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I CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

X ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO


18-21 julho 2004, São Paulo. ISBN 85-89478-08-4.

ANÁLISE DA ECONOMIA NACIONAL E A PARTICIPAÇÃO DA


INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Ivo Almino Gondim (1); Paulo Henrique Araujo Marchon (2); José de Paula Barros
Neto (3); Paulo Melo de Jorge Neto (4);
(1) Graduando em engenharia civil da Universidade Federal do Ceará, ivo_almino@yahoo.com.br
(2) Graduando em engenharia civil da Universidade Federal do Ceará, phamarchon@yahoo.com.br
(3) Professor adjunto da Universidade Federal do Ceará, jpbarros@ufc.br
(4) Professor adjunto da Universidade Federal do Ceará, pjneto@secrel.com.br

RESUMO
A Indústria da Construção Civil (ICC) é um dos setores de maior importância na formação do Produto
Interno Bruto do Brasil. O presente trabalho apresenta um relato histórico da economia nacional e da
Indústria da Construção Civil durante o período de 1968 a 2002. Em seguida, apresenta uma análise do
Mercado Internacional da Construção, com ênfase para o Brasil e para a América Latina. Foram
relacionados inicialmente diversos períodos da história nacional. Em cada período foi relatada a
participação da ICC na economia e vice-versa. Na parte internacional, estabelecem-se comparações
entre gastos com construção e crescimento econômico, sob a ótica de diversos parâmetros. Por fim,
fez-se uma análise do Brasil nesses aspectos e de suas perspectivas.
Palavras-chave: economia da construção, economia nacional.

1. INTRODUÇÃO
A Construção Civil está dividida em atividades quanto ao seu produto final em três grandes
subsetores: Construção Pesada, Montagem Industrial e Edificações. A Construção pesada envolve
obras de infra-estrutura, como vias, obras de saneamento, usinas e hidrelétricas. O subsetor de
montagem industrial corresponde às obras de montagem de estruturas de instalações industriais, de
sistemas de geração, transmissão de energia elétrica e telecomunicações. Neste setor estão presentes
empresas de médio a grande porte. Por fim, tem-se o subsetor de edificações que é responsável pela
construção de edifícios e execução de serviços complementares. Este subsetor apresenta uma
quantidade razoável de empresas de grande e médio porte e um número enorme de empresas de
pequeno porte, em obras de diversos graus de complexidade, fornecendo um quadro bastante
heterogêneo.
O Macro Setor da Construção não envolve apenas as atividades de construção em si, mas também as
parcelas ligadas à distribuição de matéria-prima e equipamentos, assim como as parcelas ligadas ao
setor de serviços e distribuição na construção. Ele é de fundamental importância no desenvolvimento
econômico, gerando efeitos multiplicadores setoriais da indústria da construção civil sobre o processo
produtivo, tais como seu grande potencial de realizar investimentos, sua capacidade de gerar
empregos, assim como seus efeitos positivos sobre o nível de inflação.
O poder de alavancagem da Indústria da Construção Civil pode ser representado pela sua elevada
participação na formação de investimento: a construção civil é responsável por aproximadamente 70%
da formação de capital da economia brasileira. Por outro lado, calcula-se que para cada 1,0 bilhão de
reais a mais da demanda da construção, sejam criados 177.000 novos empregos (Mello, 1997),
somando os diretos e indiretos ou induzidos. Uma grande vantagem da construção é que ela não requer
grande demanda de importações, o que não pressiona a balança comercial com o aumento da
atividade. Ou seja, a ICC funciona como um grande incentivador dos outros setores da economia,
sendo por meio de sua alta taxa de geração de emprego, renda, impostos ou pela sua variada demanda
industrial.
Ao estudar dados sobre a economia de um país e seu Produto Interno Bruto (PIB) não se pode deixar
de mencionar o fato de que o Macro Setor da Construção influencia bastante essas análises. A
economia brasileira, em suas diversas fases, incorreu em períodos de crescimento e declínio da
Construção Civil, que por sua vez, em diversos momentos seguiu tendências internacionais.
O presente trabalho visa a apresentar um estudo e análise sobre o comportamento a importância da
Indústria da Construção Civil na economia brasileira. Para isso, tem-se um relato histórico da
economia nacional relacionado à Indústria da Construção Civil. Em seguida, tem-se uma análise sobre
o comportamento da Construção Civil sob a ótica internacional, e comparativos com a brasileira. A
metodologia empregada foi baseada na consulta a dados de instituições de pesquisa, livros, sites, e
reportagens. O processo foi dividido em coleta de dados, integração do material, discussão e posterior
análise das informações.

2. UM RELATO HISTÓRICO

2.1 Período de 68 a 73: O Milagre Econômico Brasileiro


Durante este período, o Brasil sofreu um rápido desenvolvimento econômico. O PIB cresceu em taxas
médias acima de 10% ao ano, tendo a indústria como principal impulsionadora, com crescimento de
12,6% ao ano (Mello, 1997). A inflação alcançou os mais baixos índices desde 1950, entretanto, a má
distribuição de renda aumentou consideravelmente. O Estado exerceu fundamental importância em
vários setores produtivos e industriais.
A ICC apresentou crescimento compatível no período. Diversas obras, basicamente de infra-estrutura
foram iniciadas em todo o país, tais como: estradas, metrôs e saneamento, financiadas em grande parte
pelo Governo. Em especial, as edificações foram muito incentivadas, devido aos recursos de
financiamento do BNH (Banco Nacional de Habitação) e do SFH (Sistema Financeiro de Habitação).
Uma parcela considerável da poupança do SFH provinha de impostos e taxas criadas após 1964,
destacando-se o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que detinha 14% dos recursos para
planos sociais (Mello, 1997).
O principal produto da ICCSE (Indústria da Construção Civil – Subsetor Edificações) foi a construção
de casas populares, para o que foi destinado em média 74% das rendas entre 70 e 85 (Mello, 1997).
Entretanto, parte desses fundos foi utilizada inadequadamente para financiar obras de infra-estrutura e
de habitações de classe média e alta. Houve ainda um grande número de licitações públicas ilícitas em
diversos setores da ICC. Isso gerou uma despreocupação por parte dos construtores para com a
qualidade, produtividade e custos. Outra prática corrente era a concessão de subsídios isentos de
indexação aos compradores. Desse modo, a estrutura financeira começava a ser deteriorada.

