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Magia e Mistério no Tibete


deldebbio | 23 de setembro de 2008

Os aspectos mágicos são sempre lembrados quando se fala sobre o Tibete. Com a vinda do Dalai
Lama ao Brasil, a redação de Bodisatva e o C.E.B. receberam cartas com perguntas que deveriam ser
formuladas a Sua Santidade buscando esclarecer estas questões. Temas como reencarnação,
identificação de lamas reencarnados, oráculos, o exame do budismo pela ciência, a noção de “vazio”
e sua contribuição ao pensamento ocidental, entre outros, são muito relevantes no nosso contexto
cultural, sendo áreas de diálogo e superposições.

Em seu livro “Freedom in Exile”*, S.S. dedica um capítulo inteiro a este tema, cuja tradução e
resumo Bodisatva aqui apresenta. A importância dessa obra pode ser avaliada pelo fato de S.S. ter
ofertado cópias do livro a todas as autoridades com quem trocou presentes e a vários dos
colaboradores do programa de sua visita ao Brasil.


Freqüentemente sou perguntado sobre os aspectos assim chamados “mágicos” do budismo tibetano.
Muitas pessoas no Ocidente querem saber se os livros sobre o Tibete, escritos por pessoas como
Lobsang Rampa e alguns outros, onde se fala em práticas ocultas, são verdadeiros. Também me
perguntam se Shambhala (um país legendário referido em certas escrituras e supostamente oculto nas
regiões desérticas do norte do Tibete) realmente existe. Há também a carta que eu recebi de um
eminente cientista, no início dos anos 60, dizendo que ele havia ouvido que certos lamas são capazes
de realizar certos fenômenos sobrenaturais, e perguntando se ele mesmo poderia realizar
experimentos para determinar a veracidade disso.

Em reposta à primeira destas questões, usualmente digo que a maioria desses livros são frutos da
imaginação e que Shambhala existe sim, mas não em um sentido convencional. Ao mesmo tempo,
seria errado negar que algumas práticas tântricas dão origem a fenômenos misteriosos. Por essa
razão, escrevendo ao cientista, por um lado disse que o que ele havia ouvido estava correto, mas, por
outro lado, tinha que lastimar o fato de que tal pessoa, sobre a qual os experimentos poderiam ser
realizados, ainda não havia nascido! De fato, na época, várias razões práticas tornavam impossível
colaborar em pesquisas desse tipo.

Desde então, no entanto, vim a concordar com a realização de várias investigações científicas sobre a
natureza de certas práticas específicas. O primeiro desses trabalhos foi realizado pelo Dr. Herbert
Benson, que é atualmente o chefe do Departamento de Medicina Comportamental de Faculdade de
Medicina de Universidade de Harvard, EUA. Quando nos encontramos durante a minha visita de
1979, ele me disse que estava trabalhando na análise do que ele chama de “relaxation response”, um

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fenômeno fisiológico encontrado quando uma pessoa entra em um estado meditativo. Ele acreditava
que poderia ir adiante em seu estudo se pudesse fazer experimentos com praticantes muito avançados
de meditação.

Como alguém que crê fortemente no valor da ciência moderna, decidi deixá-lo ir adiante com a idéia,
não sem alguma hesitação. Eu sabia que muitos tibetano não gostavam muito dessa idéia, eles
sentiam que o acesso a essas práticas deveria ser mantido restrito, uma vez que elas vêm de doutrinas
secretas. Por outro lado, argumentei sobre a possibilidade de que os resultados de tal estudo
poderiam beneficiar não apenas a ciência, mas também os praticantes de religião, e poderiam,
portanto, ser de benefício geral para a humanidade.

No evento, Dr. Benson ficou satisfeito por ter encontrado algo extraordinário. (Suas pesquisas foram
publicadas em muitos livros e jornais científicos, entre os quais Nature.) Ele veio à Índia
acompanhado de dois assistentes e trazendo sofisticado equipamento científico, tendo conduzido os
experimentos com alguns monges em mosteiros próximos de Dharamsala, e ao norte, no Ladakh e
Sikkim.

