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ESTUDOS DO 1. S C A.

A
ANO I

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO

AVEIRO
1 9 8 1
j—rs.c.A.A.—
. !

ESTUDOS DO I. S. C. A. A.
PUBLICAÇÃO ANUAL

ANO 1—1981

■ I. S. C. A. A. ­
T^< ÎQTECA

* J.fi, JÛ, 9o.


Data

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE


E
ADMINISTRAÇÃO DE AVEIRO

Rua João Mendonça, 17­2.° — 3 8 0 0 AVEIRO


NESTE NÚMERO:

• JUVENTUDE E ASSOCIATIVISMO NO DISTRITO DE AVEIRO

Amílcar Amorim

• O PLANO OFICIAL DE CONTABILIDADE PORTUGUÊS E A


SUA ADEQUAÇÃO À 4.a DIRECTIVA DA C. E. E.

Domingos José da Silva Cravo

• CONCORRÊNCIA DE CONVENÇÕES COLECTIVAS


DE TRABALHO

Ilídio Duarte Rodrigues

• PROCESSOS MARKOVIANOS EM GESTÃO DE EMPRESAS

Joaquim José da Cunha


PALAVRAS DE ABERTURA

1 — O Dec-Lei 313/75 de 26 de Junho, ao fazer depender os Institutos


Comerciais da Direcção-Geral do Ensino Superior e equiparar a Ba-
charéis todos os seus diplomados, veio pôr fim a uma situação de
injustiça gue há muitos anos se vinha a verificar.
A este regime de transição pôs termo o Dec.-Lei 327/76 de 6 de Maio
que converteu os Institutos Comerciais em Institutos Superiores de
Contabilidade e Administração. Quando tudo parecia desanuviado, eis
que novas nuvens apareceram no horizonte que até hoje ainda não
deixaram que estas novas Escolas emanem toda a luz de que são capazes.
A luta e as sugestões que esta Escola tem já desencadeado para diminuir
o peso asfixiante da indefinição, serve apenas de lenitivo e esperança
para que o M. E. U., sem favores, dê aos I. S. C. A. o estatuto de
maioridade a que têm direito e que por mérito já conquistaram.

2 — Enquanto não desaparece a borrasca entorpecedora da indefinição,


embora vagarosamente, o crescimento qualitativo do I. S. C. A. Aveiro
prossegue.
O aparecimento da publicação «Estudos do I. S. C. A. A.» testemunha
o vigor qualitativo desta Escola que mesmo contra a corrente, teima
em crescer.

3 — As dificuldades com que vamos deparando não param e por isso mesmo
mais apostados estamos em superá-las.
Este primeiro número sai com quatro artigos. Outros números sairão
por certo com mais trabalhos e de melhor qualidade.
Ao exortar todos os nossos colaboradores a um trabalho árduo e elabo-
rado, queremos significar que, acima de tudo, o que interessa é encarar
de maneira construtiva o futuro do I. S. C. A. Aveiro de modo a tor-
ná-lo um instrumento de desenvolvimento social no meio em que está
inserido, e, de imediato levar o progresso e formação a todos os alunos
que o procuram.
É que estes, acreditamos, ao serviço do saber e do desenvolvimento da
instituição, darão tanto da sua generosidade quanto contam receber.

O PRESIDENTE DO CONSELHO DIRECTIVO


Juventude e Associativismo
no Distrito de Aveiro

Amílcar Amorim

1. NOTA PRÉVIA

O presente trabalho visa o recenseamento da actividade associativa


da juventude no Distrito de Aveiro.
O autor está certo de não ter alcançado de maneira absoluta e exaus-
tiva tão ambicioso e complexo projecto. Todavia, supõe que este contributo
pode ser um ponto de partida para mais ampla e profunda investigação neste
domínio. Por isso se publica.
É que a participação livre e esclarecida dos jovens na vida colectiva,
o reconhecimento do seu papel na sociedade e o seu acesso à idade
adulta implicam que da parte dos responsáveis, políticos, pais, sociólogos
e outros educadores se conheça nas suas verdadeiras dimensões o fenómeno
do associativismo juvenil.
É certo que a investigação sociológica neste domínio é árdua e exigiria
muitos meios mesmo que se fosse modesto à partida considerando somente
as «variáveis sociais» mais caracterizadoras, como o status social, a prefe-
rência política, a preferência religiosa, a filiação em associações, escolaridade,
rendimento, ocupação, raça, sexo, etc.
Não se foi tão longe. O que se pretendeu foi fazer um simples «levan-
tamento» (survey research) aproximado de um «estudo de campo» que nos
faculte uma imagem, porventura imprecisa, mas aproximada e suficiente-
mente caracterizadora da realidade sociológica da juventude, neste domínio.

9
2. BREVE NOTA GEOGRÁFICA

O Distrito integra 19 concelhos : Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia,


Arouca, Aveiro, Castelo de Paiva, Espinho, Estarreja, Feira, Ílhavo, Mea-
lhada, Murtosa, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Ovar, S. João da
Madeira, Sever do Vouga, Vagos e Vale de Cambra.
Quase todo o Distrito está definido pela Ria, elemento que lhe dá
unidade e de certo modo explica a sua existência; desde tempos imemoriais
que a Ria é instrumento precioso de valorização económica desta área do
País. De Esmoriz a Mira, no litoral, a Ria é o verdadeiro traço de união
desta rica região agro-industrial.
Por ela circulam valores económicos, desde o sal ao moliço, trans-
portados nos famosos moliceiros e mercantéis. Porém, para o interior, o
Distrito de Aveiro avança para as escarpas da Serra da Freita ao Norte, a
Leste para o planalto de Viseu e o célebre Caramulo e para o Sul, paraas
terras da Bairrada.
É toda uma variedade de cambiantes geográficos que vão das terras
alagadas do litoral, às zonas mais serranas dos concelhos de Arouca, Castelo
de Paiva e Sever do Vouga.
As áreas dos concelhos são variadas : S. João da Madeira em extensão
o mais pequeno e Águeda e Arouca os maiores.
O povoamento é disperso e a actividade agrícola, baseada na poli-
cultura, é intensa e muito cuidada. A propriedade, como se dirá mais adiante
caracteriza-se pelo minifúndio.

3. A POPULAÇÃO JUVENIL DO DISTRITO

Segundo os dados preliminares do Censo 81, a população total do


Distrito de Aveiro é de cerca de 624 000 almas (Quadro IV) O concelho
mais populoso do Distrito (Quadro I) é de longe o da Feira, com cerca de
110 500 almas, seguido de Oliveira de Azeméis e Aveiro. Entre os três mais
pequenos contam-se : S. João da Madeira e Oliveira do Bairro (17 000 almas
cada), Sever do Vouga (13 900) e Murtosa (11 400).
Um indicador seguro da «força» juvenil do Distrito poderia ser o
numero de inscrições no ensino primário. Por ele concluiríamos que (utili-
zando valores de 1976/77) Aveiro era o 4.° Distrito em termos de grandeza
com 67 700 inscrições depois de Porto (164 400 crianças), Lisboa (138 400)
e Braga (88 800) (veja Quadro V).
Considerando, porém, outro tipo de análise, no sentido de avaliar a
composição etária da população do Distrito, e se considerarmos o que é
normalmente aceite, que uma população se reputa jovem quando o número

10
dos seus habitantes com idade inferior a 15 anos é igual ou superior a me-
tade da população adulta, poderemos concluir que não obstante a emigração,
o Distrito apresenta neste capítulo valores confortáveis (veja Quadros VI,
VII e VIII). Aveiro apresenta no grupo de idades dos 0 aos 19 anos
41,3 % da população quando estimativas recentes (1980) apontavam para
35 % como valor médio do País neste grupo. Assim, o Distrito de Aveiro
apresenta neste grupo de idades valores muito acima da média estimada
(veja Quadro IX).
Se atendermos ao modelo teórico de Pichat, dos 0-25, 520/1 000, dos
25-50, 325/1000, e de idades superiores aos 50 anos, 155/1000, chegare-
mos à mesma conclusão. Em números redondos, para uma população,
de 542 800 habitantes no Distrito, (segundo o Censo de 1970), teríamos em
obediência ao modelo, uma população jovem (0-25) de 270 900, o que nos
aproxima por defeito, no que respeita à juventude, do modelo de Pichat
(Quadro III). A diferença para menos, aliás insignificante, não deve ser
estranha, por um lado, a emigração e por outro, a geral quebra das taxas
de natalidade que se vêm verificando desde os anos 60.
Em termos globais, considerando já os resultados preliminares do
Censo de 1981 (ver Quadro IX), verifica-se um aumento da população pre-
sente, de 14,9 %, sendo Aveiro o Distrito que se situa em 5.° lugar entre
os de maior aumento demográfico : Setúbal 39,5 %, Lisboa 29,5 %, Faro
20,9 %, Porto 18,7 % e Aveiro 14,9 %.
No que respeita à densidade da população, Aveiro situa-se entre os
Distritos do continente com maior densidade populacional (230 hab./Km. 2 ),
só ultrapassado por Lisboa (746), Porto (679) e Braga (277).
Sendo a média de 105 hab./Km. 2 para o conjunto dos distritos do
continente, concluiremos que a densidade populacional do Distrito de Aveiro
é superior ao dobro da média nacional. Dos 19 Concelhos do Distrito só
Arouca (87 hab./Km. 2 ) e Ílhavo (42) apresentam valores inferiores à média
(Quadro II).
Apreciando a variação percentual da população recenseada em Março
de 81 quando comparada com o Censo de 70, verificamos que dos 19 con-
celhos do Distrito, oito têm crescimento demográfico superior à média na-
cional : Águeda (18 % ) , Anadia (15,4 %) Mealhada (18,3 % ) , Oliveira
do Bairro (15,7 % ) , Aveiro (17,3 % ) , Albergaria-a-Velha (21,2 % ) , Ílhavo
(32,2 %) e Feira (20,6 % ) . Ílhavo destaca-se de todos os outros concelhos,
com um crescimento superior a 32 %, relativamente ao Censo de 70, facto
que poderemos imputar à proximidade, em relação a Aveiro de algumas
das suas freguesias mais populosas (Gafanhas, Barra e Costa Nova) que
funcionam, hoje em dia, como autênticos «dormitórios» da capital do
Distrito.
Com um aumento inferior a 15 %, temos Vale de Cambra (13,3 % ) ,
Ovar (13 % ) , Sever do Vouga (12,4 % ) , Espinho (13,3 % ) , Murtosa
(8,2 % ) , Estarreja (7,8 % ) , Castelo de Paiva (5,5 %) e Arouca (1,2 %)•
O Concelho de Vagos é, no Distrito de Aveiro, o único que viu dimi-

!1
nuir o número de habitantes. Poderemos encontrar uma explicação para
o facto se pensarmos que em Vagos se continua a observar um volumoso
fluxo migratório. Daí um decréscimo de 1,5 % na sua população actual,
em referência à que tinha em 1970.
No que respeita à população infantil e juvenil considerada dos 0-25
anos, por concelhos e por ordem decrescente, temos os valores absolutos
que o Quadro III apresenta; o concelho da Feira, com cerca de 52 300, mais
populoso, e a Murtosa, com cerca de 4 000, o menos populoso (1).

4. ASPECTOS ECONÓMICOS DO DISTRITO

No que respeita às dimensões médias da propriedade fundiária, veri-


fica-se que Aveiro, juntamente com o Porto e Viana do Castelo têm as
dimensões médias menores: 1,9 e 1,5 ha respectivamente, que confron-
tadas com as médias de Évora, Beja e Portalegre, (os distritos com maior
dimensão média do País, valores com respectivamente: 46,6, 35,8 e 28,4 ha),
dão bem a ideia de quanto a propriedade agrícola se encontra dividida. Em
nenhum concelho do Distrito, a propriedade apresenta valores médios muito
afastados dos indicados, porém a par desta extrema divisão da terra e con-
sequente dificuldade da sua exploração verificam-se concelhos onde a im-
plantação industrial apresenta um considerável significado. Os concelhos
de Águeda, Aveiro, Feira, Oliveira de Azeméis, Ovar e S. João da Ma-
deira são mesmo concelhos de grande importância industrial, bastando refe-
rir que, já em 1964, existiam no Distrito 6 empresas cada 'uma delas, em-
pregando mais de 1 000 trabalhadores, o que situava Aveiro em 4.° 'lugar
de importância entre os Distritos da País, logo depois de Lisboa, Porto e
Braga, e ao lado de Setúbal. Hoje, e também no sector industrial, Aveiro
caracteriza-se por um grande número de pequenas empresas instaladas.
Continuando a referir o inquérito industrial de 1964, verificamos ser
Aveiro o 3.° distrito do País, depois do Porto (202) e Lisboa (166) com
maior número de pequenas indústrias (68).
De salientar também que o número de assalariados, devido à reduzida
dimensão das explorações agrícolas, é também dos mais baixos da população
agrícola activa total (37 %) a contraporem-se a 89 % no Distrito de Por-
talegre e 60 % da população agrícola activa total do País.
Quanto à qualidade de vida, o Distrito não está isento de problemas
A poluição provocada por grandes unidades industriais, como a Celulose
do Caima, Portucel e Isopor entre outras, parece ser responsável por uma
preocupante degradação do meio ambiente.

(1) —Números do Censo de 1970.

12
QUADRO I

DISTRITO DE AVEIRO

População
Concelhos
total

Águeda 42 900

Albergaria-a-Velha 20 800

Anadia 29 700

Arouca 26 500

Aveiro 60 000

Castelo de Paiva 18 300

Espinho 34 700

Estarreja 27 800

Feira 110 500


Ílhavo 28 400
Mealhada 18 900
Murtosa 11 400
Oliveira de Azeméis 63 100
Oliveira do Bairro 17 000
Ovar 45 400
S. João da Madeira 17 000
Sever do Vouga 13 900

Vagos 20 800
Vale de Cambra 24 000
QUADRO II

DISTRITO DE AVEIRO

Densidade
Concelhos População
Hab./km.

Águeda 127
Albergaria-a-Velha 143
Arouca 87
Anadia 141
Aveiro 288
Castelo de Paiva 166
Espinho 1 577
Estarreja ?22
Feira 526
Ílhavo 42
Mealhada 159
Murtosa 211
Oliveira de Azeméis 412
Oliveira do Bairro 198
Ovar 282
S. João da Madeira 2 833
Sever do Vouga 105
Vagos 121
Vale de Cambra 162
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16
QUADRO V

Ensino Primário, inscritos, em milhares, ano de 1976-1977

Distritos Inscrições

Aveiro 67,7
Beja 15,6
Braga 88,8
Bragança 20,0
C. Branco 19,8
Coimbra 36,4
Évora 13,3
Faro 22,8
Guarda 20,8
Leiria 39,2
Lisboa 134,4
Portalegre 10,5
Porto 164,4
Santarém 36,5
Setúbal 46,5
V. do Castelo 28,8
Vila Real 34,6
Viseu 48,4
A. Heroísmo 7,3
Horta 3,2
P. Delgada 17,8
Funchal 32,8
Total 913,6

Cidades :
Lisboa 49,6
Porto 26,1

FONTES : Estatísticas da Educação, 1971. Lisboa, 1972; Id. 1977, Id. 1978.
(a) Excluem-se os alunos do ensino individual e doméstico, que perfazem
7,9 em 1970-1971 e 4,5 em 1976-1977

17
QUADRO VI

ESTRUTURAS ETÁRIAS DOS DISTRITOS


(por ordem decrescente de importância relativa das idades jovens)

Idades Idades Idades


DISTRITOS 0-19 20-59 60 e + anos
% % %

Braga 47,4 40,7 11,9


Vila Real 43,6 42,2 14,2
Guarda 43,3 44,5 21,2
Porto 42,4 45,7 11,9
Aveiro 41,3 45,4 13,3
Bragança 40,5 42,9 16,6
Viseu 38,8 43,5 17,7
Viana do Castelo 38,6 43,7 17,7
Leiria 35,5 49,1 15,4
Coimbra 32,0 49,2 18,8
Castelo Branco 30,9 48,0 21,1
Santarém 30,5 50,9 18,6
Setúbal 29,9 57,6 12,5
Beja 29,9 51,9 18,2
Lisboa 28,8 56,0 15,2
Évora 27,6 54,7 17,7
Portalegre 27,2 52,1 20,7
Faro 27,2 51,7 21,1

Fonte : Grandes Opções do Plano 1977/80, INCM

18
QUADRO VII

ESTRUTURAS ETÁRIAS DOS DISTRITOS, NO QUE RESPEITA


AO GRUPO DOS 20-59 ANOS
(por ordem decrescente de importância relativa)

20-59
D I S T R I T O S
%

Setúbal 57,6

Lisboa 56,0

Évora 54,7

Portalegre 52,1

Beja 51,9

Faro 51,7

Santarém 50,9

Coimbra 49,2

Leiria 49,1

Castelo Branco 48,0

Porto 45,7

Aveiro 45,4

Guarda 44,5

Viana do Castelo 43,7

Viseu 43,5

Bragança 42,9

Vila Real 42,2

Braga 40,7

Fonte: Grandes Opções do Plano 1977/80, INCM


QUADRO VIII

ESTRUTURAS ETÁRrAS DOS DISTRITOS NO QUE RESPEITA


AO GRUPO DOS 60 E MAIS ANOS
(por ordem decrescente de importância relativa)

D I S T R I T O S 60 e + anos
%

Guarda 21,2
Castelo Branco 21,1
Faro 21,1
Portalegre 20,7
Coimbra 18,8
Santarém 18,6
Beja 18,2
Évora 17,7
Viseu 17,7
Viana do Castelo 17,7
Bragança 16,6
Leiria 15,4
Lisboa 15,2

Vila Real 14,2

Aveiro 13,3

Setúbal 12,5

Braga 11,9

Porto 11,9

Fonte: Grandes Opções do Plano 1977/80, INCM

20
QUADRO IX

ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO DO CONTINENTE E


SUA DISTRIBUIÇÃO POR G RUPOS ETÁRIOS E SEXOS

(1980)

Grupo de idade Homens Mulheres Total %

0­4 430 546 412 916 843 462

5­9 429 618 436 113 865 731

' 35,1 %
10­ 14 382 295 375 799 758 094

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1 5 ­ 19 418 483 413 843 832 326

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50­64 634 684 777 580 1412 264

Mais ­ 64 403 636 612 414 1016 050 11%

Totais 4 339 769 4 939 211 9 279 000

21
5. ASSOCIATIVISMO CULTURAL E RECREATIVO

O movimento associativo no Distrito de Aveiro apresenta uma notável


vitalidade. Em todos os concelhos do Distrito, sem excepção, há associações
juvenis com diversificadas actividades, que vão da música ao teatro, dos
grupos folclóricos ao simples convívio. São ao todo cerca de 500 associações,
distinguindo-se os concelhos de Aveiro (78 associações), Vila da Feira (38)
e Ovar (35). Entre os de mais reduzida expressão numérica contam-se Alber-
garia-a-Velha (9), Murtosa (9) e Sever do Vouga (9) (ver Quadro X). Se
juntarmos a este número, já de si elevado, o número das escolas primárias
existentes no Distrito (672) e as escolas secundárias em número de 24,
far-se-á uma ideia de quanto é intensa a dinâmica cultural e o associativismo
que, como diz Max Weber, tem o mérito «de veicular e dar realização às
energias culturais que brotam e crescem no meio do povo anónimo mas de
um povo capaz de viver e sentir realmente a sua consciência colectiva
de povo».
Mais adiante, nos referiremos às actividades desenvolvidas nestas
associações, sobretudo no que respeita às actividades musicais, cénicas e
folclóricas, por agora, diríamos que a frequência dos estabelecimentos de
ensino no Distrito de Aveiro se situa entre os 3 distritos de mais elevado
acréscimo, o que, em nossa opinião, é um índice seguro da actividade cultural
do Distrito.
Outros indicadores fortemente favoráveis podem ser também apreciados
como, por exemplo, o número de museus existentes. O Distrito dispõe de 5
museus, o que o situa em 5.° lugar no contexto nacional. Se atendermos ao
número de visitantes registados, o indicador é ainda mais favorável ao Distrito,
por quanto sobe para 3.° lugar, logo a seguir a Lisboa e Coimbra, só que neste
caso teremos que admitir que parte importante dos visitantes são oriundos
de outros distritos ou do estrangeiro. Também no número de licenças de TV,
o Distrito ocupa um lugar muito confortável, o 4.° a nível do País, depois
de Lisboa (371,5), Porto (191,7) e Setúbal (98,6). No Distrito os deficientes
estão também enquadrados em movimentos associativos e cooperativos: as
CERCFs (Cooperativas de Ensino e Recuperação de Crianças Inadaptadas)
de que existem no Distrito 5 dos 29 centros cooperativos que existem no
País (Ovar, Espinho, Aveiro e Paços de Brandão) e uma associação de defi-
cientes (núcleo de Águeda).
Este associativismo acabado de referir, embora relativamente numeroso
e de vida intensa, nem sempre se mostra fácil na realização e na concreti-
zação dos meios necessários às suas actividades. Basta referir que das cerca
de 500 associações recenseadas no Distrito só aproximadamente 1/5 tem sede
própria, registando-se nos outros 4/5 a existência de associações ou grupos
que utilizam lugares naturalmente precários, sobretudo por empréstimos ou
cedência de centros paroquiais e outros. Casos há de associações importantes
e dinâmicas, que fazem os seus ensaios e desenvolvem as suas actividades

22
por atenção e carinho de uma outra instituição ou mesmo de particular que
para o efeito cedem instalações aos grupos juvenis. É frequente depararem-se
situações destas, sobretudo nos ranchos folclóricos. Bandas de música há
também, que, embora centenárias nunca dispuseram de instalações próprias.
É fácil imaginar os transtornos que isto causa às suas actividades
associativas e por isso justo é salientar o grande espírito associativo, a ener-
gia espiritual, a vontade de convívio, em suma, o amor a estas actividades
culturais de que tal facto é evidente testemunho.

