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Ivo Almino Gondim (1); Paulo Henrique Araujo Marchon (2); José de Paula Barros
Neto (3); Paulo Melo de Jorge Neto (4);
(1) Graduando em engenharia civil da Universidade Federal do Ceará, ivo_almino@yahoo.com.br
(2) Graduando em engenharia civil da Universidade Federal do Ceará, phamarchon@yahoo.com.br
(3) Professor adjunto da Universidade Federal do Ceará, jpbarros@ufc.br
(4) Professor adjunto da Universidade Federal do Ceará, pjneto@secrel.com.br
RESUMO
A Indústria da Construção Civil (ICC) é um dos setores de maior importância na formação do Produto
Interno Bruto do Brasil. O presente trabalho apresenta um relato histórico da economia nacional e da
Indústria da Construção Civil durante o período de 1968 a 2002. Em seguida, apresenta uma análise do
Mercado Internacional da Construção, com ênfase para o Brasil e para a América Latina. Foram
relacionados inicialmente diversos períodos da história nacional. Em cada período foi relatada a
participação da ICC na economia e vice-versa. Na parte internacional, estabelecem-se comparações
entre gastos com construção e crescimento econômico, sob a ótica de diversos parâmetros. Por fim,
fez-se uma análise do Brasil nesses aspectos e de suas perspectivas.
Palavras-chave: economia da construção, economia nacional.
1. INTRODUÇÃO
A Construção Civil está dividida em atividades quanto ao seu produto final em três grandes
subsetores: Construção Pesada, Montagem Industrial e Edificações. A Construção pesada envolve
obras de infra-estrutura, como vias, obras de saneamento, usinas e hidrelétricas. O subsetor de
montagem industrial corresponde às obras de montagem de estruturas de instalações industriais, de
sistemas de geração, transmissão de energia elétrica e telecomunicações. Neste setor estão presentes
empresas de médio a grande porte. Por fim, tem-se o subsetor de edificações que é responsável pela
construção de edifícios e execução de serviços complementares. Este subsetor apresenta uma
quantidade razoável de empresas de grande e médio porte e um número enorme de empresas de
pequeno porte, em obras de diversos graus de complexidade, fornecendo um quadro bastante
heterogêneo.
O Macro Setor da Construção não envolve apenas as atividades de construção em si, mas também as
parcelas ligadas à distribuição de matéria-prima e equipamentos, assim como as parcelas ligadas ao
setor de serviços e distribuição na construção. Ele é de fundamental importância no desenvolvimento
econômico, gerando efeitos multiplicadores setoriais da indústria da construção civil sobre o processo
produtivo, tais como seu grande potencial de realizar investimentos, sua capacidade de gerar
empregos, assim como seus efeitos positivos sobre o nível de inflação.
O poder de alavancagem da Indústria da Construção Civil pode ser representado pela sua elevada
participação na formação de investimento: a construção civil é responsável por aproximadamente 70%
da formação de capital da economia brasileira. Por outro lado, calcula-se que para cada 1,0 bilhão de
reais a mais da demanda da construção, sejam criados 177.000 novos empregos (Mello, 1997),
somando os diretos e indiretos ou induzidos. Uma grande vantagem da construção é que ela não requer
grande demanda de importações, o que não pressiona a balança comercial com o aumento da
atividade. Ou seja, a ICC funciona como um grande incentivador dos outros setores da economia,
sendo por meio de sua alta taxa de geração de emprego, renda, impostos ou pela sua variada demanda
industrial.
Ao estudar dados sobre a economia de um país e seu Produto Interno Bruto (PIB) não se pode deixar
de mencionar o fato de que o Macro Setor da Construção influencia bastante essas análises. A
economia brasileira, em suas diversas fases, incorreu em períodos de crescimento e declínio da
Construção Civil, que por sua vez, em diversos momentos seguiu tendências internacionais.
O presente trabalho visa a apresentar um estudo e análise sobre o comportamento a importância da
Indústria da Construção Civil na economia brasileira. Para isso, tem-se um relato histórico da
economia nacional relacionado à Indústria da Construção Civil. Em seguida, tem-se uma análise sobre
o comportamento da Construção Civil sob a ótica internacional, e comparativos com a brasileira. A
metodologia empregada foi baseada na consulta a dados de instituições de pesquisa, livros, sites, e
reportagens. O processo foi dividido em coleta de dados, integração do material, discussão e posterior
análise das informações.