Tais monges eram praticantes de Tum-mo Yoga, excelente para demostrar a eficiência de certas
disciplinas tântricas particulares. Meditando com a atenção nos chakras (centros de energia) e nos
nadis (canais de energia), o praticante é capaz de controlar e suspender temporariamente a operação
dos níveis mais grosseiros da consciência, podendo experienciar níveis mais sutis de consciência. Os
mais grosseiros pertencem à percepção ordinária — tato, visão, olfato, e assim por diante —
enquanto que os mais sutis são os experienciados no momento da morte. Um dos objetos do Tantra é
capacitar o praticante a “experienciar” a morte, pois é aí, então, que surgem as experiências
espirituais mais poderosas.

Quando são suprimidos os níveis mais ordinários de consciência, podem ser observados fenômenos
fisiológicos colaterais. Nos experimentos do Dr. Benson, esses efeitos incluíram a acentuada
elevação da temperatura do corpo (medida internamente por uma termômetro retal e externamente
por um termômetro na pele). Esses acréscimos levaram os monges a secarem lençóis mergulhados
em água fria e enrolados em vota deles, mesmo em temperaturas externas abaixo de zero. O Dr.
Benzon também testemunhou e mediu, de forma semelhante, monges sentados nus sobre a neve. (…)

Sejam quais forem os mecanismos aqui envolvidos, o que mais interessa é a clara visão de que
existem coisas que a ciência moderna pode aprender da cultura tibetana. E mais, eu acredito que
muitas outras áreas de nossa experiência poderiam ser investigadas proveitosamente. Por exemplo,
eu gostaria de organizar algum dia uma experiência sobre os oráculos, que permanecem uma parte
importante da vida tibetana.

Antes de falar disso em detalhe, gostaria de enfatizar que o propósito dos oráculos não é, como
poderíamos supor, simplesmente antever o futuro. Isto é apenas parte do que eles fazem. Além disso,
eles podem ser chamados como protetores ou, em alguns casos, como agentes de cura. Sua principal
função, no entanto, é auxiliar os pessoas em sua prática do Darma. Outro ponto a lembrar é que a
palavra “oráculo”, ela própria, conduz a enganos, uma vez que traz implícito que existem pessoas
que possuem poderes de ser um oráculo. Isto é errado. Na tradição tibetana existem apenas certos
homens e mulheres que atuam como médium entre os mundos natural e espiritual e que são
chamados de kuten, o que significa, literalmente, “base física”. Também é importante enfatizar que,
embora seja de uso corrente falar do oráculo como uma pessoa, isso é feito apenas por conveniência.
De modo mais acurado, eles podem ser descritos como “espíritos” que estão associados a coisas
particulares (por exemplo, uma estátua), pessoas e lugares. Isso não deve, no entanto, implicar na
crença da existência de entidade externas independentes.

Em tempos antigos havia muitas centenas de oráculos por todo o Tibete. Poucos se mantiveram, mas
os mais importantes — os usados pelo governo tibetano — ainda existem. Desses, o principal é

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conhecido como oráculo de Nechung. Através dele se manifesta Dorje Drakden, uma das divindades
protetoras do Dalai Lama.

Nechung veio originalmente para o Tibete com um descendente do sábio indiano Dharmapala,
estabelecendo-se em um lugar da Ásia Central chamado Bata Hor. Durante o reinado do rei Trisong
Dretsen, no oitavo século a.C., ele foi designado pelo mestre tântrico indiano Padmasambhava,
supremo guardião espiritual do Tibete, como protetor do mosteiro de Samye. Subseqüentemente, o
segundo Dalai Lama desenvolveu uma relação muito próxima com Nechung, que nessa época havia
estabelecida uma relação muito próxima com o monastério de Drepung, e após, Dorje Drakden
designado com protetor pessoal dos Dalai Lamas que se sucederam.