6. O TEATRO

No campo das actividades cénicas o distrito conta cerca de 62 asso-


ciações e grupos juvenis que, com entusiasmo se dedicam ao teatro, repre-
sentação mímica e fantoches.
Nesta actividade à volta de 1 500 jovens ocupam parte dos seus tempos
livres, desenvolvendo a criatividade, o associativismo, o trabalho de grupo
e o intercâmbio juvenil.
Ovar, Oliveira de Azeméis, Aveiro, Arouca e Feira são os concelhos
de maior expressão. Sever do Vouga, Murtosa e Oliveira do Bairro não
apresentam associativismo significativo no âmbito desta modalidade cultural.

7. AS DANÇAS E CANTARES POPULARES

A região de Aveiro, sobretudo as áreas circunvizinhas do rio Vouga,


especialmente no seu baixo curso apresentam no domínio das danças popu-
lares tradicionais e nos seus trajes típicos uma grande riqueza. O Distrito
conta por isso com 33 grupos ou ranchos folclóricos na sua maioria com-
postos por jovens. Porém, é frequente encontrarem-se grupos folclóricos,
cujas tocatas integram gente de idade e mesmo idosas. É que certas modas
populares e certos instrumentos são hoje tão antigos que só alguns idosos
os sabem interpretar. Os concelhos de Arouca, Águeda e Oliveira de Aze-
méis são aqueles que apresentam maior número de grupos ou ranchos folcló-
ricos (Arouca 7, Águeda 5 e Oliveira de Azeméis 5).
Além desta actividade no campo das danças tradicionais populares,
que ocupa para cima de 2 000 jovens, o Distrito honra-se de possuir em
Mourisca do Vouga (Águeda) uma rica casa museu da região do Baixo
Vouga e ainda em Ovar um museu que conta no seu espólio uma rica
colecção de trajes varinos.
A cultura da voz em orfeons e coros é outra actividade cultural de
relevo no Distrito, pois foram recenseados 18 coros (1 200 jovens), não
incluídos os coros litúrgicos.

23
8. A MÚSICA

O Distrito conta com cerca de 47 bandas e escolas de música em plena


actividade. O concelho que mais sobressai no seio da actividade musical é a
Feira com 8 (oito) escolas de música, logo seguido de Águeda (6) e Ovar e
S. João da Madeira (4). (Ver Quadro XI)
Podemos considerar verdadeiramente exaltante a actividade das bandas
de música no Distrito, por quanto, além do relativamente elevado número
de escolas de música recenseadas, surpreende-nos a antiguidade de algumas,
como por exemplo a de Santiago de Riba Ul, cujos estatutos rezam haver-se
formada «em antes de 17...» e a banda Bingre Canelense cuja existência
em actividade ininterrupta é superior a um século. É curiosa esta actividade
no Distrito, se considerarmos que cada banda de música e escola musical
anexa ocupa para cima de 50 jovens, o que envolve em todo o Distrito e
nesta actividade um número de jovens superior a 2 500. A dinâmica desta
actividade é também digna de registo. Estes jovens deslocam-se sobretudo
no período do Verão para frequentes actuações, muitas vezes em pontos
distantes das suas sedes, o que confere a esta actividade uma movimentação
juvenil de grande interesse no campo cultural e recreativo constituindo uma
salutar ocupação dos seus tempos livres.

9. OUTRAS ACTIVIDADES CULTURAIS E RECREATIVAS

Além das actividades já referidas, há que salientar mais algumas


modalidades, que embora de pequena dimensão, são contudo de realçar,
devido ao incremento de que estão a ser alvo por parte de grupos ou elemen-
tos bastante entusiastas e que a elas se dedicam. O aeromodelismo, por
exemplo, em que um ou mais elementos se dedicam a construir um pequeno
avião telecomandado ou não e que depois o lançam no ar, imitando os
grandes aviões em acrobacias; o rádio-amadorismo, uma actividade que hoje
em dia se está a desenvolver a um nível bastante razoável, sendo de salientar
neste aspecto o Jamboree Internacional do Ar que os escuteiros de todo
o mundo levam a cabo uma vez por ano e em que se estreitam laços de
amizade e se trocam impressões sobre o escutismo a nível internacional,
sendo também de realçar dentro desta actividade o elo de solariedade que
muitas vezes se desenvolve em casos de necessidade pública pelo pedido
de ajuda ou colaboração de uns para outros; o cinema e a fotografia são
outras das actividades tanto culturais como recreativas que se estão a desen-
volver entre os jovens, sendo muito salutar esta atitude, na medida em que
o cinema e a fotografia, com o desenvolvimento que hoje têm, muito podem
ajudar na revelação da sociedade e até mesmo na natureza, descobrindo

24
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e mostrando atitudes e comportamentos; por último, e com o seu aspecto de
positivo, temos que salientar a astronomia, que embora com poucos aderen-
tes, contudo se vai incrementando em alguns jovens que dedicam as suas
horas ou tempos livres a prescrutar o universo, procurando descobrir e encon-
trar explicações e até mesmo estudar os fenómenos que se desencadeiam no
espaço astral, sendo aqui de mencionar a cidade de Espinho onde poderemos
encontrar um grupo de jovens que se dedica a esta actividade.
Outras actividades se poderiam ainda mencionar embora menores em
número de praticantes tais como: espeleologia, serigrafia, arqueologia, artes
plásticas, etc.

10. BIBLIOTECAS E JORNAIS AO SERVIÇO DA JUVENTUDE

Já no Censo de 1970, Aveiro se situava entre os 3 Distritos de menor


índice de analfabetismo. Lisboa com 16,5 %, Porto 19 % e Aveiro com
20,8 % tinham taxas médias de analfabetismo muito inferiores à média
nacional (25,8 % ) . (2)
Para esta favorável situação supomos concorrer a situação geográfica
do Distrito por um lado, os contactos migratórios por outro, e ainda e talvez
sobretudo a sua elevada taxa de densidade populacional já referida no
ponto 3, o que favorece uma apertada rede de escolas de ensino primário
(mais de 600).
Se é certo que Lisboa tem só por si mais de metade dos livros exis-
tentes no País, Aveiro pode contar com cerca de 147 000 volumes distri-
buídos por 55 bibliotecas municipais e outras e ainda 25 bibliotecas juvenis
distribuídas por Associações de Cultura e Recreio. O índice de leitores
(16,8 %) é por isso razoavelmente elevado, comparativamente a outros
Distritos do País. (Ver Quadro XII)
Assim, conclui-se haver uma biblioteca para cerca de 8 000 habitantes.
Quanto à distribuição das bibliotecas pelos concelhos do Distrito
conclui-se que Aveiro com 12, Feira e Águeda, 6 cada, são os mais bem
servidos, e logo a seguir Ovar e Oliveira de Azeméis (5 cada). Oliveira do
Bairro com uma biblioteca, apresenta-se como o mais carente nesta moda-
lidade cultural.
No que respeita a jornais regionais, o Distrito de Aveiro ocupa um
lugar de certa importância. Dos 2 318 periódicos registados na Repartição

(2) — Prevê-se tenha descido para 23 % em 1979 (DR, I Série, de 6.5.81.


Grandes Opções para 1981-1984).

27
QUADRO XII

IMPRENSA PERIÓDICA, BIBLIOTECAS E VOLUMES


EXISTENTES, POR DISTRITO

(1977)

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Beja 194,5 9 18 53 27,2 25 12,9
Braga 673,8 68 39 604 89,6 76 11,2
Castelo B r a n c o 173,8 7 25 50 28,8 16 9,2
Bragança . . . 250,6 21 28 115 45,9 28 11,2
Codmbra . . . . 428,7 41 109 2 531 590,4 325 75,8
"Évora, 179,6 16 34 495 275,6 69 38,4
Faro 276,8 14 29 114 41,2 35 12,6
Guarda . . 200,8 22 28 42 20,9 16 8,0
Leiria 399,9 31 40 176 44,0 45 11,3
Lisboa . . . . 1 870,1 465 350 (b) 8 008 (b) 428,2 (b) 2 455 131,2
Portalegre . . . 142,5 7 21 109 76,5 12 8,4
Porto . . . 1 510,0 129 174 1790 118,5 373 24,7
Santarém . . . 455,5 38 47 180 39,5 54 11,9
Setúbal . . . . 582,8 23 47 155 26,6 65 11,2
Viana do Catelo . 262,4 29 22 57 21,7 21 8,0
Vila R e a l . . . 263,1 10 23 41 16,6 7 2,7
Viseu 418,1 41 40 82 19,6 61 14,6
A n g do H e r o í s m o 88,6 9 15 98 110,6 29 32,7
Horta 40,9 9 4 18 44,0 2 4,9
Ponta Delgada 162,7 7 14 114 70,1 21 12,9
Funchal . . . . 265,6 11 21 138 52,0 17 6,4
Total . . 9 448,8 1056 1185 15117 160,0 3 854 40,8
Cidades:

Lisboa . . . . 423 281 7 619 2 319


Porto . . . . 84 106 1567 • — ■
291 —
1

Fontes : Estatística .Demográfica, 1973, Lisboa, 1976; Estatísticas da


Educação, 1977, Id., 1978.
(a) Em milhares.
(b) Inclui os elementos relativos às bibliotecas fixas e itinerantes da Fun­
dação Calouste G ulbenkian dispersas pelo País.

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29
do Registo de Imprensa em 3 de Outubro de 1978 (ver relação abaixo), 74
pertenciam ao Distrito de Aveiro.
A importância relativa de cada um dos concelhos que integram o
Distrito pode ver-se no Quadro XIII. Aveiro, capital do Distrito, apresenta
9 títulos, seguindo-se Feira e Águeda com 6. Oliveira do Bairro, Sever do
Vouga, Murtosa e Castelo de Paiva situam-se entre os concelhos de menor
número de títulos.
Da grande imprensa, o Jornal de Notícias e o Comércio do Porto
têm delegações permanentes na capital do Distrito, bem assim o Diário
Popular, de Lisboa.
RELAÇÃO NUMÉRICA DOS PERIÓDICOS INSCRITOS NA
REPARTIÇÃO DOS REGISTOS DA IMPRENSA
Anual 176
Bianual 3
Bimensal 36
Bimestral 121
Bissemanal 12
Diário 41
Irregular 5
Mensal 861
Quadrimensal 1
Quadrimestral 51
Quinzenal 251
Sazonal 1
Semanal 500
Semestral 20
Trimensal 11
Trimestral 199
Trissemanal 8
Variável 2
Duas vezes por ano 1
Três vezes por ano 3
Três-quatro vezes por ano 1
Quatro vezes por ano 1
Quatro-seis vezes por ano 1
Cinco vezes por ano 1
Oito-dez vezes por ano 1
Dez vezes por ano 2
De vinte em vinte dias 1
De dois em dois meses 4
De três em três meses 1
De dezoito em dezoito meses 1
Dois por mês 1
Lisboa, 3 de Outubro de 1978.

30
Na análise dos índices de leitura da juventude é preciso não subestimar
o peso dos factores sócio-económicos ou culturais sobre os tempos livres
dedicados à cultura para além de certas motivações : criatividade intelectual,
ambição social ou aspiração a transformar o mundo, etc. : uma sociedade
sem esperança não tem necessidade de livros !
Talvez porque estas motivações se situam mais nas classes jovens,
assim se explicará o que as estatísticas documentam, que:

— Os novos lêem mais do que os velhos;


— Os citadinos mais que os rurais;
— As famílias abastadas mais do que as categorias sociais
desfavorecidas;
— As pessoas que têm um nível escolar elevado mais que as
que terminaram os estudos mais cedo.

A propósito e para documentar o que se disse, transcreve-se a seguir


uma estatística sobre as práticas culturais dos franceses, promovida em 1974
pela Secretaria de Estado da Cultura (3).
Para concluir este capítulo diríamos que a juventude do Distrito em-
bora, como em regra a juventude em geral, fortemente influenciada pela
comunicação audio-visual (rádio e depois TV) que dá um lugar de maior
relevo às emoções do jovem ao passo que a imprensa (livro e jornal) aplica
um tipo de análise mais fria e raciocinada, parece que aceitar para já o fim
da «galáxia Gutenberg».
O livro apesar de tudo guarda ainda muitas vantagens, e em particular
a de «ser o instrumento menos caro, o mais rápido e o de mais fácil con-
sulta... o instrumento suficientemente adequado para ser ainda a melhor
máquina para ensinar... sempre disponível, duma utilização simples que
não depende de nenhuma fonte de energia e que nunca entra em pane» (4).

11. COMPORTAMENTO SOCIAL E RELIGIOSO DA JUVENTUDE

Sendo Aveiro um Distrito com emprego industrial significativo, não


podemos dizer que o comportamento da nossa juventude se apresente com
elevados índices de delinquência ou de notória agitação. Segundo relato da

(3) —Cit in Association des Bibliothécaires Français, Le Métier de Biblio-


thécaire, Promodis, Paris, p. 20.
(4)—Relatório da Comissão do VI Plano (Prances), «Editions du
livre et industrie graphique», 1971, pág\ 34.

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Ensemble 55,1 16,6 42,8 28,4 30,3 74,4 15,7 76,9 35,2

Sexe
60,3 21,3 37,9 30,9 28,3 72,3 14,1 75,9 42,5
50,2 12,3 47,4 26,1 32,1 76,4 17,1 77,8 28,5

Situation de famille
58,6 18,2 45,7 22,8 25,6 78,7 16,3 76,6 39,1
43,4 16,0 38,4 45,1 11,3 62,9 12,4 80,2 24,6

Âge
37.1 9,2 30,9 45,3 10,8 77,6 13,2 74,8 14,2
35.2 16,4 42,5 38,2 13,7 53,6 13,5 86,1 35,5
74,9 20,8 4840 31,5 22,4 67,0 13,8 82,2 36,0
64,1 17,5 44,9 22,8 39,2 80,2 15,5 76,4 38,3
67,6 14,9 40,7 20,5 43,0 82,0 19,6 69,2 40,2

Catégorie so cio -pro fessio nnelle indiv idueUe


61,2 21,1 48,1 8,7 66,3 78,9 15,7 76,3 42,2
Patron de l'industrie et du commerce . . 60,2 17,2 34,2 20,8 28,9 68,5 12,6 69,4 31,9
Cadre supérieur et pofession libérale . . . 61,1 57,2 76,7 65,3 2,2 52,3 8,7 72,1 46,9
57,9 34,6 62,0 48,9 4,0 56,7 8,8 86,2 48,0
60,4 18,8 51,8 36,3 12,7 74,4 13,4 79,3 35,0
Ouvrier qualifié, contremaître 54,3 10,7 27,3 24,7 23,3 68,3 14,1 79,0 40,5
OS, Manœuvre et personnel de service . . 50,0 12,2 31,3 26,3 34,1 73,4 15,9 81,7 35,5
Femme inactive de moins de 60 ans . . . . 41,5 9,0 46,8 28,9 29,0 81,7 17,1 78,3 24,3
Inactif de 60 ans et plus 66,3 14,1 40,0 19,9 43,3 82,5 20,3 69,4 39,6

Niveau d'études
47,5 9,1 28,1 14,8 53,4 78,8 18,1 69,9 28,3
58.4 13,2 43,4 25,4 31,2 78,9 16,2 79,2 36,7
54,4 21,9 49,0 41,5 12,2 66,1 13,4 79,4 36,9
Baccalauréat et études supérieures . . . . 59.1 40,1 61,8 52,3 3,6 60,6 11,2 78,9 42,4

I. Tous les jours, 2. Un jour sur deux au moins. 3. Hebdomadaire. 4. Souvent ou de temps en temps.
5. Régulièrement. 6. Plus de dix fois. 7. Au moins une fois. 8. Au cours des douze derniers mois.
9. Au moins une ou deux fois par mois. 10. Concert de «grande musique- jouée par des professionnels.
I I . Revue d'actualité politique et sociale; magazine féminin et familial revue littéraire, artistique,
scientifique, d'histoire, etc. 12. Sur cent personnes disposant d'un téléviseur.
S o u r c e : secrétariat d'Etat à la Culture, Pratiques culturelles des Français, décembre 1974.

52
PSP e relativamente à população do Distrito, a criminalidade em 1981 não
evidenciou uma evolução significativa e muito menos alarmante. Uma acção
delituosa em cada quatro horas — é o balanço dos responsáveis (5).
É que não se verificam de modo muito acentuado entre a juventude
do Distrito as causas sociológicas e psicológicas justificativas do mal estar
juvenil que se encontram em outras áreas. Os tempos livres são ocupados
num associativismo intenso; o encontro de jovens num estado de crise idên-
tico não se verifica tão facilmente por não existência no Distrito de grandes
concentrações urbanas. Por outro lado, devido à extrema divisão da pro-
priedade e à vasta rede de pequenas unidades industriais, não existem os
bloqueamentos por quadros estreitos e regulamentos que abafam a sua
energia vital. Por outro lado ainda, o desemprego juvenil não é no Distrito
dos mais gravosos (6).
Segundo um inquérito recente, feito pelo Ayuntamiento de Madrid,
junto de 2 000 rapazes e raparigas madrilenas, entre os 14 e os 24 anos,
verifica-se ser o desemprego o responsável por 46,1 % dos casos de delin-
quência juvenil, seguindo-se a falta de dinheiro 15,5 %, a sociedade de
consumo 12 %, o consumo da droga 10,7 %, a libertinagem 6 %, proble-
mas familiares 6 %, a falta de instalações 2 %. O referido inquérito mostra
ainda que as consequências do desemprego juvenil são várias : consumo de
droga, alcoolismo, delinquência e violência 29,4 %, frustrações e inutilidade
16,8 %, desespero 12,9 %, vagabundagem 11,2 %, procura de evasões,
cansaço de lutar 10,7 %, visão péssima e derrotista de tudo 9,6 %, proble-
mas de tensões familiares 7,9 %. Continuando a citar o referido inquérito,
a juventude gasta em bares e discotecas 37,9 % do seu tempo livre, em
cinemas e espectáculos 22,5 %, em excursões e desportos 16,4 %, per-
manência em casa 12 % e estudo 8 %.

