Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Questão 01
(Auditor-Fiscal do Trabalho - MTE- 2003) - A Constituição Federal estabeleceu a
possibilidade de se firmar um contrato de gestão entre organismos da Administração
Pública para concessão de autonomia gerencial, orçamentária e financeira a órgãos e
entidades. A norma constitucional prevê uma lei para reger o assunto. Não está
prevista para esta lei dispor sobre o seguinte:
a) prazo de duração do contrato.
b) critérios de avaliação de desempenho.
c) remuneração de pessoal.
d) formas de contratação de obras, compras e serviços.
e) responsabilidade dos dirigentes.
Gabarito: D.
Comentários:
www.pontodosconcursos.com.br 1
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
expressamente listadas no art. 37, § 8° da CF. Isso é suficiente para o acerto
questão.
Deixemos, então, as alternativas de lado, e falemos um pouco sobre o contrato de
gestão, enquanto celebrado apenas entre órgãos e entidades administrativos (em
outro comentário trataremos da sua utilização em outra hipótese, na qualificação de
entidades de direito privado como organizações sociais).
O contrato de gestão é instituto intimamente vinculado a um princípio acrescentado
à Constituição também pela EC 19/98, o princípio da eficiência. Este novo
princípio constitucional vem a ser a pedra de toque de todo um esforço de nossos
administradores e legisladores, principalmente na esfera federal, de implantar na
Administração Pública um novo modelo de gestão, denominado pelos reformadores
de administração gerencial. Busca-se, por meio de diversos instrumentos,
aproximar-se a Administração Pública dos modelos de gestão das empresas
privadas, reduzindo-se alguns dos formalismos que permeiam a atuação
administrativa e voltando sua atuação, essencialmente, para a obtenção de
resultados socialmente mais significativos.
Dentro deste contexto deve ser analisado o contrato de gestão.
Basicamente, este instrumento é um acordo firmado entre os órgãos centrais da
Administração Direta e as entidades da Administração Indireta ou mesmo
órgãos da Administração Direta. Mediante a celebração deste contrato o órgão
central suspende a aplicação de alguns controles-meio (controles de
procedimento) até então efetuados sobre o órgão ou entidade signatários, e em
troca, o órgão ou entidade obriga-se a atingir determinadas metas de
desempenho, objetivamente definidas no contrato.
Enfim, o órgão ou entidade tem acrescida sua autonomia administrativa,
mediante a suspensão de alguns controles de procedimento, e em contrapartida
obriga-se a atingir as metas fixadas no contrato. O controle do órgão central, com a
celebração do contrato, passará a ser principalmente sobre o atingimento dos
resultados pactuados, dentro do cronograma de execução definido no contrato.
Como exemplo de aplicação do instituto podemos citar um contrato de gestão
celebrado entre o Ministério da Previdência e o INSS, mediante o qual o Ministério
deixa de exercer alguns controles até então incidentes sobre a entidade (dentro da
tutela ou supervisão ministerial), e em troca o INSS se obriga a aumentar em termos
reais 5% do montante arrecadado com o recolhimento de contribuições sociais, nos
anos de 2005 e 2006. Este é um exemplo típico de acordo-programa.
A doutrina não se mostrou muito satisfeita com a novidade. Pupulam nos
compêndios de nossos administrativistas críticas bastante veementes ao contrato de
gestão. Fala-se, por exemplo, que esta é uma figura juridicamente impossível de
existir, quando tem como partes signatárias dois órgãos da Administração Direta
(por exemplo, o Ministério da Fazenda e a Secretaria da Receita Federal), já que
órgãos públicos, como é de conhecimento comum, não passam de centros de
competência sem personalidade jurídica, atuando em nome da pessoa jurídica a que
pertencem. No caso, os dois órgãos citados integram a estrutura da União, de forma
que um eventual contrato celebrado entre eles seria como que um “contrato consigo
mesmo” (a União celebrando um contrato com a própria União, por meio de dois de
seus órgãos).
Outra crítica, e esta atinge também os contratos celebrados pela Administração
Central com as entidades da Administração Indireta, é que um dos requisitos
estruturais de qualquer contrato, seja de direito público ou privado, é a
contraposição de interesses entre as partes signatárias. Por exemplo, se eu
www.pontodosconcursos.com.br 2
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
desejo alienar meu imóvel, pretendo obter o melhor preço possível, mas aquele que
eventualmente desejar adquiri-lo terá um interesse contraposto ao meu, pois sua
pretensão será pagar o menor preço possível. Pois bem, este raciocínio não pode ser
aplicado aos contratos celebrados na intimidade da Administração Pública, pois todos
os órgãos e entidades dela integrantes podem ter por finalidade de atuação apenas
uma direção: a consecução do interesse público. Assim, não haveria verdadeiros
contratos celebrados no seio da Administração, pois os interesses de todos os
participantes do pacto seriam necessariamente paralelos, direcionados ao
atendimento do interesse público, e não contrapostos, como se exige para a
celebração de um contrato.
Por tudo isto (dentre outras críticas), a doutrina majoritária dá pouco valor aos
contratos de gestão celebrados no interior da Administração, equiparando-os,
quando muito, a meros termos de compromisso, instrumentos sem valor jurídico,
mas meramente psicológico, que influiriam no ânimo dos dirigentes dos órgãos e
entidades no sentido de atingirem as metas fixadas. Há autores que chegam a
afirmar que tais acordos, quando celebrados apenas entre órgãos, não passam de
um “nada jurídico”, uma novidade sem valia jurídica alguma.
A ESAF, até onde sei, nunca exigiu o conhecimento destas críticas, sempre
elaborando suas questões partindo implicitamente da premissa de que os contratos
de gestão, porque previstos na Constituição, são instrumentos válidos. De qualquer
modo, é válido o conhecimento destas críticas, pois a ESAF pode resolver tratar a
matéria com um pouco mais de profundidade, e aí então tais entendimento
doutrinários serão exigidos.
