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O documento descreve a história dos rituais de fé africanos no Brasil colonial, conhecidos como calundus, e sua evolução para o candomblé. Detalha como os calundus funcionavam desde o século XVII, liderados por figuras como Juíza Pinta, e como alguns evoluíram para o candomblé no século XIX, como o Terreiro da Federação em Salvador, fundado por Iyá Adetá no final do século XVIII.
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(Do Calundu ao Candomblé - Revista de História).pdf
O documento descreve a história dos rituais de fé africanos no Brasil colonial, conhecidos como calundus, e sua evolução para o candomblé. Detalha como os calundus funcionavam desde o século XVII, liderados por figuras como Juíza Pinta, e como alguns evoluíram para o candomblé no século XIX, como o Terreiro da Federação em Salvador, fundado por Iyá Adetá no final do século XVIII.
O documento descreve a história dos rituais de fé africanos no Brasil colonial, conhecidos como calundus, e sua evolução para o candomblé. Detalha como os calundus funcionavam desde o século XVII, liderados por figuras como Juíza Pinta, e como alguns evoluíram para o candomblé no século XIX, como o Terreiro da Federação em Salvador, fundado por Iyá Adetá no final do século XVIII.
Presentes no Brasil durante todo perodo colonial, os rituais de f africanos
ganharam seu primeiro templo no incio do sculo XIX, erguido nos fundos de uma igreja em Salvador Desde o sculo XVII se tem notcias de cultos africanos em terras brasileiras. De fato, h cerca de vinte anos uma imensa massa de informaes sobre o que se convencionou chamar calundu colonial comeou a ser revelada !or historiadores e antro!"lo#os brasileiros, que, investi#ando nos arquivos !$blicos e da %anta Inquisi&o, se de!araram n&o a!enas com novos dados mas tambm com novas inter!retaes sobre um tema at ent&o mal conhecido. 's animadores desses misteriosos cultos de ori#em africana comearam ent&o a ocu!ar a cena historio#rfica. (i#uras como o con#ol)s Domin#os *mbata, fla#rado em +,-, !elos visitadores da Inquisi&o na ca!itania de Ilhus. a an#olana /ranca, ativa na cidade baiana de 0io 0eal nos !rimeirssimos anos do sculo XVIII. outra an#olana, 1u2ia 3inta, muito bem sucedida na fre#uesia de %abar, nas 4inas 5erais, entre +678 e +6-8. a courana 9osefa 4aria ou 9osefa :our com sua dana de ;unda, estabelecida em +6-6 no arraial de 3aracatu, 4inas 5erais. o daomeano %ebasti&o, estabelecido em +6<= na cidade de :achoeira, no 0ec>ncavo /aiano. e enfim 9oaquim /a!tista, o#an ?uma es!cie de lder de terreiro@ do culto ao deus Vodum, no Accu de /rotas, fre#uesia !erifrica da cidade da /ahia, em +<7B. A esta lista !oderia ser acrescentada uma si#nificativa aquarela de Cacharias Da#ener, artista que viveu no 3ernambuco holand)s de +,E- a +,-+, re!resentando uma festa de africanos e tra2endo !reciosas informaes visuais sobre a variedade e a dis!osi&o dos atores, fi#urinos e instrumentos musicais. 's ade!tos dos calundus or#ani2avam suas festas !$blicas na resid)ncia de uma !essoa im!ortante da comunidade, ou ent&o em casas tambm destinadas a outras ocu!aes. F&o tinham tem!los !ro!riamente ditos, mas tambm n&o se tratava de sim!les cultos domsticos, uma ve2 que tinham um calendrio de festas, iniciavam vrios fiis em diferentes funes e eram freqGentados !or um n$mero ra2oavelmente #rande de !essoas, inclusive brancos, vindos de diversos arraiais. Ademais, o sacerdote !rinci!al tinha condies de #anhar bem a vida com o atendimento individual e se tornar financeiramente inde!endente ao !restar H !o!ula&o servios essenciais que o Istado colonial n&o asse#urava satisfatoriamente. A documenta&o da !oca !ermite identificar tr)s ti!os de sacerd"cio, Hs ve2es reunidos numa mesma !essoa, como 1u2ia 3inta, que era calundu2eira, curandeira e adivinhadeira. Isso si#nifica que, alm de oficiantes reli#iosos, esses !ersona#ens sabiam !re!arar tisanas, cata!lasmas e un#Gentos que aliviavam os males corriqueiros dos habitantes da col>nia, eram tambm ca!a2es de curar doenas mais #raves como a tuberculose, a varola e a le!ra, usando os recursos da farmaco!ia tradicional, !artici!aram inclusive do combate Hs e!idemias que assolaram a /ahia em meados do sculo XIX. tambm sabiam curar dist$rbios mentais ou es!irituais, usando tratamentos combinados e com!leJos. Fa cidade de 0io 0eal, no interior baiano, o %anto 'fcio identificou o caso de um senhor em!resrio que !a#ou caro !or !elo menos duas escravas curandeiras afamadas, montando com elas uma es!cie de clnica onde se Do Calundu ao Candombl - Revista de Histria http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/do-calundu-ao-candomble 1 de 5 19/05/2014 10:09 !raticavam vrios ti!os de cura, e dividindo com elas todos os lucros. Desses re#istros, sur#iram notcias de curandeiros e adivinhadores sendo recebidos em monastrios, nos meios ricos, onde eram bem !a#os, e at a#raciados !elo rei de 3ortu#al !or bons servios !restados. A efici)ncia dos saberes africanos era !$blica e not"ria, mas na !rtica sua eJist)ncia questionava o mono!"lio da cura atribudo H I#reKa e mesmo H medicina oficial.
