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Prática Pedagógica: a questão da

Educação Física no cotidiano escolar e sua relação com as Diretrizes


Curriculares do Paraná.

Antônio Marcos Diniz1


Carmem Elisa Henn Brandl2
Resumo
Este trabalho tem como objetivo investigar as mudanças ocorridas na Prática
Pedagógica da Educação Física no cotidiano escolar, após a implantação das
Diretrizes Curriculares de Educação Física para a Educação Básica do Estado do
Paraná. O estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva com abordagem
qualitativa, realizada no ano de 2007 em uma escola da rede pública da região
oeste do Estado do Paraná e teve como sujeitos os três professores que atuam
nela. A coleta de dados se deu mediante análise documental nos livros de
registro de classe; mediante entrevistas: com os três professores que atuam na
escola; mediante observação das aulas dos referidos professores. Vimos a
constatar que as práticas cotidianas dos professores não se alteraram de forma
significativa nos últimos anos após a implantação das Diretrizes Curriculares de
Educação Física para a Educação Básica do Estado do Paraná. Infelizmente
ainda pudemos notar que os conteúdos que norteiam toda a atividade docente
ainda são muito centrados em práticas esportivas, desenvolvidas a partir de
metodologias tradicionais, sem reflexão.
Palavras chave: Educação Física Escolar. Prática pedagógica. Diretrizes
curriculares.

Abstract
This work has as objective to investigate the occurred changes in Practical the
Pedagogical one of the Physical Education in the daily pertaining to school, after
the implantation of the Curricular Lines of direction of Physical Education for the
Basic Education of the State of the Paraná. The study it is characterized as a

1
Especialista em Educação Física Escolar Professor da Rede Publica de Educação do Estado do Paraná
2
Doutora em Educação Física Docente da Unioeste – Universidade Estadual do Oeste do Paraná
descriptive research with qualitative boarding, carried through in the year of 2007
in a school of the public net of the region west of the State of the Paraná and had
as citizens the three professors who act in it. The study is characterized as a
descriptive research with qualitative approach, accomplished in the year of 2007
in a school of the public net of the area west of the State of Paraná and he/she
had as subjects the three teachers. We saw to verify that the teachers' daily
practices didn't lose temper in a significant way in the last years after the
implantation of the physical education Guidelines Curriculum for the Basic
Education of the State of Paraná. Unhappily still we could notice that the contents
that orientate all the educational activity are still very centered in sporting
practices, developed starting from traditional methodologies, without deepened
reflection.
Key words - School physical education. Pedagogic Practice. Guidelines
Curriculum.
_____________________________________________________

1. Introdução
Entender a real situação da Educação Física no cotidiano escolar tem sido
alvo de estudo de muitos pesquisadores e é sem dúvida estimulante, porque esta
compreensão abrange muitos aspectos particulares da própria Educação Física,
bem como outros mais gerais da Educação como um todo. Mas como realmente
as aulas de Educação Física acontecem no dia-a-dia da escola? O que nos leva
a este questionamento é o fato de que, em muitas escolas, não se tem claro o
que vem a ser Educação Física Escolar, sejam alunos, demais professores,
pedagogos, direção e em algumas vezes os próprios professores da disciplina. A
lei nº. 9.394 de 20 de dezembro de 1996 diz em seu artigo 26 § 3º que: “A
educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente
curricular obrigatório da educação básica...” (grifo do autor) infelizmente ainda
não compreendida e assimilada por uma grande parte da “comunidade escolar”
que a vê apenas como prática de atividades físicas com fins à melhoria da saúde,
como forma de compensar as outras disciplinas tidas como de “formação
intelectual” ou ainda desenvolver atividades recreativas, entre outras definições
que encontramos na literatura bem como no cotidiano de nossas escolas. Esta
“(in) compreensão”, ou a falta da mesma, da real necessidade e possibilidade da
Educação Física dentro do projeto/processo educativo presente no ambiente
escolar, leva muitos professores que não tiveram uma “formação pedagógica” em
seu curso de graduação em licenciatura, a desenvolverem atividades que
poderiam ser confundidas com um treinamento desportivo ou atividades de lazer
de um clube ou colônia de férias, como nos lembra Kunz: “Provavelmente, na
escola, nem o aluno nem o diretor, fará qualquer distinção entre o trabalho prático
realizado por esse profissional (Professor de Educação Física) com curso
universitário e o de uma pessoa qualquer que goste da ginástica e dos esportes.”
(KUNZ, 2004, P.83) (grifo do autor).
Algo que poderíamos chamar da gênese da Educação Física Escolar
brasileira acontece no final do século XIX quando sob a preocupação com a
saúde pública. Segundo Lino Castellani Filho apud ( BRAID, 2003: p. 55).