Síntese do Comentário:
1) o contrato de gestão (ou acordo-programa) é instrumento diretamente vinculado
ao princípio da eficiência e à denominada administração gerencial, um novo modelo
de gestão da Administração Pública que vem sendo implantado a nível legislativo e
executivo. Pode tal contrato, segundo o art. 37, § 8° da CF, ser celebrado entre os
órgãos centrais da Administração Direta e as entidades da Administração Indireta ou
mesmo órgãos da Administração Direta. Com a celebração deste contrato o órgão
central suspende alguns controles-meio (controles de procedimento) que até então
exercia sobre o órgão ou entidade signatários, e em troca, o órgão ou entidade
assume o compromisso de atingir certas metas de desempenho;
2) trata-se, sumariamente, de um acordo pelo qual o órgão central abandona
temporariamente alguns controles de procedimento, mediante o compromisso do
órgão ou entidade signatários de atingir as metas de desempenho fixadas.
3) a doutrina crítica veemente o contrato de gestão. Entre outras críticas, alega que
órgãos públicos não possuem personalidade jurídica, atuando em nome da pessoa
jurídica a que pertencem. Logo, não podem órgãos da mesma pessoa jurídica
celebrar um contrato (nem de gestão, nem qualquer outro), pois seria a própria
pessoa jurídica celebrando um contrato consigo mesma. Outra crítica, e esta
incidente também quando o órgão central celebra o contrato com uma entidade da
Indireta, é que nenhum órgão ou entidade administrativa pode ter interesses
contrapostos, requisito de todos os contratos. Seus interesses são necessariamente
paralelos, dirigidos à consecução dos interesses públicos. Assim, não pode haver
verdadeiros contratos na intimidade da Administração, por falta de contraposição de
interesses;
4) a ESAF, até onde sei, nunca exigiu o conhecimento destas críticas, sempre
tratando os contratos de gestão como instrumentos de natureza constitucional
www.pontodosconcursos.com.br 3
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
perfeitamente válidos. Poderão tais críticas, contudo, futuramente vir a serem
exigidas, de forma que é útil conhecê-las.
Questão 02
(Auditor do Tesouro Municipal - Prefeitura do Recife – 2003) - Assinale, entre o
seguinte rol de entidades paraestatais, de cooperação com o Poder Público, aquela
que pode se originar de uma transformação de entidade integrante da Administração
Pública Indireta:
a) serviço social autônomo.
b) fundação de apoio a instituição federal de ensino superior.
c) organização da sociedade civil de interesse público.
d) fundação previdenciária de regime fechado.
e) organização social.
Gabarito: E.
Comentários:
www.pontodosconcursos.com.br 4
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
- cessão especial de servidores, sem ônus para a OS;
- dispensa de licitação nos contratos de prestação de serviços relacionados às
atividades contempladas no contrato de gestão, no âmbito da respectiva esfera de
governo onde foi obtida a qualificação.
Os art. 1º e 2º da Lei 9.637/98 estabelecem os requisitos para que a entidade possa
adquirir a qualificação. Podemos listá-los no seguinte elenco:
1) personalidade jurídica de direito privado;
2) inexistência de fins lucrativos;
3) atuação nas áreas de cultura, ensino, saúde, pesquisa científica, preservação do
meio ambiente e desenvolvimento tecnológico.
4) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior da entidade,
de representantes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória
capacidade profissional e idoneidade moral;
5) proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em qualquer
hipótese.
Pois bem, perceba-se que a Lei estabelece dentre os requisitos a necessidade de
participação, no órgão colegiado diretivo da entidade, de membros do Poder Público.
Previsão interessante, quando se sabe que a OS é uma pessoa jurídica que não
integra a Administração Pública, e nem irá integrá-la uma vez qualificada. Qual a
necessidade então desta participação?
Perceba-se mais, que a lei não exige, como condição para a qualificação, que a
entidade apresente declaração de imposto de renda de exercício anterior, balancete
patrimonial e demais demonstrações contábeis de exercícios passados. Ou seja, a lei
não exige que a entidade comprove que já atua efetivamente exercendo a atividade.
Por quê? Simples, porque isto não é requisito para a outorga da qualificação.
Toda esta disciplina interessante da legislação federal das OS é magistralmente
desvendada pela Professora Maria Sylvia Zanella di Pietro. Pedimos licença para
transcrever parcialmente sua lição.
“Embora a Lei 9.637/98 não diga expressamente, é evidente e resulta nela
implícito que as organizações sociais vão absorver atividades hoje
desempenhadas por órgãos ou entidades estatais, com as seguintes
consequências: o órgão ou entidade estatal será extinto; suas instalações,
abrangendo bens móveis e imóveis, serão cedidos à organização social; o
serviço que era público passará a ser prestado como atividade privada.
Dependendo da extensão que a medida venha a alcançar na prática, o
Estado, paulatinamente, deixará de prestar determinados serviços públicos na
área social, limitando-se a incentivar a iniciativa privada, por meio dessa nova
forma de parceria. Em muitos casos poderá esbarrar em óbices
constitucionais...No livro Parcerias na Administração Pública destacamos o
conteúdo de imoralidade contido na lei, os riscos para o patrimônio público e
para os direitos do cidadão. Em primeiro lugar, porque fica muito nítida a
intenção do legislador de instituir um mecanismo de fuga ao regime de direito
público a que se submete a Administração Pública. O fato de a organização
social absorver atividade exercida por ente estatal e utilizar o patrimônio
público e os servidores públicos antes a serviço desse mesmo ente, que
www.pontodosconcursos.com.br 5
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
resulta extinto, não deixa dúvidas de que, sob a roupagem de entidade
privada, o real objetivo é de mascarar uma situação que, sob todos os
aspectos, estaria sujeita ao direito público. Por outras palavras, a idéia é de
que os próprios servidores da entidade a ser extinta constituam uma pessoa
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, e se habilitem como
organizações sociais, para exercer a mesma atividade que antes exerciam e
utilizem o mesmo patrimônio, porém sem a submissão àquilo que se costuma
chamar de “amarras” da Administração Pública...Trata-se de entidades
constituídas ad hoc, ou seja, com o objetivo único de se habilitarem como
organizações sociais e continuarem a fazer o que faziam antes, porém com
nova roupagem. São entidades fantasmas, porque não possuem patrimônio
próprio, sede própria, vida própria. Elas viverão exclusivamente por conta do
contrato de gestão com o poder público”.