2. UM RELATO HISTÓRICO
20,90%
25,00%
13,94%
20,00%
10,17%
10,17%
9,10%
9,11%
9,02%
15,00% PIB nacional
8,25%
8,10%
6,77%
6,20%
5,24%
5,12%
4,93%
4,93%
10,00% ICC
3,71%
5,00%
0,00%
1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980
Taxas de Crescimento
9,11%
9,04%
15%
10%
0,57%
5%
0% PIB Nacional
-1,31%
-5% ICC
-3,41%
-4,39%
-5,97%
-10%
-14,24%
-15%
-20%
80 81 82 83
17,52%
10,89%
20%
7,95%
7,58%
5,28%
15%
10%
5% PIB Nacional
0%
-0,63%
-5% ICC
-3,41%
-10%
-15%
-14,24%
-20%
83 84 85 86
10
7,4
8 6,4
6
Crescimento (%)
4,5
3,8
4 2,3 2,4
1,6 1,2 1,1
2 1
0
0
-2 -0,5 -0,7 -0,7
-1,2 -1,3
-1,9 -1,9
-4 -2,5 -2,5 -2,6
-4,1
-6
-8
-8,2
-10
1988-1
1988-2
1988-3
1988-4
1989-1
1989-2
1989-3
1989-4
1990-1
1990-2
1990-3
1990-4
1991-1
1991-2
1991-3
1991-4
1992-1
1992-2
1992-3
1992-4
1993-1
1993-2
1993-3
Trimestre
3. ANÁLISE INTERNACIONAL
Gasto
total com
constru-
ção em %
do PIB
Gráfico 5 – Construção como porcentagem do PIB (medida como valor adicionado) e o PIB per capita.
Os países da pesquisa da ENR foram divididos em três categorias de desenvolvimento econômico:
LDC (Less Developed Countries – Países de Desenvolvimento Inferior), NIC (Newly Industrialised
Countries – Países de Industrialização Recente) e AIC (Advanced Industrialised Countries – Países de
Industrialização Avançada). Os LDCs são considerados economias de baixa produtividade, com PIB
per capita inferior a US$786. Os NIC são os intermediários, com PIB per capita entre US$786 e
US$9655. Os AIC são economias de alta produtividade, com PIB per capita superior a US$9655. De
acordo com a classificação proposta na ENR, o Brasil está classificado como NIC, já que seu PIB per
capita, em dólares, a preço corrente gira em torno de 4.800, conforme se pode ver na tabela 3. A
amostra total de 150 países foi dividida em 48 LDCs, 77 NICs e 25 AICs. Foi realizada a média dos
três anos da contribuição desses 150 países ao gasto total com construção, de modo a minimizar os
efeitos das variações anuais sobre esses índices.
Tabela 3 – População e PIB per capita
Crescimento do gasto
Status do País Crescimento do PIB
com construção
LDC 6,2% 5,2%
NIC 5,8% 3,8%
AIC -2,1% -0,4%
Fonte: Bon e Crosthwaite, 2000.
Pelos dados da tabela 5, infere-se que a demanda por construção é determinada não apenas pelos
investimentos e crescimento econômico, mas também pelo estágio de desenvolvimento da economia.
À medida que o país muda seu estágio de desenvolvimento econômico, seus crescimentos
populacional e industrial exigem uma alteração nos gastos com construção. Esses gastos são
crescentes até o estágio de NIC, decrescendo no estágio de AIC.
Durante o período da 1996 a 1998, pode-se dizer que houve um pequeno declínio do gasto global com
construção, haja vista que os dados da ENR são baseados em preços correntes. Isto é, como não se
leva em conta a inflação, se os valores dos gastos se apresentam estagnados, é porque, na verdade,
houve queda. A tabela 6 apresenta os gastos com construção de 1996 a 1998, por região. Como se vê,
a América Latina apresentou um gasto com construção de 6,19% em 96, de 7,41% em 97 e de 7,58%
em 98, em relação ao total mundial. Isso ainda é um valor muito reduzido, mas está em visível
ascensão.
Tabela 6 - Gasto com construção por região (US$ milhões)
Estados Unidos
20% Japão
44% Alemanha
Brasil
19%
Outros países da América
4% 10% Latina
3% Outros países do Mundo
4. ANÁLISES
Consumo
Ano PIB Mercado Imobiliário (¹) de Cimento
Taxa acumulado Vel. Mil
no ano Lançamentos Vendas SFH (²) toneladas
Unid.
Total C. Civil unidades (%) financiadas Brasil
1998 0,13 1,54 21.667 7,4 37.204 39.866
1999 0,79 -3,67 26.358 7,5 34.190 40.166
2000 4,36 2,62 29.666 8,6 35.710 39.394
2001 1,31 -2,66 23.785 7,6 35.589 38.264
2002 1,93 -1,85 21.157 8,4 28.790 37.620
2003 -0,22 -8,59 26.367 7,2 36.376 33.563
(1) Lançamentos e V.V. referem-se ao município de São Paulo e, SFH, ao Brasil (2) Total = Construção e
Aquisição (3) Acumulado no ano
Fonte: Indicadores, Sinduscon/SP. Disponível em www.sindusconsp.com.br
Pela tabela 12, observa-se uma divergência da tendência de que o crescimento da construção
acompanha o crescimento da economia. Enquanto, na maioria desses anos, o PIB nacional cresceu
modicamente, a construção sofreu diversas quedas e apenas dois anos de ascensão. Pode-se visualizar
claramente através do gráfico 7.