:omo o escravismo se confi#urava como um re#ime de o!ress&o, sem!re se !ensou que os calundus tivessem sido duramente !erse#uidos. 4as, de fato, se isso fosse realidade, seus lderes Kamais !oderiam ter se estabelecido estavelmente, como, !or eJem!lo, 1u2ia 3inta, que se manteve atuante durante vinte anos na cidade mineira de %abar. Fa verdade, eJistia no seio da classe #overnante um debate constante a res!eito da melhor maneira de controlar a massa escrava e liberta. %e a !oltica tirLnica !arece ter !redominado nos !erodos de crise, em #rande !arte do tem!o foi a !oltica moderada que !redominou. Assim, desde o sculo XVII os calundus funcionavam normalmente no /rasil, !elo menos at que seus lderes se tornassem muito visveis, an#ariassem clientela branca ou se envolvessem em revoltas. (a2iam !arte da !aisa#em social !orque eram funcionais, res!ondiam a vrias necessidades de uma !o!ula&o carente e n&o !retendiam ser seitas secretas. %ua voca&o era se tornar, como na Mfrica, instituies !$blicas reconhecidas. Desse lado do AtlLntico, os calundus de diversas ori#ens africanas, como a banta ?das re#ies ao %ul da Mfrica, como An#ola, :on#o, 4oambique@ e KeKe ?da Mfrica 'cidental, atual 0e!$blica de /enin@, !or eJem!lo, acabaram aderindo ao :atolicismo. 9 o sincretismo com os cultos amerndios deuNse a!enas com os bantos. Al#uns, como o de 1u2ia 3inta, misturaram tradies africanas, cat"licas e ind#enas no mesmo ritual, dando ori#em ao que se convencionou chamar umbanda. Ao contrrio dos anteriores, o calundu KeKe do 3asto de :achoeira era uma or#ani2a&o ti!icamente urbana, e o !rimeiro a ter como endereo uma rua, embora de !eriferia. 9 o candombl do Accu um dos vrios cultos KeKes que comearam a funcionar no 0ec>ncavo /aiano em meados do sculo XIX, situados em fre#uesias urbanas a!enas no nomes O eram, na verdade, chcaras cercadas de mata atlLntica. Isses cultos KeKes eram mais marcadamente comunitrios e com fortes tradies lit$r#icas, as que foram im!lantadas na /ahia. Fesse !rocesso, receberam a!oio dos calundus bantos eJistentes, que detinham um saber ritual acumulado, bem ada!tado ao meio. ' !r"Jimo !asso, ousado, nessa traKet"ria de constitui&o da reli#i&o afroNbrasileira, seria !recisamente or#ani2ar o culto na cidade, eJibiNlo como institui&o urbana le#tima, buscar sua oficiali2a&o. (oi em %alvador, no bairro da /arroquinha, que essa transi&o foi tentada com relativo sucesso.