...a Educação Física “nasceu” no século XIX em conseqüência


das preocupações dos médicos higienistas com a alta taxa de
mortalidade da população branca brasileira, a obrigatoriedade
da Educação Física foi, portanto, instituída com o objetivo de
proporcionar atividades saudáveis que produzissem homens
preparados para atividades intelectuais e mulheres prontas
para gerar filhos fortes e cuidar da família

Esta situação perdura por muito tempo até aproximadamente a década de


60, quando por influência da instituição militar se inicia mais um período, também
muito extenso, que em alguns casos perdura até hoje, que é uma tendência
histórica chamada militarista, onde se via como necessidade a real formação (no
conceito mais puro da palavra, o de moldar corpos e mentalidades conforme
Ghiraldelli Junior (1987) de sujeitos fortes para defender a família e a pátria.
Seguiu-se, a partir desta época, com a tendência desportiva generalizada,
defendida principalmente pelo professor Auguste Listello, segundo Betti apud
Darido (2003) pautada no conteúdo esportivo com caráter lúdico. Ainda segundo
a mesma autora no final da década de 60 e toda a década de 70 com forte
influência da situação social e política que o país vivia, numa época de ditadura
militar, se instala segundo Darido(2003) em nossas escolas uma idéia de
formação de um exército composto por uma juventude forte e saudável como a
desmobilização de forças oposicionistas com grande ênfase de conteúdos
esportivos reforçando valores como a racionalidade, a eficiência e a
produtividade.
Vemos ainda hoje que na grande maioria das escolas apenas este
conteúdo é trabalhado; infelizmente com os mesmos princípios de racionalidade,
eficiência e produtividade. Busca-se através de atividades sistematizadas ou não,
desenvolver ou “descobrir” talentos esportivos, priorizando assim os mais
habilidosos, marginalizando a grande maioria dos alunos; sobremaneira os
menos habilidosos, os gordinhos; enfim aqueles que mais necessitariam de
atenção. Só esta situação já justificaria o estudo, que encontramos na maioria
das escolas de nossa região, e muito provavelmente em muitas outras do Estado
do Paraná e de todo o Brasil. Uma Educação Física descompromissada com o
sentido/significado maior da escola bem como da Educação como um todo, que é
o de propiciar condições de que os alunos se tornem sujeitos autônomos, críticos
e capazes de atuar em suas realidades e transformá-las.
Mas a situação que se nos apresenta mostra muitos vilões que ora se
intercalam para justificar o “fracasso” ou as situações de insucesso da disciplina
de Educação Física nas escolas. Num primeiro momento é a falta de legitimidade
da mesma como disciplina (sua constante crise de identidade); após isto temos
professores “mal formados”, ou formados para ser especialistas em esportes,
recreação, fisiologia, anatomia, mas sem formação didática, ou com visões
simplistas da prática pedagógica da Educação Física Escolar. Num terceiro
momento são os conteúdos e diretrizes impostas e a falta de propostas
metodológicas que não sistematizam a ação dos professores, isto, é claro, sem
falar na falta de material, instalações inadequadas e a não valorização
profissional do Professor de Educação Física.
Enfim, existe a necessidade premente de refletirmos, analisarmos,
discutirmos a respeito da situação da Educação Física nas escolas de ensino
fundamental e médio, a sua valorização como Disciplina, a valorização do
Professor, as propostas didático-metodológicas. Para tal urge que reconheçamos
qual a prática pedagógica dos professores de Educação Física no cotidiano.
Já a tempo temos propostas que tentam mudar tal realidade, no Estado do
Paraná desde o Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do Paraná
publicado no ano de 1990, mas que teve seus estudos iniciados por volta do final
da década de 80 que já traziam em sua proposta alguns conteúdos, pressupostos
de movimento, encaminhamento metodológico e avaliação. Uma proposta muito
bem estruturada baseada em autores como Lino Castellani Filho, Vigotsky,
Bracht, Brunhs, Guiraldeli Junior, Lê Bouch, João P. S. Medina entre outros, mas
que não teve a devida reflexão, primeiro porque o governo estadual não
proporcionou a preparação do professor para tal diretriz e por outro lado o
professor atuante neste período teve uma formação inicial/graduação nos moldes
tradicionais, leia-se tecnicista. E devido talvez a estes fatores, entre outros, o
Currículo Básico fosse relegado a segundo plano. Com toda certeza as
constantes mudanças que ocorrem nas políticas de Estado em relação à
Educação, que na verdade são políticas de governo e não de Estado, levaram-no
ao quase esquecimento, já que durante os anos de 1994 a 2002 ele foi
desprezado. Vemos também a nível nacional que no inicio da década de 90 com
a nova LDB são aprovadas as DCN – Diretrizes Curriculares Nacionais e são
distribuídos os PNC – Parâmetros Curriculares Nacionais, como sendo a
salvação da Educação. Segundo as DCE (Paraná, 2006, p 53) mesmo
apresentando-se mais um projeto neoliberal que visava apenas à idéia do Estado
Mínimo, mesmo que os impostos continuassem sendo mais do que o máximo
aceitável.
Mas também apesar desses aspectos negativos, a proposta traz alguns
pontos muito interessantes para a Educação Física como, por exemplo, quando
sugere o trabalho dos conteúdos nas dimensões conceituais, procedimentais e
atitudinais dos conteúdos.
No ano de 2003 volta-se, no Estado do Paraná, a pensar em uma Diretriz
onde fossem recuperados aspectos do quase já esquecido Currículo Básico;
desta feita é iniciado um processo de reformulação das Diretrizes Estaduais da
Educação com o nome de Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação
Básica do Estado do Paraná que se dá de forma conjunta entre os professores
da rede estadual e dois assessores de uma universidade pública.
Entretanto ao analisarmos as referidas diretrizes, que de certa forma
ajudamos a construir, com algumas ressalvas, pois os estudos foram na maioria
das vezes realizadas por textos dirigidos; vemos que a proposta traz sim alguns
termos diferentes, a referência a alguns autores mais atuais, a clara intenção de
uma direção crítica nos encaminhamentos; temos algo já visto há algum tempo
no que se refere aos conteúdos Dança, Esporte, Ginástica, Jogos e Brincadeiras
e Lutas que estão presentes tanto no ensino fundamental como no médio.
Apresenta-se algo de novo, ou uma maquiagem de já conhecidas idéias e
termos, na Educação Básica em relação aos “Conteúdos Estruturantes – Esporte;
Jogos e brincadeiras; Ginástica; Lutas; Dança.” (Paraná, 2006, p.3 2008).
Também temos os “Elementos articuladores dos Conteúdos Estruturantes para a
Educação Básica: cultura corporal e corpo; cultura corporal e ludicidade; cultura
corporal e saúde; cultura corporal e mundo do trabalho; cultura corporal e
desportivização; cultura corporal – técnica e tática; cultura corporal e lazer;
cultura corporal e diversidade e cultura corporal e mídia. (idem)
Gostaríamos de destacar um ponto que acreditamos ser particular nas
atuais Diretrizes, é a proposta de uma Prática Pedagógica, aqui entendida como
todo o processo da Escola e da disciplina, desde o planejamento até a avaliação,
tanto para a educação básica, ou seja, para o Ensino Fundamental quanto para
o Médio, que, se bem aplicados podem levar a Educação Física a uma
participação mais efetiva na Educação, objetivo comum de toda a Escola.
Pois segundo as DCEs em seus encaminhamentos metodológicos diz que
“ a Educação física tem a função social de contribuir para que os alunos se
tornem sujeitos capazes de reconhecer o próprio corpo, adquirir uma
expressividade corporal consciente e refletir criticamente sobre as práticas
corporais” PARANÁ (2008). E ressalta ainda que durante o processo pedagógico
o senso investigativo pode transformar as aulas e ampliar o conjunto de
conhecimentos que não se esgotam nos conteúdos, nas metodologias, nas
praticas, nas reflexões.
Desta forma acreditamos que a cultura corporal deva ser instrumento de
estudo da Educação Física Escolar proporcionando “a construção do
conhecimento pela práxis, isto é, proporcionar ao mesmo tempo a expressão
corporal, o aprendizado das técnicas próprias dos conteúdos propostos e, a
reflexão sobre o movimento corporal, tudo isso segundo o principio da
complexidade crescente, em que um mesmo conteúdo pode ser discutido tanto
no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio”PARANÁ (2008 p. 43).
Diante desta nova realidade cabe questionar se a Prática Pedagógica da
Educação Física sofreu significativas mudanças a partir de todo o processo de
mudança na Política e Pedagogia das propostas – Currículo Básico, PCNs e das
novas Diretrizes Curriculares de Educação Física para a Educação Básica do
Estado do Paraná.
Nosso objetivo geral é o de investigar as mudanças ocorridas na Prática
Pedagógica da Educação Física no cotidiano escolar, após a implantação das
novas Diretrizes Curriculares de Educação Física para a Educação Básica do
Estado do Paraná.
Temos como objetivos específicos a identificação das práticas
pedagógicas presente nas aulas de Educação Física; a identificação das
abordagens pedagógicas predominantes a partir da prática pedagógica dos
professores observados e a constatação junto aos professores de Educação
Física, o que realmente legitima esta prática como disciplina curricular.

