SEGUNDA-FEIRA, 31 DE AGOSTO DE 2009

O ESTADO DE S. PAULO
ECONOMIA
ECONOMIA B5
B5

A ERA DO PRÉ-SAL q

Frases ...
Petrobrás sai como a grande ❝ apenas pequenos
O governo fará

ajustes no marco

vencedora na disputa do pré-sal regulatório do setor de

Empresa, que temia perder poder com criação da nova estatal, será operadora em todos os blocos
Kelly Lima
RIO
Nadisputaporinteressespriva-
dos, políticos ou estatais duran-
te as discussões que permea-
no e passaria a fazer contratos
de partilhas com as empresas
privadas (entre elas, a Petro-
brás) para a exploração do óleo.
Naépoca, emumdos poucosco-
mentários sobre o tema duran-
capitalização pela União e a ga-
rantia de operação de todos os
blocos do pré-sal.
Inicialmente, a proposta pa-
ra que a empresa ficasse com a
operação previa um porcentual
tidores há uma clara divisão de
opiniões sobre o fortalecimento
da Petrobrás. Entre os maiores
grupos, como Exxon e Shell, a
operação exclusiva da Petro-
bráséapenas“engolida”edeve-
às companhias que já atuam
como parceiras da Petro-
brásno pré-sal,a possibilida-
de de ter a estatal como ope-
radora é mais do que bem-
vinda: é “desejada”. “Não há
petróleo por causa da
descoberta de reservas
gigantes em águas
ultra-profundas na Bacia
de Santos. Não acredito
que seja uma
instabilidade regulatória
como estão dizendo”
Nelson Hubner
Em 28/11/2007, quando era
ministro de Minas e Energia

ramasreuniõesdaComissãoIn-
terministerial, criada para dis-
cutir o pré-sal, ao longo do últi-
mo ano, há pelo menos um con-
senso:aPetrobrássagrou-seco-
mo a grande vitoriosa.
Nos primeiros encontros, se-
gundo fontes ligadas aos mem-
bros da comissão, a companhia
começou em baixa, despresti-
te o ano em que se desenrola-
ram as discussões, o próprio
presidente da companhia, José
Sérgio Gabrielli, posicionou-se
contrário à criação dessa nova
empresa.
Durante os meses que se se-
guiram, com ânimos um pouco
acalmados,ospapéisdanovaes-
tatal e da Petrobrás foram se
para a Petrobrás de, no máxi-
mo, 10%. A proposta foi forte-
mente rechaçada pela compa-
nhia, que encontrou aval para
subsidiar seus argumentos em
uma recomendação na legisla-
ção da Agência Nacional do Pe-
tróleo(ANP) dequeasoperado-
ras de um bloco não deveriam
ter menos de 30%.
rá ser “digerida”, segundo uma
fonte do mercado.
“Essasempresastradicional-
mentepreferemserasoperado-
ras dos próprios negócios e,
poucas vezes, concordam em
entrar em algum projeto com
menos poder de decisão”, disse
a fonte, para quem a operação
exclusiva da Petrobrás pode
❝ peculiaridades. Nosso
hoje quem detenha mais Cada país tem suas
know-how, mais técnica,
mais conhecimento para ex-
plorar o pré-sal. É melhor modelo será o
ser parceiro dela do que dis- modelo brasileiro”
putar uma área com ela em
leilão. Preferimos disputar o Guido Mantega
Ministro da Fazenda (23/8/2009)
porcentual restante com ou-
trosgruposquedetêmomes-
mo nível de conhecimento a

❝ mais receita por causa

giada pela proposta de criação
de uma nova estatal que ficaria
comtodasasreservasdo gover-
definindo e a companhia come-
çoua brigar poralgo queinicial-
mente seria impensável: uma
Se oficialmente as empresas
privadasaindanãoseposiciona-
ramsobreesseaspecto,nosbas-
acarretaremdiminuiçãodatro-
ca de tecnologia.
Para outro executivo, ligado
enfrentar a Petrobrás. É me-
lhor casar logo e manter essa
parceria segura.” ●
WILTON JUNIOR /AE–2/9/2008
Se o governo quer
das grandes reservas de
petróleo do pré-sal, basta
que aumente o porcentual

Petrobrás começou de royalties e das

participações especiais
a serem pagos pelas
empresas petrolíferas

perfuração há 4 anos concessionárias”

Francisco Dornelles
Senador (PP/RJ - 14/8/2009)

