproximação entre o mundo
escolar e o profissional, da escola com as associações culturais e
recreativas, museus e, em alguns casos, até com as instituições do
ensino superior de localização próxima.
10. Será um processo cujo início se prevê naturalmente tortuoso.
Dependendo do dinamismo do movimento associativo e do número de
equipamentos sociais, económicos e culturais, existirão locais em que
uma só associação ou instituição terá de estar presente no Conselho
Geral de várias escolas/agrupamentos. Este será um dos
constrangimentos que pode assolar o Conselho Geral.
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diversificadas das pessoas que gere - com amplos conhecimentos
pedagógicos e sentido de inovação e criatividade.
15. O Ministério da Educação deve garantir a boa qualidade dos cursos de
especialização em gestão e administração escolar e definir o número de
anos ou créditos, conteúdos, formas de avaliação e acreditando
entidades responsáveis por essa formação.
16. Concordo que o cargo de director possa ser desempenhado por um
professor não pertencente a essa escola/agrupamento. Penso que, em
alguns casos, desconhecer o grupo de funcionários docentes e não
docentes de uma escola pode até facilitar a eficácia da acção de quem a
vai dirigir. Por outro lado, o desconhecimento da escola/agrupamento a
que concorre pode condicionar a qualidade do projecto a apresentar em
candidatura. Mas, nesse caso, caberá ao Conselho Geral analisar e dar
o parecer sobre os vários projectos e candidatos a concurso.
17. Considero que perante as novas exigências que se colocarão a quem
vai gerir as instituições escolares, a criação da carreira de gestão
escolar tornar-se-á determinante e imperiosa, a breve prazo.
18. Estas considerações não significam o menosprezo nem a
desvalorização do excelente trabalho de muitos e muitos colegas que,
ao longo destes anos, têm dado muito de si para proporcionar um ensino
de qualidade nas escolas que dirigem. O resultado da avaliação das
escolas confirma isso mesmo.
19. Mas, se há questão que empiricamente se conhece do modelo de
gestão existente, os casos de maior eficácia estão, na maior parte das
vezes, intimamente relacionados com lideranças fortes (não confundir
com lideranças autoritárias). Se este parece ser um dos melhores
indicadores de uma gestão eficaz, então devemos procurar garantir a
disseminação desse modelo de liderança.
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