2.2 Período de 1973 a 1980: Aumento da dívida externa


Em novembro de 1973 ocorreu a primeira crise do petróleo, que mudou o cenário da economia
mundial. O Brasil, que importava mais de 80% do petróleo consumido, sofreu fortemente, com déficits
na balança comercial, o que desequilibrou a indústria nacional.
Em 1975, lançou-se o segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (PND II), que visava a fornecer
auto-suficiência energética e industrial ao Brasil e substituir importações. Como resultado, o Brasil
conseguiu manter o crescimento econômico, mas a inflação retornou vigorosamente e a dívida externa
subiu. Pode-se ver pelo gráfico 1, que após 1973, o PIB nacional e a ICC continuaram a crescer,
entretanto não mantiveram o mesmo ritmo de crescimento.
Taxa de Crescimento

20,90%
25,00%

13,94%
20,00%

10,17%
10,17%
9,10%

9,11%
9,02%
15,00% PIB nacional

8,25%

8,10%

6,77%
6,20%
5,24%
5,12%

4,93%

4,93%
10,00% ICC

3,71%
5,00%

0,00%
1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980

Fonte: Baer, A Economia Brasileira.


Gráfico 1 – Taxa de Crescimento do PIB e da ICC de 1973 a 1980

2.3 Período de 1980 a 1983: Recessão


O choque do petróleo de 79 e o aumento das taxas de juros geraram a crise devido à elevada dívida
externa, causando estagnação econômica e crescimento da inflação. O Governo reagiu com cortes no
orçamento, redução do consumo interno e aumento das exportações. Nos anos de 74 a 80, PIB cresceu
48%, enquanto nos anos subseqüentes reduziu 5,1% (Mello, 1997).
No ano de 1980, a ICCSE ainda apresentou crescimento devido a alterações do benefício fiscal,
ampliações de prazos, redução de juros e flexibilização do FGTS. Porém, de 81 a 83, o PIB da ICC
apresentou quedas enormes, conforme pode-se ver no gráfico 2. Os preços dos terrenos aumentaram
drasticamente e houve queda de 57% no número de licenças para construção nas capitais brasileiras
(Mello, 1997).

Taxas de Crescimento
9,11%
9,04%

15%
10%
0,57%

5%
0% PIB Nacional
-1,31%

-5% ICC
-3,41%
-4,39%
-5,97%

-10%
-14,24%

-15%
-20%
80 81 82 83

Fonte: Baer, A Economia Brasileira.


Gráfico 2 – Taxa de Crescimento do PIB e da ICC de 1980 a 1983

2.4 Período de 1984 a 1986: Recuperação


A partir de 84, a ICC começou a se recuperar, devido aos ajustes econômicos. Em 1985, o setor passou
a apresentar um crescimento graças à liberação de fundos pelos programas habitacionais do BNH.
Em 1986, visando a combater a inflação, é lançado o Plano Cruzado, promovendo reajustes e
congelamento de preços e salários. A princípio, o plano obtém sucesso, reduzindo a inflação de 22%
para –1% de fevereiro para março. O PIB apresenta um crescimento de 8,6% em relação ao mesmo
mês no ano anterior (Mello, 1997) a ICC apresentou um crescimento de 17,52%. O poder de compra
da população aumentou, com crescimento do consumo de bens duráveis, devido aos preços
congelados.
Pode-se ver pelo gráfico 3 que o crescimento da ICC mudou bastante após 1983.
Taxas de Crescimento

17,52%
10,89%
20%

7,95%

7,58%
5,28%
15%
10%
5% PIB Nacional
0%

-0,63%
-5% ICC

-3,41%
-10%
-15%

-14,24%
-20%
83 84 85 86

Fonte: Baer, A Economia Brasileira.


Gráfico 3 – Taxa de Crescimento do PIB e da ICC de 1983 a 1986

2.5 Período 86-89: Plano Cruzado e recessão


Em 1986, foi lançado um plano de estabilização, o Plano Cruzado II, que visava a controlar a inflação,
alinhar os preços dos produtos consumidos pela classe média e aumentar os impostos que incidiam
sobre ele. Esse plano obteve resultados em curto prazo com inflação de 1,4% em junho, porém esta
chegou a taxas 27,7% em maio de 1987 (Mello, 1997). Em junho do mesmo ano foi lançado um novo
programa de estabilização conhecido como Plano Bresser. Este incluía congelamento de preços, mas
diferia do plano cruzado, pois era mais flexível em suas medidas. Como resultado a inflação caiu para
4,5% em agosto (Mello, 1997), entretanto depois a mesma retomou a tendência de crescimento e suas
metas ficaram longe de ser atingidas.
O impacto na ICCSE, logo após o plano cruzado, foi um grande aumento nas vendas, entretanto outros
resultados como o ágio dos fornecedores, aumento salarial, inflação e inadimplência geraram atraso
nas entregas. Os investimentos financeiros passaram a ser mais atrativos, diminuindo preços dos
aluguéis. As obras ficaram voltadas para o segmento de alta renda. Em 1987, devido à queda de
investimentos, o PIB decresce cerca de 3,5% (Mello, 1997).
Nesse mesmo ano, o Governo Federal lançou, através da SEHAC (Secretaria Especial de Habitação e
Ação Comunitária), o Programa Nacional de Mutirões Habitacionais para famílias de até 2 salários
mínimos de renda, entretanto a SEHAC teve curta duração e não atingiu seus objetivos.
O ano de 1988 foi marcado como um ano de crescimento nulo da economia brasileira. Neste ano foi
promulgada uma nova constituição. A legislação trabalhista aumentava encargos para as empresas
sendo a ICC um dos setores que sofreu os maiores encargos.

