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AS RELAÇÕES DE IGUALDADE E O DISCIPULADO DAS MULHERES

NA COMUNIDADE DO DISCÍPULO AMADO

Maria José Lisboa Lopes1

Resumo: Este trabalho aborda o tema: As relações de igualdade e o discipulado das mulheres na comunidade do
Discípulo Amado. Faremos uma abordagem das lutas por relações de igualdade dentro desta comunidade, a
partir das perícopes de Jo 11, 1-45 e 12,1-11, com enfoque principal na proclamação de fé cristológica de Marta
e no gesto solidário de Maria em lavar os pés de Jesus com um perfume muito caro em uma refeição, nesta
comunidade. No processo de fé e na dinâmica do caminho, a partir do diálogo com o Mestre, elas fazem a
experiência de Jesus como Ressurreição e Vida, rompendo assim, as estruturas judaicas, promovendo novas
relações como meio de libertação. Estas duas mulheres exercendo a liderança nesta comunidade comprometem-
se com a vida em todas as dimensões. É possível aprendermos, com esta comunidade, a tecermos novas formas
de relações, onde a igualdade na diversidade seja um meio de construirmos o Reino de Deus aqui e agora entre
nós.
Palavras chaves: Relações de igualdade. Discipulado de Mulheres. Processo de fé. Humanização. Comunidades
do Discípulo Amado. Reino de Deus. Vida. Libertação.

1 Movimento das primeiras comunidades cristãs

Com a morte de Jesus de Nazaré nos anos 30, seus discípulos e discípulas fazem a experiência
que Jesus está vivo. Os evangelhos são unânimes a afirmarem que o Ressuscitado apareceu
primeiramente a Maria Madalena e a outras mulheres, ordenando-lhes que anunciassem aos
discípulos/as que Ele estava vivo. O grupo volta para a sua realidade cotidiana da Galileia (cf. Mt 28,
7-16) e Jerusalém (cf. Lc 24,33), com a experiência do Crucificado/Ressuscitado. Durante a sua vida
pública, muitas pessoas o seguiam. O grupo dos discípulos/as se espalhou por todas as redondezas,
transmitindo oralmente os fatos, os acontecimentos e as palavras, ou seja, a “Boa Notícia” trazida por
Jesus de Nazaré. Muitas pessoas vão se identificando com o seu modo de vida, através de seus atos e
ensinamentos. Principalmente, os pobres excluídos da sociedade judaica e demais regiões, entre eles as
mulheres. As comunidades vão se multiplicando em torno do Ressuscitado, dando continuidade ao
movimento de Jesus, iniciado quando ele ainda estava vivo. Um dos escritos que narram a vida e
missão de Jesus é o Evangelho de João, conhecido também como o Evangelho do “Discípulo Amado”,
ou o Quarto Evangelho. Este foi um dos últimos a ser escrito, sua redação final foi feita,
provavelmente, por volta do ano 90 a 100 d. C, (MESTERS, OROFINO e LOPES, 2000, p. 9-10).
Do evento, Morte e Ressurreição de Jesus, nos anos 30 até os anos 100, houve profundas
mudanças na Palestina, terra onde Jesus viveu. Impactos, rupturas, violentas guerras, massacres e
torturas. Muitos outros fatos foram acontecendo e influenciando a vida e o jeito das pessoas viverem e
se relacionarem a nível social e religioso. As testemunhas e seguidoras de Jesus de Nazaré foram se
multiplicando, difundindo outro modo de convivência e de pensamento dentro da sociedade judaica.
As testemunhas oculares que conviveram com Jesus, foram sendo martirizadas e o anúncio que era
transmitido por eles mesmos foi ganhando um novo rumo, uma nova identidade, devido às novas
lideranças que aderiram ao movimento de Jesus no período pós-apostólico. A pregação sobre Jesus de
Nazaré feita pelas novas lideranças foi ganhando novos “enfeites”, novas “molduras”, tornando-o um
homem “extraordinário”.
Nos anos 40 d.C, houve grandes avanços nas comunidades apostólicas. As pessoas que
professam a fé em Jesus já não são somente de origens judaizantes; outras culturas vão aderindo ao
movimento de Jesus, conhecido primeiramente como o “Caminho”. Somente em Antioquia é que,
pela primeira vez, são chamados de “cristãos” (cf. At 12, 26). As práticas, os costumes, as histórias, os
ditos já não são as mesmas nas comunidades cristãs. A inserção destes novos membros vai
desestabilizando as práticas judaicas dos membros das comunidades. As tensões vão aumentando entre
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Irmã Maria José Lisboa Lopes é juniorista das Irmã da Divina Providência. O texto apresentado faz parte do
trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Teologia pela ESTEF, uma abordagem bíblico-teológica das
comunidades do Discípulo Amado, ou o Quarto Evangelho.
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os seguidores e seguidoras de Jesus, chegando até mesmo a provocar uma Assembleia em Jerusalém
para resolver questões pertinentes sobre as práticas culturais entre judeus e pagãos, bem como, seus
costumes e tradições, o rigorismo da Lei e também questões relacionadas aos pobres (cf. At 15).
Pelos anos 60 d.C, inicia a revolução entre os judeus da Palestina contra o Império Romano.
Vai ser uma guerra intensa e devastadora, finalizando com a destruição do Templo de Jerusalém. Os
romanos destroem o principal centro religioso, cultural e ideológico dos judeus. Esta guerra traz
grandes influências, provocando uma crise religiosa dentro do judaísmo, atingindo também as
comunidades cristãs deste primeiro século. Começa então, a perseguição do Império Romano contra
os seguidores/as de Jesus. As comunidades cristãs buscam maior organização e unificação para
sobreviverem em meio às perseguições. Os conflitos aumentaram a partir dos anos 70 e, aos poucos,
vai se dando a separação entre judeus e cristãos, acontecendo ao mesmo tempo a ruptura dos costumes
e práticas judaicas, a ponto de serem expulsos das sinagogas, (cf. Jo 9, 20-22. 34). Todos estes fatos
influenciaram na vivência, na organização e no desenvolvimento das primeiras comunidades cristãs
(MESTERS, OROFINO e LOPES, 2000, p. 10).
É em meio ao contexto de perseguição, que os primeiros escritos do Novo Testamento vão
sendo redigidos, inclusive, o Quarto Evangelho. O movimento dos primeiros cristãos se organiza em
torno de referências seguras. Veremos agora, com mais singularidade, as comunidades que se reúnem
em torno de um “Discípulo Amado”.

