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A Dessacralização da Avaliação do Desempenho

Santana Castilho

Universidade Lusíada, 20 de Março de 2009

As ideias que passo a submeter à vossa atenção pretendem, sobretudo, incentivar o


debate. Mais do que as minhas palavras, será a troca de opiniões e o exercício do
contraditório que poderão trazer algo de novo a uma discussão que, perversamente,
tem afastado a Escola da sua missão por excelência: ensinar.

Pretendo defender a ideia de que a Avaliação do Desempenho, tal como a conhecemos,


como conceito preponderante na gestão moderna, sistematizada e enquistada em
modelos, vem sendo aceite como os crentes aceitam os dogmas, isto é, com
reverência sacra. Pretendo defender a ideia de que a Avaliação do Desempenho, tal
como sumariamente a acabo de invocar, poderá servir as organizações que tenham
por objecto a produção de bens facilmente tangíveis, mas não servirá as
instituições cujo fim é formar a pessoa integral. Pretendo defender a ideia de que
não há almoços grátis. Ou, dito doutro modo, afirmar a convicção de que as
sucessivas modas em Gestão, de que a Avaliação do Desempenho é paradigma, se têm
pré-ordenado para transformar a economia de mercado, que não me aquece a alma, na
sociedade de mercado, que me gela as entranhas. Pretendo defender a ideia de que
tudo isto, e tudo isto é a Avaliação do Desempenho, Bolonha, Novas Oportunidades,
Magalhães e todo o restante cortejo de fancaria, é tão-só o corolário de uma
atitude cívica de passividade perante uma pseudo inevitabilidade que dá pelo nome
de globalização. Estas defesas, repito, reservo-as para o debate.

A exposição que o introduz e ora submeto ao vosso critério obedece a três


vertentes: a primeira procurará sintetizar as características de uma sociedade
globalizada, que sacralizou a Avaliação do Desempenho; a segunda referirá, em
síntese, alguns dos aspectos mais relevantes da entrada bruta do fenómeno na
Escola; a terceira fará uma brevíssima crítica à tessitura entre as duas
anteriores.

Em linguagem corrente, diz-se global tudo o que pode ser considerado em globo,
isto é, em conjunto. Mas o termo globalização colhe a sua justificação num modismo
dos muitos com que a Economia nos brindou, enquanto actividade e arte de “prever e
planear, organizar, dirigir, coordenar e controlar”.

Os primeiros indícios de uma nova moda em Economia aparecem sempre através de uma
poderosa máquina comunicacional montada por gurus milionários. Essa máquina global
encarrega-se de invadir os “media” com notícias e artigos evidenciadores das
melhorias que a teoria moderna introduz na actividade das organizações. À sua
sombra, e servindo-a na secular lógica parasitária, despontam de imediato legiões
de consultores que lhes ampliam os ecos em sucessivas ondas de êxitos anunciados.
E quando o processo claudica face à linguagem incontestável dos resultados, já
outra moda domina, na voracidade efémera do consumo. Eis o berço da Avaliação do
Desempenho!

Terá o fenómeno conhecido por globalização as características dos modismos a que


acabo de aludir? Na sua essência, admito tratar-se de algo mais vasto e real, com
contornos identificáveis numa pluralidade de áreas da actividade humana, fruto de
uma determinada evolução da sociedade em que vivemos. Mas na forma como o fenómeno
nos quer ser imposto, qual via única de futuro, reconheço uma tendência
totalitária a que respondo, na teoria e na prática, com o direito a ser diverso no
pensar e no agir. Porque o mundo é global e vário, uniforme e multiforme.

Por globalização entende-se a tendência cada vez mais acentuada para as empresas
mudarem o seu teatro de operações para zonas geográficas e culturais mais vastas,
procurando beneficiar de uma série evidente de economias de escala. Entre outras
causas, os estonteantes progressos das tecnologias de comunicação foram
determinantes para a abertura de fronteiras e a instalação da lógica da livre
circulação de produtos, serviços, capitais e recursos humanos. Mas um olhar atento
para o fenómeno descrito revela-nos que as suas consequências imediatas, isto é, o
incremento da comodidade de vida e da riqueza dos mais industrializados, deixa de
fora dois terços da população do mundo, para cuja superação de dificuldades nada
disto se orienta. No que toca à medição de riscos de impacte social e ambiental,
que a longo prazo semelhante desequilíbrio provoca, não diviso preocupações
actuantes. E, no entanto, o mundo mostra-se desnorteado e as economias de papel
ficaram atarantadas com os recentes escândalos financeiros.

