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PODER JUDICIÁRIO

Tribunal de Justiça do Estado da Bahia


Gabinete do Desembargador José Olegário Monção Caldas

QUARTA CÂMARA CÍVEL – Câmaras Cíveis Isoladas


Agravo de Instrumento N.º2962-0/2008
Comarca :São Francisco do Conde
Agravante: MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DO CONDE
Advogado: MARIA ZENAIDE ROCHA E OUTROS
Agravada: KARINA MARTINS DOS REIS
Advogado: ZENIRA RAMOS ARAÚJO E OUTROS
Relator: DES. JOSE OLEGÁRIO MONÇÃO CALDAS

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO


DE REPARAÇÃO DE DANOS CONTRA
O MUNICÍPIO. PLEITO DE
DENUNCIAÇÃO À LIDE DOS
PREPOSTOS. INDEFERIMENTO NO
JUÍZO A QUO. PRELIMINARES
REJEITADAS. INTERESSE
RECURSAL E POSIBILIDADE
JURÍDICA DO PEDIDO. MÉRITO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
MUNICÍPIO. TEORIA DO RISCO
ADMINISTRATIVO. DIREITO DE
REGRESSO DO ENTE PÚBLICO, EX
VI DO ART. 37,§6º, DA C.F.
MANUTENÇÃO DO DECISÓRIO.
PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS.
NEGATIVA DE SEGUIMENTO AO
AGRAVO, ARRIMO NO ART. 557,
“CAPUT”, DO CPC.

Demonstrada a utilidade do
recurso, por suposto gravame
a direito seu, tem interesse
processual o agravante, sendo
juridicamente possível o
pleito de reforma do
decisório.

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Preliminares rejeitadas.

Em se tratando de ação
reparatória de danos, com
fundamento na teoria da
responsabilidade objetiva
do ente municipal, descabe
a comprovação de culpa do
preposto e a denunciação à
lide do agente causador do
dano, para ensejar o dever
de indenizar.

SEGUIMENTO NEGADO AO AGRAVO.

DECISÃO MONOCRÁTICA

Vistos estes autos de Agravo de


Instrumento nº. 2962-0/2008, em que é Agravante
MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DO CONDE e Agravada
KARINA MARTINS DOS REIS.
Com fundamento no art. 557, caput, do
CPC, redação dada pela Lei nº 9.756/98, NEGO
SEGUIMENTO ao presente recurso.
E o faço porque sobredita norma ampliou
os poderes do relator, facultando-lhe obstar o
seguimento de recurso manifestamente
improcedente, inclusive em hipóteses de

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contrariedade à jurisprudência pacífica, embora


não sumulada (STJ-2ª T.,Ag.142.320-DF, rel. Min.
Ari Pargendler, j.12.6.97, negaram provimento,
v.u. DJU 30.06.97, p.31.018,;RT 738/432., RTJE
157/235).
Na hipótese sub judice, o MUNICÍPIO DE
SÃO FRANCISCO DO CONDE interpôs Agravo de
Instrumento da decisão proferida nos autos da
Ação de Reparação de Danos Morais e Materiais,
aforada por KARINA MARTINS DOS REIS.
É que o ilustre magistrado da Instância,
ao sopesar o fundamento da demanda –
responsabilidade objetiva do ente público – e a
previsão constitucional do direito de regresso,
indeferiu a denunciação à lide da empresa
GESTMED-GESTÃO E SERVIÇOS DE SAÚDE LTDA. e dos
profissionais que atuaram no evento danoso,
determinando o prosseguimento do feito
(fls.46/50).
Escora-se o Agravante na admissibilidade
da intervenção, independentemente da tese de
defesa abraçada, se não delimitado o nexo de
causalidade entre o ato emanado do poder público
e o prejuízo reclamado pela vítima.
Pugnou pelo provimento do agravo, sem
requerimento liminar.

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Intimada para contra-razões, a ex


adversa suscita, preliminarmente, a ausência de
interesse processual e a impossibilidade
jurídica do pedido, conduzindo ao não
conhecimento do agravo.
No mérito, a manutenção do entendimento
hostilizado.
Com as informações do 1º grau,
retornaram os autos.
É o relatório.
Decido.