1.1 O Discípulo Amado

Não é novidade falar de um discípulo anônimo. Na Bíblia encontramos muitas vezes


personagens anônimos/as. Por trás de cada personagem anônimo se cria uma suspeita, devido ao
silêncio que permanece na ausência do nome. Quando se refere a um discípulo anônimo, podemos
perguntar pela discípula anônima também, principalmente falando da comunidade do Discípulo
Amado que se caracteriza de modo particular pela presença significativa de mulheres. E, bem mais,
quando sai da boca de uma mulher, Marta de Betânia, uma profissão de fé cristológica que está no
centro do Quarto Evangelho (cf. Jo 11, 27).
Por duas vezes é feita alusão a um discípulo que não tem nome, aparecendo nas entrelinhas
junto a outro discípulo que tem nome, com André, em Jo 1,35, e com Simão Pedro, em Jo 18,15. Por
diversas vezes a comunidade se refere ao Discípulo Amado: na última ceia (Jo 13,23-26); ao pé da
cruz junto com outras mulheres (Jo 19,26-27); no relato da ressurreição feita por Maria Madalena,
quando o Discípulo Amado corre ao sepulcro ( cf. Jo 20, 2-10); junto ao mar, quando ele reconhece o
ressuscitado (Jo 21,7.20-24); quando Pedro interroga Jesus sobre a sorte do Discípulo Amado (Jo
21,20-23); e diante da prisão de Jesus enquanto Simão Pedro fica diante da porta do Palácio dos
Sumos Sacerdotes, (Jo 18, 15-16), (BROWN, 2003, p. 860).
Além de discípulo, aparece uma “família”/comunidade, destacada como aquela que Jesus
amava, que é a Comunidade de Betânia, quando o texto apresenta: “Ora, Jesus amava Marta e sua irmã
e Lázaro” (Jo 11, 5,36). Estas são pessoas amigas que Jesus amava e visitava seguidamente.
Falar do Discípulo Amado como se fosse João, é uma afirmação muito pertinente. Percebendo
a figura de João que as comunidades dos evangelhos sinóticos apresentam, é de alguém que tem um
caráter autoritário, ambicioso e ‘com temperamento explosivo’. Em certo momento do seguimento a
Jesus, ele provoca-O para descer fogo do céu e exterminar a aldeia dos samaritanos, quando estes não
o recebem durante a viagem para Jerusalém (cf. Lc 9, 54). Em Mc 10, 35-37, João aparece querendo
ocupar junto com seu irmão Tiago os primeiros lugares no Reino fundado por Jesus. Ele tem
característica exclusivista, chegando até mesmo a proibir alguém de curar um doente em nome de
Jesus, só porque não fazia parte do grupo dos discípulos (Mc 9, 38). Já nos relatos do Quarto
Evangelho, o “Discípulo Amado” é apresentado como figura idealizada, modelo de discipulado que
vive a prática do Amor maior (WEILER, 2008, p. 23).

1.1.1 Grupos integrantes da comunidade do Discípulo Amado

Segundo o quadro apresentado por R. Brown (1999, p. 174-175), podemos considerar o


seguinte: havia judeus esperançosos pela restauração de Israel, semelhante aos seguidores de João
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Batista. Alimentavam a esperança num Messias davídico que tinha a missão perpassada por milagres.
No meio deste grupo, havia um que se destacava como o Discípulo Amado (Jo 1,35-39).
Os dois discípulos de João Batista, quando encontram Jesus, deixam tudo e permanecem com
Ele (Jo 1, 35-39). Estes dois discípulos representam um grupo dos que não admitem a sujeição do
Templo com suas lideranças civis e religiosas, e são suspeitadas pelas autoridades judaicas. Eles
somam forças com alguns galileus que também são pessoas humilhadas e marginalizadas por parte dos
judeus (Jo 1, 43-45). Estes grupos são marcados pela exclusão social e religiosa, se caracterizam pela
expectativa num Messias “Filho de Deus e Rei de Israel” (Jo 1, 45.49).
Outro grupo que se une em torno do Discípulo Amado são os samaritanos considerados
impuros. A comunidade faz questão de dizer que Jesus passou pela Samaria e lá permaneceu dois dias
(Jo 4, 35-42). Ao passar pela Samaria, Jesus rompe com o “protocolo” dos judeus e até conversa com
uma mulher à beira do poço, lugar do encontro, das informações e de experiências humanas como
meio de experienciar Deus. Deste encontro surge outra comunidade, pelo anúncio que a mulher faz de
Jesus em seu povoado. Mesmo que a Samaria fosse evangelizada pelas filhas de Felipe (cf. At 6,5;8,
4-25). Os samaritanos fazem a experiência libertadora de Jesus, não só pelo fato da mulher lhes
anunciar, mas porque eles mesmos o veem e acreditam na Boa Nova trazida por Jesus e o acolhe como
o Salvador do mundo. Bem mais adiante helenistas gregos integram a comunidade do Discípulo
Amado. São pessoas de origem judaica, que não observam a Lei oficial do Templo, (Jo 7, 35; 12,20-
22), (BONH GASS, 2005, p. 46-47).
Outras pessoas que vão fazer parte da comunidade do Discípulo Amado são os judeus
expulsos das sinagogas. Este é um grupo de “rebeldes” que não admite as normas e as regras impostas
pelas autoridades judaicas e são expulsos do seu povo aderindo à proposta de Jesus de Nazaré (cf. Jo
9), (BROWN, 1999, p. 176).

1.1.2 Características das comunidades do Discípulo Amado

Olhando para as origens das comunidades do Discípulo Amado, encontraremos algumas


características peculiares. Podemos caracterizá-las assim:
- Comunidades com Identidade de periferia, pessoas sem poder econômico, marginalizadas e
excluídas da sociedade;
- Comunidades constituídas por vários grupos de culturas e localidades diferentes, onde o poder era
exercido como serviço, sem hierarquização, composto também por lideranças femininas fazendo
parte da diaconia e se organizavam sob a liderança do Discípulo Amado, mantendo a dinâmica da
circularidade;
- Grupo de resistência da perseguição judaica e romana, sendo comunidades minoritárias.