A perplexidade que assim manifesto é ainda maior ante o antagonismo dos actuais
dinamismos sociais: se por um lado o mundo se torna cada vez mais ao alcance de
todos, globalizando-se, por outro são cada vez mais acentuadas as tendências para
o segmentar e dividir. Atente-se, a este propósito, à pujança de diferentes
fundamentalismos, enquanto nos tradicionais partidos políticos ocidentais se
esbatem e igualizam as ideologias e se assiste à dissolução da família e dos
nossos seculares valores de referência. Tenha-se presente, a título de mero
exemplo, que na América do Sul são mais de uma centena os grupos linguísticos
perfeitamente diferenciáveis, que na pequena e conturbada Guiné-Bissau se falam
cerca de 50 crioulos e que, em África, o número de idiomas supera o de qualquer
outro continente. Não percamos de vista a desagregação política da ex-União
Soviética, marcada pela presença de 104 etnias diferentes. E recordemos, ainda, o
recente drama da desaparecida Jugoslávia e os horrores da Irlanda, do País Basco,
do Uganda, do Sudão e do Iraque. Numa palavra, o corolário infindável de uma
realidade que nenhuma globalização resolveu: apenas 10 por cento das nações são
etnicamente consistentes.

As nações afastam-se enquanto as economias se aproximam, conduzidas por um pequeno


núcleo de colossos empresariais globais, mais poderosos que a maioria dos próprios
estados. A sua actividade assenta no domínio de uma rede bancária global e tem por
lógica globalizar as necessidades e os gostos, usando, entre outros artifícios,
matrizes tipificadas de Avaliação do Desempenho, que reduzem culturas e contextos
díspares à mesma escravatura de resultados.

Face ao anterior, a grande incógnita reside no futuro. Sem especulações, parece-me


desde já evidente que a evolução dos países do ex-bloco comunista (cerca de um
terço da população da terra) e o comportamento da economia chinesa (cerca de um
quarto dessa população) serão determinantes, como determinantes serão as políticas
seguidas para resolver os grandes problemas dos países industrializados, de que a
segurança social, o desemprego e a conservação do ambiente, com particular
destaque para a gestão dos recursos hídricos, são exemplos.

O quadro descrito convida-nos, pois, a uma reflexão menos eufórica sobre as


virtudes da globalização ou sobre a sua verdadeira projecção no mundo.

Parece-me evidente que a economia de mercado não se tem mostrado adequada à


regulação da economia, ou pelo menos à orientação dessa pela via que me interessa,
a humanista. O intervencionismo estatal e os proteccionismos centralizados tão-
pouco se afiguram adequados e a história económica mostra-o. Naturalmente que
muitos dirão que estes são conceitos que não casam, a economia e o humanismo. Mas
penso que no seu tratamento conjunto reside o grande desafio do terceiro milénio.

Aqui, como em muitas outras áreas fulcrais da vida, temos tido tendências,
assumidas ou dissimuladas, para enquistarmos em modelos. Os teóricos têm uma
propensão monstruosa para nos resumirem a modelos e tudo gerir com a sua
aplicação. Talvez que a Escola do terceiro milénio se deva preocupar com a
implosão dos modelos que espartilham o Homem. Aliás, e naquilo de que estamos a
falar, o novo modelo, o da globalização, pode conduzir-nos ao caos. Números
disponíveis são indiciadores da orientação da economia para objectivos ambiental e
socialmente insustentáveis. O “Relatório do Desenvolvimento Humano” que a este
propósito compulsei, deixa-nos perplexos. Lá se constata que mais de 1.000 milhões
de pessoas não têm possibilidade de satisfazerem as suas necessidades básicas; que
85 por cento da riqueza mundial é detida por 23 por cento da população e que a
barreira entre os ricos e os pobres duplicou nas últimas 3 décadas; que 1 bilião
de pessoas não tem água potável, 2 biliões vivem sem saneamento básico, 2 milhões
morrem de sida todos os anos, 940 milhões de adultos são iletrados e 175 milhões
estão emigrados.

Uma nota extremamente curiosa que o relatório permite estabelecer é que a


liberalização é mais retórica que facto. Com efeito, 83 por cento dos países
industrializados são hoje mais proteccionistas que há 10 anos. Por via disso, os
países em desenvolvimento perdem anualmente qualquer coisa como 395.000 milhões de
euros (10 vezes mais do que recebem em ajudas).

Os números relativos à demografia e á preparação de quadros são também


extremamente significativos. Assim, 80 por cento da população mundial está no
sul. Mas aí, apenas 9 por cento em cada 1.000 habitantes tem preparação técnica,
contra 81 em cada 1.000 no norte. Mais de 1 milhão de técnicos altamente
qualificados, oriundos de países em desenvolvimento demandaram os Estados Unidos
da América ou o Canadá nas últimas 3 décadas.