Após esta lição da Autora, pouco resta a acrescentar, apenas que não está
inteiramente correto o enunciado da questão. A OS não surgirá da transformação de
uma entidade da Administração Indireta. Ela poderá, isto sim, acarretar a extinção
de uma entidade da Indireta (ou de um órgão público), ao passar a exercer a
atividade até então realizada por ela. Aí, alguns dos servidores ou empregados
públicos da entidade administrativa passarão a compor o órgão deliberativo da OS, e
boa parte dos demais passarão a exercer suas antigas funções, as mesmas, em
nome da OS, a princípio no mesmo local que já trabalhavam. Além disso, como
estarão sendo cedidos à OS com o ônus da remuneração ou do salário para o órgão
ou entidade de origem, continuarão recebendo normalmente. E poderão, além disso,
acrescer seus ganhos com alguma ajudazinha financeira da OS (a entidade não pode
ter fins lucrativos, isto a lei veda, mas pode remunerar aquelas que prestam serviços
a ela). Em suma, é muito interessante esta nova figura criada no movimento de
reforma administrativa.
Síntese do Comentário:
1) definição de entidades paraestatais: pessoas jurídicas de direito privado não
integrantes da Administração Pública que exercem alguma atividade de interesse
público, motivo pelo qual são auxiliadas a desempenhá-la pelo Estado. Dentro do
gênero estão incluídos, entre outras pessoas jurídicas, os serviços sociais
autônomos, as organizações da sociedade civil de interesse público e as organizações
sociais;
2) definição de organizações sociais (OS): são pessoas de direito privado sem fins
lucrativos, não integrantes da Administração, que exercem alguma atividade de
interesse coletivo, conseguindo esta especial qualificação por meio da celebração de
um contrato de gestão com o Poder Público. No contrato a entidade obriga-se ao
atingimento de certas metas de desempenho, e em contrapartida recebe alguma
ajuda do Poder Público para prestar seus serviços. É importante notarmos que não
estamos perante uma nova espécie de pessoa jurídica: trata-se de uma pessoa de
direito privado sem fins lucrativo que recebe uma qualificação especial;
3) na esfera federal a matéria é disciplinada pela Lei 9.637/98. A Lei fixa como
principais formas de incentivo para as entidades qualificadas como OS: destinação
de recursos orçamentários; permissão gratuita de uso de bens públicos; cessão
www.pontodosconcursos.com.br 6
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
especial de servidores, sem ônus para a OS; dispensa de licitação nos contratos de
prestação de serviços relacionados às atividades contempladas no contrato de
gestão, no âmbito da respectiva esfera de governo onde foi obtida a qualificação;
4) a Lei, nos art. 1º e 2º, traz os requisitos para a obtenção da qualificação. São os
seguintes: personalidade jurídica de direito privado; inexistência de fins lucrativos;
atuação nas áreas de cultura, ensino, saúde, pesquisa científica, preservação do
meio ambiente e desenvolvimento tecnológico; previsão de participação, no órgão
colegiado de deliberação superior da entidade, de representantes do Poder Público e
de membros da comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade moral;
proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em qualquer
hipótese;
5) pela disciplina da Lei concluímos que as entidades qualificadas como organizações
sociais têm por intuito substituir órgãos e entidades administrativos, podendo
acarretar a sua extinção. A OS passará a prestar o serviço até então desempenhado
pelo órgão ou entidade, poderá valer-se dos serviços dos agentes do órgão ou
entidade, poderá instalar-se nas dependências do órgão ou entidade, poderá usar os
móveis em geral do órgão ou entidade. Enfim, poderá usufruir de todo o aparato do
órgão ou entidade e prestar o mesmo serviço, mas sob outro nome, já que a OS é
uma pessoa de direito privado com uma qualificação especial que não integra a
Administração (fácil de concluir como é mixuruca esta qualificação, não dá direito a
nada. Coitada da OS).
Questão 03
52 (AFRF/2003) - Não há previsão legal para a celebração de contrato de gestão
entre a pessoa jurídica de direito público política e a seguinte espécie:
a) órgão público
b) organização social
c) agência executiva
d) organização da sociedade civil de interesse público
e) sociedade de economia mista
Gabarito: D.
Comentários:
Para acertar esta questão você só tinha que saber uma coisa: as entidades
qualificadas como organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP)
recebem tal qualificação mediante a celebração de um termo de parceria, não de
um contrato de gestão, como as OS.
As OSCIP, tal como as OS, são entidades de direito privado, não integrantes da
Administração Pública, que prestam sem fins lucrativos algum serviço de natureza
social. A única diferença, em termos conceituais, é que as OSCIP celebram um termo
de parceira, nada mais que um contrato mediante o qual se obrigam a alcança
determinadas metas (como as OS), e em troca recebem algum auxílio do Poder
www.pontodosconcursos.com.br 7
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
Público para fazê-lo (como as OS, embora não se deva negar que pelo andar da
carruagem o Poder Público será mais generoso com as OS).
Também como as OS, as OSCIP não constituem um novo tipo de pessoa jurídica, são
entidades sem fins lucrativos da iniciativa privada que recebem uma qualificação do
Poder Público, qualificação esta que lhes dá direito a algum tipo de auxílio para
atuar.
Na esfera federal a matéria está disciplinada na Lei 9.790/99. A lei não estabelece
de forma detalha quais são as formas de incentivo previstas para as OSCIP, apenas
menciona em termos genéricos a possibilidade de elas se utilizarem de bens e
recursos públicos. De qualquer modo, as formas de fomento serão estipuladas no
termo de parceria.
Dispositivo importante da lei é o § 1º do art. 1º, que traz a definição do que se
considera entidade sem fins lucrativos, para fins de qualificação como OSCIP. Reza o
dispositivo que é assim considerada a pessoa jurídica que “não distribui, entre os
seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores,
eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações,
participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas
atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto social”.
Para uma entidade se qualificar como OS, só pode prestar serviços nas áreas de
cultura, ensino, saúde, pesquisa científica, preservação do meio ambiente e
desenvolvimento tecnológico. Para se qualificar como OSCIP o leque é bem mais
abrangente. Segundo o art. 3º da lei, as atividades desenvolvidas podem ser as
seguintes (negritamos as mais solicitadas em provas):
“a) assistência social;
b) promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e
artístico;
c) promoção gratuita da educação ou da saúde;
d) promoção da segurança alimentar e nutricional;
e) defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
f) promoção do voluntariado;
g) promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
h) experimentação, não lucrativa, de novos modelos socioprodutivos e
de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;
i) promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e
assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
j) promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da
democracia e de outros valores universais;
l) estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção
e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos.”