São comunidades formadas por pessoas pobres e excluídas da sociedade, inclusive as mulheres. Os
grupos que aderem ao modelo de vida proposto por Jesus são pessoas sem nenhum reconhecimento
público, pessoas que viviam à margem da sociedade.
Em Jo 11, aparece a pequena comunidade de Betânia, Lázaro, Marta e Maria. Betânia significa
“casa dos pobres”. Nesta comunidade um amigo chega a morrer e Jesus chora sua morte. Betânia
como casa do pobre é sinal de que é o lugar da acolhida, do conforto onde os pobres se sentem em
casa. Betânia representa uma comunidade que crê em Jesus, diferente da reação dos parentes de Jesus
em (Jo 7,3-5) que não creem. Com a morte de Lázaro, Jesus vai provocar um grande sinal que também
causa conflito entre os sumos sacerdotes. Para eles o povo que não conhece a lei é descriminado,
impuro e maldito. Segundo a comunidade do Discípulo Amado, estes vão ser a porção social dos que
crêem em Jesus de Nazaré (RICHARD, 1994, p.9). O Quarto Evangelho apresenta um cuidado
especial com os pobres, principalmente na partilha dos bens e a responsabilidade comunitária, com a
prática da esmola e da caridade, baseada no amor fraterno, tanto fora quanto dentro da comunidade (Jo
13, 34).
Outro aspecto que determina a diferença destas comunidades das outras, é a presença e
participação das mulheres. É surpreendente o quanto as mulheres estão presentes, exercendo funções
que somente os homens exerciam nas outras comunidades. O discipulado vai delineando a vida e
organização interna destas comunidades. As comunidades do Discípulo Amado se caracterizam por
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incluir homens e mulheres. É próprio de este Evangelho iniciar e concluir a vida pública dos sinais de
Jesus com a presença de mulheres. A Boa Nova trazida por Jesus vai acontecer com uma “Mulher”
que antecipa a hora, introduzindo-o em seu ministério (Jo 2, 1-12). Ela também estava presente do
início até o final do seu ministério, junto com outras mulheres, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas e
Maria Madalena. Estas mulheres acompanham Jesus até os últimos momentos, no entregar o Espírito
na cruz (Jo 19, 25-27). Conclui a narrativa dos sinais com a presença de Maria de Betânia que
derrama o perfume em abundância, conforme veremos mais adiante (FIORENZA, 1992, p. 373).
Uma mulher da Samaria vai ser a protagonista de seu povo, anunciando o seu encontro com
Jesus e convocando-os a irem ao encontro dele, sendo assim a missionária do seu próprio povo,
possibilitando a conversão e a participação dos samaritanos na comunidade do Discípulo Amado (Jo
4,39). Ela, sendo mulher pagã, reconhece e declara que Jesus é o Messias esperado, o Salvador do
mundo (Jo 4,25-30). O seu testemunho motiva os samaritanos a aderirem e a fazerem também a
experiência de fé em Jesus de Nazaré, em “Espírito e em Verdade”. Aparece Maria de Betânia
quebrando o “protocolo” da comunidade, ungindo Jesus com perfume. Este gesto, Ele próprio vai
fazer mais tarde nos seus discípulos/as antes de partir, com a cena do lavar os pés (Jo 13,1-17). Maria
de Betânia introduz com este gesto a atenção ao serviço e igualdade nas relações e a práxis do
discipulado.
No centro deste Evangelho está a confissão de fé de Marta (Jo 11, 27). Nos sinóticos, é Pedro
que faz a afirmação da fé em Jesus e assume a liderança da comunidade, “quando recebe as chaves do
reino dos céus”, (Mt 16,16). Na comunidade do Discípulo Amado são as mulheres que assumem o
serviço, a liderança, no fato de ser pronunciado pelos lábios de uma mulher “Senhor eu creio que tu és
o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo” (BROWN, 1999, p. 201 ss). Este autor, relatando sobre
as mulheres neste evangelho, diz o seguinte: “A importância das mulheres na comunidade joanina
aparece, não só comparando-as com figuras masculinas da tradição dos sinóticos, mas também
ocupando o seu lugar dentro dos padrões peculiares joaninos” (1999, p. 202).
Maria Madalena é a mulher da busca insaciável que persiste apesar da dor, busca-O com
grande esperança e O encontra. É ela que primeiramente faz a experiência do ressuscitado,
descobrindo o túmulo vazio, quando, às escondidas na madrugada, vai ao encontro do túmulo e o
encontra aberto e sem nada. Jesus envia esta mulher ao grupo dos discípulos e discípulas para
anunciar-lhes a novidade da Ressurreição (Jo 20,11-18). Ela se torna a apóstola dos apóstolos. Ela é
enviada ao grupo e lá proclama abertamente “Eu vi o Senhor” e conta tudo o que ele lhe disse (Jo 20,
18). Maria Madalena aparece 14 vezes nos relatos dos evangelhos. Se ela aparece tantas vezes, sem
dúvida nenhuma, ela era uma mulher de grande importância e de destaque nas comunidades cristãs e
também na comunidade do Discípulo Amado. No fato de ser uma mulher a primeira testemunha da
Ressurreição de Jesus, isto tem muito a dizer, já que a fé na ressurreição é o centro do cristianismo
(BONH GASS, 2005, p. 44) e (ESTEVEZ, 1994, p. 66-71).

No relato sobre o Quarto Evangelho, Elizabeth Fiorenza destaca Maria Madalena como uma
mulher incansável que busca o Senhor na escuridão da madrugada, movida pela esperança de um
“novo alvorecer”:

Maria Madalena reconhece o Jesus ressuscitado como “mestre”. Como o


discípulo fiel que busca o Senhor-Sofia. Maria Madalena torna-se a primeira
testemunha apostólica da ressurreição. Como Maria de Nazaré, e a mulher
samaritana anônima, Marta e Maria de Betânia (e talvez a adúltera anônima
que não foi julgada, mas salva por Jesus), ela pertence aos discípulos que
Jesus chama de “seus”. Assim para o evangelista, que pode ter sido uma
mulher, essas cinco discípulas mulheres são paradigmas do discipulado
apostólico das mulheres, assim como também de sua liderança nas
comunidades joaninas (FIORENZA, 2002, p. 381).

Elza Tamez diz que a mulher adúltera, mesmo que seja colocada ali por mãos posteriores, com
o seu silêncio, denuncia os escribas e fariseus que pretendiam denunciá-la. A mulher no final se põe
em pé na frente de Jesus, enquanto que os homens se retiram envergonhados (cf.Jo 8, 1-11), (TAMEZ,
1996, p. 29-30).
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Percebemos que tanto os pobres, quanto as mulheres deste contexto e também pessoas
estrangeiras fazem parte das características das comunidades do Discípulo Amado. Ao mesmo tempo,
isto implica em um desenvolvimento harmonioso, causando conflitos tanto interno quanto externo.

As comunidades não estavam isentas de passar por situações de conflitos. A cada novo
membro, como já o vimos, despertava algo que desestabilizava o grupo. Não somente conflitos
internos, mas muitos outros externos como veremos agora.
Para seguir Jesus, a comunidade precisava adotar uma fé radical. Este vai ser um aspecto conflituoso
na comunidade. Havia conflitos internos e externos.
Conflitos internos: Muitas pessoas das comunidades não eram fervorosas no anúncio e na
prática dos ensinamentos de Jesus. Quando eram exigidas firmeza e autenticidade, muitos chegaram a
desistir (Jo 6, 60-66). O mesmo acontecia entre os irmãos de Jesus que não creram nele, dificultando a
adesão da comunidade ao seu projeto (Jo 7,5-13). A comunidade do Discípulo Amado insiste na
unidade, de permanecerem “unidos na videira”, (cf. Jo 15). Esta advertência é sinal que a comunidade
estava dividida entre si. Havia pessoas no grupo que não publicavam abertamente a fé em Jesus, por
medo das autoridades das sinagogas, como é o caso de José de Arimateia que o seguia às escondidas.
Da mesma forma Nicodemos não publicava a fé em Jesus abertamente por medo de ser censurado pelo
seu próprio grupo (Jo 3,1-21).
Conflitos externos: Depois da morte de João Batista, seu movimento continuou em muitos
lugares (At 18, 25; 19,1-7). Neste evangelho transparece uma disputa entre seus seguidores e os
seguidores de Jesus. A comunidade do Discípulo Amado apresenta João Batista sem muitos
privilégios. Ele não é a luz, mas somente testemunha da luz (Jo 1,7-8). Ele não é o Messias, nem o
profeta e Messias esperado (Jo 1,19-23). Ele deve diminuir (Jo 3,30). Em Jo 3, 22-26, os discípulos de
João Batista entram em conflito com os discípulos de Jesus quando veem que eles atraem mais pessoas
para o batismo e seu grupo vai crescendo. Há uma disputa quase que exagerada para atrair mais
pessoas à suas comunidades.