Ao exame das preliminares, demonstrada a


utilidade do recurso, por suposto gravame a
direito seu, tem interesse processual o
agravante, sendo juridicamente possível o pleito
de reforma do decisório.
Rejeito as argüições.
No mérito, o recurso é inglório.
Na lição de GUIDO ZANOBINI, o conceito
de responsabilidade traduz “a situação de todo
aquele a quem, por qualquer título, incumbem as
conseqüências de um fato danoso” (ZANOBINI,
Guido. Corso di diritto ammnistrativo. 6ª. ed.
Milano: Giuffrè, v. 1, 1952, p. 269; apud Juris

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Síntese).
E à luz da teoria da responsabilidade
objetiva, para surgir a obrigação indenizatória
da pessoa de direito público, basta o nexo
causal entre o dano produzido e a atuação do
Estado, força do risco administrativo desde que
assumiu a prestação de serviços adequada e
eficaz, à coletividade.
Dispensa-se, assim, o cidadão, da prova
de culpa do agente, prevendo o legislador,
nessas circunstâncias, a ação regressiva do
gestor público em face de seus prepostos, a teor
da regra fundamental, in verbis:
“Art. 37...
...
§ 6º. As pessoas jurídicas de
direito público e as de
direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo
ou culpa.”

Observando-se uma lesão a bem ou direito


e, sendo o sujeito da ação lesiva agente
público, no exercício de suas funções, recai

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sobre o Estado o dever de indenizar a vítima,


seja porque escolheu mal os seus prepostos
(culpa in eligendo), seja pela má fiscalização
do serviço público (culpa in vigilando).
Por isso mesmo, a jurisprudência do eg.
Superior Tribunal de Justiça consolidou:
“Nas ações de indenização
fundadas na responsabilidade
civil objetiva do estado
(CF/88, art. 37, § 6º), não é
obrigatória a denunciação da
lide dos eventuais
responsáveis pelo ato lesivo
(CPC, art. 70, III). 6. A
pretensão de ressarcimento
poderá ser objeto de ação
regressiva autônoma, para não
comprometer a rápida solução
do litígio, hoje
consubstanciada em garantia
individual fundamental (CF/88,
art. 5º, lxxvii). 7. Recurso
Especial parcialmente
conhecido e, nessa parte,
desprovido. (STJ – RESP
200501045395 – (764010 RJ) –
1ª T. – Relª Min. Denise
Arruda – DJU 13.11.2006 – p.
232).”

“PROCESSUAL CIVIL E
ADMINISTRATIVO – ACIDENTE DE
TRÂNSITO – INDENIZAÇÃO –
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO – DENUNCIAÇÃO À LIDE DO

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AGENTE CAUSADOR DO DANO – NÃO-


OBRIGATORIEDADE – AÇÃO
REGRESSIVA – 1. Esta Corte
perfilhou entendimento de que
não é obrigatória a
denunciação à lide do agente,
nas ações de indenização
baseadas na responsabilidade
civil objetiva do Estado,
mesmo em casos de acidente de
trânsito. 2. Recurso Especial
improvido. (STJ – RESP
199600187401 – (91202 SP) – 2ª
T. – Rel. Min. Castro Meira –
DJU 13.12.2004 – p. 00268).”

Vale, ainda, transcrito o aresto do


Supremo Tribunal Federal:
“Responsabilidade Civil do
Estado. Seus pressupostos.
Processual Civil. Ação de
indenização, fundada em
responsabilidade objetiva do
Estado, por ato de
funcionário, não comporta
obrigatória denunciação a
este, na forma do art. 70,
III, do Cod. Proc. Civil, para
apuração de culpa,
desnecessária a satisfação do
prejudicado (STF, RE 93880,
Rio de Janeiro, DJ 05.02.82,
2ª T., Min. Décio Miranda).”

A ação regressiva é, pois, medida


judicial ordinária a ser ajuizada após o término

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da ação que condenar o Estado a indenizar o


particular, como explica Hely Lopes Meirelles
(Direito Administrativo Brasileiro, 31ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2005.2005, p.444):
“A ação de indenização da
vítima deve ser ajuizada
unicamente contra a entidade
pública responsável, não
sendo admissível a inclusão
do servidor na demanda. O
lesado por ato da
Administração nada tem a ver
com o funcionário causador do
dano, visto que o seu
direito, constitucionalmente
reconhecido (art. 37), é o de
ser reparado pela pessoa
jurídica, e não pelo agente
direto da lesão. Por outro
lado, o servidor culpado não
está na obrigação de reparar
o dano à vítima, visto que só
responde pelo seu ato ou por
sua omissão perante a
Administração a que serve, e
só em ação regressiva poderá

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ser responsabilizado
civilmente.

Destarte, o entendimento do ilustre a


quo merece ratificado pelos seus jurídicos
fundamentos.
Rejeitadas as preliminares, no mérito
NEGO SEGUIMENTO AO RECURSO, com espeque no
artigo 557, “caput”, do CPC.
Publique-se. Intimem-se.
Salvador, de de 2008.

DES.JOSÉ OLEGÁRIO MONÇÃO CALDAS


Relator

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