O quadro sugerido pela sinopse descrita é, no mínimo, perturbador e afigura-se


insustentável. O fosso entre o norte e o sul, entre ricos e pobres, tem de ser
atenuado. Um bom princípio seria a redução das despesas com armamento, donde
resultaria uma poupança da ordem dos 1,5 biliões de dólares por ano.

Aqui têm a singela avaliação do desempenho dos senhores do mundo, sem necessidade
de outro descritor que não seja a miséria humana.

Aqui chegados é tempo de apreciarmos, em sinopse, como a lógica reducionista do


utilitarismo e dos resultados a qualquer preço chegou à Escola, sob a forma da
Avaliação do Desempenho.

Como sabemos, não é verdade que, durante 30 anos, não tenha havido avaliação do
desempenho dos professores, ou que os professores não queiram ser avaliados. A
questão reside na substituição de um modelo ineficaz, o que existia, por outro,
escabroso, o que se propõe, que, se se consumar, trará mais caos ao caótico
sistema de ensino. Nenhuma organização séria, seja pública ou privada, propõe
mudar seja o que for, neste quadro, sem permitir (e mais que isso, fomentar e
promover) o envolvimento dos visados na construção do processo. A avaliação do
desempenho só vale a pena se for concebida como instrumento de gestão do
desempenho. Quer isto dizer que o seu fim primeiro é identificar obstáculos ao
desenvolvimento das organizações, removendo-os e não castigar pessoas. Aliás, sem
com isso pretender diminuir a importância da avaliação do desempenho, sempre
recordarei a abundância de estudos e reflexões teóricas que sublinham as
perversidades que a avaliação do desempenho introduz nos processos, circunstância
que tem deslocado a ênfase para a cultura organizacional. Dito doutro modo, as
instituições maduras preocupam-se hoje mais com a apropriação por parte dos
colaboradores dos valores que intrinsecamente geram o sucesso e melhoram o
desempenho, que com os instrumentos que, extrinsecamente, o promovem.

A qualidade do desempenho profissional dos professores é uma das variáveis que


contribuem para a qualidade da formação dos jovens e que, por isso, deve ser
seriamente considerada na gestão da educação. Mas antes dele abundam muitas
outras, que nem a Escola nem os professores podem controlar. Lembro algumas, sem
as esgotar: baixos níveis de literacia dos progenitores, com a consequente
impossibilidade de continuarem em casa o trabalho da Escola; empobrecimento das
famílias (2 milhões de pobres e 2 milhões de assistidos), num cenário de crescente
aumento das desigualdades económicas e sociais, que favorecem o abandono precoce
do estudo em busca de trabalho, ainda que mal pago; desvalorização do papel social
da Escola, numa sociedade onde a posse de uma formação longa é cada vez menos
garantia de acesso ao trabalho remunerado (fala-se sempre da Escola formar para o
desemprego, nunca se fala da economia não gerar empregos suficientes para todos);
universalização do emprego precário e aumento do desemprego; políticas
urbanísticas inadequadas, geradoras de guetos étnicos e socioeconómicos
propiciadores de exclusão e de marginalidade; aceitação e promoção de um paradigma
de vida em que a Escola deve substituir os pais (escolas básicas a abrir das 07.00
às 19.00 e secundárias a guardar os jovens 50 horas por semana, em nome de um
estranho conceito de escola a tempo inteiro).

Outras variáveis, directamente actuáveis pela gestão educacional, permanecem


intocáveis ou sofreram intervenções degradantes: planos curriculares e programas
disciplinares; orientações metodológicas; prestações exigíveis aos alunos e seu
estatuto disciplinar; modelo de gestão das escolas; políticas de formação inicial
e continua dos professores; estruturas de supervisão; políticas de rede escolar e
de modernização de equipamentos.

No meio de tudo isto, a avaliação do desempenho está longe de ter o impacto que
muitos lhe atribuem. Mas vamos a ela e falemos dos erros que subjazem ao decreto
que a regulamenta, sob a forma de perguntas que endereço aos que apoiam a ministra
da Educação e denigrem os professores:

Onde está a evidência mínima, a simples presunção fundamentada, ao menos, em


experiências similares, que, cumprido o proposto, os resultados dos alunos
melhorariam? Que países, daqueles que servem habitualmente de referência aos
arautos da modernidade, ou outros, puseram em prática modelos similares e que
resultados foram obtidos? Que análise custo - benefício fizeram os arquitectos do
monstro, antes de o parir? Quanto custa observar 3 aulas por ano (pelo menos, como
manda a lei) multiplicadas pelo número de professores a avaliar?