1.1.3 Conflitos com a Igreja Apostólica

A Igreja Apostólica no final do primeiro século estava na liderança de Pedro. A comunidade


do Discípulo Amado critica e polemiza esse modelo. Logo de início, a comunidade não prioriza Pedro.
Percebe-se que ele não é chamado de imediato por Jesus. Somente no final do Evangelho, no
acréscimo ou apêndice (cf. Jo 21,19) depois que Pedro é interrogado três vezes se ele o amava. Depois
que ele é testado sobre a prática do amar, Jesus o convida a segui-lo. A comunidade coloca como
critério de seguimento o amor radical e inclusivo, sem autoritarismo, nem domínio. Vemos ainda que
quando Pedro vê que o poder é serviço e o próprio Jesus o convida a exercê-lo, sua reação é contrária
(cf. Jo 13,8). A comunidade tira a proximidade de Pedro e coloca o Discípulo Amado ao lado de Jesus,
colocando a cabeça no seu ombro. É através deste discípulo que Pedro tem acesso a Jesus. A
comunidade percebe que Pedro tem dificuldade de aceitar que o Messias tenha que passar pela cruz,
tenta impedir cortando a orelha do soldado (Jo 18, 10-11). No julgamento de Jesus, Pedro nega ser seu
discípulo (Jo 18,15-16,17-27). Na cruz somente as mulheres e o Discípulo Amado estavam presentes.
Pedro não estava lá. Em uma das aparições de Jesus é o Discípulo Amado que o reconhece e avisa a
Pedro (21,1-17), (BONH GASS, 2005, p. 50).
Nestas citações percebe-se o aprendizado contínuo de Pedro e o processo que ele faz para
entrar na dinâmica da comunidade do Discípulo Amado. Se não aceitar a dinâmica do amor e o
discipulado igualitário como caminho de seguimento, não faz parte desta comunidade (MATEOS e
BARRETO,1989, p. 563).

1.2 Ambiente, linguagem, formação e redação do Evangelho

O Quarto Evangelho não surgiu logo nos primeiros anos após a morte e ressurreição de Jesus.
Foi sendo construído aos poucos, como a maioria dos Livros da Bíblia. Não temos exatamente uma
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data de início e fim. Como muito dos Livros Sagrados, não se sabe exatamente quem os escreveu, nem
o lugar, nem a origem.
É certo que por trás de qualquer livro da Bíblia, existe uma comunidade dinamizadora que
gera a vida e a faz entrar em movimento com todos os seus acontecimentos e experiências. As
lembranças dos fatos, as palavras e os gestos ficam na memória e estes vão sendo contados de geração
em geração até se tornar história escrita. A convivência com Jesus de Nazaré é o ponto auge da
narrativa entre os seus seguidores/as. Desde a Palestina, as pessoas das comunidades vão resgatando
fragmentos narrados das palavras e gestos de Jesus, fruto da experiência de fé vivida nas pequenas
comunidades. Estas experiências vão dando origem aos primeiros rascunhos escritos do Quarto
Evangelho, que vai ser concluído provavelmente no final do primeiro século (WEILER, 2000, p. 105).
No final do Evangelho, encontramos a seguinte frase: “Este é o discípulo que dá testemunho
destas coisas e foi quem escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro” (cf. Jo 21, 24). A
autoria deste Evangelho é atribuída a um discípulo anônimo, conhecido como o discípulo que Jesus
amava. Milton Schwantes, em uma de suas entrevistas a Elza Tamez, diz o seguinte:
Podemos perguntar se o evangelho de João é um evangelho escrito por
homens ou um evangelho escrito por mulheres. E quando falo em escrito não
me refiro apenas à questão técnica de escrever, mas à questão intelectual;
porque no mundo antigo a escritura não é idêntica à inteligência. Para nós é
idêntica, mas no mundo antigo não é assim; no mundo antigo a inteligência
não depende da escritura: Sócrates era muito inteligente, mas não escreveu
nada; Jesus era um intelectual deste mundo tributário, mas nada escreveu. Ou
seja, a inteligência criativa não é necessariamente idêntica ao fato de escrever
{...} Eu creio que há muitos textos na Bíblia que vêm do interesse e da
cultura da mulher (WEILER, 2008, p. 23).

Isto nos faz valorizar e explorar mais a figura histórica que está por trás da expressão
“Discípulo Amado”, que de certo modo tem muito a dizer para as comunidades dos nossos tempos.
Desta forma, podemos suspeitar se realmente foi uma pessoa individual que escreveu este Evangelho,
ou se foi uma construção coletiva das comunidades do Discípulo Amado.
A pregação oral sobre Jesus se estendeu por Jerusalém, Galileia, Samaria, pelos círculos
batistas e também pela diáspora, logo depois da ressurreição de Jesus. Sobre o processo redacional,
Konings diz que houve várias etapas de construção:
Antes da destruição do templo nos anos 70 d.C, pode ter sido feita uma
primeira redação escrita dessa pregação, que além do anúncio de Jesus
Ressuscitado como Messias e Senhor, continha elementos de iniciação cristã
e de explicação das Escrituras para os membros já iniciados. Este Evangelho
já tinha as feições específicas que o tornam diferente dos demais: os “sinais”,
o simbolismo, a cristologia da cruz e da glória, a escatologia “inaugurada”
(2000, p. 35).

Depois dos anos 70, o judaísmo se reconstrói novamente. E por volta de 80 a 100 d.C, dá-se a
composição final deste Evangelho conforme temos até hoje. São relatos resgatados pelas comunidades
e vai passando por alguns complementos como Jo 3,16-21.31-36; 6,51-58; 12,37-50; 15-16 e 17 junto
com o prólogo. Este autor diz que durante a circulação destes escritos nas comunidades, o capítulo 21
sofreu algumas reformulações. Há também um acréscimo bem mais posterior que é a perícope da
mulher adúltera (Jo 7,52-8,1). Este acréscimo é bem provável que tenha sido inserido no século IV
d.C.

