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Administração Pública
Fábio Zugman
Resumo
1. INTRODUÇÃO
O índice pode ser aplicado em qualquer tipo de conselho onde os membros têm ou
não o mesmo número de votos. A partir desse estudo, muitos outros foram
realizados em diversas situações, sendo reconhecido como uma abordagem válida
para se medir a distribuição de poder.
2. HAMILTON E A REPRESENTATIVIDADE
“A Teoria dos Jogos é uma teoria de tomada de decisão, ela preocupa-se como um
indivíduo deve tomar uma decisão e, em uma menor extensão, como ele realmente
a toma” (Davis pg 3, tradução nossa). A Teoria dos Jogos preocupa-se com as
decisões tomadas por um indivíduo cujo ambiente responde às suas ações. Um
general não delineia simplesmente a melhor estratégia para seu exército, ele define
suas ações com base nas respostas que consegue prever de seu adversário.
“Estratégia é um plano tão completo que não pode ser perturbado pela ação de um
inimigo ou da natureza” (Williams, 1966, tradução nossa) Entende-se que toda
ação de um inimigo ou da natureza, juntamente com a ação do jogador fazem
parte da descrição da estratégia. Uma estratégia, não necessariamente será
sempre a melhor ou a mais benéfica para o jogador. Um jogador de pôquer pode
baixar suas cartas sempre na primeira rodada.
Lloyd Shapley (1953) considerou o jogo do ponto de vista dos jogadores, tentando
responder à questão: Qual o valor de um jogo para um jogador em particular?
Matematicamente o Valor de Shapley, V(I), pode ser encontrado para um jogador I
em um dado jogo através dos seguintes passos:
Para cada coalizão S, seja D(S) a diferença entre os valores da coalizão S e a
coalizão S sem o jogador I (se I não estiver em S, D(S)=0). Para cada coalizão S
compute: [(s-1)!(n-s)!/n!]*D(S) onde s é o número de jogadores na coalizão S, n é
o número de jogadores no jogo. Somando todos os resultados de todas as coalizões
S, encontra-se o valor de Shapley.
John Banzhaf (1965) propôs uma variação para o cálculo do índice de poder de
Shapley considerando a possibilidade de não haver comunicação ou capacidade de
coligação entre todos os jogadores. No entanto, o índice de Shapley ainda é
considerado o mais adequado para problemas de votação em assembléias por
existir uma boa comunicação entre as partes. (Winkler, 1998)
4. METODOLOGIA
O presente estudo procura analisar a representatividade e a distribuição de poder
na Câmara dos Deputados do Brasil a partir do uso de conceitos advindos da Teoria
dos Jogos. Realizou-se uma breve descrição da Teoria dos Jogos e de seus
principais conceitos utilizados nessa pesquisa, são eles: Valor de Shapley e Valor A
Priori de um jogador.
5. ABORDAGENS DE ANÁLISE
A partir da população das regiões e o número de deputados que cada uma elege,
obtemos a seguinte tabela:
Observa-se que a representatividade não é semelhante para todas as regiões,
enquanto na região Norte, existe 1 deputado para cada 198.472 habitantes
aproximadamente, na região Sudeste, este número sobe para 404.538, mais que o
dobro.
Deve-se, contudo, atentar para o fato de que se as seis unidades federativas com
mais representantes - que pela tabela possuem 54,33% do poder - formassem uma
coligação elas venceriam sempre, já que detêm 269 votos, ou seja, teriam então,
pelo cálculo do Valor de Shapley, um índice de poder de 100%. Assim observa-se
que a soma do poder de jogadores distintos é diferente do poder de uma coalizão
formada por estes mesmos jogadores.
Através dos dados da tabela acima, pode-se observar que os quatro partidos com
maior número de representantes na Câmara, possuem juntos 300 cadeiras, o que
significa 60,75% do poder em uma votação em que é necessária metade mais um
dos votos, e 60,96% do poder em uma votação em que são necessários 3/5 dos
votos.
Um fenômeno interessante é que neste segundo tipo de votação, mesmo tendo seu
poder aumentado, esses partidos não teriam - apenas com seus votos - condições
de impor sua vontade, uma vez que são necessários 308 votos para a aprovação.
Mas por que isso ocorre? Como um grupo de quatro partidos no caso da votação de
maioria simples, detendo 60,75% do poder consegue ter o número de votos
necessários para passar sua proposta, e na votação de 3/5 dos votos, tendo
60,96% do poder, não consegue? Para esclarecer este fenômeno, na tabela a
seguir foi realizada uma simulação onde esses quatro partidos foram considerados
um único partido.
O que acontece nesse exemplo pode ser explicado entendendo-se que nos dois
casos, os índices 60,75% e 60,96% de poder, respectivamente, dos quatro
principais partidos representam apenas a soma de seus índices de poder
individualmente. Essa porcentagem não representa o índice de poder de uma
aliança entre esses partidos. Em outras palavras, a soma dos índices de poder dos
partidos não é igual ao índice de poder da coligação formada por eles.
Para que o índice de uma eventual coligação seja calculado é preciso considerar
todos em uma mesma aliança como apenas 1 jogador, ou seja, todas as decisões e
movimentos são realizados em uníssono.
Analogamente a sobernia popular também deveria ser exercida com valor igual
para todos na constituição do poder legislativo nacional. Na tabela abaixo, foi
realizado o cálculo do índice de poder que cada habitante possui, alcançado através
da divisão do índice de poder que a unidade federativa detém pelo seu número de
habitantes.
Em seguida, para melhor análise das distorções, realizou-se a padronização relativa
ao estado de São Paulo, cujo índice de poder por habitante foi o menor encontrado.
O número final demonstra quantos habitantes de São Paulo equivalem a um
habitante de outro estado.
Essa análise traz consigo um dilema interessante: O estado mais poderoso, São
Paulo, possui uma população cerca de 114 vezes maior que Roraima, estado que se
encontra entre os menos poderosos. Em uma tentativa teórica de equalizar a
representatividade dos dois estados de forma que a relação habitantes/deputado
fosse a mesma, o índice de poder de um habitante de São Paulo tornar-se-ia maior
que o de um habitante de Roraima, o que levaria a um novo problema.
Este resultado foi encontrado recalculando-se o índice de poder de cada unidade
federativa, agora assumindo que todas possuem a mesma relação de
representatividade. A conclusão foi de que o índice de poder do estado de São
Paulo seria cerca de 150 vezes maior que o de Roraima, ou seja, seriam
necessários 1,3 habitantes de Roraima para igualar o índice de poder de 1
habitante de São Paulo.
7. LIMITAÇÕES DO ESTUDO
8. CONCLUSÕES
Esse artigo procurou demonstrar como a Teoria dos Jogos pode ser aplicada para
analisar a dinâmica em processos de votações. A teoria utilizada permitiu identificar
características do processo deliberativo da Câmara dos Deputados em face de uma
visão teórico-empírica.
Procurou-se trazer uma análise científica baseada na Teoria dos Jogos à arena
política, buscando incentivar o debate sobre o processo democrático do país,
processo essencial à construção de uma sociedade mais equilibrada.
À medida que a Teoria dos Jogos é desmistificada, procura-se estimular o seu uso
em situações práticas, demonstrando como ela pode ser aplicada no auxílio ao
planejamento e análise de situações de conflito e cooperação em processos de
decisão coletiva em empresas, conselhos deliberativos, assembléias ou quaisquer
outras instâncias em que um grupo necessite tomar uma decisão.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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