2.6 Período 90-93: Governo Collor – Itamar Franco


Em 1990, foi lançado o Plano Collor I, que consistiu em confisco de parte dos depósitos em poupança
e conta corrente com o objetivo de diminuir a liquidez e enxugar os gastos públicos. Como resultado, a
inflação baixou para taxas de uma casa decimal, entretanto o sucesso durou somente alguns meses. O
ano fechou com uma inflação acumulada de aproximadamente 1500%, e apenas no segundo trimestre
houve um decréscimo do PIB de 8,2% (Baer, 1995). Com isso, o nível de renda dos agentes
econômicos decresceu, houve intervenção do estado no mercado imobiliário e ausência de política
para conter o déficit na habitação. Este ano foi o pior desempenho da ICCSE desde 1983.
Em janeiro de 1991, em mais uma tentativa de controlar a inflação foi lançado o Plano Collor II, que
consistia em uma reforma financeira com finalidade de acabar com a indexação da economia. Suas
medidas consistiam em congelamento de preços e salários após reajustes das tarifas públicas e
extinção de mecanismos de indexação existentes no mercado. Ao final de 1991 a inflação acumulada
havia baixado para menos de 600%, entretanto foi mais uma vez temporário. Em 1992, a mesma
voltou a crescer a níveis acima de 1000% ao ano (Baer, 1995).
Durante o período 90-92, o país apresentou um péssimo desempenho na produção industrial, levando
ao aumento do desemprego, redução de salários e expectativas de recessão. O Brasil manteve-se
estagnado com desemprego crescente (34% nos três anos – CBIC, 1999). Esse clima de instabilidade
refletiu-se bastante na ICC. Durante esse período o setor apresentou queda da produção, com taxa
média de crescimento negativa de 6,8% e a participação da ICC na composição do PIB brasileiro
resumiu-se em torno de 7,5% (CBIC, 1999). As construtoras continuaram trabalhando com um
elevado índice de ociosidade, não sendo capazes de realizar novas inversões a ponto de reverter o
cenário de estagnação do setor no período considerado (Baer, 1995).
Em 1993 o país passou a adotar medidas expansionistas para combater a recessão. Isto refletiu na ICC
com a criação do fundo de investimento imobiliário com linhas de crédito para a habitação, fazendo
assim com que a ICCSE apresentasse a melhor taxa de crescimento desde 1986.
Nesse ano o país atravessou um período atípico, com taxa de crescimento do PIB a quase 5%, haja
vista a instabilidade política e a alta inflação. A produção industrial cresceu 7,1% em relação ao ano
anterior (CBIC, 1999), mas os níveis de emprego mantiveram-se os mesmos devido ao clima de
incerteza política.
Considerando-se o intervalo de 87-93, os investimentos públicos diminuíram e houve um crescimento
pouco significativo da economia brasileira (Baer, 1995). O PIB cresceu a taxas anuais de 0,6% e a
inflação atingiu níveis altíssimos. Pode-se verificar pelo gráfico 4, como o crescimento do PIB
manteve-se estagnado.

Taxa de Crescimento do PIB

10
7,4
8 6,4
6
Crescimento (%)

4,5
3,8
4 2,3 2,4
1,6 1,2 1,1
2 1
0
0
-2 -0,5 -0,7 -0,7
-1,2 -1,3
-1,9 -1,9
-4 -2,5 -2,5 -2,6
-4,1
-6
-8
-8,2
-10
1988-1
1988-2
1988-3
1988-4
1989-1
1989-2
1989-3
1989-4
1990-1
1990-2
1990-3
1990-4
1991-1
1991-2
1991-3
1991-4
1992-1
1992-2
1992-3
1992-4
1993-1
1993-2
1993-3

Trimestre

Fonte: Baer, A Economia Brasileira.


Gráfico 4 – Taxa de Crescimento do PIB
Os períodos de crescimento negativo praticamente anulam os de crescimento positivo. Baseado neste
cenário, a ICCSE tornou-se dependente do mercado privado de alta renda que, por sua vez, exigia uma
maior qualidade nas obras. Analisando o período 1981-93, a produção da ICC esfriou, com exceção do
período 85-86 devido à euforia do Plano Cruzado. Somente em 1993, a construção civil voltou a
crescer com taxas de 4,5%, superando muitas expectativas.