Por centenas de anos até os dias presentes, tornou-se tradicional, para o Dalai Lama e para o governo
tibetano, consultar Nechung durante os festivais de ano novo. Mas além dessas oportunidades, ele
poderia ser chamado outras vezes para responder perguntas específicas. Eu mesmo o encontro muitas
vezes por ano. Isso pode parecer estranho para os leitores ocidentais do século XX. Mesmo alguns
tibetanos, que se consideram “progressistas”, não apreciam o meu uso continuado desse método
antigo de buscar a compreensão das coisas. Faço isso pela razão simples de que quando olho para
trás e relembro as muitas ocasiões em que formulei perguntas ao oráculo, em cada uma delas o
tempo mostrou que sua reposta estava correta. Não que eu me baseie apenas nas respostas do
oráculo. Não é assim. Busco sua opinião da mesma forma que busco a opinião do meu Gabinete (o
Kashag), e da mesma forma que busco a opinião de minha própria consciência. Considero os deuses
como minha “casa de cima”. O Kashag constitui minha “casa de baixo”. Á semelhança de outro
líderes, consulto a ambos quando devo tomar uma decisão em assuntos de estado. Além disso,
adicionalmente ao conselho de Nechung, também procuro levar em consideração certas profecias.
Apesar de nossas funções serem similares, minha relação com Nechung é a do comandante com o
ajudante: nunca me inclino a ele, ele é que se inclina ao Dalai Lama. Ainda assim somos muito
próximos, quase amigos.

Ainda que possa parecer surpreendente, as respostas do oráculo raramente são vagas. Como no caso
de minha fuga de Lhasa, ele é freqüentemente muito específico. Ainda assim, creio que seria difícil
que algum tipo de investigação científica pudesse provar conclusivamente a validade de seus
pronunciamentos. O mesmo se dá com outras áreas da experiência tibetana, por exemplo, a questão
dos tulkus. Ainda assim, espero que, algum dia, possa ser realizado algum tipo de experimento com
respeito a esses dois fenômenos.

Na realidade, a tarefa de identificar os tulkus é mais lógica do que pode parecer á primeira vista.
Dada a crença budista no renascimento, e considerando que todo o propósito da reencarnação é
possibilitar ao ser continuar seus esforços em benefício de todos os seres vivos, é uma conclusão
clara que deveria ser possível identificar casos individuais. Isso habilita-os a serem educados e
colocados no mundo de tal forma que continuem seu trabalho o mais rápido possível.

Certamente podem ocorrer eventuais erros nesse processo de identificação, mas as vidas da grande
maioria dos tulkus (atualmente existem algumas centenas deles reconhecido, sendo que antes da
invasão chinesa eram provavelmente milhares os tulkus reconhecidos) são um testemunho de sua
eficácia.

Como disse, todo o propósito de reencarnação é facilitar a continuidade do trabalho de um ser. Esse
fato tem grandes implicações quando se busca pelo sucessor de uma pessoa em particular. Por
exemplo, ainda que meus esforços sejam geralmente dirigidos a auxiliar todos os seres, em particular
eles se dirigem a auxiliar os tibetanos. Portanto, se eu morrer antes dos tibetanos readquirirem sua
liberdade, seria lógico admitir que eu renasceria fora do Tibete. Naturalmente, poderia ocorrer que
meu povo, nessa ocasião, não visse mais utilidade para um Dalai Lama, e nesse caso não se ocuparia
de procurar-me. Assim, eu poderia renascer como um inseto, ou como um animal, de tal forma que
pudesse ser de maior utilidade ao maior número de seres secientes.

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O modo pelo qual o processo de identificação é procedido é também menos misterioso do que se
pode parecer. Começa com um simples processo de eliminação. Digamos, por exemplo, que estamos
buscando a reencarnação de um certo monge. Primeiro, devemos estabelecer quando e onde o monge
morreu. Então, considerando que a nova reencarnação será concebida usualmente em torno de um
ano após a morte de seu predecessor — esta duração sabemos por experiência —, fica já
estabelecido um referencial temporal. Então, se um lama X morre no ano Y, sua nova encarnação
provavelmente nascerá dezoito meses a dois anos após. No ano Y mais cinco, a criança deverá estar
com uma idade entre três e quatro anos: o campo de busca já se estreitou consideravelmente.