2. Material e Métodos

O estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, que segundo


Barros (1986), é aquela em que o pesquisador observa, registra, analisa e
correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir
a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua natureza, características,
causas, relações e conexões com outros fenômenos. Com uma abordagem
qualitativa que segundo Lüdke e André (1986) a pesquisa qualitativa tem o
ambiente natural como sua fonte direta de dados que são predominantemente
descritivos; o processo da pesquisa é mais importante que o produto; o foco de
atenção é o significado que as pessoas dão às coisas; a análise dos dados tende
ao processo indutivo; o foco de interesse tende a ficar mais preciso no desenrolar
do estudo.
A população e amostra foi constituída pelos professores de um município
da região oeste do Paraná, que possui três escolas de Ensino Fundamental e
apenas uma com Ensino Fundamental e Médio, devido a isso escolhemos esta
última para fazer parte da pesquisa. A coleta de dados se deu mediante análise
documental nos livros de registro de classe de todo o ano de 2007; mediante
entrevistas com os três professores que atuam na escola; mediante observação
de 08 aulas dos referidos professores, em séries diversas, escolhidas
aleatoriamente, com o objetivo de ter um panorama das diferentes turmas.
Para a realização da pesquisa utilizamos os seguintes instrumentos de
medida: ficha de observação em que foram descritas os conteúdos e a
metodologia utilizada pelos professores, roteiro para entrevistas semi-
estruturadas e análise dos livros de registro de classe.
Para análise dos dados, foi construído, conforme o que é proposto por
Lüdke e André (1986), um conjunto de categorias. Os dados das entrevistas e
dos documentos foram lidos e relidos até se chegar à identificação de seu
conteúdo e unidades de significado. A análise das observações foi feita a partir
da descrição das aulas e seleção de unidade de significado que dessem subsidio
para compreender, principalmente, os conteúdos e a metodologia de ensino.
A apresentação dos dados a seguir, foi feita mediante a utilização de
quadros, constando a frequencia absoluta e relativa com que cada categoria se
apresenta, representando assim qualitativamente os resultados, seguidos de uma
discussão descritiva.

