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SEXTA-FEIRA
Entende-se bem que, para uma sociedade que tem como fim quase
exclusivo, ou exclusivo, os bens materiais, a morte continue a ser o fracasso
total, o último inimigo que acaba de um só golpe com tudo o que deu sentido
ao seu viver: prazer, glória humana, ânsia desordenada de bem-estar
material... Os que têm espírito pagão continuam a viver como se Cristo não
tivesse realizado a Redenção, transformando completamente o sentido da dor,
do fracasso e da morte.
Não só eles próprios serão premiados pela sua fidelidade a Cristo, mesmo
nas coisas mais pequenas – até um copo de água dado por Cristo receberá a
sua recompensa17 –, mas também, como ensina a Igreja, com eles
permanecerão de algum modo “os valores da dignidade humana, da
comunidade fraterna e da liberdade, todos esses bons frutos da natureza e do
nosso trabalho [...], limpos contudo de toda a impureza, iluminados e
transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal”18.
Todas as outras coisas se perderão: voltarão à terra e ao esquecimento... As
suas boas obras os acompanham.
Devemos desejar viver muito tempo, para prestar maiores serviços a Deus,
para nos apresentarmos diante do Senhor com as mãos mais cheias..., e
porque amamos a vida, que é um presente de Deus. E quando chegar o nosso
encontro com o Senhor, até esses últimos instantes nos deverão servir para
purificarmos a nossa vida e para nos oferecermos a Deus Pai com um ato de
amor. Para esse transe, Santo Inácio escreveu: “Como em toda a vida, assim
também na morte, e muito mais, deve cada um [...] esforçar-se e procurar que
Deus Nosso Senhor seja nela glorificado e servido e os próximos edificados, ao
menos com o exemplo da sua paciência e fortaleza, com fé viva, esperança e
amor dos bens eternos...”23 O último instante aqui na terra deve ser também
para a glória de Deus.
Que alegria experimentaremos então por todo o esforço que tivermos posto
em dar a vida pelo Senhor!: o trabalho oferecido, as pessoas que fomos
procurando aproximar do sacramento da Confissão, os mil pequenos
pormenores de serviço prestados aos que trabalhavam connosco, a alegria que
transmitimos à família...
Depois de termos deixado aqui frutos que perduram até à vida eterna,
partiremos. E poderemos dizer com o poeta:
(1) Lc 17, 26-37; (2) 1 Tess 5, 2; (3) cfr. Santo Agostinho, Comentário ao Salmo 120, 3; (4) cfr.
S.Josemaría Escrivá, Caminho, ns. 735 e 739; (5) cfr. ibid., n. 744; (6) Missal Romano,
Prefácio de defuntos; (7) cfr. Candido Pozo, Teología del más allá, BAC, Madrid, 1980, págs.
468 e segs.; (8) São Cipriano, Tratado sobre a mortalidade, 22; (9) S. Josemaría Escrivá,
Sulco, n. 891; (10) Sab 1, 13; (11) Jo 13, 1; (12) 2 Tim 1, 10; (13) Jo 11, 25; (14) Sl 33, 22; (15)
Sl 115, 15; (16) Apoc 14, 13; (17) Mt 10, 42; (18) Concílio Vaticano II, Constituição Gaudium et
spes, n. 39; (19) Horácio, Odes, 1, 11, 7; (20) cfr. Lc 12, 35-42; (21) Ef 5, 15-16; (22) Sêneca,
De brevitate vitae, 1, 3; (23) Santo Inácio de Loyola, Constituições S. I., c. 4, n. 1; (24) B.
Llorens, Secreta fuente, Rialp, Madrid, 1948, pág. 86.