A seguir, tenta-se estabelecer o lugar da reencarnação. Usualmente isso é muito fácil. Primeiro,
ocorrerá dentro do Tibete? Se fora, há um número muito limitado de lugares onde seria provável: as
comunidades tibetanas da Índia, Nepal, Suíça, por exemplo. Após, precisaria se decidido em que
cidade a criança seria mais provavelmente encontrada. Geralmente isso é feito buscando-se
referências na vida prévia.

Tendo reduzido as opções e estabelecido os parâmetros do modo descrito, o próximo passo,


usualmente, é organizar o grupo de busca. Isso não significa necessariamente que um grupo de
pessoas deverá ser enviado como se estivessem buscando um tesouro. De modo geral, basta
perguntar a várias pessoas da comunidade para procurar pelas crianças entre três e quatro anos que
poderiam ser candidatos. De modo geral, existem algumas indicações que auxiliam, como
fenômenos incomuns ocorridos quando do nascimento, ou a criança pode exibir características
peculiares.

Algumas vezes, duas, três ou mais possibilidades emergirão neste estágio. Ocasionalmente tal grupo
será inteiramente desnecessário, porque a encarnação anterior deixou informação detalhada,
inclusive com o nome de seu sucessor e de seus pais. Mas isso é rara. Outras vezes, os que buscam o
monge reencarnado podem ter sonhos claros ou visões sobre onde encontrar seu sucessor. De outro
lado, um elevado lama recentemente deu ordens de que sua reencarnação não deveria ser procurada.
Ele disse que melhor seria instalar como seu sucessor a quem quer que pareça capaz de servir ao
Darma do Buda e a sua comunidade, em lugar de preocupar-se com uma identificação precisa. Não
existem regras duras, rígidas.

Se ocorre que muitas crianças surgem como candidatos, é usual que alguém muito próximo à
encarnação anterior venha a fazer o exame final. Freqüentemente essa pessoa será reconhecida por
uma das crianças, o que é uma forte evidência de prova; outras vezes marcas especiais no corpo são
também levadas em consideração.

Algumas vezes o processo de identificação envolve a consulta a oráculos ou a alguém que tenha o
poder de ngon shé (clarividência). Um dos métodos que essas pessoas usam é o Ta, através do qual o
praticante fixa o olhar em um espelho, no qual ele ou ela podem ver a própria criança, ou uma
construção, ou uma palavra escrita. Eu chamo isso de “televisão antiga”. Isto corresponde às visões
que as pessoas tiveram no lago Lhamoi Lhatso, onde Reting Rinpoche viu as letras Ah, Ka, e Ma e
teve a visão de um mosteiro e de uma casa onde começou a buscar por mim.

Algumas vezes eu mesmo sou chamado para dirigir a busca por uma reencarnação. Nessas
circunstâncias, é de minha responsabilidade tomar a decisão final sobre o candidato que deve ser
corretamente escolhido. É importante que diga que eu não tenho poderes de clarividência. Não tive
nem tempo nem oportunidade de desenvolvê-los, apesar de ter elementos para acreditar que o
Décimo Terceiro Dalai Lama tenha tido alguma habilidade nessa esfera.

Como um exemplo de como faço isso, vou relatar a história de Ling Rinpoche, meu antigo tutor. Eu
sempre tive o maior respeito por Ling Rinpoche; mesmo quando eu era uma criança, bastava apenas
ver seu ajudante para ficar com medo, e tão pronto ouvia seus passos, meu coração paralisava. Com
o tempo, vim a valorizá-lo como um de meus maiores e mais próximos amigos. Quando ele morreu,

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não faz muito tempo, senti que a vida sem ele ao meu lado seria muito difícil. Ele havia se tornado
uma rocha sobre a qual eu podia me apoiar.