3. Apresentação dos Resultados


Os resultados aqui apresentados fazem parte das observações das aulas,
das entrevistas e da análise dos livros de registro de classe. Para que
pudéssemos responder ao que nos propusemos em nossos objetivos dividimos a
apresentação em dois grandes momentos evidenciando em cada um deles
aspectos relevantes para compreender a prática pedagógica, mas especialmente
os conteúdos e metodologias presentes nas aulas de Educação Física da Escola
pesquisada. O primeiro momento vai tratar dos conteúdos analisados a partir das
observações das aulas, das entrevistas e dos registros nos livros de classe. O
segundo momento, busca apreender a metodologia de ensino, analisada a partir
das observações e das entrevistas com os professores.

3.1 Análise dos conteúdos a partir das observações das aulas


Inicialmente o quadro 1 representa a prática pedagógica dos professores a
partir dos conteúdos trabalhados em aula.
Professores Total %

CONTEÚDOS
ESPORTES Basquetebol 01 01
Futsal 07 04 11
Handebol 07 07 95%
Voleibol 03 03
Xadrez 01 01
Subtotal 08 07 08 23
DANÇA 00
GINÁSTICA 00
JOGOS 00
LUTAS 00
OUTROS 01 01 5%
TOTAL 08 08 08 24 100%
Quadro I – Conteúdos desenvolvidos nas aulas observadas
Percebemos que na prática pedagógica, presente na escola observada, o
conteúdo predominante, ou único durante as vinte e quatro aulas observadas nas
diferentes turmas foi o esporte, que representa 95% do total e aulas observadas.
Os conteúdos: Dança; Ginástica; Jogos, brinquedos e Lutas presentes nas DCEs
como conteúdos estruturantes não apareceram nas aulas observadas. Os 5%
restantes da categoria outros são representados por uma aula em que o
professor ensaiou a turma para uma apresentação que é chamada de hora
cívica. Acreditamos que esta hegemonia esteja presente em outras escolas,
devido principalmente às raízes da própria Educação Física de tendência
esportivista, que infelizmente ainda perdura numa grande parte das aulas nas
escolas brasileiras.
Que tem suas origens segundo Darido & Sanchez Neto (2005) no Método
Desportivo Generalizado.
3.1.2 Análise dos conteúdos a partir das entrevistas
Os conteúdos de preferência dos professores segundo dados da entrevista
demonstrou que um dos professores tem preferência pelas brincadeiras e os
outros dois pelo esporte, especialmente ao futsal. Em relação à seleção dos
conteúdos os professores um deles considera que os conteúdos devam
contemplar uma maior diversidade da cultura motora; já o segundo acredita que
os conteúdos têm de considerar o aumento do grau de dificuldade em cada série,
sendo que o terceiro considera o clima como fator importante na seleção dos
conteúdos. Conforme podemos observar na fala de um dos professores: “O vôlei,
depois o futsal, pelo fato do inverno e depois handebol ou basquete ou vice-
versa” (Professor C).
Em virtude da percepção da predominância do esporte nas aulas de
Educação Física solicitou-se que justificassem essa hegemonia. Uma das
justificativas foi falta de conhecimento dos outros conteúdos, falta de espaço e
materiais adequados para a realização de danças e lutas e por acreditarem que
os jogos e brincadeiras devam somente estar presentes na quinta e sexta séries.
O planejamento anual desta escola é dividido em bimestres e os
professores organizam uma modalidade esportiva principal, predominando assim
esta modalidade e intercalando esporadicamente outras atividades relacionadas
a outros conteúdos estruturantes.
Com referência à importância da Cultura corporal e corpo, elemento
articulador de extrema importância na pratica pedagógica, pois segundo as DCEs
(2008 p. 22) “o corpo é entendido em sua totalidade, ou seja, o ser humano é o
seu corpo, que sente, pensa e age”. Enquanto dois professores acreditam que o
trabalho com este elemento se dá através das atividades, conhecendo seus
limites e suas possibilidades; um dos professores não desenvolve o elemento
articulador.
Como nos afirma Soares (1996, p. 11) “se estamos na escola, devemos
dar um tratamento escolar ao conteúdo e, sobretudo dar lugar a abrangência que
ele possa ter”. Pois se apenas trabalharmos com aquilo que temos mais
afinidade, ou mesmo que mais agrada aos alunos poderemos estar alijando os
alunos de componentes da cultura socialmente construída, negando assim
possibilidades de sucesso, pois no momento em que o aluno ou o professor (o
que seria muito pior) fazem escolhas de qual conteúdo ou atividade deverão estar
presente nas aulas, com exclusividade, os outros conteúdos ou atividades são
como se não fossem parte desta construção histórica que dá origem à cultura
corporal de movimento, cultura física ou cultura de movimento, já que para haver
movimento existe necessariamente o corpo.
Novamente lembrando Soares (1996, p. 11)