%e#undo as tradies orais dos na#>s ?africanos iorubas, ori#inrios de re#ies da Fi#ria, /enin e ;o#o@ baianos, o !rimeiro candombl de sua linha#em foi fundado em terras situadas atrs da ca!ela de Fossa %enhora da /arroquinha, no centro hist"rico de %alvador. %e#undo se conta, eJistia uma irmandade de ne#ros ali funcionando, cuKos associados teriam sido os fundadores africanos. PoKe, esse candombl um dos maiores e mais res!eitados do /rasil, chamaNse oficialmente Il) AJ IQ Fass> 'R, em homena#em H sua fundadora !rinci!al, mas !o!ularmente conhecido como :asa /ranca do In#enho Velho da (edera&o. F&o h nas tradies orais refer)ncias H data de funda&o do candombl da /arroquinha. 4as se tem conhecimento de tr)s momentos im!ortantes do localS a funda&o inicial de um !equeno culto na casa de uma sacerdotisa filiada H irmandade e residente em uma das ruas do bairro. o arrendamento de um terreno situado atrs da i#reKa, onde foi fundado o candombl !ro!riamente dito. e um momento de !erse#ui&o !olicial, invas&o do tem!lo e eJ!uls&o do bairro. A investi#a&o sobre a data inau#ural motivou antro!"lo#os li#ados ao AJ '!> AfonK, filial do candombl da /arroquinha, os quais fi2eram estimativas que v&o do final do sculo XVIII a +<E8. Im +B-E, !or ocasi&o do I 3rimeiro :on#resso AfroN/aiano, teve lu#ar na :asa /ranca uma eJ!osi&o comemorativa dos +=- anos de sua funda&o, se#undo a qual o candombl teria ent&o sido fundado em +6<B. Issa data coincide com a che#ada H /ahia dos !rimeiros escravos na#>s do reino de Tetu Do Calundu ao Candombl - Revista de Histria http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/do-calundu-ao-candomble 2 de 5 19/05/2014 10:09 ?cuKo territ"rio foi cortado em dois !ela fronteira Fi#riaN/enin@, de onde teriam vindo os fundadores, bem como com a oficiali2a&o da irmandade do %enhor /om 9esus dos 4artrios, em +6<<. Intre os !rimeiros escravos !rovenientes do reino de Tetu vieram !arar na /ahia al#uns membros da famlia real Ar>, ca!turadas na cidade de IUoQ), saqueada em Kaneiro de +6<B !elo eJrcito do reino Daom ?atual 0e!$blica de /enin@. A m&e do AlRetu ARibiorru, o rei ent&o entronado, era natural daquela cidade, que tinha relaes rituais muito estreitas com a ca!ital. ;udo indica que a !rimeira das fundadoras do candombl da /arroquinha, IQ Adet, veio nessa leva de escravos !rovenientes de IUoQ). A!"s cerca de nove anos de cativeiro, IQ Adet teria conquistado a alforria e ido morar na /arroquinha, onde fundou, no final2inho do sculo XVIII, um culto domstico a 'J"ssi na sua casa, semelhante a al#uns dos calundus colonias !assados em revista. 'ra, no !rinc!io do sculo XIX comea a crescer a !o!ula&o escrava baiana !roveniente da re#i&o KeKeNna#>, aumentando o contin#ente de freqGentadores do calundu de tia Adet e des!ertando o deseKo, naquele #ru!o desenrai2ado, de !ossuir um es!ao a!ro!riado H funda&o de um verdadeiro terreiro. Ista !ossibilidade eJistia no !r"!rio bairro, !ois as terras devolutas atrs da i#reKa se !rolon#avam em uma rea arbori2ada e um !Lntano que confinava com as hortas do mosteiro de %&o /ento. ' terreno cont#uo H ca!ela !ertencia a um casal filiado H irmandade branca de Fossa %enhora da /arroquinha, que dividia com a irmandade ne#ra do senhor dos 4artrios a administra&o da i#reKinha. ' arrendamento comeou a ser ne#ociado em +<8- e foi concludo em +<86, e nesse momento que se concreti2ou a !ossibilidade de !assar de culto domstico a terreiro. A virada do sculo XVIII !ara o XIX foi na /ahia uma !oca de !ros!eridade e descontra&o !oltica, !orm, de +<8= a +<8B, o #overno tirLnico do :onde da 3onte se lana em im!lacvel !erse#ui&o de africanos, criando um clima de tens&o na ca!itania, inadequado aos v>os da ima#ina&o. Im +<+8 comearia, contudo, o #overno reformista e liberal do :onde dos Arcos, enviado !ela famlia real !ara moderni2ar a /ahia. ' novo #overnador tornouNse irm&o honorrio da irmandade dos 4artrios lo#o em +<++, era !artidrio da corrente moderada da ideolo#ia colonialista, cuKa estrat#ia era encoraKar as manifestaes culturais das diversas naes africanas, !equena liberdade que estimularia a diferena entre elas N !ensava ele N im!edindoNas assim de se unir contra a ordem colonial. Fessa conKuntura, o !roKeto de funda&o do terreiro da /arroquinha #anhou novo f>le#o. Im +<+7 um requerimento assinado !elos diretores dos 4artrios !ediu licena H :Lmara de Vereadores !ara construir um sal&o nobre, aneJo H i#reKa, obtendo assim o consentimento oficial !ara manter um es!ao !ara as suas reunies. A comunidade KeKeNna#>, que estava crescendo na /ahia e !rovavelmente #anhando im!ortLncia na irmandade dos 4artrios, deve ter, se n&o comandado, !elo menos se associado a este esforo. Fesse momento de !ros!eridade o terreiro deve ter sido am!liado, #anhando mais equi!amentos, mais es!ao e mais confiana. Iis o cenrio que viu sur#ir na /arroquinha o IQ 'mi AJ Air Intile, diri#ido !or IQ ARal, a se#unda das fundadoras a!ontadas !ela tradi&o. %e#undo as tradies orais da :asa /ranca, a #rande novidade introdu2ida !elo terreiro da /arroquinha foi ter or#ani2ado, !ela !rimeira ve2, o candombl como sociedade. Vue !oderia si#nificar issoW Vamos dar uma voltinha na Mfrica, !ara ter uma vis&o mais abran#ente dessa hist"ria. Im meados da dcada de +<E8 a ca!ital do maior dos Istados na#>Niorubs, o im!rio de 'Q", foi saqueada !elas tro!as fundamentalistas do califado de %oRot> e do emirado de Il"rin. :omearia ent&o um #rande )Jodo da !o!ula&o dessa re#i&o, fundando uma nova ca!ital e reor#ani2ando as foras do im!rio em um territ"rio mais ao sul. De fato, a queda da ca!ital de 'Q" !rovocou uma #uerra civil destruidora, que se !rolon#aria at o final do sculo. Verdadeiras multides de !risioneiros dessa #uerra vieram !arar na /ahia como escravos, de modo que, em meados do sculo XIX, mais da metade da !o!ula&o escrava baiana K era na#>Niorub. %ub#ru!os tnicos de todas as re#ies ocu!adas !elos iorubs na Mfrica 'cidental, a chamada IorubalLndia, como oQ"s, iKeJs, Retos, efans, dentre vrios outros, trouJeram suas divindades !ara o eJlio, as quais foram sendo assentadas no terreiro da /arroquinha. Ao mesmo tem!o al#umas associaes urbanas daquela ori#em, chamadas e#bs, foram sendo or#ani2adas Do Calundu ao Candombl - Revista de Histria http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/do-calundu-ao-candomble 3 de 5 19/05/2014 10:09 clandestinamente na /ahia, desde as !rimeiras dcadas do sculo XIX. A maioria desa!areceu com o tem!o, deiJando, entretanto, al#uns traos visveis, ttulos, mscaras, canti#as ou obKetos de culto, associaes femininas cvicoNreli#iosas. Alm do bem sucedido culto dos oriJs, tambm ficou !ra contar a hist"ria o culto dos I#uns ?almas de mortos@, que mantm a!enas al#uns terreiros, mas d ainda hoKe mostras de vitalidade.