Estava na Suíça, no verão de 1983, quando pela primeira vez ouvi sobre sua doença: ele havia
sofrido um derrame cerebral e ficara paralisado. Essas notícias me perturbaram muito, ainda que,
como budista, soubesse que de nada adiantaria a preocupação. Tão pronto pude, retornei a
Dharamsala, onde encontrei-o ainda com vida, mas em más condições físicas. Ainda assim, sua
mente continuava aguda como sempre, graças a uma vida de constante treinamento mental. Sua
condição permaneceu estável por muitos meses antes de subitamente deteriorar. Ele entrou em coma,
de onde nunca saiu e morreu em 25 de dezembro de 1983. Mas, como se alguma evidência de ter
sido uma pessoa extraordinária ainda fosse necessária, seu corpo não começou a se decompor antes
de trinta dias após ter sido declarado morto, apesar do clima quente. Era como se ele ainda habitasse
seu corpo, mesmo que clinicamente estivesse sem vida.

Quando olho para trás e vejo o modo pelo qual as coisas ocorreram, fico certo de que a doença de
Ling Rinpoche, com sua duração prolongada, foi inteiramente deliberada, para ajudar a que me
acostumasse com sua ausência. Isso, no entanto, é apenas a metade da história. Como estamos
falando de tibetanos, tudo continua de forma feliz. A reencarnação de Ling Rinpoche já foi
encontrada, e ele é atualmente um garoto muito vivo e espontâneo de três anos de idade. Sua
descoberta foi um exemplo de quando a criança reconhece claramente um membro do grupo de
busca. Apesar de estar com apenas 18 meses de idade, ele chamou pelo nome e se dirigiu sorrindo
para esta pessoa. Subseqüentemente ele identificou corretamente muitos dos pertences de seu
antecessor.

Quando encontrei o menino pela primeiro vez, não tive dúvida sobre sua identidade. Ele comportou-
se de um modo que ficou óbvio que havia me reconhecido. Nessa ocasião eu dei ao pequeno Ling
Rinpoche uma grande barra de chocolate. Ele permaneceu impassível segurando-a, braço estendido e
cabeça inclinada durante todo o tempo em que esteve na minha presença. Não consigo lembrar de
qualquer criança que tenha ficado com algo doce guardado sem abrir e provar, e tenha ficado parado,
em pé, tão formalmente. Então, quando recebi o menino em minha residência e ele foi trazido até a
porta, comportou-se exatamente como seu predecessor. Era evidente que ele lembrava do caminho.
Após, quando entrou na minha sala de trabalho, imediatamente mostrou familiaridade com um dos
meus auxiliares que, nessa época, se recuperava de uma perna quebrada. Em primeiro lugar, essa
pequenina figura solenemente presenteou-o com um kata, e então, cheio de risadas e brincadeiras de
criança, apanhou uma das muletas de Lobsang Gawa e correu em volta, sem parar, como se aquilo
fosse um pau de bandeira.

Outra história muito impressionante sobre o menino refere-se ao tempo em que ele foi levado, na
idade de dois anos, a Bodh Gaya, onde eu deveria dar ensinamentos. Sem que ninguém indicasse a
ele e tendo subido uma escada com suas mãos e joelhos, encontrou minha cama e colocou um kata
sobre ela. Hoje Ling Rinpoche já está recitando as escrituras, ainda que esteja para ser visto se ele,
após aprender a ler, será como alguns dos jovens Tulkus que memorizam textos com uma velocidade
estonteante, como se estivessem apenas pegando novamente o que haviam deixado. Eu conheço
muitas crianças que podem declamar, com facilidade, várias páginas de texto.

Há, certamente, um elemento de mistério nesse processo de identificação dos reencarnados. Mas é
suficiente dizer que, como budista, não acredito que pessoas como Mao ou Churchill apenas
“acontecem”.

Uma outra área da experiência tibetana que eu gostaria muito que fosse examinada cientificamente é
o sistema de medicina tibetana. Além de datar de mais de dois mil anos, derivou de várias diferentes
fontes, incluindo a antiga Pérsia; hoje os princípios são inteiramente budistas. Ela tem uma
abordagem inteiramente diferente da medicina ocidental. Por exemplo, ela afirma que as causas-raiz
da doença são a ignorância, o desejo ou o rancor.

