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Avaliando o desempenho
no Enade de bolsistas
do ProUni
Expediente
Na Medida é uma publicação eletrônica bimestral coordenada pela Dired/Inep e visa à qualificação do
debate sobre a educação no País a partir da disseminação de análises técnicas a um público amplo.
1 Quem quer ser professor no Brasil? O que o Enem nos diz ........................................ 5
Editorial
Uma das funções da coleta e do tratamento dos dados educacionais é poder gerar
indicadores para que estes subsidiem políticas públicas para melhoria da educação. Outro
texto deste boletim apresenta uma visão geral sobre os chamados municípios prioritários.
Foram definidos como prioritários os municípios de pior resultado no Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que foram os primeiros a receber assistência 3
do Ministério da Educação (MEC). O texto apresenta os critérios utilizados para essa seleção,
quais são esses municípios e a evolução de seu Ideb entre 2005 e 2007.
Além disso, os dados produzidos permitem que sejam feitas análises de diversos
aspectos das políticas educacionais em andamento no País. Um exemplo é o texto que
busca verificar se alunos bolsistas do Programa Universidade para Todos (ProUni) teriam
desempenho no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) pior que os
demais alunos dos cursos de ensino superior, o que indicaria uma possibilidade de
queda na qualidade dos cursos, após a inclusão dos bolsistas.
Nesse sentido, sabe-se que a forma como os professores tomam essas decisões e
desenvolvem seu trabalho diariamente depende de diversos aspectos, que vão desde a
sua motivação e o seu grau de adesão e comprometimento com essas políticas até os
recursos que têm disponíveis, como infraestrutura, material de apoio, orientação e,
principalmente, seus próprios conhecimentos e habilidades.
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Desse modo, cada vez mais tem sido ressaltada a necessidade de se atrair e
selecionar profissionais com alto nível de conhecimentos e habilidades para a carreira
docente. Em relatório divulgado pela consultoria McKinsey & Company, em 2007, chama
a atenção o dado que indica que todos os dez países1 com as melhores notas no
Programme for International Student Assessment (Pisa) da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) selecionam os professores dentre os
30% melhores graduados. Na Finlândia, esse percentual se reduz para 10% e na Coréia
do Sul, para 5% dos melhores graduados.
Embora a partir dos dados do Enem não seja possível saber se de fato o candidato
entrou em um curso superior de formação de professores e nem se um dia será
selecionado para ingressar na carreira docente por meio de concurso público,2 a
resposta de candidatos que estão em uma faixa etária de escolha da profissão – aqui
definida entre 17 e 20 anos – é um importante indicativo de sua intenção no momento
da realização do Exame. Esses dados permitem que seja feita uma análise do perfil de
alunos atraídos para o magistério no País, incluindo a nota que eles obtêm no Exame.
Vale ressaltar que, ainda para as demais variáveis testadas – como cor/raça do
candidato, se o candidato trabalha e sua participação em organizações como grêmios
estudantis, dentre outras –, os resultados encontrados apontaram para diferenças de
probabilidade bem pequenas – de menos de um ponto percentual.
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GRÁFICO 1 COMPARATIVO DO NÚMERO DE MATRÍCULAS NO ENSINO REGULAR DA EDUCAÇÃO
BÁSICA NA REDE PÚBLICA – CENSO ESCOLAR E PNAD (EM MIL) – BRASIL
Fonte: Elaboração Deed/Inep, a partir de dados do Censo Escolar/Inep e da Pnad/IBGE
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3 Avaliando o desempenho no
Enade de bolsistas do ProUni
O Programa
O Programa Universidade para Todos (ProUni) foi criado em 2004 com a finalidade
de conceder bolsas de estudo em cursos de ensino superior de instituições privadas.
Em contrapartida, concede isenção de alguns tributos às instituições de ensino que
aderem a ele.1
Por meio do ProUni, o Governo Federal busca ampliar o acesso ao ensino superior
no País e contribuir para o cumprimento de uma das metas do Plano Nacional de
Educação, o qual prevê o atendimento em educação superior até 2010 para, pelo menos,
30% dos jovens de 18 a 24 anos.2
Para candidatar-se a uma bolsa do ProUni, o estudante deve ter cursado o ensino
médio na rede pública ou na rede particular na condição de bolsista integral e obter
nota mínima de 45 pontos na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).3 Para
concorrer a uma bolsa integral, o candidato deve ter renda familiar per capita máxima
de 1,5 salário mínimo, e para a bolsa parcial, deve estar entre 1,5 e 3 salários mínimos.
O único caso em que não é necessário comprovar a renda é o de professores da rede
pública de ensino básico, em efetivo exercício do magistério, que integrem o quadro
permanente da instituição e estejam concorrendo a vagas em cursos de licenciatura,
normal superior ou pedagogia. E o único caso em que o candidato pode ter cursado o 15
ensino médio integral ou parcialmente em escolas privadas, sem bolsa, é o de portadores
de necessidades especiais (PNEs). Adicionalmente, o Programa reserva cotas para PNEs
e para os autodeclarados indígenas, pardos ou pretos4 – sendo que o cotista também
deve se enquadrar nos demais critérios de seleção descritos.
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redação.
O percentual de bolsas
A qualidade acadêmica dos alunos bolsistas
destinadas aos cotistas é Como acontece na implementação de grande parte das políticas de inclusão na
igual àquele de cidadãos
pretos, pardos e indígenas,
área da educação, foram levantados questionamentos relativos a uma possível queda
em cada Estado, segundo o na qualidade do ensino nos cursos superiores, devido à entrada dos bolsistas do ProUni.
último censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e
Esses questionamentos estavam baseados no pressuposto de que os bolsistas do ProUni
Estatística (IBGE). seriam academicamente mais fracos que os alunos pagantes e comprometeriam o nível
das turmas. Do outro lado, os responsáveis pelo Programa afirmavam que a exigência
de que o candidato tire uma nota mínima no Enem, aliada aos demais critérios, teria
justamente a intenção de conjugar a inclusão à qualidade e ao mérito dos estudantes
com melhores desempenhos acadêmicos.
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A nota utilizada na análise é a
nota geral do aluno no exame,
composta de 25% da nota de
formação geral e 75% da nota
do componente específico. Fonte: Elaboração Dired/Inep, a partir de dados do Enade 2007
A Tabela 2 mostra quantos cursos estão contidos na amostra utilizada neste estudo
e quantos são os cursos de instituições privadas que participaram do Enade 2007,
indicando que o número de cursos com alunos bolsistas do ProUni avaliados – os quais
foram utilizados nesta análise – representam uma parcela significativa desses cursos.
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As demais áreas avaliadas em
2007 foram: Educação Físi-
ca, Fonoaudiologia, Nutri-
ção, Tecnologia em Agroin-
dústria, Terapia Ocupacional
e Zootecnia.
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Os resultados estatisticamen-
te significativos a 1% estão
destacados em negrito nas
Tabelas 3 e 4. Fonte: Elaboração Dired/Inep, a partir de dados do Enade 2007
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para os alunos concluintes dessas áreas. Apenas duas áreas apresentaram coeficientes
estatisticamente significativos: Biomedicina e Tecnologia em Radiologia. E aqui sim,
pode-se afirmar estatisticamente que os concluintes com bolsa ProUni possuem média
maior que os alunos concluintes sem bolsa ProUni.
De uma maneira geral, os resultados indicam ser muito pouco provável que a
inclusão dos alunos bolsistas tenha piorado a qualidade dos cursos de um modo geral,
já que o desempenho deles parece ser igual ou superior ao de seus colegas de curso.