3or causa desse #rande contin#ente na#>Niorub, a /ahia foi levada em considera&o !elos estrate#istas da reor#ani2a&o do Im!rio. As tradies contam que vieram !essoas dos escales su!eriores dos estados iorubs, em miss&o secreta, !ara or#ani2ar os cultos assentados na /arroquinha e articulNlos aos e#bs baianos. A mais im!ortante delas foi IQ Fass>, !ersonalidade do !rimeiro escal&o do cerimonial do !alcio de 'Q". Issas !essoas criaram uma nova forma de or#ani2a&o, ao estruturar o #rande candombl de Tetu tal qual conhecido hoKe. ' candombl da /arroquinha foi o es!ao que abri#ou um #rande acordo !oltico reunindo os na#>Niorubs da /ahia, sob a liderana dos !artidrios das divindades 'J"ssi de Tetu e Xan#> de 'Q". 1embremos das duas festas !rinci!ais do calendrio da :asa /ranca que comemoram sua funda&oS a !rinci!al, dedicada a 'J"ssi, no dia de :or!us :hristi, e a se#unda, dedicada a Xan#>, no dia de %&o 3edro. ' com!romisso da elite diri#ente foi firmado na estrutura es!acial bsica do candomblS o terreiro, no seu conKunto, !ertence a 'J"ssi, o onil, o senhor da terra, enquanto que o barrac&o central, lu#ar da festa !$blica, !ertence a Xan#>, o onil), o senhor do !alcio. ' acordo entretanto contou com vrios outros sub#ru!os iorubanos aliados. Do !onto de vista ritual, o carter fundamentalmente inovador do candombl da /arroquinha foi que, !ela !rimeira ve2 na hist"ria da reli#i&o africana, o culto de todos os oriJs foi reunido no mesmo tem!lo, o que !ressu!e uma ordem unificada das hierarquias dos diversos cultos, sob o comando da iQaloriJ, a sacerdotisa su!rema. Alm do mais, as lideranas dos e#bs iorubanos da /ahia foram convocadas, recebendo ttulos no culto dos !rinci!ais oriJs. Issas lideranas eram eventualmente diri#entes de or#ani2aes oficiais, como a irmandade do %enhor dos 4artrios ou a devo&o feminina da %enhora da /oa 4orte, fundada na i#reKa da /arroquinha. ' candombl deiJou !ortanto de ser a!enas uma casa de culto !ara tornarNse uma or#ani2a&o !olticoNsocialNreli#iosa com!leJa. Fa com!osi&o do candombl da /ahia, as diferentes etnias da IorubalLndia, como os iKeJs e efans, numericamente mais eJ!ressivos do lado de c, n&o !oderiam ser i#noradas. Assim, no barrac&o da festa !$blica, foram !lantados quatro !ilares centrais re!resentando os quatro cantos do !as iorub, cada !ilar dedicado a um dos re#entes da casa, ao 'J"ssi de Tetu, ao Xan#> de 'Q", H 'Jum de IKeJ e ao 'Jal de Ifan. Issas s&o as quatro tradies mantidas na :asa /rancaS os candombls de Tetu na /ahia n&o se#uem a!enas a tradi&o KeKeNna#>, mas tambm as tradies de outras etniasS oQ" ?ou iorubNta!@, iKeJ e aon efan. ?mesma coisaW@ A mem"ria oral relata que, a uma certa altura, o terreiro da /arroquinha foi invadido !elas foras !oliciais da !rovncia, sendo o candombl obri#ado a abandonar o local, mas nin#um tem a menor idia de quando se deu a mudana. %abemos que, em +<==, a :asa /ranca K funcionava no lu#ar onde atualmente se encontra, no bairro da (edera&o. A dcada de +<=8 foi de !redomnio do #ru!o conservador liderado !or (rancisco 5onalves 4artins, um homem da linha dura que havia sido chefe de 3olcia durante o #rande levante dos mal)s, em +<E=. +<=+ foi o ano de che#ada da ideolo#ia do !ro#resso ao /rasil, quando ent&o as elites sociais tentaram esquecer o !assado colonial e adotar um modelo moderno de sociedade, no rastro da Iuro!a e da Amrica. Fesse novo conteJto, era !reciso !rovar ao mundo que ramos ocidentais civili2ados e !ara tanto incrementamos a imi#ra&o euro!ia visando lim!ar nossa raa, o que, se#undo doutrinas cientficas ent&o !resti#iosas, era a $nica maneira de nos habilitarmos ao !ro#resso. A !erse#ui&o ao candombl da /arroquinha foi !arte dessa !oltica, que o obri#ou a !rocurar o seu lu#ar. A tirania colonial, mantida mesmo de!ois da inde!end)ncia !oltica, n&o !oderia Kamais !ermitir que uma or#ani2a&o africana se tornasse centro. 3or isso o candombl da /arroquinha foi obri#ado a recuar !ara a !eriferia, !ara o en#enho Velho da (edera&o, onde at hoKe #loriosamente se encontra, dividindo es!ao na cidade de %alvador com outros terreiros, como Do Calundu ao Candombl - Revista de Histria http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/do-calundu-ao-candomble 4 de 5 19/05/2014 10:09
o 5antois e o AJ '!> AfonK, que mant)m viva a f que atravessou o oceano. enato da Silveira !rofessor da *niversidade (ederal da /ahia ?*(/a@, doutor em antro!olo#ia !ela Xcole de Pautes Xtudes em %ciences %ociales de 3aris. Do Calundu ao Candombl - Revista de Histria http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/do-calundu-ao-candomble 5 de 5 19/05/2014 10:09