4,36
6
2,62
4 Crescimento
1,93
1,54
1,31
0,79
do PIB
0,13
2 Nacional
0
-0,22
-2
-1,85
Crescimento
-2,66
-4 do PIB da
-3,67
-6 Construção
Civil
-8
-8,59
-10
1998 1999 2000 2001 2002 2003
Fonte: SINDUSCON/SP, 2004
Gráfico 7 – Crescimento percentual do PIB Nacional e da Construção Civil de 1998 a 2002.
Esse comportamento da construção mostra que a situação brasileira, em relação à tendência apontada
para a América do Sul pela ECERU ocorreu de forma pior do que se imaginava. O esperado era
ocorrer alternância entre estagnação e crescimento suave.
Apesar desse comportamento, a expectativa dos empresários do setor, é que a atual tendência de queda
dos juros, volta do crescimento da economia, e aumento de investimentos em habitação, saneamento e
transportes urbanos possam contribuir para o desenvolvimento da construção (SINDUSCON/SP,
2004). Outro grande fator para essa possível retomada de crescimento será as conseqüências da
reforma tributária.
Destaca-se ainda o aumento do desemprego ocorrido na construção nacional. Durante o período de
2000 a 2003, esse desemprego aumentou 6,57% (SINDUSCON/SP, 2004).
Quanto à economia norte americana, ela continua apresentando o maior PIB do planeta, confirmando
sua importante influência mundial.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o período de 1968 a 2002, observa-se que o crescimento da ICC acompanha o crescimento da
economia. Apesar dessa tendência, esse comportamento não se torna regra, conforme pode se ver no
gráfico 7. Essa divergência de comportamento pode ser explicada pelo comportamento errático da
economia brasileira. A ICC demonstrou apresentar maiores tendências de acompanhar o crescimento
do PIB nacional, quando o desempenho da economia brasileira apresentou uma maior constância. Isso
ocorreu durante a década de 70, época do “milagre econômico”, quando o crescimento do setor chegou
a atingir taxas acima de 20% ao ano.
A classificação do Brasil, de acordo com o critério da pesquisa da ENR, mostra que o país está
inserido no contexto de país NIC. Ainda de acordo com os resultados obtidos da pesquisa, infere-se
que a América Latina apresenta PIB e gasto com construção pouco expressivo a nível mundial,
conforme pode ser observado nas tabelas 6 e 7. Analisando o Brasil, em relação aos outros países da
América Latina, o país representa a maior parte dos gastos com construção do continente. Enquanto o
Brasil representa 3% dos gastos mundiais com construção, os outros países da América Latina
representam 4%, conforme o gráfico 6.
Um outro indicador importante a ser ressaltado sobre a pesquisa da ENR é que, apesar do Brasil ter
sido o sexto país no mundo com maior gasto com construção em 1998, conforme a tabela 8, quando
analisamos esse valor per capita, o país não aparece na lista dos 20 maiores.
Os resultados do questionário da ECERU, realizado entre 1992 e 1998, mostraram que os
entrevistados não estavam tão certos quanto à assertiva que, para os 25 anos posteriores a pesquisa, o
mercado da América do Sul iria crescer, mas que continuará pequeno a nível mundial e com
momentos de estagnação. Analisando o que ocorreu com o Brasil durante o período de 1998 a 2003,
nos primeiros cinco anos posteriores à pesquisa, nota-se que o país teve um declínio forte na
construção e um crescimento pouco expressivo da economia, conforme o gráfico 6. Isso diverge da
assertiva acima.
De acordo com o analisado, poder-se-ia rever o modelo abordado de tendência da pesquisa da
ECERU, já se tendo passado 5 anos. É notório o crescimento da construção em países LDC, o que,
entretanto, não representa uma mudança significativa no cenário econômico mundial. De acordo com
o relatado para o Brasil, a tendência é de um crescimento da construção, que poderá acelerar aos
poucos. Destaca-se também que o gasto com recuperação deverá aumentar por um longo período.
Seria o caso de recuperação de estradas, pontes e edifícios. Outro fator a ser ressaltado, é que o déficit
habitacional é muito alto no país, 6,6 milhões de unidades (FOLHAONLINE, 2002), o que propicia
um cenário que contribui para o crescimento desse setor.
BIBLIOGRAFIA:
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Telford, 2000.
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MELLO, R.B. O estudo da mudança estratégica organizacional em pequenas empresas de
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Engenharia de Produção – Curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de
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RAMOS, R. L. O. et alli. O Macro Setor da Construção. In: MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO
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SINDUSCON/SP. Indicadores. Disponível em < http://www.sindusconsp.com.br/frame.asp?page=../
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