Primeira descoberta ocorreu na Bacia de Santos

❝ feita numa
A Lei do Petróleo foi

Os primeiros passos para a ex-
ploraçãodo pré-sal no Brasil fo-
ram dados há quatro anos,
quando a Petrobrás anunciou
sua primeira perfuração abai-
xo da camada de sal, em águas
profundas. Na ocasião, a esta-
tal comemorava o recorde de
profundidade de perfuração.
Foram 6,4 mil metros atingidos
num poço exploratório na Ba-
cia de Santos, a 200 km da cida-
de do Rio de Janeiro.
Embora já se falasse numa
nova fronteira exploratória,
nessaprimeirainvestida,aesta-
talnãoinformousehaviaencon-
trado petróleo ou gás. A confir-
mação de que a camada abaixo
do sal continha mesmo petró-
leo só ocorreu em em outubro
de 2006, quando a Petrobrás
anunciou a descoberta de óleo e
gás leve na Bacia de Santos.
De lá para cá, uma sucessão
de descobertas foi aos poucos
confirmando o desenho de uma
região com um grande poten-
cial para a exploração de petró-
leo. Com isso, o País começou a
se ver mais próximo de chegar
à autossuficiênciano combustí-
vel, alcançada no ano seguinte.
E mais: o achado alimentou es-
peranças de que o Brasil, um
dia, faça parte do clube de ex-
portadores.
“(OBrasil)devepassaraopa-
tamar onde estão os países ára-
bes e a Venezuela”, disse a mi-
nistra-chefe da Casa Civil, Dil-
ma Rousseff, em 2007, na oca-
sião da divulgação da primeira
projeção para o campo de Tupi.
Omegacampo,comreservas es-
timadas entre 5 e 8 bilhões de
barris de petróleo, aumentaria
em 50% as reservas do País.
“Reservas como essa podem
transformar o Brasil num país
exportador de petróleo.”
“O Brasil está diante da des-
coberta de sua maior província
petrolífera”, afirmou José Sér-
gio Gabrielli, presidente da Pe-
trobrás, na ocasião. Segundo
ele, Tupi é apenas “uma peque-
na parte da nova fronteira.”
Meses antes, a Petrobrás
também havia anunciado que
encontrou petróleo no litoral
do Espírito Santo.
Em seguida ao anúncio de
Tupi, o governo retirou os 41
blocos do pré-sal da licitação de
áreaspetrolíferasque seriarea-
lizado pela Agência Nacional
Reservas gigantes
trouxeram a
autossuficiência
de petróleo
do Petróleo (ANP). O grande
potencial da área fez o governo
adiar as concessões, para que
pudesse estudar primeiro co-
mo explorar melhor a riqueza.
Mesmo com o adiamento, a
agência registrou arrecadação
recorde, de R$ 2,109 bilhões na
rodada de licitações. Novos lei-
lõesforam suspensos no fim da-
quele ano e retomados somente
no fim de 2008, apenas para lo-
tes terrestres.
Depois de Tupi, as descober-
tas se tornaram mais frequen-
tes. Quarenta e dois dias de-
pois, a estatal anunciou outra
descoberta de óleo, no campo
depois batizado de Carioca.
No início de 2008, a Petro-
brás anunciava a descoberta
da reserva de gás de Júpiter.
Após essa sequência de suces-
so exploratório, o diretor de ex-
ploração da estatal, Guilherme
Estrella, afirmou que o o risco
estava praticamente descarta-
do.
Embalada pelas descober-
tas, a Petrobrás ultrapassou a
Microsoft no ano passado e se
tornou a terceira maior empre-
sa das Américas em valor de
mercado. Capitalizada e num
cenário de alta do barril de pe-
tróleo, a estatal anunciou paco-
tes gigantesde encomendaspa-
raa indústrianaval em maioda-
quele ano.
NOVA LEI DO PETRÓLEO
As discussões políticas tam-
bém não tardaram a surgir.
Um dos primeiros a levantar a
alteração na Lei do Petróleo foi
o próprio presidente da Petro-
brás, José Sérgio Gabrielli. Ele
defendeu a mudança como for-
ma de dar mais poder ao Esta-
do na exploração, em junho do
ano passado.
O episódio fez com que o go-
vernador do Rio, Sérgio Cabral
saísse em defesa dos royalties
de petróleo. Para discutir a ins-
tituiçãodeumnovomarcoregu-
latório para o setor, o governo
criouuma comissãointerminis-
terial, cujos trabalhos começa-
EXTRAÇÃO – Lula celebra a primeira retirada de petróleo em 2008
ram oficialmente em julho do
ano passado.
Em 2 de setembro de 2008,
quando ocorreu a retirada do
primeiro óleo do pré-sal, na ba-
cia do Espírito Santo, a discus-
são política já havia avançado
sobre a criação de uma outra
estatal para gerir o pré-sal.
No início de 2009, foi a vez de
companhias privadas estran-
geirasanunciaremsuas primei-
ras descobertas na área do pré-
sal. A americana ExxonMobil
confirmouduasdescobertasen-
tre janeiro e março, seguida
pela britânica BP, em abril.
Nessamesma época,a Pe-
trobrás iniciou seus testes
de produção em Tupi. Em ju-
lho, no entanto, o teste foi
suspenso após uma falha nos
equipamentos.
Também em julho foi con-
firmado o primeiro poço se-
co do pré-sal, por parte da
americana Hess Corpora-
tion na área de Guarani. Ca-
so semelhante ocorreu em
agosto com a BP. ●
circunstância em que
havia alto risco e falta de
capital, que é diferente (da
atual). Quando se tem uma
situação de definição de
regras, você compete de
acordo com elas. Quem, no
Brasil, tem melhor
condição de competir
quaisquer que sejam as
regras? A Petrobrás”
José Sérgio Gabrielli
Presidente da Petrobrás (9/12/2007)
“Cada país tem suas
peculiaridades. Nosso
modelo não será o
da Noruega, o da
Rússia, o da Venezuela ou
de qualquer outro país.
Será o modelo brasileiro”
Guido Mantega
Ministro da Fazenda (23/8/2009)
“Propus uma discussão,
não tem nada acabado.
O (José Sérgio) Gabrielli
é representante de uma
empresa privada, com
60% de capital privado.
Portanto, torce pelos
interesses da empresa.
Eu defendo o povo
brasileiro.”
Edison Lobão
Ministro de Minas e Energia (1/7/2009)