(5) —Segundo as estatísticas, eis alguns dados de maior expressão, rela-


tivos a 1981 e comparativamente a 1980 (que seguem entre parêntesis) :
Furtos a pessoas: 101 — 568 775 contos (64 — 568 contos); cheques sem
cobertura: 3113 contos (2 006); delitos antieconómicos: 104 (97); furtos em
estabelecimentos comerciais: 57 — 2 372 contos (72 — 5 605 contos); furtos em
habitações: 97 — 2 647 contos (118 — 5 032 contos; furtos em viaturas: 281 —
3 906 contos (250 — 2 967 contos); automóveis furtados: 62 (61); velocípedes
com e sem motor furtados: 125 (137); detenção de condutores sem carta: 109
(73); furtos em estabelecimentos de ensino: 22 — 220 contos 28—126 contos);
furtos em obras: 35 — 713 contos (45 — 506 contos). Durante o ano de 1981,
a PSP fiscalizou 22 149 viaturas (18 523 no ano (anterior).
(6) —Porém, a nível do País, e de acordo com informações oficiais da
OCDE, havia em 1980 em Portugal 219 000 jovens desempregados ou seja 66,4 %
do total dos desempregados o que nos colocava à cabeça da lista dos Países
membros no que respeita ao desemprego juvenil («Jornal de Notícias 11/12/81»).

33
O já referido inquérito revela também que os jovens gastam em álcool,
tabaco e droga 28,7 % das suas economias, em discotecas e bares 21,1 %,
cinemas 13,1 %, livros e periódicos 13,1 %, motos e automóveis 7 %, roupa
6,8 %, discos e cassettes 6,6 %, jogos 2,6 % (7).
Em relação à juventude do Distrito faltam-nos estatísticas como as
alcançadas pelo inquérito atrás citado. De maneira quantificada pouco sabe-
mos sobre a ocupação dos seus tempos livres, bem assim quanto ao modo
como a juventude gasta as suas economias.
Os índices de religiosidade e de prática religiosa tem sido também,
como se sabe, uma das preocupações dos sociólogos. Ainda recentemente
em Portugal se procedeu a um recenseamento à prática religiosa, cujos resul-
tados começam a ser tornados públicos. Mas não só em Portugal, também
em Itália se acaba de realizar, pela 1." vez, uma sondagem completa, neste
caso mais especificamente sobre a religiosidade dos jovens, e já os primeiros
dados começam a aparecer e a despeitar grande interesse nos maiores órgãos
de comunicação social do País (8).
Este trabalho que durou 4 anos foi realizado por uma equipa de
investigadores pertencentes à Faculdade de Ciências da Educação da Uni-
versidade Salesiana de Roma. O estudo de investigação foi baseado sobre
5 000 entrevistas realizadas em 15 regiões italianas. Os jovens entrevistados
dos 18 aos 25 anos, pertenciam a 2 grupos diversos: os chamados associados,
isto é, pertencentes a algum tipo de associação cultural, política, social,
religiosa, desportiva, etc., e jovens desagregados, isto é, que nunca perten-
ceram a nenhum grupo associativo. Parece ter-se concluído, neste inquérito,
que somente 9 % dos jovens colocam a religião no centro das suas vidas.
Concluiu-se também, que os jovens associados mostram ou dão a
impressão de possuir um quadro de valores mais orgânico e primam pelos
valores que se referem à sociabilidade e às relações interpessoais, contra-
riamente aos jovens desagregados, dispersos ou solitários que sobrestimam
os valores da auto-realização, da auto-estima e da entidade pessoal.
Em Portugal não conhecemos inquéritos deste tipo. Conhecemos sim,
como já se referiu, um recenseamento à prática religiosa dos católicos por-
tugueses realizado em Fevereiro de 1977. Deste inquérito tiram-se alguns
números que revelam para todo o Distrito de Aveiro, índices de prática reli-
giosa e de comportamento religioso muito elevados.
Estudo recente (9) confirma também que todos os indicadores de
desintegração socio-cultural assumem na diocese de Aveiro valores infe-
riores à média nacional.

( 7 ) — J o ã o Constantino, O desemprego juvenil acarreta graves conse-


quências sociais, Semanário Expresso, 25/6/1981.
(8) — «La religiosidad juvenil en Itália», cit. El Pais, 11 Out. 82.
( 9 ) — A . Silva, Prática religiosa ates católicos portugueses, «Economia e
Sociologia», Évora, 25/26 (1979) 61-237.

34
O Plano Oficial de Contabilidade e a
sua adequação à 4." Directiva da C. E.E.
Domingos José da Silva Cravo

1. ANTECEDENTES DO P. O. C.
São relativamente numerosos os projectos de Planos de Contas que
foram aparecendo em Portugal, antes dos técnicos portugueses verem insti-
tucionalizada a Normalização Contabilística.
Citam-se, a título de exemplo, alguns deles que foram objecto de
estudo pela Comissão de Normalização Contabilística (C. N. C.) :
— «Plano Geral de Contabilidade-Projecto-Contribuição para o
Plano Contabilítico Português» — do Sindicato Nacional dos
Empregados de Escritório — Centro de Estudos (1965);
— «Plano de Contabilidade para a Empresa» — do Grupo de
Trabalho dos Técnicos de Contas do Sindicato dos Profis-
sionais de Escritório do Distrito de Lisboa (1970);
— «Anteprojecto do Plano Geral de Contabilidade» — da Di-
recção Geral das Contribuições e Impostos (1973);
— «Plano Português de Contabilidade» — da Sociedade Por-
tuguesa de Contabilidade (1974);
— «Normalização Contabilística—1." Fase»—da Comissão
de Normalização Contabilística (1975).
Neste capítulo ao procurar dar uma imagem dos antecedentes do
P. O. C, analisarei apenas o «Anteprojecto do Plano Geral de Contabili-
dade» — da Direcção Geral das Contribuições e Impostos, e a «Normali-
zação Contabilística—l.a fase»—da Comissão de Normalização Conta-
bilística (C. N.C.) que para além de terem sido os planos que maior divul-
gação tiveram entre os técnicos portugueses, representam, em termos gerais,
duas tendências distintas em Normalização Contabilística.

55
1.1. ANTEPROJECTO DO PLANO GERAL DE CONTABILIDADE
Da autoria de um grupo de trabalho do Centro de Estudos Fiscais
da D. G. C. I., nomeado sob a égide do Ministério das Finanças, surgiu em
1973, uma proposta de Plano de Contas que foi denominada por «Plano
Geral de Contabilidade—-Anteprojecto — l.a fase».
Este Anteprojecto, fortemente inspirado no Plano Francês, apresen-
tava-se com algumas características interessantes, nomeadamente o facto de
normalizar a terminologia da Contabilidade Analítica a um nível global, sem
todavia deixar de ser flexível de modo a deixar aberta aos utilizadores a
opção entre um qualquer esquema de relações entre a Contabilidade Geral
e Analítica — afastando-se neste ponto do Plano Francês, de características
vincadamente dualistas.
No entanto,e no que diz respeito ao «Relato Contabilístico-Financeiro»
este projecto nada de novo apresentou. Os mapas finais circunscreviam-se
ao «Balanço Analítico», a Contas de «Exploração» (sintética e analítica)
e a uma conta de «Ganhos e Perdas». Quanto à definição de princípios e
conceitos contabilísticos e a critérios e métodos de valometria nada foi apre-
sentado nesta fase de trabalhos.
A capacidade de resposta do Anteprojecto ficava limitada, fundamen-
talmente, a aspectos de natureza fiscal. Aliás o facto dos autores do Plano
serem, ao tempo, colaboradores da D. G. C. I. deveria ter influenciado a estru-
tura do projecto de tal modo que a componente fiscalista do seu trabalho
apresentava um peso assaz mais significativo que a componente económico-
-financeira e de apoio à gestão. A reforçar esta ideia está o que é dito na
«Justificação Prévia» daquele trabalho, donde citamos — com a normalização
«se julga favorecer o entendimento dos documentos contabilísticos evitando,
além do mais, distorções inconvenientes na determinação da matéria colectá-
vel das Empresas que pagam impostos sobre os lucros calculados através
da Contabilidade».
À parte este aspecto, entende-se que é um trabalho meritório, bas-
tante elaborado, que foi colocado à discussão dos técnicos portugueses para
que, a partir das críticas recebidas, fosse possível elaborar um Plano mais
completo e mais adaptado às necessidades das empresas.
Deve-se ainda referir que o «Anteprojecto do Plano Geral de Conta-
bilidade» teve uma aplicação bastante grande, mesmo sem se ter chegado
à sua institucionalização. Contribuiu para tal como factores principais :

— A difusão de que o documento foi alvo;


— A fonte do próprio projecto (D. G. C. I.);
— A susceptibilidade dos técnicos portugueses às tendências
francesas, para além, quiçá deles próprios desejarem a nor-
malização não só pelas facilidades que dela advêm em tra-
balhos de organização contabilística, mas também pelas van-
tagens apontadas à normalização em geral.

36
1.2 NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA — 1." FASE

A mudança política que se operou em Portugal em 1974, aliada ao


facto de, apesar dos trabalhos referidos, não se encontrar institucionalizada
a Normalização Contabilística em Portugal, levou os Governos a debruça-
rem-se sobre a situação da Contabilidade em Portugal. A óptica com que
o problema foi analisado manteve-se, sob certos aspectos, uma vez que os
Governantes continuaram a sentir fundamentalmente o problema da falta
de Normalização Contabilística, na medida em que tal permitiria adoptar
um conjunto de medidas mais eficientes de combate à Evasão Fiscal como
era referido no Programa de Política Económica e Social do 3.° Governo
Provisório e no próprio despacho que criou a Comissão incumbida de dar
corpo ao Plano de Contabilidade. Porém não foram completamente descu-
rados os benefícios que as Empresas tirariam elas próprias da Normalização.
A própria Comissão, nomeada por despacho de 2 7 / 2 / 7 5 , apresentava
já uma composição mais heterogénea, procurando abranger um leque de
actividades interessadas nos problemas da Normalização Contabilística,
incluindo representantes de Escolas, Organizações Profissionais, Organismos
de Direcção Estatal e Organizações Representativas de Actividades Eco-
nómicas.
Em 8/8/75 vieram a público os trabalhos da referida Comissão. A
filosofia foi completamente alterada em relação ao Anteprojecto do P. G. C .
O trabalho apresentado deu particular relevo ao Relato Contabilístico-Fi-
nanceiro, relegando para um segundo plano o efeito fiscalista da Normaliza-
ção. Assim este trabalho apresentava as seguintes «Peças Finais» :

— Balanço (Sintético e Analítico);


— Demonstração dos Resultados de Exercício (Por Natureza);
— Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados;
— Mapa de Origens e Aplicação de Fundos (Quadro de Finan-
ciamento e Quadro da Variação dos Elementos do Fundo
de Maneio).

Verifica-se pois, numa análise breve que este trabalho nos trás algo
de novo em relação aos anteriores, nomeadamente a apresentação de um
«Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados» e o «Mapa de Ori-
gens e Aplicações de Fundos», elementos tão pouco da tradição (senão
mesmo à altura do desconhecimento) de uma grande parte dos técnicos por-
tugueses. Compunham ainda o trabalho algumas «Notas» de esclarecimento
(Específicas e Gerais) ao Balanço e à Demonstração de Resultados, «Indi-
cações ao Mapa de Origens e Aplicações de Fundos», um «Código de Con-
tas» e uma «Lista de Contas».
Estas últimas duas peças — «Código de Contas» e «Lista de Contas»
não foram todavia suficientemente desenvolvidas como a própria Comissão
o reconhece. Todavia, como é referido no relatório, «não se abandona a

37
ideia de se propor como obrigatório o plano de contas — apenas, agora não
se deu prioridade à sua formulação». O Código de Contas e a Lista conse-
quente resultavam da agregação sistematizada dos documentos que consti-
tuíam as peças finais.
No entanto, algo ficou para trás, como é admitido pela Comissão —
A Demonstração de Resultados por Funções; a valorimetria, princípios e
conceitos contabilísticos e normas explicativas ao conteúdo das Contas.
Em relação ao Anteprojecto do P. G. C. perdeu-se todavia a Norma-
lização da Contabilidade Analítica que constava naquele documento, uma
vez que embora criada a Classe 9 para a Contabilidade de Custos, ela foi
mantida livre. Quanto às «Contas de Ordem», também não previstas pelos
autores do trabalho, estou em crer que a informação que era retirada da sua
inclusão em Balanço é suprida, com vantagem, com a inclusão nas peças
finais do «Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados».
No domínio das omissões já referidas, cremos que, pelo menos, a
divulgação dos princípios e conceitos contabilísticos e valorimetria deveriam
ter sido incluídas na primeira fase dos trabalhos, por forma a que os técnicos
portugueses tivessem um lapso maior de tempo para as estudar e então
aplicá-las sem margem de dúvidas. Tal não aconteceu e foi pena que assim
tivesse sido.
Achamos pois que com a «Normalização Contabilística— 1.' fase» se
deu um passo qualitativo em frente. Começou-se a pensar que a Contabili-
dade deverá estar fundamentalmente ao serviço da Empresa e que os Orga-
nismos de Direcção Estatal é que deverão aproximar-se do Direito Conta-
bilístico e não mais este a ser elaborado e posto ao serviço exclusivo daqueles
Organismos. Entendemos pois, haver, com este projecto de Normalização
divergências significativas em relação à linha Francesa de Normalização.
Deverá no entanto dizer-se que quanto a nós, houve uma pressa
grande em institucionalizar a Normalização e quer o tempo de discussão
quer as exigências de apresentação de elementos segundo o novo modelo
foram demasiadamente curtos, e não permitiriam a aplicação gradual, de
modo a tornar mais fácil a adaptação às Empresas. O salto foi grande e o
tempo de preparação foi curto.

2. O PLANO OFICIAL DE CONTABILIDADE

2.1. Breve análise do Dec.-Lei 47/77

Em 7 de Fevereiro de 1977, através do Decreto-Lei 47/77, foi final-


mente publicado o Plano Oficial de Contabilidade.
O referido Decreto-Lei obrigava à elaboração (logo no exercício de
1977), para as Empresas Públicas (E. P.) e para as Empresas do grupo A
da contribuição Industrial, das seguintes peças finais :

— Balanço Analítico;

38
— Demonstração de Resultados Líquidos;
— Demonstração dos Resultados Extraordinários do Exercício;
— Demonstração dos Resultados Exercícios Anteriores;
— Movimento da Conta de Resultados Líquidos;
— Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados;
— Demonstração dos Resultados por Funções e seus Desen-
volvimentos;
— Mapa de Origens e Aplicação de Fundos.
As restantes Empresas (do Grupo B da C. I.) ficariam obrigadas à
elaboração do
— Balanço Sintético e da
— Demonstração dos Resultados Líquidos
A aplicação do Plano tornou-se obrigatório logo no exercício de 1977
para as E. P. e a partir de 1978 para as restantes Empresas do Grupo A da
C. I.. As Empresas do Grupo B da C. 1. podem aplicar facultativamente
o P. O. C .
Simultaneamente foi criada a Comissão de Normalização Contabilística
dado que, como é dito no preâmbulo do Decreto-Lei «o funcionamento e
aperfeiçoamento do Plano exigem a institucionalização de uma Comissão
de Normalização Contabilística com a maior representatividade».
É ainda prevista a «publicação de Planos sectoriais de diversas activi-
dades de acordo com as respectivas especificidades».

2.2. Estrutura do P. O. C.
O Plano seguiu de perto a Normalização Contabilística—l. a fase.
É, necessariamente, mais completo visto que incluiu alguns elementos que
considerámos omissos no primeiro trabalho da C. N. C , e outros foram
revistos, embora se concorde que não é um trabalho perfeito.
Estruturalmente o P. O. C. compõem-se de :
— Introdução;
— Relatório da Comissão;
— Considerações Técnicas;
— Balanços (Analítico e Sintético);
— Demonstração de Resultados do Exercício, incluindo :
— Movimento da Conta de Resultados Líquidos;
— Demonstração de Resultados Líquidos por Natureza;
— Demonstração dos Resultados Extraordinários do
Exercício;
— Demonstração de Resultados de Exercícios Ante-
riores;
— Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados;

39
— Demonstração de Resultados por funções e seus desenvol-
vimentos;
— Mapa de Origens e Aplicações de Fundos e incluindo o
Mapa da Variação dos Elementos dos Fundos Circulantes;
— Quadro de Contas;
— Código de Contas;
— Notas explicativas sobre o conteúdo e movimentação de algu-
mas contas;
— Valorimetria, incluindo os princípios e conceitos contabilís-
ticos adoptados e os critérios e métodos específicos de va-
loração.

Podemos pois verificar que o Relato Contabilístico-Financeiro saiu


enriquecido com a versão aprovada do P. O. C , uma vez que passou a incluir
mais um conjunto de peças que é sintetizado pela «Demonstração de Re-
sultados por Funções», e tendo sido também considerado um capítulo refe-
rente a princípios e conceitos contabilísticos e valorimetria. O «Código de
Contas» passou a permitir a resposta de forma mais adequada às solicitações
de natureza fiscal.
No «Quadro de Contas» mantém-se em aberto a classe 9 para a Con-
tabilidade Analítica, aguardando-se o seu preenchimento para quando forem
elaborados os planos sectoriais. Aqui, pensamos que talvez fosse preferível
a Normalização global da nomenclatura da Contabilidade Analítica e os
Planos sectoriais serem progressivamente integrados no plano global.
Um esquema de agrupamento de contas diferente do proposto pela
«Normalização Contabilística—l. a fase» permitiu libertar a classe 0, tor-
nando possível aos utilizadores, que assim o desejarem, manter a informação
que é dada pelas chamadas «Contas de Ordem». No P.O. C. o «Quadro
de Contas» vem estruturado nas seguintes classes :

1. Meios Monetários
CONTAS DE 2. Terceiros e Antecipações
BALANÇO 3. Existências
4. Imobilizações
5. Capitais, Reservas e Resultados Transitados
CONTAS DE 6. Custos por Natureza
RESULTADOS 7. Proveitos por Natureza
Resultados
OUTRAS / 9. Contabilidade de Custos
CONTAS \ 0. (Livre)

Há pois uma inversão no ordenamento das classes, em relação nomea-


damente, aos Planos Francês e Espanhol. No entanto o critério de constru-
ção das classes é o mesmo. A diferença resulta tão só do esquema de seriação
do Balanço que em Portugal obedeceu, para as Contas do Activo ao orde-

40
namento por disponibilidades decrescentes; o Passivo foi ordenado segundo
prazos decrescentes de exigibilidade; e na Situação Líquida atendeu-se à
formação histórica dos capitais próprios. Nos países citados o critério de
seriação foi exactamente o inverso.
Quanto à Demonstração de Resultados por Natureza, a sua seriação
foi efectuada de modo a possibilitar a fácil obtenção do valor acrescentado
(aproximado) a custo dos factores, numa óptica de produção e numa óptica
de repartição.
A Demonstração de Resultados por Funções foi uma das inovações
do P. O. C . Procurou-se dar com este documento um relevo aos Resultados
de acordo com os fluxos desde os consumos até à saída da Empresa. No
dizer da C. N. C. os mapas sugeridos suportam quer o sistema de custeio
directo quer o da absorção total. Estamos em crer ter sido esta uma das
inovações mais proveitosas do P. O. C .
Outra das inovações do Plano, aliás já ensaiada na «Normalização
Contabilística—1." fase», foi a apresentação do «Anexo ao Balanço e à
Demonstração de Resultados». Embora ainda algo longe do Anexo pela 4. a
Directiva da C. E. E. no alcance da informação, parece-nos no entanto uma
medida acertada da C. N. C. a implantação do mesmo junto dos técnicos
Portugueses e das próprias Empresas pelo melhoramento que ele trará consigo
do domínio da informação a prestar aos destinatários das contas anuais.