2.7 Período 94-2002: Plano Real


Em 1994, ocorre a efetivação do Plano Real. Como efeito de curto prazo a inflação baixou
imensamente para taxas entre 4 e 5% (CBIC, 1999). A oferta de crédito passou a ser pouco lucrativa,
pois o dinheiro era barato e havia muita oferta de crédito. A economia voltou a crescer, entretanto a
política monetária com restrições não favoreceu muito aos investimentos na produção. Com a alta
demanda gerada no plano real, houve uma maior abertura comercial para conter os preços estáveis.
Como resultado, as importações aumentaram e as exportações diminuíram gerando desequilíbrios na
balança comercial.
Em 1994, a ICC cresceu 8,1% no primeiro semestre (Mello, 1997), entretanto houve resultados ruins.
A alta taxa de juros e a escassez da moeda devido à remonetização, dificultavam a produção e
diminuía a atratividade das empresas. Outro fator negativo foi a intervenção do governo nas transações
comerciais e a alta de preços em setores de materiais de construção.
A partir de agosto de 1995, iniciou-se uma redução gradual nas taxas de juros e na restrição ao crédito
em uma tentativa de reaquecer a produção, entretanto resultados significativos não foram obtidos. No
segundo trimestre de 1996, a economia voltou a recuperar-se, entretanto, sem aumento nos níveis de
emprego. Ao final do ano, os resultados mostraram que o déficit fiscal do Governo ainda estava
atrelado à política do plano real. A balança comercial registrou um déficit acumulado, ao final do ano,
de U$5,6 bilhões (CBIC, 1999).
Em 1997, a ICCSE era responsável por 13,5% do PIB (Mello, 1997). A ICC terminou o ano com um
crescimento de 7,62%, contribuindo para a estabilização da economia.
Em 1998, aconteceu a crise Asiática que, por sua vez, influenciou os rumos da economia mundial,
principalmente dos países emergentes. Como resultado, as taxas de juros subiram e houve uma
retração das atividades econômicas. O país recorreu a um empréstimo ao FMI de US$ 41,5 bilhões
para manter as reservas. No acumulado do ano, a balança comercial teve um saldo negativo de US$6,4
bilhões e o PIB decresceu 0,12% (CBIC, 1999).
No início de 1999, a política monetária foi alterada e o câmbio passou a ser flutuante. A elevação das
taxas de juros foi a medida de curto prazo adotada para manter a estabilidade. A moeda brasileira foi
bastante desvalorizada frente ao dólar (o Real perdeu 60% do seu valor), entretanto a inflação não
atingiu grandes níveis. Os resultados para a ICC foram ruins. Apresentou um crescimento negativo de
3,22% enquanto a economia brasileira cresceu 0,79% (MDIC, 2004).
A construção civil teve um crescimento bastante significativo após o início do plano Real. O saldo foi
bastante positivo, apesar de menos que o esperado. O setor aumentou sua contribuição no PIB de
9,15% em 1994, para 10,26%, em 1998, sendo o setor que mais contribuiu. O grande problema do
período foi o aumento da taxa de desemprego na construção, que saltou de 6,07%, em 1994, para
aproximadamente 10% em 1999 (CBIC, 1999). Pode-se ver claramente pela tabela 1 a diferença entre
o crescimento da construção antes e depois do plano real.
Tabela 1- Crescimento do PIB na Construção (US$ milhões)

Taxas de Crescimento Real do PIB da Construção


Médias no Período: Acumuladas no período:
1990-1992 -6,76% 1990-1992 -15,09%
1993-1999 3,26% 1993-1999 19,78%
Fonte: CBIC, 1999.
Em 18 de maio de 2001, o presidente anunciou medidas para evitar que houvesse falta de energia no
país. Já o PIB sofreu duramente com essas medidas, cresceu 1,51% ante os 4,36% de 2000. Sem o
apagão, o crescimento previsto era de 4,5% (ISTO É Dinheiro, Dezembro de 2002). Além do apagão,
a crise da economia Argentina, a volatilidade dos mercados e os atentados terroristas de 11 de
Setembro nos Estados Unidos contribuíram fortemente para limitar o crescimento da economia. A ICC
foi seriamente afetada, decrescendo 2,66% (SINDUSCON/SP, 2004).
Em 2002, a recuperação lenta da economia americana, a invasão ao Iraque, e o desgaste da situação
argentina contribuíram bastante para os efeitos negativos nos investimentos e risco-país dos países
emergentes. A moeda brasileira terminou o ano cotada a R$ 3,63/US$ (IBGE, 2004). Essa
depreciação, diferentemente do ano anterior, provocou uma inflação recorde desde o início do plano
real. A mudança no câmbio influenciou fortemente a balança comercial e a dívida pública atrelada ao
dólar. A ICC fechou o ano com uma queda de 1,85% (Sinduscon/SP, 2004). Pode-se ver na tabela 2
um resumo do crescimento do país de 1995 a 2002. Observa-se que a Indústria, de modo geral,
acompanha o crescimento do PIB mais de perto do que a Construção Civil, possuindo taxas de
variação com menor desvio quando comparadas às do PIB. Em todos os anos mencionados, o PIB
nacional apresentou crescimento positivo, enquanto tanto a Indústria quanto a ICC apresentaram
crescimento negativo em alguns períodos, havendo um destaque significativo para o período entre
1999 e 2002.
Tabela 2 – Taxas Anuais de Crescimento do PIB

Taxas Médias Anuais de Crescimento do PIB


(Base: Igual Período do Ano Anterior = 100)
Discriminação 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002*
Agropecuária 4,08 3,11 -0,83 1,94 7,41 3,03 5,71 5,79
Indústria 1,91 3,28 4,65 -1,45 -1,60 4,87 -0,31 1,52
Extrativa Mineral 3,70 5,98 4,80 8,03 4,98 11,09 3,90 10,39
Transformação 2,00 2,14 4,50 -3,65 -1,58 5,39 0,95 1,93
Construção Civil -0,43 5,21 7,62 1,35 -3,22 2,98 -2,60 -2,52
Serv.Ind.Util. Publ. 7,63 6,00 5,90 3,82 2,49 4,06 -5,64 1,53
Serviços 1,30 2,26 2,55 1,11 1,89 3,71 1,86 1,49
Comércio 8,53 1,80 3,00 -5,14 0,32 4,68 1,53 0,16
Transportes 6,63 2,58 3,93 5,09 0,63 5,63 5,18 -0,92
Comunicações 22,92 10,85 5,02 13,55 21,28 16,50 9,92 7,40
Administração Pública 0,81 1,36 1,71 1,94 2,76 1,12 0,82 1,34
Instituição Financeira -8,09 2,50 3,15 -0,57 0,93 3,52 0,30 2,19
PIB 4,22 2,66 3,27 0,13 0,79 4,36 1,42 1,52
(*) Preliminar
Fonte: Anuário estatístico do Ministério Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior– Retirado do site
www.mdic.gov.br em 05/03/2004
O governo FHC colocou em ordem as despesas e aumentou a arrecadação. Apesar disso não diminuiu
seus gastos, que passaram de 28% do PIB em 99 para 33% em 2002. Além disso, não conseguiu
realizar as tão comentadas reformas previdenciária e tributária. Por fim, a dívida pública foi um dos
grandes problemas do Governo FHC. Em janeiro de 95 era equivalente a 30% do PIB nacional e em
julho de 2002 a 58,6%.