BANCO RODOBENS S.A.

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Balanço Patrimonial em 30 de Junho de 2009 e 2008 R$ mil Demonstração do Resultado R$ mil

Ativo 2009 2008 Passivo 2009 2008 Semestre findo

CIRCULANTE E REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 514.677 442.735 CIRCULANTE E EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 446.501 371.327 em 30 de junho
Disponibilidades 811 2.056 Depósitos 94.524 120.767 2009 2008
Aplicação interfinanceira de liquidez 88.101 75.964 Obrigações por empréstimos 29.414 28.359 Receitas da intermediação financeira 58.607 38.476
Títulos e valores mobiliários 14.724 38.635 Obrigações por empréstimos e repasses 265.286 189.570 Despesas da intermediação financeira (43.540) (24.597)
Relações interfinanceiras 2.041 1.806 Instrumentos financeiros derivativos 3.499 - Resultado bruto da intermediação financeira 15.067 13.879
Operações de crédito 392.369 312.969 Outras obrigações 53.778 32.631 Outras receitas (despesas) operacionais 5.370 7.590
Operações de arrendamento mercantil (3.263) (314) RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS 823 - Resultado operacional 20.437 21.469
Outros créditos 11.566 7.477 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 266.851 232.993 Resultado não operacional 2.037 507
Outros valores e bens 8.328 4.142 Capital - de domiciliados no país 150.000 150.000 Resultado antes da tributação 22.474 21.976
PERMANENTE 199.498 161.585 Reserva de capital 173 737 Imposto de renda e contribuição social (5.668) (2.995)
Investimentos 91.276 83.517 Reserva de lucros 116.678 7.704 Participação no resultado (323) (127)
Imobilizado 658 464 Lucros acumulados - 74.552 Lucro líquido do semestre 16.483 18.854
Imobilizado de arrendamento 107.422 77.362 Lucro por ações (R$ 1,00) 0,110 0,126
Diferido 142 242
A Diretoria
TOTAL DO ATIVO 714.175 604.320 TOTAL DO PASSIVO 714.175 604.320 Carlos Fernando Carrasco - Contador - CRC 1SP185203/O-1

A íntegra das Demonstrações Contábeis está sendo publicada no jornal "DCI - Comércio, Indústria e Serviços" (edição de 31.08.2009).