2.3. EFEITOS DA APLICAÇÃO P. O. C.

O P. O. C. tem vindo até aqui a ser tratado num domínio meramente


teórico. Procurámos analisar os «apports» que aquele trabalho trouxe aos
técnicos portugueses.
Uma análise diferente é a da aplicação prática do referido Plano.
Esta questão foi sentida por um grande número de Empresas que tiveram
um período de cerca de dez meses e meio para se adaptarem a um plano
completamente diferente dos que até então eram conhecidos. A agravar esta
dificuldade, já de si importante, o facto da C. N. C. apenas ter sido institu-
cionalizada em 1980 (embora até à data do presente escrito não tenha
entrado em funções). Questionar-se-à pois:—Estará a haver uma aplica-
ção correcta do Plano a todos os níveis quando não foram dadas até aqui
condições aos técnicos portugueses para uma correcta interpretação
do mesmo ? — Terão força institucional suficiente, os pareceres que os
diversos especialistas em matérias de Normalização foram, ao longo destes
quatro anos, emitindo a título pessoal? Cremos bem que não. E ao fim e ao
resto o preâmbulo do Decreto-Lei 47/77, referia já que o funcionamento
do Plano exigia a C. N. C .
Não parece pois que todos os técnicos possam estar a retirar tudo o
que de útil está subjacente ao P. O. C . Urge pois que a C. N. C. entre em
funcionamento. Muito caminho está ainda por desbravar. Não basta legislar
para modificar métodos de actuação que vem de longa data. É necessário,

41
e já é tarde, fazer campanhas que divulguem os benefícios da Normalização
e os melhores meios de os obter. A aplicação de um «código de contas» é
por si só insuficiente. É preciso divulgar princípios e conceitos contabilís-
ticos; é necessário explicar o que se pretende com o P. O. C. e como se
obtém. Em suma é preciso modificar na tradição o que está caduco.

2.4. EFEITO DA NORMALIZAÇÃO EM GERAL

Normalizar não pode, numa conceituação científica, significa estagna-


ção do conhecimento, terá de significar sistematização por forma a congregar
esforços no sentido de que as matérias sejam aprofundadas num contexto
definido. Por outro lado normalizar, deverá consistir, para os utilizadores do
dia a dia, num manual de regras básicas e consisas de actuação. Ao falarmos
de Normalização Contabilística não podemos deixar de lembrar o que nos
dizia o Prof. Gonçalves da Silva na Revista de Contabilidade e Comércio —
«A Normalização Contabilística, desde que não seja demasiado rígida e
taxativa e não se inspire em critérios de ordem meramente fiscal, tem, de
certo, mais vantagens que inconvenientes».
Os portugueses com a experiência destes quatro anos, creio poderem
já concordar plenamente com o que dizia o Prof. Gonçalves da Silva.

3. O P. O. C. E A SUA ADEQUAÇÃO À 4. a DIRECTIVA

Com a entrada, ou não, de Portugal para a C. E. E., cremos que um


trabalho a que os técnicos portugueses não se poderão eximir será o da
adequação do Plano Oficial às normas da 4. a Directiva da C. E. E..
Pela nossa parte, iremos procurar dar, no presente capítulo, uma ima-
gem de alguns dos passos a dar no sentido de se conseguir a harmonização
dos referidos diplomas. Não iremos fazer, no entanto, um inventário siste-
mático e exaustivo de todas as divergências, mas apenas referenciaremos
alguns pontos que nos parecem importantes.

3.1. Campo de aplicação

O campo de aplicação do P. O. C. parece-nos sem dúvida mais vasto


do que o da 4. a Directiva (4.a D).
Veja-se a comparação no quadro inserido na página seguinte.

4?
If." Dvrectiva Piorno Oficial de Contabilidade
1, Obrigatoriedade (na generalidade 1. O briga toriedade
dos países) . Empresas Soe. Anónimas
. Sociedades Anónimas Públicas Soe. por quotas
. Sociedades em comandita por , Empresas do Soe. em comandita
por acções Grupo A da Soe. em nome co-
. Sociedades por quotas C. I. lectivo
Cooperativas
Comerciantes em
nome individual

2. Excluídas da aplicação 2. Excluídas da aplicação


. Bancos e outras Instituições . Instituições de crédito
financeiras . Seguros
. Companhias de Seguros . Empresas do Grupo B da
Os Estados Membros podem, C. I.
permitir o estabelecimento:
- UM BALANÇO SINTÉTICO
Para as empresas que não ex-
cedam dois dos três critérios
seguintes:
. TOTAL DO BALANÇO —
1000 000 de Unidades Euro-
peias de Conta (U. E. C.)
( + 65 milhões de escudos)
-VENDAS LIQUIDAS —
2 000 000 U. E. C. ( + 130 mi-
lhões de escudos)
. Número médio de trabalhado-
res no exercício — 50
. UMA CONTA DE RESULTA-
DOS SINTÉTICA
Para as empresas que não ex-
cedam dois dos três critérios
seguintes:
. TOTAL DO BALANÇO —
4 000 000 U. E. C. ( + 2 6 0 mi-
lhões de escudos)
. VENDAS LIQUIDAS —
8 000 000 U. E. C. ( + 520 mi-
lhões de escudos)
. Número médio de trabalhado-
res no exercício — 250 1
Verifica-se pois que uma parte importante das empresas que estão
obrigadas à aplicação do P. O. C. não ficará obrigada a aplicar na íntegra
as disposições da 4.a D, caso o Estado Português — a tornar-se membro da
C. E. E. — assim o permita.

43
3.2. DISPOSIÇÕES GERAIS

Grande parte das «Disposições Gerais», relativas às contas anuais


das Empresas, consignadas na 4." D, tem aderência à legislação Portuguesa,
quer no domínio do P. O. C. quer através de disposições consagradas no
Direito Comercial Português.
As divergências encontradas situam-se fundamentalmente nos domí-
nios seguintes:

1.° — Na conceituação de contas anuais, a 4. a D impõem que as mesmas


sejam compostas pelo Balanço, Demonstração de Resultados e anexo
às contas, (ainda que nalguns casos se possam revestir de uma forma
sintética), enquanto que o P. O. C. prevê, para as Empresas do
grupo B da C. I., apenas a elaboração do Balanço sintético e da
Demonstração de Resultados Líquidos;

2° — No Direito Comercial Português refere-se que «O Balanço final do


exercício deve ser exacto e completo...». A 4.a D admite no entanto
que as contas anuais «podem não ser suficientes para dar uma imagem
verdadeira e apropriada do Activo, Passivo, Situação Líquida e Re-
sultados da Empresa» e nestes casos admite-se que a adequação seja
feita através de informações adicionais. Parece pois necessário o
alargamento do âmbito das normas portuguesas, por forma a poder
ser considerada a hipótese prevista no n.° 4 do art.° 2.° da 4. a D ;

3.° — Como veremos adiante, no «Anexo ao Balanço e às Contas de Re-


sultados» do P. O. C. são exigidas respostas a determinados itens
não previstos pelo Anexo da 4.a D. Haverá aqui que aguardar qual
irá ser a decisão do Estado Português — se irá continuar a obrigar
à prestação das referidas informações (usando do poder que lhe é
conferido pelo n.° 6 do art.° 2.° e n.° 1 do art.° 45.°); ou se pelo
contrário irá dar nova redacção ao Anexo, eliminado aqueles itens.

3.3 BALANÇO E CONTAS DE RESULTADOS

A 4.a D apresenta alguns princípios para a elaboração dos Balanços


e das Contas de Resultados, nomeadamente:

—- A proibição de compensação de activos e passivos e entre custos


e proveitos.

A contabilização compensada de Activos e Passivos e de Custos e


Proveitos foi uma prática seguida em Portugal até à institucionalização do
P. O. C . De então para cá a prática tem vindo a ser abandonada e cremos
que hoje é de aplicação diminuta.

44
Uma medida de largo alcance, e que deverá vir a merecer a atenção
da C. N. C. é a inovação que constitui a disposição que obriga as empresas
a integrar nas contas, elaboradas de acordo com a 4. a D, uma coluna onde
sejam evidenciados os valores do exercício precedente, permitindo-se obter
uma imagem mais adequada da evolução da Empresa.
Permite ainda a 4.a D que os Estados membros possam adequar ou
pedir a adaptação do Balanço e da Demonstração dos Resultados Líquidos
a fim de incluir a distribuição dos lucros ou tratamento das perdas. O mapa
de «Movimento da Conta de Resultados Líquidos» do P. O. C. permite a
análise daquelas situações respeitantes aos resultados do exercício antece-
dente, bem como a análise da formação do Resultado Líquido do período.

3.3.1. BALANÇOS

Ao analisar os modelos de balanço do P. O. C. (sintético e analí-


tico) e comparando-os com os modelos previstos na 4.a D poder-se-à ser
tentado a afirmar que os modelos em confronto são incompatíveis entre si.
Há de facto algo de verdade nesta afirmação, mas não toda a verdade. A
4. a Directiva prevê um modelo de Balanço que se afasta da tradição Con-
tabilística Portuguesa e que é um modelo vertical (art.° 10.°). O modelo
horizontal apresenta algumas diferenças importantes em relação ao modelo
Português e que são:

— A divisão do Balanço em Activo e Passivo (este no sentido de


origem de fundos), enquanto que o Balanço do P. O. C. está
dividido em Activo, Passivo e Situação Líquida.

— O critério de ordenamento das classes no Balanço é o inverso do


modelo Português.

Questão diferente da apresentação dos quadros parece-nos ser o da


resposta ou não do P. O. C. aos elementos pretendidos para a elaboração
daquelas peças — e neste domínio entendemos que através da «lista de
contas» do P. O. C. é possível obter os elementos para elaborar qualquer
dos modelos de Balanço previstos na 4.a D, se bem que nem sempre tal seja
possível a partir das contas, de 1.° grau do P. O. C , mas esta situação acon-
tece já na elaboração do próprio Balanço Analítico do Plano Português.
Entendemos que o objectivo da 4. a D não é uniformizar as «listas de contas»
dos diversos Países mas tão só harmonizar a apresentação das contas anuais.
Pontualmente anotam-se as seguintes divergências:

a) A inclusão da rubrica de Imobilizações em Curso nas rubricas


respectivas de Imobilizado, o que não acontece em Portugal em
que aquelas se encontram autonomizadas.

45
b) A possibilidade de autonomização de Despesas de Estabelecimento,
e quando tal não acontece, a obrigatoriedade de as incluir como
primeira alínea das Imobilizações Incorpóreas. Note-se que em
Portugal se optou pela não autonomização das Despesas de Esta-
belecimento e que elas figuram em terceiro lugar no desenvolvi-
mento das Imobilizações Incorpóreas.
c) A rubrica de Imobilizações Corpóreas incluída no Balanço Analí-
tico do P. O. C. encontra-se bastante mais desenvolvida do que
a constante nos modelos de Balanço previstos na 4.a D.
d) Prevê-se na rubrica de «Imobilizações Financeiras» da 4.a D a
inclusão de empréstimos sobre empresas afiliadas, sobre empresas
com as quais a Empresa está ligada por via de participações privi-
legiadas e outros empréstimos, enquanto que no P. O. C. tais
rubricas estão incluídas nos «Créditos».
e) Anota-se ainda que a percentagem em que se fixa o valor mínimo
para uma empresa se considere associada é de 25 % no caso do
P. O.C. enquanto a 4.a D fixa o valor mínimo em 20 %.
f) No que respeita aos Activos correntes verifica-se que a 4.a D
prevê uma rubrica para Investimentos em Títulos (próprios, de
associados ou outros) enquanto que o P. O. C. não contempla tal
situação (admite-se que tal se deva aos termos em que se tem
processado o mercado de títulos em Portugal desde 1974).
g) No Passivo do Balanço da 4.a D nota-se a autonomização do
«Prémio de Emissão» que o POC, mesmo ao nível de Balanço
Analítico inclui na rubrica de «Outras Reservas Especiais».

Parece-nos pois que limadas algumas arestas, (caso o Estado Por-


tuguês o queira e criando novo modelo de Balanço Vertical é possível, e não
é susceptível de causar mudanças de vulto para as Empresas, a adequação
do Balanço no P. O. C. aos da 4.a D.

3.3.2. CONTAS DE RESULTADOS

Tal como no Balanço também para a conta de Resultados a 4.a Di-


rectiva prevê dois dispositivos de apresentação.

— Dispositivo Vertical
— Dispositivo Horizontal

E em cada um dos dispositivos admite-se a elaboração da Demons-


tração de Resultados por Natureza e por Funções. Ainda como foi referido

46
para o Balanço também a Demonstração de Resultados do P. O. C. embora
não apresente uma aderência formal em relação ao modelo da 4. a D, os
elementos da Lista de Contas permitem a obtenção dos mapas da Norma
Comunitária. O P. O. C. consigna já ambos os modelos de Demonstração
de Resultados: por Natureza e por Funções.

3.4 REG RAS DE AVALIAÇÃO

a) Os princípios gerais definidos pela 4. a Directiva são


—■ Continuidade da empresa;
— Consistência de exercícios;
— Prudência;
—■ Efectivação das operações;
— Os componentes dos elementos Activos e do Passivo têm de ser
mensurados separadamente;
— O Balanço de abertura de cada exercício tem de correspondei" ao
Balanço de encerramento do exercício precedente.

Todos estes princípios podem ser retirados explícita ou implicita­


mente do P. O. C .
Um outro princípio aceite em ambas as normas é o princípio do custo
histórico. Em Portugal as contas das Empresas continuam a ser apresen­
tadas de acordo com aquele princípio. A evidenciação dos efeitos da infla­
ção nas contas Portuguesas continua praticamente a ser ignorada.
A única medida tomada nos tempos mais próximos foi a permissão
de Reavaliar os Imobilizados (em 1977 — uma Reavaliação restrita a em­
presas que se encontrassem em determinadas circunstâncias; e em 1978 —
uma Reavaliação geral, mesmo esta sem produzir a totalidade dos efeitos
que são atribuídos à medida).

b) A 4.a D preconiza que os «G astos de Instalação» (se incluídos no


Activo) bem como os «Custos de Pesquisa e Desenvolvimento» e o
«Trespasse» devam ser amortizados num período máximo de 5
anos, e interdita a distribuição de resultados enquanto não se
verificar a completa amortização dos «G astos de Instalação», salvo
se as Reservas disponíveis para distribuição e os Resultados
Transitados forem pelo menos iguais aos G astos não amortizados.
Em Portugal, não encontramos nada que proíba a distribuição de
Resultados antes da completa amortização dos «G astos de Insta­
lação». Por outro lado o período de amortização oscila entre os 3 e
os 6 anos, respectivamente, mínimo e máximo, para os «G astos de
Instalação» e para os «Custos de Pesquisa e Desenvolvimento»
enquanto que o «Trespasse» só é amortizável desde que se com­
prove o seu deperecimento efectivo.

47
c) O Imobilizado Corpóreo, bem como os Activos correntes, devem
ser mensurados ao custo de compra ou ao custo de produção. Esta
convenção é comum às duas normas.

d) Os ajustamentos de custo em Imobilização Financeira e Activos


correntes de modo a que eles sejam mensurados por quantias mais
baixas (preço de mercado) a ser-lhes atribuída à data do balanço
é também uma regra comum a ambas as legislações.

e) Em relação aos ajustamentos excepcionais a que estiveram sujeitos


os Imobilizados Corpóreos e Activos correntes, apenas para efeitos
de Impostos, a quantia dos ajustamentos e as razões para as fazer
devem ser indicadas nas notas às contas, refere-se na 4. a D da
C. E. E..
Não se encontra nenhuma referência a este assunto no P. O. C .

f) Inovação trazida pela 4.a D consiste na inclusão dos juros dos


capitais emprestados, para financiar a produção de Imobilizações
Corpóreas, no preço de custo. Quanto à formação do preço de
custo anota-se que a 4.a D reconhece como princípio de avaliação
o preço de custo directo e faculta o recurso ao preço de custo total.
Em Portugal a opção entre os dois modelos é de livre escolha da
Empresa.

g) Em ambas as normas se consignam os seguintes métodos de custeio


de saídas para as existências : custo médio ponderado, FIFO
e LIFO.

h) A 4.a D prevê que quando o valor mostrado em balanço pela


aplicação dos métodos de custeio de saída, difere de modo mate-
rialmente relevante do custo na base do último preço de mercado,
a diferença deve ser mostrada no anexo às contas.

3.5 ANEXO ÀS CONTAS

Embora pedindo resposta a um número considerável de itens (27)


cremos ser o anexo do P. O. C. o documento que mais se afasta do seu
equivalente na 4.a Directiva. Há de facto um conjunto de notas incluídas
na legislação comunitária e não incluídas no P. O. C , outras das notas do
P. O. C. limitam-se a responder parcialmente aos itens da 4. a D e finalmente
um conjunto de notas do P. O. C. não são consideradas na 4. a D.
Citamos, a título de exemplo :

a) As notas 4, 5 e 10 do Anexo da 4.a D não têm correspondência


no P. O. C .

48
b) A única referência a métodos de mensurações no anexo do P. O. C.
diz respeito a critérios valorimétricos das existências e de alguns
tipos de Imobilizações Financeiras.
c) Em relação às Associadas, salvo o nome das mesmas, mais
nenhum dos pedidos do anexo da 4.a D é consagrado no P. O. C .
d) O número e a importância nominal ou o preço ao par das acções
subscritas durante o exercício, dentro dos limites do capital auto-
rizado, é uma das notas da 4.a D que tem uma correspondência
relativa com a nota 18 — sobre formas como se realizou o capital
no exercício em que teve lugar.

e) A nota 6 da 4.a D prevê que se evidencie:


— O montante das dívidas cuja duração normal é superior
a 5 anos.
— O montante de todas as dívidas da sociedade cobertas por
garantias reais dadas pela sociedade, com indicações da
sua natureza e forma.
A primeira parte não é considerada no P. O. C . Quanto à segunda
podemos notar que as notas 14 e 15 do P. O. C. respondem no fundamental
à questão colocada (Nota 14 — Valor global, para cada conta, dos créditos
e débitos que se encontrem titulados e não estejam evidenciados em Ba-
lanço; Nota 15 — Valor global, para cada conta, dos elementos patrimoniais
que se encontrem onerados, devendo ser especificadas as garantias prestadas
a favor de participantes ou participadas no capital social).

f) Não se encontram na 4." D algumas notas do anexo do P. O. C. :


— Contas e respectivos valores, correspondentes a todos os
elementos patrimoniais no estrangeiro;
— Valor das participações estrangeiras no capital social e
prestações suplementares;
— Valores globais de débitos, créditos e imobilizações finan-
ceiras que representam relações com o estrangeiro;
— Valor global dos créditos sobre pessoal e débitos a este;

— Etc.

Parece pois que muito haverá a limar no que respeita ao «Anexo ao


Balanço e à Demonstração de Resultados», para se conseguir a harmoni-

4!)
zação. E note-se que esta, poderá vir a ser efectuada apenas através do alar-
gamento das notas do Anexo Português, mesmo sem se suprimir qualquer
item actualmente constante daquele documento uma vez que o art.° 43.°
define apenas as informações mínimas a prestar no anexo.

3.6 RELATÓRIO ANUAL

A 4.a D da C. E. E. impõe que o Relatório Anual tem de incluir no


mínimo uma revisão apropriada do desenvolvimento dos negócios da Em-
presa e a sua posição, e inserir também :

— Quaisquer acontecimentos importantes que tenham ocor-


rido desde o fim do exercício;

— O provável desenvolvimento futuro da empresa;

— Actividades no campo da pesquisa e desenvolvimento;

— A informação relativa à compra de acções próprias.

