Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
URGENTE!
Vejamos.
a) DAS FÉRIAS
Está claro pelo exposto que José trabalhou por mais de doze meses, tendo direito, portanto,
ao gozo de férias e do 1/3 constitucional. Assim, a empresa tem o prazo de um ano para conceder-
lhe este direito, período denominado concessivo. Tendo laborado por mais de um mês após o
período aquisitivo, cumpre esclarecer se José exerceu ou não o seu direito.
Esta informação é de crucial importância para a verificação de verbas a serem pagas, uma
vez que o empregado em hipótese alguma perde o direito à percepção de férias vencidas. Na
prática questionar-se-ia o empregador sobre este fato, verificando-se, assim, a eventual
necessidade de consignação de verba rescisória, contudo, por ser questão apresentada, cumpre ao
examinando presumir se José gozou o período de férias ou não.
Assim, alguns foram levados a presumir que o empregador não teria concedido as férias,
outros cogitaram hipótese de gozo das férias logo após o cumprimento do período aquisitivo com
pedido de auxílio-doença dias logo após o retorno do empregado à atividade laborativa e uma
minoria ainda levantou hipótese de que o empregado poderia ter exercido o seu direito de férias
em conformidade com o art. 143, CLT, convertendo 1/3 de suas férias em abono pecuniário.
Evidente, portanto, que todos os examinandos foram induzidos a presumir se houve ou não
concessão de férias e em quais circunstâncias, fato que na praxe jamais aconteceria. Presunção
imprescindível para a propositura de qualquer peça, dada à omissão insanável do enunciado
apresentado.
b) DO AUXÍLIO-DOENÇA
Outro fator obscuro que motivou diversas teorias refere-se ao auxílio-doença, gênero do
qual faz parte o auxílio-doença acidentário, este último capaz de conceder estabilidade por doze
meses após o retorno do obreiro à atividade laborativa.
Outros examinandos entenderam, por bem, não presumir espécie da qual se enunciava o
gênero, dando à expressão ora comentada o seu significado comum (não-acidentário). Ademais,
em momento algum José retornou ao emprego, não havendo, portanto, que se falar em
estabilidade. Desta forma, tais examinandos ofereceram Reclamação Trabalhista.
c) DO SALDO SALARIAL
Necessário lembrar,contudo, que de acordo com a Lei 8.213/91, em seu art. 59:
Cessado o auxílio-doença, deve o obreiro retornar a sua atividade laborativa, por risco de
incorrer no disposto na Súmula 32 do TST: “presume-se o abandono de emprego se o
trabalhador não retornar ao serviço no prazo de 30 dias após a cessação do benefício
previdenciário nem justificar o motivo de não o fazer”.
Assim, decorridos trinta dias e face às tentativas de comunicação da empresa para que José
retornasse ao trabalho, sem que houvesse qualquer resposta por parte do obreiro, pode a empresa
LV rescindir o contrato por justa causa de acordo com o art. 482, i, da CLT.
O elemento objetivo está previsto na Súmula 32 e no art. 482, §1º da CLT, já o subjetivo é
de difícil evidenciação. “É que o trabalhador pode deixar de comparecer ao serviço por motivo
insuperável, embora sem possibilidade de dar ciência ao empregador” (DELGADO, pág.
1.103)1.
Acrescente-se que a dispensa por justa causa decorre do poder disciplinar do empregador,
podendo este realizar a rescisão contratual administrativamente. Ocorre que em razão do caráter
relativo da presunção, pode o empregado provar a existência de fato impeditivo ao retorno do
trabalho, requerendo, posteriormente, através de reclamação trabalhista a sua reintegração.
Ademais, do próprio enunciado da questão entende-se que ainda não houve rescisão do
contrato empregatício. Ora, se tal fato tivesse ocorrido, não estaria a empresa LV preocupada com
a rescisão contratual e a baixa na CTPS, e sim, tão somente com o pagamento das parcelas
decorrentes e para não incorrer em mora. E ao final, a questão diz: “elabore a peça processual
adequada a satisfazer-lhe judicialmente o interesse”.
1
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 2009, Editora LTR, pág. 1.103
Apreende-se que a empresa LV pretende realizar a rescisão judicialmente e realizar o
pagamento de eventuais parcelas decorrentes. Cumpre lembrar que nas rescisões por justa causa
do obreiro, este só terá direito a férias vencidas, acrescidas do 1/3 constitucional, e saldo salarial,
todavia, não está claro, como exposto anteriormente, se há parcelas, tampouco há dados para
liquidação dos valores ensejadores do requerimento para depósito em juízo.
a) DA LEGITIMIDADE ATIVA
Diz a CLT:
Assim, apesar de não ser a praxe, pode o empregador oferecer reclamação trabalhista para
rescindir o contrato.
“... Alice Monteiro de Barros (5ª edição - página 906), tratando exatamente da súmula 32
do TST (base da peça), ensina que "é igualmente comum o empregador pretender
comprovar em juízo essa falta, juntando convocações de retorno ao trabalho publicadas
na imprensa e dirigidas ao empregado". Ora, não seria absurdo algum a propositura de
uma ação pelo empregador, especificamente para "comprovar o abandono e obter a
declaração da rescisão contratual". Presente estaria, indubitavelmente, o interesse de agir. A
ação, por outro lado, poderia ser nominada “reclamação trabalhista”, já que o epíteto é comum
na Justiça do Trabalho.
