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O documento descreve o trabalho pioneiro da psiquiatra brasileira Nise da Silveira no tratamento de pacientes esquizofrênicos por meio da arte e da expressão não-verbal. Ela fundou o Museu de Imagens do Inconsciente no Rio de Janeiro, com ateliês que permitiam aos pacientes externalizar suas emoções por meio de atividades como pintura e escultura. O método inovador de Nise da Silveira ajudou muitos pacientes a se recuperarem e se reintegrarem à sociedade.
O documento descreve o trabalho pioneiro da psiquiatra brasileira Nise da Silveira no tratamento de pacientes esquizofrênicos por meio da arte e da expressão não-verbal. Ela fundou o Museu de Imagens do Inconsciente no Rio de Janeiro, com ateliês que permitiam aos pacientes externalizar suas emoções por meio de atividades como pintura e escultura. O método inovador de Nise da Silveira ajudou muitos pacientes a se recuperarem e se reintegrarem à sociedade.
O documento descreve o trabalho pioneiro da psiquiatra brasileira Nise da Silveira no tratamento de pacientes esquizofrênicos por meio da arte e da expressão não-verbal. Ela fundou o Museu de Imagens do Inconsciente no Rio de Janeiro, com ateliês que permitiam aos pacientes externalizar suas emoções por meio de atividades como pintura e escultura. O método inovador de Nise da Silveira ajudou muitos pacientes a se recuperarem e se reintegrarem à sociedade.
Quando as palavras se desassociam daquilo que racional e lgico, elas deixam de ser instrumentos de expresso. Despidas dos seus significados, elas no servem para expressar os pensamentos e os sentimentos que habitam as mentes e os coraes. incapacidade de verbali!ar nos afasta do mundo articulado e isso nos impede " pelo menos aparentemente " de nos comunicar. #icamos ento marginali!ados. $ linguagem verbal por excel%ncia o instrumento do pensamento lgico, das elaboraes do racioc&nio$, explicou 'ise da (ilveira, psiquiatra brasileira cu)o trabalho com esqui!ofr%nicos levou * criao do Museu de Imagens do Inconsciente, no +io de ,aneiro na dcada de -./0. 1squi!ofr%nicos so aqueles que sofrem de uma disfuno psiqui2trica caracteri!ada pela no associao de idias e formas lgicas de racioc&nio. 3 prprio nome da psicopatia serve como explicao, )2 que esqui!o 4do gr. (ch&!o5 quer di!er ciso, separao ou fenda e freno 4do gr. 6hrens5, significa pensamento, alma, intelig%ncia ou esp&rito. 7ontudo, o psiquismo humano, quando estilhaado, tem seus prprios mecanismos de defesa que buscam a unidade, caso lhe se)a permitido externar as causas da sua fragmentao atravs de atividades expressivas. 'isso acreditou 'ise da (ilveira. 6or ser contra as formas violentas de tratamento da chamada $loucura$ " como a leucotomia, o eletro8choque e as terapias qu&micas, percebidas como alternativas compar2veis * camisa8de8 fora " e procurando opes de cura mais libertadoras, 'ise da (ilveira fundou, em -./9, o (ervio de :erapia 3cupacional e +eabilitao ; (:3+, uma unidade do 7entro 6siqui2trico 'acional no 1ngenho de Dentro, ho)e <nstituto =unicipal 'ise da (ilveira. o longo dos anos, foram criados diversos ateli%s, tais como> sapataria, corte e costura, dana, m?sica, pintura, escultura e outros, a fim de permitir a expresso no verbal das emoes. Durante os primeiros anos de funcionamento destacaram8se, entre as outras atividades, os ateli%s de pintura e escultura. s obras produ!idas pelos clientes internos e externos do hospital representavam caminhos para o entendimento da g%nese de seu sofrimento. 6equena escultura de barro pintada a guache reali!ado no teli% de 1scultura por uma das suas clientes atuais. =useu de <magens do <nconsciente, +io de ,aneiro, @000. 'ise da (ilveira ensinou que quem estudar demoradamente sries de imagens pintadas por esqui!ofr%nicos ficar2 convencido de que na produo pl2stica est2 o caminho menos dif&cil para acesso ao mundo interno desses seres to hermticos. constatao da importAncia do seu trabalho para os seus clientes e do volume das obras produ!idas pelos seus freqBentadores, levou a psiquiatra a fundar, em @0 de maio de -.C@, o Museu de Imagens do Inconsciente. (ala do acervo de pinturas sobre tela. =useu de <magens do <nconsciente, +io de ,aneiro, @000.