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De acordo com a medicina tibetana, o corpo é dominado pelos três principais nopa, literalmente
“venenos”, mas freqüentemente traduzidos como “humores”. Considera-se que esses nopa estão
sempre presentes no organismo. Isto significa que nunca se pode estar completamente livre das
doenças, pelo menos de seu potencial, mas contanto que esteja em equilíbrio, o corpo mantém-se
saudável. Entretanto, um desbalanço causado por uma das três causas-raiz se manifestará como
doença, o que é diagnosticado pelo pulso do paciente ou pelo exame de sua urina. Também existem
doze principais lugares nas mãos e punhos onde o pulso é examinado. A urina é similarmente
examinada de diferentes maneiras (como cor, cheiro, etc.). Com respeito ao tratamento, o primeiro
aspecto é a dieta; os remédios formam a segunda linha; a acupuntura e moxabustão, a terceira; a
cirurgia, a quarta. Os próprios medicamentos são feitos de materiais orgânicos, algumas vezes
combinados com óxidos de metais e certos minerais (incluindo, por exemplo, diamantes moídos)

Até agora tem havido pouca pesquisa clínica com respeito ao valor do sistema médico tibetano,
ainda que o meu médico pessoal anterior, Dr. Yeshe Dhonden, tenha participado de uma série de
experimentos de laboratório na Universidade de Virgínea, EUA. Ele teve resultados
surpreendentemente bons em curar o câncer em ratos brancos, mas muito mais trabalho será
necessário até que se possa chegar a conclusões definitivas. Com respeito a minha experiência
própria, vejo os medicamentos tibetanos como muito eficientes. Tomo-os regularmente, não apenas
para curar, mas para prevenir-me de adoecer. Percebi que esses remédios promovem um reforço da
constituição física do corpo e têm efeitos colaterais desprezíveis. O resultado é que, apesar de meus
longos dias e períodos intensivos de meditação, eu quase nunca experimento a sensação de cansaço.

Ainda, uma outra área onde acredito que há uma região de diálogo entre a ciência moderna e a
cultura tibetana concerne ao conhecimento teórico e não experiencial. Alguma das mais recentes
descobertas da física de partículas parecem apontar para a não-dualidade entre mente e matéria. Por
exemplo, foi encontrado que se um vácuo (o que significa o espaço vazio) é comprimido, aparecem
partículas onde nada havia antes, o que seria matéria, de alguma maneira, aparentemente inerente.
Essas descobertas parecem oferecer uma área de convergência entre a ciência e a teoria budista
Madhyamika do vazio. Essencialmente, essa teoria afirma que a mente e a matéria existem
separadamente, mas de forma interdependente.

Estou bem consciente, no entanto, do perigo de ligar as crenças espirituais a qualquer sistema
científico. Pois, enquanto o budismo continua sendo relevante dois e meio milênios após seu início,
os fundamentos absolutos da ciência têm uma vida relativamente muito mais curta. Isto não é para
poder afirmar que eu considero que coisas como os oráculos ou a capacidade dos monges de ficarem
ao relento durante noites, em condições de congelamento, seja uma evidência de poderes mágicos.
Ainda assim não posso concordar com nossos irmãos e irmãs chineses, que sustentam que a
aceitação desses fenômenos é uma evidência de nosso atraso e barbárie. Mesmo do mais rigorosos
ponto de vista científico, esta não é uma atitude objetiva.

Ao mesmo tempo, mesmo que um princípio seja aceito, isso não significa que tudo que esteja
conectado com ele seja válido. Por analogia, seria burlesco seguir escravizadamente e sem qualquer
discriminação todas as afirmações de Marx e Lênin, mesmo em face da evidência clara de que o
comunismo é um sistema imperfeito. É preciso manter grande vigilância em áreas onde não temos
grande experiência. Isso, naturalmente, é onde a ciência pode auxiliar. Enfim, só vemos as coisas
como misteriosas quando não as entendemos.

