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15 de novembro de 1980
do tempo
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C8 - O Paraná Domingo, 15/11/2009
HISTÓRIA
Quando paranaenses eram paulistas
Paraná queria se tornar Capitania (hoje, Estado), mas São Paulo não quis perder seu vastíssimo Sul
Cascavel - Formado a par-
tir do século XVII, quando se
encontrou ouro no território
que hoje constitui o Estado,
logo o Paraná aspirou se tor-
nar uma Capitania (equiva-
lente, hoje, a Estado). A vin-
da do príncipe d. João, em
1808, animou os paranaenses
de então, que decidiram pedir
ao monarca português a for-
mação da nova Capitania.
O príncipe, aliás, interessa-
va-se muito pela região. Or-
denou guerra aos índios e de-
cretou a permissão à outorga
de sesmarias aos estrangeiros
residentes no território, pois
seria “conveniente ao meu
real serviço e ao bem público,
aumentar a lavoura e a popu-
lação, que se acha muito di-
minuta neste Estado”.
Em 1809, sua Carta Régia
iria criar a Expedição Real de
Conquista dos Campos de
Guarapuava, abrindo cami-
nho à ocupação do Oeste pa-
ranaense. Segunda bandeira
povoadora da região, era che-
fiada pelo tenente coronel Di-
ogo Pinto de Azevedo Portu-
gal e pelo tenente Antônio da
Rocha Loures.
Essa expedição se formou
em Curitiba e em meados de
1810 alcançava o terceiro pla-
nalto do atual Paraná. Foi
quando se iniciou em Parana-
guá um movimento de eman-
cipação, decorrente da gran-
de insatisfação dos paranaen-
ses em relação ao poder pau-
lista. O Paraná era controla-
do, explorado e oprimido pe-
los “amigos do rei” fincados
em São Paulo, o que fez eclo-
Calendário
15 de novembro de 1870
Fundação de Rio Negro, no Sul
do Paraná.
15 de novembro de 1924
Iniciam-se os combates entre re-
volucionários e governistas na
serra do Medeiros.
15 de novembro de 1967
Primeira edição da Cascavel de
Ouro, tradicional prova automo-
bilística em comemoração ao
aniversário do Município.
16 de novembro de 1947
Primeiras eleições diretas para
prefeito de Foz do Iguaçu. Eleito
o prefeito Júlio Pasa.
17 de novembro de 1951
Adízio Figueiredo compra 90 al-
queires da gleba Santa Cruz,
ponto de partida para a forma-
ção de Assis Chateaubriand.
O Automóvel Clube
surge em 1966 e a Pro-
va Cascavel de Ouro no
ano seguinte
Azevedo Portugal: orientação de d. João era ocupar o interior
eliminando os índios
dir na região uma luta pela
emancipação do Paraná fren-
te ao jugo de São Paulo.
Não seria uma luta fácil,
inclusive com risco de vida
para quem fosse acusado de se
insurgir contra o Reino de
Portugal. A primeira ofensiva
nesse sentido foi dada pela
Câmara Municipal de Parana-
guá, que em 6 de julho de 1811
tomou a iniciativa de pedir ao
príncipe regente a emancipa-
ção da 5ª Comarca de São Pau-
lo (basicamente o litoral pa-
ranaense e Curitiba) e a cria-
ção de uma nova Capitania.
O pedido era justificado pelo
“estado de indigência e miséria
em que vivia a Comarca pela
ausência de governo que lhe
animasse a agricultura e o co-
mércio, aumentasse os rendi-
mentos reais”, bem como na
17 de novembro de 1986
Unesco declara em Paris, durante
sua Conferência Geral, o Parque
Nacional do Iguaçu Patrimônio
Mundial da Humanidade.
20 de novembro de 1961
Instala-se o município de Mate-
lândia.
21 de novembro de 1946
Decreto-lei estadual nº 533 cria
o Município de Laranjeiras do
Sul.
21 de novembro de 1984
Lei estadual 7.957 declara a gra-
lha azul símbolo do Paraná.
distância em que estava locali-
zada, em São Paulo, a sede do
governo, “alheado aos interes-
ses da 5ª Comarca, em geral
entregue a alguns comandan-
tes falhos de instrução e perse-
guidores daqueles que, porven-
tura, reclamavam maior ação”.