3. ANÁLISE INTERNACIONAL

3.1 Pesquisa da ENR


A pesquisa da ENR (Environment and Natural Resources), realizada de 1996 a 1998, fornece o gasto
estimado com construção de 150 países. Além disso, estima o gasto com total com construção como
uma porcentagem do PIB de cada país. Os dados dessa pesquisa são provenientes da ONU,
(Organização das Nações Unidas), FMI (Fundo Monetário Internacional), OECD (Organization for
Economic Co-operation and Development), agências nacionais de estatística, bancos centrais e
associações de indústrias.
A pesquisa da ENR se diferencia das outras por focalizar o gasto total com construção em vez do valor
adicionado pela construção (produção líquida da construção). A definição de atividade construtiva
para a maioria dos países é expressa pelo valor adicionado pela construção que, geralmente, inclui
apenas custos de fabricação, despesas gerais e lucros. Essa definição é um tanto estreita e foi mostrado
que o valor adicionado corresponde apenas a uma parte da produção total da construção. As outras
duas parcelas mais importantes são a relacionada a materiais de construção e a relacionada às
indústrias de serviços.
Os dados da ENR (1998) fornecem uma visão inicial do gasto total com construção no mundo.
Entretanto, ela apresenta certas limitações:
ƒ É limitada a 150 países;
ƒ A definição de atividade construtiva é gastos com construção ao invés de valor adicionado, o
que é atípico para as convenções de contas dos países;
ƒ Alguns países foram omitidos devido à falta de dados;
ƒ São usados os preços correntes;
ƒ Os gastos são medidos em dólares (US$).
Um dos principais fatores que determina a taxa de crescimento da economia de um país é a taxa de
investimentos e sua relação com a construção. A produção do setor da construção é uma resposta à
demanda por novos investimentos. Há indícios que existe uma relação entre o PIB per capita e várias
medidas de produção da construção. Diversos estudos como o de BON (2000), inclusive, encontraram
uma relação linear entre a construção como porcentagem do PIB (medida como valor adicionado) e o
PIB per capita. Se for usado o gasto total com construção como porcentagem do PIB, em vez do valor
adicionado como porcentagem do PIB, a relação não é mais linear, mas sim parabólica, conforme o
gráfico 5.

Construção como porcentagem do


PIB (gasto total) e o PIB per capita

Gasto
total com
constru-
ção em %
do PIB

PIB per capita

Gráfico 5 – Construção como porcentagem do PIB (medida como valor adicionado) e o PIB per capita.
Os países da pesquisa da ENR foram divididos em três categorias de desenvolvimento econômico:
LDC (Less Developed Countries – Países de Desenvolvimento Inferior), NIC (Newly Industrialised
Countries – Países de Industrialização Recente) e AIC (Advanced Industrialised Countries – Países de
Industrialização Avançada). Os LDCs são considerados economias de baixa produtividade, com PIB
per capita inferior a US$786. Os NIC são os intermediários, com PIB per capita entre US$786 e
US$9655. Os AIC são economias de alta produtividade, com PIB per capita superior a US$9655. De
acordo com a classificação proposta na ENR, o Brasil está classificado como NIC, já que seu PIB per
capita, em dólares, a preço corrente gira em torno de 4.800, conforme se pode ver na tabela 3. A
amostra total de 150 países foi dividida em 48 LDCs, 77 NICs e 25 AICs. Foi realizada a média dos
três anos da contribuição desses 150 países ao gasto total com construção, de modo a minimizar os
efeitos das variações anuais sobre esses índices.
Tabela 3 – População e PIB per capita

PIB Per Capita no Brasil


População Brasileira US$ R$
Ano
(Mil)*
Preços Preços de Preços Preços de
Correntes 2002 Correntes 2002

1996 161 247 4.809 5.373 4.830 7.319


1997 163 471 4.942 5.285 5.327 7.455
1998 165 688 4.755 5.147 5.518 7.325
(*) População estimada para 1º de julho
Fonte: Anuário estatístico do Ministério Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – Retirado do site
www.mdic.gov.br em 08/03/2004.
Os dados da pesquisa da ENR sugerem que a porcentagem do PIB a que corresponde a construção é
maior no estágio de NIC. Sugere também que a parcela da construção no PIB cresce no status de LDC,
atinge um pico status de NIC e decresce quando o país passa de NIC para AIC. O pico deve ocorrer
quando o PIB per capita se aproxima de US$3200. De acordo com a tabela 4, pode-se notar um maior
gasto com construção no estágio de país NIC e um menor nos países AIC.
Tabela 4 - Gasto com construção como porcentagem do PIB em função do status do país.
Status 1996 1997 1998 1996-98
(Média)
LDC 11,7 12 11,9 11,9
NIC 13,2 13,4 13,7 13,4
AIC 10,8 10,1 10,5 10,5
Fonte: Bon e Crosthwaite, 2000.
Outro dado a ressaltar, é que o crescimento do gasto com construção, em porcentagem, é maior nos
países LDC. Já os AIC apresentam crescimento negativo desse gasto, conforme a tabela 5.
Tabela 5 – Média anual de crescimento do gasto com construção e do PIB em função do status do país.
Período de 96 - 98.

