Comentário ao trabalho de Maria Manuela Barreira Costa Martins
Tal como para as tarefas da primeira sessão, li os trabalhos de todos os
colegas formandos e, mais uma vez, fiquei com a nítida sensação que todos estamos cientes do que deve ser o papel das bibliotecas escolares no mundo de hoje e que esse facto se deve não só à formação que estamos a realizar e à documentação disponibilizada, mas também ao trabalho que a RBE tem vindo a realizar e, e é aqui onde quero chegar, ao próprio modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares.
Escolhi este trabalho porque me pareceu claro, realista e porque a
colega está na mesma situação que eu, isto é, a aplicar o modelo pela primeira vez, e escolhei o mesmo domínio de avaliação que eu, a leitura e as literacias.
Parece-me pertinente a afirmação que faz de que não devemos sentir
a avaliação como algo que nos é imposto mas sim como algo que nos vai permitir melhorar as nossas práticas, entendendo que as nossas práticas não são um valor em si mesmo mas que apenas se podem medir pelos resultados que obtêm. É esse o princípio básico de toda a planificação e avaliação do trabalho das BEs, de acordo com a literatura que o suporta.
Também me parece importante, como diz, estabelecer momentos
adequados de avaliação, recolhendo dados ao longo do ano lectivo, no término de cada uma das actividades. Essa organização do trabalho é fundamental e requer a utilização de documentos adequados de observação e registo, que devem estar previamente elaborados. Como professora de Inglês que sou há 34 anos, em que já pus em prática muitos dos conceitos e práticas da abordagem construtivista da aprendizagem, sei bem que é uma tarefa árdua e que requer muito tempo. Felizmente, como refere Ross Todd, hoje é dada maior ênfase à qualidade “professor” ou “especialista em aprendizagem” do que à de mero especialista em organização e gestão de documentação. Também aí o modelo nos ajuda com as várias sugestões de instrumentos a aplicar.
Partilho com a colega o receio da resistência à mudança por parte da
escola no seu todo, neste momento em que se enfrentam tantas e novas experiências, mas também acredito que o desafio vale a pena. Cada escola tem a sua realidade muito própria e o conhecimento dela é fundamental para que cada um de nós possa definir metas, objectivos e práticas realistas. É aí talvez que entra a minha própria resistência à aplicação do modelo tal como o vejo na sua aplicação integral e ideal. A busca da perfeição é algo que deve nortear as nossas vidas mas o realismo e a flexibilidade têm de nos fazer encontrar o caminho certo, moderar as nossas expectativas e, lentamente, por tentativa e erro, ir encontrando o caminho para o futuro. Esse é também o meu desafio, que, como a colega afirma, começa já nesta formação.