Em Portugal estão obrigadas à elaboração do Relatório as E. P. e as


Sociedades Anónimas e nestas «o relatório deve descrever (apenas) com
referência ao Balanço e às contas de Resultados, o estado e a evolução da
gestão social nos diferentes sectores em que a sociedade actuou, fazendo
especial menção a custos, condições de mercado e investimentos, de forma
a permitir uma fácil e clara compreensão da situação económica e da ren-
dabilidade alcançada pela Empresa. Terminará o relatório por uma sucinta
análise da evolução financeira da Empresa durante o exercício e do seu
estado na data a que o Balanço se refere (art.° 33.° do Dec. 49 381).
Haverá bastante que acrescer à legislação Portuguesa no que toca ao
Relatório Anual, quer em qualidade, já que o que é prescrito actualmente
não atinge sequer o mínimo exigido pela 4.a D, quer no alargamento do
âmbito da obrigatoriedade de elaboração do Relatório às grandes sociedades
que actualmente não são obrigadas.

3.7. PUBLICAÇÃO DAS CONTAS

Em Portugal são obrigadas à publicação das suas contas as E. P. e as


Sociedades Anónimas. É obrigatória a publicação das seguintes peças :

— Balanço Analítico;

— Demonstração dos Resultados Líquidos;

— Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados;

50
Relatório da Administração;

Relatório e parecer do Conselho Fiscal (ou Fiscal único).

A 4.a D refere que as contas anuais devidamente aprovadas e o rela-


tório anual, juntamente com a opinião da pessoa responsável pela auditoria
das contas, devem ser publicadas. São no entanto permitidas, sob faculdade
concedida pelos Estados membros, algumas excepções ao disposto ante-
riormente.
Ainda aqui deverá o Direito Português alargar a obrigatoriedade de
publicação às empresas que a ela não se encontrem obrigadas actualmente
e que ficarão abrangidas pelo art.0 47.° da 4.a D.
Tal será o caso das grandes sociedades por quotas e das sociedades
cooperativas.
3.8. AUDITORIA DAS CONTAS

A 4.a D define como norma geral que todas as Empresas tenham as


suas contas revisadas por auditores (embora admita certas excepções).
Existe muito pouca tradição em Portugal no domínio da auditoria.
Salvo as E. P. e as Sociedades anónimas que são obrigadas a que as suas
contas e o relatório sejam verificados por Revisores Oficiais de Contas (que
deverão emitir opinião sobre os mesmos), nenhum outro tipo de empresas
está sujeito a auditar as suas contas.
No entanto torna-se indispensável para que tal aconteça que se regu-
lamente a profissão de auditor em Portugal, que se definam campos de acção
para que os resultados sejam positivos.
Depois disso é necessário que a legislação Portuguesa alargue o âmbito
da obrigatoriedade de revisão de contas às Empresas que por força da apli-
cação da Norma Comunitária estão sujeitas a auditar as mesmas.

3.9. CONCLUSÕES GERAIS

A C. N. C. ao dar maior relevo ao Relato Contabilístico-Financeiro


tomou a nosso ver, uma medida acertada, uma vez que é nesse domínio que
se centram os objectivos da 4. a D. O Plano de Contas e os esquemas de escri-
turação, se bem que sendo importantes, deverão resultar das necessidades im-
postas pela elaboração das peças finais e da aderência destas aos princípios
e conceitos contabilísticos.
É no domínio das peças complementares de gestão (anexo, relatório),
publicações e auditoria que muito há ainda que fazer em Portugal. Cremos,
no entanto ser neste último domínio — auditoria — onde o impacto da 4. a D
irá ser maior, visto que algumas concepções, nomeadamente fiscalistas, terão
de ser revistas. A 4. a D virá a impor uma perspectiva diferente na acepção
do Relato Contabilístico-Financeiro.

51
Pelo nosso lado não nos encontramos junto daqueles que defendem
que o P. O. C. e a 4.a D são incompatíveis, mas também não caímos no
extremo oposto. As duas normas são conciliáveis, mas para isso haverá que
trabalhar o Direito Contabilístico Português em geral, e o P. O. C. em par-
ticular para se obter a harmonização, sem que todavia se descure a reali-
dade Portuguesa.
Os Portugueses devem estar atentos à aplicação da Directiva nos
países da Comunidade (que será obrigatória a partir das contas aprovadas
em 31 de Dezembro de 1982, a publicar em 1983) e com os pés assentes
na terra, bebendo na experiência alheia, adaptarem a legislação do Relato
Contabilístico-Financeiro às normas da C. E. E.. Portugal terá quatro anos
após a sua adesão à Comunidade para harmonizar a legislação. Não será
muito tempo, mas talvez seja o suficiente para se produzir uma integração
gradual e sem sobressaltos.

52
Concorrência de Convenções
Colectivas de Trabalho

Por Ilídio Duarte Rodrigues

1. A par de interesses humanos estritamente individuais, na vida


social encontramos outros que, sendo comuns a uma pluralidade de sujeitos,
merecem ser qualificados como colectivos.
É o que sucede com os interesses de categoria.
O interesse colectivo é um interesse de um grupo de pessoas, o que
não significa que se trate de um único interesse pertencente a vários sujeitos
em proporções iguais ou diversas. Com efeito, o interesse colectivo é ainda
um interesse individual de cada um dos sujeitos que integra a colectividade
ou a categoria. Mas, sendo um interesse individual, é simultaneamente
extraindividual, por comum à pluralidade dos sujeitos de uma colectividade,
enquanto qualitativamente idêntico em todos eles e enquanto sentido por
cada um como membro da colectividade e não como pessoa individual (1).
De facto, em cada interesse individual de cada membro de uma colectividade
ou categoria, pode encontrar-se uma fracção igual ou análoga às que existem
nos interesses individuais dos restantes componentes. Essa fracção, desde
que seleccionada por cada membro da colectividade ou da categoria como
interesse comum, define-se como interesse colectivo.
Por outro lado, o interesse colectivo, sendo um interesse comum,
não é a soma dos interesses individuais dos membros da colectividade ou

(1) CESARINI SFORZA — PreliminiaiU sul diritto collettivo, in II Diritto


dei privati, pg. 105.
G. MAZZONI — L'Azione Sindaoale, pg. 46.

55
da categoria (2). Efectivamente, os componentes de uma colectividade ou
de uma categoria, a par de interesses estritamente individuais e de interesses
próprios conexos com a qualidade de membro da categoria, que, quando
confrontados entre si, podem ser diversos ou mesmo contrários, são porta-
dores de um interesse comum (o interesse colectivo), que também pode ser
diverso e mesmo contrário dos primeiros, quando com eles comparado (3).
Os indivíduos, apesar de portadores de interesses diversos ou contrá-
rios, ao ganharem consciência de que, num certo momento (4), uma fracção
de um seu próprio interesse é também comum a outros — e, portanto, tem,
íesse momento, existência como interesse típico e objectivo, que, sendo embora
próprio deles, não é mais deles do que de outros — e de que é conveniente
assegurar a sua tutela em comum, podem organizar-se para actuarem colectiva-
mente. Seleccionado pelos indivíduos, segundo as suas próprias valorações
subjectivas, o interesse colectivo é o factor que determina a sua associação para
a acção colectiva. Não é, pois, a colectividade, previamente constituída, que
gera o interesse colectivo, e, por isso, ele não deve ser definido como colectivo
por pertencer à colectividade. A definição como colectivo de um interesse
comum passa, pois, por juízos de valor subjectivos formulados pelos indi-
víduos. Ê certo que esses juízos assentam em dados objectivos — profissão,
matéria prima trabalhada e actividade, dimensão económica ou natureza
jurídica da empresa, por exemplo — mas, em última análise, o interesse
colectivo só se define como tal com base na valorização dos próprios inte-
ressados, no exercício da sua autonomia, ou seja, segundo os seus próprios
critérios livremente assumidos. Daí que uma pluralidade de indivíduos,

(2) RAUL VENTURA — Teoria da Relação Jurídica de Trabalho,


I, pg. 229.
A. L. MONTEIRO FERNANDES — Noções Fundamentais de Direito de
Trabalho, vol. 2, pg. 31.
ALDO CESSARI — L'Interpretazione dei Contratti Collettivi, pgs. 137,
nota 27 e 159.
G. MAZZONI — IVAzioma Sindacale, pg. 47.
UNIVERSITA Dl FIRENZE — La Categoria e la Contrattazione
Collettiva, pg. 30.
(3) RAUL VENTURA—Conflitos de Trabalho. Conceito e Classifica-
ções, tendo em vista um novo Código de Processo do Trabalho, in Curso de Di-
reito Processual do Trabalho, pg. 15.
(4) Só estaticamente, em cada momento concreto, o interesse colectivo
é objectivo e perfeitamente imdíividualizável, uma vez que, abstractamente, po-
derão assumir-se como colectivos interesses comuns emergentes die elementos
muito diversos, mentalmente determináveis.
A categoria surge porque, num momento dado, um grupo de pessoas —
seus futuros componentes — acordam nesse interesse típico e objctivo. Esse
interesse é, então, objectivamente inerente à categoria e, nesse sentido, é um
interesse necessário, pois nele não puderam deixar de acordar os membros da
categoria.

54
situados em condições objectivas idênticas, possa vir a definir interesses
colectivos diversos, cada um dos quais gerará uma colectividade ou categoria.
E, por ser o interesse colectivo seleccionado pelos membros da colecti-
vidade, pode sofrer modificações ao longo do tempo, em resultado de
alteração das valorações subjectivas dos seus portadores (5).
O interesse colectivo, assim concebido, é a matriz da categoria (6).

2. A categoria tem sido concebida de diversas formas: ora como


pura abstracção do espírito, ora como realidade, ou natural ou jurídica.
Reconhecem-se, de facto, três correntes fundamentais quanto à natureza
da categoria: a orientação integrada por aqueles que, admitindo como
únicas realidades efectivas os indivíduos e os seus próprios interesses, recon-
duzem a categoria a simples conceito; a corrente que atribui carácter onto-
lógico à categoria, vendo nela uma entidade social, natural ou de facto; e a
tese que lhe reconhece existência real após o seu reconhecimento jurídico,
através da sua organização e manifestação por instrumento juridicamente
relevante.

2.1. O enunciado fundamental das teses que sustentam o carácter


de abstracção da categoria exprime-se singelamente afirmando que ela não
tem existência objectiva e constitui apenas um conceito, um nome cómodo
para designar uma série de indivíduos que, por titulares de interesses idên-
ticos, se coligam. Apesar de coligadas, as pessoas conservam a sua indivi-
dualidade e os seus interesses individuais, não se fundindo numa única
entidade com um interesse específico.
Ora, os componentes da categoria não são portadores de interesses
idênticos. No interior da categoria, os interesses podem ser diversos e até
mesmo contrários. O que sucede é que, apesar da diversidade de interesses,

(5) Dinamicamente, portanto, é um interesse mutável, se bem que, em


cada momento concreto, seja unívoco e individualizável.
(6) GIUSTINIANI — La tutela g-iudiziale dell'interesse professional©:
«bisogna una volta chdairire ohe roei nostro caso non si tratta di un interesse
che è preelsabili dail'individtuo, ma è 1'interesse stesso chie invece determina
1'individuo».
De facto, trata-se de um interesse objectivo — e nessa medida não é criado
artificdialiwente pelo indivíduo. Só que, apesar de objectivo, o interesse é definido
subjectivamente. E é tão só esse 'interesse objectivo, enquanto subjectivamente
definido, que determina o indivíduo.

55
os seus portadores julgam possível adoptar uma posição comum e oportuno
constituir, por isso, uma frente externa (7).
Assim, o interesse que gera a categoria não é a simples soma dos inte-
resses individuais dos seus componentes : aquele e estes podem ser diversos
e contrários. Há, pois, uma realidade objectiva que nem se reduz às pessoas
coligadas nem aos seus interesses individuais.
E nem se diga que o interesse colectivo, sendo comum, é ainda um
interesse individual. Seria esquecer a sua natureza extraindividual, enquanto
interesse típico e objectivo, que, sendo próprio de cada um e por cada um
subjectivamente definido, não é mais de um do que dos outros membros da
categoria.

2.2. A concepção ontológica da categoria sustenta a sua realidade


social ou de facto, o seu carácter de fenómeno pré-jurídico.
A categoria seria realidade natural e concreta, que se mostra já
formada e a Ordem Jurídica encontra e se limita a reconhecer.
Mas não pode admitir-se realidade social à categoria, nem aceitar-se
uma sua noção apriorística. De facto, podem criar-se tantas categorias quantas
se queira, de acordo com uma multiplicidade de critérios mentalmente deter-
mináveis. Daí que, indivíduos em situações objectivas idênticas possam
integrar-se em (ou criar) categorias diversas. Não há um interesse exclusi-
vamente objectivo — no sentido de independente de valorações subjectivas
— que permita individualizar as formações de categoria. Efectivamente, a
adopção, como critérios definidores, do interesse comum mais geral ou do
interesse comum mais específico conduziria, em alternativa, ou a uma gene-
ralização ou a uma especificação sem limites. Ora, a generalização sem
limites aponta para uma só categoria laboral — a dos trabalhadores subor-
dinados; e a especificação sucessiva permite a distinção ilimitada de cate-
gorias, extraídas de outras mais amplas, relativamente às quais surgiriam
como subcategorias, subcategorias de subcategorias, etc. Em qualquer dos
casos, a categoria em si encontra-se despida de características e de dimen-
sões — ou demasiado difusa ou inteiramente pulverizada — que possibilitem
a sua definição como ser em si.

(7) Também alguns autores que sustentam o carácter de abstracção da


categoria admitem a contraposição de interesses no interior da categoria,
reconhecendo que ela tem a sua génese no «conflito de interesses em que se
encontram os indivíduos» ( Carnelutti — Funzione dei processo dei lavoro —
Diritto Processual© Civile, I, pg. 114) e que é determinada mais do que pela
identidade ou comunhão dos intéresses individuais, por uma comum «posição
contratual», «a que normalmente se reúnem problemas comuns, pontos de vista
comuns, interesses e soluções comuns» (Simi-La Categoria Professionale). Mas,
se assim é, então a categoria não se reduz aos indivíduos que a integram e aos
seus interesses individuais.

56
Por outro lado, a categoria tem significado jurídico não como realidade
ontológica em si própria, mas como efeito de uma norma que lhe dá e nos
termos em que lhe dá relevância. Ora, perante a actual Ordem Jurídica por-
tuguesa, a individualização e relevância da categoria não derivam de uma
norma legislativa — o que constituiria violação da liberdade sindical — mas
sim dos estatutos sindicais (8).
Aliás, a concepção ontológica anda inteiramente associada a teorias
que integram, como elemento necessário, a unicidade sindical. Na verdade,
quando apenas se permite a constituição de um único sindicato para repre-
sentar uma categoria, torna-se indispensável definir previamente, de forma
abstracta, o âmbito de cada uma. E, também por isso, a liberdade sindical
é, então, concebida como liberdade de categoria, onde as pessoas «entram
categorizadas, reduzidas a pertencer, a ser-membro, a não-poder-querer-
-fora do ente» (9). Deste modo, a concepção ontológica da categoria e a
liberdade sindical entendida como liberdade individual fundamental de asso-
ciação dos trabalhadores são antitéticas (10).

2.3 Finalmente, sustenta-se o carácter de realidade jurídica da cate-


goria. Esta não tem realidade natural, sendo criada como realidade jurídica
através de um adequado instrumento jurídico. Ela cria-se e manifesta-se,
normalmente, através da constituição de um sindicato (11).
É o sindicato que define o seu âmbito, individualizando-a, de entre
várias hipóteses possíveis. O sindicato é, assim, instrumento de formação
e revelação da categoria.

(8) MAZZIOTTI Dl CELSO — Profili dei' autotutela nei rapporti di


lavoro, pg. 44, nota 22.
(9) MÁRIO PINTO — Das concepções da liberdade sindical às concepções
sobre o homem e a sociedade, in Direito e Justiça, vol. I, pg. 33.
(10) Não devem, porém, confundir-se duas realidades: uma, a integração
de pessoas, em circunstâncias objectivas idênticas, em categorias diversas, formadas
e reveladas por sindicatos diversos; outra, a existência de diversos sindicatos no
âmbito da mesma categoria. Na primeira hipótese (que também pode verificar-se
em sistemas de unicidade sindical), há interesses colectivos diversos; na segunda
hipótese (só possível desde que permitido o pluralismo sindical), há diversas
interpretações do mesmo interesse colectivo.
(11) Diz-se normalmente uma vez que, nos regimes publicísticos e de
unicidade sindical, a categoria pode ser erigida, a realidade jurídica por acto
estatal de lenquadrmento (cfr. Giugni — Introduzione alio studio delia autonomia
collettiva, pg. 59, nota 4).
Por outro lado, se a formação e revelação da categoria exige uma forma
de organização, através da qual se seleccionam os interesses da categaria, esta
não tem de ser necessária e exclusivamente o sindicato. A categoria pode reve-
lar-se também por organizações temporárias com natureza afim da do sindicato,
como as coligações (Danilo Guerrieri — La Categoria e la Contrattazione
Collettiva, pgs. 40 e 41).

57
Como escreveu Danilo Guerrieri :
«O sindicato é a semente e a categoria é o fruto da semente; portanto,
a categoria não é mais que a projecção da «organização sindical no espaço
e no tempo». No espaço, porque também lá onde a organização sindical
não chega, aí, não obstante, está a categoria, automaticamente constituída
pelos portadores de interesses análogos àqueles que o sindicato tutela. No
tempo, porque a categoria não é constituída apenas pelos presentes mas
também pelos futuros, por aqueles que a ela pertencerão no futuro.
Deste modo, a categoria repete as carecterísticas do sindicato e não
é mais que a organização expandida.
O sindicato é a categoria (ou melhor, a parte da categoria) organizada;
os não associados são a parte da categoria não organizada; a categoria, enfim,
é a síntese dos interesses dos organizados e dos não organizados».
A categoria é, portanto, uma entidade necessariamente coexistente
com o sindicato (12).

3. Do interesse colectivo já se disse ser «interesse à norma». Efecti-


vamente, o interesse colectivo só pode ser satisfeito através da sua realização
individual mas generalizada, isto é, observada por todos os membros da
colectividade. E a observância generalizada só se alcançará criando vínculo
que obrigue todos os membros a realizarem o interesse colectivo, ou seja, a
adoptarem para com terceiros comportamento uniforme adequado à prosse-
cução do interesse colectivo (13).
Os interesses colectivos já existem na vida social antes e independen-
temente da disciplina e tutela que a Ordem Jurídica estatal lhes proporciona.

(12) As relações entre a categoria e sindicato podem situar-se no plano


die coexistência e no da representação dos interesses. Do primeiro plano extrai-se
que a categoria é determinada pelo sindicato, seu elemento genético. Mas daqui
não resulta já que a© sindicato caiba representar os interesses da categoria. De
facto, se o sindicato forma e revela a categoria, esta permanece entidade distinta
daquele. O sindicato só poderá representar o interesse da categoria quando a
tiver organizado integralmente. Mas é evidente que mesmo quando «o sindicato
não tutela institucionalmente os interesses da categoria, ele tutela sempre inte-
ressas de categoria» (CHIARELLI— La Oonvenzione Collettiva di lavoro, in
Riv. dir. int. e comp. lav., 1955, I, pg. 235).
(13) Orlando a associação profissional, limita-se a concorrência entre os
associados, através da fixação de regras de comportamento uniformes para
com terceiros (cfr. TJ. PROSPERETTI —- La liberta sindacale, in Nuovo Trattato
di Diritto dei Lavoro, da R. Sanseverino e G. Mazzoni, vol. I, pgs. 19 e seg.).