O aluno “escolhe” Vôlei e passa sete anos na escola “jogando” Vôlei.


Ou então o professor “escolhe” Handebol e o aluno passa anos
“jogando” Handebol. Imaginemos o professor de Língua Portuguesa,
por exemplo, “escolher” “análise sintática” e trabalhar somente com
análise sintática, ou o aluno “escolher” “redação”.

Entendemos que a escola seja o local onde o aluno possa usufruir de


todas as possibilidades de movimento, presentes nas culturas de movimento e
não apenas de uma de suas manifestações, não negando aqui o esporte como
manifestação legítima da cultura de movimento, mas acreditando na necessidade
premente da utilização de outras formas, de outros conteúdos que possam dar
sustentabilidade aos objetivos educacionais da Educação Física Escolar. Para
Soares (1996) a Educação Física na escola é um espaço de aprendizagem e,
portanto, de ensino.
3.1.3 Análise dos conteúdos a partir dos livros de registros de classe.
O quadro 2 representa a prática pedagógica dos professores a partir dos
registros nos livros de registro de classe

Professores Total %
Conteúdos
ESPORTES Atletismo - 04 16 03 23
Basquetebol 75 107 45 227
Futsal 134 137 203 474 36,18%
Handebol 06 105 81 192
Voleibol 142 123 69 334
Xadrez 11 24 02 37
Tênis de m. 15 08 23
Subtotal 1310 76,78%
DANÇA 01 01 0,05%
Subtotal 01
GINÁSTICA 05 05 0,29%
Subtotal 05
JOGOS Trilha/dama 03 48 05 71
Caçador 08 04 12
Betz 01 03 04 2,63%
Passeio bici 01 01 02
Subtotal 89
LUTAS 00
At. não esp. 14 31 45
OUTROS 22 98 40 240 14,06%
Subtotal 36 98 71 285
Total 1706
Quadro 2 – Conteúdos presentes nos livros de registro de classe.
O quadro 2 apresenta os conteúdos e atividades realizadas durante o ano
de dois mil e sete nas dezesseis turmas observadas, que foram a 5ª A, 5ª B, 6ª B,
7ª A, 2º A, 2º C, 8ª A, 8ª B, 1º B, 2º B, 7ª C, 6ª A, 7ª B, 8ª C, 2º D e 3º B através
dos livros de registro de classe. Podemos observar que dos 1706 registros, que
representam as aulas das turmas, 1310 são do conteúdo estruturante Esporte
que representam 76,78% de todas as aulas das 16 turmas avaliadas; ainda
dentro destas 1310 aulas 474 são da modalidade especifica Futsal que
representa desta forma 36,18% de todas as aulas de Esporte. O conteúdo de
Dança está contemplado em apenas uma das aulas figurando assim como 0,05%
das aulas. Já Ginástica está em apenas 05 aulas representando assim 0,29%.
Existem alguns registros que não puderam ser identificados, pois os mesmos
estavam apenas descritos, como por exemplo, como atividade recreativa ou jogo
recreativo, num total de 45 registros; o Conteúdo estruturante Jogos, Brinquedos
e brincadeiras esteve presente em oitenta e nove aulas o que representa 2,63%.
Ainda temos uma grande parcela dos registros como outros: capacitação,
planejamento, trabalho em sala, aula teórica, filmes, hora cívica, conselho de
classe, avaliação biométrica, estudo dirigido, recepção dos alunos, feira do
conhecimento, reunião pedagógica, auto-avaliação, teste de visão, ensaio de
coreografia, ensaio para hora cívica, olimpíada de matemática, planejamento
participativo em 240 aulas, representando 14,06% de 1706 aulas das 16 turmas
avaliadas.
Com o exposto podemos constatar que a escola pesquisada não foge aos
“padrões” da maioria das escolas brasileiras. Vemos que esta realidade pode
tolher muitos e muitos alunos, levando-os apenas a situações de fracasso e
nenhuma ou quase nenhuma situação de êxito, pois segundo Pinto (2008) o
sucesso escolar é vinculado à aptidão física e motora desenvolvida em relação
aos colegas e estariam em situação de fracasso, aqueles que não se apresentam
aptos nos jogos esportivos e brincadeiras. Valoriza-se o saber-fazer, não
importando se este é oriundo das experiências. Outro aspecto relevante a
considerar, nos lembra Kunz (1989), que “o esporte como conteúdo hegemônico
impede o desenvolvimento de objetivos mais amplos para a Educação Física, tais
como o sentido expressivo, criativo e comunicativo”
3.2 Procedimentos metodológicos na Prática Pedagógica
3.2.1 Análise da metodologia a partir das observações das aulas