O art. 2º é outro dispositivo importante, pois proíbe algumas entidades de tentarem
se qualificar como OSCIP, ainda que desenvolvam alguma das atividades listadas no
art. 3º. O rol é o seguinte (negritamos novamente as mais solicitadas em provas):
www.pontodosconcursos.com.br 8
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
“a) as sociedades comerciais, sindicatos, associações de classe ou de
representação de categoria profissional;
b) as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos,
práticas e visões devocionais e confessionais;
c) as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
d) as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços
a um círculo restrito de associados ou sócios;
e) as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e
assemelhados;
f) as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;
g) as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas
mantenedoras;
h) as organizações sociais;
i) as cooperativas;
j) as fundações públicas;
l) as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por
órgão público ou por fundações públicas;
m) as organizações creditícias que tenham quaisquer tipos de vinculação com o
Sistema Financeiro Nacional a que se refere o art. 192 da Constituição
Federal.”
Síntese do Comentário:
1) definição de OSCIP: pessoas de direito privado, não integrantes da Administração
Pública, que prestam sem fins lucrativos alguma atividade de interesse coletivo. Pelo
tipo de atividade que exercem e pelo fato de não terem finalidade lucrativa, podem
celebrar com o Poder Público um termo de parceria. No termo, que é um contrato, a
entidade aceita atingir certas metas de desempenho, e em contrapartida recebe
algum incentivo do Poder Público para fazê-lo. Mediante a assinatura do termo a
entidade adquire sua qualificação;
2) a OSCIP, tal como a OS, não é um novo tipo de pessoa jurídica, mas apenas uma
entidade sem fins lucrativos que recebe uma qualificação especial mediante a
celebração de um termo de parceria;
3) na esfera federal o diploma aplicável é a Lei 9.790/99, a qual, no § 1º do art. 1º,
define entidade sem fins lucrativos, para fins de qualificação como OSCIP, como a
pessoa jurídica que “não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros,
diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou
líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio,
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na
consecução do respectivo objeto social”;
4) o art. 3º da Lei estabelece quais as atividades que poderão ser desempenhadas
por uma entidade de direito privado sem fins lucrativos que possibilitam a obtenção
da qualificação (ler no comentário);
5) o art. 2º da Lei veda a algumas pessoas jurídicas qualquer tentativa de obter a
qualificação, mesmo que elas exerçam atividade prevista no art. 3º (ler no
comentário).
www.pontodosconcursos.com.br 9
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
Questão 04
(Procurador BACEN/2001) – O contrato de gestão, previsto no art. 37, § 8º, da
Constituição Federal, não poderá ser firmado com a seguinte entidade:
a) autarquia
b) organização social
c) sociedade de economia mista
d) fundação pública
e) organização da sociedade civil de interesse público
Gabarito: E.
Comentários:
www.pontodosconcursos.com.br 10
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
Questão 05
(Analista de Comércio Exterior – MDIC/2002) – A recente reforma do Estado,
empreendida pelo Governo Federal, introduziu diversas novas figuras na
Administração Pública Federal. No rol abaixo, assinale aquela que pode ser
conceituada como o resultado da qualificação que se atribui a uma autarquia ou
fundação pública cujo objetivo institucional seja uma atividade exclusiva de Estado,
com o propósito de dotá-la de maior autonomia gerencial.
a) agência reguladora
b) organização social
c) serviço social autônomo
d) agência executiva
e) organização da sociedade civil de interesse público
Gabarito: D.
Comentários:
www.pontodosconcursos.com.br 11
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
a qualificação é outorgada pelo Presidente da República, por decreto (atenção: a
outorga não é feita no contrato de gestão).
É oportuno ressaltar que a professora di Pietro, dentre outros estudiosos, considera
de pouca eficácia esta nova figura, pois entende que, sendo os controles de todas as
entidades da Administração Indireta necessariamente previstos em lei (tutela das
entidades da Indireta), não poderiam eles ser suspensos por um instrumento
contratual como o contrato de gestão. Seria necessária a elaboração da lei requerida
pelo art. 37, § 8º, da Constituição, que traria uma autorização para que, por
contrato, fossem suspensos alguns dos controles previstos em lei. Antes da
elaboração desta lei, entende a Autora que as agências executivas são uma novidade
sem maior importância.
Encerrando este comentário, quero apenas esclarecer que não é característica de
agência executiva ser ela uma autarquia ou fundação pública “cujo objetivo
institucional seja uma atividade exclusiva de Estado”. Limitando-nos a um exemplo,
uma fundação pública pode prestar serviços de assistência social, e tal atividade é
livre à iniciativa privada (há milhares de instituições de assistência social instituídas
por particulares no País).
O exercício de atividade típica de estado é característica das agências reguladoras,
matéria objeto do nosso próximo comentário.
Síntese do Comentário:
1) definição de agência executiva: consiste numa qualificação concedida a uma
autarquia ou fundação pública que celebre contrato de gestão com o órgão da
Administração Direta ao qual está vinculada. Não se trata de uma nova entidade da
Administração Indireta, mas somente de uma autarquia ou fundação que recebe uma
qualificação especial;
2) não se deixe enganar. Todas as entidades da Indireta podem celebrar contratos
de gestão com o órgão central supervisor. Apenas, as autarquias e fundações
públicas recebem a designação de agência executiva quando firmarem este acordo;
3) na esfera federal o procedimento é prescrito nos art. 51 e 52 da Lei 9.469/98, e
resumidamente consiste na seguinte seqüência:
- a autarquia ou fundação deve possuir um plano estratégico de reestruturação e de
desenvolvimento institucional, voltado para a melhoria da qualidade de gestão e para
a redução de custos, já concluído ou em andamento;
- preenchida esta condição, o Ministério supervisor da entidade, com a anuência do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, toma a iniciativa para a celebração
do contrato;
- o contrato é celebrado entre o Ministério supervisor e a autarquia ou fundação
pública;
- por decreto, o Presidente da República outorga a qualificação.
4) Maria Sylvia Zanella di Pietro, entre outros autores, não aceita a suspensão dos
controles sobre a entidade administrativa tão só com base no contrato de gestão.