(ala do acervo de pinturas sobre papel. =useu de <magens do <nconsciente, +io de ,aneiro, @000. Desde a sua fundao, a instituio visa ser um centro vivo de pesquisa do processo psictico. 7onforme conta Dui! 7arlos =ello, Diretor do museu desde -..., $trata8se de uma tentativa de compreender o processo psictico. 'o estamos em busca de artistas$. 3 curioso que, em meio a tanto sofrimento, eles apareceram espontaneamente, produ!indo bele!a e harmonia. 6arte do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente foi apresentado durante o << 7ongresso =undial de 6siquiatria reali!ado em Eurique, em -.CF, do qual participaram importantes doutores da psiquiatria, entre eles 7. G. ,ung. 7.G. ,ung apresentando os trabalhos dos clientes da Dra. 'ise da (ilveira, Eurique, -.CF. =useu de <magens do <nconsciente, +io de ,aneiro. exposio 1squi!ofrenia em <magens, composta pelas obras dos clientes da Dra. 'ise da (ilveira, foi inaugurada por ,ung em pessoa. Hma srie de mandalas feitas por diversos autores chamou a ateno do p?blico, comprovando a capacidade unificadora da qual a expresso pl2stica portadora. 'a ocasio, o mestre sugeriu * psiquiatra que estudasse os mitos, pois, muitas interpretaes das futuras obras de seus clientes certamente estariam ligadas a estas formas de representao. $3s mitos so expresses simblicas de dramas internos, inconscientes, que revelam a nature!a da psique. 6ossuem um estrato mais profundo, de car2ter universal, estruturado por conte?dos tais como os motivos t&picos da imaginao de todos os homens$, ensinou ,ung. $ psiquiatria tradicional trata a loucura como se fosse uma doena do crebro$, explica Dui! 7arlos =ello. (endo assim, qualquer forma de cura teria que estar necessariamente associada ao crebro e no * psique. 'ise propIs outra interpretao. 3 dist?rbio do esqui!ofr%nico parece ser de origem emocional e por isso pode ser tratado terapeuticamente. lgumas das histrias pessoais de seus clientes comprovaram, ao longo de C0 anos de pr2tica mdica, a fora do seu argumento. D?cio comeou a freqBentar os ateli%s de escultura do Museu de Imagens do Inconsciente a partir de -./J, produ!indo figuras que remetiam a guerreiros mitolgicos que seriam, segundo o prprio, os atores de sua luta interna entre o bem e o mal. 3 valor esttico dos trabalhos de D?cio desta fase atesta a lucide! da sua interpretao e a rique!a dos seus recursos criativos. 6orm, como era pr2tica na psiquiatria de ento, em -./., D?cio foi submetido a uma leucotomia, cirurgia em que so cortadas algumas conexes neurolgicas. 'a poca, a cirurgia era entendida como a forma de tratamento mais adequada para casos como o dele. (ua primeira produo aps a interveno mostra um crebro humano dividido por uma serpente. s obras que foram reali!adas nos anos subseqBentes eram pl2stica e expressivamente inferiores, caracteri!ando a dem%ncia cirurgicamente produ!ida. (rie de esculturas de D?cio mostrando os guerreiros produ!idos anteriormente * cirurgia, o crebro dividido pela serpente e uma escultura reali!ada muitos anos depois. =useu de <magens do <nconsciente, +io de ,aneiro, @000.
Transormaram min!a guerra entre o "em e o ma# numa #uta entre gato e rato. Meteram erros no meu c$re"ro, disse o artista a respeito da sua operao. s atividades expressivas assumem a forma de uma ferramenta terap%utica cu)a finalidade a cura. 1la a)uda aqueles seres a romperem com a misria do hosp&cio e com as amarras do surto esqui!ofr%nico. =ostra para o mundo uma outra imagem da loucura> pessoas criativas e produtivas que podem e devem conviver com a fam&lia e com a sociedade. :rabalhos de D?cio guardados na sala de acervo de esculturas. =useu de <magens do <nconsciente, +io de ,aneiro, @000. 3 ato de criar e recriar seu prprio drama contribui para o processo de afirmao pessoal dos pacientes atravs do desenvolvimento de uma linguagem que permite a construo de uma auto8imagem positiva e aceit2vel para os outros. travs de 'ise, as pessoas que " por serem diferentes " haviam sido exclu&das da vida social e marginali!adas, encontraram um meio de se re8inserirem socialmente. 1las, como tantos outros que vieram depois, descobriram que tinham algo a di!er e que eram capa!es de produ!ir. s imagens plasmadas pelos clientes nos ateli%s constituem auto8 retratosK $espelhos da alma das pessoas$, segundo nos explica Dui! 7arlosK so as famosas $imagens do inconsciente$ nas palavras do cr&tico de arte =ario 6edrosa. Hma das funes mais poderosas da arte a revelao do inconsciente, e este to misterioso no normal como no anormal. s imagens do inconsciente so apenas uma linguagem simblica que o psiquiatra tem por dever decifrar. =as ningum impede que essas imagens e sinais se)am, alm do mais, harmoniosas, sedutoras, dram2ticas, vivas ou belas, constituindo em si verdadeiras obras de arte.$ (rie de esculturas de barro cu)a tem2tica a cabea, reali!adas pelos atuais clientes do teli% de 1sculturas. =useu de <magens do <nconsciente, +io de ,aneiro, @000.
%Mudei &ara o mundo das imagens. Mudou a a#ma &ara outra coisa. As imagens tomam a a#ma da &essoa%, o que disse #ernando Dini!, um dos mais antigos freqBentadores dos ateli%s. #ernando foi internado no 7entro 6siqui2trico 'acional em -./. e viveu ali at a sua morte, em -.... (uas obras iniciais eram rabiscos furiosos e revoltados que refletiam o estado de conturbao interna em que ele vivia. 3ptou8se por tentar a experi%ncia de colocar ao seu lado uma monitora " a )ovem parecida" com a funo exclusiva de acompanh28lo no ateli%. (ua tarefa era apenas ficar ao lado de #ernando, silenciosa, numa atitude de interesse e simpatia por qualquer coisa que ele fi!esse, sem intervir ou opinar sobre as pinturas. presena do afeto funcionou como uma espcie de catalisador da cura. #ernando comeou a sair do caos onde estava mergulhado e pouco a pouco figuras dotadas de significado foram aparecendo em suas telas. 7omo sua acompanhante tivesse olhos ligeiramente orientais, seu trabalho comeou a mostrar figuras que claramente mostravam uma influ%ncia esttica )aponesa. partir do relacionamento afetivo com a monitora, #ernando pIde organi!ar sua capacidade de expresso pessoal e art&stica estabelecendo um melhor contato com o mundo real. #ernando Dini! LL.. M /F.C cm. Nleo sobre papel, -.9J
#iguras raivosas e grotescas. 7ores fortes e gritantes. #ormas abstratas e expressivas. 3 acervo do Museu de Imagens do Inconsciente no se limita *s obras de antigos, e agora famosos, clientes como D?cio, #ernando e <saac, entre outros. 'ovas pinturas e esculturas so produ!idas diariamente e so incorporadas ao acervo como documentos de estudo. s obras exibidas na sala =useu Oivo so mudadas anualmente, abrindo espao para as criaes dos novos clientes.
'o total o Museu de Imagens do Inconsciente conta com um acervo de L00 mil documentos entre telas, desenhos, pinturas sobre papel e esculturas. s obras esteticamente mais not2veis compem exposies itinerantes que )2 passaram por grandes museus do Prasil e do mundo.
(ala do acervo de esculturas. =useu de <magens do <nconsciente, +io de ,aneiro, @000. +ecentemente a exposio Imagens do Inconsciente fe! parte da =ostra do +edescobrimento, Prasil QC00, o mais amplo painel )amais organi!ado sobre a rte Prasileira, e dividido em mdulos tem2ticos que apresentaram a cultura do pa&s como uma con)uno de m?ltiplas vo!es e influ%ncias. 1 embora 'ise )2 no este)a mais l2, a produo dos ateli%s no cessa. cada dia a bele!a se cria e a cura se fa! atravs da arte e do amor. 3 inconsciente Rde cada um e de todosR vem * tona e, para que todos ve)am, se materiali!am os inumer2veis estados do ser. Nise da Si#'eira nasceu em -.09, em =acei, Prasil. 1la foi a ?nica mulher a graduar8se em -.@9, entre os -C9 alunos da #aculdade de =edicina da Pahia. 1m -.@F, aps a morte de seu pai, 'ise mudou8se para o +io de ,aneiro. & ela comeou sua carreira em psiquiatria no antigo Sospital 6siqui2trico da 6raia Oermelha, o Sospital 6inel desde -.LL. 6or falta de recursos econImicos, 'ise passou a residir no prprio hospital. 1m -.L9, denunciada como comunista ao governo de Get?lio Oargas por uma enfermeira do hospital, 'ise foi presa por possuir livros considerados como comunistas. 1mbora fosse apenas simpati!ante do Devante 7omunista que ocorrera ento, a mdica permaneceu no pres&dio durante um ano e quatro meses. D2 ela conviveu com expoentes da cultura brasileira, tais como, Graciliano +amos e com importantes l&deres pol&ticos como 3lga Pen2rio, dos quais se fe! amiga. 6erseguida, ela regressou * vida profissional somente em -.//, no ento 7entro 6siqui2trico 'acional de 1ngenho de Dentro, atual <nstituto =unicipal 'ise da (ilveira. #oi l2 que, por recusar8se a adotar os mtodos usuais da psiquiatria cl2ssica, como eletro8choque, choque de insulina e utili!ao indiscriminada de medicao, ela foi deslocada para o setor menos nobre do 7entro 6siqui2trico, pelo qual circulavam mais serventes do que mdicos> a :erap%utica 3cupacional.