1.3 Estrutura do Quarto Evangelho

Para compreendermos melhor as tentativas por um discipulado igualitário nestas comunidades,


achamos viável, apresentar a estrutura e organização deste Evangelho.
Compreendemos o Quarto Evangelho dentro de dois blocos. Primeiramente a comunidade
apresenta a vida pública de Jesus dentro de um ciclo de sinais que iniciam no 1,19-12,50,
compreendido como o livro dos sinais. Os sinais são apresentados pela comunidade do Discípulo
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Amado para que a comunidade creia que ‘Jesus é o Filho de Deus’ (Jo 11,42; 14,23). Estes sinais
perpassam a linguagem teológica, baseada na tradição judaica do Antigo Testamento. Os sinais são
realizados todos fora dos padrões do Templo, sendo perpassados pela dinâmica do VER-CRER e
ANUNCIAR.
Seguindo o pensamento de Konings, ele apresenta duas linhas: uma como estrutura de tempo
e a outra como linha temática. Seguindo a ideia de tempo, temos uma semana que vai ser inaugural.
Seguido da sequência das festas judaicas, eventos frequentados por Jesus, que culminam com a
semana final, Jesus em Jerusalém.
A linha temática pode-se organizá-la com o ciclo dos sinais realizados por Jesus. Jesus entra
em cena, inaugurando o cenário de sua missão que acontece em uma festa de casamento em Jo 2, 1-
12, sua mãe rompe as estrutura dos costumes judaicos, e observa a carência da festa, (cf. Jo 2,1-12),
(KONINGS, 2000, p. 94ss).
Vamos perceber os vários cenários em que Jesus vai desenvolver sua missão. É um “entra e
sai” contínuo. Depois deste primeiro momento, realização do sinal, Jesus sai do cenário da festa em
Caná e se dirige para a festa tradicional da páscoa, em Jerusalém (Jo 2, 13ss). Os cenários são
múltiplos, dentro e fora de Jerusalém até o segundo sinal que novamente vai ser em Caná da Galileia,
onde Jesus vai curar o filho do funcionário real. (Percebe-se que até as pessoas contrárias a Jesus são
beneficiadas e acreditam nele). Jesus segue para Jerusalém, entra no Templo e se dirige ao lugar dos
pobres (piscina de Siloé) e vê o paralítico que há 38 anos está mendigando por libertação. Este gesto
vai ser o terceiro sinal, cura de um enfermo pobre (Jo 5, 1-18). (Sinal teológico lembrando os 38
anos do povo de Israel no deserto em busca da terra prometida). Jesus sai de Jerusalém entra
novamente na Galileia, onde possibilita pão em abundância para a multidão faminta que o procura
(6,1-15). (Este sinal lembra o povo no deserto que não podia acumular o pão). Outro sinal que
lembra a caminhada do povo rumo à “Terra Prometida” é o caminhar de Jesus sobre as águas do mar
da Galileia (Jo 6, 16-21).
Outra vez em Jerusalém por ocasião da festa das Tendas, Jesus se encontra com um cego de
nascença (Jo 9, 1-41). Este sexto sinal causa polêmica entre o chefe dos sacerdotes. Aqui há um
paralelo entre cegueira x luz/visão, reforça os conflitos entre o movimento de Jesus e os judeus a tal
ponto de serem expulsos da Sinagoga (KONINGS, 2000, p. 95). O ciclo dos sinais culmina com o
grande sinal, morte x vida. O sinal da ressurreição de Lázaro, que leva Marta a proclamar a fé em
Jesus, como representante da comunidade do Discípulo Amado (Jo 11, 1-45).

Este é o ultimo e definitivo confronto de Jesus com a morte. Este ciclo pode
intitular o “êxodo do Messias”, pois Jesus, rechaçado pela instituição judaica,
dela prescinde para dedicar-se à libertação do povo, oferecendo-lhe
alternativa fora da instituição {...}. Com este ciclo termina também o seu
êxodo definitivo ao Pai (cf. Jo 13-17), (MATEOS e BARRETO,1989, p. 24).

Seguido deste sinal, há uma transição em Jo 11,55-12, 50, com a iniciativa de Maria de Betânia com a
unção, gesto de profundo amor e reconhecimento pelo Messias Filho de Deus que vai ser morto.
O segundo ciclo do Evangelho vai ser o da paixão e exaltação (Livro da Exaltação) que se
estende de Jo 13,1-20,30 e entre estes, os capítulos 13-17 se destacam como o ‘Livro da
Comunidade’(WEILER, 1992, p. 162).
Para Mateos e Barreto, Jo 20,1-29, com a narrativa do primeiro dia da semana vai ter o
coroamento com a Ressurreição que acontecerá no sexto dia, dia de sua morte, que é a conclusão da
sua obra criadora e o surgimento da comunidade através do Paráclito (Jo 20,19-22).
Em três momentos, no decorrer dos dois blocos, aparecem cenas de estilo nupcial, Jo 2,1 em
Caná, as bodas da antiga aliança; em Jo 12,1, Maria de Betânia antecipa a figura da comunidade-
esposa que, com o perfume, concretiza seu amor a Jesus; Maria Madalena, figura representativa da
comunidade, como esposa que encontra o esposo no horto/jardim, dor e alegria (Jo 20,11-18).
Para Konings, Jo 21, é um acréscimo posterior, como um apêndice para destacar a figura de
Pedro como representante da Igreja de Jerusalém. Pedro aparece no final da cena como alguém que foi
colocado lá com um intuito eclesial, somente para não ficar sem prestígio ou reconhecimento no
cenário. Percebe-se que o convite a Pedro “pastorear o seu rebanho” é semelhante aos sinóticos que
13

destacam a figura de Pedro como o escolhido entre os doze para representar, chefiar a igreja, (cf. Lc
5,8; Mt 16,16b-19; Mt 14,28-33), (KONINGS, 2000, p. 421).
O Prólogo é um acréscimo posterior, diferente de todo o corpo do Evangelho. Tem forma
literária de hino, semelhante às cartas denominadas de Paulo (Ef 1,3-10; Cl 1,12-20); também tem
semelhança com o prólogo de 1Jo 1,1-4. Sua forma literária nos remete aos antigos hinos cristãos (Fl
2,5-11). É tido como um hino de abertura para entrar na casa do Evangelho. É o cartaz de boas vindas
aos visitantes (KONINGS, 2000, p. 82).