Para identificar a metodologia de ensino a partir das observações das


aulas, priorizou-se tópicos que dessem subsídios para compreender a prática
pedagógica. Neste sentido, observou-se: Divisão da aula; Estratégias
pedagógicas; Orientações a respeito do conteúdo; Participação dos alunos dando
sugestões; Participação dos alunos na resolução de situações e problemas da
aula; Divisão da aula por gênero; Participação dos alunos nas aulas; Cobrança
do gesto técnico perfeito e Condução do processo ensino-aprendizagem.
O quadro 3 representa a divisão das aulas, utilizadas pelos professores
participantes da pesquisa.

Professores Total %
Categorias
Aquecimento, parte principal e volta à calma 08 07 03 18 75%
Sem divisão aparente 01 05 06 25%
TOTAL 08 08 08 24 100%
Quadro 3 – Divisão das aulas

A divisão das aulas apresenta uma visão já consolidada da estrutura


básica, ou de uma “ritualização pedagógica” de uma aula de Educação Física
com aquecimento ou alongamento, parte principal e volta à calma.
No quadro 3 podemos notar que a divisão das aulas está bastante ligada
ao que Bassani et al. (1996) denomina de “organização pedagógica e rituais de
disciplinamento”, ou seja, aquecimento, parte principal e volta à calma. Em 18
aulas, 75% foi observado uma divisão em aquecimento, parte principal e volta à
calma e as demais aulas não apresentaram uma divisão aparente. Podemos
observar que as aulas seguem a uma estrutura encontrada na maioria das
escolas. Entendemos que o professor ao seguir este ritual, metódico pode às
vezes fugir aos objetivos da aula, e torná-la enfadonha para os alunos.
Acreditamos que as aulas deveriam ter sim uma divisão, uma estrutura básica,
mas que esta não deveria ser única em todas as aulas.
O quadro 4 nos mostra quais as estratégias pedagógicas utilizadas nas
aulas.
Professores Total %
Categorias
Jogo Formal 08 05 08 20 83,33%
Exercícios 03 03 12.5%
Outros 01 01 4,16%
TOTAL 08 08 08 24 100%
Quadro 4 – Estratégias pedagógicas

As estratégias pedagógicas presentes nas aulas estiveram quase que na


sua totalidade em forma de jogo formal, que totalizou de 83,33% das aulas
observadas, exercícios representaram 12,5 % e outras atividades 4,16 %,
conforme o quadro acima. Percebemos que quase na totalidade das aulas os
professores utilizaram apenas uma das estratégias possíveis, para o
desenvolvimento dos conteúdos, talvez pela falta de interesse dos alunos ou
mesmo dos professores em desenvolverem outras estratégias. Acreditamos que
esta forma de utilização, predominante do que se pode chamar de método global,
pode interferir na aprendizagem dos alunos, e principalmente pode trazer
algumas deficiências ou “falhas” de condução do processo de ensino-
aprendizagem. Como nos diz Darido (2003 p. 75) “que se propõe é que seja
buscado um equilíbrio no tempo destinado a cada uma das partes e que seja
valorizado o papel do professor em todos os momentos da aula”. Infelizmente o
jogo também é tratado como um prêmio para os alunos, caso eles se comportem
ou participem de outras partes da aula.
O quadro 5 representa a prática pedagógica dos professores a partir do
período em que são dadas as orientações em aula.

Professores Total %
Categorias

No inicio da aula 08 08 16 66,66%


Durante as aulas 03 03 12,6%
No final das aulas
Não são feitas 05 05 20,83%
TOTAL 08 08 08 24 100%
Quadro 5 – Período em que são dadas as orientações a respeito do conteúdo
As orientações sobre os conteúdos nas aulas foram dadas no início das
aulas em 66% das mesmas; durante as aulas em 12,6% e em 20% das aulas não
são dadas orientações. Isso nos mostra que os professores acreditam que o
momento para as orientações a respeito do conteúdo deva ser principalmente no
inicio das aulas, quando os alunos estão mais concentrados.
O quadro 6 representa a prática pedagógica dos professores a partir da
participação dos alunos no que diz respeito às sugestões.

Professores Total %
Categorias
Sim 06 03 09 37,5
Não 02 05 08 15 67,5
TOTAL 08 08 08 24 100%
Quadro 6 – Participação dos alunos no que diz respeito às sugestões
Nas aulas, a participação dos alunos dando sugestões esteve presente em
37,5% e em 62,5% não houve participação dos alunos no que diz respeito às
sugestões nas decisões.
O quadro 7 representa a prática pedagógica dos professores a partir da
participação dos alunos na resolução de situações ocorridas durante a aula.