58
Começam eles por ser disciplinados e tutelados directamente pelos seus
próprios portadores, que, para o efeito, elaboram os necessários meios
técnicos (14).
Efectivamente, a vida real da época do individualismo liberal revela-
-nos a existência de mercados de trabalho onde o trabalhador ocupa uma
posição de inferioridade económica, que o constrange a aceitar, ao negociar
individualmente, condições unilateralmente impostas pelo dador de trabalho.
Os trabalhadores sentiram, por isso, a necessidade de disciplinar o mercado
de trabalho, a fim de porem termo à desastrosa concorrência que recipro-
camente se faziam. Em resposta a essa necessidade e com esse objectivo, os
trabalhadores unem-se, criando associações de classe e, posteriormente,
passam, como grupo organizado, a desenvolver uma acção colectiva, que se
exprime, nomeadamente, pelo exercício da greve e da contratação
colectiva (15).
Assim, a associação sindical é um meio técnico que os indivíduos
adoptam para disciplinarem e tutelarem directamente os interesses colectivos
de que são portadores.
Numa primeira fase, a consciência do interesse colectivo, que implica
um fim comum, determina os seus portadores à organização da colectividade
de categoria. Ora, organização implica ordenação, isto é, a existência de
normas, que disciplinem a cooperação consciente, preceituando o compor-
tamento recíproco e perante terceiros, e a formação de uma autoridade, que

(14) Como, aliás acontece com quaisquer interesses humanos. Sucede até
que a. Ordem Jurídica estatal só reconhece ta incorpora os -meios técnicos que os
particulares espontaneamente elaboram, depois de desenvolvidos e experimen-
tados pela prática (cfr. BETTI — Teqria Geral do Negócio Jurídico, vol. I,
pgs. 87 e seg.).
(15) E profunda a relação entre as condições do mercado de trabalho e o
âmbito da associação sindical: no início da revolução industriai, à rigidez da
oferta da mão de obra — derivada da especialização exigida pelo baixo nível de
mecanização e da pouca mobilidade territorial resultante da carência dos medos
de comunicação — corresponde um sindicato de empresas ou, quando muito,
concelhio (bourses de travail); à medida que se alarga o mercado de trabalho,
com a dispensa da especialização, na sequência do desenvolvimento! tecnológico
e da mobilidade das massas, e com o fenómeno das multinacionais, o sindicato
tende a ganhar maior amplitude territorial (regional, nacional, internacional).
Não espanta que, no início do século XX, se tenham constituído os Secre-
tariados Profissionais Internacionais; depois, em 1913, a Federação Sindical
Internacional; em 1919, a Confederação Internacional dos Sindicatos Cristãos
(hoje, Confederação Mundial do Trabalho); em 1920, a Internacional Sindical
Vermelha; em 1945, a Federação Sindical Mundial; e em 1949, a Confederação
Internacional dos Sindicatos Lavres.
Por seu lado, as multinacionais contribuem especificamente para uma
organização supranacional no âmbito dos ramos da produção e das empresas,
como sucede com o Conselho Sindical Mundial das Empresas Michelin.
Cfr. SUPPIEJ — Funzione dei Contnatto Collettivo, In Nuovo Trattato
di Diritto dei Liavoro, da R. Sanseverino e G. Mazzoni, vol. I, pg. 211.
J. M. VERDIER — Syndicats, pgs. 83 e segs.

59
articule e garanta a observância das mesmas normas. Portanto, o interesse
colectivo, que constitui fundamento, pressuposto e princípio organizatório
do sindicato, condiciona e determina a sua organização normativa e a criação,
no seu seio, de um poder social claramente definido.
A organização normativa sindical, emergente da vontade colectiva,
traduz-se num sistema de normas diciplinadoras das relações entre os asso-
ciados e entre eles e a colectividade, definindo, particularmente, as acções
e os comportamentos que devem ser observados por todos e por cada um
com vista à prossecução do interesse colectivo. O ordenamento sindical
disciplina relações que surgem unicamente dentro da colectividade de cate-
goria. Ele dirige-se exclusivamente aos associados, se bem que contendo já
normas, particularmente cláusulas-tipo unilaterais, que regulam relações
entre associados e terceiros. O ordenamento estabelece a disciplina do cartel
interno de trabalho, pressuposto do papel de cartel externo de trabalho que
o sindicato irá assumir. A «tarif» será, então, obrigação solidária dos ope-
rários de não aceitarem condições de trabalho diversas daquelas que o pró-
prio grupo fixou. Trata-se ainda de um regulamento unilateral, que os ter-
ceiros, particularmente os dadores de trabalho, só reconhecem na medida
em que se subordinem, de facto, ao poder da colectividade, aceitando as
condições de trabalho preceituadas pelo respectivo regulamento.
Assim, pelo facto de o sindicato se constituir — e para isso se cons-
titui — os seus associados ficam sujeitos a uma regulamentação que reconhe-
cem como determinante, aceitando, por isso, a sua pretensão de vigência.
Também essa ordem de convivência humana propõe a cada sócio — como
qualquer Ordem Jurídica propõe aos seus sujeitos — «uma directiva para
com os outros, mas também o confirma na sua confiança no comportamento
dos outros; não o constitui apenas em obrigação, também o legitima e auto-
riza» (16) (17).

(16) KARL LARENZ— Metodologia da Ciência do Direito, pg. 208.


(17) CESARINI SFORZA —Op. cit. pg. 109.
«Infatti quando più persone vogliono date azione (ossia agiscono coscien-
temente) per uno scopo carmine, una comunità tra esse si forma con un mínimo
di organizzazione, perche tale loro volontà carmine (ossia quella parte delia loro
volontà personali chie è obbiettivamente definable) non può non assumere, per
esse, il valore di regola o norma. Trattasi di una volontà comune perche deter-
minantesi in ogni membro delia comunità e in questo senso egli la impone
agli altri miembri, onde rappresenta il suo ddrito (pretesa ai comportamento
altrui) ; ma nello stesso tempo per ciascun membro quella volontà eomune, in
quanto è la volontà di altri e obbiettivata, >e dunque volontà coliettiva, è fonti
di obblighi. Cosi ciascun membro delia comunità, in quanta coopera con gli altri,
vuole non solo I'azione propria (diretta alio scopo comune), ma anche I'azione
di ciaseuno degli altri membri, il che equivale a comandaria o pretenderia, e a
sua volta è investiiito di un obbligo verso ciaseuno degli altri membri, ossiia verso
la collettivítã. II chie significa chie ciascun membro è titolare di un diritto o di un
potere verso ogni altro, ed è viceversa investito, rispetto ad ogni altro, di un
obbligo o di un onere: donde una rette di rapporti giuridici, che nel loro complesso
constituiscono 1'ordinamento giuridico delia collettività».

60
Depois, com a expansão do movimento associativo e o aparecimento
de associações de dadores de trabalho, como forma de contrabalançar o
poder sindical operário, cria-se uma autêntica comunidade intersindical
assente no recíproco reconhecimento ou, mais rigorosamente, no «reconhe-
cimento de poder» que as associações de classe mutuamente se fazem (18).
Os sujeitos da comunidade intersindical, reconhecendo-se reciproca-
mente, concedem ao acordo comum natureza de fonte do regulamento
colectivo, que se propõem substituir ao esquema individualista das relações
de trabalho. Por esta forma os interessados supriam as deficiências do orde-
namento estatal, dominado pela ideia de igualdade e de perfeita homoge-
neidade das partes do contrato de trabalho, preocupado com o átomo e
ignorando a molécula, e desconhecendo a conflitualidade permanente, a
situação de conflito de interesses sistemático e institucional, que passou a
caracterizar o mundo das relações de trabalho.
A organização normativa da comunidade intersindical passa a ter a
sua fonte no contrato colectivo, «pequena lei internacional» ou lei do fede-
ralismo económico (doppelstándige Bundesrepublik), que as associações
contrapostas constituem (19).

(18) GIUGNI— Introduzione alio Studio delia Autonomia Collettiva,


pg. 107 e 112 e sua nota 19.
B I. T. — Les Négociations Collectives, pg. 33.
ALDO CESSARI — L'lnterpretazionia del Contratti Collettivi, pg. 66.
(19) A existência, de uma comunidade subjacente ao contrato colectivo
foi apontada desde sempre pelos autores que se debruçaram sobre a sua pro-
blemática.
Assim, Hauriou pretende ser a convenção colectiva acto normativo de uma
comunidade económica (Principies de droit publique, pg. 211 e segs).
Duguit, que expõe a noção de comunidade profissional, compara a comu-
nidade intersindical à comunidade internacional e considera a convenção
colectiva lei intersocial, designando-a por «pequena lei internacional» (Traité de
droit constitutionnel, vol. I, pg. 308 e segs.).
Boos sustenta existir uma república federal económica bilateral (doppel-
stándige Bundesrepublik)de que as associações de classe seriam órgãos (Der
Gesamtarbeitsvertrag nach õsterreich schen und deutschen Recht, pgs. 183-276).
Sinzheimer enuncia o conceito de Gewaltgemeinschaft — «die Herrstellung
einer Gemeinschaf t des Arbeitsrechts und des Arbeitsfriedens ist die Grundabsicht
einesjeden Tarifvertrag» — e descreveu os seus órgãos (Tarifbehõrden). A auto-
nomia contratual seria instrumento da zweiseitige Gesetzgebung.
Boggs sustenta a existência de uma comunidade die associações de classe
(Verbande), dotada de poder autonómico e, portanto, Rechtssetzungfáhige.
Escrevia Boggs: «Dièse Verbandsautonomie unterscheidet sien insofern von der
herkõmmlichen Form aut"nomer Rechtssetzung, ais ihr Trãger nicht ein
einheitlicher genossenschaftlicher Verband ist wie, z. B. eine Stadtgemeinde
oder eine Innung — sondem dass sich hier zwei Verbande, die Sozialpartner,
zusammenfinden und gemeinsam Recht setzen. Aber dndem aie einen TV mitein-
ander abschliessen, bilden síe zuglsich — unbeschadet ihrer Stellung ais Parteien
des Vertrages — eine zur autonome Rechtssetzung- fãhige Gemeinschaft, deren
Aufgabe im iibrigen nicht nur in der Festlegung der Arbeitsbedingungen, also

61
4. Os ordenamentos sindicais, primeiro, e intersindical, depois,
surgiram como ordenamentos originários e autógenos.
Com efeito, trata-se de ordenamentos que se formaram espontanea-
mente e eram independentes, pois não procuravam o título da sua existência
noutro ordenamento e nomeadamente no ordenamento estatal. Tanto assim
que os ordenamentos sindicais e intersindicais começam por ser ilícitos
perante o ordenamento estatal.
A organização normativa das comunidades sindicais e intersindicais
assentava em poderes sociais, que, então, os poderes soberanos da socie-
dade geral não reconheciam. Existindo e funcionando os regulamentos sin-
dicais e os contratos colectivos antes de o direito estatal os reconhecer como
lícitos, eles impunham-se como factos objectivamente normativos, sendo
certo, aliás, que desempenhavam, na prática, relativamente aos membros
da respectiva comunidade, o papel que a legislação tem no seio do Estado.

der gemeinsamen Rechtssetzung, sondem auch in der Verwirklichung des


Tarifrechts besteht» (Autonomie und verbãndliche Selbstverwaltung im modernen
Arbeits-und Sozialrecht, in RderArb, 1956, pg. 1 e segs).
Giugni, descreve a comunidade intersindical e o respectivo ordenamento
(Introduzione alio Sutido delia Autonomia Collettiva).
Essa comunidade não é concebida uniformemente. Assim, enquanto uns
vêem nela a manif estação de uma comunhão de interesses, outros consideram-na
fundada sobre uma iebenvolles Spanmmgsverhãltnls entre os grupos sociais
opostos que a integram.
A analogia -entre a comunidade intersindical — integrada por sindicatos
operários e patronais — e a comunidade internacional tem sido posta em relevo
com vários fundamentos.
Sublinhou-se já o carácter comum de unvollkomendes Recht de cada um
dos respectivos ordenamentos (Schindler — Werdende Recht, in Festgabe fiir
F. Fleiner).
Idêntica é a génese contratual das normas em qualquer desses ordena-
mentos.
Similar é também o comportamento dos sindicatos no seio do Estado e o
que estes assumem na comunidade internacional, o que resulta de todos serem
detentores de poder. Como escrevia J. L. Brierly:
«A união dá sempre força e, quando os membros dessas associações são
numerosos, quando dispõem de recursos importantes e sentem como intensa-
mente vitais os interesses que o seu agrupamento visa proteger, tendem a pros-
seguir os seus objectivos extralegalmente, quando não mesmo ilegalmente, sem
grande consideração pelo vínculo jurídico que, em princípio, os liga ao resto da
sociedade de que fazem parte. Comportam-se então dentro do Estado de uma
maneira que é fundamentalmente semelhante àquela por que os Estados soberanos
se comportam na sociedade international!, se toem que em regra menos intran-
sigentemente. A soberania é apenas o momento culminante de uma situação que
tende a repetir-se no comportamento de qualquer grupo de seres humanos sufi-
cientemente forte e decidido a insistir no quie lhe convém, sendo certo que, de todos
os grupos humamos, são os Estados os mais fortes. O problema de os sujeitar
ao direito, embora mais difícil, é em essência semelhante ao que se põe ao Estado,
ao lidar com associações poderosas dentro dele próprio» (Cfr. Direito Inter-
nacional, pg. 48).

62
Regulamentos sindicais e contratos colectivos eram, assim, fontes de normas
já vigentes, só que ainda não vigentes para o (e no) ordenamento estatal.
No âmbito dos ordenamentos particulares intersindicais, como dizia
Giugni, contrato e obrigação requalificam-se sob a luz peculiar de instru-
mentos organizatórios do poder social paritário das associações sindicais (20).
E, sendo fortes e obstinadas as associações de classe para se subme-
terem real e efectivamente à lei do Estado (21), este por um lado, reconhe-

(20) GIUGNI —op. citada pg. 116.


A doutrina descura a análise da natureza da convenção colectiva perante
o ordenamento intersindical, onde surge espontaneamente e desempenha o papel
de lei, preocupando-se quase exclusivamente com o seu estudo apenas à luz do
ordenamento estatal (Cfr. Danilo Guerrieri— op. cit. pg. 84, nota 2).
Por isso, perde-se de vista a natureza intrínseca e originária ido instituto,
sendo certo que há a necessidade de «imaginar que os problemas respeitantes
à força obrigatória do contrato colectivo de direito comum, melhor podem ser
entendidos considerando que a questão dio seu enquadramento no âmbito do
sistema formal de valorações do ordenamento estatal apenas se prospecta suces-
sivamente à consideração da original estrutura do contrato colectivo como
instrumento criado pela vida de relação para regulamentar novas formas de
relações colectivas» (Cfr. Aldo Oessari — Op. Cit., pg. 65).
Efectivamente, como referia Santi Romano a propósito do contrato
colectivo, «estamos em presença de um fenómeno jurídico de dupla face que
não se pode completamente explicar senão admitindo que ele se desenvolve, ao
mesmo tempo e com posições eventualmente contrárias, nas respectivas órbitas
de dois distintos ordenamentos jurídicos: um é o do Estado,e para ele a figura
do contrato é, pelo menos em regra, a única que pode ter relevância; Q, outro
é o ordenamento particular; e aquilo que para o direito do Estado é um contrato,
para tal ordenamento vale como sistema a se, mais ou menos autónomo, de
direito objectivo, que se faz valer com os meios de que a organização dispõe, no
seio dela» (Cfr. Ordlinamento Giuridico, pgs. 128 e 129).
A natureza originária da convenção colectiva, como lei da comunidade
intersindical, esclarece o fundamento da obrigação social intercorrente e entre
os sócios (súbditos) das associações outorgantes. A 'explicação da sua inderro-
gabilidadie, não meramente obrigatória mas verdadeiramente real, por comportar
a invalidade da cláusula do contrato individual desconforme e a sua substituição
automática pela cláusula do contrato colectivo, dispensa as artificiosas constru-
ções baseadas na legislação civil dos contratos. A convenção colectivai é inderro-
gável perante o ordenamento estatal porque o era originariamente como lei da
comunidade intersindical: «neste ordenamento o chamado contrato colectivo é
fonte normativa geral, a par de certas formas de tratados no direito internacio-
nal, transcendentes também esses aos interesses das partes através die uma
visão superior do interesse da comunidade» (Cfr. Danilo Guerrieri — Op. cit.
pg. 25; cfr. ainda pgs. 86 e 87). E o Estado recebendo o instituto no seu ordena-
mente não deve desconhecer nem modificar essencialmente a sua original natu-
reza. Cada uma das associações outorgamtes, através da convenção colectiva,
definindo um conteúdo normativo unitário, estende aos sóciios da outra ou outras
o poder nomogenético que, isoladamente, se circunscreveria ao interior do seu
próprio ordenamento particular (Cfr. Mazziotã di Celso — Op. Cit. pg. 85).
(21) SINZHEIMER — Grundziige des Arbeitsrechts, pg. 46: «sind die
sozialen Máchte oft zu stark und eigenwillig, um sich staatlichen Gesetz
wirklich zu unterwerfen».

63
cendo a função dos ordenamentos sindicais e intersindicais (22), e, por outro
lado, para assegurar a unidade e prevalência do seu próprio ordenamento
e para adequar a realidde jurídica à realidade social (já jurídica, mas não
para o ordenamento estatal), atribui aos sindicatos poderes de autonomia (23).
Assim se assegura o equilíbrio dos diversos ordenamentos : cada orde-
namento autónomo, criado no exercício do poder autonómico, torna-se fenó-
meno derivado do ordenamento estatal (24).
Mas a salvaguarda da unidade e da prevalência do ordenamento estatal
impõe a definição dos limites e dos efeitos dos ordenamentos sindicais e
intersindicais e da competência dos respectivos órgãos. E, por isso, a obser-
vância dos limites e da competência constitui condição de eficácia constitu-
tiva das normas sindicais e intersindicais perante o ordenamento estatal (25).