1.4 Comunidade de amigos e amigas

Como consideramos na primeira parte, a comunidade do Discípulo Amado, não se caracteriza


como comunidade de lideranças hierárquicas. Tem como fio principal a dinâmica do discipulado
dialógico, constituindo assim, uma comunidade de amigos e amigas. “Já não vos chamo servos,
porque o servo não sabe o que o seu Senhor faz; eu vos chamo de amigos” (cf. Jo 15, 15).
O movimento provocado por Jesus de Nazaré no seio do judaísmo, possibilita novas práticas
nas relações dentro e fora da comunidade. Aproximando-nos desta pequena comunidade,
descobriremos nela as práticas do cotidiano, as emoções, as experiências, os gestos, os símbolos, os
compromissos e as palavras que circulavam entre os amigos e amigas desta comunidade.
As relações de igualdade e o discipulado mútuo são exigências principais do seguimento de
Jesus nas comunidades do Discípulo Amado. Já percebemos que as mulheres são participantes ativas
nestas comunidades. Veremos agora como este Evangelho apresenta a pequena família/comunidade de
Betânia.
Betânia, pequena aldeia próxima de Jerusalém (cf.Jo 11,18). Aldeia de Marta, Maria e de seu
irmão Lázaro. Jesus era amigo de Marta, de sua irmã e de Lázaro (v. 5). Uma família/comunidade
visitada por Jesus (TEPEDINO, 1990, p. 118). Amigos e amigas sempre se visitam. Os costumes das
amigas e amigos se visitarem no tempo de Jesus, também são costumes dos nossos dias. Várias
passagens dos evangelhos afirmam que Ele se retirava para algum lugar, e desta vez foi para Betânia e
lá permaneceu com suas amigas/o.
A ressurreição de lázaro é uma narrativa única e contínua, precedida por diálogo, ação e
movimento. Vários personagens fazem parte da narrativa, mas são poucos os que entram em
movimento ganhando destaque principal, Jesus, Marta, Maria e Tomé que é um personagem que
aparece somente uma vez. Destes quatro, quem faz a interação é Marta, ela aparece durante todo o
texto. É uma das narrativas mais longas do Quarto Evangelho fazendo parte do livro dos sinais,
precedido por um discurso de Jesus que se apresenta como o bom Pastor que dá a vida por suas
ovelhas. Em seguida vem o relato da festa da Dedicação em Jerusalém, ocasião da autoapresentação
de Jesus como Filho de Deus, provocando suspeita entre os judeus. Esta história é narrada com
minúsculos detalhes entre os interlocutores, entre os quais, dois diálogos aparecem com mais
expressividade. São os vv. 7-16 e 21-27, com conteúdos teológicos bem específicos e importantes
(DODD, 2003, p. 441s)
Esta perícope é destaque somente deste Evangelho, não faz parte da tradição dos sinóticos,
embora haja outras cenas de reanimação em Mc 5,21-44; em Lc 7, 11-17, porém com estágios
diferentes. Aqui, Lázaro já está em estado de decomposição com “mau cheiro”, já há “quatro dias”
estava no túmulo. O personagem Lázaro, a comunidade lucana vai destacar uma vez em 16,19-31,
quando aparece no colo de Abraão depois de morrer gravemente ferido. O Quarto Evangelho é
caracterizado pelos sinais, diferente dos sinóticos que falam de milagres. Esta é uma literatura
cristológica (KONINGS, 2000, p. 249, e BROWN, 1999, p. 45).
O sétimo sinal vai colocar a comunidade em um drama de vida e morte. A vida é dada por
Jesus para aqueles/as que creem e optam por ela. Os que não aceitam, tramam a morte de Jesus,
porque não acreditaram na luz. A comunidade de Betânia faz a experiência de caminhar na escuridão
da morte, pela ausência de Jesus. Mas logo o procuraram e decidiram pela mudança radical,
abandonando a mentalidade judaica e suas tradições (MATEOS e BARRETO, 1989, p. 198).
A dinâmica da vida provocada pela iniciativa das mulheres e pela presença libertadora de Jesus
leva-as a uma passagem do mau cheiro ao bom cheiro. A comunidade que antes estava “enlutada”,
14

agora celebra a vitória na casa do “pobre”, desta vez Jesus está presente nesta comunidade para a
refeição.

1.5 Comunidade solidária

A transição da primeira parte do Quarto Evangelho, conhecida como livro dos sinais (Jo 1, 19-
12,50), para a segunda parte que é o livro da comunidade (Jo 13-17), segue com uma narrativa
dialógica com destaque à pequena comunidade de Betânia que celebra a vida. A comunidade oferece
um banquete para Jesus, depois da ressurreição de Lázaro. Esta perícope tem como destaque a unção
que Maria faz aos pés de Jesus, preparando-o para a sepultura, como ele próprio diz. Betânia que
significa: casa do pobre, lugar que antes era, do encontro, do descanso e aconchego, lugar da
comunidade revitalizada, onde Jesus periodicamente se retirava para descansar e revigorar-se,
juntamente com os seus. Desta vez, ele vai por iniciativa própria e participa do banquete com a
comunidade de Betânia, na companhia de Lázaro ressuscitado, de Marta e Maria com alguns dos seus
discípulos/as.
Marta, que significa a senhora, a diaconisa, continua desempenhando a função de servidora e
de organizadora, enquanto que os convivas participam da mesa. Lembrando que o sentar à mesa é
somente para os amigos mais íntimos. Durante a conversa de mesa, Maria o surpreende. Entra com
um vidro de perfume muito caro e lava os pés de Jesus, enxugando-os com os próprios cabelos
(KONINGS, 2000, p. 265ss).

Na comunidade do Discípulo Amado, a solidariedade com os pobres está colocada como


centro, como meio para compreender a mística do amor que passa pela cruz. Jesus chama a atenção
para o fato da sua presença que não durará por muito tempo, mas que não os deixará órfãos (Jo 14,
18). A relação com Jesus consiste em permanecerem unidos a Ele (15,4-5). A relação com Jesus não é
estática, mas de movimento e compromisso relacional com as pessoas, com os pobres, dinamizada
pelo Espírito que comunica vida. Dessa forma a comunidade compreenderá que a centralidade do
seguimento é o discipulado igualitário entre as pessoas, principalmente com os excluídos/as.
A morte de Jesus o levará à vinculação efetiva com todos os marginalizados, todos os pobres
perseguidos e explorados deste mundo. Compromisso de quem faz a opção por Ele, como fez Marta,
de promover o resgate da vida que estava sendo ameaçada, através da atitude de solidariedade e
envolvimento comunitário. De igual modo fez Maria, rompendo as estruturas dos limites da “casa”,
mostrando a dimensão da gratuidade do amor que ultrapassa qualquer relação, qualquer barreira, e se
estende no além. Esta comunidade é a comunidade dos pobres, que buscam sobreviver com suas
próprias estratégias, rompendo as dinâmicas do poder centralizador e da mesquinhez (figura de Judas),
superando as condições de oprimidos.
O amor é condição de permanência de Jesus na comunidade cristã (13,34-35), a reciprocidade
do amor como fonte geradora da partilha e das relações humanizadoras e igualitárias. Onde o
compromisso com a vida já não é somente personalizado, mas comunitário. Compromissos que fazem
sair dos padrões da morte, para a dimensão da vida que é partilhada ao redor da mesa, onde não há
distinção de poderes e funções, mas é de serviço e discipulado. A força dinamizadora que se deu na
comunidade, em Betânia, com Jesus e os pobres é o ponto desencadeador da morte de Jesus, a sua
“hora” chegou para mostrar que o verdadeiro Amor é dar a vida pelos amigos (MATEOS e
BARRETO, 1989, p. 515-516).
Em Jo 11, 2 já é feita a menção a Maria como aquela que lavou os pés do Senhor. Ela aparece
mais detalhadamente em Jo 12, 1-11. Percebe-se que Marta e Maria fizeram uma passagem da casa do
mau cheiro, para a abundância do perfume, dinamizando a comunidade toda para viverem na presença
de Jesus como ressurreição e vida. Com estas protagonistas da fé, podemos aprender que sem a
experiência de Deus revelado em Jesus de Nazaré, a vivência comunitária não tem sentido, acaba sem
vínculos e sem vida.