Crescimento do gasto
Status do País Crescimento do PIB
com construção
LDC 6,2% 5,2%
NIC 5,8% 3,8%
AIC -2,1% -0,4%
Fonte: Bon e Crosthwaite, 2000.
Pelos dados da tabela 5, infere-se que a demanda por construção é determinada não apenas pelos
investimentos e crescimento econômico, mas também pelo estágio de desenvolvimento da economia.
À medida que o país muda seu estágio de desenvolvimento econômico, seus crescimentos
populacional e industrial exigem uma alteração nos gastos com construção. Esses gastos são
crescentes até o estágio de NIC, decrescendo no estágio de AIC.
Durante o período da 1996 a 1998, pode-se dizer que houve um pequeno declínio do gasto global com
construção, haja vista que os dados da ENR são baseados em preços correntes. Isto é, como não se
leva em conta a inflação, se os valores dos gastos se apresentam estagnados, é porque, na verdade,
houve queda. A tabela 6 apresenta os gastos com construção de 1996 a 1998, por região. Como se vê,
a América Latina apresentou um gasto com construção de 6,19% em 96, de 7,41% em 97 e de 7,58%
em 98, em relação ao total mundial. Isso ainda é um valor muito reduzido, mas está em visível
ascensão.
Tabela 6 - Gasto com construção por região (US$ milhões)

Região 1996 1997 1998


Ásia 1173242 1062779 1125942
África 51116 55992 59433
Europa 1080235 962190 994324
América Latina 200357 228022 244440
América do Norte 663243 693339 723570
Oriente Médio 69328 74760 76775
Total 3237521 3077082 3224484
Fonte: Bon e Crosthwaite, 2000.
A tabela 7 apresenta o PIB de acordo com a região. De modo semelhante, o PIB latino-americano
cresceu constantemente no período de 96 a 98 tanto em quantidade como em relação ao PIB mundial,
passando de 6,09% para 6,63% e para 6,73% nos anos respectivos.
Tabela 7 - PIB por região (US$ milhões)

Região 1996 1997 1998


Ásia 7.945.437 7656874 7635164
África 459733 477601 499439
Europa 9884503 9335106 9537091
América Latina 1744662 1886654 1947746
América do Norte 7978720 8427277 8642793
Oriente Médio 626868 655115 673432
Total 28639923 28438627 28935665
Fonte: Bon e Crosthwaite, 2000.
O Brasil apresentou uma posição de destaque entre os países que mais gastaram com construção em
98, a sexta posição. Já os Estados Unidos foram responsáveis por quase todo o gasto com construção
da América do Norte no período (tabela 8).
Tabela 8 – Os oito países com maiores gastos em construção em 1998 (US$ milhões)

Posição Status País 1998


1 AIC Estados Unidos 651607
2 AIC Japão 626525
3 AIC Alemanha 314992
4 NIC China 185912
5 AIC Reino Unido 104880
6 NIC Brasil 102095
7 AIC França 97979
8 AIC Itália 95271
Fonte: Bon e Crosthwaite, 2000.
Outro dado que merece atenção é que dos 244.440 milhões de dólares gastos com construção na
América Latina, em 1998, 102095 milhões foram do Brasil, representando 41,8% do total de gastos na
América Latina e 3,2% no mercado mundial.
Apesar dessa posição, quando se apresentam os gastos com construção per capita, a situação muda e o
Brasil não aparece no ranking dos 20 maiores (tabela 9).
Tabela 9 - Os vinte países com maiores gastos em construção per capita em 1998 (US$)

Posição País 1998 Posição País 1998


1 Japão 4975 11 Estados Unidos 2411
2 Em. Árabes Unidos 4340 12 Irlanda 2357
3 Alemanha 3838 13 Canadá 2346
4 Suíça 3696 14 Bélgica 2337
5 Dinamarca 3618 15 Austrália 2103
6 Singapura 3209 16 Nova Zelândia 2014
7 Noruega 3079 17 Reino Unido 1779
8 Suécia 2711 18 Itália 1678
9 Hong Kong 2600 19 França 1666
10 Holanda 2565 20 Coréia, República da 1586
Fonte: Bon e Crosthwaite, 2000.
Quando se concentra a atenção nos gastos regionais com construção como percentagem do PIB, vê-se
que a América Latina (na tabela 10) apresenta esses valores próximos aos dos países LDC (tabela 4).
Isso sugere que apesar de o Brasil, de acordo com a primeira classificação, ser um país NIC, a
América Latina, em um contexto geral, apresenta comportamento semelhante ao de países LDC.
Tabela 10 - Gastos regionais com construção como porcentagem do PIB (%)

Região 1996 1997 1998 1996-98


Ásia 14,8 13,9 14,8 14,5
África 11,1 11,7 11,9 11,6
Europa 10,9 10,3 10,4 10,5
América Latina 11,5 12,1 12,6 12,1
América do Norte 8,3 8,2 8,4 8,3
Oriente Médio 11,1 11,4 11,4 11,3
Total 11,3 10,8 11,2 11,1
Fonte: Bon e Crosthwaite, 2000.
A mesma situação ocorre quando se comparam os dados da tabela 11 com a tabela 5. A América
Latina, em um contexto geral, apresenta crescimento anual médio de gastos com construção
semelhante ao padrão dos países LDC.
Tabela 11 – Crescimento anual médio em gastos com construção e PIB, por região (%)

Região Crescimento dos gastos Crescimento do PIB


com construção
Ásia -2,0 -2,0
África 8,2 4,3
Europa -4 -1,8
América Latina 11 5,8
América do Norte 4,6 4,2
Oriente Médio 5,4 3,7

Fonte: Bon e Crosthwaite, 2000.


