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CONTEÚDOS:
O Romantismo:
1- Conceito de Romantismo;
2- Contextualização;
3- Características gerais;
4- O Romantismo em Portugal.
Poesia de Garrett:
1- A estética romântica em Almeida Garrett;
Garrett dramático:
1- Um Auto de Gil Vicente
1 - O conceito de Romantismo:
Começou a usar-se se o vocábulo Romantismo para significar a escola literária que surgiu em
meados do séc. XVIII,, abjurando a estética clássica e revestindo
revestindo-se
se de características afins
daquelas que ornam as narrativas criadas pela imaginação p popular
opular e mostrando particular
simpatia pela evocação do viver medieval.
2– Contextualização:
a) Antecedentes Mundiais
Ou fosse porque o grande público não entendia a estética clássica, por ser demasiado académica
e intelectiva, ou fosse porque o género tinha atingido a saturação, os escritores começaram a
tentar novos temas e um novo modo de os comunicar.
Foi na Inglaterra e na Alemanha que, em meados do século XVIII, alguns poetas voltaram as costas
aos modelos do Classicismo, inspirando-se na Natureza tal qual a viam e não tal qual Horácio e
outros antigos lha mandavam ver.
Deixam-se arrastar — isso sim — pela evocação do popular, do medievo, do exótico, pela
exaltação da liberdade, pelo «eu», medida do Universo, pela fascinação do abissal, da morte, do
nada. Desta maneira se foi gerando uma nova escola, que depressa alastrou pela Alemanha, Itália,
França, Portugal, por toda a Europa, a qual passaria à história com o nome de Romantismo.
b)Romantismo na Inglaterra
2. Eduardo Young (1681-1765) transplantou as infelicidades da sua vida para os célebres poemas
conhecidos mundialmente por Noites de Young. O sentimentalismo e a melancolia dos seus
versos haviam de tocar a sensibilidade de muitos corações.
3. Olivério Goldsmith (1728-1774) trilhou novos caminhos de beleza no famoso romance idílico
Vigário de Wackfield e no sentimental poema Aldeia Abandonada.
4. Roberto Southey (1774-1843) fundou a chamada escola laquista (dos escritores da região dos
lagos), na qual se imortalizou Guilherme Wordsworth (1770-1850) e Samuel Coleridge (1772-
1834). Colaboraram estes dois escritores nas Lyrical Ballads (1789), com as quais se costuma
marcar o início do Romantismo inglês propriamente dito. Um e outro se recreiam em evocar a
Idade Média e em encontrarem na poesia popular uma riquíssima fonte de inspiração lírica.
c) Romantismo na Alemanha,
Poucas nações estavam tão bem trabalhadas e preparadas para fazer germinar e crescer o
Romantismo como a Alemanha.
Flagelada por guerras religiosas e civis, que a retalharam em vários estados, não teve, durante o
Classicismo, condições propícias para criar uma literatura com continuidade. De resto, a época
dos grandes impérios europeus foi para os Alemães uma era que precisavam de esquecer. E
esqueceram-na com gosto, saltando por cima dela e indo procurar inspiração às tradições
medievais ou locais, que, para maior consolação, idealizavam a seu gosto.
4. Em 1789, aparece a revista Athenaeum, órgão do Romantismo alemão, dirigida pelos irmãos
Schlegel. Costuma datar-se daqui o princípio oficial do Romantismo germânico. Através desta
revista e de outras publicações, Augusto Schlegel (1767-1845) e Frederico Schlegel (1772-1829)
foram os incansáveis teorizadores da nova escola.
5. Novalis (Frederico de Hardenber, 1772-1801) fez uma carreira poética já romântica até à
medula. Basta ver como explorou a ideia filosófica do «nada» e da «morte» sobretudo nos
conhecidos Hinos à Noite.
6. Henrique de Kleis (1776-1811), o autor da célebre Ladainha da Morte, surge fascinado pela
vertigem de tudo o que é abissal.
7. Hoffman (1776-1822) atraiu as atenções do mundo com as suas típicas narrativas, nas quais
mostrava preferentemente o lado nocturno da alma.
d) Romantismo na França
2. Chateaubriand (1768-1847) não tem menor mérito que Madame de Staël na propagação do
movimento. O Génio do Cristianismo, livro de apologética visceralmente romântico, mostra como
a religião cristã satisfaz não só a inteligência dos crentes mas até as suas faculdades afectivas, o
seu sentimentalismo. Atola, onde pinta com mestria os ambientes exóticos da América, Os
Mártires e tantos outros livros que escreveu, tornaram-no corifeu da nova estética, quase num
plano mundial.
3. Afonso Lamartine (1790-1869) publicou em 1820 as suas Meditações. Embora com vestígios de
classicismo, esta obra lançou o poeta nos caminhos da estética romântica donde não mais
arredaria pé.
Se o autor de A Cartuxa de Parma, com seus heróis amorais, só tardiamente foi apreciado, o
criador de Nossa Senhora de Paris, com o seu historicismo pleno de mistério, ultrapassou
depressa as fronteiras da França, contaminando de romantismo o mundo inteiro.