1.6 Relações comprometidas com a vida


15

As comunidades do Discípulo Amado, em sua dinamicidade, buscam fortalecer e solidificar as


relações interpessoais, dentro da comunidade, como espaço de gestar, de cuidar e de celebrar a vida
com novas atitudes dinamizadas pela prática do amor. Em Betânia, com a morte/ressurreição de
Lázaro (cf. Jo 11,1-45), houve um processo de articulação, de diálogo, de saída, de retorno, de tirar de
desamarrar. Este processo foi feito por Marta e Maria que aos poucos foram fazendo o processo de fé
relacional com a proclamação de fé cristológica, proclamada por Marta.
As relações, quando bem articuladas, são fonte de vida e de libertação. A comunidade de
Betânia é o lugar do aprendizado, da solidariedade e da acolhida das diferenças, baseada no processo
do diálogo, da iniciativa e da convivência comunitária. Marta assume a articulação da vida como
interlocutora do próprio Mestre. Esse movimento é conduzido pela força do amor que se espalha e
não tem fronteiras. Vimos, no relato anterior, que Jesus a amava muito. A comunidade é movida pelo
intuito de firmar relações duradouras e comprometidas com a vida em todas as dimensões, de vida em
plenitude e de qualidade (cf Jo 10,10).
As irmãs de Lázaro se preocupam com a ameaça à vida em sua comunidade, por isso avisam a
Jesus. A qualidade de vida está fragilizada, devido aos enfretamentos externos e internos a ela
inerentes. O enfrentamento com o modelo eclesiástico e apostólico e as novas doutrinas filosóficas,
especialmente o dualismo gnóstico não favoreciam a qualidade das relações (cf Jo 12, 4-7).
Na comunidade das amigas e amigos, a presença de Jesus vai dinamizando as relações,
colocando em “crise” a função da autoridade. Jesus mesmo diz que quem exerce esse ministério deve
estar disposta/o ao serviço como dinâmica do amor. Em nenhum momento a comunidade destaca a
autoridade dos doze, como superior a todos. Pelo contrário, o gesto do lava-pés, como crítica às
tendências manipuladoras e hierárquicas da época, revela que o amor-serviço é o que deve caracterizar
a comunidade no seguimento de Jesus.
No Quarto Evangelho, a comunidade apresenta Jesus como plenitude de vida. Por isso
todas/os devem permanecer unidas/os a Ele. A comunidade de Betânia depois do afastamento do
Mestre, fator de morte na comunidade vai descobrindo a necessidade de permanecer unida a Jesus.
Aqui está o segredo da plenitude da vida. Ele próprio se revelou a Marta como ressurreição e vida.
Não é por nada que neste Evangelho a palavra “vida” aparece 47 vezes, enquanto que em Mateus
aparece 13 vezes, em Marcos 8 vezes e em Lucas 14 vezes. O destaque da comunidade do Discípulo
Amado é a VIDA (LOPES, 1996, p. 67ss).
Outra dimensão que merece destaque é a proposta do amor que perpassa todo o Evangelho.
Estes dois aspectos: Amor e Vida são necessários para a articulação das relações em qualquer
comunidade. Se o amor falha em nossas relações comunitárias, as proclamações de fé não são
verdadeiras, não têm fundamento, porque Deus é Amor (cf 1Jo 3,7). O exemplo de Marta e de Maria
inspira e compromete nossas relações hoje. A solidariedade que as caracteriza, o cuidado com quem
estava “doente” põe em evidência a mística da comunidade. O amor aqui é manifesto em gesto de
comunhão e compromisso com quem estava “morto”. O amor leva as práticas de solidariedade, de
compaixão, de compromissos concretos.
O amor expresso por Maria, na hora da refeição é expressão magnífica de quem ama e de
quem cuida. Ao mesmo tempo, este gesto é ironizado por parte de quem não aceita a dinâmica do
amor. Esta comunidade é envolvida pela mística do cuidado. Cuidado com quem está comprometido
com a prática do amor.
A experiência de fé de Marta desperta na “casa” o movimento esperançoso de que Lázaro
mesmo morto viverá. Mesmo do caos e do pó, é possível renascerem novas possibilidades de vida,
quando há desejos comuns e iniciativas para a mudança e para a conversão. Quanto ao sinal de
Lázaro, Strathann, diz o seguinte:

Este capítulo não trata de um evento histórico a ser entendido em


sentido literal, mas sim de uma narrativa simbólica livremente
elaborada {...} que visa incentivar mais uma vez, com auxílio desse
sinal singular, a verdade da palavra de promessa dirigida a Marta, v.
27 (Strathann apud BOOR, 2002, p. 38).
16

A busca incessante de Marta para a recuperação da vida se assemelha a tantas experiências de


solidariedade que encontramos em nosso meio e por vezes não as percebemos. Mulheres e homens
resgatando “corpos mutilados” por falta de criatividade e de vitalidade comunitária.
O processo dinamizador da comunidade do Discípulo Amado é que a vida se manifestasse a
partir da fragilidade humana (cf. 1 Jo 1, 2). Esta comunidade nos ensina que um dos meios para a
vida se manifestar é acreditar na possibilidade das relações inclusivas, como força articuladora da
humanização. A busca pela inclusão e o discipulado de iguais, colocam em movimento os discípulos
e discípulas de Jesus a saírem da casa para vivenciarem a presença humanizadora e profética, como
meio de seguimento que se dá no processo do caminhar.
A dinâmica dos sinais é perpassada sempre pela iniciativa de alguém da comunidade/grupo
que busca manifestar o amor como compromisso profético de solidariedade.

1.7 Desafios e perspectivas pastorais

No desenvolvimento deste trabalho, fomos percebendo que muitas mulheres se colocaram a