Essa expedição se
formou em
Curitiba
e em meados de
1810 alcançava
o terceiro planalto
do atual Paraná
Histórias do Paraná (78)
“A concessão de sesmarias
na região das melhores pas-
tagens confere o sentido de
propriedade que fundamenta
o estabelecimento e o desen-
volvimento da estância, de
sorte a fazer dela a caracte-
rística fundamental da socie-
dade que surge na campanha
hierarquizada, onde o elemen-
to dominante – o estrangeiro
– é o proprietário, ou seja, o
que havia recebido a posse da
terra, com as sesmarias. Em
torno dele girava a peonagem,
vivendo de formas as mais di-
versas de remuneração do tra-
balho, dependendo do propri-
etário e a ele devendo obedi-
ência, devido à subordinação
econômica consolidada. Tam-
bém os escravos, índios ou
negros, faziam parte da fazen-
da. Uma sociedade de classes
se estabeleceu na região”
(Nélson Werneck Sodré, As
Razões da Independência).
A posse efetiva de amplas áre-
as de terras outorgadas pelo
governo português, todavia,
Advogado Wilson Carlos Kuhn, ex-
prefeito de Toledo, alerta para a
gravidade do êxodo rural e
consequente esvaziamento do campo
em função da monocultura da soja.
Conquista que nunca veio
Argumentavam os paranaenses que, para o progresso da
população, da agricultura e do comércio, seria necessário
um governador residente em Paranaguá, desligado do gover-
no de São Paulo. Na mesma petição propunham, desde logo,
o nome de Pedro Joaquim de Castro Correia e Sá para as
funções de governador da nova Capitania a ser criada.
Sá já havia tentado esse feito, informalmente, em duas
ocasiões anteriores, esbarrando sempre na rejeição dos pau-
listas. Para conter os ânimos paranaenses, em 19 de no-
vembro de 1811 foi criada a Comarca de Paranaguá e Curiti-
ba, mantido seu território integrado à Capitania de São Pau-
lo. Era para ser um primeiro passo rumo à criação da Capita-
nia do Paraná, mas, na verdade, foi mais uma protelação
ar ticulada pelos paulistas.
Seria ainda extremamente dura a luta dos paranaenses,
e nem assim o Paraná conseguiu se tornar uma Capitania
brasileira. Todos os esforços pela independência foram tor-
pedeados pelas lideranças paulistas. Foi assim que o Brasil
conseguiu se liber tar de Por tugal, ao menos em tese, em
1822, antes que o Paraná se liber tasse de São Paulo. Eman-
ciparam-se Minas Gerais (1720), Rio Grande do Sul e Santa
Catarina (1738), Goiás (1744) e Mato Grosso (1748). A
emancipação do Paraná só iria ocorrer mais de um século
mais tarde – em
1853.
As Capitanias do Brasil em
1709: São Paulo abrangia
Minas Gerais, Mato
Grosso, Paraná e Santa
Catarina
não se deu sem sacrifícios, en- garantem a sobrevivência do
tusiasmo e criatividade. Parte núcleo em povoamento. A con-
da estratégia de conquista, por quista e a comunicação de Gua-
exemplo, foi usar os índios con- rapuava conduzem os grupos
tra os próprios índios: os “man- arredios a se internarem nas
sos” contra os “selvagens”. matas para fugir do contato
“Guarapuava foi conquista- com os colonos. Estes, por sua
da aos índios em 1810 (…) Essa vez, pedem providências do go-
mesma frente usa índios man- verno para encontrar uma so-
sos como guias na exploração lução ao problema indígena,
de novas áreas, conhecedores pois se sentem ‘ameaçados’ sa-
como eram dos caminhos que bendo da existência de grupos
levavam a outros campos, bem ainda hostis nos arredores”
como os engaja como mão-de- (Professora Cecília Vieira
obra, nas fazendas de criar e Helm, da Universidade Federal
em atividades agrícolas, que do Paraná).
Tarquínio perdeu por um voto
Nas eleições municipais de 19 de novembro de 1952, o far-
macêutico Tarquínio Joslin dos Santos, vinculado ao então
clandestino PCB e concorrendo pelo Partido Republicano, dei-
xou de ser o primeiro prefeito de Cascavel ao perder a eleição
para o agropecuarista José Neves Formighieri (PTB) por um
voto. O farmacêutico não pôde votar devido à chuva forte da-
quele dia e perdeu por um voto. Se pudesse ter votado em si
mesmo, seria o eleito, por ser mais velho que Formighieri.
Na internet:
http://cascavel.dihitt.com.br - E-mail: naroda@ig.com.br