Até agora os resultados das pesquisas que descrevi têm sido benéficos para todas as partes.
Compreendo, no entanto, que esses resultados são tão acurados quanto os experimentos que
conduziram a eles. Além do mais, estou consciente que se algo não é encontrado isso não significa
sua inexistência, isso apenas prova que o experimento foi incapaz de encontrá-lo. Esta é a razão pela
qual precisamos ser cuidadosos em nossas pesquisas, especialmente quando lidando em uma área
onde a pesquisa científica é pequena. É também importante manter em mente as limitações impostas
pela própria natureza. Por exemplo, enquanto a investigação cientifica não pode apreender meus

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pensamentos, isso não significa que eles sejam inexistentes, nem que algum outro método de
pesquisa não possa descobrir algo a respeito deles, e aí é que entra a experiência tibelana. Através do
treinamento mental, desenvolvemos técnicas que a ciência atual não pode ainda explicar
adequadamente. Isto, então, é a base da suposto “magia e mistério” do budismo tibetano.

Por: Dalai Lama.

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Magia Prática, Religiões
Tags
Magia, Ocultismo, Religiões

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11 repostas

Mto bom. Sempre fui fascinado pelo Tibete, por autores como

Tiago+1 | 23 de setembro de 2008

Mto bom. Sempre fui fascinado pelo Tibete, por autores como Lobsang Rampa, sempre gostei mto
do Budismo e Lamaismo… e de praticamente tudo o que vem de lá.
Obrigado pelo texto.

[...] Magia e Mistério no Tibete - A Deusa Demeter

Queima ele, Jesus! - parte I | Sedentário & Hiperativo | 24 de setembro de 2008

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Eu li há algum tempo um livro chamado "Magia e

Spider Jerusalem | 25 de setembro de 2008

Eu li há algum tempo um livro chamado “Magia e Mistérios do Tibete”.


Muito bom o livro, falava sobre várias coisas interessantes tipo a origem do símbolo do Nazismo, os
monges que meditam nús sobre a neve e talz…

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Muito interresante esse assunto...

macilio oliveira | 26 de setembro de 2008

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"Por: Dalai Lama." Pegadinha do malandro hein, e eu achando

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“Por: Dalai Lama.” Pegadinha do malandro hein, e eu achando que tivesse sido você quem escreveu.

Queria que Shambala existisse, iria explicar muitas idéias que eu estava tendo agora.

Marcelo, você já assistiu o filme “Ponto de Mutação” (MindWalk)? Eu acho que já deve ter
assistido, mas se não tiver assistido corra pra assistir, é um diálogo entre um mulher que estuda física
quântica, um poeta e um político cético.

A mulher simplesmente demonstra tudo que conhecemos por ocultismo e muito que se é pensado no
budismo através da física quântica, além de questionar a todo momento o verdadeiro papel da ciência
e a que caminho está nos levando. É genial!!

Acho que deveria ser o filme de “cabeceira” de sua coluna no sedentário (Ó, antes de tudo assistam
esse filme!)

É isso, fica a dica, abraço.

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"O TODO é Mente; O Universo é Mental."

Gustavo Rodrigues Guerra | 31 de outubro de 2008

“O TODO é Mente; O Universo é Mental.”

[...] os Rituais e o Tempo - As Quatro Nobres

The Corporation | Sedentário & Hiperativo | 26 de novembro de 2008

[...] os Rituais e o Tempo - As Quatro Nobres Verdades - Três Conselhos Úteis em Magia Prática -
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Espíritos da natureza - Os [...]

Acho que você vai gostar dos posts que eu fiz

karinasurya | 19 de dezembro de 2008

Acho que você vai gostar dos posts que eu fiz sobre o livro Iniciações Tibetanas de Alexandra
David-Néel!

[...] Continue lendo sobre Magia e Mistério no Tibete. [...]

Magia e Mistério no Tibete « Teoria da Conspiração | 8 de janeiro de 2009

[...] Continue lendo sobre Magia e Mistério no Tibete. [...]

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