Surpreendem-se se adiantar que, só para isso, estaremos a falar de qualquer coisa


como 700 salários anuais de professores de topo de carreira? Quanto tempo e quanto
custa preencher a loucura de fichas e papéis que o sistema supõe? Não é verdade
que, entre outras, sublinho, entre outras, teremos uma ficha de objectivos
individuais, uma ficha de autoavaliação do avaliado, uma ficha de avaliação de um
avaliador (coordenador do departamento), outra ficha de avaliação de outro
avaliador (presidente do Conselho Executivo), uma ficha de observação de aulas,
uma ficha de avaliação do portefólio do avaliado e o próprio portefólio do
avaliado? Poderão e deverão as escolas dedicar um tempo desproporcionado à
avaliação dos professores, tempo que retirarão ao ensino, missão primeira da
Escola? Não é verdade que poderemos ter licenciados a avaliar doutorados? Não
estamos, por essa via, a envenenar irremediavelmente o clima relacional entre os
docentes, já perigosamente aviltado pela grosseira injustiça que dividiu
professores em titulares e outros? Não é verdade que se reduziu ao ridículo a
tradicional lógica dos saberes instituídos, quando poderemos ter um professor de
Biologia a avaliar um colega de Matemática ou um de Física a perorar sobre o
desempenho doutro de Informática? Não será aberrante um biólogo ir observar a
aula de um matemático? Não é inaceitável que a ministra argumente que todos os
professores avaliadores estão preparados para avaliar colegas, já que toda a vida
avaliaram alunos, como se a supervisão pedagógica fosse simples diletância de
universitários lunáticos? Não teremos um conflito insanável de interesses quando
avaliando e avaliador podem ser concorrentes a uma mesma menção de “excelente” e o
segundo pode driblar o primeiro, esgueirando-se pela porta estreita das quotas?

Não é certo que o sucesso dos alunos é muito mais provável numas disciplinas que
noutras? Não é verdade que a avaliação externa não se aplica a todas as
disciplinas? Como aceitar que a inteligência diferente dos alunos, a sua aplicação
e interesse, as deficiências transitadas de anos anteriores, por exemplo, possam
rotular o trabalho dos professores, ao menos sem um acurado mecanismo ponderador?
Como indexar, assim, parte da classificação dos docentes a critérios tão
vulneráveis? Como negar que a curta história do diploma em apreço seja a macabra
história de comportamentos continuados de desrespeito da própria lei por parte dos
seus autores, como a insensatez das datas, a não regulamentação do essencial e a
trapalhice continuada para salvar a face suja?

As perguntas que ficam não são mera retórica. São a evidência de um sinistro
disparate. E como a epígrafe da minha intervenção nos remete para o sacro e vai
longa, permitam-me que termine a alusão à segunda vertente que vos anunciei com
recurso a uma daquelas muitas mensagens que nos chegam pela internet, sem anúncio
nem parcimónia de entrada. Esta vinha sem autoria identificada, que por isso não
cito, mas constitui uma bela rábula à Avaliação do Desempenho que a indigência
intelectual quer impor às escolas e aos professores. Reza assim:

Naquele tempo, Jesus subiu ao monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma
grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. Depois,
tomando a palavra, ensinou-os dizendo: em verdade vos digo, bem-aventurados os
pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que têm
fome e sede de justiça, porque serão saciados; bem-aventurados os misericordiosos,
porque deles...

E antes de concluir, Pedro o interrompeu:


- Temos que aprender isso de cor?
E André disse:
- Temos que copiá-lo para o caderno?
E Tiago perguntou:
- Vamos ter teste sobre isso?
E Filipe lamentou-se:
- Mas eu não trouxe o papiro-diário, Mestre.
E Bartolomeu quis saber:
- Temos de tirar apontamentos?
E João levantou a mão:
- Posso ir à casa de banho?
E Judas exclamou:
- Para que é que serve isto tudo?
E Tomé inquietou-se:
- Há fórmulas? Vamos resolver problemas?
E Tadeu reclamou:
- Mas... porque não nos dás a sebenta e... pronto?
E Mateus queixou-se:
- Eu não entendi nada! Ninguém entendeu nada!

Um dos fariseus presentes, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem
ensinado coisa alguma, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:

- Onde está a tua planificação?


- Qual é a nomenclatura do teu plano de aula nesta intervenção didáctica
mediatizada?
- E a avaliação diagnóstica?
- E a avaliação institucional?
- Quais são as tuas expectativas de sucesso?
- Tens para a abordagem da área uma formulação globalizada, de modo a permitir o
acesso à significação dos contextos, tendo em conta a bipolaridade da transmissão?
- Quais são as estratégias conducentes à recuperação dos conhecimentos prévios?
- Respondem estes aos interesses e necessidades do grupo, de modo a assegurar a
significatividade do processo de ensino-aprendizagem?
- Incluíste actividades integradoras com fundamento epistemológico produtivo?
- E os espaços alternativos das problemáticas curriculares gerais?
- Propiciaste espaços de encontro para a coordenação de acções transversais e
longitudinais que fomentem os vínculos operativos e cooperativos das áreas
concomitantes?

- Quais são os conteúdos conceptuais, processuais e atitudinais que respondem aos


fundamentos lógico, praxeológico e metodológico constituídos pelos núcleos
generativos disciplinares, transdisciplinares, interdisciplinares e
metadisciplinares?
Caifás, o pior de todos, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações do primeiro, segundo e terceiro períodos e reservo-me o
direito de, no final, aumentar as notas dos teus discípulos, para que ao Rei não
lhe falhem as previsões de um ensino de qualidade e não se lhe estraguem as
estatísticas do sucesso. Serás notificado em devido tempo pela via mais adequada.
E vê lá se reprovas alguém! Lembra-te que ainda não és titular e não há quadros de
nomeação definitiva.
E Jesus pediu a reforma antecipada aos trinta e três anos...

Concluirei, como proposto, com brevíssimas linhas críticas ao relacionamento entre


a sacrossanta Avaliação do Desempenho e a pagã forma pós-moderna de ver a
sociedade globalizada. Os senhores do dinheiro, os sacerdotes dos resultados a 500
euros de salário, têm-se apossado, paulatinamente, de tudo o que reflectia e
questionava. Sob o manto diáfano de Bolonha, entraram nas nossas universidades.
Apearam a procura livre e autónoma do saber e colocaram no altar os resultados. O
seu desígnio é transformá-las em sucursais empresariais devidamente uniformizadas.
Nesta lógica, a avaliação do desempenho premeia os que fazem certo e castiga os
que fazem bem. Esclareça-se que fazer certo é venerar o dogma, fazer bem era
autonomizar as pessoas.

Desceram às escolas básicas e secundárias. Transformaram-nas em casernas abertas


12 horas por dia e chamaram-lhe escola a tempo inteiro. Encaixotaram a Filosofia,
a História e a Literatura, que não queimaram, por enquanto. Meteram os ciganos em
contentores sob a epígrafe de “caso intermédio de integração”. Chamaram a polícia
quando foi preciso. Em nome da Avaliação do Desempenho, burocratizaram
criminosamente e escravizaram com trabalho inútil.

Entendamo-nos. Desde sempre, todos os chefes competentes e todos os chefiados


honestos concordaram com a necessidade de avaliar para gerir bem. Mas dificilmente
alguém me convencerá de que é útil aplicar medidas de desempenho estereotipadas,
normalizadas e gerais a tudo o que é diverso. Ou que se pode tudo medir e tudo
indexar a resultados. É esta cultura de avaliação que contesto. É a relevância que
se lhe atribui que repudio. É a passividade da sociedade face a esta versão
moderna de fascismo que me preocupa.

A Escola é por excelência um lugar de cooperação. Um ano bastou para a transformar


na antecâmara duma competição mal sã. Meia dúzia de grelhas de avaliação do
desempenho que me foram dadas a examinar, conducentes à atribuição da menção
“excelente”, deixaram-me arrepiado por tipificarem tudo o que um professor não
deve ser. Mas houve comissários suficientes, “boys” e “laranjas”, do centralão
imenso em que as escolas se podem transformar que as conceberam. Na génese até
desta crise global imensa e nunca vista em que todos estamos mergulhados, que
podemos encontrar? A lógica da Avaliação do Desempenho dos seus responsáveis.
Terei muito gosto em o concretizar e clarificar no debate que se seguirá.

A sociedade que caracterizei na primeira parte desta exposição é a da


globalização. Bento XVI comparou-a recentemente à Torre de Babel e apelidou-a de
“névoa que cega as nações”. A escola que nos estão a impor serve acefalamente essa
sociedade e visa o homem sem humanidade. É dever social dos professores fazerem
uso da arma poderosa que é a palavra para promoverem a utopia de hoje a realidade
de amanhã, isto é, a mudança radical da ordem económica vigente, mudança essa que
permitirá, e cito uma vez mais o Papa, “preferir o bem comum de todos ao luxo de
poucos e à miséria de muitos”.

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