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ENTREVISTA

Jimmy Wales, criador da


Wikipedia, em entrevista
exclusiva a nossa equipe

http://revista.espiritolivre.org | #003 | Junho 2009

WIKI
E OS NOVOS MODELOS DE
CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO

INVESALIUS NETBSD BLUEPAD


Por dentro do corpo Aprenda a instalar o NetBSD Controle seu PC com
humano passo-a-passo GNU/Linux pelo celular
COM LICENÇA

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |02


EDITORIAL / EXPEDIENTE

Colaboração: EXPEDIENTE
Diretor Geral
questão de sobrevivência João Fernando Costa Júnior

Editor
E cá estamos com a terceira edição. Como devem ter percebido, mal João Fernando Costa Júnior
completamos um mês desde a edição n. 2 e já está saindo outra... Esperamos
continuar com a regularidade de disponibilizar as novas edições entre a primei- Revisão
ra e a segunda semana de cada mês. Marcelo Tonieto
Com o tema de capa, Wiki e os novos modelos de construção de conhe-
cimento, tivemos a colaboração de uma galera bacana que agregou ainda Arte e Diagramação
mais à publicação, como vocês poderão ver. Viktor Chagas, da Comunidade João Fernando Costa Júnior
Overmundo e Yuri Almeida, do Blog Herdeiro do Caos e tantos outros que
contribuiram de forma excelente com esse assunto, sobre o qual há muito que Capa
se falar. Nilton Pessanha
A entrevista desta edição é com Jimmy Wales, criador da Wikipedia, am-
plamente utilizada por dez entre dez internautas. Agradecemos a ele por sua Contribuiram nesta edição
contribuição, mesmo com sua agenda lotada. Aécio Pires
Alan Lacerda
Nesta terceira edição, você leitor, vai perceber que temos novos colabo- Alexandre Oliva
radores: O Coringão, responsável pelo Ubuntu Games, estará conosco falando Andressa Martins
um pouco sobre jogos, Luiz Vieira estará falando sobre segurança da informa- Carlos Donizete
ção, Aécio começou falando sobre TCOS na segunda edição e agora faz parte
Cárlisson Galdino
da equipe... Tatiana Al-Chueyr, que nesta edição está falando do InVesalius,
Cezar Taurion
vai nos dar uma força com os projetos do Software Público. Cindy Dalfovo,
que é embaixadora de Campus da Sun também estará conosco nas próximas Cindy Dalfovo
edições, além da Andressa Martins que assinou uma matéria na edição passa- Edgard Costa
da e nesta fala sobre o SLOG. Temos ainda a participação do Guilherme Cha- Evaldo Junior
ves, que fala sobre o controle do pc com GNU/Linux pelo celular... A coluna de Filipe Saraiva
humor (que não é só sobre humor...) tem participação de 3 novos autores que Guilherme Chaves
esperamos, continuem firmes conosco, Yamamoto Kenji, Moises Gonçalves e Jaime Balbino
Wallisson Narciso. Novamente a capa é arte do Nilton Pessanha! Jimmy Wales
Jomar Silva
Continuamos publicando a seção com os emails e comentários envia-
Lázaro Reinã
dos para a redação da revista. Se quiser ver seu comentário publicado nesta
seçao, basta enviar sugestões, opiniões, comentários sobre as matérias veicu- Leandro Leal Parente
ladas. Simples assim :-) Luiz Vieira
Moisés Gonçalves
A Revista Espírito Livre também trás nesta edição sorteios para três pro- Orlando Lopes
moções de eventos que acontecerão nos próximos dias. Não perca tempo e Paulino Michelazzo
participe! E não precisa nem dizer para continuarem ligados no site da revista Rodrigo Lopes
[http://revista.espiritolivre.org]. As novidades que aparecerão na revista, dão Sinara Duarte
seu primeiro "sinal de vida" lá no site oficial. Então, aos curiosos e interessa-
Tatiana Al-Chueyr
dos, basta acompanhar.
Viktor Chagas
Agradecimentos a todos que tornam este trabalho possível. Um trabalho Wallisson Narciso
altamente dependente de colaboração e cooperação. Yamamoto Kenji
Sendo assim, com novos colaboradores surgem novas colunas, novas Yuri Almeida
seções, novas visões e opiniões. É isto que se espera de uma publicação que
prioriza a colaboração como um dos seus pilares, quase uma questão de so-
brevivência. Contato
revista@espiritolivre.org

O conteúdo assinado e as imagens que o


integram, são de inteira responsabilidade
de seus respectivos autores, não
representando necessariamente a
opinião da Revista Espírito Livre e de
João Fernando Costa Júnior seus responsáveis. Todos os direitos
sobre as imagens são reservados a seus
Editor respectivos proprietários.

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |03


EDIÇÃO 003

SUMÁRIO
CAPA
26 De que matéria é feito o
conhecimento
Uma reflexão sobre o conhecimento

28 Colaboração em micro
empresas
Utilizando wikis para a documentação
de uma micro empresa

30 Os modelos colaborativos
de conhecimento
Construindo de forma coletiva

33 Comunidade Overmundo
Quem é a comunidade do Overmundo?

37 Wiki-Jornalismo
Será mesmo possível?
Entrevista com
COLUNAS Jimmy Wales
11 Um por todos, todos por um!
Wales fala sobre Wikipedia,
modelos de colaboração e PÁG. 22
Em guarda... Wikia.com

13 O bom é o corredor!
E quem sou eu pra descordar...

15 Quem tem medo do Google


mau?
Você tem?

18 Briga de Ego
Vai um curativo aí?!

20 SaaS e o Open source 93 AGENDA 06 NOTÍCIAS


Com a crescente popularização do
modelo SaaS, como fica Open Source?
DESENVOLVIMENTO
FÓRUM
40 Virado pra Lua - Parte 3
Vamos para a LUA?
63 O movimento estudantil e o
comunidade de SL
TUTORIAL ... caminhando lado a lado

42 Controlando seu Desktop


GNU/Linux com o celular
EDUCAÇÃO
Sim! É possível!
66 Formação de professores
Caminhos a trilhar
44 Instalando o NetBSD
Uma abordagem direta... tela a tela
72 Lidec: Software Livre a favor
da inclusão digital
Usando a tecnologia para promover a
TECNOLOGIA transformação social

Microsoft e o ODF
52 Polêmico esse assunto... SOFTWARE PÚBLICO
REDE 74 InVesalius
Por dentro do corpo humano

57 Dissecando o TCOS COMUNIDADE


Analisando o interior do TCOS
78 SLOG
SEGURANÇA É o Software Livre fazendo bonito no
Oeste Goiano

60 Segurança da Informação
Necessidades e mudanças de
81 Collision, da pirataria ao
software livre
paradigma com o avanço da civilização Um filme aberto

MULTIMÍDIA
84 Como trabalhar com áudio
no Linux
... e se transformar num DJ!

GAMES
88 The Mana World
Agora é o turno de quem?

09 LEITOR 10 PROMOÇÕES HUMOR


91 Vidamonga: Pegação
Helpdesk: No Wiki
Windows e Mac vs. Linux:
Código hackeado versus código aberto
Exterminar: Destruir, destruir,
destruir...
NOTÍCIAS

NOTÍCIAS
Por João Fernando Costa Júnior

25 de Maio: Dia do Orgulho Nerd Linux Foundation e Microsoft lançam mani-


No dia 25 de Maio foi comemo- festo conjunto
rado o Dia do Orgulho Nerd [ou A Microsoft e a Linux Foun-
Geek], uma iniciativa que advo- dation, divulgaram uma car-
ga o direito de toda pessoa ser ta aberta [que pode ser lida
um nerd ou um geek. A iniciati- aqui] onde expressam desa-
va do referido "Dia do Orgulho cordo diante do guia elabora-
Nerd" teve íncio no ano de do pela American Law
2006, na Espanha, onde é conhecido como "Dia Institute (ALI) que dará em-
del Orgullo Friki". A data 25 de maio é simbólica basamento jurídico para de-
e foi escolhida por ter sido o dia da première do cisões em casos que
primeiro filme da série Star Wars, um clássico, envolvam softwares. Ambos
assistido por 7 entre cada 10 nerds. Em 2008 es- pedem que a ALI reconsidere diretrizes sobre li-
te dia comemorativo atravessou o Atlântico che- cenciamento de software que guiarão decisões
gando à América com o nome GeekPrideDay. jurídicas nos EUA. Jim Zemlin, diretor executivo
Para celebrar o Dia do Orgulho Nerd, os espa- da Linux Foundation, afirma em seu blog que
nhóis criaram uma lista de direitos e deveres do "os princípios detalhados pela ALI interferem
nerd, que podem ser lidos aqui. A Revista Espíri- com a operação natural das licenças de código
to Livre parabeniza a todos os nerds e geeks pe- aberto ou comerciais e criam garantias implíci-
lo seu dia! tas que podem resultar em uma quantidade tre-
menda de processos desnecessários". Apesar
da união de força das duas, o ALI não aceitou in-
Coldplay lança CD gratuito: tervenções. A reunião que definiu os parâmetros
LeftRightLeftRightLeft ocorreu entre os dias 18 e 20 de maio.
O Coldplay volta a oferecer
música de forma gratuita! E
desta vez oferecem um ál- Mandriva lança sistema de backup via web
bum completo: LeftRightLef- A Mandriva está anunciando seu novo sistema
tRightLeft é o novo álbum de Backup via web. O serviço chama-se
ao vivo da banda e está dis- Click'n'Backup e inclui ar-
ponível para download de mazenamento seguro de
forma gratuita. Este álbum dados e ferramentas de
também será entregue a todos os fãs nos próxi- backup e restauração de
mos shows do Coldplay, durante o resto do ano dados. O serviço inclui
de 2009. O download gratuito do álbum estará versões para sistemas
disponível no site oficial da banda, Mandriva Linux, Windows
http://www.coldplay.com, até o último show de e Mac OS X. Ficou interessado? Clique aqui e
2009. Ao que tudo indica, após o último show o saiba mais sobre o Click'n'Backup.
download do álbum será cancelado.

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |06


NOTÍCIAS

Mozilla lança Jetpack Lançado VirtualBox 2.2


A Mozilla anunciou um novo A Sun Microsystems, anunci-
projeto no Mozilla Labs cha- ou o lançamento da nova
mado JetPack, que visa explo- versão de seu software de
rar novas formas de expandir virtualização de alto desem-
e personalizar a web através penho, gratuito e com códi-
do seu navegador Firefox. O go aberto, o VirtualBox 2.2.
Jetpack permitirá a criação A solução vem com uma no-
de pequenos addons que per- vidade: o suporte ao novo
mitirão a personalização das padrão Open Virtualization
páginas web a gosto do usuá- Format (OVF – Formato Aberto de Virtualiza-
rio e ainda a expansão das ção), além de importantes melhorias no desem-
funcionalidades de serviços utilizando APIs. A penho e atualizações. Saiba mais no site oficial.
versão 0.1 já integra a API do Twitter, jQuery e in-
line debuging para quem usa o Firebug. Assim,
ao invés de você ter que aprender uma nova lin- Conheça o Libre.fm
guagem para criar plugins para o Firefox, pode- Você que curte mú-
rá fazer isso usando javascript e os habituais sica e uma boa rá-
métodos de programação web. Saiba mais aqui. dio e não está afim
de criar uma conta
no serviço proprie-
Conheça o editor de gráficos vetoriais sK1 tário Last.fm, que tal você conhecer Libre.fm? O
Não temos tantos Libre.fm um serviço web que nasceu como alter-
editores de gráfi- nativa a outros serviços do gênero e tem como
cos vetoriais de propósito não apenas ser um concorrente, mas
código aberto. Tal- sim trazer novas implementações e funcionalida-
vez por isso que des únicas no que diz respeito ao serviço de rá-
a chegada do dio e compartilhamento de gostos musicais,
sK1 seja vista além de encontrar novos artistas. O serviço en-
com tão bons contra-se ainda em alpha, entretanto vem so-
olhos. O sK1 é um editor de gráficos vetoriais, frendo um desenvolvimento bastante ágil. Ainda
de código aberto e similar ao CorelDRAW, Fre- não é fácil encontrar artistas famosos cadastra-
ehand ou Illustrator. Ele surgiu como um fork do dos no serviço, já que praticamente todos os ca-
Sketch (agora Skencil) 0.6.15 e é o resultado de dastrados são de produtores independentes, o
patches diários no Sketch na tentativa de migrar que não desmerece o serviço. Aliás é uma exce-
uma empresa de impressão para software livre. lente oportunidade de descobrir um novo som
O software suporte a características profissio- além de poder baixar as músicas que quiser gra-
nais como paleta de cores CMYK, separações, tuitamente no formato Ogg Vorbis. O serviço
gerenciamento de cores ICC, saída em PDF, vem com a chancela da licença AGPL, tornando
além de um detalhe me interessante: importar ar- o Libre.fm a escolha ideal para amantes de for-
quivos CDR (versões 7 até X3). Visite o site ofici- matos livres. Quer conhecê-lo, então visite o site
al para maiores detalhes e download. oficial.

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |07


NOTÍCIAS

SheevaPlug, um computador de "tomada" Wikipedia amplia as licenças de seu conteú-


O SheevaPlug é um computador do
movido a Linux em um formato Em um recente votação rea-
minúsculo (110 x 69.5 x 48.5 lizada pelos autores da Wi-
mm) que pode ser encaixado di- kipedia foi proposta a
retamente numa tomada elétri- ampliação do tipo de licen-
ca. Este pequeno notável conta ças com a qual conta o con-
com ligações USB2.0 e Gigabit teúdo da enciclopédia livre.
Ethernet. O processador é um À existente GNU Free Do-
Sheeva que funciona entre os 800Mhz-1.2Ghz e cumentation License (GF-
conta com 512MB de Ram e 512Mb de Flash. DL) se incluirá a Creative
Um outro quesito que impressiona é o preço: o Commons Attribution-Share
SheevaPlug custará em média $99 USD. Seu Alike 3.0 license (CC-BY-SA). Tal mudança afe-
consumo de energia não passa dos 19W. Visite tará todos os textos e gráficos (imagens, som, ví-
o site do SheevaPlug para mais detalhes. deo, etc.) que atualmente se encontram
licenciados sob "GFDL 1.2 e versões posterio-
res". Mais informações aqui.
Chega ao mercado a iUnika, a companhia li-
vre
A iUnika é uma empresa Lançado Ekaaty Linux Kayowas
espanhola dedicada a fabri- É com imenso prazer que a
cação e distribuição de equipe de desenvolvimento
hardware, com um diferen- do Ekaaty Linux anuncia o
cial entre as demais empre- lançamento de mais uma
sas que se encontram no versão do seu sistema ope-
mercado: a iUnika é a pri- racional. A terceira versão,
meira (e talvez única) fabri- nomeada Kayowas, segun-
cante de hardware que se comprometeu a do a equipe de desenvolvimento, é sem dúvida
utilizar exclusivamente Software Livre em todos a mais estável e polida já produzida pela equipe
os seus produtos. No site oficial já se noticia o desde o início do projeto em seus quase quatro
seu primeiro produto, que será um computador anos de existência. A equipe também comenta
portátil, um modelo dos já conhecidos "netbook" que muitas novidades foram implementadas du-
(ou subnotbook) e que levará o nome de iUnika rante esses dois anos de planejamento e desen-
GYY. As especificações do modelo, bem como volvimento. Também houve melhoras na
mais informações sobre a empresa, você encon- inicialização do sistema: em menos de 30 segun-
tra no site da iUnika. A empresa também tem pla- dos, em um hardware convencional, é possível
nos para a criação de um modelo que utiliza ter o ambiente de trabalho carregado e totalmen-
energia solar. te funcional e com todas as suas excitantes novi-
dades a um clique do seu mouse. Visite o site
oficial para maiores informações.

Quer comentar sobre algo desta edição? O que gostou? O que não
gostou? Participe! Envie seu comentário e/ou notícia para
revista@espiritolivre.org.

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |08


COLUNA DO LEITOR

EMAILS,
SUGESTÕES E
COMENTÁRIOS Ayhan YILDIZ - sxc.hu

Continuamos com esta seção que foi criada pa- te sobre lua, que vai ter alguém aqui para ler!
ra dividirmos com você leitor o que andam falan- Ygor Amaral - Caruaru - PE
do da gente por aí... Os emails não param de
chegar e vamos publicando conforme é possí- Estou escrevendo apenas para manifestar meu
vel. Agradecemos os comentários que nos dão grande contentamento com a segunda edição
ainda mais força para continuarmos com o traba- da Espírito Livre. Entre vários textos bacanas,
lho. É isso aí, continuem enviando suas suges- destaco a entrevista com Robert Shingledecker,
tões e comentários! que achei fantástica, pelo fato de não ter se ata-
do somente ao lado técnico , tendo mostrado
Parabéns a todos os colaboradores pela iniciati- também um pouco da vida e das motivações de
va de construir uma revista totalmente ligada a um dos pilares do Tiny Core. Abraços e continu-
área de Software Livre. Espero que através des- em com o excelente trabalho!
sa iniciativa os internautas possam colaborar e Márcio Massula Jr. - Curitiba - PR
difundir a cada dia o entendimento do que real-
mente é SL, seus benefícios e sua real idéia de DEMAIS! Este é o menor adjetivo que posso
compartilhamento do conhecimento! dar a revista. Não vou mentir! Ainda não li inte-
Bruno de J. Santos - Valença/BA gralmente todas as matérias, mas as que já li e
as que dei uma olhada me agradaram muito. A
Muito bom o artigo da Sinara Duarte, intitulado linguagem está ótima pois iniciantes como eu
Fazendo aspazes com o bicho-papão: A mate- no SL não têm problema algum em entendê-las.
mática e o SL (da edição n. 2). Assim como mui- Além disso, os assuntos abordados, a organiza-
tos pensam, a matemática não é um bicho de ção e a composição visual estão muito boas
sete cabeças. Basta ter didática na hora de ensi- também! Já tô divulgando…
nar e as ferramentas estao aí para isso. Ponto Márcia Fernanda Nogueira Cardoso - Teresi-
para o software livre. Ótima iniciativa a revista. na/PI
Anderson Luis Sartori - Caxias do Sul - RS
Parabéns a toda a equipe. Estive dando uma
Gostaria de agradecer e parabenizar pela iniciati- olhadela na revista e já me foi útil para tirar de
va de divulgar a linguagem de programação lá o menu circular do gnome o do qual aprovei-
Lua. Coencidentemente, é provável que eu preci- tei a deixa e divulguei juntamente com a revista
se usar no Ginga-ncl, num estágio que consegui a uns amigos meus aqui em Portugal.
na globo local daqui. Então estou acompanhan- Robson Ruella de Oliveira - Moita/Setubal -
do a materia sobre lua. Podem publicar bastan- Portugal

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |09


PROMOÇÕES · E AÍ, QUE TAL PARTICIPAR?!

PROMOÇÕES
A CMS Brasil 2009 acontece no dia 20/06/2009, no
Hotel Novotel Jaraguá, em São Paulo. O evento
contará com a presença de Matt Mullenweg, criador
do Wordpress, Anthony Ferrara, coordenador
mundial de desenvolvimento do projeto Jooma! e
Addison Berry, líder do time de documentação do
projeto Drupal. Os responsáveis pelo evento
disponibilizou 5 inscrições para sorteio.

Para concorrer basta preencher


este formulário e torcer para ganhar.

O FISL dispensa comentários. Neste ano estará


comemorando 10 anos de vida e acontecerá dos
dias 24 a 27 de junho, no Centro de Eventos
PUCRS, em Porto Alegre. Esta edição contará com
a presença de Richard Stallman, John "Maddog"
Hall, Pau Garcia-Milà, Alexandre Oliva, Jomar Silva,
Sérgio Amadeu, entre outros. Os responsáveis pelo
evento disponibilizou 5 inscrições para sorteio.

Para concorrer basta preencher


este formulário e torcer para ganhar.

O III ENSOL/PB - Encontro de Software Livre da


Paraíba é um evento organizado pelos grupos
G/LUG-PB e PSL-PB. Em 2009, ocorrerá nos dias
de 19, 20 e 21 de junho, na Estação Ciência,
Cultura e Artes Cabo Branco, em João Pessoa/PB.
Contará com Richard Stallman, Júlio Neves,
Alexandre Oliva, entre outros. Os responsáveis pelo
evento disponibilizou 5 inscrições para sorteio.

Para concorrer basta preencher


este formulário e torcer para ganhar.

Informações: Os três sorteios tem como única meta proporcionar aos leitores da revista a oportunidade de participar dos eventos. O
objeto de sorteio é a inscrição, que será custeada pelos organizadores. Se desejar participar, preencha o(s) formulário(s) desejado(s)
até o dia 12 de Junho de 2009 com os dados solicitados. Seus dados não serão utilizados para outros fins, somente no concurso
corresponde e eventuais comunicados da Revista Espírito Livre. Somente estarão participando dos sorteios os formulários enviados
até esta data. Os ganhadores serão comunicados por email e terão 24 horas para se manifestarem. Para cada evento, uma
inscrição por CPF. Os ganhadores terão seus nomes serão divulgados na edição 4 da Revista Espírito Livre.

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |10


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Um por todos,
todos por um!
Por Alexandre Oliva
Michal Zacharzewski - sxc.hu

Cooperação, respeito e le- berdades enumeradas na Defi- constrói qualquer comunidade


aldade aos companheiros: es- nição do Software Livre, tanto ou parceria, seja um casal fun-
se era o espírito do maior trio as duas primeiras, da auto-sufi- cional, uma comunidade Wiki
de mosqueteiros da cultura ciência, quanto as duas últi- ou de desenvolvimento de
mundial. Maior não apenas por- mas, da fraternidade ativa. Software Livre, até toda uma
que nunca antes na história da- Sim, pois a fraternidade sociedade, como a Confedera-
quele país se vira um trio com não se limita ao mero respeito ção Helvética. O mesmo espí-
tantos membros: Athos, ao próximo, não lhe pondo obs- rito de “(cada) um por todos,
Porthos, Aramis e d'Artagnan; táculos. Alcança também o an- todos por (cada) um!” de três
senão principalmente pelo seio humano inato de estender ou quatro mosqueteiros uniu
exemplo grandioso e inspira- a mão aos seus semelhantes, os vários cantões suíços, per-
dor de atitude solidária e frater- como faziam os neomosquetei- mitindo cooperação num ambi-
na, essência do Movimento ros Salim e Jamal Malik e sua ente em que prevalece a
Software Livre e da Cultura companheira Latika. Impedir al- solidariedade, por força da leal-
Wiki. guém de atender a esse an- dade e do respeito mútuo.
Fraternidade, a prática de seio, de saciar necessidades Na mesma linha, o Movi-
tratar ao próximo como um ir- alheias, de compartilhar e con- mento Software Livre propõe
mão, tem suas raízes no princí- tribuir para com a comunidade, aos usuários a solidariedade
pio moral universal da estende desrespeito e malefí- como fórmula para solucionar
reciprocidade, de tratar ao próxi- cio a quem tem o anseio frustra- o problema social do desres-
mo como se gostaria de ser tra- do e a todos que dele se peito às liberdades de todos:
tado. Como ninguém gosta de beneficiariam. se usuários permanecerem le-
ser desrespeitado e cerceado, Em contraponto, o respei- ais e solidários, rejeitando, ain-
e ninguém faria isso a um ir- to a esse anseio viabiliza a soli- da que à custa de algum
mão querido, esse princípio em- dariedade, o espírito de equipe sacrifício pessoal, o desrespei-
basa o imperativo moral e e de ajuda mútua em que se to de quem ouse tentá-lo, o
ético de respeitar as quatro li- respeito prevalecerá.

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COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

É curioso que a frase pre- Em tempos em que o mer- vos” Wiki e Software Livre.
sente na obra de Alexandre Du- cado descontrolado do “cada
Nessa nova economia,
mas tenha se popularizado na um por si” de Adam Smith an-
em que a competição se dá
ordem inversa à que ele escre- da em baixa (em mais de um
não em oposição, mas em adi-
veu, “tous por un, un por tous”, sentido), ganha força a consta-
ção à cooperação, à solidarie-
locução proveniente do Latim tação de John Nash, a Mente
dade e à fraternidade, vale
“Unus pro omnibus, omnes pro Brilhante do filme, de que a pre-
propor uma combinação dos le-
uno”. O Latim nos trouxe ainda missa de Smith era incomple-
mas dos mosqueteiros france-
a locução “E pluribus unum”, ta: “o melhor resultado advém
ses e dos fundadores
igualmente relacionada a comu- de cada um fazer o melhor pa-
estadunidenses: “(cada) um
nidades e formação de países, ra si, e para o grupo”, ou “cada
por todos, todos por (cada) um
e também invertida na atual cul- um por si e por todos”.
e pelo um formado por todos.”
tura popular, senão na escrita, Monopólios artificiais co- Falta só descobrir como escre-
sem dúvida nos valores. mo as versões atuais, corrompi- ver isso em Latim.
O sentido original carrega- das, de direito autoral,
va a noção da construção de patentes e marcas, tiveram ori-
Copyright 2009 Alexandre Oliva
um todo unido a partir de com- gem a partir de pressões apoia-
ponentes plurais com grande di- das na busca do benefício Cópia literal, distribuição e publica-
versidade. Para simbolizar a próprio, pregada por Smith, ção da íntegra deste artigo são permi-
mas paradoxalmente depende- tidas em qualquer meio, em todo o
união de diferentes colônias e mundo, desde que sejam preserva-
povos, a frase em Latim foi ado- ram, para sua introdução, e ca- das a nota de copyright, a URL oficial
da vez mais dependem, para do documento e esta nota de permis-
tada no brasão dos Estados são.
Unidos da América logo após sua manutenção até os dias
de hoje, da forte intervenção es- http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/
sua independência.
tatal rejeitada por princípio na lxo/pub/todos-por-um
De lá para cá, tem adquiri-
economia liberal.
do um sentido de competição
ALEXANDRE OLIVA
destrutiva, perdendo o sentido Esses privilégios imprópri- é conselheiro da
de como-unidade. Ao invés do os, cada vez mais usados com Fundação Software
propósitos anti-concorrenciais Livre América Latina,
“a partir de muitos, forma-se mantenedor do Linux-
um”, como a “uma só carne” (outro conflito com a doutrina libre, evangelizador
da economia liberal), têm mos- do Movimento
do casamento cristão, é co- Software Livre e
mum hoje em dia encontrar trado repetidamente que a satis- engenheiro de
quem entenda a expressão co- fação da ambição individual, compiladores na Red
Hat Brasil. Graduado
mo “de muitos, um se desta- levada às últimas consequênci- na Unicamp em
cou”, ou mesmo “restou as, não só não serve ao bem Engenharia de
comum, como ainda o prejudi- Computação e
apenas um”, um sentido High- Mestrado em
lander que nada carrega do ori- ca. Por isso mesmo ganham Ciências da
mais espaço os modelos de pro- Computação.
ginal comunitário, solidário e
fraterno. dução e inovação “coopetiti-

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COLUNA · PAULINO MICHELAZZO

O bom é o corredor
Por Paulino Michelazzo

João Fernando C. Jr. - Arquivo Pessoal

Quem vai ao FISL há al- cussões acaloradas entre prag-


gum tempo sabe que o bom do máticos e extremistas,
evento é o corredor. Não des- bolinhas de todas as cores qui-
merecendo os palestrantes (já cando pelo chão, sessões de
que também sou um) mas no autógrafos, abaixo e acima as-
corredor (ou corredores) é on- sinados e pingüins gigantes ca-
de “a coisa acontece” realmen- minhando longe do gelo. Já vi
te. Nele vários negócios são muita gente deslocada junto
fechados, comunidades são cri- de lendas como Jon Maddog,
adas ou dissolvidas, códigos e Richard Stallman, Eric Ray-
criações são apresentadas, co- mond e Ted Tso e vi engrava-
nhecimentos são compartilha- tados perdidos no meio de
dos e até mesmo amores nerds desdenhosos do padrão
acontecem. Uma mistura de re- IBM de vestir. Até mesmo
presentantes de tribos de to- robôs que falam e trazem água
dos os tipos apresentando e desfile de tatuagens de tux já
para quem quiser (e para apareceram no corredor e nu-
quem não quiser também) a for- ma mistura de estandes de co-
ça do software livre aqui e em munidades e empresas,
todo o mundo. grupos de usuários, distribui-
Nele muita coisa já vi. Dis- ções Linux, bandeiras e cami-
setas, o corredor só peca pela

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |13


COLUNA · PAULINO MICHELAZZO

falta da churrascaria dentro de Gnome e os dois acabaram se FISL – Fórum Internacional de


seus limites. Também pudera; casando. De um lado, o mexica- Software Livre que mesmo
se for colocada uma, acabam- no se tornou mais brasileiro do com todas as palestras e convi-
se as palestras que serão trans- que nunca e de outro a terra dados, ainda tem o corredor co-
feridas para as mesas e corre- brasilis perdeu mais uma espe- mo o melhor lugar do evento,
se o risco de termos pingüins tacular representante feminina. mesmo não tendo churrascaria
no espeto, algo que definitiva- De certo existe muita água so- dentro dele.
mente não seria legal. bre a ponte que não pode ser
PAULINO
Com toda a certeza este contada num artigo, mas que MICHELAZZO
corredor é mágico. Neles mui- existe, existe :) (paulino@michelazzo
.com.br) é diretor da
tos já declararam seu amor pe- E neste mês o maior even- Fábrica Livre
(www.fabricalivre.
lo software livre e outros tantos to de software livre da América com.br), empresa
já o desdenharam. Alguns se Latina acontece outra vez na especializada em
tornaram tão carimbados que capital gaúcha, deslocando pa- soluções para
Internet com
devem ter visto permanente ra o sul do país os espécimes ferramentas de
(Maddog que o diga) e outros vi- mais interessantes e estranhos gestão livres. Foi
diretor mundial da
eram e sumiram. História inte- que podem existir na terra pa- Mambo Foundation,
ressante e fácil de lembrar é o ra fazerem novamente do corre- System Develop
Specialist da ONU
nascimento do casal Icaza que dor o melhor campo para troca no Timor Leste. É
se deu no corredor de uma de conhecimento, idéias, códi- instrutor de CMS's
das edições. Maria Laura, gaú- gos, cartões, fotografias, músi- (Drupal, Joomla e
Magento). Escreve
cha bonita (como se existisse cas, vídeos e tudo mais que regularmente para
gaúcha feia), mesmo não sa- possa ser compartilhado. Claro diversos canais na
Internet e
bendo nada de software livre que não está incluso nesta lis- publicações técnicas
na época, se simpatizou com ta esposas, namoradas, noivas no Brasil e em
Portugal.
Miguel de Icaza, o criador do ou amantes. Enfim, tudo é o

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COLUNA · CINDY DALFOVO

Quem tem medo do


Google mau?
Svilen Mushkatov - sxc.hu
Por Cindy Dalfovo

Um verdadeiro império, soluções que são muito bem


uma empresa gigante que fatu- aceitas pelo público: Google é
rou mais de 200 mil dólares sinônimo de busca na internet
por funcionário no ano passa- e, ao contrário do que aconte-
do[1]. Ao contrário de outras ce com outros serviços de e-
empresas gigantes, no entan- mail gratuitos, como hotmail e
to, a Google não inspira aver- bol, ninguém te olha torto quan-
são em milhares de geeks do você diz seu e-mail
como ocorre com a Microsoft. @gmail.com. O Youtube é o
Pelo contrário, existe uma ver- maior ferramente de comparti-
dadeira legião de fãs da empre- lhamento de vídeos online. É
sa, antenados no que ela está fácil ter apenas abas de produ-
fazendo e trazendo para o mer- tos Google abertas em um dia
cado. comum: uma aba para o
A empresa possui solu- Gmail, outra para o Google Re-
ções para buscas na internet, ader, outra para o Youtube...
e-mail, documentos, blogs e ví- Algumas pessoas estão
deos online e leitor de feeds. E começando a ficar receosas –

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COLUNA · CINDY DALFOVO

lhor do que o Google Reader,


você não vai ter problemas pa-
ra exportar todos os seus fe-
eds como um arquivo OPML,
... e se amanhã eles que é aceito pela maioria dos
agregadores de RSS – não é
resolverem cobrar pelos um padrão aberto per se, mas
estende XML, este sim um pa-
serviços? O que nós vamos drão aberto. Os seus e-mails
do Gmail podem ser lidos e ar-
fazer? mazenados em um programa
Cindy Dalfovo de e-mails como o Thunderbird
ou redirecionados para outro
serviço de e-mail. Seus docu-
exemplos anteriores já mostra- mentos no Google Docs po-
ram que poder demais nas quecem é que nós não nos dem ser exportados nos mais
mãos de uma única empresa “trancamos” ao Google por diferentes formatos, para
pode trazer resultados desastro- não termos como aderir a ou- Word, OpenOffice.org ou mes-
sos. Receio que se torna ainda tro serviço, mas porque, em mo em formato PDF – você po-
mais angustiante quando o muitos casos, eles oferecem o de até mesmo baixar todos os
Google apresenta algum proble- melhor serviço para seus usuári- seus documentos em formato
ma em seus servidores e deixa os. Algumas pessoas usam a html em um único arquivo zipa-
seus milhões de usuários com busca do Google para encon- do.
problemas para acessarem trar resultados em páginas que
Existem diversas solu-
seus e-mails, suas notícias, su- possuem seus próprios busca-
ções para calendários pesso-
as buscas... algumas horas dores.
ais, e talvez você descubra
sem esses serviços em horário Há uma grande diferença que o Google Calendar não é
de trabalho pode acabar com a entre a escolha por produtos o mais adequado para você.
produtiva de milhões de pesso- Google e a escolha por produ- Tudo bem, você pode exportar
as que dependem desses servi- tos Microsoft, e essa diferença seu calendário em formato
ços para realizarem seus pode ser resumida pela expres- iCalendar, que pode ser impor-
trabalhos. As pessoas temem são “padrões abertos”[2]. Quan- tado por qualquer aplicativo de
que a Google se transforme na tos não deixam de trocar o MS organização pessoal.
próxima Microsoft, “trancando” Office pelo OpenOffice.org pe-
seus usuários em suas solu- Ao observarmos isto, per-
la incompatibilidade deste se-
ções. cebe-se que a aderência a pa-
gundo com os arquivos .doc
drões abertos em termos de
O fato de que o Google do primeiro? Quantos não dei-
computação nas nuvens é mui-
não parece se esforçar para xar de abandonar o sistema
to mais importante para a liber-
oferecer soluções de código operacional Windows pelo
dade do usuário do que o
aberto deixa algumas pessoas Linux pela incompatibilidade
código aberto. De que nos ser-
ainda mais temerárias: e se dos executáveis .exe com o sis-
viria o código do Google
amanhã eles resolverem co- tema livre (ainda que isto seja
Reader ou do Gmail sem os ro-
brar pelos serviços? O que nós atenuado pela existência de so-
bustos servidores do Google?
vamos fazer? luções como o Wine)?
Por outro lado, se não fosse
O que as pessoas se es- Se surgir uma solução me- possível migrar para outra solu-

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COLUNA · CINDY DALFOVO

ção a qualquer momento, nós liberdades essa solução me per- Referências


teríamos um sério problema de mite? Se eu resolver trocá-la
liberdade para o usuário – co- mais tarde, eu posso fazer isso [1] - http://royal.pingdom.
mo abandonar Google Reader, ou estarei presa a um formato com/2009/05/14/congratulation
Google Calendar e Google fechado que não é compatível s-google-staff-210k-in-profit-
Docs se outros programas não com nenhum outro programa? per-head-in-2008/
suportassem seu formato de da- Se essa empresa falhar, meus
[2] – Se você quer saber
dos? dados vão junto ou eu tenho co-
mais sobre o que são padrões
Muito embora a Google mo resgatá-los?
abertos, leia a matéria do
hesite e tropece quando se tra- A ideologia do software li- Jomar na primeira edição da
te de aderir ao código aberto vre é baseada na liberdade, es- Espírito Livre, que pode ser
para soluções Desktop ( al- pecialmente a liberdade de baixada aqui:
guém viu o Google Chrome pa- informação e de uso. A Google http://www.revista.espiritolivre.o
ra Linux por aí? Pois é ) a tem feito sua parte para colo- rg/?p=79
empresa de Mountain View car o poder nos dados do usuá-
tem dado um exemplo de co- rio e na sua experiência de
mo proteger seu negócio e ain- uso. Agora, resta aos seus
da assim dar liberdade ao usuários fazerem a sua parte – Maiores informações:
usuário: você pode não ter o có- se você possui dados críticos
Blog Disk Chocolate
digo dos algoritmos que ela e de trabalho em seu Gmail,
http://www.diskchocolate.com/blog
usa para encontrar os melho- pense em ter um backup
res resultados, mas você pode offline. Grave em DVDs aque-
Blog Cindy Dalfovo:
usar a API para usar esse algo- las centenas de fotos que você
http://blogs.sun.com/cindydalfovo
ritmo para outros fins, que tal- colocou no PicasaWeb e aque-
vez se adequem melhor ao les vídeos que você colocou
que você espera. Você não no Youtube. Guarde documen- CINDY DALFOVO é
tem o código do Google Maps, tos críticos em seu computa- estudante de
Engenharia de
mas pode usar seus dados e dor, nunca deixe-os apenas Automação na
extender as funcionalidades pa- nas nuvens. Afinal de contas, UFSC, é
ra criar algo com um propósito a Google é uma empresa co- Embaixadora de
Campus da Sun,
completamente diferente do mo qualquer outra, e pode vir além de apaixonada
que a Google planejou. a falhar. por jogos e por
software livre.
São detalhes que deveri- O que importa é que, se Mantém os blogs
http://www.diskchoco
am ser observados cada vez ela vir a afundar, ela não vai late.com/blog e
que adotamos uma solução de nos levar junto. http://blogs.sun.com/
cindydalfovo.
“computação nas nuvens”: que

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

BRIGA DE EGO
Por Carlisson Galdino

Pam Roth - sxc.hu

Você é cabra safado Prestei suporte PRA Dell


Você não sabe de nada! E até hoje, sobre o Perl
O seu código é tronxo Larry Wall me pede conselho
A classe é mal comentada
Você é um analfabeto Michael Dell é meu cumpadre
Nem português 'screve certo E nunca disse seu nome
Seu programa é uma piada Quando o mundo era Window
Maker
Você lá tenha cuidado Eu escrevia o GNOME
Com o que está a dizer Fiz mais da metade em casa
Eu escrevo bem direito Quando o Miguel de Icaza
Python, C, PHP Ainda vivia com fome
C++, Lisp, Haskell
Cobol, Java, Ruby, Perl Eu já vi o seu programa
Assembly, shell, e você? Todo feito de remendo
Não se entende quase nada
Todas essas e ainda mais Quando roda, ele é mais lento
Ken Tompson era pentelho Que jumento na campina
Pois fui eu quem fez o B Isso quando não termina
Em bytecode, fui o primeiro Num completo travamento

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Você me tenha respeito Mas é por incompetência Seu programa tem um bug
Seu newbie desgraçado Falta de estudos, dos bons Um looping (e se repete)
Eu sempre sigo padrões Assim não tem quem aguente!
Comento bem comentado Padrões, não me faça rir Pra corrigir, simplesmente,
Pago até mais do que devo Só se for o tal do POG Vim lhe trazer esse patch
Todo programa que escrevo Você é cabra safado
É todo certificado Escreve torto e é esnobe CARLISSON
GAUDINO é
Cada arquivo que salva Bacharel em Ciência
Se eu tivesse o seu dinheiro Leva ao inferno uma alma da Computação e
pós-graduado em
Ganho enrolando o povo E o fedor logo cobre Produção de
Certificava até GIF Software com
Isso pra mim é estorvo Você gosta de agredir Ênfase em Software
Livre. Já manteve
Que importa é lá no fonte Seu palerma, seu banana! projetos como
O seu gambiarra tem um monte Nem sei o que quer aqui IaraJS, Enciclopédia
Omega e Losango.
E nisso ele me dá nojo Me deixe que eu tenho gana Hoje mantém
Meu projeto é um mundão pequenos projetos
em seu blog
Ora, quem está falando! Vou lançar nova versão Cyaneus. Membro
Olho nas declarações! Ainda nesta semana da Academia
Arapiraquense de
Já disse que escrevo certo Letras e Artes, é
Eu sempre sigo os padrões É disso que vim falar autor do Cordel do
Se não entende, paciência, Você não entende, pivete Software Livre e do
Cordel do BrOffice.

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COLUNA · CÉZAR TAURION

SAAS E O
OPEN SOURCE
Por Cézar Taurion

Andi Braun - sxc.hu

Uma pergunta que tenho ra sinergia entre ambos os mo-


ouvido com frequencia é: “com delos e um impulsiona o outro.
a crescente popularização do Os mesmos argumentos que
modelo SaaS, como fica Open atraem os usuarios para o
Source?”. Vamos tentar respon- Open Source são usados pe-
der agora. los provedores de softwares
O modelo SaaS já está como serviços. Que argumen-
saindo do “se” para “como”, im- tos são esses? Simplesmente
pulsionado até pela crise de cré- não haver necessidade de
dito, quando as empresas aquisição prévia de licenças
procuram trocar capex (capital de uso antes de usar o
expenses) por opex (operating software. No SaaS voce paga
expenses). pelo que consumiu de recur-
sos. No Open Source, o
Na prática, SaaS e Open software também é visto como
Source compartilham o mes- serviços e as receitas das em-
mo modelo econômico, de bai- presas envolvidas neste setor
xo custo de capital e custos são obtidas por serviços pres-
operacionais variáveis. Isto ge- tados, como por exemplo, em-

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COLUNA · CÉZAR TAURION

pacotamento e distribuição de oportunidades de acesso que ser quando absolutamente ne-


um conjunto de softwares, co- antes não existiam. É um mode- cessário. Aliás, situação raríssi-
mo uma distribuição Linux. lo diferente do mercado de mas- ma.
A computação em nuvem sa, onde poucos artigos são Será muito mais pragmáti-
também será um acelerador vendidos em quantidades mui- co e lucrativo para qualquer
do Open Source. A combina- to grandes. Na indústria de li- empresa pagar pelo uso de um
ção de uma infra-estrutura vros, música e de mídia faz sofware que esteja hospedado
“pay-per-use” associado com todo o sentido. Por exemplo, a em uma nuvem computacio-
uso de softwares abertos vai re- Amazon reporta que parcela nal. Afinal, não queremos uma
duzir significativamente as ne- signficativa de sua receita vem máquina de lavar e sim, a rou-
cessidades de capital e os de produtos da Cauda Longa pa lavada.
custos de desenvolvimento de que não estão disponíveis (e ja-
mais estariam) nas livrarias tra- Temos, portanto, um vas-
aplicações, e acelerar o time to to campo para explorar o mer-
market. É um cenário que vai dicionais, limitadas pelos caros
espaços físicos das lojas. cado da Cauda Longa no
permitir às pequenas e médias software.
empresas entrarem mais rapida- E como Open Source,
mente no mundo da Tecnolo- SaaS e Cloud Computing vão Então, isto tudo significa
gia da Informação. Portanto, afetar a indústria de software? que o mercado de software tra-
para mim, Open Source, SaaS Nestes modelos, o custo de ca- dicional, baseado em licenças
e Cloud Computing vão criar pital é substituído por custos vai morrer? Na minha opinião,
um interrelacionamento e ge- operacionais. não! Pelo menos no horizonte
rar sinergias, um impulsionan- visível... Acredito que convive-
Softwares que tem seu remos em um contexto onde
do o outro. O resultado final projeto de desenvolvimento cer-
será um outro modelo computa- os modelos de vendas de licen-
ceado pelo pequeno tamanho ça e software como serviços
cional, que vai mudar em mui- do seu mercado potencial (seu
to o atual cenário da indústria vão compartilhar os palcos por
custo de produção não gerava algum tempo ainda...
de TI. retorno financeiro suficiente) po-
Recomendo também a lei- dem agora, se desenvolvidos
tura do livro “A Cauda Longa” em Open Source e operados
Maiores informações:
de Chris Anderson. Na leitura em nuvens computacionais, en- Blog do Cézar Taurion:
vai ficar clara a relação do con- trar no mercado. Os custos de http://www.ibm.com/developerworks/b
ceito da cauda longa com a atu- comercialização destes softwa- logs/page/ctaurion
al transformação da indústria res também tendem a zero,
de TI, com o crescente interes- pois não é necessário hordas Artigo sobre o livro "A Cauda
se pelo Open Source, SaaS e de vendedores, mas simples Longa":
Cloud Computing. downloads e marketing viral http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Cauda_
O conceito da Cauda Lon- (blogs e outros meios de disse- Longa
ga propõe que determinados minação de informação). A re-
negócios podem obter uma par- ceita dos desenvolvedores dos
CEZAR TAURION é
cela significativa de sua receita softwares Open Source será ob- Gerente de Novas
pela venda cumulativa de gran- tida pelo seu uso (pay-as-you- Tecnologias da IBM
Brasil.
de numero de itens, cada um use), típico do modelo SaaS. A Seu blog está
dos quais vendidos em peque- imensa maioria das empresas diponível em
www.ibm.com/develo
nas quantidades. Isto é possí- não vai investir tempo e dinhei- perworks/blogs/page/
vel porque a Internet abre ro modificando código, a não ctaurion

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CAPA · ENTREVISTA COM JIMMY WALES

Entrevista
exclusiva com
Jimmy Wales,
criador da
Wikipedia
Por João Fernando Costa Júnior

A Revista Espírito Livre e da Wikimedia Foundation, or-


deste mês trás com exclusivida- ganização sem fins lucrativos
de Jimmy Wales, fundador da que detém a Wikipedia. Tam-
Wikipedia, falando sobre o mo- bém sou co-fundador, com a
delo wiki de colaboração, seus Angela Beesley, da Wikia
projetos e principalmente so- (http://www.wikia.com).
bre a Wikipedia, a maior enci-
clopédia do mundo. Jimmy
Wales é listado pela revista Ti- REL: O que você faz
me como uma das pessoas nas horas vagas? Além de
mais influentes do mundo em computadores e informação,
2006. Atualmente, além da Wiki- o que mais lhe fascina?
pedia, Wales divide seu tempo JW: Perco muito do meu
com a Wikimedia Foundation e tempo viajando ao redor do
o site Wikia. mundo falando sobre cultura
participativa, Wikia e Wikipe-
dia. Em minhas viagens gosto
Revista Espírito Livre: de reunir com wiki-editores pa-
Quem é Jimmy Wales? Se ra jantar e beber.
apresente para os leitores da
revista.
Jimmy Wales: Eu sou REL: Wiki é uma pala-
Jimmy Wales, empresário majo- vra que já se tornou popular
ritário e fundador da Wikipedia para os que utilizam Internet

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CAPA · ENTREVISTA COM JIMMY WALES

por sempre se referenciar dade de trazer muitas mentes se objetivo e estamos nos
com a própria Wikipedia. para resolver um problema. O sucedendo bem. Mas ainda te-
Mas conte-nos um pouco so- processo aberto permite a ra- mos um longo caminho a per-
bre esta palavra, o que se es- zão florescer, em vez da autori- correr.
conde atrás dela? dade arbitrária.
JW: A definição essencial E, obviamente, a mais co- REL: Muitos devem já
de wiki é “um site que qualquer mumente citada desvantagem lhe ter perguntado sobre is-
pessoa pode editar” - e o primei- é que, no modelo wiki, tudo é so, mas é interessante apre-
ro wiki foi inventado por Ward sempre um trabalho em proces- sentarmos para os leitores
Cunningham, em 1995. Mas es- so, assim, exige mais inteligên- sua visão a respeito: A Wiki-
ta definição simples não expli- cia dos leitores e editores, que pedia é bastante referencia-
ca como ela realmente as obras tradicionais. da no que diz respeito a
funciona – você precisa enten- artigos, principalmente em
der todos os instrumentos que pesquisas de termos e afins.
estão nas mãos da comunida- REL: Você acha que o
modelo wiki poderia se exten- Em escolas, vários professo-
de e todas as normas sociais res não aceitam citações vin-
para construir algo de qualida- der além da Internet? Em
que lugares você pensa que das da Wikipedia, o que você
de. tem a dizer sobre isso?
tal modelo seria frutífero?
JW: Acho difícil respon- JW: Penso que é um direi-
REL: E o modelo de cola- der a essas perguntas. Penso to trazer à mente ativa a Wiki-
boração wiki? Quais suas que muitas das ideias que sub- pedia. Penso também que os
vantagens? Existe alguma jazem uma comunidade wiki professores deveriam passar
desvantagem? de sucesso – razão, o respeito algum tempo ensinando os
JW: A principal vanta- pelos outros, a bondade, etc - pontos fortes e fracos da Wiki-
gem, naturalmente, é a capaci- também são necessárias a to- pedia aos seus alunos de for-
dos os outros tipos de ma séria.
comunidades. Simplesmente dizer aos
alunos "não use Wikipedia" é
inútil. É como dizer-lhes para
REL: Como foi não ouvir músicas de rock-and-
criar o serviço de wi- roll. Eles irão, não importa o
ki mais popular da in- que digam, porque a Wikipedia
ternet? Você é, obviamente, útil e divertido.
esperava que a Wiki-
pedia chegasse onde
chegou? REL: Fale um pouco so-
JW: Meu objetivo bre a Wikia.com. Como e
para a Wikipedia é criar- quando foi criada? Quais
mos uma enciclopédia li- seus propósitos?
vre para cada pessoa JW: Referimo-nos a
no planeta na sua pró- Wikia como "o resto da bibliote-
pria língua. Estamos ca" - um lugar onde as pesso-
constantemente traba- as possam entrar e construir
Figura 1 - Logo oficial da Wikipedia lhando para atingir es- qualquer tipo de livro ou traba-

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CAPA · ENTREVISTA COM JIMMY WALES

lho que eles gostam - contraria-


mente ao que é a enciclopédia
Wikipedia.
Imagine que você tenha Meu objetivo para a
caminhado em uma biblioteca
tradicional. Primeiro, você cami- Wikipedia é criar uma enciclopédia
nha para a plataforma onde es-
tá armazenada a enciclopédia
livre para cada pessoa do planeta
- cerca de 30 volumes. Agora
imagine todos os outros livros
na sua própria língua.
na biblioteca ou no trabalho - Jimmy Wales
humor, ativismo político, fic-
ção, tutoriais, etc. Isto é Wikia.
REL: Qual será o futuro
da Wikipedia e do formato wi-
REL: Como foi criar o REL: Uma questão polê-
ki como conhecemos? Você
MediaWiki, o código por trás mica: muitos comentam que
arrisca algum palpite?
da Wikipedia? a Wikipedia não é confiável
justamente por dar a possibili- JW: Acho que vamos ver
JW: MediaWiki foi o produ-
dade de seus leitores edita- a edição ficar mais fácil e mais
to do trabalho de dezenas de
rem seu conteúdo. O que acessível. Não é aceitável que
colaboradores ao longo de vári-
você acha disso? O que di- uma pessoa tenha que apren-
os anos, liderado pelo gênio
zer a estas pessoas que pen- der um monte de código-wiki
de Brion Vibber, o líder dos de-
sam que o serviço não é para ser capaz de trabalhar
senvolvedores. Trata-se de
confiável? em um wiki. Então, esperamos
uma robusta e poderosa peça
ver funcionalidades "WY-
de software e também é cada JW: Nós sempre dizemos
SIWYG" (what you see is what
vez mais utilizado por não-ge- que a Wikipedia é muito boa e
you get, que significa: o que vo-
eks o tempo todo. lutamos por um alto nível de
cê vê é o que tem).
precisão, mas a "confiabilida-
de" é mais uma palavra forte pa-
REL: Muitos utilizam o ra qualquer empreendimento REL: Como foi desistir
código do MediaWiki em humano. Penso que a nossa do Wikia Search? Qual era o
seus sites, que não utilizam qualidade continuará a melho- diferencial entre os demais e
conceitos de colaboração, o rar fortemente ao longo do tem- quais motivos levaram ao tér-
usando apenas como gerenci- po e estamos agora - em mino desta ferramenta? Exis-
ador de conteúdo. Você acha algumas áreas – altamente te a possibilidade de novo
que este seria um mal empre- competitivos com as enciclopé- futuro você a lançar nova-
go desta tecnologia? dias tradicionais. Espero que al- mente?
JW: Não, ele pode fazer gum dia, logo - dentro de
alguns anos – nós seremos ca- JW: Podemos culpar a pa-
uso. No entanto, eu encorajo
pazes de mostrar a pesquisa ci- ralisação do Wikia Search pela
as pessoas a pensar cuidadosa-
entífica que prove que somos crise econômica, que já custou-
mente sobre as razões pelas
os melhores. Essa é a meta. nos muito em tantas áreas. E
quais limitam o acesso e para
sim, é possível que ela possa
considerar os benefícios de
ser iniciada novamente algum
uma abordagem mais aberta.

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CAPA · ENTREVISTA COM JIMMY WALES

xaria ou atribuiria o modelo


wiki a algumas dessas
Confiabilidade é uma "webs"?

palavra forte para qualquer JW: Eu acho que quando


Tim O'Reilly introduziu o termo
empreendimento humano. "Web 2.0", ele imediatamente
se tornou popular porque identi-
Jimmy Wales ficaram algo que já tinha acon-
tecido - a mudança de trabalho
individual para a construção co-
munitária.
dia, quando a economia esti- vel termos um serviço como
Eu acho que na Web 3,0
ver melhor. o disponibilizado pela Wikipe-
vai acontecer algo similar - al-
Entretanto, o "resto da bi- dia?
guém inteligentemente irá
blioteca" do Wikia está mostran- JW: Nada do que eu faço apontar para nós que já esta-
do um crescimento seria possível sem um modelo mos em um mundo muito dife-
impressionante. Nós fomos no- de código aberto. É o licencia- rente da Web 2.0 e vamos
meados pela ComSore como mento livre que dá a liberdade todos dizer "Oh, uau! Isso é
uma das 10 propostas de mais para construir as comunidades verdade."
rápido crescimento em termos, que queremos construir e dá
somente de Estados Unidos, confiança a elas poderem fazê-
no último mês. Nielsen, nos re- lo sem interferência. É realmen- REL: Como funciona a
conheceu, juntamente com Twit- te uma idéia muito poderosa. Fundação Wikimedia? Fale
ter e alguns outros, como um um pouco a respeito.
dos 5 sites de comunidade JW: A Wikimedia Founda-
mais rápido em termo de cresci- REL: Você acha que se
tion é uma organização sem
mento. a Internet fosse 100% colabo-
fins lucrativos - uma organiza-
rativa, um lugar que todos pu-
Estamos agora fazendo ção de caridade - que trabalha
dessem colaborar, assim
mais de 500.000.000 visualiza- para manter a Wikipedia sem-
como o modelo que conhece-
ções de páginas por mês e pre livre para qualquer pessoa.
mos da Wikipedia, ela seria
com forte crescimento. Espero É um grande trabalho e nós
um local melhor para se nave-
em breve atingir 1 bilhão de vi- precisamos do apoio de seus
gar?
sualizações de páginas por leitores e todos os que pen-
mês e tornar isso mais rentável JW: De certa forma, eu su- sam que a Wikipedia é impor-
- mesmo nesta fase econômica. ponho que sim, mas penso tante para o mundo.
que não devemos negligenciar
o valor dos blogs e o tradicio-
REL: Sabemos que a Wi- nal modelo top-down de publi-
kipedia e seus outros proje- car e assim por diante, todos Maiores informações:
tos se baseiam em os quais fornecem valor à sua
colaboração. Mas indo além própria maneira. Site Wikipedia em Português:
qual a sua relação pessoal e http://pt.wikipedia.org
de sua empresa com o códi-
go aberto? Você acha que REL: Muito se fala em Site Wikia:
sem este modelo seria possí- web 2.0, web 3.0. Você encai- http://www.wikia.com

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CAPA · DE QUE MATÉRIA É FEITO O CONHECIMENTO?

DE QUE
MATÉRIA É
FEITO O
CONHECIMENTO? Ove Tøpfer - sxc.hu

Por Jaime Balbino

Há apenas alguns anos que até agora não é encarada mo e a seus negócios contra
era fácil apontar onde se encon- de frente pelos antigos donos outros quase-anônimos que
travam e quem detinha os sabe- do poder: era o controle das mí- querem suas teses reconheci-
res mais valiosos da dias e dispositivos, e não algu- das e suas opiniões validadas.
humanidade. Escolas, universi- ma visão superior da São dois grupos diferentes que
dade, bibliotecas, enciclopédi- realidade, o responsável pelo desenham dois mundos distin-
as, governos, indústrias, monopólio dos saberes univer- tos e excludentes: aquele for-
empresários, cientistas, jornalis- sais e pela lucrativa indústria mado só por consumidores de
tas e outras personalidades cultural e da informação. Não informação e aquele formado
sempre foram referência de on- há eleitos para guiar a humani- só por autores/produtores de
de encontrar o conhecimento dade pelo caminho da evolu- conhecimento – todos nós.
acumulado e organizado. Éra- ção, apenas déspotas Conhecimento é a pala-
mos consumidores daquilo que visionários ou conservadores a vra-chave aqui. Ele representa
nos faziam chegar pela televi- ditar seus próprios interesses tudo aquilo que se sabe, aplica
são, jornal, livros e discos, e no que julgam ser benéfico pa- e é aprendido. É mais do que
nossa crítica se limitava a esco- ra todos. educação, política ou técnica e
lher no quê concordar e em Hoje, no mundo, o emba- não se limita a um único indiví-
qual mídia confiar. te sobre a qualidade do conheci- duo por envolver também o
A deselitização dos mei- mento cultivado dentro das processo coletivo que o cons-
os de produção e distribuição novas mídias confrontam pesa- truiu. É como concluiu Paulo
do conhecimento trouxe uma mentos velhos e novos, assim Freire: "ninguém aprende sozi-
nova constatação, tão importan- como modelos e personagens nho". Para nós da nova era o
te, revolucionária e perigosa que tentam perpetuar a si mes- conhecimento é obrigatoria-

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CAPA · DE QUE MATÉRIA É FEITO O CONHECIMENTO

mente o produto de uma ação são uma necessidade humana http://www.dicas-l.com.br/edu-


social coletiva e, por conseguin- inerente e imutável. Um jornalis- cacao_tecnologia/educacao_-
te, não se constrói individual- ta brasileiro claramente inspira- tecnologia_20070115.php
mente ou pode ser “importado” do em sua análise, mas de
de outra pessoa ou lugar, ape- estilo menos envolvente, corpo- http://www.dicas-l.com.br/edu-
nas reinterpretado. rativa e despótica é Diogo cacao_tecnologia/educacao_-
O conhecimento como pro- Mainardi. tecnologia_20070123.php
duto exclusivamente social tor- A questão é que não há
na evidente as contradições da consenso possível para visões
indústria cultural, que apren- de mundo tão antagônicas. Se
Maiores informações:
deu a transformar em produto a excelência e profissionalismo
arte, ciência e moda a partir do das grandes corporações nos Matéria de Diogo Mainardi:
controle que tinha dos meios dá garantia de um conhecimen- http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo
de produção e distribuição. Ago- to limpo e perfeito, nada de útil /280508/mainardi.shtml
ra que os meios estão cada pode advir de qualquer produ-
vez mais acessíveis e a distri- ção gestada em público. E vi- Informações sobre "O culto do
buição independe das mídias fí- ce-versa. amador" de Andrew Keen:
sicas seu papel social tende a http://www.zahar.com.br/catalogo_
A construção colaborativa
se reduzir, enquanto sua anti- detalhe.asp?id=1262&ORDEM=A
do conhecimento nada mais é
ga voz de comando silencia que o trabalho cotidiano que vi-
por completo. Milton Santos: Por uma outra
abiliza a própria humanidade,
globalização - a de todos" do Prof.
Do outro lado do ringue te- já que o conhecimento é nor-
Délio Mendes:
mos pensadores e jornalistas malmente assim construído.
http://www.fundaj.gov.br/observa
que defendem uma elite neces- Por toda a história as comunida-
nordeste/obex02.html
sária para organizar o conheci- des locais sempre tiveram a ma-
mento do mundo. Sem ela, téria-prima, a diferença é que
dizem eles, a humanidade se agora elas também têm aces-
perde em pseudo-discussões so às técnicas e às tecnologias
JAIME BALBINO
de autores incapazes e de leito- para organizar e divulgar seus GONÇALVES DA
res preguiçosos. Somente eles saberes. Assim, tal qual previu SILVA é Learning
Designer e
são capazes de nos salvar da Milton Santos, a forma como o consultor em
ameaça de uma mediocridade conhecimento se desenvolve automação,
sistemas
universal, puxada principalmen- está cada vez mais coletiva e colaborativos de
te pela internet. ao mesmo tempo independen- ensino e
te dos "intelectuais" de sempre avaliação em
Entre os defensores da EAD. Pedagogo e
manutenção de uma elite cultu- e de uma globalização controla- Técnico em
ral encontramos o engenheiro da. Eletrônica. É
mestrando em
e empresário Andrew Keen, au- Educação
aplicada à TV
tor do livro “O culto do ama- Digital na UNESP
dor”, ele é um dos poucos que e também
trabalha como
racionalizam a questão com co- Outras referências: Professor de
erência, só pecando por negar Num mundo wiki, uma escola Educação
veementemente o conhecimen- Especial da Rede
idem – Parte I e Parte II: Municipal de
to como produto social e por Ensino de
apostar que “guias espirituais” Campinas.

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |27


CAPA · UTILIZANDO WIKIS PARA DOCUMENTAÇÃO

Colaboração em micro
empresas
Por Evaldo Junior

Utilizando wikis para a documentação de uma micro empresa

S.B.K. - sxc.hu

Recentemente a empresa em micro e pequenas empre-


onde trabalho começou a pas- sas, principalmente as familia-
sar por mudanças radicais, tan- res, onde cada funcionário tem
to na parte física quanto na conhecimento das suas ativida-
parte cultural, aliás, esta é sem- des e de como elas se relacio-
pre a mais complexa. Desde a nam com o restante da
organização de documentos empresa. Por este motivo mui-
até a manutenção da limpeza, tos problemas acontecem, por
tudo passou, e está passando, exemplo, quando um funcioná-
por processos de melhoria e rio adoece ou mesmo deixa a
até contratações foram feitas empresa, já que todo o conhe-
para os setores administrativos cimento necessário para exe-
(sim, no meio da crise!). cutar suas tarefas vai junto
Pois bem, chegamos en- com ele. Ter tudo documenta-
tão à documentação dos pro- do é uma lição que vem das
cessos, tornar o conhecimento empresas maiores que não
tácito em explícito. O conheci- são dependentes de apenas
mento tácito é muito comum uma ou duas pessoas para cer-
tas tarefas.

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |28


CAPA · UTILIZANDO WIKIS PARA DOCUMENTAÇÃO

O primeiro problema en- sa documentação foi muito útil ir direto para a parte prática e
frentado foi a explicitação des- pois permitiu que a gerência ver as coisas funcionando é
ses conhecimentos. Desco- da empresa visualiza-se como muito grande, mas se você
brimos que muitas pessoas os funcionários enxergam os tem uma empresa para geren-
tem uma dificuldade muito gran- procedimentos da empresa e, ciar tente não se prender a is-
de em botar no papel aquilo no geral, como a empresa funci- so. No final das contas o mais
que fazem. Descobrimos tam- ona. importante é a organização e
bém que muitos realizam suas Na parte técnica a deci- não qual o software, no caso
tarefas de forma não tão eficien- são era qual software de Wiki Wiki, foi escolhido para a ges-
te. Mas estes detalhes gerenci- seria utilizado. Eu, particular- tão.
ais podem ser omitidos aqui. mente, já utilizo a famosa
Chegamos então à deci- MediaWiki [1], sim a da Wiki-
são de onde manteríamos toda pedia, para um projeto pesso-
essa nova documentação que, al, então pensei em utiliza-la Maiores informações:
aliás, ainda nem estava pron- também na empresa. Mas pen-
[1] Site MediaWiki:
ta. Usaríamos manuais impres- sei bem e resolvi não ser injus-
http://www.mediawiki.org
sos? Uma página na intranet? to com os demais softwares do
Documentos digitais? Essas op- gênero, então fui pesquisar as
[2] Artigo sobre vários software
ções são até boas, mas imagi- outras opções.
para wiki:
ne os custos com a impressão Nesta página [2] há uma http://c2.com/cgi/wiki?WikiEngines
destes materiais, e em caso de infinidade de softwares para
alterações? Para uma micro em- Wiki, tem para todos os gostos [3] Site Dokuwiki:
presa isso é proibitivo, além de e ambientes. http://www.dokuwiki.org
não ser uma alternativa ecológi-
ca. As opções de uma página Após conhecer algumas
na intranet e documentos digi- opções eu escolhi a DokuWiki
tais também não são ruins, [3]. Este software de Wiki é fo-
mas elas tentem a dificultar as cado na documentação para pe-
possíveis alteração. Foi aí que quenas empresas e nem
decidimos utilizar um software mesmo utiliza um SGBD, no lu-
de Wiki. gar disso são criados arquivos
em texto puro no servidor. Eu
Utilizando Wikis a criação achei que a escolha foi boa e a
da documentação fica simples, DokuWiki está atendendo nos-
as pessoas podem colaborar sas necessidades.
entre si e documentar todo o
funcionamento da empresa. A É importante ressaltar
alteração fica simples e o aces- que o software Wiki escolhido
so é muito facilitado. foi a última peça deste quebra
EVALDO JUNIOR
cabeças. Antes disso a empre- (InFog) é formado
No nosso caso os procedi- sa já estava com a consciência pela Fatec em
mentos foram documentados de que as mudanças era para processamento de
pelos próprios funcionários de dados e atualmente
melhor e as regras para a cola- é desenvolvedor,
forma colaborativa e depois dis- boração já tinham sido defini- administrador de
so a gerência fez os ajustes e das. Eu sei que para nós,
sistemas e membro
da comunidade de
adaptações necessários. Do técnicos da área, a vontade de software livre.
ponto de vista empresarial es-

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CAPA · OS MODELOS COLABORATIVOS DE CONHECIMENTO

Antigas novidades,
novas antiguidades:
os modelos colaborativos
de conhecimento
Por Orlando Lopes
Vivemos tão imersos na to e acúmulo de know-how po- bientes digitais. Nesses
revolução digital que muitas ve- de permitir a geração de uma ambientes, ferramentas de
zes não temos como criar o dis- variedade de produtos a partir software permitem de forma ca-
tanciamento necessário para da menor quantidade possível da vez mais articulada a adi-
localizar como as dinâmicas di- de recursos. A capacidade ção rápida de novos conteúdos
gitais participam e interferem econômica dos indivíduos e fornecidos pelos usuários de
tanto nas nossas vidas individu- dos grupos (como as empre- um ambiente. Uma das ques-
ais quanto nas nossas vidas co- sas ou, no limite, as próprias so- tões a serem aí enfatizadas é
letivas. Já há algumas ciedades) está cada vez mais a do modelo, da imagem forne-
décadas, estamos fazendo a ligada à sua capacidade opera- cida pelas ferramentas e pelo
transição entre aquilo que cha- cional em relação a repertórios conceito de wiki. Até onde sei,
mamos de “sociedades industri- e repositórios de conhecimento trata-se da primeira concretiza-
ais” e as “sociedades de que precisam não apenas es- ção informática de conceitos
informação”. Ao invés de pen- tar disponíveis, mas organiza- como polifonia e dialogismo
sarmos pensarmos na conver- dos e instrumentalizados por textual, noções que começa-
gência de uma série de ferramentas de gestão e recupe- ram a ser desenvolvidas ainda
recursos para a geração de um ração de informações. na primeira metade do século
produto (ou alguns poucos pro- A expressão “wiki” refere XX, e que até então estavam
dutos), pensamos cada vez uma forma de construir conheci- restritas aos estudiosos de áre-
mais o quanto o desenvolvimen- mento de forma coletiva em am- as como a Lingüística, a Teoria

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |30


CAPA · OS MODELOS COLABORATIVOS DE CONHECIMENTO

da Informação e a Teoria da Li- muitas das culturas que costu- to social. E o maior problema
teratura. Observando-se o con- mos classificar como “primiti- não é mais “técnico”, no senti-
texto histórico da Era Moderna vas”). Autores, comentadores do estrito do termo: o proble-
e da famosa “Galáxia de Gu- e copistas compartilhavam infor- ma é, cada vez mais, um
temberg”, é possível notar que mações e conhecimentos, de problema de “recursos huma-
passamos mais de cinco sécu- uma forma que não teríamos nos”: agora são os usuários
los aprendendo a incorporar a muita dificuldade em aproximar que precisam “reaprender” es-
representação linear e contí- de um data center contemporâ- tratégias de compartilhamento
nua da linguagem verbal e do neo. A maior diferença, além é que superem os hábitos cria-
conhecimento que ela veicula claro das disponibilidades técni- dos por um mundo baseado no
– e constrói. Nesses cinco sécu- cas, talvez esteja na liberdade individualismo e na progressão
los nossas sociedades aprende- com que podemos (ao menos linear. Hoje em dia lidamos ca-
ram a conviver e a confiar na em alguns casos) acessar nos- da vez mais frequentemente
linearidade e na continuidade, sos bancos de dados digitais: com modelos de leitura – e de
aliás essa é uma das grandes se antes as restrições eram so- cognição – que se asseme-
bases do que chamamos de bretudo de ordem religiosa e po- lham aos modelos emprega-
“esclarecimento” e “racionalida- lítica, hoje elas tendem a ser dos na interpretação musical
de”. principalmente econômicas e... (veja-se, por exemplo, um títu-
Passar a utilizar os concei- ainda políticas. lo como Para uma teoria da in-
tos que integram a lógica wiki Com a simplificação da terpretação, de Roberto
não significa, do ponto de vista disponibilização de recursos wi- Corrêa dos Santos, de 1989),
cognitivo e social, uma “desco- ki via Web 2.0, uma comunida- mas essa mudança ainda tem
berta”, mas antes de uma “re- de cada vez maior de usuários muito chão para conquistar,
descoberta”. Na Idade Média, passou a contar com esse re- principalmente no que toca
por exemplo a noção de auto- curso, mas muitas vezes ele aos ambientes organizacionais
ria não exigia a correspondên- ainda não chega a produzir re- públicos e privados (em princí-
cia com uma “pessoa física”, sultados satisfatórios, seja no pio, os ambientes não-governa-
sendo muitas vezes dispensa- trabalho, seja na escola ou nas mentais têm menos problemas
da (e o mesmo acontece com demais formas de agrupamen- “ideológicos” para aceitar a ló-
gica construtiva e colaborativa,
mas é nela também que costu-
mam encontrar-se as maiores
carências de know-how, ou se-
A lógica wiki permite ja, há mais “abertura” porém
pouco – ou nenhum – domínio
diversificarmos a forma como técnico).
aprendemos (recuperamos, Os dois termos de maior
destaque na definição do wiki
procesamos e aplicamos) são, muito justamente, constru-
ção e colaboração, termos que
conhecimentos e dispomos deles apontam – alcançam – espa-
ços de produção de conheci-
em ações coletivas. mento não diretamente
Orlando Lopes
associados à tecnologia digital,
mas a processos mentais (os

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CAPA · OS MODELOS COLABORATIVOS DE CONHECIMENTO

processos cognitivos) e sociais de Peter Busch (2008), e Inter- Davies, John. Semantic
(os processos colaborativos). net and society: social theory Knowledge Management.
A lógica wiki permite diversifi- in the information age, de Chris- Gardners Books, 2008.
car a forma como aprendemos tian Fuchs (2008), para ficar- http://books.google.com.br/books?id=
(recuperamos, processamos e mos apenas com algumas dOIfy7aZUaAC
aplicamos) conhecimentos e publicações recentes.
dispomos deles em ações cole- No Brasil e, certamente, Architecting Information
tivas. Muitos leitores já devem em outros países nos quais a Technology Solutions Modern
ter ouvido falar ou até mesmo li- tradição da vivência em grupo Approaches to Systems Analysis
do alguma obra como As árvo- foi suficientemente forte para and Design. [S.l.]: Igi Pub, 2008.
res de conhecimentos, de “resistir” às dinâmicas de organi- http://books.google.com.br/books?id=
Pierre Lévy e Michel Authier zação linear do conhecimento KGd5hL2-rvQC
(ANO), em que são dados e da vida produtiva, temos a
exemplos hipotéticos de utiliza- vantagem potencial de não pre- Rivoltella, P. C. Digital Literacy:
ção de ambientes colaborati- cisarmos nos adaptar à lógica Tools and Methodologies for
vos tanto em grandes de uma “cultura wiki”: qualquer Information Society. Hershey PA:
corporações quanto em univer- um que já tenha na vida partici- IRM Press, 2008.
sidades ou, mesmo, em jardins pado de um mutirão, ou que te- http://books.google.com.br/books?id=
de infância. O americaníssimo nha vivido em alguma BL46FgAN-LoC
FBI, por exemplo, mantêm ho- pequena cidade de interior, em
je um wiki chamado Bureau- algum bairro de periferia, deve Eisner, Caroline, and Martha
pedia, no qual a gestão de co- ter alguma experiência colabo- Vicinus. Originality, Imitation, and
nhecimento permite aos agen- rativa “off computer” para con- Plagiarism: Teaching Writing in
tes e analistas acumular e tar. Digam se o mundo não dá the Digital Age. Ann Arbor:
compartilhar as informações de- voltas: os mais avançados re- University of Michigan Press,
correntes de suas investiga- cursos tecnológicos não fazem 2008.
ções, que ficarão disponíveis (muito) mais do que aquilo que http://books.google.com.br/books?id=
mesmo depois que esses traba- nossos avós e ancestrais fize- bJukFZP0KG0C
lhadores passem à aposentado- ram por séculos – no fundo, no
ria. fundo, o que eles nos permi- FUCHS, Christian. Internet and
society: social theory in the
Há hoje uma farta biblio- tem é reaprender a trabalhar
information age. Routledge, 2008.
grafia sobre colaboração e em grupo.
http://books.google.com.br/books?id=
construção coletiva de conheci-
sQ4Dqn0pSAEC
mento. Para quem já conhece Maiores informações:
o acervo do Google Books, há
opções como o Wiki writing, de Robert Cummings, Matthew
Robert Cummings e Mathew Barton. Wiki Writing: Collaborative
Barton (2008), dedicado à apli- Learning in the College Classroom. ORLANDO LOPES
University of Michigan Press, 2008. é pesquisador no
cações educacionais, ou Núcleo de Estudos
Semantic Knowledge Manage- http://books.google.com.br/books?id= em Tecnologias de
U_Jos-CxgBgC Gestão e
ment, editado por John Davies, Subjetividades do
Marko Grobelnik, Dunja PPGAdmin/UFES e
Pierre Lévy. Cibercultura. Rio de Consultor para o
Mladenic (2008), ou, ainda, títu- desenvolvimento de
los como Tacit Knowledge Janeiro: Editora 34, 1999. Projetos em
in Organizational Learning, http://books.google.com.br/books?id= Responsabilidade
Cultural e Social.
7L29Np0d2YcC

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |32


CAPA · COMUNIDADE OVERMUNDO

Quem é a comunidade do
Overmundo?
Por Viktor Chagas

Muita gente se refere aos de comuns, a “comunidade”.


colaboradores do Overmundo Na visão de um dos mais
[http://www.overmundo.com.br] importantes teóricos da filoso-
em diálogos pelo site e mesmo fia política contemporânea, o
fora dele como “a comunidade alemão Jürgen Habermas, em
do Overmundo”. Este termo, seu fundamental Mudança es-
“comunidade”, parece estar inti- trutural na esfera pública, o
mamente associado à experiên- aporte do feudalismo fez inver-
cia recente da chamada Web terem as noções do direito ger-
2.0, ou, como nós preferimos, mânico e do direito romano. A
da internet colaborativa. No pre- partir dali, o dito homem “co-
ceito clássico, já estabelecido mum” passa a ser designado
à exaustão: se nos primórdios como homem “privado”, en-
da web, falávamos em institui- quanto o bem “comum” era
ções e empresas; agora, fala- considerado “público”, isto é,
mos em comunidades. Há de todos. A “comunidade”, nes-
claramente uma ideologia por se sentido, é por extensão
trás deste uso, uma ideologia uma instância do homem priva-
de que, talvez, nós compartilhe- do, do homem comum. Dessa
mos (consciente ou inconscien- forma, cada comunidade é
temente). Uma ideologia que uma unidade independente, pri-
pressupõe uma inteligência co- vada em certo sentido, mas
letiva formada por um núcleo que guarda em si mesma ca-

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CAPA · COMUNIDADE OVERMUNDO

racterísticas que conformam desenvolve a partir de um dese- ***


um aspecto identitário único, jo ou uma inclinação vertical.
que as distingue das demais. Estas comunidades são gera- Mas a pergunta que resul-
A digressão “filosófica” po- das a partir da mobilização es- ta de toda a reflexão acima é a
de parecer sem significado pa- pontânea que cria laços mesma com que a iniciamos: o
ra quem está interessado na imaginários, como nos demons- que é essa “comunidade” do
ação prática, mas ela nos ser- tra Benedict Anderson, outro im- Overmundo? E, mais importan-
ve para identificarmos o senti- portante pensador para termos te, quem a forma?
do de se construir uma em mente.
O princípio básico do
comunidade. O Overmundo foi Como experiência de pla- Overmundo envolve quatro
desenvolvido com o objetivo taforma de compartilhamento grandes seções: o Overblog, o
de difundir a cultura brasileira de cultura, o Overmundo não Banco de Cultura, o Guia e a
e a cultura produzida por brasi- se esgota por si só. Em outras Agenda. No Overblog, são ge-
leiros em todo o mundo, em es- palavras, a plataforma não es- ralmente publicadas reporta-
pecial as práticas, tá dada. Ela é constantemente gens, resenhas e críticas
manifestações e a produção cul- recriada e reinventada pela pró- sobre cultura do Brasil; no Ban-
tural que não têm a devida ex- pria comunidade. Acreditamos co, há espaço para a publica-
pressão nos meios de que este tipo de apropriação é ção de livros, discos, vídeos,
comunicação tradicionais. Dar o que torna um site colaborati- imagens, podcasts, músicas,
vazão a esta “comunidade” vo realmente vivo. Quando pen- poemas e teses; no Guia, há
num esquema de produção de samos em mínimos detalhes sugestões de serviços, luga-
conteúdos, edição de desta- uma funcionalidade e discuti- res, festas e atividades locais
ques e mesmo moderação alta- mos exaustivamente sua imple- regulares; e, por último, na
mente colaborativo pode mentação, sabemos que a Agenda, a programação de
parecer simples, mas é um pro- comunidade inevitavelmente eventos do calendário cultural
cesso imprevisível. Uma comu- nos surpreenderá em seu uso. de todo o país. Estas seções
nidade não se forma sozinha. E isso é o que torna o fenôme- servem como canais para orga-
Nações, grupos religiosos, fave- no da internet colaborativa fasci- nizar a informação, mas a pu-
las, torcidas de futebol, ne- nante. blicação é livre e os destaques
nhum tipo de comunidade se são escolhidos por cada cola-
borador, com base num algorit-
mo que calcula a quantidade
de votos em determinado con-
teúdo e o compara com o tem-
O Overmundo foi po desde a sua publicação.
desenvolvido com o objetivo de Com esse sistema, as colabo-
rações mais votadas ganham
difundir a cultura brasileira e a destaque, mas priorizamos
sempre o que há de mais re-
cultura produzida por brasileiros cente no site.

em todo o mundo... Mesmo assim, o site, por


si só, é uma ferramenta. O seu
principal capital social e – por
Viktor Chagas
que não? – cultural é precisa-
mente a sua “comunidade”. O

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |34


CAPA · COMUNIDADE OVERMUNDO

Overmundo tem hoje cerca de Na quantidade e qualida- seu livro? Ou um coletivo de


35 mil colaboradores ativos, de de comentários não é dife- Belo Horizonte teria mais de
que são aqueles que consegui- rente. O Overmundo é 18 mil interessados em seu ma-
ram completar o seu cadastro reconhecido, em diferentes se- nual sobre como se fazer cami-
e permanecem com suas con- tores, como um site que possui setas em stêncil? Que outro
tas válidas no site. Desses 35 não só um grau considerável lugar reúne de modo tão sim-
mil, é evidente, apenas alguns de interação no espaço de co- ples e acessível curtas (e até
participam amplamente – publi- mentários, mas também, e prin- longas) de Muqui (ES), Rio
cando, votando e comentando cipalmente, um ambiente de Branco, Aracaju e Palmeira
nos conteúdos que circulam pe- conversação de relevância, (PR)? Ou notas sobre o bar
lo site. Mesmo assim, em com- com comentários construtivos, que é ao mesmo tempo funerá-
paração com a média de capazes de acrescentar e mui- ria no Piauí e o açougue que é
outros serviços colaborativos, to às colaborações. ao mesmo tempo centro cultu-
que costuma operar em torno Os votos, outro importan- ral em Brasília?
de 1% a 3% de participação de te instrumento para se avaliar Todo esse patrimônio é
colaboradores produzindo con- a participação da "comunida- construído de modo colaborati-
teúdo efetivamente e interagin- de", não ficam atrás. O Over- vo. Mas, afinal, o que é essa
do em meio às funcionalidades
desses sites, o Overmundo
não faz feio. Para se ter um ex-
emplo, só no Banco de Cultu-
ra, são mais de 2,5 mil Há quem pense que a
colaboradores com ao menos
uma publicação. Overblog e comunidade é formada justamente
Agenda têm, cada seção, cer-
ca de 1,5 mil colaboradores pelos 35 mil colaboradores ativos.
com ao menos um conteúdo pu-
blicado. E o Guia, com cerca
Mas nós ousamos dizer que ela vai
de 600 colaboradores com ao
menos uma nota e mais de
além disso.
500 cidades brasileiras repre- Vikton Chagas
sentadas. Como cada seção se-
gue uma lógica
completamente diferente, há co- mundo possui uma plataforma “comunidade” do Overmundo?
laboradores que postam no convidativa e estimulante, que Há quem pense que a comuni-
Guia e não postam na Agenda, se reflete numa boa quantida- dade é formada justamente pe-
ou que postam na Agenda de de votantes em todos os los 35 mil colaboradores
mas não postam no Banco. Is- conteúdos do site, de acordo ativos. Mas nós ousamos dizer
so significa que há uma interse- com a sua diversidade. E no que ela vai além disso. A comu-
ção a se considerar entre os que é mais expressivo: nidade do Overmundo são as
diferentes processos de publica- downloads e streamings das pessoas que mantém afinida-
ção no Overmundo, mas, em to- obras disponibilizadas. Em des com a proposta do site,
dos os casos, o resultado é qual outro lugar um autor inde- que é: difundir a produção cul-
muito bom em termos de produ- pendente do Mato Grosso che- tural brasileira, e das comuni-
ção de conteúdos. garia aos 2,6 mil downloads de dades de brasileiros no

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |35


CAPA · COMUNIDADE OVERMUNDO

exterior, com foco em seus as- gente chegou só agora. Muita dessa rede colaborativa de-
pectos que não costumam rece- gente está desde o início liga- monstra a seriedade do traba-
ber cobertura da grande mídia. da no site, mas jamais se posici- lho desenvolvido pela Equipe
Se é assim: a comunidade en- onou sobre os assuntos Overmundo e ilustra o poder
volve, pelo menos, os mais de levantados para a discussão da comunidade do Overmundo.
900 mil visitantes únicos que re- de melhorias no sistema de mo- É mais ou menos isso o
cebemos todos os meses em deração. Há várias maneiras que queremos dizer quando
média, ou os quase 2 milhões possíveis de relação como o nos referimos à “comunidade”
de pageviews gerados a partir Overmundo. Muita gente não do Overmundo. E é mais ou
menos essa impressão de sa-
tisfação que temos quando ou-
vimos alguém dizer que o
Overmundo é construído pela
A vitalidade crescente sua comunidade.
dessa rede colaborativa demonstra a
seriedade do trabalho desenvolvido Maiores informações:
pela Equipe Overmundo e ilustra o Site Overmundo:
http://www.overmundo.com.br
poder da comunidade do
Site Instituto Overmundo:
Overmundo. http://www.institutoovermundo.org.br

Viktor Chagas

de conteúdos do Overmundo. vota, não comenta, não publi-


Nesse universo, que está sem- ca, mas lê! E sabe o que está
pre crescendo desde que o si- acontecendo por aqui. E saber
VIKTOR
te foi inaugurado, há três anos, o que está acontecendo, den- CHAGAS é
falamos de Brasil, mas falamos tro dessa lógica de difusão cul- escritor, jornalista
e doutorando em
também de outros 150 a 160 tural, não é menos importante: História, Política e
países que nos acessam mês se queremos divulgar o que es- Bens Culturais
após mês, gente que fala, gen- tá no Overmundo e ainda não pelo Centro de
Pesquisa e
te que lê, gente que respira cul- chegou ao noticiário cultural Documentação
tura brasileira - sejam dos grandes meios, alguém de História
Contemporânea
brasileiros ou não. que leia um texto ou veja um ví- do Brasil da
Muita gente não acompa- deo, pode somar (e muito) a es- Fundação Getúlio
Vargas (Cpdoc-
nhou de perto mudanças que te esforço, replicando e FGV).
ocorreram e que ocorrem sem- reproduzindo a informação nas Desenvolve
pesquisas na
pre no site, dentro do espírito suas redes particulares, no área de Mídia e
de renovação constante em seu blog, no site da sua empre- Política. Desde
sa, ou num bate papo entre ami- 2006 integra a
que nos empenhamos. Muita equipe editorial
gos. A vitalidade crescente do Overmundo.

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |36


CAPA · WIKI-JORNALISMO

Como o sistema wiki pode


ajudar o jornalismo?
Por Yuri Almeida
Dan Mulligan - sxc.hu

A rede mundial de compu- dança no fluxo comunicacio-


tadores alterou de forma radi- nal, anteriormente baseado na
cal as práticas sociais. O emissão centralizada pelos
desenvolvimento das tecnologi- mass media para um processo
as de informação e comunica- de todos-todos, onde qualquer
ção na década de 70 usuário é uma mídia em poten-
proporcionaram avanços na plu- cial.
ralidade das visões, novos ti- Se na sociedade de mas-
pos de interação entre os sa há a separação entre a esfe-
indivíduos e o meio sócio-cultu- ra pública midiática e esferas
ral, além de novos formatos e públicas periféricas, o proces-
suportes comunicacionais. so de debates é fortemente hie-
A liberação do pólo emis- rarquizado e unidirecional, a
sor (Lemos, 2005) “borrou” o sociedade em rede potenciali-
campo jornalístico e o questio- za a comunicação entre as es-
namento sobre os agentes auto- feras pública (midiática x
rizados para a produção e a periférica) e os meios de comu-
veiculação de conteúdo na soci- nicação são formatados em re-
edade contemporânea. Atra- de, o que possibilita a
vés de blogs, lista de descentralização do debate pú-
discussão, códigos abertos e blico.
sistemas wiki nota-se uma mu-

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |37


CAPA · WIKI-JORNALISMO

O wiki-jornalismo é fruto
desta arquitetura aberta, a di-
mensão mundial e o caráter
multidirecional da comunica-
ção, assim como outros fatores O sistema wiki
como a abertura do código
HTML e a WWW. O primeiro possibilita ao jornalismo uma
wiki, chamado PortlandPattern-
Repository, foi criado em 1995
alternativa para a mudança do
pelo programador Ward Cun-
ningham, que objetivava facili-
habitus e valores do mainstream
tar o registro e a troca de midiático.
conhecimento entre os mem-
Yuri Almeida
bros da sua empresa de softwa-
res. No decorrer dos anos o
sistema foi utilizado por institui-
ções públicas e privadas e pe- Apesar de experiências cializem o relacionamento com
los próprios jornais. ainda em curso, o sistema wiki seu público, uma vez que a co-
Wiki-jornalismo é um siste- possibilita ao jornalismo uma al- laboração precisa ser filtrada,
ma baseado em autoria coleti- ternativa para a mudança do ha- averiguada e remixada dentro
va, que permite intervenções bitus e valores do mainstream do universo noticioso e expõe
rápidas para a melhoria ou com- midiático. Destaco três premis- o jornal e os jornalistas no que
plementação dos textos em sas básicas que a filosofia wiki tange a manipulação editorial
um trabalho contínuo, sem horá- pode proporcionar aos própri- ou erros na reportagem, já que
rios e prazos estabelecidos. As os jornalistas: 1- edição colabo- a entrevista com as fontes, ma-
experiências de wiki-jornalismo rativa de textos com a terial de pesquisa, entre outros
ainda são primárias no Brasil, participação dos leitores; 2- inte- são disponibilizados na íntegra
com destaque para o Wikinotíci- ração entre a comunidade e os para a consulta e verificação
as, idealizado pela Fundação jornalistas; 3- transparência dos dados.
Wikimedia, a mesma que geren- dos processos produtivos e, Além destes entraves, co-
cia a Wikipedia. O Wikinotícias consequentemente, maior credi- mo transformar um espaço re-
entrou em funcionamento, ofici- bilidade para os medias. pleto de rabiscos, com
almente, em 4 de março de Entretanto, ao adotar a filo- anotações incompreensíveis
2005 e hoje contabilizava sofia wiki em sua rotina produti- em um produto jornalístico? Es-
4.528 notícias escritas em lín- va, o jornalismo depara-se te questionamento implica pen-
gua portuguesa. Neste sítio, a com os questionamentos relaci- sar diretamente na notícia,
notícia passa por três etapas: onados aos critérios de noticia- vista como a síntese do jorna-
1- fila de edição, 2- fila de revi- bilidade, já que a edição lismo. A notícia, diferente de
são e 3- artigo publicado. Após coletiva exige, sobretudo tem- um software, não é beta, pois
a publicação, a notícia pode po e diálogo para a finalização uma vez publicada interfere no
ser protegida contra a edição do texto pela comunidade, que mundo das finanças, política e
e, em caso de continuidade do não segue a lógica do fecha- vida pessoal dos indivíduos. A
mesmo fato, novos artigos são mento dos jornais e dead line notícia, desenvolvida em uma
criados e linkados uns aos ou- das matérias, demanda a cria- concepção wiki, estará sempre
tros. ção de mecanismos que poten- em fase beta e tal característi-

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |38


CAPA · WIKI-JORNALISMO

ca coloca em xeque a credibili- renciar o conteúdo um sentido puramente conecti-


dade da informação. Credibilida- colaborativo teve um resultado vo (realidade – público), preci-
de, porque uma vez publicada, positivo com a adoção do siste- sa evoluir para uma mediação
a informação é significada co- ma. O mesmo saldo positivo ob- dialógica, premissa essencial
mo verdade ou verossímil e tiveram os estudantes de para o futuro do jornalismo.
por mais que as correções se- jornalismo da Universidade de
jam imediatas, nada garante Nova Iorque que utilizaram o wi-
que aquele usuário que leu a ki como plataforma para a reali- Referência Bibliográficas
primeira versão da matéria vol- zação do projeto LEMOS, André. Cibercul-
te para acompanhar as novida- NewsAssignment, que produ- tura Remix. http://www.andrele-
des ou seja notificado do erro ziu reportagens usando a auto- mos.info/artigos/remix.pdf .
anterior. ria coletiva, durante 10 meses. acesso em 21 de maio de 2009
Não se pretende com es- O jornalismo baseado em GILLMOR, Dan. Nós, os
ta afirmação descartar o siste- autorias coletivas e colaborati- Media. Editorial Presença, São
ma wiki na produção vo, como aponta GILLMOR Paulo, 2005.
jornalística, pelo contrário, a (2005), possibilita uma oportuni-
sua potencialidade em tornar dade de fazer um jornalismo Maiores informações:
transparente as etapas do de- ainda melhor, a partir do mo-
senvolvimento de determinada mento que contar com a partici- Artigo Cibercultura Remix
reportagem e a abertura do có- pação do público em seus http://www.andrelemos.info/artigos/re
digo para a escrita coletiva reve- processos produtivos. O leitor mix.pdf
lam-se como essenciais para o não apenas está no controle e
jornalismo. Entretanto, o wiki decide a forma que irá consu- Blog Herdeiro do Caos
pode ser mais útil nos proces- mir as informações, como tam- http://herdeirodocaos.com
sos de pré-produção ou no de- bém anseia em participar da
senvolvimento de pauta para produção de conteúdo. A cultu-
os jornalistas, do que como for- ra do “faça você mesmo!”, po-
mato final de apresentação tencializada pela Internet e a
das notícias, como aconteceu liberação do pólo emissor re- YURI ALMEIDA é jornalista, especialista
em Jornalismo Contemporâneo,
com o jornal Los Angeles Ti- configura o papel do jornalista pesquisador do jornalismo colaborativo e
mes que foi alvo de vandalis- como mediador/tradutor da soci- edita o blog herdeirodocaos.com sobre
cibercultura, novas tecnologias e
mo por parte dos usuários e edade e suas complexidades. jornalismo. Contato:
encerrou a sua experiência fra- A mediação jornalística, que hdocaos@gmail.com / twitter.com/
cassada em 2007. Já a revista se baseava em recortar frag- herdeirodocaos

Wired, que estabeleceu um tem- mentos da “realidade” e apre-


po maior e uma equipe para ge- sentá-los aos receptores, em

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |39


DESENVOLVIMENTO - VIRADO PRA LUA - PARTE 3

VIRADO
PRA LUA
Parte 3
Por Lázaro Reinã

Adam Adamesco - sxc.hu

Continuando “parasita”, se é que podemos chamá-lo assim.


Olá pessoal, lembram-se de mim? Pois é! É interessante notar que existem APIs pa-
Estou de volta pra falar mais uma vez sobre a lin- ra diversas linguagens porém, podemos desta-
guagem Lua, porém dessa vez iremos nos apro- car o uso em maior escala de duas delas. São
fundar bastante, pois conheceremos um elas, a API-C que por ser a linguagem que “deu
conceito novo dentro do que nós já vimos anteri- a luz” a Lua, apresenta um desempenho excep-
ormente. Divirtam-se! cional. E a API-Python que por sua facilidade e
eficiência também vem se destacando.
API - O que é?
Conforme eu já citei em outras oportunida- Qual usar?
des, a linguagem Lua trabalha com a noção de Senhoras e senhores, eu sou suspeito pa-
programa “hospedeiro” e programa “auxilliar”, on- ra responder essa pergunta, amante da lingua-
de temos um programa principal, que executa gem C a um bom tempo já, eu prefiro nem me
as funções básicas para o funcionamento ade- pronunciar a respeito, porém, não querendo fa-
quado do software ou jogo, e um script, Lua, lar mas, já falando, quando se precisa de mais
que executa funções mais específicas, como Inte- desempenho, segurança e tudo mais, eu acon-
ligência Artificial, interface com o jogador, etc. selho o uso da API-C, até porque eu confesso
Funções onde o desempenho e a leveza da lin- que não conheço python. Portanto, se o senhor
guagem Lua são essenciais. ou a senhora conhece Python, prefere Python a
Entretanto para que haja uma comunica- C/C++, faça bom proveito, pois a API-Python
ção entre o programa principal e o script Lua, é tem sido muito usada e também por isso tem
necessário o uso de uma interface simples e efici- credibilidade.
ente entre os dois. Neste contexto temos a API- Porém. Entretanto, e todavia, nesse artigo,
Lua que através de uma pilha virtual troca da- trataremos apenas da API-C, até porque fica
dos entre o programa “hospedeiro” e o código mais fácil né!

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |40


DESENVOLVIMENTO - VIRADO PRA LUA - PARTE 3

Como funciona? pois a variável n recebe o retorno de


lua_gettop(L). Seguindo com o código, temos a
Para que haja uma boa comunicação com
declaração de uma variável sum que é do tipo lu-
Lua, uma função C deve usar um “protocolo”
a_Number, existente na biblioteca padrão Lua.
que define quais os parâmetros serão passados
Logo após é declarado um contador que servirá
e como eles serão. Vejamos: a função C recebe
de índice, i. O laço for inicializa i com 1 e en-
seu argumentos de Lua na sua pilha em ordem
quanto i for menor ou igual a n, que é o número
direta, o primeiro argumento é empilhado primei-
de argumentos passados por Lua, e a variável i
ro. Portanto, quando a função inicia, lua_get-
é recebe um incremento de 1. Caso o argumen-
top(L) retorna o número de argumentos
to passado no índice correespondente não seja
recebidos da função Lua. O primeiro argumento
um número, é retornado uma mensagem de er-
está no índice 1 e seu último argumento está no
ro. Do contrário a variável sum recebe o argu-
índice retornado em lua_gettop(L).
mento e soma com o valor que ela possuia
Para que aconteça o inverso, ou seja, para anteriormente. Ao findarem os argumentos, os
que C retorne valores para Lua, a função ape- valores são recolocados na pilha, e por fim é re-
nas empilha na pilha, também em ordem direta, tornado o número de resultados:
e retorna o número de resultados. Qualquer ou-
tro valor na pilha abaixo dos resultados será des-
cartado por Lua. Ambas as função podem
lua_pushnumber(L, sum/n); /* primeiro resultado */
retornar muitos resultados.
lua_pushnumber(L, sum); /* segundo resultado */
return 2; /* número de resultados */
Aprofundando
Vejamos um exemplo do uso desse concei- Bom pessoal por enquanto é só isso, é im-
to para entendermos melhor. portante que seja frisado o fato de que toda a
API não passa de um pilha virtual onde os da-
dos são compartilhados ou não entre programa
static int foo (lua_State *L) {
hospedeiro e script. Na próxima edição veremos
int n = lua_gettop(L); /* número de
todos esses conceitos aplicados para os jogos!
argumentos */
lua_Number sum = 0; Não perca! Nesse mesmo canal, nesse mesmo
int i; horário.
for (i = 1; i <= n; i++) {
if (!lua_isnumber(L, i)) {
lua_pushstring(L, "incorrect argument");
lua_error(L);
}
sum += lua_tonumber(L, i);
}
lua_pushnumber(L, sum/n); /* primeiro
resultado */
lua_pushnumber(L, sum); /* segundo LÁZARO REINÃ é usuário Linux,
resultado */ estudante C/C++, Lua, CSS, PHP.
return 2; /* número de resultados */ Integrante do EESL, ministra palestras
} e mini-cursos em diversos eventos de
Software Livre.
Nesse exemplo, a função C recebe a princi-
pio o argumento do ambiente lua_State *L. De-

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TUTORIAL · CONTROLANDO SEU DESKTOP COM O CELULAR

Controlando
seu desktop GNU/Linux
com o celular
Por Guilherme Chaves

Movidos ao advento da ponta, esses que incluem con- mos apartir de R$ 12,00, ou
mobilidade, muitos estão adqui- trole remoto. em uma loja o preço médio de
rindo aprelhos modernos para Para evitar o contratempo R$ 35,00.
tornar suas tarefas agéis e dinâ- do gasto, em tempos de crise, Antes de prosseguirmos,
micas, não importa se está em encontramos o Bluepad, um vejamos os recursos do softwa-
casa, numa lanchonete e até software que faz ligação entre re:
numa lavanderia. Em meio a seu celular e seu desktop, bas-
um emergente revolução que - Controle de apresentações
ta que seus aparelhos possu- (passagem e interação com sli-
rompe limites de tempo e espa- am algumas características:
ço, encontramos alguns contra- des);
tempos. - Celular com suporte a aplica- - Play/Pause/Stop em músicas
ções JAVA(J2ME); e filmes;
Aqui trataremos de um as- - Note/PC com Bluetooth inte- - Jogar seus games prediletos
sunto interessante para pales- grado ou 1 adaptador Blueto- com o celular;
trantes, professores, alunos e oth USB; - Interface multilíngual: Inglês,
etc. Em uma palestra/apresenta- - Você não precisa se conectar Português, Espanhol, Grego,
ção, quase sempre nos depara- à Matrix pelo orifício da nuca... Italiano e Francês.
mos com uma cena distinta,
onde o palestrante deve se des- Se o seu desktop não pos-
locar, contorcer, desdobrar, fa- Os arquivos para down-
sui bluetooth, fique tranquilo, o load estão na página do proje-
zer malabarismos hilários para adaptador bluetooth usb é fácil
simplesmente apertar uma te- to:
de encontrar e o preço médio
cla de seu desktop, que geral- varia de acordo com sua op-
mente fica a um distância ção de compra.
média de 1,5 metros; seria tão http://www.valeriovale-
fácil se todos tivéssemos os últi- Se optar por comprar onli- rio.org/bluepad/index.php?pa-
mos modelos de desktop de ne, encontrará adaptadores óti- ge=download

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TUTORIAL · CONTROLANDO SEU DESKTOP COM O CELULAR

Estão disponíveis três ar- aparelho, habilite o Bluetooth. Já o agente, é homologa-


quivos para download: Para prosseguir verifique nas do para praticamente todas as
1 – Software Agente – esse de- configurações de bluetooth do distribuições derivadas do De-
ve ser instalado no desktop; seu celular, se a opção “perma- bian Linux.
2 – Código fonte – exclusivo pa- necer visível para todos os apa- Pronto! Agora você pode
ra melhorias e modificações no relhos” está marcada, caso usufruir das vantagens desse
software; não esteja, marque. software.
3 – Interface de Interação – In- Após esses passos, tudo Faça com moderação
terface JAVA instalada no celu- é bem simples. Acesse o nem todos acreditam ou estão
lar para interagir com Desktop. Software Bluepad no seu Desk- prontos pra ver o que pode-
top, em seguida no ícone que mos fazer com software livre,
O software Agente (do estará na barra de notificações isso assusta...
desktop) é disponibilizado em escolha a opção: CONECTAR,
ao abrir a caixa, efetue a bus- Bom, pensando bem, use
formato “.DEB “ , a instalação e abuse.
é bem simples com esse tipo ca de seu dispositivo, encon-
de extensão, basta um duplo cli- trando conecte-o.
que sobre o arquivo, o instala- No seu Celular, acesse o
dor de pacotes será iniciado, Bluepad, escolha o idioma,
insira a senha de Super usuá- pressione a tecla “5”, acione a Maiores informações:
rio e o software será instalado. opção: Choose Device (esco-
Site Oficial Bluepad:
Não se preocupe com as lher dispositivo), ao encontrar
http://www.valeriovalerio.org/bluepad/
bibliotecas, o instalador de pa- seu desktop selecione a opção
cotes fará o download do que conectar.
Download Bluepad:
for necessário. E dizem que tu- http://www.valeriovalerio.org/blue-
do no linux é difícil e tem “tela Considerações pad/index.php?page=download
preta”... importantes
Se você usa uma distribui- Basicamente todos os ce- Site Jack.eti.br
ção que não é baseada em De- lulares com suporte a JA- http://www.jack.eti.br/www/?p=314
bian, faça o download do VA(J2ME), rodam a aplicação,
pacote de código fonte, nele exi- mas existem os modelos homo-
te o script de inicialização do logados:
Bluepad, executando ele não
se faz necessária a instalação GUILHERME
Motorola V360 CHAVES é gestor
e o sistema funciona normal- pedagógico pelo CDI
mente. Motorola Razr V3x (Comitê para a
Motorola Razr V3xx Democratização da
Descompacte e copie a In- Nokia 6230
Informática) –
Telecentros de
terface de interação para seu Nokia 6230i Vitória; cursando
celular. No celular, encontre o Nokia 6234
gestão em
tecnologia da
arquivo e execute; ele pode pe- Nokia 6280 informação pela
dir a instalação ou simplesmen- Nokia 6300 Faculdade Novo
te iniciar o aplicativo, isso Milênio; Idealizador e
Samsung E390 desenvolvedor do
depende do modelo do apare- Sony Ericsson k750 Projeto Alforria na
lho que possui. Nas configura- Prefeitura de Vila
Sony Ericsson k510 Velha/ES no ano de
ções de conexão do seu 2008.

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TUTORIAL · INSTALANDO O NETBSD

Instalando o NetBSD

Uma abordagem direta... tela a tela!


Por Alan MeC Lacerda

A instalação do NetBSD em si é bastante


simples. Os menus de instalação encontram-se
por padrão em Inglês o que, para alguns,
dificulta um pouco o processo de instalação.
Mas vamos seguir os passos explicando as
opções, após este capítulo você será capaz de
planejar e realizar instalações com o NetBSD.
Faça o download da imagem da versão do
NetBSD desejada. No site oficial
(http://www.netbsd.org) você encontrará
Figura 1.1
diversas opções de links para fazer o download.
Após o download grave o CD com a imagem, cima e para baixo), quando estiver sobre a
coloque no drive de CD e reinicie a máquina opção desejada pressione enter.
(certifique-se de que o boot esteja configurado Na próxima tela, você deve escolher qual o
para ler o CD antes de ler o HD). idioma do seu teclado, use a tecla de
Após o boot ter finalizado a tela da figura
1.1 aparecerá. Nela a primeira frase é “Bem-
vindo ao sysinst”, lembre que o sysinst é o
sistema de instalação do NetBSD.
Nesta tela você tem a chance de escolher
em qual idioma as mensagens de instalação
serão exibidas para você. Escolha o idioma que
você mais domina, em meu caso, escolherei
inglês.
Use as teclas de navegação (setas para Figura 1.2

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TUTORIAL · INSTALANDO O NETBSD

navegação até “portuguese” e pressione enter.


A próxima tela do sysinst lhe dará a
oportunidade de escolher se você deseja
Instalar ou atualizar o NetBSD. Escolha a
primeira opção para instalar.

Figura 1.5

Agora escolheremos o tipo de instalação


que desejamos: Completa, mínima ou
personalizada. Para o nosso laboratório vamos
selecionar a primeira opção (instalação
Figura 1.3 completa). É aconselhado que, depois, você
instale usando os outros tipos de instalação a
fim de se familiarizar com os recursos
A próxima tela lhe pergunta se realmente
disponibilizados por cada uma delas. Pois você
deseja continuar com a instalação, informando
poderá encontrar situações em que uma delas
que todos os dados do seu disco serão perdidos
seria a mais indicada.
e aconselhando-o a fazer um backup das
informações contidas no disco antes de
prosseguir. Escolha a segunda opção quando
estiver pronto para continuar com a instalação e
pressione enter.

Figura 1.6

Na próxima tela é exibido para você a


geometria do disco que você selecionou para a

Figura 1.4

Em seguida será exibido para você os


discos encontrados e lhe permite escolher em
qual deles deseja instalar o NetBSD. Em nosso
caso, apenas um disco foi encontrado, por isso
ele assume que nós desejamos instalar nele
mesmo. Pressione enter para continuar.
Figura 1.7

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TUTORIAL · INSTALANDO O NETBSD

instalação. O sysinst lê essas informações da


BIOS e geralmente elas estão corretas. Não
altere essas opções a menos que você saiba o
que está fazendo.
Escolha a primeira opção e pressione
enter para seguir em frente.
Na tela atual você tem a chance de indicar
se apenas o NetBSD está instalado nesse
disco. Caso sim, use a segunda opção (use o
disco inteiro). Pressione enter. Figura 1.10

É exibido na tela seguinte o


particionamento padrão definido pelo NetBSD
para o seu sistema.

Figura 1.8

A tela seguinte diz respeito ao bootcode,


ele pergunta se você quer instalar o bootcode
do NetBSD, responda que sim pressionando Figura 1.11
enter.
Pressionando enter em cada partição você
pode escolher o tamanho da mesma. Primeiro
defina todas como zero a fim de reiniciarmos o
processo de definição das partições.

Figura 1.9

O bootcode é responsável por descobrir os


dispositivos ligados ao computador.
Agora então a hora de particionar o disco Figura 1.12
(primeira opção) ou deixar aos cuidados do
NetBSD particionar para você (segunda opção). Após definir todas as partições com o
Escolha a primeira opção e pressione enter. tamanho de zero Mega Bytes observe que a
ultima linha mostra o tamanho total do seu disco

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TUTORIAL · INSTALANDO O NETBSD

como livre (Free space). Podemos agora definir A próxima tela mostrará para você como
o tamanho das nossas partições de acordo com ficará as suas partições após a formatação.
o nosso gosto. Esta é a sua ultima chance de alterar o
esquema de partições antes da formatação.
Caso tudo esteja de acordo, selecione a ultima
opção e pressione enter.

Figura 1.13

Para definir o tamanho da partição


selecione a mesma pressionando enter e depois
digite o tamanho em Mega Bytes desejado para Figura 1.16
aquela partição. Quando terminar vá até a Nesta tela (Figura 1.17) você pode dar um
ultima opção e pressione enter. nome ao seu disco. Basta digitar o nome e
Pressionar enter, ou aceitar o nome sugerido
apenas pressionando enter.

Figura 1.14

Caso deseja adicionar uma partição


Figura 1.17
customizada (/dados por exemplo), selecione a
terceira linha de baixo para cima, ela permitirá Até agora todas as telas foram apenas
que você crie a sua partição, e depois defina o seleções de opções, nada foi escrito no disco
tamanho dela. até esse momento. Veja o que a próxima tela
diz:
“OK, agora estamos prontos para instalar o
NetBSD no seu disco (wd0). Nada foi escrito
ainda. Esta é a sua ultima chance de abandonar
este processo antes que alguma coisa seja
alterada.
Vamos continuar?”
Para continuar a instalação selecione “yes”
e pressione enter.
Figura 1.15

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TUTORIAL · INSTALANDO O NETBSD

Figura 1.18 Figura 1.21

Na próxima tela o que lhe é exibido é nada


você quer que ele se comporte durante essa
mais que o início das alterações sendo feitas
extração. As opções são: a: Barra de progresso
em seu disco. Neste caso a formatação do seu
(recomendado), b: silencioso ou c: verboso
disco.
listando os nomes dos arquivos (lento).
Pressione enter na primeira opção.
Veja na próxima tela que é possível
escolher a fonte (origem) dos pacotes que serão
descompactados. Existem diversas opções de
instalação por exemplo: compartilhamento de
rede, uma pasta local (em uma partição no seu
disco), FTP dentre outros. Como estamos a
usar uma imagem em CD, selecione a primeira
opção pressionando enter.
Figura 1.19

Nesta tela selecione a primeira opção


(usar a console da BIOS). Assim que você
pressionar enter na primeira opção a ultima será
selecionada, pressione enter nela para seguir
para a próxima tela.

Figura 1.22

Na tela da Figura 23 lhe é mostrado qual o


dispositivo de CD que será usado. Pressione
enter na ultima opção para continuar.
A partir de então serão descompactado os
Figura 1.20 pacotes para o tipo de instalação escolhida.
A tela acima avisa a você que o próximo Essa etapa não demora muito (a depender da
passo será descompactar os arquivos da capacidade do seu hardware).
distribuição no seu disco rígido e pergunta como

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TUTORIAL · INSTALANDO O NETBSD

Figura 1.23 Figura 1.26


opções são: Acre, Fernando de Noronha, Leste
ou Oeste. Selecione a que melhor se aplica ao
seu caso pressionando enter sobre ela.

Figura 1.24

Quando o processo de descompactação


dos pacotes terminar, a próxima tela será um Figura 1.27
aviso que tudo ocorreu com sucesso. A partir de A próxima etapa diz respeito ao
então o sistema estará pronto para iniciar a comportamento das senhas. Escolha o tipo de
partir do disco rígido, mas antes alguns ajustes cifra (criptografia) que será usado no sistema.
deverão ser feitos. Pressione enter para seguir. Neste caso fica ao seu critério, faça um estudo
a parte e conheça esses tipos de cifras para
poder selecionar uma delas. Para o nosso
exemplo selecione a primeira opção e pressione
enter.

Figura 1.25

É a hora de selecionarmos a região na


qual o horário melhor se adequa à que usamos.
Selecione “Brazil” e pressione enter. Figura 1.28

Em qual região do Brasil você reside? As

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TUTORIAL · INSTALANDO O NETBSD

Após selecionar a cifra que o sistema irá


usar, lhe é dada a chance de escolher se deseja
criar a senha de root (o principal usuário do
sistema). Pressione enter na primeira opção.

Figura 1.31

Bem, finalizado a instalação. Nesta tela é


recomendada a leitura da página de manual do
afterboot que se encontra na sessão 8. Faça
Figura 1.29
isso após a reinicialização do sistema com o
comando:
Será então requisitado que você digite a
senha desejada e logo depois que você repita a man 8 afterboot
senha. Se as duas senhas forem diferentes uma Pressione enter para finalizar a instalação.
mensagem de erro será retornada e mais uma
vez pedirá a senha e logo após que você
redigite a senha.

Figura 1.32
Nesta etapa alguns iniciantes (isso me
inclui na época em que comecei com o
Figura 1.30 NetBSD), se deparam com a mesma tela inicial
da instalação e acabam por reiniciar a
Bastante cuidado nesse momento use
uma senha que você saiba que não irá
esquecer, mas que seja segura. Não será
exibido nenhum caractere para você enquanto a
senha é digitada (um asterisco para cada dígito
por exemplo).
Na próxima tela será requisitado que você
indique qual shell o usuário root deverá usar. O
shell padrão do NetBSD é o sh, por isso ele é o
primeiro da lista e por padrão ele já vem
selecionado. Pressione enter sobre ele. Figura 1.33

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TUTORIAL · INSTALANDO O NETBSD

instalação do NetBSD. Mas neste caso, com a


instalação concluída, selecione a penúltima
opção pressionando enter e o computador irá
reiniciar ou então selecione a ultima opção.

Figura 1.35

Lembre também de ler a página de manual do


afterboot(8).
Figura 1.34
Maiores informações:
Caso tenha selecionado a ultima opção um Site Oficial NetBSD:
terminal lhe será exibido. Digite reboot e http://www.netbsd.org
pressione enter para reiniciar o computador.
ALAN MeC LACERDA é formando em
Nesse momento você pode retirar o CD de Tecnologia de Redes de Computadores.
instalação do NetBSD do seu driver. Amante de segurança de redes e
programação desde a infância. Co-fundador
Pronto! Após reiniciar, o seu sistema está da Célula de software livre da Universidade
pronto para uso. Acesse usando o usuário root Jorge Amado. Consultor de Redes e
sistemas operacionais há 7 anos.
e a senha que você criou durante a instalação.

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TECNOLOGIA · MICROSOFT E O ODF

Mais do mesmo 2.0:


Microsoft e o ODF
Por Jomar Silva
Jenny W. - sxc.hu

No ano passado, a Micro- cativas dadas pela Microsoft


soft anunciou que lançaria nes- para eles.
te ano um Service Pack (SP2) Já vimos no passado a
para o Office 2007 e através de- Microsoft abraçar, estender e
le os usuários de Office 2007 extinguir padrões (a boa e ve-
poderiam trabalhar com docu- lha estratégia “Embrace,
mentos ODF de forma nativa. Expand and Extinguish”), e
Depois de meses de espera o eles não fizeram nada muito di-
resultado final não poderia ser ferente desta vez. A diferença
mais decepcionante. é a tremenda cara de pau, pois
Diversos artigos já foram agora eles são membros do
publicados na internet critican- OASIS ODF TC (comitê inter-
do os problemas encontrados nacional que desenvolve o
no SP2, e uma boa referência ODF e do qual sou membro), e
deles pode ser encontrada no portanto, são um dos desenvol-
meu blog[I]. Vou descrever vedores do padrão e deveriam
aqui os principais problemas en- trabalhar para a sua difusão e
contrados, e comentar as justifi- adoção na indústria.

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TECNOLOGIA · MICROSOFT E O ODF

Quem tiver um pouco tanto, desenvolver aplicações da Web e as implementou em


mais de vivência na Internet usando as extensões era algo seu sistema operacional e na-
vai se lembrar com facilidade muito fácil para os desenvolve- vegador. Idem para as suas fer-
do que eles fizeram no passa- dores. A ideia por trás disso ramentas de desenvolvimento
do com o Java e com as exten- era fragmentar o mercado de e portanto, há alguns anos
sões do Internet Explorer. Para aplicações Java, gerando apli- atrás, não eram raros os sites
quem não se lembra, vale a pe- cativos que não seriam intero- que só trabalhavam no siste-
na um breve resumo. peráveis e portanto isso ma operacional e no navega-
Quando o Java começou acabaria provando ao mercado dor de Redmond. Novamente
a se disseminar na indústria de que o Java não era o que to- foram necessários alguns anos
TI, a Microsoft se viu pressiona- dos pensavam. de brigas no mercado, reclama-
da pelo mercado a suportar Ja- O tiro saiu pela culatra, e ção de usuários (e desenvolve-
va no seu sistema operacional depois de muitas brigas (inclusi- dores) para que eles
e em seu browser. A opção da ve judiciais), eles acabaram resolvessem suportar por pa-
empresa foi desenvolver a sua abandonando a sua própria má- drão os padrões abertos em
própria máquina virtual Java, re- quina virtual. seu navegador (essa é, em te-
cheada de extensões “exclusi- se, a principal característica do
Hoje em dia já estamos Internet Explorer 8). O resulta-
vas”, de forma que um mais acostumados a navegar
software desenvolvido para a do é claro para todos nós e de
pela Internet com nosso bom e vez em quando encontramos
máquina virtual Java da Micro- velho Firefox (ou Ópera, para ci-
soft que tocasse nessas exten- alguns sites que simplesmente
tar apenas dois exemplos), não funcionam no Firefox (se
sões estaria atrelado a ela sem ter com tanta constância
para sempre. Não preciso di- usar Linux, como é meu caso,
problemas para visualizar a mai- a coisa piora ainda mais[II]).
zer aqui que existia uma ferra- oria dos sites. Isso não foi sem-
menta de desenvolvimento da pre assim. Um caso que eu ainda
Microsoft que trabalhava muito não conhecia, e que foi conta-
bem com as suas extensões pa- A Microsoft criou uma sé- do há poucos dias por Jeremy
ra a máquina virtual e que por- rie de extensões aos padrões Allisson (Google e projeto Sam-
ba), é sobre a compatibilidade
do Windows NT com o POSIX
(padrão dos sistemas operacio-
nais UNIX)[III].
Hoje em dia já estamos
Jeremy diz que a imple-
acostumados a navegar pela internet mentação do ODF feita pela Mi-
crosoft se assemelha à
com nosso bom e evelho Firefox, sem implementação também feita
por eles do POSIX no NT. Na
ter com tanta constância problemas época do lançamento do NT,
muita gente estava ansiosa pa-
para visualizar a maioria dos sites. ra ver sua aplicação POSIX re-
Isso não foi sempre assim. compilada dentro do NT, mas
a frustração foi geral. A Micro-
Jomar Silva soft só implementou tudo aqui-
lo que era estritamente
obrigatório, deixando de lado

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |53


TECNOLOGIA · MICROSOFT E O ODF

todos os itens opcionais da es- Segundo os desenvolvedo- suporte a criptografia utilizada


pecificação (como suporte à re- res da Microsoft, isso se deve (ou seja, “onde já se viu o ODF
de e interface gráfica!!!). O ao padrão ODF não especifi- não ter seguido as especifica-
resultado disso é que o NT cum- car detalhadamente o controle ções do sistema operacional
pre (em tese) com o requisito de revisões, e ainda segundo da Microsoft?”). Acho até en-
“compatível com POSIX”, ape- os desenvolvedores da empre- graçada esta explicação, pois
sar de ser completamente inú- sa, o que existe é incompleto. como as outras aplicações
til tentar recompilar e rodar Como será que o OpenOffi- com suporte a ODF conse-
uma aplicação POSIX nele. O ce.org (e as outras aplicações guem criptografar? Será que o
Jeremy diz que isso é “Work to que suportam o ODF) fazem en- Einstein re-encarnou e partici-
Rule” que pode ser traduzido tão? Aliás, convido vocês to- pa do desenvolvimento delas?
para português como “Opera- dos a olhar a especificação do - Fórmulas matemáticas
ção Padrão” (como foi comum ODF [IV] e verificar se o contro- dentro de planilhas ODF do
vermos nos postos de fiscaliza- le de alteração de texto está Office 2007 só serão lidas e
ção da Receita Federal nos ae- ou não especificado lá. interpretadas dentro do Offi-
roportos. Ao invés de fazer - Nenhum suporte à crip- ce 2007 (quaisquer outras
greve, os funcionários simples- tografia. existentes serão eliminadas
mente seguem todas as regras sem nenhum aviso ao usuá-
à risca, tornando seu trabalho Você quer (ou precisa)
proteger seu documento ODF rio).
extremamente lento e improduti-
vo, mas ainda assim trabalhan- com senha? No Office 2007 is- Essa é a última que vou
do). so não é possível. Novamente comentar, e para mim a mais
os desenvolvedores da Micro- grave a absurda de todas. Se
Com os três casos cita- soft dizem que este suporte es- você abrir uma planilha ODF
dos em mente, segue a lista tá muito mal documentado na existente usando o Office 2007
de pérolas do ODF no Office especificação (além de ser opci- com o SP2, vai ver que todos
2007 (já chamado de ODF da onal). Um desenvolvedor deles os seus números estão lá (e
Microsoft no mercado): deixou até escapar em um co- portanto ficar com a impressão
- Nenhum suporte à con- mentário no meu blog, que o de que está tudo funcionando).
trole de alteração nos textos. sistema operacional deles não Se você for olhar as células cal-
culadas (as que tinham fórmu-
las), vai descobrir que elas
agora contém um valor, e a fór-
mula desapareceu. Se você
Eu acredito que a Microsoft não se deu ao trabalho de ver
se o documento ainda tinha as
tomou as decisões que tomou e fórmulas (afinal de contas, nin-
guém imagina que uma estupi-
implementou o ODF como o fez no dez dessa possa ser feita por
empresa nenhuma, não é mes-
Office 2007 com o intuito de destruir mo?), e salvar o documento só
o padrão do mercado. para testar, vai descobrir tarde
de mais que todas as suas fór-
mulas foram eliminadas sem
Jomar Silva
que nenhum alerta fosse apre-
sentado.

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TECNOLOGIA · MICROSOFT E O ODF

É isso mesmo: Se você senta-lo ao usuário. to já possui a especificação de


quiser eliminar todas as fórmu- Todas as outras aplica- fórmulas (além de diversas ou-
las existentes em uma planilha ções que suportam o ODF que tras novidades mais do que in-
ODF, basta abrir a planilha no conheço, incluindo aqui um teressantes).
Office 2007 e salva-la!!! plug-in para o Ms Office chama- Eu acredito que a Micro-
É claro que a empresa já do CleverAge (desenvolvido soft tomou as decisões que to-
tinha um caminhão de descul- em Open Source com patrocí- mou e implementou o ODF
pas esfarrapadas para este ab- nio da própria Microsoft), supor- como o fez no Office 2007 com
surdo, e novamente a culpa é tam o conjunto de fórmulas o intuito de destruir o padrão
do ODF. criado pelo OpenOffice.org. Os no mercado.
desenvolvedores destas aplica- Primeiro por que as plani-
A Microsoft optou por im-
ções não se preocuparam ape- lhas editadas no Office 2007
plementar a versão 1.1 do
nas em cumprir com um só serão abertas por esta apli-
ODF, que não possui especifi-
requisito técnico (“Operação Pa-
cação de fórmulas em plani-
lhas. Como a especificação
não possui fórmulas, a Micro-
soft implementou seu próprio
conjunto de fórmulas e como a No final da história, o
especificação não diz explicita-
mente que você “não pode eli- 0,005% de respeito que eu ainda
minar qualquer fórmula
existente”, eles optaram por eli-
tinha pela a empresa de Redmond
minar toda e qualquer fórmula
existente. Você deve estar se
acabou de morrer.
perguntando: Sem fórmulas, co- Jomar Silva
mo eles conseguem manter os
valores?
Em cada célula da plani- drão”), mas em implementar o cação e com isso, existirão
lha, usualmente as aplicações ODF de forma realmente intero- dois tipos de planilhas ODF no
armazenam além da fórmula ori- perável com o que já existia no mercado: As compatíveis com
ginal, um valor de cache (com mercado, garantindo que os do- o Office 2007 e as incompatí-
base no último valor calculado cumentos gerados pudessem veis, fragmentando assim a im-
para aquela célula). Esta é ser utilizados por qualquer ou- plementação do padrão no
uma flexibilidade importante do tra aplicação, pois esta é a ne- mercado (tal como tentaram fa-
padrão ODF, que ilustrado por cessidade dos seus usuários. zer com o Java). Note que as
um caso de uso fica mais fácil A Microsoft ignorou o mercado, incompatibilidades não estão li-
de entender: Se eu quero imple- os usuários (seus clientes) e mitadas á planilhas e portanto,
mentar um visualizador de do- se focou apenas em cumprir o espere outros problemas.
cumentos ODF (por exemplo requisito técnico... será mes-
em um celular), eu não sou obri- mo? Segundo, com a imple-
gado a implementar um exten- mentação feita desta forma,
Para quem ficou preocupa- eles querem provar que o ODF
so suporte a cálculos
do com o ODF, saiba que a ver- é tão incompleto quanto o
matemáticos e posso apenas
são 1.2 do padrão, que está OpenXML, padrão desenvolvi-
ler este valor de cache e apre-
em fase final de desenvolvimen- do por eles e empurrado goela

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TECNOLOGIA · MICROSOFT E O ODF

abaixo do mundo todo na ISO mesmo é que vocês procurem [III] http://tuxdeluxe.org/node/
(para não usar outra parte do uma ferramente que suporte na- 296
corpo humano e outro tipo de in- tivamente (com dignidade e higi-
trodução física como exemplo). ene) o padrão ODF, como o [IV] http://www.oasis-open.org/
No final da história, o OpenOffice.org/BrOffice.org. committees/tc_home.php?wg_
0,005% de respeito que eu ain- Deixo ainda um alerta fi- abbrev=office
da tinha pela a empresa de nal aos usuários do OpenOffi-
Redmond acabou de morrer. ce.org e do BrOffice.org. Eu [V] http://www.sun.com/
Meus pais me ensinaram a só admiro os esforços dos desen- software/star/odf_plugin/
respeitar quem me respeita e volvedores do OpenOffice.org
desta vez eles me desrespeita- em implementar o ODF 1.2
ram de todas as formas possí- nas últimas versões da suíte,
veis (como desenvolvedor do mas acho que deixar o ODF Maiores informações:
ODF e como usuário de docu- 1.2 como padrão foi um erro, ODF Alliance:
mentos ODF). Acho que vocês que pode ser corrigido pelos http://www.odfalliance.org
devem estar sentindo o mes- usuários através das configura-
mo. ções da suíte (“Ferramentas” Site do OpenOffice.org:
Nas últimas semanas mui- → “Opções” → “Carregar/Sal- http://www.openoffice.org
to foi escrito na Web sobre os var” → “Geral” → “Versão do
problemas do SP2 do Office formato ODF” ajuste para Site do BrOffice.org:
2007 e a repercussão foi tama- “1.0/1.1 (OpenOffice.org 2.x)”). http://www.broffice.org
nha que descobri há alguns di- Faço esta recomendação pois
as, através do Twitter de um o ODF 1.2 ainda não está finali- Site da OASIS:
dos gestores da empresa, que zado e portanto não está imple- http://www.oasis-open.org
a Microsoft está procurando al- mentado e testado na maioria
guém para contratar que “gos- das aplicações como o ODF Site da Sun Microsystems
te de escrever sobre padrões 1.1. São raras as funcionalida- http://www.sun.com
abertos e padrões de documen- des do OpenOffice.org que
tos de escritório”. Chega a ser vão demandar o ODF 1.2 e por- Blog do Jomar:
hilário ver a empresa numa situ- tanto, podem seguir minha reco- http://homembit.com
ação destas e isso mostra a fal- mendação numa boa (estou
ta de seriedade deles: Por que usando meu OpenOffice.org as-
não contratam um desenvolve- sim desde o lançamento da ver- JOMAR SILVA é
são 3.0 sem problema algum). engenheiro
dor que saiba trabalhar de ver- eletrônico e Diretor
dade com o ODF e consertem Geral da ODF
Alliance Latin
de vez a porcaria que fizeram? Referências America. É também
Vão contratar um blogueiro? coordenador do
[I] http://homembit.com/2009/ grupo de trabalho na
Em resumo, caso vocês in- 05/microsoft-agora-tenta- ABNT responsável
pela adoção do ODF
sistam em usar o MS Office pa- fragmentar-o-odf.html como norma
ra trabalhar com documentos brasileira e membro
do OASIS ODF TC,
ODF, recomendo que utilizem [II] http://homembit.com/2009/ o comitê
um plug-in desenvolvido pela 03/violacao-de-direitos- internacional que
Sun Microsystems[V], que po- humanos-cadastro-na-anatel- desenvolve o padrão
ODF (Open
de ser utilizado em versões an- so-funciona-em-windows.html Document Format).
teriores do Office. Recomendo

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REDE · DISSECANDO O TCOS

DISSECANDO O
TCOS
Por Aécio Pires
Kriss Szkurlatowski - sxc.hu

Na edição anterior, eu iniciei uma série de


artigos sobre o TCOS (Thin Client Operating Sys-
tem)[1], um projeto de Software Livre que permi-
te o uso de clientes magros; na qual mostrei as
ferramentas gráficas do projeto, os cenários de
uso e casos de sucesso.
Dando continuidade a esse trabalho irei ex-
plicar o funcionamento detalhado da rede, mos-
trando o processo de inicialização dos clientes e
comentando os protocolos utilizados. Ao final,
vou mostrar os pré-requisitos de hardware e
software necessários e onde obter o tutorial de
instalação.
Figura 1: Gerando as imagens de inicialização com o TcosConfig

Métodos de inicialização O método mais utilizado é a inicialização


As imagens de inicialização dos clientes po- via PXE (Preboot Execution Environment), mas
dem ser geradas usando a ferramenta TcosCon- é necessário que a interface de rede do cliente
fig, que é uma interface gráfica ao script tenha suporte nativo a esse protocolo e que es-
gentcos. Esse processo é bem simples e atra- se dispositivo seja configurado na BIOS (Basic
vés de cliques do mouse, o administrador da re-
de vai informando o perfil do hardware dos
clientes, adicionando as funcionalidades e confi-
gurando os parâmetros básicos de segurança.
Ao fim do processo de configuração da ima-
gem, basta clicar no botão começar e a própria
ferramenta se encarrega de compilá-la e salvá-
la, como mostra a figura 1. Depois disso é só ini-
cializar os clientes.
Mas quais os métodos de inicialização que
podem ser utilizados? A figura 2 traz a resposta.
Figura 2: Métodos do inicialização dos clientes TCOS

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REDE · DISSECANDO O TCOS

Input Output System) para ser o primeiro da or- ção e encriptação dos dados. No TCOS, o TFTP
dem de inicialização. é utilizado para transferir os arquivos de iniciali-
Quando a interface de rede não suporta o zação dos clientes magros. Esse protocolo é
protocolo PXE, o cliente pode ser inicializado descrito na RFC 1350[5].
por meio de um disquete (Etherboot), que conte- XDMCP (X Display Manager Control Proto-
nha os arquivos gerados pelo TcosConfig. No en- col) => é um protocolo muito utilizado entre ter-
tanto esse método não é mais recomendado minais e servidores X. Basicamente um terminal
pelo desenvolvedor. Uma alternativa é inicializá- se conecta a um servidor X na porta 177/UDP e
lo por meio de um CD-ROM ou pelo disco rígi- 177/TCP, podendo assim executar aplicações
do. gráficas remotamente. O estabelecimento da co-
A inicialização via NFS (Network File municação é provida pelo protocolo XDMCP. Já
System) ocorre de forma semelhante ao projeto a transmissão dos resultados da execução das
LTSP[2] (Linux Terminal Server Project), mas aplicações gráficas é feita pelo protocolo X11,
ela só é recomendada quando os clientes possu- que atua até o fim da conexão. O principal pro-
em menos que 38 MB de memória RAM, caso blema do XDMCP e do X11 é que os dados não
contrário os clientes usam o protocolo TFTP são criptografados, sendo possível capturar a
(Trivial Transfer Protocol) para obter os arquivos
de inicialização que estão no servidor.

Protocolos utilizados
O TCOS faz uso dos seguintes protocolos:
PXE (Preboot Execution Environment) =>
desenvolvido inicialmente pela Intel. Ele funcio-
na na interface de rede, tornando-a um dispositi-
vo de inicialização. Ele é o primeiro protocolo a
ser utilizado para fazer a comunicação entre o cli-
ente magro e o servidor, enviando mensagens
broadcast para obter um endereço IP (Internet
Protocol) válido para acessar a rede. Esse proto-
colo é descrito na RFC 4578[3].
DHCP (Dynamic Host Configuration Proto-
col) => usado para distribuir os endereços IP e
outras configurações de rede aos clientes ma-
gros, como por exemplo: a localização da ima-
gem de boot do sistema operacional (boot
image), que deve ser obtida via rede. Esse proto-
colo é descrito na RFC 2131[4].
TFTP (Trivial File Transfer Protocol) => um
protocolo simples de transferência de arquivos,
similar ao FTP (File Transfer Protocol). O TFTP
utiliza a porta 69/UDP para transferir arquivos
sem nenhum tipo de verificação de erros, além
de não possuir nenhum mecanismo de autentica- Figura 3: Etapas da inicialização de um cliente TCOS

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REDE · DISSECANDO O TCOS

senha e outros dados do usuário. Considerações Finais


A figura 3 mostra resumidamente o proces- Continua curioso(a) e quer aprender mais
so de inicialização de um cliente usando o méto- sobre TCOS? Então, acesse o site oficial do pro-
do PXE. jeto[1] e da comunidade TCOS Brasil[8]. Ambos
possuem uma vasta documentação sobre assun-
Dependendo das condições da rede, o pro- to, incluindo os tutoriais de instalação.
cesso de inicialização dos clientes dura normal-
mente entre 30 e 60 segundos. Em um teste Na próxima edição será mostrado o impac-
usando máquinas virtuais, o desenvolvedor Ma- to que o TCOS causa numa rede de desktops.
rio Izquierdo[6] conseguiu inicializar um cliente Não perca!
em apenas 19 segundos[7].
Maiores informações:
Pré-requisitos [1]TCOS Project
De acordo com o wiki do TCOS[8] os pré-re- http://tcosproject.org
quisitos mínimos de hardware recomendados pa-
ra o servidor e os clientes são: [2] LTSP
http://www.ltsp.org

-- Servidor: [3] RFC 4578


http://tools.ietf.org/html/rfc4578
* processador: Dual ou Quad (Core2Duo, Xeon,
Dual Xeon). Em redes menores com até 15 clien-
[4] RFC 2131
tes pode-se usar Pentium IV, Intel Core 2 Duo
http://www.ietf.org/rfc/rfc2131.txt
ou AMD Dual ;
* memória RAM: 500 MB + 80 a 150 MB, por cli- [5] RFC 1350
ente magro ; http://tools.ietf.org/html/rfc1350
* Interface de rede: pelo menos duas com taxa
de transferência de 100 Mbps (uma para aces- [6] Mario Izquierdo
sar a Internet e a outra para os clientes) ; http://soleup.eup.uva.es/mario/blog/1

* discos rígidos rápidos. [7] Teste de inicialização do TCOS


http://br.tcosproject.org/Arquivos/boot_tcos.png

-- Cliente magro:
[8] Wiki TCOS
* processador: Pentium II ou outro compatível http://wiki.tcosproject.org/TCOS/Introduction/pt-br
com clock de, pelo menos, 300 a 350 Mhz;
* memória RAM: 64 MB ; [9] TCOS Brasil
http://br.tcosproject.org
* interface de rede: uma com taxa de transferên-
cia de 100 Mbps e suporte ao protocolo PXE.
AÉCIO PIRES (http://aeciopires.rg3.net) é
graduando em redes de computadores pelo
-- Infra-estrutura de rede (com switch) IFPB (www.ifpb.edu.br), tradutor do TCOS,
fundador da comunidade TCOS Brasil e
com taxa de transferência de, pelo menos, estagiário da Secretaria da Receita do
100 Mbps; Estado da Paraíba, onde faz pesquisas com
TCOS desde junho de 2008.

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SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO · MUDANÇAS DE PARADÍGMA

Segurança
da Informação:
mudanças de paradigma
com o avanço da civilização
Por Luiz Vieira
Mihai Andoni - sxc.hu

Atualmente temos assisti- ras aldeias e grupos gregários; nagem, como meio de
do um grande avanço na área e assim, os seres humanos co- apropriar-se de informações si-
da tecnologia da informação, in- meçam a deixar de serem nô- gilosas, e a criptografia, como
cluindo as telecomunicações. mades para fixarem raízes nos forma de proteger a informa-
Esse avanço nos traz uma mai- locais escolhidos para habitar. ção dos olhos dos inimigos.
or rapidez na troca de informa- Esse modelo social persis- Durante esse longo espa-
ções e, consequentemente, tiu com algumas alterações, ço de tempo, o bem maior que
maior exigência das pessoas. pois os seres humanos apren- uma pessoa poderia possuir
Nesse momento histórico, o deram a criar regras de condu- eram as terras. Quanto mais
ser humano nunca desempe- ta e convivência para terras, mais riquezas! Pode-
nhou um papel tão importante regulamentar o convívio social, mos perceber isso mais especi-
no processo de manipulação até o século XVII, no final da ficamente na idade média,
de riquezas, mesmo que dividin- Idade Média. E mesmo nesse onde senhores de terras dividi-
do seu papel com a tecnolo- período, já vemos que a impor- am seus feudos em pedaços e
gia, mais especificamente os tância da informação aumenta possuíam centenas de campo-
computadores. cada vez mais, pois nas guer- neses trabalhando para eles
Há milênios atrás, os se- ras alguns generais mais astuci- durante a vida inteira. Entretan-
res humanos deixaram de ser osos empregam meios de to, junto com a terra, outro
coletores para virarem agriculto- camuflá-la, protegê-la ou apro- grande bem dos detentores do
res. Nesse momento da histó- priar-se da mesma. Foi nesse poder nessa época da história
ria da civilização humana, período, que compreende milê- da humanidade, era a mão de
começaram a surgir as primei- nios, que vemos surgir a espio- obra.

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SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO · MUDANÇAS DE PARADÍGMA

Mas como tudo muda...


Depois desse período de
grandes mudanças, mas ao lon- O único sistema realmente
go de um grande período de
tempo, surge a Revolução In-
seguro é aquele que está
dustrial. desligado, enterrado em um bloco
A Revolução Industrial ini-
ciou-se no século XVIII na Ingla- de concreto e selado em uma sala
terra e a partir do século XIX
começou a espalhar-se pelo
cofre protegida por guardas
mundo. Esse movimento mar- armados.
cou o fim da era agrícola.
Eugene H. Spafford
A Revolução Industrial
fez com que as máquinas supe-
rassem o trabalho humano e fa- para a superação dos resíduos to, inicia-se o surgimento da in-
cilitou a interação entre as de tirania e superstição que cre- ternet e a globalização,
nações, surgindo o fenômeno ditavam ao legado da Idade Mé- possibilitando o compartilha-
da cultura em massa. dia. A maior parte dos mento em massa da informa-
Nesse período de nossa iluministas associava ainda o ção. Nesse momento não é
história, o ativo mais importan- ideal de conhecimento crítico à mais a mão de obra, terras,
te e de maior circulação era o tarefa do melhoramento do es- máquinas ou capital que re-
capital. Mas como nenhuma tado e da sociedade. gem a economia e dita quem
mudança é brusca, a importân- E com isso, começamos tem o poder, mas sim a infor-
cia da mão de obra permane- a ver, através de uma grande mação, que torna-se o princi-
ce, mas as terras deixam de mudança de paradigma, que a pal ativo dessa era. Esse
ser tão importantes quanto o ca- detenção de informações ou co- movimento nos leva mais a
pital, esse último tomando a su- nhecimentos, que tinham al- uma transformação social do
premacia no grau de gum valor, é que define quem que econômica, e não sabe-
importância entre aqueles que tem o poder nas mãos ou não. mos ainda onde isso tudo nos
detinham o poder em suas E surge, então, a era da infor- levará. Mas certamente culmi-
mãos e controlavam o destino mação! nará, já que a transformação e
da humanidade. passagem de eras é algo cícli-
A partir da década de 70 co, numa nova era ainda mais
O Iluminismo, a partir do (1970) fortalece-se o movimen- avançada.
século XVIII, permeando a Re- to onde o poder está nas mãos
volução Industrial, prepara o ter- de quem detém o conhecimen- Com toda essa digres-
reno para a mudança de to. Nessa década esse fortaleci- são, quero mostrar apenas o
paradigma que está por vir. Os mento ocorre com o quanto lutamos para chegar on-
grandes intelectuais desse mo- surgimento de microprocessa- de chegamos, no ponto onde a
vimento, tinham como ideal a dores, possibilitando a criação informação é o bem mais im-
extensão dos princípios do co- dos computadores pessoais, portante, o ativo mais bem pro-
nhecimento crítico a todos os que começam a ser comerciali- tegido das empresas e dos
campos do mundo humano. Su- zados na década de 80. que detém o poder nas mãos.
punham poder contribuir para Estamos na era da informa-
o progresso da humanidade e Com esse acontecimen- ção, e nada mais lógico que

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SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO · MUDANÇAS DE PARADÍGMA

um corpo de conhecimento fos- segurança, podemos dizer que Meu objetivo, nessa se-
se criado para dar a devida houve um distúrbio em determi- ção de segurança da informa-
atenção às anomalias e prote- nado pilar da tríade. E como is- ção na Revista Espírito Livre,
ger esse ativo tão importante. so deve ser evitado ao será de abordar os princípios
Essa área de atuação, que já máximo, para não expor a infor- básicos da SI, perfazendo todo
existia há muito anos, mas ago- mação a quem não é de direi- o caminho que engloba desde
ra com tarefas bem mais defini- to, para que permaneça políticas, normas e padroniza-
das, com regras e normas a disponível, ou que não ocor- ções, até análise de vulnerabili-
serem seguidas é a Segurança ram alterações indevidas, a se- dades, testes de intrusão e
da Informação, ou SI. gurança da informação precisa auditoria em redes e sistemas.
A Segurança da Informa- atuar constantemente assegu- Procuraremos sempre in-
ção está fundamentada especifi- rando o bom funcionamento dicar os softwares livres que
camente sobre três pilares: das políticas de segurança e utilizamos para cada passo e
dos processos envolvidos na procedimento, pois tudo o que
Disponibilidade - informa- manipulação da informação.
ção, processos ou sistemas se faz com softwares proprietá-
acessíveis quando solicitados; Podemos ver na figura 1 rios, somos capazes de fazer
alguns dos distúrbios mais co- com software livre, e na maio-
Integridade - proteger a muns à tríade, vinculados a ata- ria das vezes de forma bem
informação, processo ou siste- ques que visam a área de TIC. melhor, pois temos a liberdade
ma de alterações não autoriza- de adaptar a ferramenta às
das; Se prestarmos atenção e
analisarmos o ambiente que nossas necessidades. Vere-
Confidencialidade - é a nos cerca, perceberemos que mos isso também em alguns fu-
garantia de que uma informa- esses ataques ocorrem frequen- turos artigos.
ção só poderá ser conhecida temente e que todos correm o
por aqueles que tiverem tal di- risco de serem vítimas de pes-
reito. soas maliciosas, visando a ob-
Quando ocorre alguma tenção de informações
anomalia ou ataque sobre um sigilosas, seja informações pes- LUIZ VIEIRA é
soais ou corporativas. Analista de
ou mais desses três pilares da Segurança, trabalha
na área de TI desde
1996, com Proteção
de Perímetro, Pen
Testing e Consultoria
na área de
Segurança da
Informação.
Também é professor
de curso técnico em
TI com ênfase em
Segurança em TI e
ministra vários
cursos na área de
Segurança. Além da
área técnica,
trabalha como
psicoterapeuta com
especialização em
Hipnose, PNL,
Regressão, EFT,
Sedona Method,
Figura 1 - Pilares da segurança da informação Coaching.

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FORUM · MOVIMENTO ESTUDANTIL DE COMPUTAÇÃO E A COMUNIDADE DE SL

O Movimento Estudantil de
Computação e a Comunidade
de Software Livre
Por Filipe Saraiva

Peter Suneson - sxc.hu

Ocorrerá agora no final te várias discussões e polêmi-


de junho, entre os dias 24 e cas dentro da comunidade. O
27, a 10ª edição do Fórum Inter- evento ocorrerá em um mo-
nacional de Software Livre – o mento onde assistimos a um
FISL. O evento tem crescido movimento mundial de crimina-
muito nos últimos anos, reunin- lização do compartilhamento
do milhares de entusiastas da pela web e do aumento da vigi-
comunidade e curiosos sobre lância sobre os internautas por
o tema. Em acréscimo, o even- parte de governos e empresas,
to também tem uma importân- onde até direitos constitucio-
cia política diferenciada de nais como os quanto à privaci-
outros espaços pois o diálogo dade estão sendo colocados
entre várias entidades e gru- em xeque. A presença de Pe-
pos que pautam o Software Li- ter Sunde, um dos membros
vre, a Cultura Livre, e seus do Pirate Bay, tracker P2P que
temas afins, acontece em um recentemente passou por um
nível de grande diversidade en- julgamento na Suécia, será um
tre os atores. São grupos de vá- dos catalisadores para as dis-
rias partes do Brasil, da cussões sobre esses assuntos.
América Latina, alguns defenso- Espero que meus artigos
res do mercado, outros radical- nos últimos dois números da
mente contra, empresas, Espírito Livre (Julgamento do
governos... The Pirate Bay na número um
O FISL desse ano prome- e Panóptico na Rede na segun-

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FORUM · MOVIMENTO ESTUDANTIL DE COMPUTAÇÃO E A COMUNIDADE DE SL

da edição) sirvam, de alguma


forma, para dar subsídios às
discussões e reflexões sobre É imprescindível que a
este tema. Agora, neste artigo
que você lê, pretendo discorrer produção acadêmico-científica reflita
sobre outro assunto não me-
nos importante: a relação entre a realidade social do país...
o Movimento Estudantil de
Computação e a Comunidade
Filipe Saraiva
de Software Livre.
O FISL tem um espaço ofi-
cial para atividades promovi- servem de sustentação para o ca, Matemática, Biologia, sem-
das por entidades outras que ensino superior. São a Pesqui- pre tiveram seus resultados
não a organizadora em sua gra- sa e a Extensão. O outro mem- publicados e colocados a pro-
de formal, desde que estejam bro é o Ensino. Dificilmente va e a discussão para a comu-
em consonância com os objeti- pode-se tratar de um sem fa- nidade acadêmica em geral.
vos do Fórum. São os Eventos zer ligação com os outros, co- As reflexões das Ciências Hu-
Comunitários. Na edição deste mo veremos a seguir. manas também. O jargão “se-
ano, a Executiva Nacional dos gredo corporativo”, muito
A Pesquisa trata de, após
Estudantes de Computação – encontrado no discurso de em-
identificar algum problema ou
ENEC –, da qual sou Diretor presas, nunca deveria encon-
fazer-se algum questionamen-
de Inclusão Digital, promoverá trar um paralelo na Ciência da
to, procurar-se formas de con-
uma atividade dessas, com o te- Computação praticada em uni-
torná-lo através do método
ma “Organização do Movimen- versidades e centros de pesqui-
científico. O resultado de uma
to Estudantil de Computação e sa públicos.
Pesquisa, em especial a realiza-
formas de apoio ao Software Li-
da nas universidades públicas, A Extensão diz respeito à
vre”.
é um tesouro do povo, princi- transferência de conhecimento
As universidades tem a pal responsável pelo seu finan- da universidade para a popula-
missão de construir conheci- ciamento. Daí que pesquisas ção em geral, de forma direta,
mento e alavancar o desenvolvi- direcionadas à produção de restituindo à universidade seu
mento tecnológico e social do software proprietário, ou que papel de agente sobre a socie-
país. É imprescindível que a se restrinja o acesso aos resul- dade. A Extensão se dá princi-
produção acadêmico-científica tados, é algo que vai contra os palmente através da prestação
reflita a realidade social do objetivos e a função das univer- de serviços ofertados, referen-
país, no plano geral, e da re- sidades. tes à área de atuação do cur-
gião onde está implantada, no so, para a população.
Pesquisas na área da
contexto particular, e vise trans-
computação deveriam seguir Tomando este conceito,
formá-la seguindo os objetivos
os princípios do software livre podemos imaginar que cursos
expostos das universidades.
e resultar em produtos cujo o de informática seriam uma das
Existem algumas manei- código-fonte seria aberto e dis- formas de promover a Exten-
ras de se conseguir este objeti- ponível para a população. Não são. E é verdade, mas os estu-
vo. As duas principais são, não é de se estranhar, a Ciência, dantes de computação
por acaso, partes integrantes historicamente, sempre seguiu também podem contribuir com
do que chamamos “tripé univer- essas práticas. Estudos em Físi- o desenvolvimento de softwa-
sitário”, os três princípios que

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FORUM · MOVIMENTO ESTUDANTIL DE COMPUTAÇÃO E A COMUNIDADE DE SL

grupos de pesquisa das institui-


ções só teriam a ganhar com
projetos deste tipo, e os objeti-
Pesquisas na área da vos das universidades estari-
am sendo cumpridos.
computação deveriam seguir os Neste contexto, o Movi-
mento Estudantil de Computa-
princípios do software livre e ção tem um importante papel
para fomentar estas ideias,
resultar em produtos cujo o código- contribuindo com a comunida-
fonte seria aberto e disponível de de Software Livre e com o
povo brasileiro em geral, os
para a população. verdadeiros financiadores e, te-
oricamente, os beneficiários do
Filipe Saraiva ensino superior. Vamos fazer
com que essa importante dis-
cussão aconteça e possa ir
re, através do aperfeiçoamento zer com que o estudante se ve- além do FISL, chegando a nos-
de software livre, para os pro- ja em um ambiente de sas salas de aula, laboratórios
gramas mais utilizados pelas co- produção e pesquisa de softwa- e espaços comunitários.
munidades. re, com uso intenso de IDE's,
pesquisas em linguagens que
Por exemplo, a interface Maiores informações:
do pacote de softwares de escri- melhor se aplicam a determina-
tórios dificulta o manuseio con- do problema, tarefas da Enge- Site da Executiva Nacional dos

vencional para produção de nharia de Software, Interface Estudantes de Computação:

textos? Pois bem, vamos fazer Humano-Computador... enfim, http://www.enec.org.br

um projeto de Extensão, que é uma iniciativa que consegue


irá integrar Pesquisa, para estu- congregar as várias linhas de Site do Fórum Internacional de

dar a interface, fazer um levan- conhecimento da Ciência da Software Livre:

tamento de requisitos da Computação, onde o aluno te- http://www.fisl.org.br

necessidade da comunidade, ria uma experiência que contri-


estudar o código e implemen- buiria muito para seu Site Liberdade na Fronteira

tar algo que supra esta deman- desenvolvimento acadêmico e http://www.liberdadenafronteira.

da. E vamos liberar isso para a também profissional. blogspot.com

comunidade responsável pelo A comunidade de softwa-


FILIPE DE OLIVEIRA
desenvolvimento do software. re livre é formada, em sua maio- SARAIVA estuda
Podemos perceber nos ria, por entusiastas e militantes Ciências da
que, voluntariamente, cedem Computação na
exemplos acima que os resulta- Universidade Federal
dos de projetos de Pesquisa e um pouco do seu tempo e co- do Piauí, entusiasta
nhecimento para desenvolver do GNU/Linux, da
Extensão em computação, liga- Cultura Livre e das
das ao software livre, não se li- software livre e de qualidade. possibilidades de
mitariam apenas a ter uma Esse esforço empreendido aju- criação coletiva
oferecidas pelo
“aplicação social” mais nítida e da vários segmentos da socie- mundo conectado. É
direta. Os exemplos também dade. Tudo isso pode ser pesquisador da área
de Cibercultura,
nos mostram o potencial que potencializado no Brasil atra- Pesquisa Operacional
projetos desse tipo tem em fa- vés da parceira entre universi- e Inteligência
dades e comunidade; os Artificial.

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EDUCAÇÃO · FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Formação de professores para


o uso das tecnologias livres:
caminhos a se trilhar...
Por Sinara Duarte
Yarik Mishin - sxc.hu

Este mês, nosso artigo vestigar com mais profundida- ferramentas de comunicação
mensal terá um caráter mais fi- de a formação docente no que da web.
losófico do que propriamente diz respeito à utilização dos re- Devido as limitações tem-
prático, pois pretende abordar cursos tecnológicos oferecidos porais, pesquisei apenas em
a formação inicial do professor hoje nos laboratórios de infor- 23 Instituições de Ensino Supe-
para o uso das novas tecnologi- mática das escolas, ao obser- rior (IES), dando prioridade
as na educação, com ênfase var que a maioria dos alunos, aos cursos de Pedagogia, Ma-
no software livre. principalmente do curso de Pe- temática e Letras. Para meu
Recentemente, fui convi- dagogia, embora estudassem desalento e tristeza, constatei
dada a dar uma palestra em em um centro de excelência que um pouco mais de 10%
uma renomada universidade lo- em educação e em difusão de das faculdades pesquisadas,
cal, na disciplina de Informáti- tecnologias digitais, nunca ti- apenas 3 possuem em sua gra-
ca Educativa para alunos de nham ouvido falar do software li- de curricular oficial como disci-
cursos superiores em Pedago- vre, nem tão pouco suas plina obrigatória, a Informática
gia e Ciência da Computação. aplicações na educação. Este Educativa ou afins.
Foi algo bem informal, um mo- fato, me deixou bastante intriga-
da, e resolvi a própria sorte, Por questões éticas, não
mento de troca de conhecimen- citarei o nome das faculdades
to, um debate gostoso sobre o pesquisar, sem um rigor estatís-
tico, a presença ou ausência pesquisadas, mas posso afir-
software livre e suas implica- mar que a maioria dos IES,
ções na escola. da disciplina Informática Educa-
tiva (ou similar) nos currículos que possuem a preocupação
Todavia, minha alma de dos cursos de formação de pro- em inserir a tecnologia digital
pesquisadora, levou a querer in- fessores, utilizando apenas as nos cursos de formação de pro-

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EDUCAÇÃO · FORMAÇÃO DE PROFESSORES

fessores, estavam no eixo Sul- centes irão assumir as salas tecnologias digitais à sua práti-
Sudeste, em faculdades particu- de aulas brasileiras, sem nun- ca. Os poucos que conseguem
lares, notadamente nos cursos ca ouvir falar do uso do compu- conciliar trabalho e formação,
de Pedagogia. O mais grave é tador na educação e muito o fazem, em cursos profissiona-
que nos cursos de Matemática menos no software livre em lizantes, ficando limitados a pla-
não encontrei nenhuma faculda- sua formação inicial. taformas proprietárias e tem
de e no curso de Letras ape- Na perspectiva da forma- muita dificuldade ao utilizar os
nas uma universidade pública, ção de professores, é impres- Laboratórios de Informática
abordava o software livre na dis- cindível se pensar na escolha Educativa (LIES), que adotam
ciplina de Fonética. do software a ser utilizado. o software livre como padrão.
É importante ressaltar Uma vez que, esta em jogo é a O governo bem que se esfor-
que a amostra foi pequena, e questão da cooperação e da co- ça. É notório que as três instân-
que portanto, não se pode ge- laboração em ambiente educati- cias de poder vem adotando
neralizar. Ademais, a maioria vos, não há porque incentivar em suas políticas públicas de
das instituições de ensino supe- o uso de software proprietário inclusão sócio-digital, o softwa-
rior, oferecia Informática Educa- na escolas, rompendo assim re livre, por questões técnicas,
tiva, ou como disciplina com a perspectiva de consumo orçamentárias e filosóficas.
optativa do curso de Pedago- e de dependência tecnocultu- Fortaleza, por exemplo, tem
gia, portanto o aluno poderia ral americana. presenciado, uma expansão
terminar o curso sem cursar a Todavia, o que se obser- generalizada dos LIES – Labo-
mesma, ou como complementa- va, na prática é o contrário. ratórios de Informática Educati-
ção acadêmica, ou seja, na for- Com raras exceções, poucos va nas escolas públicas
ma de cursos de são os professores “afortuna- municipais, graças a economia
especialização “latu sensu”, de- dos” que dispõem de tempo e gerada pela adoção do softwa-
pois da graduação, não atingin- recursos financeiros para se ca- re livre. De 9 LIEs em 2000, o
do portanto, o grande pacitar no uso das Tecnologias parque tecnológico educativo
contingente de professores de Informação e Comunicação saltou para 203 em 2009, o
que são formados a cada ano. (TICs) e assim incorporar as que representa um crescimen-
O que significa que muitos do- to de 1.127% em termos per-
centuais em menos de uma
década.
O Ministério da Educa-
Com raras exceções, ção, por exemplo, não autoriza
mais a inauguração de esco-
poucos são os professores las, sem o laboratório de infor-
mática educativa e biblioteca.
"afortunados" que dispõem de Mesmo as escolas mais anti-
gas, estão reformando seus
tempo e recursos financeiros prédios, para se adequar a es-
ta nova realidade. Os novos LI-
para se capacitar no uso ES são orientados a utilizar o
das TICS... software livre como padrão. Se-
rá que a universidade é a úni-
Sinara Duarte ca que não percebe isso?
É a educação brasileira

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EDUCAÇÃO · FORMAÇÃO DE PROFESSORES

andando na contramão do de- temporâneos. Já os professo- poderia sonhar ter em toda


senvolvimento. Enquanto a mai- res, reagiriam de forma sua vida escolar. Entretanto,
oria das instituições, vê a diferente, não encontrariam na- estes alunos necessitam do au-
informatização como uma ne- da de irreconhecível na escola xílio dos seus professores para
cessidade vital, do mercadinho contemporânea, até poderiam aprender a interpretar a enor-
do vizinho, passando por ban- questionar os trajes escolares me quantidade de informações
cos, hospitais, locadoras, farmá- ou organização das turmas, que recebem; ao mesmo tem-
cias, lojas enfim, a escola mas poderiam facilmente, assu- po os professores precisam de
continua paralisada no tempo mir a turma sem maior dificulda- capacitação para dominar as
e no espaço descompromissa- de. ferramentas computacionais
da com as novas tecnologias di- Tal parábola, bastante rea- de ensino, que muitas vezes
gitais. lista, demonstra que a escola é são melhor dominadas pelos
O professor do século um dos poucos campos de atu- seus alunos.
XXI, continua dando aula da ação humana que pouco ou O Governo Federal incen-
mesma forma que seus cole- quase nada mudaram. Utilizan- tiva a criação de laboratórios
gas nos tempos coloniais, usan- do o mesmo exemplo, se tais educativos com software livre,
do apenas o giz, o quadro professores, viajantes do tem- mas deixa a desejar no critério
negro e quando muito o livro di-
dático. Alguns mais moderni-
nhos tem acesso a um pincel,
um quadro branco, um DVD,
mas continuam presos a meto-
Nossos alunos têm mais
dologia aprendida com os jesuí-
tas, ou seja, fazendo uso da
fontes de informações ao alcance
retórica, da memorização do do mouse, do que qualquer adulto
conteúdos, de avaliações puniti-
vas, privilegiando a cultura bran- poderia sonhar ter em toda sua
ca, européia, heterossexual, e
a submissão das classes clas- vida escolar.
ses trabalhadoras, perpetuan- Sinara Duarte
do o sistema social dominante.
Este fato, me faz lembrar
a parábola surreal proposta
por Parpert (1993). Professo- po, fossem visitar a casa dos acompanhamento dos resulta-
res e cirurgiões do século XIX, alunos, voltariam assombrados dos. Os NTEs – Núcleos de
teriam a chance de entrar nu- com tantas “novidades” e princi- Tecnologia Educacional, que
ma “máquina do tempo” e pode- palmente com a vivacidade e deveriam ser núcleo de exce-
riam viajar no tempo e no com o esforço dos alunos em lência, ainda engatinham no
espaço para o futuro. Aqui che- aprender a manusear celula- uso das tecnologias livres. O
gando, tais cirurgiões ficariam res, videogames, dvs, computa- resultado é simples, o desco-
extasiados com as mudanças dores... nhecimento, para a maioria
tecnológicas, sem compreen- De fato, na atualidade, dos docentes, dos softwares li-
der a finalidade da maioria das nossos alunos têm mais fontes vres educativos que poderiam
luzes e bipes dos instrumentos de informações ao alcance do ser incorporados a prática edu-
utilizados pelos médicos con- mouse, do que qualquer adulto cativa.

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EDUCAÇÃO · FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Daí a necessidade de setor público como privado. Fa- interno, podendo levar o país à
uma maior aproximação entre tores tais como cooperação, li- independência tecnológica e à
as universidades que formam berdade, custo e flexibilidade possibilidade de competir no
professores e os movimentos são estratégicos para a condu- mercado externo.
de divulgação do software li- ção bem-sucedida de projetos Na perspectiva do ensino
vre. A filosofia do Software Li- educacionais mediados por público, muitas vezes carente
vre é baseada segundo computador. O software livre de recursos, o software livre é
Silveira (2003 p. 45) é “no prin- tem como ética e princípio com- a uma alternativa viável e re-
cípio do compartilhamento do partilhar o seu conhecimento e presenta a única possibilidade
conhecimento e na solidarieda- garantir aos usuários a liberda- de inclusão digital de professo-
de praticada pela inteligência de de conhecer, na íntegra, o res e alunos. Embora, tenha
coletiva conectada na rede conteúdo do código-fonte dos crescido o interesse das comu-
mundial de computadores”. Por- programas utilizados. Além de nidades de programadores
tanto, tem suas raízes na mani- garantir maior segurança, priva- acerca do uso educativo do
festação da cultura de rede, na cidade e redução de custos, es- software livre, um exemplo dis-
liberdade de compartilhamen- sa opção aposta no livre so são as distribuições Edubun-
to, portanto, coerente com a li- desenvolvimento da ciência e tu, Kelix, Pandorga, Linux
vre disseminação do da tecnologia, sem as barrei- Educacional, Ekaaty, versões
conhecimento e da informa- ras das licenças proprietárias. customizadas da GNU/Linux
ção, tão comuns no meio aca- Para o autor, as opções de cunho eminentemente edu-
dêmico. proprietárias fortaleceriam mo- cativo, todos já traduzidos para
Além do que, a filosofia nopólios, gerando vantagens língua materna, todavia, são
de liberdade e compartilhamen- políticas/econômicas aos domi- poucos os estudos científicos
to de conhecimento promovido nadores da tecnologia, além que se debruçam sobre a tría-
pelo software livre vai ao encon- de royalties a países ricos. de: informática educativa, for-
tro com o que determina a Lei Além disso, as soluções livres mação de professores e
de Diretrizes e Bases da Educa- utilizadas em projetos de inclu- software livre.
ção, uma espécie de “Carta são social gerariam novos em- Numa pesquisa rápida ao
Magna” da Educação Brasilei- pregos e desenvolvimento banco de dados Scielo
ra, ao enfatizar em seu art. 2º:
A educação, dever da família e
do Estado, inspirada nos prin-
cípios de liberdade e nos ide-
ais de solidariedade huma- A filosofia de liberdade
na, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, e compartilhamento de
seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualifica- conhecimento promovido pelo
ção para o trabalho. (grifo nos-
so).
software livre vai ao encontro com o
Silveira (2003) acredita que determina a Lei de Diretrizes e
que o emprego de software li-
vre na educação é uma alterna- Bases da Educação.
tiva imprescindível a qualquer Sinara Duarte
projeto educacional, tanto no

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EDUCAÇÃO · FORMAÇÃO DE PROFESSORES

(www.scielo.org), biblioteca vir- ano, o projeto Texto Livre está Referências


tual que abrange uma coleção concorrendo ao 4º SourceFor-
de periódicos científicos, utili- ge.net Community Choice NUNES, J.B.C et al.
zando as tags, software livre e Awards na categoria Best Pro- (2008). Levantamento de
educação, em língua nacional, ject for Academia. Não deixem Softwares Educativos Livres.
dentre os mais de 220.000 arti- de votar e apoiar este projeto. In: XIV Encontro Nacional de
gos catalogados, apenas 4 (vo- O link para a votação é Didática e Prática de Ensino,
cê não leu errado!), apenas 4 http://sourceforge.net/projects/ Porto Alegre.
se referiram ao uso do softwa- textolivre.
SILVEIRA, S. A.(2003.).
re livre na educação, o que de- Na formação docente, Nu- Software Livre e Inclusão
monstra o longo caminho que nes (2008) e sua equipe tem Digital. São Paulo: Conrad
ainda temos a trilhar... se dedicado a estudar os efei- Editora do Brasil.
Daí a importância de proje- tos da adoção de software li-
tos como o SL Educacional (sle- vres em instituições
ducacional.org) que se propõe educacionais. A frente do LA- Maiores informações:
a organizar documentação e tra- TES – Laboratório de Tecnolo- Site Biblioteca Virtual Scielo:
duzir softwares livres que pos- gia Educacional e Software http://www.scielo.org
sam ser utilizados na área Livre (www.lates.ced.uece.br),
educacional. O sítio do projeto juntamente com os alunos do Projeto Software Livre
funciona nos moldes de uma re- curso de Mestrado em Educa- Educacional:
de social. Nele é possível en- ção da Universidade Estadual http://sleducacional.org
contrar diversos grupos de do Ceará, tem promovido esta
trabalho, blogs, material de discussão dentro da academia Site LATES - Laboratório de
apoio e páginas dos integran- e alerta “o software livre consti- Tecnologia Educacional e Software
tes do projeto além de diver- tui-se além de uma economia Livre:
sos arquivos à disposição para de gastos, um instrumento de http://www.lates.ced.uece.br
serem baixados gratuitamente. melhoria do desempenho dis-
O projeto é voluntário e está cente e docente”. Site Texto Livre:
aberto a todos aqueles que de- Apesar de louvável todas http://www.textolivre.org
sejam modificar a realidade da estas experiências, ainda são
educação brasileira por meio incipientes e isoladas. Reitera-
do software livre. se, aqui a necessidade de
SINARA
DUARTE é
Outra iniciativa importan- mais estudos que atestem os professora da
rede municipal de
te é o Texto Livre (www.textoli- aspectos qualitativos e quantita- Fortaleza,
vre.org), um grupo de suporte tivos da aceitação, usabilida- pedagoga,
à documentação em Software de, adequação e adaptação de especialista em
Informática
Livre na área de Linguagem. SL à realidade de milhares de Educativa e
Os voluntários, alunos de gradu- escolas em todo o território na- Mídias em
Educação, com
ação em Letras da Universida- cional, contribuindo desta for- ênfase no
de Federal de Minas Gerais, ma para o aprimoramento e a Software livre.
Colaboradora do
realizam tarefas de tradução e ampliação do seu uso. E você Projeto Software
revisão solicitadas pelas comu- educador ou entusiasta do mo- Livre Educacional
e mantenedora
nidades de software livre refle- vimento e da filosofia livre, o do Blog Software
tindo sobre esse processo em que está esperando para en- Livre na
sua formação docente. Este trar neste exército? Educação.

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EDUCAÇÃO · LIDEC

Lidec:
Software Livre
a favor da
inclusão digital
Por Assessoria Lidec

Daniel Wildman - sxc.h

O Laboratório de Inclu- não é feita simplesmente com


são Digital e Educação Comuni- o acesso às tecnologias, mas
tária (Lidec) da Escola do sim com a apropriação destas
Futuro da USP dedica-se, des- pelas pessoas, ou seja, inter-
de 2000, a pensar e praticar o net não tem a ver apenas com
uso da tecnologia para promo- computadores. Internet é so-
ver a transformação social, atra- bre pessoas. Inclusão digital
vés de redes e da construção trata da apropriação da tecno-
colaborativa de conhecimento. logia para a transformação so-
Coordenado por Drica Guzzi e cial. “O software livre, mais do
Hernani Dimantas, o Laborató- que a tecnologia em si, é uma
rio desenvolve desde 2001, experiência bem sucedida da
em parceria com o Governo do colaboração em rede para pro-
Estado de São Paulo e, lidera- dução do conhecimento. Por is-
do pelo Secretario de Gestão so, ele é um exemplo
Pública Dep. Sidney Beraldo, fundamental do nosso traba-
o Programa Acessa SP. lho”, explica Dimantas.
O Lidec tem como eixo a O Laboratório atua em
idéia de que a inclusão digital quatro áreas. A primeira delas

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EDUCAÇÃO · LIDEC

é a produção de conteúdos pa- Uma das responsabilida- ideologia e prática do software


ra a inclusão digital, como proje- des da Escola do Futuro (EF) livre. “Na Rede temos um ca-
tos colaborativos, sites e é a formação continuada dos dastro de projetos que são
produção de multimídia. Ou- monitores do programa. Segun- abertos para leitura e estudo,
tras ações são a formação de do Drica Guzzi: "Só em 2008, cópia, modificação e publica-
agentes de inclusão digital e a 1 474 participantes passaram ção dessas modificações,
realização de pesquisas com pelo programa de formação de ações que são estimuladas por
usuários de programas de inclu- monitores, que conta com dois nossa equipe de articuladores.
são, visando mensurar o impac- módulos presenciais e dois à A autorização de cópia torna
to dessas iniciativas. Por fim, a distância, utilizando o software possível executar um projeto in-
tecnologia social, que pela Re- Moodle, totalizando mais de 60 teressante em uma localidade
de de Projetos, MetaProjeto e horas de capacitação/ano". Ou- diferente”, conta Ângelo (Pi-
oficinas trabalha com a apropri- tra atividade da EF é realiza- xel), da equipe de Rede de Pro-
ação tecnológica. ção da Ponline, pesquisa jetos.
As máquinas dos 492 pos- anual on-line, realizada desde Desde 2008, a Escola do
tos do programa usam Linux, 2003 através do software Lime- Futuro também passou a traba-
numa distribuição própria cha- Survey, que procura traçar o lhar em parceria com as Secre-
mada Acessa Livre, que está perfil dos usuários do Aces- tarias de Gestão e de
atualmente em sua versão 3.0. saSP. Através do Portal Aces- Educação com o Programa
O programa tem o maior par- saSP, que utiliza os softwares AcessaEscola, que visa promo-
que instalado de máquinas de gerenciamento de conteú- ver a inclusão digital e social
com BrOffice.org do país. “O dos Xoops, Drupal e Núcleos, de alunos, professores e funci-
uso de software livre em todas o programa interage na rede e onários das escolas da rede
as máquinas tornou o progra- divulga notícias e serviços volta- pública estadual. Até o momen-
ma mais barato, seguro e efici- dos para monitores e usuários. to, o programa atinge 598 esco-
ente. Diminuiu os gastos de Na área de tecnologia so- las da capital e está em
manutenção, ao minimizar ata- cial, o Laboratório realiza ofici- implementação no interior do
ques por vírus, permitiu que atu- nas de tecnologia utilizando Estado.
alizações fossem feitas computadores reciclados e
remotamente e possibilitou softwares livres. Outra iniciati-
uma melhor gestão do progra- va é a Rede de Projetos, que Maiores informações:
ma através de um controle efici- busca articular monitores e ou-
Site Oficial Lidec Weblab:
ente dos usuários”, afirma tros colaboradores interessa-
http://weblab.tk
Dimantas. dos em desenvolver projetos
diversos, desde blogs, até ofici-
Programa AcessaSP:
nas de programação para inici-
http://www.acessasp.sp.gov.br
antes ou de informática para
deficientes. A idéia é valorizar
Site Escola do Futuro:
e colocar em rede este conheci-
http://www.futuro.usp.br
mento que surge nas pontas
do programa, em âmbito local.
Site Ponline:
Além da descentraliza- http://ponline.acessasp.sp.gov.br
ção, a possibilidade de recombi-
nação e livre reprodução dos
Figura 1: Logomarca do projeto projetos aproxima a Rede da

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SOFTWARE PÚBLICO · INVESALIUS

POR DENTRO DO
CORPO HUMANO
COM O INVESALIUS
Por Tatiana Al-Chueyr

O programa brasileiro InVesalius produz re-


Esta nova coluna abordará temas relaci- construções tridimensionais a partir de “fatias”
onados ao Portal do Software Público Brasi- bidimensionais de estruturas biológicas, produzi-
leiro, uma iniciativa do Governo Federal que das por técnicas como a ressonância magnética
busca auxiliar projetos de software livre de e a tomografia computadorizada.
modo que eles sejam economicamente sus-
tentáveis. O propósito do software livre InVesalius -
cujo nome remete ao “pai” da anatomia, Andre-
O Portal (www.softwarepublico.gov.br), as Vesalius - é ampliar a segurança de médicos
conta atualmente com 22 softwares, mais de e odontologistas ao realizarem diagnósticos e
40.000 pessoas cadastradas e grupos de in- planejarem cirurgias.
teresse para discutir a aplicação de tecnolo-
gia da informação em contextos específicos, “O programa é fundamental no momento
tais como nos municípios brasileiros (4CMBr). que possibilita uma visualização real do proble-
ma que aflige o paciente, com a utilização de fer-
Os softwares públicos têm licença livre ramentas de reconstrução em 3D e
e atendem demandas da área de saneamen- reformatação em 2D”, descreveu o cirurgião
to, educação, saúde, georeferenciamento, Prof. Dr. Eduardo Kazuo Sannomiya da Universi-
TV Digital e gestão. Dentre as comunidades dade Metodista de São Paulo (UMESP).
de mais destaque, pode-se citar: Ginga, i-
Educar, CACIC, e-Proinfo, InVesalius e O princípio de interpolar um conjunto de
I3GEO. imagens bidimensionais (2D) gerando um mode-
lo 3D não é original, apesar de ainda hoje fasci-
Nesta edição é abordado o software nar adultos e crianças. Há uma série de
para saúde InVesalius. Na próxima edição softwares comerciais e proprietários que reali-
conheça mais sobre o Ginga - middleware zam este tipo de processamento, inclusive na
para TV Digital. área médica. Entretanto, o seu alto custo impos-
sibilita que a tecnologia seja acessível a uma
parte significativa de hospitais, cirurgiões e estu-

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SOFTWARE PÚBLICO · INVESALIUS

dantes brasileiros. Em paralelo, algumas universi- Reconstrução Tridimensional


dades nacionais e internacionais desenvolvem A partir de um conjunto de imagens médi-
pesquisa na área, mas poucas destas pesqui- cas 2D no formato DICOM (Digital Imaging and
sas são materializadas na forma de um software Communication System), o software possibilita a
propriamente dito. reconstrução tridimensional de estruturas anatô-
Na área médica, além do InVesalius, há ou- micas.
tro software livre com finalidade semelhante, de- InVesalius 2 em uso: a partir de um conjun-
nominado OsiriX. Este sistema roda apenas no to de imagens 2D, a reconstrução 3D.
sistema operacional proprietário MacOS X, ten-
do recebido milhões de dólares para seu desen-
volvimento. Em contraposição, o InVesalius é
multiplataforma (GNU Linux, Windows e, em bre-
ve, MacOS X), sendo acessível a todos.
A grande flexibilidade do InVesalius só foi
possível graças às ferramentas (também livres e
multiplataforma) utilizadas em seu desenvolvi-
mento, dentre as quais podemos destacar:

Python: linguagem de programação de al-


to nível, interpretada, orientada a objetos e de ti-
pagem dinâmica. Combina sintaxe concisa e
clara, sendo empregada na Web, por meio de fra- Figura 1: InVesalius 2 em uso: a partir de um conjunto de imagens 2D, a
meworks, e em aplicativos Desktop ou jogos. reconstrução 3D.

Sua sintaxe simples encoraja a reutilização de


código, simplificando a manutenção e a normali- Seleção de Estruturas Anatômicas
zação de dados. O corpo dos seres humanos é formado por
VTK (Visualization Toolkit): biblioteca para muitas estruturas e órgãos. Com o InVesalius é
computação gráfica 3D e processamento de ima- possível separar tecidos como o ósseo ou a pe-
gens, utilizada em diversas aplicações científi- le, o que facilita a análise de anomalias adquiri-
cas. Desenvolvida em C++, consiste em uma das ou congênitas, como fraturas e tumores. A
camada de abstração sobre o OpenGL, proven- este processo de “dissecação virtual” dá-se o no-
do interfaces para ser utilizada a partir de outras me de segmentação.
linguagens de programação, tais como Python, Seleção de estruturas anatômicas com In-
Tcl e Java. Vesalius 2, para visualização de câncer na man-
díbula.
InVesalius, como a maior parte dos softwa-
res livres, está em constante evolução, sendo
que em cada versão são introduzidos importan-
tes avanços. Na segunda versão do programa,
destacam-se as seguintes ferramentas:

Figuras 2 e 3: Seleção de estruturas anatômicas com InVesalius 2, para


visualização de câncer na mandíbula.

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |75


SOFTWARE PÚBLICO · INVESALIUS

Exportação de modelo 3D pressão física de réplicas de estruturas anatômi-


É possível exportar modelos 3D gerados cas, sem a necessidade de abrir o corpo de
com o InVesalius, por meio de arquivos OBJ ou pacientes.
STL. Estes modelos podem ser posteriormente O programa é desenvolvido desde 2001 pe-
importados e trabalhados em softwares de mode- lo Centro de Tecnologia da Informação Renato
lagem 3D tais como Blender (software livre), pa- Archer (CTI), unidade de pesquisas do Ministé-
ra criação de animações. rio da Ciência e Tecnologia que, na ocasião, ha-
via comprado uma impressora 3D (equipamento
de prototipagem rápida), frequentemente usada
Geração de Relatórios na indústria. O CTI tinha interesse em utilizar a
O cirurgião pode “tirar fotos” de telas do pro- tecnologia para medicina, mas na época isso só
grama e, a partir delas, gerar automaticamente era possível com a utilização de softwares co-
um relatório no formato RTF, que será aberto no merciais extrangeiros. Assim, optou-se por de-
editor de textos disponível em seu computador. senvolver o InVesalius, que permitiria a
Para tal tarefa, estimulamos o uso do software li- disseminação da tecnologia. Desde então, mais
vre BrOffice.org (OpenOffice.org). de 1.200 pacientes da rede pública já foram be-
neficiados com a tecnologia através do CTI, por
A partir de “fotos” de telas do InVesalius 2,
meio do projeto Prototipagem Rápida para Medi-
o programa gera relatório que pode ser aberto
cina (ProMED).
no .org, por exemplo.
A interface entre o InVesalius e estas im-
pressoras é feita através de arquivos 3D, nos
formatos STL e VRML.

Figuras 4 e 5: A partir de “fotos” de telas do InVesalius 2, o programa


gera relatório que pode ser aberto no BrOffice.org, por exemplo.

Projeção Estéreo
Acompanhando a evolução de cinemas em
3D, que têm recebido destaque da mídia atual-
mente, o InVesalius possibilita que o modelo vir-
Figura 6: Modelo físico gerado utilizando prototipagem rápida a partir de
tual extrapole o monitor do computador, dando construção do InVesalius
suporte a diversas modalidades de projeção esté-
reo: do tradicional óculos vermelho-azul a siste-
Com o passar do tempo, o InVesalius extra-
mas de cristal-líquido, como o existente no
polou a aplicação em prototipagem rápida, sen-
Centro de Pesquisas (Cenpes) da Petrobrás.
do difundido entre profissionais brasileiros e
estrangeiros. Hoje não apenas médicos e odon-
Impressão Física em 3D tologistas utilizam o software, mas também vete-
rinários, radiologistas, professores, engenheiros,
A motivação inicial para criação de um designers, paleontologistas e profissionais da
software como o InVesalius foi possibilitar a im- área de investigações forenses.

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SOFTWARE PÚBLICO · INVESALIUS

Em novembro de 2007 o software que era Contribua com InVesalius


apenas gratuito passou a ser software livre (CC Você pode contribuir com a equipe do InVe-
GPL 2 em português), com apoio do Ministério salius de diversas formas.
do Planejamento, por meio da iniciativa Softwa-
re Público Brasileiro. Neste mesmo período foi
Participe da Comunidade InVesalius através do
disponibilizada a segunda versão do programa.
site:
A Comunidade InVesalius, disponível no http://www.softwarepublico.gov.br
Portal, já conta com mais de 2.500 membros ca-
dastrados, provindos de 57 países. A dissemina- Contacte a equipe de desenvolvimento através
ção em território estrangeiro foi possível graças do email:
a internacionalização do programa, por meio do invesalius@cti.gov.br
GNU gettext. O software InVesalius está disponí-
vel em inglês, português e espanhol.
O lançamento do InVesalius 3 é previsto pa-
ra o segundo semestre de 2009, pretendendo Maiores informações:
prover melhor desempenho e uma interface gráfi- InVesalius:
ca mais intuitiva, após ter sido complementamen- http://www.softwarepublico.gov.br
te reescrito.
Prototipagem Rápida para Medicina:
No último século a tecnologia tem permiti-
http://www.cti.gov.br/promed
do que a anatomia seja estudada sob uma nova
perspectiva. Entretanto, frequentemente esta tec-
Python:
nologia apresenta custos inacessíveis e é apre-
http://www.pythonbrasil.com.br
sentada na forma de caixa-preta, mantendo o
conhecimento exclusivo. O software InVesalius,
VTK:
em contrapartida, é uma ferramenta acessível a
http://www.vtk.org
todos e seu conhecimento está aberto àqueles
que queiram entendê-lo e aperfeiçoá-lo.
Todos os interessados podem cadastrar- TATIANA AL-CHUEYR é engenheira de
se no Portal do Software Público e participar da computação pela UNICAMP. Usuária de
software livre desde 2002, é programadora e
Comunidade InVesalius, contribuindo para que coordenadora da Comunidade InVesalius,
o projeto continue auxiliando a desvendar mistéri- trabalhando desde 2004 no Centro de
Tecnologia da Informação Renato Archer
os do complexo universo do corpo humano. (CTI), em Campinas. Foi responsável por
transformar o InVesalius de freeware em
software livre.

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |77


COMUNIDADE · SLOG

Por Andressa Martins

Uma associação chama- movem a inclusão digital e


da SLOG - Software Livre do igualdade social na região.
Oeste Goiano surge no interior A associação foi fundada
de Goiás, sem fins lucrativos, em Janeiro de 2009, mas o mo-
não governamental, com ide- vimento está em atividade des-
ais claros e transparentes de de junho de 2008, época em
promover liberdade de conheci- que aconteceu o "Primeiro En-
mento. contro do SLOG" na cidade de
Seu principal objetivo é a Iporá-GO, evento que contou
promoção do uso e do desen- com palestras, oficinas, hac-
volvimento de software livre co- klabs apresentados a acadêmi-
mo uma alternativa econômica cos e diversas pessoas da
e tecnológica, seja em proje- região.
tos, seja em eventos de tecnolo- De lá pra cá o grupo não
gia e principalmente na prática pára, e a agenda de eventos é
das liverdades de software. cheia . Se engana quem pensa
As ações do grupo têm tra- que cidades com mil habitan-
zido pessoas que antes esta- tes ficam de fora. Recentemen-
vam fora do contexto te houve o Primeiro Install Fest
tecnológico e atualmente pro- em Ivolândia, cidade que pos-

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |78


COMUNIDADE · SLOG

sui população estimada em a cidade de São Luís de Mon- mas existe uma aceitação a ní-
2700 habitantes. Realizado na tes Belos, cidade com pouco vel regional. E esta visão des-
câmara municipal da cidade, mais de 27 mil habitantes. centralizada da forma de
contou com professores, alu- As atividades e projetos organizar é uma realidade vivi-
nos da rede municipal, o pesso- do grupo são organizadas atra- da no interior de Goiás e dife-
al das cidades vizinhas, e vés da lista de discussão. Ca- rente dos grandes centros.
muita gente compartilhando o da cidade do Oeste Goiano Acesse o site do SLOG
conhecimento em Software Li- possui um integrante que orga- http://www.slog.org.br e o ende-
vre adquirido ao longo do tem- niza ou organizará um sub-gru- reço do grupo no google é:
po. po do SLOG, quem deseja http://groups.goo-
Um grupo como esse, ajudar e participar sempre será gle.com.br/slog-software-livre-
que está em várias cidades pe- recebido de braços abertos, e oeste-goiano
quenas, vêm estabelecido mui- terá muitas atividades para pro-
tas parcerias e elo de mover e colaborar.
amizades. A próxima cidade a As parcerias com as pre- Maiores informações:
ter um Encontro do SLOG será feituras da região Site do SLOG:
estão começando http://www.slog.org.br
a acontecer e são
de importância ím- Grupo SLOG no Google:
par, haja visto que http://groups.goo-
o papel do Gover- gle.com.br/group/slog-software-livre-
no no contexto de oeste-goiano?hl=pt-BR
usabilidade de
Software Livre é in-
dispensável. ANDRESSA
MARTINS é
Os projetos e entusiasta de
eventos foram con- software livre,
idealizadora dos
cebidos com suces- projetos Robótica
so, não somente Livre, Membro da
Associação de
Figura 1: Professor Cláudio Antônio de Bastos, fazendo a abertura nas cidades em Software Livre de
do 1º Encontro do SLOG em junho de 2008 que foram feitos, Goiás e curiosa.

Melhore seus conhecimentos em tecnologias Mais informações:


móveis e embarcadas, inscrições abertas: http://www.m3ddla.com.br
contato@m3ddla.com.br

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COMUNIDADE · COLLISION, UM FILME ABERTO

Collision, da pirataria ao
software livre:
um filme aberto
Por Rodrigo Lopes de Barros Oliveira

Certa vez, Alexandre Nodari escreveu em as sociedades disciplinares recentes tinham por
seu blog, Consenso: só no paredão, a seguin- equipamento máquinas energéticas, com o peri-
te passagem: “um dos maiores equívocos dos go passivo da entropia e o perigo ativo da sabo-
pseudo-intelectuais leitores de orelha de livro é, tagem; as sociedades de controle operam por
diante de uma câmera de vigilância no meio da máquinas de uma terceira espécie, máquinas de
rua (ou num bar, ou num estabelecimento públi- informática e computadores, cujo perigo passivo
co), citar Vigiar e Punir e reclamar da sociedade é a interferência, e o ativo a pirataria e a introdu-
disciplinar. Como qualquer um que tenha lido de ção de vírus”. Mas aqui viria outro pseudo-inte-
fato Foucault, sabemos que não é exatamente lectual para dizer então que a pirataria é a nova,
disso que se trata, e sim, de biopolítica. Trocan- efetiva arma de combate ao Império, esta mistu-
do em miúdos: a tal câmera não serve pra produ- ra meio amorfa meio totêmica entre capital, es-
zir comportamentos, nem para evitar crimes, petáculo e controle? Nada disso: controle e
mas para permitir identificações (de alguém que pirataria, ou melhor – para traduzir em termos
cometa um crime, de algum terrorista que porven- que nos interessam neste debate – copyright e
tura tenha passado pelo local, etc etc): não se warez, serial number e crack, Amazon e Pirate
trata mais de produzir a ordem, mas de regular, Bay, e assim por diante, ao contrário de consti-
gerenciar a desordem”. tuírem uma oposição binária, dicotômica, estão
Nodari se referia ao texto do filósofo fran- umbilicalmente ligados, trabalhando juntos, são
cês Gilles Deleuze intitulado Post-Scriptum so- efeitos, desdobramentos, de um mesmo procedi-
bre as Sociedades de Controle, mais mento, de uma mesma maquinaria.
especificamente, à seguinte passagem: “As anti- A senha que a toda hora nos é exigida, a
gas sociedades de soberania manejavam máqui- senha que a toda hora se incorpora – revelando
nas simples, alavancas, roldanas, relógios; mas a falta de singularidade (o que nos diferencia),

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COMUNIDADE · COLLISON, UM FILME ABERTO

como disse em uma de suas aulas Raúl Antelo quivos), mostram-se ligados a uma ideal naive
– e o processo de quebrá-la, para ter acesso à in- de progresso (i.e., isto faz parte da evolução tec-
formação, ao espaço, ao programa, o que seja, nológica, como aconteceu com a fita e o vídeo
não enfraquece o controle, mas o torna ainda cassete, ou: vemos uma guerra entre uma “ve-
mais presente, se exercendo soberano em sua lha” e uma “nova” forma de troca, ao contrário
aparente ausência: fantasmagórico. A pirataria, da pirataria contribuir para o fim da indústria ci-
ademais, é a face necessária das trocas mercan- nematográfica, irá renová-la). O que parece en-
tis (em muitos casos é o que as impulsiona e as tão uma aberração, piratas, hackers, outsiders,
torna possíveis) e nada nos leva a crer que não etc., concorrendo a cargos no Estado, não tem
possa ser incluída “legalmente” pelo capital, ou nada de contraditório, este é o caminho histórico
melhor, pela sua parte hegemônica. Não nos es- da pirataria: se integrar. Por isto, em situações li-
queçamos, por exemplo, do pirata inglês John mites, embora seja fácil se inclinar a ela, torna-
Hawkins, que junto com a família canária dos se impossível defendê-la, mas também talvez
Ponte, iniciaram o comércio triangular de escra- mais difícil seja estar do lado da indústria cine-
vos entre África, América e Europa, o que mais matográfica ou de software estadunidenses,
tarde veio a se tornar uma, senão a principal fon- com vínculos históricos igualmente cruéis: dita-
te financeira dos antigos impérios europeus. duras na América Latina, Shoah, genocídio dos
No romance de Antonio Benítez Rojo, El negros, etc. Gostaria de sugerir então, seguindo
mar de las lentejas, se pode observar esta ten- o caminho aberto por Deleuze, outra ameaça a
são: Pedro de Ponte, em certo sentido é o pai esta sociedade do controle, ameaça sem dúvida
do capital e, por conseguinte, de várias outras mais poderosa do que a pirataria (a qual não dei-
coisas: o pai do teste/tortura moderna (navio ne- xa ainda de causar alguma simpatia), e que vai
greiro), inventor do laboratório (Ilhas Canárias co- além daquela: trata-se do “aberto”.
mo a execução em menor escala do que seriam Ao contrário da pirataria que se fecha ao
as fazendas de cana na América), enfim, das no- círculo econômico do capital, do direito e do pro-
vas formas de comércio que viriam a dominar as gresso, o “aberto”, seguindo as palavras do filó-
relações Europa/América por anos e anos. Pe- sofo italiano Giorgio Agamben, é a possibilidade
dro de Ponte o faz a partir de 1560, quando vai de criação de outros mundos, de imaginá-los, é
inscrever seu nome (ser arquivado) na história a própria abertura do ser humano a esta possibi-
dos genocídios, precisamente ao “se entrevistar lidade (que não se reduz à democracia liberal e
em Adeje com John Hawkins”. O capital se ali- ao capitalismo): o aberto, assim, é pura exposi-
menta da pirataria, é o recado de Rojo, como ção, talvez como uma festa, e “exposição é o lu-
também podemos ler, nessa perspectiva parado- gar da política”. Neste sentido, a Pegrapracapá
xal, o que escreveu o filósofo Gilles Deleuze. Produções e o Instituto da Cultura e da Bar-
Não é de se espantar, então, que os piratas por bárie pensam seu novo filme, Collision, não
trás do website Pirate Bay (maior do gênero), mais como um filme pirata (o que, inclusive, se-
que contém toneladas de links para softwares, fil- ria o mais fácil), mas como um “filme aberto”,
mes, músicas, tenham até lançado um partido po- que deseja tomar posse deste próprio aberto, de
lítico, o Piratpartiet (“Partido Pirata”), nas sua própria exposição, que tenta não mais ficar
eleições suecas ao parlamento de 2006. reduzido a reprodução econômica, do círculo,
No longa-metragem intitulado Steal this da sobrevivência biológica, do tédio, do espetá-
Film, sobre os piratas escandinavos, é possível culo. Por isso, nossa primeira iniciativa foi não
perceber que todos os argumentos utilizados se vincular a nada que esteja fechado, a nada
quando não são jurídicos (i.e., as leis da Suécia que esteja fechado aos copyrights. Daí então,
não proíbem este tipo de compartilhamento de ar- que viemos buscar uma aliança com esta nova

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COMUNIDADE · COLLISON, UM FILME ABERTO

comunidade que está surgindo, que está vindo, Assim, com roteiro de João Pedro Garcia e
que está imaginando um outro mundo: a comuni- direção de Rodrigo Lopes de Barros Oliveira,
dade global do software livre e aberto: onde to- Collision é um projeto de filme aberto, o
dos podem usar, contribuir, distribuir, modificar, primeiro no Brasil. Filme aberto neste contexto,
criar, imaginar. Não é a toa que o Ubuntu, o siste- significa, como já mencionado antes, o uso
ma operacional livre e aberto escolhido para hos- apenas de softwares livres (neste caso em
pedar toda produção do Collision, chega com a plataforma Linux) para sua produção, e ainda
seguinte frase: “Linux for human beings”, pois que todo o material produzido (imagens
os seres humanos são os únicos capazes de capturadas, roteiro, trilha sonora, o filme em si)
transformar “o aberto em um mundo, isto é, em ficará disponível para livre exibição, modificação
campo de batalha de uma luta política sem fron- e utilização. Rodado em Super 16, Super 8 e
teiras” (Agamben). Em meio a este campo de for- HD, Collision será uma ficção científica que
ças é que surge a idéia do projeto Collision. Ele expõe o instante no qual dois corpos estão
será realizado completamente com software li- prestes a se chocar, no limiar entre finitude e
vre, mas também todos os arquivos usados pa- imortalidade, num planeta vazio, numa galáxia
ra sua produção, todas as suas fontes, além do em contração, que se funde. O blog do filme é
filme em si, estará aberto à livre modificação, re- um pouco diferente do convencional. Ele se
produção, uso, e tudo o mais. pauta por imagens e atrás de cada imagem
A discussão, no entanto, ao contrário da pi- surge o texto. Já começaram a disponibilização
rataria, não está reduzida ao aspecto meramen- de alguns arquivos (como a versão em
te jurídico: o aberto vem trazer uma andamento do roteiro e as primeiras partes da
possibilidade para além da própria legalidade, trilha sonora). Também haverá postagens sobre
do direito, da liberdade: isto é, o aberto como pu- equipamentos, filmagens, intertextualidade,
ra significação, como potência – não é à toa, por- softwares livres, além de ser possível
tanto, que recentemente a Microsoft tenha acompanhar todas as etapas do filme, com uma
anunciado um cargo em suas fileiras para posi- atualização mínima semanal. A licença do filme
ção de “estrategista” anti-software livre; por ou- está aprovada para Trabalhos Culturais Livres –
tro lado, o próprio Bill Gates, num artigo especificamente, sob a Creative Commons
publicado na revista Fortune, em 2007, confir- License BY-SA 3.0.
mou que a tolerância da Microsoft a pirataria foi
um dos motivos que a levou a sua atual hegemo- Maiores informações:
nia; eles agora já começam a encarar uma das
Blog do filme Collision
forças que os pode destruir. Fazer um “filme
http://www.culturaebarbarie.org/collision
aberto”, nestes termos, se coloca então muito
bem com a fome de Glauber Rocha, isto é, na
tradição de mostrar a violência de nossa fome,
que, para aqueles que felizmente conseguem sa-
ciar o estômago, vai além do prato de comida, e
chega a outros espaços que ferozmente nos é RODRIGO LOPES DE BARROS
OLIVEIRA é graduado em direito e
negado acesso pelo controle do Império, é come- mestre em teoria literária pela
çar a pensar com o estômago e não mais com o Universidade Federal de Santa Catarina.
Atualmente, faz seu doutorado em
cérebro (como bem se vê na interessante pala- literatura pela Universidade do Texas em
vra iorubá para o verbo pensar: “ronú”, junção Austin. Collision é seu terceiro filme.
de “rú” e “inú”, literalmente, mexer o estômago): Publicou vários ensaios e artigos sobre
teoria da modernidade, pós-
é tornar a fome em sonho. estruturalismo, além de contos e outros
textos ficcionais.

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MULTIMÍDIA · TRABALHANDO COM ÁUDIO NO LINUX

Como
trabalhar
com áudio
no Linux
Por Leandro Leal Parente

Quando eu tinha 15 anos, balhou com áudio provavelmen- para processamento de áudio
peguei umas músicas com um te conhece estes softwares. em tempo real.
amigo meu. Eu adorava en- Um tempo depois utilizei ou- Uma distribuição multimí-
cher meu computador de tros softwares específicos para dia nada mais é do que uma
“mp3”, hábito que ainda preser- produção: E-jay, Cubase e distribuição Linux capaz de pro-
vo. Entre elas havia algumas Fruit Loop Studio. Animei algu- cessar áudio e vídeo utilizando
músicas eletrônicas. Comecei mas festas como dj, mas nada um kernel de baixa latência,
a escutar “de leve” e acabei demais. mais conhecido como kernel re-
gostando. A partir daí meu inte- Logo entrei para faculda- al-time. Nosso foco será so-
resse por música eletrônica foi de e não tive mais tempo para mente no processamento de
aumentando - há quem diga estas coisas. Entretanto continu- áudio. Em geral uma distribui-
que isto não chega nem a ser ei baixando música eletrônica ção multimídia deve conter:
música e blá blá blá, mas isso e conhecendo outros gêneros
não vem ao caso. Logo passei e djs.
a conhecer vários djs, projetos - Um kernel equipado com o
e inúmeros gêneros: psy-tran- Há um ano atrás descobri patch PREEMPT_RT.
ce, trance, hardtrance, hadsty- que era possível trabalhar com - O servidor de áudio Jack Au-
le, electro, house, entre tantos áudio no Linux utilizando algu- dio Connection Kit;
outros. mas distribuições multimídia, - Um arsenal de software livre
nesta época eu já era usuário de áudio;
Um certo dia resolvi me Linux. Mais que depressa insta-
tornar dj. Na época eu utilizava - Um conjunto de plugins
lei uma destas distribuições mul- LADSPA;
Windows e um arsenal de timídia, na época o Ubuntu
softwares piratas. Que vergo- Studio, no meu notebook e me
nha ! Então instalei o Virtual Dj deparei com um ambiente ro- Agora vamos por partes,
para mixagem e o Sound busto e poderoso, preparado como diria Jack o Estripador !
Forge para edição. Quem já tra-

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MULTIMÍDIA · TRABALHANDO COM ÁUDIO NO LINUX

Kernel Real-Time po real, no nosso caso o ker- nesse sistema se tornou claro.
O kernel real-time é a ba- nel com o patch Com este servidor de áudio é
se para qualquer distribuição PREEMPT_RT, é necessário possível criarmos um ambiente
multimídia. Todo o processa- uma máquina adequada para poderoso e robusto para reali-
mento de áudio nas aplicações se trabalhar com áudio. Qual- zar tal tarefa, integrando dife-
é influenciado por ele. Por pa- quer máquina atual tem plena rentes softwares com um
drão o Linux não é considera- condição de realizar tal tarefa.. roteamento áudio/MIDI simples
do um sistema de tempo real. O patch PREEMPT_RT é e inteligente.
Entretanto, como o kernel é tão eficaz que segundo o site Li- Programas como o Cuba-
Open Source, foi desenvolvido nuxdevices.com (http://www.li- se ou Fruit Loop Studio perde-
um patch capaz de torna-lo um nuxdevices.com/news/NS2660 ram importância após o
sistema real-time. Este patch é 945418.html) um computador surgimento do Jack Audio, por-
denominado de PRE- com um processador Intel Co- que ao invés de termos um úni-
EMPT_RT e pode ser encontra- re 2 com 2.4GHz e um kernel co software capaz de fazer
do em 2.6.26.8 de 64 bits obteve quase tudo, temos um ambien-
http://www.kernel.org/pub/li- após uma bateria de testes te completo, composto por até
nux/kernel/projects/rt/. Atual- uma latência, no pior caso, de 1024 softwares interagindo en-
mente ele se encontra na 39 microssegundos ! tre si.
versão estável 2.6.26.8-rt27.
Seu criador chama-se Ingo Mol- Como eles conseguem fa- O Jack Audio Connection
nar, ele é desenvolvedor da zer esta mágica ? Isto é assun- Kit é um servidor de áudio e MI-
Red Hat americana. to para um outro artigo. DI de baixa latência e de tem-
po real, que tem suporte a
Um sistema real-time de- vários sistemas operacionais .
ve ter uma baixa latência. La- Jack Audio Connection Ele se tornou uma plataforma
tência é o tempo em que o Kit padrão de comunicação áu-
computador demora para res- Eu considero o Jack a re- dio/MIDI no Linux. Segundo o
ponder a uma determinada volução do processamento de site apps.linuxaudio.org
ação. No nosso caso, se nos- áudio no Linux. Graças a ele o (http://apps.linuxaudio.org/),
so sistema tiver uma alta latên- sentido de trabalhar com áudio cerca de 151 programas tem
cia, o som provavelmente sairá
picado e cheio de falhas. Por-
tanto baixa latência é um pré-re-
quisito para o processamento
áudio.
Existem uma série de fato-
res, a nível de hardware, que in-
fluenciam na latência do
sistema: modelo do processa-
dor, cache da CPU, quantida-
de de núcleos (multi-core ou
mono-core), modelo da interfa-
ce de áudio, quantidade de me-
mória, controlador de energia,
entre outros. Portanto além de
um sistema operacional de tem- Figura 1 - Jack Audio Connection Kit

Revista Espírito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |85


MULTIMÍDIA · TRABALHANDO COM ÁUDIO NO LINUX

suporte ao Jack. Software Livres de áudio Plugins LADSPA


Com ele é possível redire- Existem vários softwares li- LADSPA (Linux Audio De-
cionar o fluxo áudio/MIDI entre vres capazes de bater de fren- veloper's Simple Plugin API) é
te com uma API padrão para se desen-
alguns volver plugins que alteram a
softwares pro- forma como o áudio é reprodu-
prietários es- zido. Em outras palavras estes
pecialistas plugins são efeitos.
em processa- A vantagem dos plugins
mento de áu- LADSPA é que eles são acei-
dio. Irei citar tos em vários softwares. Por-
os mais co- tanto você pode utilizar os
muns e utili- mesmo efeitos em diferentes
zados, softwares como: Jack-Rack,
grande parte Audacity, Ardour, Alsa-Modular-
Figura 2 - Jack-rack deles já vem Synth, entre outros. Para facili-
por padrão tar mais ainda, não é necessá-
vários softwares de forma sim- em qualquer distribuição multi- ria nenhuma configuração
ples e rápida, integrando mídia Linux. adicional, os softwares reco-
softwares que aparentemente - Efeitos: Jack-rack nhecem automaticamente os
não tem nenhuma relação uns - Gravação e Edição: Audacity, plugins instalados.
com os outros. ReZound e Snd Existem vários plugins
No meu caso, quando es- - Multi-pistas: Ardour, LMMS e LADSPA, grande parte deles
tou tocando como dj, utilizo 3 Rosengarden estão disponíveis pelo gerenci-
softwares: Qmidiroute, Mixxx e - Software para Dj: Mixxx, ador de pacotes em várias dis-
Jack-Rack. Isto sem contar o xWax tribuições Linux. Em
próprio Jack e seu front-end - Sintetizadores: Amsynth, distribuições multimídia eles já
Qjackctl. Neste cenário seria Qtsynth e ZynAddSubFx vêm instalados por padrão. Em
possível ainda utilizar outros - Seqüênciadores: Hydrogen, minha distribuição multimídia
dois programas: o Amsynth e o Freebirth
Hydrogen para produzir algum
som junto com as minhas mixa-
gens. Todos estes softwares
se comunicam e são controla-
dos pelos meus dois controlado-
res MIDI. Não se preocupem
irei abordar todos estes softwa-
res nos próximos artigos.
O importante é entender
que o Jack Audio Connection
Kit será um grande aliado quan-
do estivermos trabalhando
com áudio no Linux.
Figura 3 - Mixxx 1.6.1

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MULTIMÍDIA · TRABALHANDO COM ÁUDIO NO LINUX

t (http://www.ubuntustudio.org/);
r - Pro-Audio Gentoo Overlay
i (http://proaudio.tuxfamily.org/);
- Pure:dyne
(http://code.goto10.org/projects
/puredyne/).

Espero que tenham


aproveitado esta introdução.
Qualquer dúvida, dica ou
crítica entrem em contato
comigo pelo endereço
leal.parente@gmail.com.

Maiores informações:
Site Estúdio Livre:
http://estudiolivre.org

Figura 4 - Distribuição Musix Site Linux Audio:


http://apps.linuxaudio.org
(64studio) tenho 351 plugins buições multimídia live-cds, ou
LADSPA a minha disposição. seja, que rodam sem instala-
Wiki Linux Musicians:
Acreditem isto é muito ! ção. Entretanto geralmente es-
http://wiki.linuxmusicians.com
Exemplos de biblioteca tão desatualizadas e seu
de plugins LADSPA: CAPS Au- desempenho não se compara
Site Lievenmoors:
dio Plugin Suite, Computer Mu- ao de uma distribuição instala-
http://lievenmoors.github.com
sic Toolkit (CMT), TAP Plugins, da. Recomendo fortemente
entre outras. Para maiores infor- que instalem uma distribuição
Planet Linux Musicians:
mações acesse http://www.lads- multimídia, vocês vão precisar
http://planet.linuxmusicians.com
pa.org/. para os próximos artigos.

Em breve os plugins Logo abaixo temos uma Lista Linux Audio:


LADSPA serão substituídos lista com algumas distribuições http://lists.linuxaudio.org/mailman/listi
por LV2 effect plugins. Caso multimídia, retirada do site nfo
queiram ir se adiantando aces- http://apps.linuxaudio.org :
LEANDRO LEAL
sem http://lv2plug.in/ e http://ho- - 64Studio PARENTE é
me.gna.org/zynjacku/. graduando de
(http://64studio.com/); Ciências da
- ArtistX Computação pela
(http://www.artistx.org/site2/); Universidade
Distribuições Multimídia Federal de Goiás
- Dyne:bolic (UFG), adepto da
Agora que vocês já conhe- (http://dynebolic.org/); filosofia Open
cem os componentes básicos Source e usuário
- Jacklab Linux. Atualmente é
de um distribuição multimídia (http://www.jacklab.net/); estagiário no
está na hora de começar a tra- - Musix GNU+Linux Laboratório de
Processamento de
balhar de verdade com áudio (http://www.musix.org.ar/); Imagens e
no Linux. Existem algumas dis- - Ubuntu Studio Geoprocessamento
(LAPIG) na UFG.

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GAMES · THE MANA WORLD

Por Carlos Donizete

Você adora aventura, magia, descobrir mun- tentando criar um mundo a parte com sua pró-
dos imaginários e não se importa o quanto sua pria história, costumes e tribos.
família e seus amigos possam criticar seus The Mana World te surpreenderá de forma
RPGs online? gratificante. Gratuito e de código aberto, sem pe-
Conheça o The Mana World, um projeto ríodo de prova nem limitações, este jogo te man-
que tenta criar um ambiente em código livre de terá entretido durante horas.
MMORPG, ou RPG online com múltiplos jogado- Os jogadores não apenas enfrentam bata-
res. Os gráficos são bidimensionais, assim co- lhas, mas também formam uma comunidade al-
mo os jogos do Super Nintendo (como Zelda e ternativa, uma realidade virtual com contexto
The Secret of Mana, clássicos memoráveis). histórico, vida política, cultura própria, países, tri-
Para quem não sabe MMORPG é um jogo bos, variedade de climas, etc.
de interpretação de personagem online e em The Mana World espera ser a melhor op-
massa para múltiplos jogadores (Massively ou ção para pessoas que gostam de interagir entre
Massive Multiplayer Online Role-Playing Game si, não apenas em lutas e batalhas, mas tam-
ou Multi massive online Role-Playing Game) ou bém formando uma comunidade com interesses
MMORPG é um jogo de computador ou videoga- comuns, um chamado "microsistema" dentro do
me que permite a milhares de jogadores criarem jogo.
personagens em um mundo virtual dinâmico ao
mesmo tempo na Internet. MMORPGs são um Desafios o levarão a novos desafios, e en-
subtipo dos Massively Multiplayer Online Game corajarão você a formar grupos para evoluir e
(Jogos Online Massivos para Múltiplos Jogado- promover sua comunidade.
res). Se você não tem medo dos jogos vician-
Quando esta jogando lembra muito o Rag- tes, faça um download do The Mana World, e
narok Online, mas em 2D e totalmente livre, licen- demonstre ate onde quer chegar nesse atraente
ciado sob o GNU GPL (Licença Pública Geral). mundo virtual.
Vale lembrar que o jogo ainda está em de- Para instalar é muito simples é rápido, por-
senvolvimento, tanto que nem a história oficial es- que são menos que 25 MB de download para se
tá pronta. O time de desenvolvimento está divertir com este jogo online.

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GAMES · THE MANA WORLD

Instalando The Mana World Consola (no Ubuntu 9.04 tem o nome de "Termi-
nal").
(Este tutorial é para usuário Ubuntu Linux, Digite o comando abaixo para iniciar o
que é necessário que esteja com Ubuntu versão download dos pacotes e a instalação do jogo.
8.04 ou superior)
1. Existe três formas de instalar facilmente $ sudo apt-get install tmw tmw-data tmw-sound
este jogo no Ubuntu Linux.
A primeira opção é ir em Aplicativos → Adi- 4. E a ultima opção é fazendo pelo Gerenci-
cionar/Remover... E procurar por TMW, depois ador de Pacotes Synanptic. Vá em Sistema →
habilite-o e clique em Aplicar Mudanças. Administração → Gerenciador de Pacotes Sy-
naptic.

Figura 3 - Instalando pelo Synaptic

5. Agora clique em Procurar e digite “tmw”


Figura 1 - Instalar/Remover do menu Aplicativos no Ubuntu
e dê <enter>
2. A segunda opção, você poderá usar seu
navegador de internet, neste caso o Firefox do
Ubuntu, digitando na barra de endereço:

apt://tmw

Figura 4 - Buscando os pacotes no Synaptic

6. Surgirá os arquivos tmw, tmw-data, tmw-


Figura 2 - Instalando pelo apt:// no navegador Firefox music e tmw-dbg.
3. A terceira opção, utilizando o terminal Clique nas caixas do lado destes arquivos
(consola para quem utliza o Ubuntu 8.04 ou e clique em Marcar para Instalação.
8.10) que está em Aplicativos → Acessórios →

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GAMES · THE MANA WORLD

Figura 5 - Aplicando as alterações no Synaptic

7. Agora só clicar em Aplicar, que começar Figura 8 - Tela do jogo em execução


a fazer o download destes arquivos e depois a
instalação automaticamente. F9 → Abre Janela de Opções
F10 → Abre janela de Debug (Status de Execução do
Programa)
Alt + 0-9 → Envia Emotions
Alt + S → Sentar/Levantar (Sit)
Alt + F → Mostra Frames
Alt + P → Tira SS e Salva na Pasta Raiz do Jogo
G → Pega os Objetos que Estão no Chão
Z → Pega os Objetos que Estão no Chão
Enter → Abre a Janela de Escrita no Chat e Envia Mensa-
gens
Shift → Trava o Char, Fazendo com que ao Clicar ele
Não Ande

Isso é tudo pessoal. Nos vemos na


próxima!

Maiores informações:
Site oficial The Mana World:
Figura 6 - Acessando o jogo no menu
http://themanaworld.org
Quando terminar,qualquer umas destas op-
ções que escolher vai esta o jogo em Aplica- Site Ubuntu Games:
ções → Jogos → The Mana World. http://www.ubuntugames.org

Comandos do jogo
Ctrl → Atacar
F1 → Ajuda
F2 → Janela de Sta-
tus
CARLOS DONIZETE é técnico em suporte
F3 → Inventário
de hardware e software onde reside no
F4 → Equipamen-
Estado de São Paulo. Criador e
tos
administrador do site Ubuntu Games, onde
F5 → Skills
desenvolve tutoriais de jogos para as
F6 → Mostrar/Desa-
disbtribuições Debian/Ubuntu Linux desde
bilitar Minimap
2006 voltado ao público iniciante. É
F7 → Mostrar/Desa-
conhecido pela comunidade Ubuntu Brasil
bilitar Janela de
pelo apelido Coringao, onde participa desde
Chat
2005.
Figura 7 - Tela de abertura do jogo

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HUMOR · QUADRINHOS

QUADRINHOS
Por Moisés Gonçalves, Wallisson Narciso e Yamamoto Kenji

VIDAMONGA

http://VIDAMONGA.blogspot.com

HELPDESK

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HUMOR · QUADRINHOS

Windows e Mac vs. Linux: "Código hackeado versus código aberto"

http://yamakenji.ueuo.com/yk/

EXTERMINAR

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AGENDA · O QUE TÁ ROLANDO NO MUNDO DE TI

AGENDA
JUNHO Evento: III ENSOL - Encontro JULHO
de Software Livre da Paraíba
Evento: IV EvidoSol e I Data: 19 a 21/06/2009 Evento: Seminário Wireless
CILTEC Online Local: João Pessoa/PB Broadband - Perspectivas pa-
Data: 03 a 05/06/2009 ra o mercado de banda larga
Local: Encontro Virtual Evento: CMS Brasil 2009 e celular
Data: 20/06/2009 Data: 01/07/2009
Evento: 6° Congresso Interna- Local: São Paulo/SP Local: São Paulo/SP
cional de Gestão de Tecnolo-
gia e Sistemas de Informação Evento: WordCamp Brasil Evento: I Encontro Livre
Data: 03 a 05/06/2009 Data: 21/06/2009 Data: 06 a 08/07/2009
Local: São Paulo/SP Local: São Paulo/SP Local: Recife/PE

Evento: TcheLinux 2009 Evento: Software Livre na Cul- Evento: XXIX Congresso da
Data: 06/06/2009 tura: Vídeo e Fotografia Digi- Sociedade Brasileira de Com-
Local: Chapecó/SC tal, da Captura a Edição com putação
Software Livre Data: 20 a 24/07/2009
Evento: INTERCOMP Data: 21/06/2009 Local: Bento Gonçalves/RS
Data: 11 a 14/06/2009 Local: Porto Alegre/RS
Local: Ribeirão Preto/SP Evento: IV SegInfo -
Evento: 10º Fórum Internacio- WorkShop de Segurança da
Evento: I Encontro de nal Software Livre - FISL 10 Informação
CakePHP Data: 24 a 27/06/2009 Data: 21/07/2009
Data: 13/06/2009 Local: Porto Alegre/RS Local: Rio de Janeiro/RJ
Local: São Paulo/SP
Evento: Hora Livre - Palestra Evento: XCCE 2009
Evento: TcheLinux 2009 Firewall invisível: Aumente Data: 27 a 31/07/2009
Data: 13/06/2009 sua segurança sem alterar Local: Bento Gonçalves/RS
Local: Caxias do Sul/RS sua rede
Data: 27/06/2009
Evento: Forum Patentes de Local: Campo Grande/MS
Software X Software Livre
Data: 17/06/2009 Evento: Google Developer
Local: Rio de Janeiro/RJ Days 2009
Data: 29/06/2009
Local: São Paulo/SP

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