Vê-se que as maiores potências mundiais dominam o gasto com construção no cenário mundial, apesar
de apresentarem um crescimento negativo do gasto com construção (tabela 5). Ao mesmo tempo nota-
se a que a América Latina apresenta uma baixa importância no nível mundial e o Brasil é responsável
por quase a metade destes gastos realizados no setor, em 1998, na América Latina. Além disso é
responsável também por 3% do mercado mundial, conforme o gráfico 6.

Porcentagem do Gasto com Construção


no Mundo no ano de 1998

Estados Unidos

20% Japão

44% Alemanha

Brasil
19%
Outros países da América
4% 10% Latina
3% Outros países do Mundo

Fonte: Bon e Crosthwaite, 2000.


Gráfico 6 - Gastos regionais com construção como porcentagem do PIB (%)
3.2 Uma Análise de previsões feitas entre 1992 e 1998
A ECERU (European Construction Economics Research Unit) é um questionário para pesquisadores
de diferentes partes do mundo, que foi realizado entre 1992 e 1998, para analisar algumas opiniões e
tendências. Esses questionário realizaram levantamentos sobre tendências para os anos seguintes.
Entre vários resultados importantes, destacam-se alguns:
ƒ A parcela da construção no PIB primeiro cresce e depois declina com o desenvolvimento
econômico. Em média, os entrevistados concordam com essa proposição.
ƒ O volume da produção da construção total primeiro cresce e depois declina com o
desenvolvimento econômico. Em média, os entrevistados concordam com essa proposição,
entretanto os considerados especialistas discordam da assertiva.
ƒ Em estágios avançados de desenvolvimento econômico, o volume de construções novas
declina e o volume de manutenção e reparo aumenta. Os entrevistados concordaram
plenamente.
ƒ Em estágios avançados de desenvolvimento econômico, os insumos de construção
provenientes de transformação declinam, e os provenientes de serviços, aumentam. Os
entrevistados concordaram com essa proposição.
Sobre algumas tendências para o mercado da construção, durante os 25 anos posteriores à pesquisa,
deu-se destaque a duas:
ƒ O mercado norte americano permanecerá grande, entretanto irá depois estagnar e, por fim,
declinar. Apesar de a maioria dos entrevistados americanos não concordar com essa
proposição, em média, os entrevistados não tinham certeza sobre a proposição.
ƒ O mercado da América do Sul vai enfim crescer, mas ele ficará pequeno e com momentos de
estagnação. Em média os entrevistados estavam incertos quanto à afirmativa. Entretanto na
América do Sul, a idéia foi desacreditada.

4. ANÁLISES

4.1 Uma análise para o Brasil


De acordo com a pesquisa da ENR, o Brasil está inserido no contexto dos países NIC, pois apresenta
PIB per capita entre US$786 e US$9655. Pode-se dizer que o Brasil assume um papel de destaque na
economia e na construção latino-americana. Observando as tabelas 6 e 8, vê-se que o país foi
responsável, em 1998, por US$102.095 milhões com gastos em construção, o que representa
aproximadamente 41,7% dos gastos latino-americanos no setor. Observando ainda a tabela 7, vê-se
que esse gasto representa 5,24% de todo o PIB latino-americano da época. O gasto com construção per
capita no Brasil foi de US$ 616,19 em 1998, o que o coloca em posição semelhante a da China: os
gastos no setor são enormes, mas mesmo assim insuficientes para os seus contingentes populacionais.
O gasto brasileiro com construção como porcentagem do PIB em 98 foi de 13,0%, o que confirma
comportamento semelhante aos outros países NIC, de acordo com a tabela 4, pois a média do gasto
com construção como porcentagem do PIB no período, para NICs, foi de 13,7%. Infere-se que o Brasil
está ligeiramente aquém do padrão, mas mesmo assim, apresenta um gasto superior aos LDCs e AICs.
Analisando no âmbito regional, entretanto, o Brasil se apresenta acima da média. Conforme a tabela
10, a América Latina apresentou um gasto com construção em porcentagem do PIB em 98, de 12,6%,
o que mais uma vez demonstra o potencial do país e a sua influência na construção no continente.
Sabe-se, conforme o IBGE, que a produção de aço no Brasil é a maior da América Latina e a oitava
maior do planeta e que o produto é um dos principais itens de exportação no país.

4.2 Análise de previsões de 99 a 2003.


O Brasil apresentou nesse período um crescimento lento com um razoável declínio para a construção.
Além disso, o número de unidades financiadas em 2003 foi menor que em 1998 e houve um
significativo declínio no consumo durante esse período, como se pode ver na tabela 12.
Tabela 12 – Dados sobre PIB, Mercado Imobiliário e consumo de cimento durante o período 1998-2003

Consumo
Ano PIB Mercado Imobiliário (¹) de Cimento
Taxa acumulado Vel. Mil
no ano Lançamentos Vendas SFH (²) toneladas
Unid.
Total C. Civil unidades (%) financiadas Brasil
1998 0,13 1,54 21.667 7,4 37.204 39.866
1999 0,79 -3,67 26.358 7,5 34.190 40.166
2000 4,36 2,62 29.666 8,6 35.710 39.394
2001 1,31 -2,66 23.785 7,6 35.589 38.264
2002 1,93 -1,85 21.157 8,4 28.790 37.620
2003 -0,22 -8,59 26.367 7,2 36.376 33.563
(1) Lançamentos e V.V. referem-se ao município de São Paulo e, SFH, ao Brasil (2) Total = Construção e
Aquisição (3) Acumulado no ano
Fonte: Indicadores, Sinduscon/SP. Disponível em www.sindusconsp.com.br
Pela tabela 12, observa-se uma divergência da tendência de que o crescimento da construção
acompanha o crescimento da economia. Enquanto, na maioria desses anos, o PIB nacional cresceu
modicamente, a construção sofreu diversas quedas e apenas dois anos de ascensão. Pode-se visualizar
claramente através do gráfico 7.
4,36