Professores TOTAL %
Categorias
Sim 07 07 14 58,33%
Não 01 01 08 10 42,77%
Total 08 08 08 24 100%
Quadro 7: Participação dos alunos na resolução das situações ocorridas nas
aulas
A participação dos alunos na resolução de situações ocorridas a aula foi
de 58 % das aulas. Na maioria das vezes não existem nas aulas um momento de
discussão a respeito do que aconteceu durante a mesma, os problemas,
dificuldades, obstáculos, as vitórias (não do jogo propriamente dito, mas da
superação de desafios), das relações de gênero, as discriminações e os
preconceitos. Perde-se aí um momento que a nosso ver é importantíssimo para
que a Educação Física deixe de ser apenas uma disciplina do fazer para se
tornar parte do processo educativo que envolve o fazer, o compreender e o
sentir.
Embora a metodologia de ensino predominante na prática pedagógica dos
professores se situe entre as pedagogias diretivas, que segundo Becker (2001) é
baseada no modelo epistemológico empirista, em que a aprendizagem está
centrada na figura professor, que tem o papel de “transmitir” o conhecimento para
o aluno. Nesse modelo, o aluno tem um papel passivo, apenas de um receptor,
sendo que a transmissão do conhecimento se dá de forma vertical. Conforme o
mesmo autor, para a epistemologia que sustenta a prática desse professor, o
indivíduo, ao nascer, nada tem em termos de conhecimento: é uma folha de
papel em branco; é uma tabula rasa. Embora a pedagogia que predominou nas
aulas foi à diretiva, percebeu-se, nas observações, que todos os professores
apresentaram habilidade de relacionamento com os alunos, ou seja, havia
respeito, amizade entre ambos. Esse fato pode representar que esta postura
diretiva, está presente na cultura das Escolas, demonstrando assim uma prática
tradicional.
Na seqüencia para auxiliar na compreensão das metodologias de ensino
utilizadas pelos professores, fez-se uma análise se há separação de gêneros
para a realização das atividades.

Professores Total %
Categorias
Sim 08 08 05 21 87%
Não 03 03 13%
Total 08 08 08 24 100%
Quadro 8 – Separação dos alunos por gênero
Durante as aulas os alunos foram divididos por gênero em 87% das
atividades, conforme aponta o quadro 8. O que ainda infelizmente permanece
nas aulas de Educação Física de uma grande parte das escolas é a crença de
que existam atividades que devam ser separadas por gênero reforçando assim
caráter discriminatório e sexista. Essa concepção tem origem na tendência
biologicista e esportivista da Educação Física, uma vez que essas, divulgam as
diferenças biológicas entre ambos os gêneros, influenciando na performance dos
esportes.
O quadro 9 representa a prática pedagógica dos professores a partir das
atitudes dos professores com os alunos que não participam das aulas.
Professores Total
Categorias
Anota no livro 01 01
Desconta nota 01 01
Não faz nada 01 01
Pede relatório 05 06 11
Todos participaram 02 08 10
Total 08 08 08 24
Quadro 9: Atitudes dos professores
Em relação aos alunos que não participam das aulas das aulas, vemos
que os professores agem de maneiras distintas, mas o que pode se verificar é
que na maioria das aulas os alunos participaram ativamente das aulas. O que
nos faz acreditar que mesmo utilizando de uma metodologia diretiva, os alunos
gostam das atividades e participam delas ativamente.
Buscou-se perceber, através das observações, se os professores, ao
trabalharem os conteúdos, cobram o gesto técnico dos fundamentos. Percebeu-
se que em nenhuma das aulas houve esta cobrança. Também isto nos mostra
que mesmo ainda com práticas tradicionais, os professores observados já
internalizaram que não é necessária a cobrança do gesto técnico perfeito.
O quadro 10 representa a prática pedagógica dos professores a partir da
forma de condução do processo ensino-aprendizagem, mais especificamente
como realiza a correção das atividades.

Professores Total %
Categorias
Para a aula, chama a atenção de toda a turma, e 79,16%
corrige 08 08 03 19
Chama a atenção sem parar a aula 01 01 4,16%
Não houve correção 04 04 16,66%
Total 08 08 08 24 100%
Quadro 10 – Condução do processo ensino-aprendizagem – correção das
atividades
Na condução do processo ensino-aprendizagem os professores param a
aula e chamam a atenção de toda a turma em 79,16 % das aulas; chamaram a
atenção sem parar a aula em 4,16 % e não houve necessidade de correção em
16,66 %. Esta forma de condução onde é chamada a atenção da turma toda
demonstra que os professores acreditam que sempre devam levar a todos os
alunos as orientações sobre o processo ensino-aprendizagem. As aulas de
Educação Física não têm como objetivo formar atletas mas sim cidadãos críticos
e comprometidos com uma sociedade mais igualitária e solidaria.

3.2.2 – Análise da metodologia de ensino a partir das entrevistas.