3 – Características gerais
Classicismo Romantismo
Razão Emoção
Formas poéticas fixas Formas livres
Antiguidade Clássica Idade Média
Geral, universal Particular, individual
Impessoal, objectivo Pessoal, subjectivo
Paganismo Cristianismo
Apelo à inteligência Apelo à imaginação
Disciplina Liberdade de criação
Culto ao real Culto ao fantástico
O amor e a mulher são idealizados O amor e a mulher são idealizados
racionalmente subjectivamente
4 – O Romantismo em Portugal
- a) Contextualização
Em Portugal o Romantismo durou cerca de 40 anos (1825 a 1865). Vale lembrar que as
datas usada para delimitar os períodos literários representam o início e o fim de um momento em
que a literatura teve o predomínio de algumas determinadas características. Isso significa que é
possível encontrar essas características antes e depois do período delimitado. Um bom exemplo é
a figura de Bocage que, para a maioria dos estudiosos, está inserida no período do Arcadismo,
porém, sua obra denúncia valores do Romantismo.
O Romantismo em Portugal teve como marco inicial a publicação do poema "Camões", de
Almeida Garrett, em 1825, e terminou por volta de 1865 com a "Questão Coimbrã" ou "Questão
do Bom Senso e do Bom Gosto", liderada por Antero de Quental e que se desenvolveu num clima
político muito conturbado.
Durante o governo de D. João VI, de 1816 a 1826, além de espalhar ideais liberais em toda
a Europa, a influência da Revolução Francesa fez com que a corte portuguesa fugisse para o Brasil,
por causa das invasões francesas. Em 1820 explode na cidade do Porto uma revolução militar e
civil que tinha o objectivo de proclamar uma constituição em harmonia com os ideais correntes na
Europa. Em 1821 D. João VI retorna a Portugal para governar como rei constitucional e deixa a
regência do Brasil nas mãos de seu filho D. Pedro.
Em 1826, com a morte de D. João VI, D. Pedro vê-se diante de um dilema: ficar no Brasil
como imperador e deixar seu irmão, D. Miguel, apossar-se do trono e instaurar um governo
absolutista. Ou voltar para Portugal e governar o país, como queriam os liberais. No início, tenta
conciliar essa situação da seguinte maneira: fica no Brasil, D. Miguel casa-se com D. Maria, filha de
D. Pedro, e sentam-se ambos no trono, porém, quem governaria seria ela.
D. Miguel jura aceitar essas condições, mas assim que desembarca em Portugal envolve-se
em manifestações populares que o aclamam rei absoluto. D Miguel, apoiado pela mãe, esquece
as promessas feitas a D. Pedro e governa o país durante oito anos como rei absolutista. Essa
atitude faz D. Pedro abdicar do trono brasileiro e voltar a Portugal com tropas militares para lutar
e vencer os exércitos de D. Miguel em uma violenta guerra civil, que ficou conhecida como
"Revolução Liberal".
Depois da morte de D. Pedro em 1834 inicia-se o reinado de D. Maria II, que é marcado
por grande instabilidade social e política, mas que deixa como herança a consolidação do regime
constitucional. Após a morte de D. Maria II, em 1853, seu filho, D. Pedro V, sobe ao trono e
governa até 1861. Durante o seu reinado foi inaugurado o primeiro telégrafo eléctrico de Portugal
e o caminho de ferro que liga Lisboa ao Carregado.
Nessa época o país foi assolado por duas epidemias, uma de cólera e outra de febre
amarela, porém, o rei não se refugiou para fugir delas. Ele percorreu os hospitais para ver a
situação dos doentes e isso lhe trouxe muita popularidade. D. Pedro V morreu em 1861 sem
deixar herdeiros. Isso fez com que D. Luís assumisse o trono e governasse até 1889.
O Romantismo português teve início em 1825 quando Almeida Garrett publicou o poema
"Camões". O seu término ocorreu por volta de 1865 com a Questão Coimbrã ou Questão do Bom
Senso e do Bom Gosto, liderada por Antero de Quental. Como pode ser visto no Panorama
Histórico de Portugal, o Romantismo desenvolveu-se sob um clima político muito conturbado.
Apesar disso, os autores românticos foram aos poucos fazendo reformas literárias significativas,
que se alimentaram dessa revolução social e política, e acabaram modificando o padrão estético
neoclássico que até então vigorava em Portugal.
A segunda geração (ou 2º Romantismo) é a fase do Romantismo português que vai de,
aproximadamente, 1840 a 1860 e é conhecida também como ultra-romântica por caracterizar-se,
sobretudo, pelo sentimentalismo melodramático e um erotismo melancólico que chega ao
desespero. Se na primeira fase do Romantismo ainda existiam alguns resíduos do Neoclassicismo,
nessa segunda fase eles desaparecem por causa dos excessos cometidos por seus adeptos. Dentre
eles destacam-se Camilo Castelo Branco, na prosa, e Soares Passos, na poesia.
Poesia de Garrett
A estética romântica em Almeida Garrett
«A outros versos chamei eu já as últimas recordações da minha vida poética. Enganei o público...