(22) BRUNO BALLETI— Contributo alia Teoria delia Autonomia Sin-


dacale, pg. 255 e segs.
(23) O ordenamento estatal reconhece aos ordenamentos sindicais ai fun-
ção fundamental de restabelecer a 'igualdade entre as partes do contrat© de
trabalho, definindo uma disciplina uniforme das condições de trabalho.
(24) Por esta forma, o ordenamento estatal incorpora uma parte im-
portante da ordem jurídica directa da sociedade (gesellschaftliches Recht), que
«se manifesta entre outras na interpenetração de uma pluralidade de ordenações
autónomas de agrupamentos particulares, excluído o Estado» (Cfr Gurvitch —
Tratado de Sociologia, vol. II, pg. 256).
E esta incorporação produz automaticamente a paissagem do ordenamento
intersindical de uma condição jure próprio, originária ou autógena a uma con-
dição nova. Como escrevia Cesarini SforzTí, «o Estado faz próprio um outro
ordenamento, reproduzindo-lhe as normas ou reenviando expressamente para
ele, as quais, assim, já não se distinguem das emanadas imediatamente da von-
tade estatal», pelo que «neste caso o outro ordenamento, como tal, extingue-se».
Efectivamente, a incorporaçãlo pelo ordenamento estatal tem carácter
criador e não mera constatação, pois se concretiza no comando, dirigido aos
seus órgãos, de observarem e fazerem observar a vontade normattiva intersin-
dical. E, assim, os órgãos estatais ficam obrigados a integrar a manifestação
normativa intersindica/l no sistema hierárquico das fontes do ordenamento esta-
tal (Cfr. Giugni —Op. Cit., pg. 61).
(25) A fiscalização quanto à observância dos limites e da competência
exige que os titulares do poder autonómico sejam dotados de personalidade jurídica.
Die facto, «o controle por parte do Estado sobre o manifestar-se da auto-
nomia normativa deve ser exercido sobre um sujeito determinado como primeiro
termo de referência da actividade estatal (de controle): não existindo o< sujeito
como entidade dotada de personalidade jurídica, falta o dado essencial para
examinar se o -poder foi exercido pslo sujeito competente.
A fixação dos limites dentro dos quais pode exercer-se a autonomia nor-
mativa comporta a existência de um sujeito juridicamente determinado*, a que
seja de referir a actividade autónoma, dotada de eficácia obrigatória e geral na
ordem jurídica positiva.
O carácter de fonte de direito próprio das normas autónomas determina,
também, que o sujeito autónomo seja um ente necessário para a formação da
disciplina legislativa, com vista a evitar lacunas no ordenamento jurídico posi-

64
5. Ora, a definição dos limites e dos efeitos dos ordenamentos inter-
sindicais suscita ao ordenamento estatal nomeadamente os problemas dos
limites das convenções colectivas e da colisão entre convenções colectivas,
sendo aquele o problema principal e este o problema subordinado (26).
Do mesmo modo que para as normas e as relações jurídicas, também
a propósito das convenções colectivas e das relações de trabalho se podem
formular as interrogações de Savigny : A respeito das convenções colectivas,
pergunta-se : sobre que relações de trabalho devem elas imperar ? A respeito
das relações de trabalho : a que convenções colectivas estão elas submetidas,
ou de que convenções colectivas dependem? As questões relativas aos
limites do império das convenções colectivas ou da dependência das relações

tivo; mas da necessidade da existência do sujeito não deriva que um ente dotado
de personalidade jurídica possa exercer as funções atribuídas pelo ordenamento
autónomo.
Finalmente...: para a promoção da autonomia normativa como descen-
tralização da função legislativa, o Estado deve individualizar os sujeitos aos quais
atribui o poder de se autoregulamientarem com eficácia constitutiva do orde-
namento geral».
Cfr. BRUNO BALLETTI — Op. Cit. pgs. 47 e 48.
(26) O problema ganha maior acuidade por nem todas as associações
sindicais se encontrarem unidas por vínculos orgânicos e hierárquicos, (inte-
grando uma só organização unitária. Por isso, surgem vários ordenamentos par-
ciais, situados ao mesmo nível, que se torna necessário delimitar e coordenar,
formando um sistema unitário.
Com efeito, «dois complexos de normas também podem, porém, formar
um sitema de normas unitárias tal que os dois ordenamentos surjam como situa-
dos ao mesmo nível, quer dizer, delimitados, nos respectivos domínios de vali-
dade, um em face do outro.
Isso pressupõe, porém, um terceiro ordenamento, de grau superior, que
determine a criação dos outros dois, os delimite reciprocamente nas respectivas
esfieras de validade e, assim, os coordene.
A determinação do domínio de validade é — como resulta do anteriormente
dito — a determinação de um elemento de conteúdo do ordenamento inferior
pelo ordenamento superior. A determinação do processo de produção pode f azer-se
directa ou indirectamente, conforme a norma superior determina o próprio pro-
cesso no qual a inferior é produzida, ou se limite a instituir uma instância que,
desta forma, é autorizada a produzir, como bem entenda, norlmas com validade
para um determinado domínio. Em tal caso fala-se de delegação, e a unidade
em que o ordenamento superior está ligado com o ordenamento inferior tem o
carácter de uma conexão delegatória. Daí mesmo já resulta que a relação do
ordenamento superior com os vários ordenamentos inferiores em que aquele
delega tem de ser, simultaneamente, a relação de um ordenamento total com
os ordenamentos parciais por1 ele abrangidos. Com efeito, como a norma que é
fundamento de validade do ordenamento inferior forma parte integrante do
ordenamento superior, pode aquele, enquanto ordenamento parcial, ser pensado
como contido neste, enquanto ordenamento total. A norma fundamental do orde-
namento superior — como escalão máximo do ordenamento global — representa
o último fundamento de validade de todas as normas — mesmo das dos ordena-
mentos inferiores». (Cfr. KELSEN — Teoria Pura do Direito, pgs. 442 e 443).

65
de trabalho e aos conflitos de fronteira ou colisões, que aí, a propósito
desses limites, se levantam, são pela sua própria natureza, questões derivadas
e subordinadas (27).
Há, assim, que distinguir entre o problema do âmbito de aplicação
das convenções colectivas consideradas isoladamente e o problema dos con-
flitos de convenções colectivas de trabalho. O princípio que fixa o âmbito
de aplicação de cada convenção colectiva constitui a regra de conflitos
primária ou básica. Por seu lado, o problema da colisão ou concorrência
de convenções colectivas pressupõe que o âmbito de aplicação de cada
convenção colectiva pode abranger relações de trabalho que simultaneamente
se integrem no âmbito de aplicação de outra ou outras convenções colectivas
e que estas devem aplicar-se dentro de certos limites, estes de segunda
ordem (28).
Ora, o âmbito de aplicação das convenções colectivas é fixado pelas
próprias partes, dentro dos limites do círculo de sujeição à convenção
colectiva — definido por lei — , o qual elas podem reduzir, mas nunca
ampliar. O legislador português limitou o círculo de sujeição à convenção
colectiva aos seus outorgantes e aos associados das associações signatárias.
O âmbito de aplicação da convenção colectiva é definido pela demarcação
prévia das entidades patronais abrangidas. Por seu lado, os trabalhadores
abrangidos pela convenção colectiva de trabalho são os que, trabalhando
para entidades patronais sujeitas à convenção colectiva, exerçam actividade
correspondente a categoria profissional nela prevista e estejam inscritos na
associação sindical outorgante (29.)
Podemos definir a regra básica em matéria de aplicação de convenções
colectivas pela forma seguinte :
1.°—Qualquer convenção colectiva é inaplicável às relações de tra-
balho que com ela não tenham a devida conexão, por não se incluírem ambas
as suas partes no círculo de sujeição e no âmbito de aplicação respectivos;
2. — Qualquer convenção colectiva é aplicável a todas e quaisquer
relações de trabalho cujos sujeitos apenas estejam integrados no círculo
de sujeição e no âmbito de aplicação respectivos;
3.° — Qualquer convenção colectiva é potencialmente aplicável a
todas e quaisquer relações de trabalho cujos sujeitos se integrem nos seus
círculo de sujeição e âmbito de aplicação.

(27) SAVIGNY — System des heutigen Rõmiscben Rechts, vol. VIII,


1849, pg. 3, in JOÃO BAPTISTA MACHADO — Âmbito de Eficácia e Âmbito
de Competências das Leis, pg. 3.
(28) JOÃO BAPTISTA MACHADO — Op. e loc. citados.
(29) ILÍDIO DUARTE RODRIGUES — Âmbito de Aplicação da Con-
venção Colectiva de Trabalho.

66
6. Os princípios que integram a regra de conflitos primária ou básica
em matéria de aplicação de convenções colectivas permitem distinguir hipó-
teses de concorrência de outras realidades.
De facto, não haverá concorrência sempre que uma das partes de
uma relação de trabalho se integrar apenas no círculo de sujeição e no
âmbito de aplicação de uma das convenções em presença: faltará, então, o
pressuposto da pluralidade de convenções colectivas aplicáveis.
Assim, se dois sindicatos diversos representarem a mesma categoria
profissional e ambos celebrarem convenções colectivas com a mesma asso-
ciação patronal, não estaremos perante uma hipótese de concorrência: cada
convenção será aplicável apenas aos respectivos associados do sindicato
que a celebrou, sendo indiferente que seja comum a associação patronal
signatária de ambas as convenções (30).
Também não estaremos perante hipótese de concorrência se um dador
de trabalho, exercendo diversas actividades económicas independentes e
encontrando-se inscrito nas associações patronais representativas dessas
actividades, tiver afectado a cada ramo de actividade o seu quadro de tra-
balhadores exclusivo : aqui, é indiferente que, eventualmente, seja comum
a associação sindical signatária das diversas convenções, pois cada uma será
aplicável apenas aos trabalhdores sindicalizados afectos exclusivamente à
actividade económica representada pela respectiva associação patronal
outorgante (31) (32).

(30) HUECK-NIPPERDEY — Compendio de Derecho dei Trabajo,


pg. 367.
G. Mazzoni dá conta da hipótese de presença die dois contratos colectivos
que regulavam as relações de trabalho de uma mesma subcategoria: um disci-
plinava as relações de trabalho dos empregados de empresas que exerciam
qualquer forma de actividade conexa com a laboração do leite, representados
por uma associação de classe; o outro contrato limitava o seu âmbito aos tra-
balhadores das centrais do leite e dos centros de tratamento, representados por
outra nova associação.
Sustientou-se que associações sindicais e patronais preexistentes perdiam
a representação das empresas e dos trabalhadores que exercessem actividade
idêntica à das associações recém-criadas.
Contra esta tese se insurgiu Mazzoni — e bem — , pois ela constitui clara
violação do princípio de liberdade e de autonomia sindical (Cfr. I Rapporti
Collettivi di Lavoro, pgs. 246 e 247).
Efectivamente, o podier autonómico concedido pelo Estado a cada associa-
ção de classe (ou a cada organiazção unitária de associações de classe) é insubsti-
tuível e, por isso, não só deve proibir a qualquer outro sujeito que invada aquela
esfera de autonomia (sob pena de negar o que concede), como deve abster-se,
ele próprio, de invadir essa esfera, nomeadamente sobrepondo uma disciplina,
por via legislativa ou administrativa, à autoregulamentação do sujeito autónomo.
(Cfr. B. BALLETTI —Op. Cit. pgs. 49 e 50).
(31) Trata-se de uma hipótese de aplicação simultânea, m'as distributiva
de várias convenções colectivas na mesma empresa (Cfr. MICHEL DESPAX —
Conventions Collectives, pgs. 302 e 303).
(32) Sendo certo que só haverá concorrência real quando a relação de

67
7. Sempre que a uma mesma relação de trabalho forem potencial-
mente aplicáveis várias convenções colectivas, estaremos perante uma hipó-
tese de concorrência de convenções colectivas. Estando a mesma relação de
trabalho submetida potencialmente a várias convenções colectivas, há que
definir a respectiva disciplina.
Sobre o problema existem duas correntes fundamentais: o sistema da
unidade e o sistema do cúmulo.
Para o sistema da unidade aplicar-se-á apenas uma das convenções
colectivas de trabalho em presença (33); para o sistema do cúmulo admite-se
a aplicação das várias convenções em presença, combinando-se, em cada
caso concreto, as cláusulas de uma e da outra ou outras (34).
Contra o sistema do cúmulo tem-se invocado a incindibilidade da
convenção, atenta a sua origem pactícia, a eventual impossibilidade de
harmonização de cláusulas contrastantes integradas nas convenções concor-
rentes e a incerteza da disciplina da relação de trabalho.
A convenção tem origem pactícia. Através da negociação colectiva,
as associações de classe pretendem chegar a um acordo, desejando cada um
dos lados que este lhes seja o mais favorável possível. Assim, o conteúdo
de cada convenção exprime o equilíbrio que, no momento da celebração,
resulta da tensão de forças existente entre as associações de classe outor-
gantes. Trata-se do equilíbrio que emerge das pressões exercidas por cada
associação de classe em grau de intensidade doseado, por forma a alcançar
as vantagens possíveis no âmbito do diálogo (35). Por outra forma, «uma
convenção colectiva é um acordo global sobre condições de trabalho que
traduz um equilíbrio temporário entre o que se dá e o que se pede» (36).
Ora, a aplicação cumulativa de várias convenções colectivas a uma

trabalho cair, por ambos os sujeitos, no círculo de sujeição e no âmbito die apli-
cação de várias convenções colectivas, é evidente não existir essa hipótese entre
convenções que se sucedem no tempo (Cfr. Hueck-Nipperdey — Op. Cit. pg\ 368).
Por outro lado, nos casos de contratação articulada ou integrada — nos
quais o contrato colectivo nacional, a nível de federação1 ou confederação, regula
aspectos gerais, sujeitos a disciplina ulterior mais pormenorizada e descentra-
lizada, através de contratos a nível local e de empresas, que terão por conteúdo
matérias deixadas em branco pelos contratos de nível superior — também não
existirá concorrência de convenções. Trata-se de convenções coligadas tieleologi-
oamente e de aplicação cumulativa (Cfr. Huieck-Niperdey— Op. e loc. citados;
GHIDINI— Diritto dei Davoro, pgs. 97 e segs.).
(33) E: este o sistema da doutrina germânica (Cfr. Hueck-Nipperdey —
Op. Cit. pg. 368).
(34) Ê este o sistema francês. (Cfr. Despax — Op. Cit. pgs. 304 e segs.).
(35) JOSÉ MARIA M AR A VALL — La Ambigiiedad de los Convénios
Colectivos, in Trabajo y Conflicto Social, pg.148.
(36) JOÃO CAUPERS e PEDRO MAGALHÃES — Relações Colectivas
de Trabalho, pg. 61.
No mesmo sentido, A. L. MONTEIRO FERNANDES — Op. Cit., vol. 2,
pg. 132.

68
única relação de trabalho viria quebrar o equilíbrio atingido pela negociação
e que se cristalizou na convenção colectiva. A soma das disposições efecti-
vamente aplicadas na sequência do cúmulo das várias convenções colectivas
concorrentes não obteve o acordo — e ignora-se se teria obtido — das asso-
ciações de classe outorgantes, traindo-se, por isso, a confiança de um dos
lados signatários (37).
Por outro lado — invoca-se ainda — , seria difícil ou impossível
harmonizar cláusulas sobre a mesma matéria quando todas ou qualquer delas
tivessem efeito imperativo absoluto e entre elas existisse contradição
absoluta (38).
Finalmente, o sistema do cúmulo é de aplicação mais complexa e con-
duz a uma incerteza permanente quanto à disciplina jurídica da relação de
trabalho, particularmente quando, como em França, a opção por uma das
convenções, a aplicar a um litígio concreto, não é irrevogável e permite que,
em futuro litígio sobre matéria diferente, se pretenda ver aplicada a conven-
ção colectiva anteriormente afastada (39).
Semelhantes críticas levam a doutrina portuguesa e alemã ocidental
a aderir à teoria da unidade (40), que, aliás, o legislador português também
consagra.

8. Devendo a relação de trabalho ser disciplinada apenas por uma


das convenções colectivas aplicáveis, há que definir o respectivo critério de
determinação.
Conhecem-se dois critérios fundamentais : uma dá preferência à con-
venção colectiva aplicável à actividade predominante da empresa; outro
opta pela convenção mais favorável aos trabalhadores em relação aos quais
se verificar a concorrência.
O critério da actividade predominante da empresa foi adoptado pela
doutrina e jurisprudência alemãs ocidentais, sendo também seguido entre
nós anteriormente à publicação do Decreto-lei 164-A/76, de 28 de Feve-
reiro. Todavia, semelhante critério suscitava controvérsias quanto à defini-
ção da actividade predominante : ora se entendia ser a que ocupasse maior

(37) M. DESPAX — Op. Cit. pg. 305.


(38) M. DESPAX — Op. e loc. citados.
Esta crítica, todavia, não é procedente, na medida em que a aplicação
cumulativa das convenções concorrentes não significa aplicação simultânea das
cláusulas respectivas: no caso concreto, aplicar-se-á a cláusula de uma das con-
venções concorrentes — aquela que for seleccionada, por ser a mais favorável
ao trabalhador, por exemplo.
(39) M. DESPAX —Op. Cit. pg. 307.
(40) JOÃO CAUPERS e PEDRO MAGALHÃES — Op. Cit. pgs. 61 e 62.
A. L. MONTEIRO FERNANDES — Op. e loc. citados.
2 HUECK-NIPPERDEY — Op. Cit. pg. 368.

69
número de trabalhadores, ora a que correspondesse ao mais elevado chiffre
d'affaires, ora a que utilizasse mais bens de equipamento ou de matéria
prima, ora a que resultasse da combinação de alguns ou de todos esses
factores. Esta controvérsia traduzia-se em incerteza quanto à disciplina das
relações de trabalho, particularmente em casos de fronteira (41).
Presentemente, o direito positivo português acolhe critério complexo
para determinação da convenção colectiva aplicável em caso de concorrência.
A solução do problema resulta dos seguintes princípios :
a) Segundo o princípio da especialidade, sempre que uma das con-
venções concorrentes seja um acordo colectivo ou um acordo de empresa,
será este o aplicável (ai. a) do n.° 2 do art.° 14.° do Decreto-lei 519-C1/79,
de 29 de Dezembro);
b) Segundo o princípio da maior favorabilidade, será aplicável a con-
venção que se considerar, no seu conjunto, mais favorável aos trabalhadores
relativamente aos quais se verificar a concorrência (ai. b) do n.° 2 do art.° 14.°
citado);
c) Segundo o princípio da posterioridade — a aplicar supletivamente,
na falta de determinação da convenção mais favorável — , será aplicável
a convenção de publicação mais recente (n.° 4 do citado art.0 14.°).
E como se determina qual das convenções concorrentes deve consi-
derar-se mais favorável?
A determinação é confiada, em primeiro lugar, ao sindicato repre-
sentativo do maior número de trabalhadores em relação aos quais se verifica
a concorrência e, em segundo lugar e na falta de escolha sindical, directa-
mente aos trabalhadores da empresa interessados (ai. b) do n.° 2 e n.° 4 do
citado art.° 14.°). De notar que a opção é feita relativamente a cada empresa
abrangida pelas convenções concorrentes, pertencendo essa faculdade, no
âmbito de cada empresa, ao sindicato que, aí, representar maior número
de trabalhadores abrangidos. Assim, a faculdade de opção da convenção
aplicável não pertence a um único sindicato — aquele que, no âmbito de
aplicação global da convenção colectiva, representar o maior número de
trabalhadores em relação aos quais se verifica a concorrência — , mas a
tantos sindicatos quantos os que, em cada empresa a que as convenções
concorrentes forem potencialmente aplicáveis — um por empresa — , repre-
sentarem o maior número de trabalhadores sujeitos às convenções concor-
rentes. Isto resulta da previsão da hipótese de concorrência (n.° 2 do art.° 14.°:
«sempre que numa empresa se verifique concorrência de instrumentos de
regulamentação colectiva aplicáveis a alguns trabalhadores / . . . / » ) e é refor-
çado quando a faculdade de opção, em caso de não uso pelo sindicato, é

(41) Podemos imaginar uma empresa com uma tríplice actividade, das
quais uma ocupasse o maior número de trabalhadores, outra utilizasse maior
volume de bens de equipamento e de matéria prima e a outra correspondesse
o mais elevado chiffre d'affaires.

70
deferida «aos trabalhadores da empresa em relação aos quais se verifique
concorrência» (n.° 4 do art.0 14.°). Assim, o problema da concorrência de
convenções colectivas e a sua solução devem ser analisados e resolvidos pelos
sindicatos e pelos trabalhadores interessados sempre ao nível de cada em-
presa abrangida e não ao nível de todas as empresas onde a concorrência
possa surgir, ou seja, ao nível de âmbito de aplicação das convenções con-
correntes.
Importa ter presente que a faculdade de escolha da convenção mais
favorável está subordinada a prazos e formalidades. Assim, o Decreto-lei
519-C1/79 prevê dois prazos sucessivos, de trinta dias cada um, durante
os quais deve ser comunicada à entidade patronal e à Inspecção do Trabalho
a escolha da convenção considerada mais favorável. Durante o primeiro
prazo de trinta dias pertence ao sindicato a faculdade de escolha. Na falta
de escolha pelo sindicato, os trabalhadores directamente interessados dis-
porão de novo prazo de trinta dias para escolherem, por maioria, a conven-
ção mais favoável.
Sublinhe-se que a escolha é irrevogável durante o período de vigência
da convenção escolhida (n.° 5 do art.° 14.°), assim se favorecendo a certeza
e a estabilidade da disciplina jurídica da relação de trabalho.
8.1 E será lícito, por meio de cláusulas específicas, preceituar-se a
autolimitação ou a prevalência da convenção colectiva relativamente a outras
com as quais pudesse concorrer para a definição da disciplina de concretas
relações de trabalho?
A admitirem-se semelhantes cláusulas, as partes deveriam ser estimu-
ladas a convencioná-las, pois assim se resolveria o problema da concorrência
de convenções colectivas, com a vantagem de a solução encontrada provir
de mais partes interessadas e de ser do respectivo conhecimento a convenção
aplicável antes mesmo da entrada em vigor da última convenção publicada.
Na Alemanha Ocidental admite-se que as partes autolimitem o âm-
bito de aplicação da convenção, excluindo dele as relações de trabalho su-
jeitas a outra convenção colectiva (cláusulas de autolimitação), mas já não
que se convencione a sua prevalência sobre outra ou outras, determinadas
ou não (42).
Em França é lícito às partes excluir a aplicação de uma das conven-
ções colectivas potencialmente aplicáveis (43).
Perante o direito vigente português, devem admitir-se como lícitas
tanto as cláusulas de autolimitação com as de prevalência, mas apenas
quanto a convenções correntes e no estrito âmbito do problema da concor-

(42) HUECK-NIPERDEY — Op. Cit. pg\ 368.


(43) M. DESPAX — Op. Cit. pg. 304.

71
rência (44). Isto porque, se é lícito apenas a um sindicato em cada empresa
— o que nela representar o maior número de trabalhadores em relação aos
quais se verifica a concorrência — escolher a convenção aplicável de entre
as concorrentes, por maioria de razão se deve ter por lícita a cláusula que
consagre a escolha feita por todos os sindicatos outorgantes e com o acordo
das associações patronais signatárias da convenção em que essa cláusula
se incluir.

9. Assim,

EM CONCLUSÃO

1. O interesse colectivo é a matriz da categoria;


2. A categoria é realidade jurídica, que o sindicato revela;
3. O interesse colectivo, por ser fundamento, pressuposto e princípio
orgnizatório do sindicato, condiciona e determina a sua organização
normativa;
4. O ordenamento sindical, disciplinando relações que surgem
exclusivamente dentro da colectividade de categoria, constitui regulamento
unilateral de relações de trabalho, que os terceiros só reconhecem, na me-
dida em que se subordinem, de facto, ao poder da colectividade;
5. O sindicato não existe isolado, antes vive no seio de uma comu-
nidade de associações de classe, que reciprocamente se reconhecem — a
comunidade intersindical;
6. O ordenamento intersindical tem por principal fonte a convenção
colectiva, «pequena lei internacional» ou lei do federalismo económico, que
a comunidade intersindical constitui;
7. Os ordenamentos intersindicais surgem como ordenamentos origi-
nários e autógenos;
8. O Estado, para assegurar a unidade e prevalência do seu orde-
namento, concede poder autonómico aos sindicatos, tornando-se os ordena-
mentos intersindicais fenómeno derivado do ordenamento estatal;
9. O problema da definição dos limites das convenções colectivas

(44) Sublinha-se que semelhantes cláusulas só serão de admitir relati-


vamente a convenções concorrentes e no âmbito estrito da concorrência.
Assim, imagienemos que a associação patronal A celebrou uma convenção
colectiva com o sindicato B e outra com o sindicato C. Os Sindicatos B e C
repriesentam as mesmas categorias profissionais. Não é de admitir que em
qualquer desses contratos se possa clausular a prevalência sobre o outro, pois
se um se pudesse aplicar às relações que o outro deveria reger, estaria a negar-se
o poder autonómico — e o seu carácter insubstituível — do sindicato cuja con-
venção fosse preterida.
Na hipótese referida não existia concorrência de convenções colectivas,
como vimos.

72
e da colisão entre convenções é aspecto da definição dos limites e dos efeitos
dos ordenamentos intersindicais, como ordenamentos parciais, pelo orde­
namento estatal, enquanto ordenamento geral;
10. São distintos, embora conexos, o problema do âmbito de aplica­
ção das convenções colectivas consideradas isoladamente e o problema da
colisão ou concorrência de convenções : aquele é o problema principal, este
é a questão derivada e subordinada;
11. A regra de conflitos primária ou básica quanto à aplicação de
convenções colectivas de trabalho comporta os seguintes princípios:
a) Qualquer convenção colectiva é inaplicável às relações de tra­
balho que com ela não tenham a devida conexão, por não se incluírem
ambas as suas partes no círculo de sujeição e no âmbito de aplicação
respectivos;
b) Qualquer convenção colectiva é aplicável a todas as relações de
trabalho cujos sujeitos apenas se integrem no círculo de sujeição e no âmbito
de aplicação respectivos;
c) Qualquer convenção colectiva é potencialmente aplicável a todas
e quaisquer relações de trabalho cujos sujeitos se integrem nos seus círculo
de sujeição e âmbito de aplicação;
12. Não há concorrência de convenções colectivas se um dos sujeitos
de uma relação de trabalho se integrar apenas no círculo de sujeição e no
âmbito de aplicação de uma das convenções em presença: faltará, então, o
pressuposto da pluralidade de convenções colectivas aplicáveis;
13. Em caso de concorrência, a relação de trabalho deverá ser disci­
plinada apenas por uma das convenções colectivas potencialmente aplicáveis;
14. O direito positivo português determina a convenção colectiva
aplicável, nos termos dos seguintes princípios :
a) Segundo o princípio da especialidade, um acordo colectivo ou um
acordo de empresa, como lei especial, prevalece sobre qualquer outra con­
venção colectiva, como lei geral;
b) Segundo o princípio da maior favorabilidade, deve aplicar­se a
convenção que, no seu conjunto, se considere mais favorável aos trabalha­
dores relativamente aos quais se verifica a concorrência;
c) Segundo o princípio da posterioridade — a aplicar supletivamente,
na falta de determinação da convenção mais favorável —■ será aplicável a
convenção de publicação mais recente;
15. Em cada empresa, a escolha da convenção colectiva mais favo­
rável pertence ao sindicato que, nela, represente maior número de traba­
lhadores em relação aos quais se verifica a concorrência;
16. O sindicato a quem pertencer a escolha deverá comunicá­la à
entidade patronal e à Inspecção do Trabalho, no prazo de trinta dias a
contar da entrada em vigor da última das convenções concorrentes;

75
17. Se a escolha não for efectuada pelo respectivo sindicato, poderá
ela ainda ser feita, no prazo de trinta dias, pela maioria dos trabalhadores
da empresa em relação aos quais se verifica a concorrência;
18. Só na falta de escolha se torna aplicável a convenção de publi-
cação mais recente;
19. Devem admitir-se como lícitas cláusulas de autolimitação ou de
prevalência, insertas em convenções colectivas, mas apenas com efeitos
relativamente a convenções concorrentes e no estrito âmbito do problema
da concorrência.

74
A Gestão e os Processos Markovianos

Exemplo de um Problema
Markoviano Estacionário
Joaquim José da Cunha

1 _ CONSIDERAÇÕES GERAIS
Em administração de empresas quer públicas, quer privadas, estamos
longe dum conhecimento que nos permita, face a um caso, tomar uma reso-
lução previamente determinada ou compendiada.
Assim sendo, e porque a grande maioria dos problemas são do domí-
nio dos fenómenos aleatórios, a função administrativa torna-se assaz delicada.
As grandes empresas poderão ter contabilistas, economistas, gestores empre-
sariais, em convergência de esforços.
As pequenas empresas, verdadeiras fontes de emprego, terão no seu
contabilista um pouco de tudo isto; razão pela qual, o contabilista, hoje mais
que nunca, deve além da contabilidade possuir igualmente conhecimentos
nos domínios do Direito, Ciências Sociais, Estatística.
A contabilidade fornece hoje exaustivamente e com precisão a situação
líquida da empresa, bem como a evolução no passado. Classificar e fazer
a síntese destes fenómenos, eis o que se exige ao gestor de hoje. Se à conta-
bilidade compete a árdua missão de fornecer dados que por indução permitam
o estabelecimento de leis que explicando um passado recente, ajudem a
formular uma continuidade que assegure um futuro sem grandes degraus,
compete igualmente ao gestor contabilista estar munido de conhecimentos
profundos dos assuntos estatísticos, para poder desempenhar cabalmente a
missão que empresa dele vai exigir.
O objectivo deste trabalho, embora modesto, é sensibilizar o conta-
bilista ou gestor, para a necessidade de este ter em arquivo determinados
estudos que amanhã lhe hão-de permitir a tomada em consciência, de posi-
ções com uma margem mínima de risco.

75
CADEIAS DE MARKOV — CONSIDERAÇÕES GENÉRICAS A
USAR NA RESOLUÇÃO ANALÍTICA DE UM PROBLEMA
ESTACIONÁRIO DA CADEIA DE MARKOV.

2.1. — Exemplo e Definição

Todas as noites, um homem ou vai ao cinema ou vai ao café.


Este homem nunca vai ao café dois dias seguidos, mas se ele vai hoje
ao cinema, então no dia seguinte, a probabilidade de ir ao cinema é igual à
probabilidade de ir ao café.
Do enunciado logo tiramos que :

• O espaço dos estados é dado pelo conjunto :

/ café, cinema
\
O acontecimento de cada dia fica dependente do que aconteceu no
dia anterior.

A matriz que traduz o enunciado é a que a seguir se indica :

matriz assim formada porquanto :

a) O homem nunca vai ao café dois dias seguidos.

b) Indo hoje ao cinema, amanhã volta a ir ao cinema ou então


vai ao café.

Do exemplo, e tal como muito bem diz o Prof. Nieto de Alba em


«Processos y Cadenas de Markov» todo o passado da evolução do sistema
está resumido no último instante conhecido. Daqui o inferir-se que o pro-
cesso fica determinado :

• Pela distribuição inicial :

P [ X ( o ) < x] = P(o,x)

76
Pelas distribuições condicionadas

[x(t) < x(s)=yj=p(s-y;t-x)A«<t


Definição :

A um processo em que :
• Cada resultado pertence sempre ao conjunto espaço dos estados.
• Um acontecimento é sempre e apenas dependente do acontecimento
imediatamente anterior e nunca de outros acontecimentos, chamamos
cadeia de Markov.

Da definição de cadeia de Markov conclui­se que cada elemento p . .


é a probabilidade de que o acontecimento a ■ ocorra após a ■ ter ocorrido.
A um tal elemento chamamos probabilidade de transição e estas pro­
babilidades escrevem­se na matriz :

P
1 1 12­ "Pln

P _ P
21 22 ■ - 2 n
P =

nl
P
n2 ­ " P nn

a que chamamos matriz de transição. Nesta matriz a um estado A­


corresponde a linha:
P;=(Pn,P.„,,..,p.n)

e este vector, (vector de probabilidade ou vector de estado), repesenta as


probabilidades dos resultados possíveis do próximo acontecimento.
Assim, os elementos de uma tal matriz são sempre não negativos (P­­^o)
J
/ n jna
e em cada linha a soma dos seus elementos é l ; \ S p ­ j \ . A matriz de
transição P é pois uma matriz estocástica.
2.2. — Relação entre matriz estocástica regular e ponto fixo

■• O vector linha não nulo t = (t , t o > . . . ,t ) é um ponto fixo da matriz


P se e apenas se :
t. P = t

77
• A matriz P diz-se regular, se e apenas se, sao positivos todos os ele-
mentos de alguma potência P.

TEOREMA :

Se P é uma matriz estocástica regular, então :

a) P tem um único vector de probabilidade t fixo.

b) A sucessão P, P 2 , P 3 , ... converge para uma matriz A em que


todas as suas linhas são iguais ao ponto fixo t = (t.. t 2 ' . . .,t )

c) Sendo P, um vector de probabilidade arbitrária a sucessão


Pi ' Pi ' . . . converge para o ponto fixo de A.

3 —RESOLUÇÃO DE UM PROBLEMA DE APLICAÇÃO A UM


PROCESSO MARKOVIANO ESTACIONÁRIO

(A lei de distribuição P (0 , x) é independente do tempo)

3.1. — Problema

Uma empresa de pesca, para descarga dos seus barcos tem em perma-
nência um camião. Este camião assegura três viagens por dia. A descarga
devidamente observada conduziu à seguinte lei de probabilidade :

Em 10 % dos casos, a descarga exige 5 viagens por dia.


Em 40 % dos casos, a descarga exige 4 viagens por dia.
Em 50 % dos casos, a descarga exige 3 viagens por dia.

A gestão da empresa, atenta às condições dos produtos a descarregar,


decidiu que, se ao fim de um dia houvesse mais de uma viagem em atraso,
então, no dia seguinte, seria alugado mais um camião que faria duas viagens.

3.2. — Resolução do problema e estabelecimento da política a seguir:

3.2.1. — Estudo da decisão tomada pela administração da empresa

• Estado Ao

Partindo do pressuposto que hoje estamos na posição A 0 com zero

78
viagens de atraso, sendo A, A 2 A 3 respectivamente os estados com 1, 2, 3
viagens em atraso, o camião no dia seguinte assegura 3 viagens e o esquema
de probabilidade é o seguinte :

. 0 viagens em atraso com a probabilidade 0,5

| 1 viagem em atraso com a probabilidade 0,4

/ 2 viagens em atraso com a probabilidade 0,1


0
3 viagens em atraso com a probabilidade 0

• Estado AT

Se ao fim do dia chegarmos com uma viagem de atraso, no dia se-


guinte, utilizaremos ainda o nosso camião e estamos em condições de asse-
gurar 3 viagens. O esquema de probabilidade é agora o seguinte :

0 viagens em atraso com a probabilidade 0

1 viagem em atraso com a probabilidade 0,5

2 viagens em atraso com a probabilidade 0,4

3 viagens em atraso com a probabilidade 0,1

• Estado A2

Se ao fim do dia chegarmos com 2 viagens em atraso, no dia seguinte


metemos mais um camião, ficando com a possibilidade de efectuar 5 viagens.
O esquema de probabilidade tem agora a forma:

0 viagens em atraso com a probabilidade 0,5

1 viagem em atraso com a probabilidade 0,4

2 viagens em atraso com a probabilidade 0,1

3 viagens em atraso com a probabilidade 0

79
• Estado A3

Na posição A3, o estado é agora em tudo idêntico ao estado em A b e


daqui o esquema de probabilidade :

0 viagens em atraso com a probabilidade 0


1 viagem em atraso com a probabilidade 0,5
2 viagens em atraso com a probabilidade 0,4
3 viagens em atraso com a probabilidade 0,1

A matriz de transição, é nesta hipótese, a matriz

_Ao A! A2 A3_
1 i I l1
0,5 0,4 0,1 0 - A0

0 0,5 0,4 0,1 - A,

0,5 0,4 0,1 0 - A2

0 0,5 0,4 0,1 *- A 3

O problema que nos é posto é o seguinte :


«Qual é a longo prazo, a nova matriz de transição?»

Ora, pelo exposto, no número 2.2., página 77, temos sucessivamente :

0,5 0,4 0,1 0


0 0,5 0,4 0,1
(t0, t 1; t 2 , 1 - to - 1 , - ta). (t0, t,,t 2 , l - t o - V t j )
0,5 0,4 0,1 0
0 0,5 0,4 0,1

80
produto que nos leva ao sistema de equações :

0,5 to + 0,5 t2 = t„

0,4 t0 + 0,5 t, + 0,4 t2 + 0,5 (1 -1 0 -1, -12) = t,

0,11„ + 0,4 t, + 0,1 t2 + 0,4 (1 -1 0 -1, -12) = t2

0,11, + 0,1 (1 -1 0 -1, -12) = 1 - to -1-, - ta

de solução única, igual ao ponto fixo da nossa matriz de transição P :

t0 = 0,25

t, = 0,45

t2 = 0,25

t3 = 1 - (0,25 + 0,45 + 0,25)

= 0,05

Esta solução, nos termos atrás expostos, permite concluir que a polí-
tica seguida, se traduzirá ao fim de um dia em :

0 viagens em atraso com a probabilidade estabilizada 25 %

1 viagem em atraso com a probabilidade estabilizada 45 %


2 viagens em atraso com a probabilidade estabilizada 25 %
3 viagens em atraso com a probabilidade estabilizada 5%

o que conduz à média X :


— _ 0 X 25 + 1 X 45 + 2 X 25 + 3 X 15
100
= 1,1
A solução encontrada permite-nos concluir que em 30 % dos casos,
para termos uma descarga eficiente, temos de recorrer ao aluguer de um
camião.

81
Balanço da política encetada

O valor médio encontrado é igual ao regime estacionário procurado.


Custando o aluguer do camião 8 000$00 diários, a política de gestão
adoptada, leva às seguintes conclusões :

• O agravamento de encargos gerais é de 2400$00/dia.


• O atraso médio dia é de 1,1 viagens.
• A percentagem de viagens diferidas para o dia seguinte é dada pela
razão :

U 1,1
0,10 X 5 + 0,40 X 4 + 0,50 X 3 3,6
= 30 %
3.2.2. Estudo de uma nova política

Face à natureza do produto a descarregar, às condições de funciona-


mento do navio, às necessidades de satisfazer encomendas, etc., deve o conta-
bilista gestor, dispor ainda de outros elementos para melhor tomar as suas
decisões.
Uma outra política de gestão seria, mantendo-se as condições enun-
ciadas, alugar um camião logo que tivéssemos uma viagem em atraso. O
potencial de viagens será agora de 5 e apenas a 2.a linha da matriz de tran-
sição estudada atrás, sofrerá alterações pelo que a nova matriz de transição é :

0,5 0,4 0,1 0


0,9 0,1 0 0
0,5 0,4 0,1 0
0 0,5 0,4 0,1

e consequentemente, usando os mesmos processos atrás estudados, a solução


do sistema de Cramer é única e a que a seguir se indica :
to = 0,62
t! = 0,31
t2 = 0,07
t3 = 0

82
solução que leva a concluir :

• Que a média de viagens em atraso no fim de um dia é :

_ 31 + 14
X =
100

= 0,45

• Que em 38 % dos casos temos de recorrer a um camião de aluguer.

E daqui :

• O agravamento de encargos gerais é de 3 040$00/dia.


• O atraso médio é de 0,45 viagens/dia.
• A percentagem de viagens diferidas para o dia seguinte é de :

0,45
= 12,5 %
3,6

4 — CONCLUSÕES

Pode por fim pór-se a hipótese de adquirir um novo camião, o que


viria a dotar a empresa de 2 camiões em permanência, acabando-se o pro-
blema de viagens em atraso.
Se este camião custar 5 000 contos, contando com encargos de amor-
tizações, juros de capital e manutenção, estimamos em 5 000$00, o créscimo
de encargos diários resultante da aquisição.
Com o estudo assim feito, pode agora o contabilista gestor, propor a
solução que melhor sirva à empresa face à delicadeza e condicionamentos
que a descarga pode trazer.

BIBLIOGRAFIA

'• Tom. M. Apostol em «Calculus»—2.° volume—-1972 — Editorial


Reverte;
• Seymou Lipschutz em «Matemática Finita» — Colecção Schaum —
Megraw-Hill-Brasil;
• Morris Degroot em «Probability and Statistics» — Addison-Wesley,
London, 1975;
• Jeques Ferrier em «Statistiques et Probabilités» — Paris, 1967 —
Editions D'Organisation;
• Nieto de Alba — em Estatística — Aguilar—1973 — Madrid.

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INDICE :

JUVENTUDE E ASSOCIATIVISMO NO DISTRITO


DE AVEIRO

O PLANO OFICIAL DE CONTABILIDADE PORTU-


GUÊS E A SUA ADEQUAÇÃO À 4.a DIRECTIVA
DA C. E. E.

CONCORRÊNCIA DE CONVENÇÕES COLECTIVAS


DE TRABALHO

PROCESSOS MARKOVIANOS EM GESTÃO DE


EMPRESAS
Composto e impresso na
Tipografia «A Lusitânia»
Aveiro / Junho / 1982

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