A seleção dos municípios foi feita com base no Ideb dos anos iniciais do ensino
fundamental da rede municipal de ensino. Os seguintes critérios foram adotados:
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1) inicialmente foram selecionados os 1000 municípios de mais baixo Ideb (os
que empataram na milésima posição também foram selecionados);
2) em seguida, para evitar que algum Estado ficasse sem representação, foram
selecionados os municípios de mais baixo Ideb dentro de cada Estado (até 20
municípios), incluindo os já selecionados no primeiro passo (novamente, os que
1
De fato, a partir do lançamen- empataram na vigésima posição também foram incluídos). Para um município ser
to do Plano de Desenvol-
vimento da Educação (PDE), incluído, no entanto, o respectivo Ideb deveria estar abaixo da média nacional.
em 2007, todas as transfe-
rências voluntárias e assistên-
cia técnica do MEC aos muni- Assim, pode acontecer de um ou mais Estados ficarem com mais ou menos de 20
cípios, Estados e Distrito
Federal estão vinculadas à municípios na lista. Por exemplo: se um determinado Estado tem 30 municípios e todos
adesão ao Plano de Metas
Compromisso Todos pela estão entre os mil selecionados inicialmente, todos os 30 estão incluídos. Se outro
Educação e à elaboração do Estado também com 30 municípios tem apenas 8 selecionados entre os mil, então
Plano de Ações Articuladas
(PAR). Atualmente, todos os serão selecionados mais 12 para completar os 20 municípios por Estado, respeitando
26 Estados, o Distrito Federal
e os 5.564 Municípios assina- as regras de o Ideb ser menor que a média nacional e de todos os empatados serem
ram o Termo de Adesão ao incluídos. Portanto, esse Estado pode, ao final, permanecer com 8 municípios ou até
Plano de Metas do PDE.
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Em 2005, foram selecionados
ter 20 ou mais na lista dos prioritários.
1.242 municípios brasileiros;
em 2007, 1.412 municípios.
Se considerarmos os municí- A distribuição pelo País dos municípios dessa seleção, que ficou conhecida como
pios que foram selecionados
em 2005 ou em 2007, temos
a “Lista dos Municípios Prioritários”,2 pode ser observada na Tabela 1 e nos Gráficos 1
1.827 municípios. e 2.
TABELA 1 NÚMERO E PERCENTUAL DE MUNICÍPIOS POR ESTADO QUE COMPUSERAM A “LISTA DOS
MUNICÍPIOS PRIORITÁRIOS” – 2005/2007
A Bahia é o Estado com a maior participação, com 15% dos municípios prioritários. 20
Em seguida, estão os Estados da Paraíba e do Piauí, com 8% cada. Essa maior participação
dos Estados do Nordeste também pode ser visualizada nos Gráficos 1 e 2. As áreas
vermelhas representam os municípios prioritários, que estão claramente concentrados
nas regiões Nordeste e Norte.
Para cada um dos Estados brasileiros, foi calculada a razão entre o número de
municípios prioritários e o total de municípios do Estado – apresentada no Gráfico 3. 21
Para o Brasil como um todo, dos 5.564 municípios brasileiros, 22,3% e 25,4% entraram
na lista de prioritários em 2005 e em 2007, respectivamente.
Em 2007, nos Estados do Acre e do Amapá, mais de 90% dos municípios são
prioritários. No Acre, esse número é constante nos dois anos, mas, no Estado do Amapá,
essa proporção aumentou significativamente – de 70% para 94% – entre 2005 e 2007.
Por outro lado, nos Estados da Região Sul do País, em São Paulo e em Minas Gerais, a
porcentagem de municípios prioritários é bem pequena.
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ainda têm que percorrer para alcançar o Ideb de países desenvolvidos. Em média, esses
municípios têm que aumentar o Ideb em quase 3 pontos para alcançar o valor 6. Esses
aumentos não são pequenos: conciliar melhora de fluxo escolar com melhora no
aprendizado demanda um real comprometimento com a qualidade da educação.
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