Eu pouco mais tinha de vinte anos, quando publiquei certo poema, e jurei que eram os últimos
versos que fazia. Que juramentos!»
Pois foi ao quebrar antigos juramentos que Garrett se mostrou autêntico poeta romântico.
• Os efeitos contraditórios do amor, por exemplo em ‘Este inferno de amar’ e ‘Gozo e dor’.
• O poeta idealista; o anseio do amor puro e ideal, por exemplo em ‘Ignoto deo’.
• O amor intenso, real e autêntico; o amor-paixão; o amor sem convenções e sem limites; o amor
vivido, partilhado a dois, ‘ Gozo e dor’; ‘Estes sítios’ ou ‘Anjo és’.
• A sensualidade e o erotismo (a erotização, o delírio dos sentidos, o êxtase carnal), em ‘Os cinco
sentidos’.
• O jogo da sedução; a atracção fatal que conduz o homem à perdição, em ‘Barca bela’ ou ‘ Anjo
és’.
• O drama do herói romântico que reconhece a inferioridade do seu comportamento (mas não
consegue resolver o conflito entre o amor puro, espiritual, ideal, platónico e o amor pagão,
materialista, fruto do desejo carnal), em ‘Não te amo’.
• O poeta que reconhece os seus defeitos e os revela, por exemplo em ‘Não te amo’ ou ‘ Adeus’.
• O tom coloquial, natural e corrente (atitude romântica, em oposição clara ao rigor dos
clássicos), o tom confessional, ora monologado, ora dialogado, ora interrogativo retórico, ora
dramatizado (para-teatralidade), em ‘Este inferno de amar’; ‘Anjo és’ ; ‘Adeus’; ‘Destino’ ou ‘ Não
te amo’.
• O abandono das convenções clássicas: do rigor métrico e rítmico, do verso branco preconizado
pelos árcades;
• A linguagem simples, fluente, sem grandes efeitos estilísticos, mas colocando alguns recursos
estéticos (aliterações, sinestesias, metáforas, rima encadeada, pontuação variada e expressiva,
frases interrogativas, exclamativas e reticentes...) ao serviço da transmissão dos estados de alma,
do lirismo subjectivo e profundo...
GARRETT DRAMATURGO
A estética ao drama romântico, tal qual a concebeu Garrett, põe em confronto as normas
clássicas e as românticas:
Teatro clássico:
Teatro romântico:
3.As personagens devem ser tipos individualizados, revivendo nas cenas a verdade dramática da
vida comum.
4.A mesma acção desenvolvida num só dia e num mesmo lugar não convém à agitação passional
que fermenta no Romantismo. Só a unidade de acção se admitirá no teatro romântico.
5.Não esqueçamos que o drama «é a luta entre personagens, ou luta dentro da mesma
personagem — luta cujo desfecho incerto traz suspensa a curiosidade e a simpatia do
espectador».
Na tragédia «não há tanto a luta como a expectativa terrífica de um desfecho que se aproxima a
passos fatais, e contra o qual não vale astúcia humana, como diria Camões.
(A. J. Saraiva, Para a História da Cultura em Portugal, II, Lisboa, 1961, pág. 35).
ROTEIRO DE LEITURA DE UM AUTO DE GIL VICENTE
Contexto histórico-cultural
Obra com o objectivo de criar ou restaurar um teatro nacional, reatando a
tradição vicentina, assenta no auto de Gil Vicente Cortes de Júpiter
aparecendo assim uma peça dentro de outra peça.
Acção/intriga
Constrói-se à volta da representação das Cortes de Júpiter comemorativa
do casamento da Infanta D. Beatriz com Carlos de Sabóia. A partir dessa
tragicomédia - Cortes de Júpiter -, Garrett dá corpo ao conflito sentimental
de Bernardim Ribeiro e da princesa e ao amor silencioso, mas não
correspondido, de Paula Vicente pelo poeta.
Personagens
Além das personagens antes referidas, destacam-se, de entre as muitas outras, Garcia de
Resende, Gil Vicente e o rei D. Manuel que aparecem para evocar um passado de grandezas,
embora a peça deva considerar-se pouco movimentada. Além disso, as personagens e os seus
problemas não constituem mais do que motivos decorativos de um espectáculo exterior.
Na existência de algumas personagens, mistura-se o cómico e o grotesco (Bernardim no papel de
Joana Taco e Pêro Sáfio) e o trágico e o sublime (Bernardim e D. Beatriz).
Estrutura
A obra divide-se em três actos e cada acto em cenas. Tem, como fio condutor, um assunto
nacional de uma época grandiosa reforçado com a apresentação de personagens
verdadeiramente relevantes.
Enquadramento estético-literário
Definem Um Auto de Gil Vicente como um drama romântico:
- a falta de unidade de tempo e de lugar;
- um historicismo pretensamente espectacular;
- o sentido crítico pessoal na fala de Paula a propósito do pai e de D. Beatriz;
- D. Beatriz casa com o pensamento noutro homem, como acontece no Frei Luís de Sousa;
- Bernardim, no ousado encontro do galeão, reflecte a psicologia do Carlos das Viagens na Minha
Terra: ