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São escassos os dados biográficos acerca da maioria dos poetas que subscrevem estas cantigas. Sabemos que o gosto de
fazer poesia alastrou, nesta época, por todas as classes sociais. Assim, a par dos trovadores, criadores da poesia
desinteressada, "por galantaria cortesã e comprazimento estético", havia os jograis, homens de condição social inferior que
cantavam músicas e poesias alheias, ou por vezes as próprias extraindo daí rendimento para a sua sobrevivência. O jogral
andava de castelo em castelo para entreter os senhores e era acompanhado da soldadeira ou jograleza, mulher que dançava
e cantava o que o jogral tocava, pois as cantigas eram, por vezes, acompanhadas de música.
Trovadores nobres são numerosos, já que o ambiente de corte portuguesa, sobretudo de D. Afonso III e D. Dinis, era propício
ao cultivo da poesia. D. Dinis foi um extraordinário trovador, quer a nível de perfeição, quer de fecundidade, sendo cento e
trinta e oito as suas cantigas.
Esta poesia, que ultrapassou no séc. XIII a fase da literatura oral, foi recolhida na sua maior parte e reunida em importantes
antologias, chamadas Cancioneiros. Os Cancioneiros constituem um valiosíssimo documento histórico e literário da nossa
Idade Média, pois as tradições, os costumes, as ideias, as preocupações, o quotidiano dessa época estão presentes nas
composições dos diferentes poetas.
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Cantigas de amor 10.ºE
D. Dinis
1. Este poema constitui uma espécie de manifesto poético dos cantares de amor.
Retrato da
“senhor”
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À maneira dos poetas provençais.
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querei
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louvar
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Senhora
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Porque
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Não obstante tudo isto
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sociável
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Porque ninguém a excede no conjunto das suas qualidades
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Cantigas de amor 10.ºE
Tema: fingimento de amor cortês
Assunto: o sujeito lírico queixa-se e condena os que nada sabem de amor e só prejudicam os que amam de verdade, porque quando
confessam o seu amor às donas, elas sabem que é tudo a fingir; as donas depois não acreditam naqueles que as amam, pensam que é
tudo um fingimento.
Recursos estilísticos: transporte ou encavalgamento que confere ao texto uma certa progressão;
anáfora "e" na última estrofe que estabelece um paralelismo semântico e uma certa obsessão; há, consequentemente, um paralelismo de
construção semântico e literal, muito semelhante ao dos cantares de amigo, reforçado pela utilização do refrão.
Forma: cantiga de refrão, em decassílabos agudos, com palavra perduda ("creer" não rima com mais nenhum verso, está solto no meio da
estrofe).
E já eu muitos namorados vi
que non davan nulha ren por aver
sas senhores mal, pois a si prazer
fazian, e por esto dig' assi:
se eu mha senhor amo polo meu
ben e non cato a nulha ren do seu,
non am' eu mha senhor, mais amo mi.
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Cantigas de amor 10.ºE
D. Dinis
3. Organiza um esquema em que refiras o sentimento dominante e outros que poderão girar à sua volta.
4. Compara esse sentimento com o da cantiga de amigo “Ai flores, ai flores do verde pino”.