Entende que é necessário que seja editada a lei referida no art. 37 da CF, que
disciplinará a forma como poderá, por contrato, ocorrer esta suspensão. Antes de
sua elaboração, em conclusão, a Autora considera as agências executivas uma figura
sem maior importância no cenário administrativo;
www.pontodosconcursos.com.br 12
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
5) a ESAF considera como característica da agência executiva ter como objetivo uma
atividade típica de Estado. Isto está errado, é característica de agência reguladora,
não de executiva. Fazer o quê? Memorize esta informação.
Questão 06
(Analista Técnico – SUSEP/2002) - As agências reguladoras, recentemente criadas
na Administração Pública Indireta Federal, não se caracterizam por
a) personalidade jurídica de direito público, sob a forma de autarquia.
b) autonomia para editar normas administrativas referentes ao objeto de sua
regulação, observados os limites legais.
c) independência de seu corpo diretivo.
d) exercício do poder de polícia respectivo à área de atuação.
e) desvinculação a órgão ministerial supervisor
Gabarito: E.
Comentários:
www.pontodosconcursos.com.br 13
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
Dois foram os motivos que levaram à instituição das agências reguladoras como
autarquias. O primeiro é que, pelo fato de elas desempenharem funções típicas de
Estado (regulação e fiscalização), necessariamente devem ostentar personalidade
jurídica de direito público, como entende pacificamente o STF. Se fosse tentada a
criação de uma agência sob figurino de direito privado inevitavelmente a tentativa
não teria êxito perante o Pretório Excelso.
Bem, isso limitava as opções do legislador: o papel de agências reguladoras deveria
ser ocupado por órgãos da Administração Direta (pois as pessoas políticas têm
personalidade de direito público), por autarquias ou por fundações públicas de direito
público.
Entra em pauta, então, um segundo critério de análise. Uma característica essencial
das agências reguladoras, segundo os moldes de sua construção na Europa, é que
elas possuem uma significativa margem de independência com relação ao Poder
Executivo. A adotar-se a mesma sistemática aqui no Brasil, não poderiam ser
instituídas as agências reguladoras como órgãos da Administração Direta, pois
estariam sujeitam ao permanente controle hierárquico exercido pelos órgãos centrais
do Poder Executivo.
Restavam, assim, duas opções: autarquias ou fundações públicas de direito público.
Aí não ficou difícil. Como as fundações são criadas para a prestação de serviços de
caráter eminentemente social, como educação e saúde, onde não se fazem
necessárias as prerrogativas estatais em grau exacerbado, são inadequadas para
desempenhar o papel de agências reguladoras, pois para o eficiente desempenho
desta tarefa indispensável o uso contínuo e em grau considerável das prerrogativas
estatais, como instrumento indispensável para se assegurar a predominância do
interesse público sobre o privado.
E, assim, optou-se, finalmente, pela criação das agências reguladoras como
autarquias, mais precisamente, autarquias de regime especial, pelo fato de
possuírem maior autonomia administrativa do que as autarquias em geral.
www.pontodosconcursos.com.br 14
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
Pois bem, ninguém discute a necessidade de haver lei delegando competência à
agência e de esta lei definir seus parâmetros de atuação. O que se discute é se as
agências podem efetivamente inovar na ordem jurídica (em virtude da generalidade
da lei, que traz apenas os parâmetros para a edição do ato normativo) ou se elas
têm competência apenas para detalhar as regras postas na lei (hipótese em que não
teriam elas poder para inovar na ordem jurídica, mas apenas para egulamentar
comandos legais, da mesma forma que o fazem os chefes do Poder Executivo ao
editar os regulamentos de execução).
Infelizmente, nesta alternativa não há como se concluir acerca da posição da ESAF,
pois é ponto pacífico que as agências reguladoras, ao editarem seus atos normativos,
devem respeitar os limites postos em lei. É verdade que no começo da afirmação a
ESAF usou o termo “autonomia”, o qual é usado com mais freqüência por ela para se
reportar às pessoas políticas (que tem poder para inovar na ordem jurídica, nos
termos da Constituição). Mas é arriscado, com base tão só neste termo, afirmarmos
que a ESAF considera que as agências têm verdadeiro poder normativo. Por
enquanto, infelizmente, não podemos definir com precisão o ponto.
www.pontodosconcursos.com.br 15
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
adequadas para o setor regulado, sem temor de represálias imediatas pela
autoridade nomeante, já que esta não poderá exonerá-los ad nutum.
www.pontodosconcursos.com.br 16
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
especial, e estão, como toda autarquia, sujeitas à supervisão do órgão central da
Administração Direta ao qual a entidade se vincula.
Síntese do Comentário:
1) definição de agências reguladoras (Marcelo Alexandrino): “Trata-se de entidades
administrativas com alto grau de especialização técnica, integrantes da estrutura
formal da Administração Pública, no mais das vezes instituídas sob a forma de
autarquias de regime especial, com a função de regular um setor específico de
atividade econômica, ou de intervir de forma geral sobre relações jurídicas
decorrentes destas atividades, que devem atuar com a maior independência possível
perante o Poder Executivo e com imparcialidade com relação às partes interessadas
(Estado, setores regulados e sociedade)”;
2) as atuais agências reguladoras foram criadas sob a forma de autarquias, pois
deste modo a atividade e regulação é exercida por uma pessoa de direito público (e
como atividade típica de Estado isto é indispensável) e há certa margem de
independência do Poder Executivo, uma vez que as autarquias, como todas as outras
entidades da Indireta, não se sujeitam a controle hierárquico;
3) com relação à competência normativa das agências reguladoras, entendo que o
melhor, para provas da ESAF, é simplesmente guardar a afirmação que a entidade
fez na alternativa b: as agências reguladoras têm “autonomia para editar normas
administrativas referentes ao objeto de sua regulação, observados os limites legais”;
4) uma das características de todas as agências é a independência de seu órgão
diretivo, assegurada principalmente pela estabilidade de seus dirigentes, que
exercem mandato a prazo certo. O dirigente só se afasta antes deste prazo se (1)
renunciar; (2) cometer falta grave, apurada administrativa ou judicialmente; (3)
descumprir a política legalmente definida para o setor (a lei de cada agência poderá
estabelecer outras hipóteses). Há entendimentos de que o mandato do dirigente
também se encerra antes do prazo fixado quando acaba o mandato do chefe do
Executivo que o nomeou, mas não há questão da ESAF para que possamos concluir
qual é a posição da instituição;
5) todas as agências reguladoras têm competência para (1) editar atos normativos;
(2) solucionar conflitos na esfera administrativa, quanto à sua área de atuação; (3)
fiscalizar o cumprimento da legislação aplicável ao setor regulado e (4) punir seus
infratores. Pelas competências, verifica-se que as agências reguladoras exercem
poder de polícia (cuidado: em aula anterior falamos que punições em havendo
vínculo específico caracterizavam exercício de poder disciplinar, e isto é correto para
a ESAF; contudo a instituição, no caso de agências reguladoras, entende que se trata
de poder de polícia);
5) apesar das especiais garantias conferidas por lei, e apesar de terem uma relativa
independência com relação ao Poder Executivo, as agências reguladoras sujeitam-se
á supervisão ministerial.
Questão 07
(Contador da prefeitura de Recife/2003) - As agências reguladoras criadas nos
últimos anos na esfera federal assumiram a forma jurídica de:
www.pontodosconcursos.com.br 17
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
a) fundações públicas
b) órgãos da administração direta
c) empresas públicas
d) sociedades de economia mista
e) autarquias
Gabarito: E.
Comentários:
Questão 08
(Analista MPU/2004 – Área Processual) - A legislação das agências reguladoras
estabeleceu a possibilidade de se utilizar, para a aquisição de bens e contratação de
serviços por essas entidades, uma modalidade especial de licitação, prevista tão-
somente para essa categoria organizacional. Tal modalidade denomina- se:
a) pregão
b) consulta
c) convite
d) credenciamento
e) registro de preços
Gabarito: B.
Comentários:
www.pontodosconcursos.com.br 18
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja seu valor estimado. Pois
bem, no caso das agências reguladoras o pregão será também utilizado para a
aquisição de bens e serviços comuns, mas com a diferença de que ele não será
regido pela Lei 10.520/02, mas conforme as regras postas em ato normativo
próprio de cada agência.
Por fim, a consulta, modalidade inédita de licitação, prevista exclusivamente
para as agências reguladoras, terá lugar nas hipóteses em que não caiba o
pregão (ou seja, quando a aquisição tiver por objeto bens e serviços que não sejam
comuns), e desde que não se tratem de obras e serviços de engenharia (que serão
licitados conforme as regras da Lei 8.666/93). Além da própria consulta ser
novidade, pois modalidade inédita de licitação, ela será, a exemplo do pregão,
também disciplinada por cada agência reguladora, em ato normativo próprio.
Embora sejam veementes as críticas às regras de licitação previstas para as agências
reguladoras, a ESAF não entra no mérito dos debates. Basta, portanto, conhecermos
as regras acima explanadas, tal como postas na lei.
Em conclusão, fica difícil, após analisar este tema, não se considerar que às agências
foi conferido um verdadeiro poder normativo, para inovar na ordem jurídica.
Síntese do Comentário:
1) regras de licitação para as agências reguladoras:
- para obras e serviços de engenharia: será observada a Lei 8.666/93;
- para aquisição de bens e serviços comuns: será utilizado o pregão, a ser
disciplinado em ato normativo editado pela própria agência reguladora;
- nos demais caos, será utilizada a consulta, a ser regulada também em ato
normativo editado por cada agência.
2) apesar de a doutrina criticar fortemente as normas que tratam do pregão e da
consulta para as agências reguladoras, para as provas da ESAF precisamos apenas
conhecer os dispositivos legais.
Questão 09
(Procurador do BACEN/2002) – Na sistemática atualmente adotada na organização
da Administração Pública Federal Brasileira, agências reguladoras e agências
executivas podem se distinguir quanto à:
a) natureza do regime jurídico ao qual se vinculam.
b) tipicidade pública das atividades exercidas.
c) natureza do regime jurídico de seu pessoal.
d) possibilidade de celebração de contrato de gestão com o órgão supervisor.
e) espécie organizacional adotada.
Gabarito: E.
www.pontodosconcursos.com.br 19
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
Comentários:
www.pontodosconcursos.com.br 20
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
Logo, aqui também poderá haver diferença quanto ao tipo de atividade desenvolvida.
www.pontodosconcursos.com.br 21
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
e) espécie organizacional adotada.
Esta foi a alternativa tida por correta. E efetivamente está correta (junto com as rês
primeiras, mas isto são detalhes): pode haver diferença quanto à espécie
organizacional adotada (espécie de entidade), pois as agências reguladoras são
autarquias e as executivas podem ser autarquias ou fundações públicas.
Pessoal, vou passar à síntese do comentário sem levar em conta o entendimento da
ESAF. Na verdade, porque acho que não é entendimento da ESAF, mas somente erro
na elaboração do enunciado.
Síntese do Comentário:
1) agências reguladoras são autarquias (pelo menos as que existem atualmente);
agências executivas podem ser autarquias ou fundações públicas (de direito público
ou privado);
2) as agências reguladoras e agências executivas podem se diferenciar quando à
natureza do regime jurídico aplicável, já que as agências reguladoras são regidas
preponderantemente pelo regime jurídico-administrativo, ao passo que as agências
executivas poderão ter como regime preponderante tanto o de direito público
(quando forem autarquias ou fundações públicas de direito público) como o de
direito privado (quando forem fundações públicas de direito privado);
3) as agências reguladoras desempenham, sempre, atividades típicas de Estado. Já
as agências executivas poderão desempenhar atividades desta espécie (quando
forem autarquias) ou não (quando forem fundações púbicas de direito público ou de
direito privado);
4) quanto ao regime de pessoal, as agências reguladoras e as executivas que forem
autarquias ou fundações de direito público poderão compor seu quadro tanto com
estatutários quanto com celetistas, ressalvadas as funções típicas de Estado, que só
podem ser exercidas por estatutários. Por sua vez, as agências executivas que forem
fundações públicas de direito privado poderão ter seu pessoal disciplinado apenas
pelo regime celetista;
5) tanto as agências reguladoras quanto as executivas podem celebrar contrato de
gestão com o órgão supervisor. Possível, portanto, a existência de uma agência
reguladora e executiva.
Questão 10
(Procurador da Fazenda Nacional/2002) – Tratando-se de Administração Pública
Descentralizada ou Indireta, assinale a afirmativa falsa.
a) A qualificação como agência executiva pode recair tanto sobre entidade autárquica
quanto fundacional, integrante da Administração Pública.
b) Conforme a norma constitucional, a empresa pública exploradora de atividade
econômica terá um tratamento diferenciado quanto às regras de licitação.
c) Admite-se, na esfera federal, uma empresa pública, sob a forma de sociedade
anônima, com um único sócio.
d) Pode-se instituir uma agência reguladora cujo objeto de fiscalização ou regulação
não seja uma atividade considerada como de serviço público.
www.pontodosconcursos.com.br 22
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
e) As entidades qualificadas como Organizações Sociais, pela União Federal, passam
a integrar, para efeitos de supervisão, a Administração Pública Descentralizada.
Gabarito: E.
Comentários:
a) A qualificação como agência executiva pode recair tanto sobre entidade autárquica
quanto fundacional, integrante da Administração Pública (certo).
Questão batida e rebatida. A qualificação como agência executiva tanto pode ser
outorgada a uma autarquia quanto a uma fundação pública, seja esta de direito
público ou de direito privado.
www.pontodosconcursos.com.br 23
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
com recursos provenientes das demais entidades políticas e de entidades
administrativas em geral.
Devemos perceber, então, que uma pessoa de direito privado pode participar da
formação do capital de uma empresa pública, desde que se trate de uma pessoa de
direito privado integrante da Administração Indireta de qualquer dos entes federados
(uma sociedade de economia mista, uma fundação pública de direito privado ou
mesmo outra empresa pública). O que se veda é a participação de entidades da
iniciativa privada (as empresas em geral).
Já uma sociedade de economia mista é formada por recursos majoritariamente
públicos. Esta regra geral, tal como a das empresas públicas, precisa ser detalhada
em duas: (1) admite-se a participação da iniciativa privada (ao contrário das
empresas públicas); e (2) as ações que assegurem a maioria do capital votante
podem estar em mãos da própria entidade política a que pertence a sociedade de
economia mista como de uma outra entidade da sua Administração Indireta.
Podemos ter, por exemplo, uma sociedade de economia mista federal cuja maioria
das ações com direito a voto seja de propriedade de uma autarquia da União (ou da
própria União).
Duas são, então, as regras de composição do capital das sociedades de economia
mista: (1) admite-se a participação da iniciativa privada; e (2) a maioria das ações
com direito a voto tem que pertencer ou à própria entidade política que criou a
entidade ou a uma entidade de sua Administração Indireta.
Com relação ao segundo tema, forma jurídica, o mesmo também apresenta
diferenças conforme se trate de sociedade de economia mista e de empresa pública.
As sociedades de economia mista só podem adotar a forma jurídica de sociedade
anônima.
Já as empresas públicas podem adotar qualquer forma jurídica já prevista no
ordenamento (S/A, Limitada etc), a forma unipessoal (quando a pessoa política é
detentora de 100% das ações, é a única sócia da entidade) e, se federais, ainda
uma forma inédita (não-unipessoal e não prevista no ordenamento), prevista na lei
específica que autorizou a criação da entidade.
Esta forma inédita só pode ser adotada pelas empresas públicas federais, pois os
Estados, os Municípios e o DF não têm competência para legislar sobre Direito Civil e
Comercial, de forma que não podem criar formas jurídicas inéditas para suas
empresas públicas.
Portanto, correta a assertiva: admite-se na esfera federal uma empresa pública sob
a forma de sociedade anônima co um único sócio (a União).
www.pontodosconcursos.com.br 24
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
Ocorre que a criação das agências reguladoras foi uma experiência que deu certo, o
que fez com que seu leque original de atuação fosse ampliado. Atualmente, temos
agências reguladoras atuando em diversos outros setores.
Sobre o ponto trazemos o elenco de áreas em que hoje existem agências
reguladoras, com base na obra do Professor Celso Antônio Bandeira de Mello:
1) serviços públicos propriamente ditos: é o caso da Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL), criada pela Lei 9.427/96, e da Agência Nacional de
Telecomunicações (ANATEL), criada pela Lei 9.472/97;
2) atividades de fomento e fiscalização da atividade privada: é o caso Agência
Nacional de Cinema (ANCINE), criada pela MP 2.281-1/2001, alterada pela Lei
10.454/2002;
3) atividades relacionadas à Indústria do Petróleo, que são reguladas e fiscalizadas
pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), instituída pela Lei 9.478/1997;
4) atividades desempenhadas tanto pelo Estado como pelos particulares,
independentemente de delegação do Poder Público: é o caso da área de saúde,
sujeita ao disciplinamento e fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
criada pela Lei 9,782/99 e hoje denominada ANVISA pela MP 2190-34/2001, e da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), instituída pela Lei 9.961/2000;
5) uso de um bem público, que é o que ocorre com a Agência Nacional de Águas
(ANA), criada pela Lei 9.984/2000.
www.pontodosconcursos.com.br 25
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
2) forma jurídica das empresas públicas e sociedades de economia mista: as
sociedades de economia mista só podem adotar a forma jurídica de sociedade
anônima; as empresas públicas podem adotar qualquer forma jurídica prevista em lei
(S/A, Ltda. etc), a forma unipessoal (quando todo o capital é formado por recursos
da pessoa política) e, se federais, uma forma jurídica inédita (prevista apenas para
aquela empresa pública na lei específica que autoriza sua criação);
3) as agências reguladoras regulam e fiscalizam não só atividades consideradas
como serviços públicos, atuando também em outras áreas, como: fomento e
fiscalização da atividade privada; uso de bem público e atividades vinculadas à
indústria do petróleo;
4) as entidades que adquirem a qualificação de OS não passam a integrar a
Administração Pública Descentralizada Federal (Indireta) para nenhum efeito, nem
mesmo o de supervisão (controle). Para nos convencermos desta conclusão, basta
lembrarmos que os controles efetuados pelo órgão central da Administração Direta
sobre as entidades da Administração Indireta são somente aqueles expressamente
previstos em lei, ao passo que o controle da Administração Direta sobre a entidade
qualificada como OS é detalhado no contrato de gestão.
Questão 11
(Fiscal de Tributos Estaduais - SEFA-PA – 2002) - Em relação à organização
administrativa brasileira, é correto afirmar que
a) agências executivas e agências reguladoras são expressões com o mesmo
significado jurídico.
b) o contrato de gestão pode ser celebrado com órgão despersonalizado da
Administração Direta.
c) as fundações governamentais com personalidade jurídica de direito privado podem
exercer poder de polícia administrativa.
d) a empresa pública tem por objeto, sempre, a exploração de atividade econômica.
e) as organizações sociais podem assumir a forma de autarquias.