caminho na busca da integração e inclusão em suas comunidades, sendo protagonistas dos processos
pessoais e comunitários, inclusive, Marta, Maria, a Samaritana e outras. Estas comunidades nos
desafiam a construirmos novas possibilidades de inclusão em nossos espaços de missão
evangelizadora, enquanto Igreja povo de Deus.
As comunidades do Discípulo Amado com sua pluralidade cultural, costumes, práticas e
compromisso com a vida, colocam-nos em movimento para uma prática coerente com a opção de
Jesus de Nazaré.
Com este estudo, percebemos que é preciso tomar firme decisão para descer da pirâmide e aderir
ao modelo circular, que possibilita a igualdade de gênero e a participação feminina nas decisões e nos
ministérios eclesiais. Estabelecer relações de igualdade através da valorização das diferenças,
desconstruindo estruturas que impedem a comunhão e a participação;
Na busca constante da construção de um discipulado mútuo e igualitário, conforme as comunidade
do Discípulo Amado, poderemos possibilitar uma convivência harmoniosa, dialogal e humanizadora,
favorecendo assim, a construção do Reino de Deus entre nós.
Assim como Marta que fez a proclamação de fé em Jesus, como Filho de Deus, também nós,
em meio a tantas ofertas “religiosas” e ideologias midiáticas, precisamos, a cada dia, reafirmar o nosso
compromisso com a opção de Jesus Cristo, na pluralidade da vida.
Fica para nós o desafio de não ficarmos paradas frente às estruturas de poder que excluem as pessoas
mais “fracas”, principalmente as mulheres. Precisamos sempre de novo criar coragem para romper
todas as formas de exclusão de gênero, de raça e etnias, que por vezes, estão bem presentes em nossos
espaços acadêmicos, pastorais, comunitários e sociais.
Podemos aprender com a comunidade de Betânia, a tecer fios de solidariedade com os rostos sofridos
e forjados pelo sistema androcêntrico e piramidal, somando forças com as iniciativas de libertação
existentes dentro de nosso contexto eclesial e social.
Estes desafios poderão ser fonte dinamizadora para um pensar articulador e comprometedor
com a prática eclesial. Cabe a nós, Igreja povo de Deus, nos articular para uma práxis coerente com a
proposta de Jesus Cristo, que rompeu as estruturas judaicas hierárquicas para favorecer a inclusão e o
discipulado das pessoas excluídas, de modo particular a inclusão das mulheres.
Oxalá nós pudéssemos aprender com as comunidades do Discípulo Amado, com Marta e com
Maria, com a anônima Samaritana, com Madalena, com a Mãe de Jesus e com tantas outras mulheres
que fizeram a experiência do Amor maior; construíram um discipulado igualitário, comprometeram-se
com o anúncio e a prática libertadora de Jesus de Nazaré.
Nestas comunidades, encontramos luzes para um discipulado igualitário e participativo, tão
necessário em nosso contexto social e eclesial, bem como em nosso fazer teológico. Quando
somarmos forças conjuntas e as pirâmides se tornarem circulares, poderemos dizer que o discipulado
mútuo e as relações de igualdade serão possíveis, e assim “Um outro Mundo será Possível”.

Principais conclusões
17

Trilhando este caminho, estamos cientes de quanto é necessário aprofundar e avançar com as
reflexões teológicas, na busca constante de novas relações de gênero. Esta é apenas uma provocação
no desejo de continuidade. Percebemos que o conteúdo não se esgota. Quanto mais fundo formos
nesta busca, mais profundidade encontraremos, podendo assim saciar a nossa sede por inclusão e
dignidade.
No decorrer do caminho, nos confrontamos com muitas pessoas viajantes e caminheiras na
construção de um discipulado igualitário e circular. Estamos cientes de que este processo é lento,
porém é necessário ‘caminhar sempre e caminhar em mutirão’. Desta forma, poderá surgir a
concretização em nossas práticas teológicas e pastorais.
Estamos envolvidas por estruturas padronizadas que precisam ser rompidas e quebradas, para
serem reconstruídas com novos alicerces. Só então, poderemos vislumbrar o novo que está nascendo,
mas que precisa de espaço para crescer e se multiplicar.
Percebemos que o momento atual requer com urgência uma mudança. Mudanças nas estruturas sociais
e eclesiais, pessoais e comunitárias. Elas poderão ser inauguradas através de novas relações. Relações
humanizadas e humanizadoras, libertadas e libertadoras entre homens e mulheres, entre classes, raças
e etnias. Esta dinâmica acontecerá quando a outra, o outro for acolhido com suasdiferenças, costumes
e práticas, sem preconceitos nem conceitos formados/ estabelecidos
Interagir com a dinâmica das relações de gênero em uma sociedade desigual é entrar em um
espaço desconfortável para muitas pessoas e esperançoso para outras/os. O ser humano, como um ser
relacional e em constantes mudanças é impulsionado pelo desejo inerente de viver com liberdade e
com qualidade de vida. A qualidade de vida se dá quando os espaços humanos são favoráveis e
humanizadores, capazes de promover novas relações com o diferente. A busca por uma vida digna tem
perpassado a história humana e ao mesmo tempo a história da salvação, como fio dinamizador de lutas
e conquistas de muitas mulheres e homens.
Vivemos em uma sociedade androcêntrica e piramidal, em que a maioria das vezes o espaço
da mulher é delimitado. Este é um problema com que nos confrontamos constantemente nos espaços
sociais e eclesiais. As estruturas que mantém a exclusão de gênero são ainda regidas pelos padrões
sexistas patriarcais. O modelo eclesial que se desenvolve mantendo estas características descaracteriza
a proposta inicial das primeiras comunidades cristãs, seguidoras de Jesus de Nazaré.
Esta simples pesquisa é fruto do desejo de conhecer as relações de igualdade nas comunidades
cristãs primitivas, de modo especial nas comunidades do Discípulo Amado, buscando formas de
visibilizar a “diaconia” das mulheres no movimento de Jesus e suas estratégias, para a quebra dos
paradigmas do sistema da época. Fruto também do desejo de vislumbrar luzes para as lutas de tantas
mulheres e homens que buscam construir novas possibilidades de inclusão de gênero, raças e etnias.
Os novos métodos bíblicos na dinâmica da suspeita possibilitam uma nova releitura da Bíblia,
encorajando-nos a investigar com segurança os movimentos das mulheres no mundo bíblico,
iluminando a realidade hoje, como Palavra de Deus.
Buscamos luzes para a missão da Igreja, povo de Deus, a construir a vivência do discipulado
igualitário, circular e humanizador. Buscaremos compreender o contexto social e religioso da
comunidade joanina, ou seja, do Discípulo Amado, seus conflitos, sua configuração e constituição,
bem como, a relação de poder estabelecida entre homem e mulher no século I d.C.
Perceberemos os conflitos causados quando não há relações comprometidas com a vida em
todas as suas dimensões. Esta é uma abordagem bíblico-teológica da Comunidade de Betânia, com
enfoque principal na proclamação de fé de Marta, através das perícopes de Jo 11,1-45. E, Jo 12, 1-11,
como continuidade do movimento das mulheres nesta comunidade, como espaço de aprendizagem e
de quebras de paradigmas dos padrões da época.
Percorreremos a proposta de novas relações como instrumento de humanização e de
construção de igualdade, na diversidade das diferenças. Veremos que para ter qualidade de vida, é
necessário relações humanizadoras. Para isto se tornar um caminho possível, é preciso desconstruir e
construir novas relações de gênero em todos os espaços.
Com a comunidade de Betânia, como “casa do pobre” buscaremos luzes para as Comunidades
Eclesiais de Base, suas lutas de resistência por um seguimento a Jesus Cristo mais profético e
participativo na dinâmica libertadora.
18

Apontaremos alguns desafios como perspectivas, para a construção de uma Igreja circular,
mais humana e libertadora, onde todas as pessoas possam sentir-se filhas e filhos de Deus com igual
dignidade.

BIBLIOGRAFIA

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