6
2,62

4 Crescimento
1,93
1,54

1,31
0,79

do PIB
0,13

2 Nacional
0
-0,22

-2
-1,85

Crescimento
-2,66

-4 do PIB da
-3,67

-6 Construção
Civil
-8
-8,59

-10
1998 1999 2000 2001 2002 2003
Fonte: SINDUSCON/SP, 2004
Gráfico 7 – Crescimento percentual do PIB Nacional e da Construção Civil de 1998 a 2002.
Esse comportamento da construção mostra que a situação brasileira, em relação à tendência apontada
para a América do Sul pela ECERU ocorreu de forma pior do que se imaginava. O esperado era
ocorrer alternância entre estagnação e crescimento suave.
Apesar desse comportamento, a expectativa dos empresários do setor, é que a atual tendência de queda
dos juros, volta do crescimento da economia, e aumento de investimentos em habitação, saneamento e
transportes urbanos possam contribuir para o desenvolvimento da construção (SINDUSCON/SP,
2004). Outro grande fator para essa possível retomada de crescimento será as conseqüências da
reforma tributária.
Destaca-se ainda o aumento do desemprego ocorrido na construção nacional. Durante o período de
2000 a 2003, esse desemprego aumentou 6,57% (SINDUSCON/SP, 2004).
Quanto à economia norte americana, ela continua apresentando o maior PIB do planeta, confirmando
sua importante influência mundial.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o período de 1968 a 2002, observa-se que o crescimento da ICC acompanha o crescimento da
economia. Apesar dessa tendência, esse comportamento não se torna regra, conforme pode se ver no
gráfico 7. Essa divergência de comportamento pode ser explicada pelo comportamento errático da
economia brasileira. A ICC demonstrou apresentar maiores tendências de acompanhar o crescimento
do PIB nacional, quando o desempenho da economia brasileira apresentou uma maior constância. Isso
ocorreu durante a década de 70, época do “milagre econômico”, quando o crescimento do setor chegou
a atingir taxas acima de 20% ao ano.
A classificação do Brasil, de acordo com o critério da pesquisa da ENR, mostra que o país está
inserido no contexto de país NIC. Ainda de acordo com os resultados obtidos da pesquisa, infere-se
que a América Latina apresenta PIB e gasto com construção pouco expressivo a nível mundial,
conforme pode ser observado nas tabelas 6 e 7. Analisando o Brasil, em relação aos outros países da
América Latina, o país representa a maior parte dos gastos com construção do continente. Enquanto o
Brasil representa 3% dos gastos mundiais com construção, os outros países da América Latina
representam 4%, conforme o gráfico 6.
Um outro indicador importante a ser ressaltado sobre a pesquisa da ENR é que, apesar do Brasil ter
sido o sexto país no mundo com maior gasto com construção em 1998, conforme a tabela 8, quando
analisamos esse valor per capita, o país não aparece na lista dos 20 maiores.
Os resultados do questionário da ECERU, realizado entre 1992 e 1998, mostraram que os
entrevistados não estavam tão certos quanto à assertiva que, para os 25 anos posteriores a pesquisa, o
mercado da América do Sul iria crescer, mas que continuará pequeno a nível mundial e com
momentos de estagnação. Analisando o que ocorreu com o Brasil durante o período de 1998 a 2003,
nos primeiros cinco anos posteriores à pesquisa, nota-se que o país teve um declínio forte na
construção e um crescimento pouco expressivo da economia, conforme o gráfico 6. Isso diverge da
assertiva acima.
De acordo com o analisado, poder-se-ia rever o modelo abordado de tendência da pesquisa da
ECERU, já se tendo passado 5 anos. É notório o crescimento da construção em países LDC, o que,
entretanto, não representa uma mudança significativa no cenário econômico mundial. De acordo com
o relatado para o Brasil, a tendência é de um crescimento da construção, que poderá acelerar aos
poucos. Destaca-se também que o gasto com recuperação deverá aumentar por um longo período.
Seria o caso de recuperação de estradas, pontes e edifícios. Outro fator a ser ressaltado, é que o déficit
habitacional é muito alto no país, 6,6 milhões de unidades (FOLHAONLINE, 2002), o que propicia
um cenário que contribui para o crescimento desse setor.

BIBLIOGRAFIA:
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BON, R. e CROSTHWAITE, D. The Future of International Construction. Londres: Thomas
Telford, 2000.
CBIC. A economia brasileira e a construção civil na última década. Boletim da Câmara Brasileira
da Indústria da Construção, out. 1999.
FOLHAONLINE. Cotidiano, de 20/01/2002. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/
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IBGE. Sistema de Contas Nacionais. Boletim do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
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ISTO É. Especial a Era FHC, n.279 de 31/12/02. Disponível em <http://www.terra.com.br
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<http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/inicial/index.php. Acessado em 22.03.04.
MELLO, R.B. O estudo da mudança estratégica organizacional em pequenas empresas de
construção: um estudo de caso em Florianópolis. Florianópolis, 1997. Dissertação de Mestrado em
Engenharia de Produção – Curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de
Santa Catarina.
RAMOS, R. L. O. et alli. O Macro Setor da Construção. In: MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO
DO MACRO SETOR DA CONSTRUÇÃO BRASILEIRO - 1985 E 1992.
SINDUSCON/SP. Indicadores. Disponível em < http://www.sindusconsp.com.br/frame.asp?page=../
secao/secao.asp?area=Indicadores&numpai=1&descpai=economia Acessado em 22.03.04.

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