Gabarito: B.
Comentários:
www.pontodosconcursos.com.br 26
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
Além disso, a qualificação agência executiva é concedida a uma autarquia ou
fundação já existente (ou seja, a entidade já existe quando recebe a denominação)
Já as agências reguladoras, nos moldes em que estão sendo instituídas no Brasil, são
autarquias (e apenas autarquias) criadas com a finalidade de regular certo setor de
atividade, seja este um serviço público propriamente dito, seja uma atividade
tipicamente econômica de importância estratégica para o Estado (como o petróleo),
seja a utilização de bens públicos de especial importância (como as rodovias), entre
outras áreas de possível atuação. De qualquer modo, todo e qualquer agência
reguladora, como o próprio nome indica, exerce função regulatória: disciplina o setor
em que atua, expedindo atos normativos, e fiscaliza a sua observância por todos os
participantes do setor regulado, aplicando as medidas cabíveis contra os infratores
de tais atos ou dos das demais leis que regem o setor.
A agência reguladora já nasce com tal denominação, isto é, na lei que diretamente a
institui a entidade já nasce com a designação agência reguladora.
www.pontodosconcursos.com.br 27
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
As organizações sociais não podem assumir a forma de autarquias, as organizações
sociais não podem assumir a forma de fundações públicas, as organizações sociais
não podem assumir a forma de empresas públicas, as organizações sociais não
podem assumir a forma de sociedades de economia mista, as organizações sociais
não podem assumir nem mesmo a forma de organizações sociais, coitadas, porque
tal termo designa apenas uma qualificação especial outorgada a uma pessoa de
direito privado sem fins lucrativos, não constituindo espécie de pessoa jurídica.
Enfim, uma organização social é uma designação especial conferida a uma pessoa
jurídica de direito privado que exerce uma atividade de interesse público sem fins
lucrativos quando a entidade, observados os demais requisitos legais, celebra um
contrato de gestão com o Poder Público.
A entidade não integra a Administração Pública antes de receber a qualificação, e
continua a não integrá-la após recebê-la. Não poderá, portanto, nunca, jamais, em
nenhuma circunstância, assumir a forma de autarquia ou de outra entidade de
Administração Indireta.
Questão 12
(Procurador de Fortaleza/2002) – Em relação à organização administrativa da União
Federal, assinale a opção verdadeira.
a) O contrato de gestão só pode ser celebrado entre a União e suas empresas
estatais.
b) É possível, na esfera federal, uma empresa pública ser organizada sob a forma de
sociedade anônima, sendo a União Federal a sua única proprietária.
c) As fundações públicas de direito público não podem exercer poder de polícia
administrativa.
d) As agências reguladoras representam uma nova categoria jurídica no âmbito da
Administração Indireta, distintas das autarquias e fundações.
e) As entidades do denominado Sistema S, inclusive o Sebrae, integram o rol da
Administração Pública Indireta.
Gabarito: B.
Comentários:
www.pontodosconcursos.com.br 28
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
economia mista e suas subsidiárias, bem como as demais sociedades controladas
direta ou indiretamente pelo Poder Público que não integram a Administração
Indireta.
b) É possível, na esfera federal, uma empresa pública ser organizada sob a forma de
sociedade anônima, sendo a União Federal a sua única proprietária (certa).
Uma empresa pública pode adotar qualquer forma jurídica prevista em Direito,
dentre elas a forma de sociedade anônima.
Seu capital deverá ser formado exclusivamente por recursos públicos, admitindo-se
que ele será integralizado na sua totalidade apenas pela pessoa política que cria a
empresa pública, no caso, a União.
Logo, correta a alternativa.
www.pontodosconcursos.com.br 29
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
São exemplos de serviços sociais autônomos: Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial – SENAC; Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –
SEBRAE; Serviço Social da Indústria – SESI; Serviço Social do Comércio – SESC etc.
Como todas as entidades paraestatais (entre outras, as OS e as OSCIP), os serviços
sociais autônomos não são delegatários de serviços públicos, pois as atividades
que exercem não são típicas de Estado. São atividades de interesse social que o
Poder Púbico incentiva.
Também como todas as entidades paraestatais, os serviços públicos não integram
a estrutura da Administração Pública, seja a Direta, seja a Indireta. Eles atuam
ao lado da Administração, prestando serviços de assistência ou ensino a certas
categorias profissionais ou econômicas (daí o termo paraestatal, atuação paralela à
do Estado).
Mais uma vez da mesma forma que as demais entidades paraestatais, o regime
jurídico predominantemente aplicável aos serviços sociais autônomos é o de direito
privado, derrogado em algumas matérias pelo regime de direito público. Sobre o
ponto, transcrevemos a lição de Maria Sylvia Zanella di Pietro.
Segundo a eminente Autora, “pelo fato de administrarem verbas decorrentes de
contribuições parafiscais e gozarem de uma série de privilégios próprios dos entes
públicos, estão sujeitas a normas semelhantes às da Administração Pública, sob
vários aspectos, em especial no que diz respeito à observância dos princípios da
licitação, à exigência de processo seletivo para seleção de pessoal, à prestação de
contas, à equiparação de seus empregados aos servidores públicos para fins
criminais (art. 327 do Código Penal) e para fins de improbidade administrativa (Lei
8.429, de 2-6-92)”.
Um ponto a ser ressaltado no regime jurídico dos serviços sociais autônomos é que,
segundo decisão do Tribunal de Contas da União, tais entidades não se sujeitam à
Lei 8.666/93. Devem elas adotar um procedimento prévio às suas contratações, mas
sem vinculação com a Lei 8.666/93.
www.pontodosconcursos.com.br 30
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET
5) os serviços sociais autônomos (1) não são delegatários de serviços públicos; (2)
não integram a Administração Direta e Indireta; (3) são regidos predominantemente
pelo direito privado, derrogado em alguns pontos pelo regime jurídico-administrativo
(tais conclusões aplicam-se a todas as entidades paraestatais, dentre as quais as OS
e as OSCIP);
6) os serviços sociais autônomos não estão sujeitos à Lei 8.666/93, segundo o TCU.
www.pontodosconcursos.com.br 31