Para identificar a metodologia de ensino a partir das entrevistas com os
professores, priorizou-se tópicos que dessem subsídios para compreender a
prática pedagógica. Neste sentido, questionou-se os professores sobre:
Organização da aula; Trabalho em grupo; Valorização de material teórico para as
aulas; Percepção dos professores quanto à utilização das formas de
comunicação (linguagem) da cultura dos alunos; Compreensão dos aspectos
fundamentais para o aluno aprender em Educação Física . – explicações,
perguntas, exemplos e conversas iniciais.
Quanto à organização da aula os professores priorizam a divisão em
aquecimento (normalmente representado pelo alongamento), parte principal e
volta à calma. Como verificado nas observações, dá-se grande importância às
formas e ritos que estão presentes na Educação Física desde os seus
primórdios, baseados em argumentos biológicos, fisiológicos ou sociológicos que
não mais se comprovam cientificamente.
Também em relação à organização da aula, os três professores
responderam que desenvolvem o trabalho em grupo, justificando que dessa
forma os alunos cooperam mais.
Quanto à valorização de aulas teóricas, todos consideram que são
importantes para a contextualização dos conteúdos, no entanto as aulas
observadas foram todas práticas, sem preocupação com a aprendizagem de
conceitos.
Ao questionar os professores quanto à compreensão dos mesmos
em relação aos aspectos fundamentais para o aluno aprender em Educação
Física, os mesmos responderam que é fundamental que o aluno tenha interesse,
que se esclareça os objetivos para o aluno, que se realize um diagnóstico do
conhecimento prévio do aluno e que haja uma avaliação ao final da aula; a
interação entre professor e aluno; demonstração e realização são forma que os
professores acreditam ser as mais indicadas na condução do processo ensino-
aprendizagem.
Considerações Finais

Reportando a uma frase de Soares (1996 p. 11) onde diz que “a Educação
Física na escola é um espaço de aprendizagem e, portanto, de ensino. E o que
ela ensina?”. Na verdade quando nos propusemos a investigar as práticas
pedagógicas dos professores de Educação Física já antevíamos uma situação
real de quase dezesseis anos de experiência, na qual os conteúdos, métodos,
estratégias, formas de avaliação estavam um pouco ultrapassados. A pesquisa
bibliográfica e de campo veio a nos confirmar esta hipótese. Encontramos na
escola observada ainda práticas relacionadas a formas tradicionais, quase
sempre tendo uma atuação dos professores de forma diretiva. Os pressupostos
ainda presentes emergem de uma Educação Física biologicista, esportivista, que
vê na Educação Física apenas um meio de “doutrinamento” de corpos.
É claro encontramos momentos muito agradáveis em ver que existe a
possibilidade de mudança até para alguns que acreditam ainda ser a Educação
Física essencialmente prática, desprovida de uma contextualização, desprovida
de outros meios, formas, estratégias ou conteúdos que possam vir a colaborar no
objetivo maior de educar o ser humano. Durante a pesquisa pudemos observar
no discurso dos três professores envolvidos um grande avanço na questão do
entendimento das abordagens menos tradicionais e um grande apreço pelas
abordagens mais críticas da Educação Física, o que infelizmente não se traduziu
da mesma forma nas aulas observadas.
E por último no que concerne ao que dá legitimidade à presença da
Educação Física na escola, como disciplina curricular infelizmente ainda
verificamos que muitas são as razões, os sentidos para sua presença, contudo
são razões e sentidos com uma primariedade muito grande seja :
“olha eu acho que você tem que ensinar educação física pra que
o aluno tipo como vou dizer, aprenda alguma coisa, aprenda o
esporte, aprenda a brincadeira, aprenda tipo porque a educação
física pra mim pro aluno é alegria, é uma forma de ele
extravasar, dele correr, dele, eu acho muito importante ele
aprende alguma coisa pra vida “né” Professor C

Ou ainda :
“pra ele saber viver em sociedade, pra ele saber respeitar os
regras “né”, se um aluno não respeita uma regra no esporte,
provavelmente na vida social ele também não vai digamos
acatar muitas regras” Professor B

Mas também encontramos posições que acreditamos que não sejam


apenas pessoais, mas representem uma grande parcela dos professores de
Educação Física :
“ eu vejo a Educação Física assim primeira a educação depois o
físico, eu vejo como de grande importância, como outras
disciplinas e vejo que através de movimentos, de noções de
movimentos e da corporalidade, da noção de corpo você vai
educando o ser humano” Professor A
As práticas pedagógicas presentes nas aulas de Educação Física da
escola pesquisada ainda estão pautadas por uma visão tradicional, onde a
pedagogia diretiva está presente na maioria das aulas. Vimos a constatar que no
discurso dos professores está presente uma tendência mais voltada para a
criticidade, como as tendências histórico critica ou critico emancipatória, mas que
na realidade, através das observações se mostrou como uma tendência ligada à
esportivização. Na tentativa de legitimar a Educação Física como disciplina
curricular os professores procuram ainda basear-se em conhecimentos
biológicos, ou em atividades esportivas ou de recreação, desprovidas de reflexão.
Entendemos desta forma que ainda não ocorreram mudanças
significativas na prática pedagógica do professor de Educação Física após a
implantação das Diretrizes Curriculares da Educação Física para a Educação
básica do Estado do Paraná.

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http://www.efdeportes.com/efd96/capoei.htm Acessado 16 de ago. 2008.

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