Em terceiro lugar, na vida prática, a fungibilidade, no caso, se tornaria inafastável,
porquanto a petição inicial estaria apta a ser analisada, alcançando o seu fim maior, sendo
irrelevante, data máxima vênia, a denominação dada à ação. Pensar o contrário seria ignorar a
essência do princípio da instrumentalidade das formas, em clara e insuportável agressão ao
artigo 244 do CPC, compatível, vale ressaltar, com o processo do trabalho - artigo 8º e 769 da
CLT.”
O art. 335 do Código Civil de 2002 elenca as hipóteses em que cabe a ação de consignação
em pagamento e em todas elas se verifica a impossibilidade de realização da quitação do montante
devido, fato que deverá ser provado para a propositura da ação em comento.
01162-2004-002-10-00-5 RO (Acordão 2ª
“Processo:
Turma)
Origem: 2ª Vara do Trabalho de BRASÍLIA/DF
Juíz(a) da Sentença: Gilberto Augusto L. Martins
Relatora: Desembargadora Heloisa Pinto Marques
Revisora: Desembargadora Flávia Simões Falcão
Julgado em: 25/05/2005
Publicado em: 15/07/2005
Recorrente: Viação Planeta Ltda
Advogado: Marcus Ruperto Souza das Chagas
Recorrido: Eliton Rodrigues de Medeiros
Advogado: Cicinato Carvalho Trindade
...
VOTO
ADMISSIBILIDADE O Recurso é tempestivo (fls. 185/192); as custas e o depósito recursal
foram regularmente recolhidos (fls.197/198) e as partes estão bem representadas nos autos
(fls. 6 e 35). Conheço, portanto, do Recurso.
MÉRITO
2 - MULTA DO ART. 477 DA CLT
2
TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Curso de Direito Processual do Trabalho, Volume III, 2009, Editora LTR, p. 2609.
...
Na Ação de Consignação em Pagamento a Reclamada informou que "marcou a data de
05/08/2004 para homologação das verbas rescisórias junto ao sindicato da categoria.
Entretanto, o consignado não compareceu" (fls.144). Na contestação à ação ajuizada pelo
Reclamante a Reclamada alegou que "as verbas rescisórias não foram quitadas em razão da
recusa do reclamante" (fls.33). Cabe ressaltar que, para que a Ação de Consignação em
Pagamento surta os efeitos desejados, o Empregador, dentro dos dez dias que lhe cabem
para pagar as verbas rescisórias, deve ser diligente e cauteloso, fazendo prova de que o
Reclamante se recusou a receber as verbas rescisórias. É pacífico o cabimento da Ação de
Consignação em Pagamento na Justiça do Trabalho. No entanto, a doutrina e a
jurisprudência fixam alguns parâmetros para a sua efetiva eficácia, quais sejam: instruir a
inicial com o depósito e a recusa do recebimento das verbas rescisórias.
...
Quanto ao pagamento das verbas rescisórias, a Reclamada deveria ter solicitado o
comparecimento do Reclamante na Empresa para o recebimento das verbas rescisórias e no
caso de recusa, indicar prova testemunhal. Constata-se, todavia, que a Reclamada, também,
não produziu nenhuma prova nesse sentido. Extrai-se, também, que o Reclamante trabalhava
para a Reclamada desde 28/05/1988, ou seja, laborava a mais de 16 anos para esta. Neste
caso, obrigatoriamente, a rescisão deveria ter sido homologada pelo Sindicato da categoria.
Também, não há provas do chamamento do Reclamante para comparecer ao Sindicato.
Entendo que o Empregador não pode manter-se inerte e deixar o tempo correr,
inexoravelmente, para depois propor a Ação de Consignação em Pagamento, procurando
esquivar-se da multa prevista em lei, mormente quando restou cabalmente provado, que a
Reclamada, em nenhum momento fez prova da recusa do Reclamante em receber as verbas
rescisórias. Como bem colocado na decisão do col. Tribunal Superior do Trabalho, a
Reclamada ao propor a presente ação, "deve instruir a inicial com a prova do depósito e a
recusa", o que inocorreu no caso. Posto isso, nego provimento. CONCLUSÃO Ex positis,
conheço do Recurso e, no mérito, nego-lhe provimento, nos termos da fundamentação. É o meu
voto.”
Poder-se-ia anotar inúmeras citações doutrinárias e julgados, mas diante do exposto, claro
e evidente a uniformidade no entendimento doutrinário e jurisprudencial acerca do cabimento da
Reclamação Trabalhista como meio capaz de rescindir o contrato, proceder à baixa na CTPS e o
depósito de eventuais valores a serem pagos (fator obscuro pela redação da questão enunciada),
culminando, por conseguinte, com a não ocorrência da mora.
III – CONCLUSÃO
a) A manifestação desta seccional face à petição apresentada, bem como o envio imediato
de cópia desta para o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, com
comprovante de remessa, para que esta possa, em tempo hábil apresentar publicamente
o seu parecer;
b) A manifestação da Ordem dos Advogados do Brasil perante a banca examinadora do
CESPE, expondo as razões supra expostas, de forma declarar a existência de erro
material insanável na elaboração de seu enunciado, deixando evidente o necessário
acatamento de diferentes teses diretamente resultantes das omissões no enunciado,
desde que devidamente fundamentadas, em especial a Reclamação Trabalhista face ao
perfeito cabimento para solucionar o problema apresentado, como demonstrado no
curso desta petição;
c) Alternativamente pleiteia-se a anulação da questão pelos motivos já elencados, tudo
sob pena de acarretar movimento de grande relevância e repercussão nas searas social,
política, acadêmica e jurídica nacional.
OAB 25.565-E
_______________________________ _______________________________
Nome: Nome:
ID: ID:
_______________________________ _______________________________
Nome: Nome:
ID: ID: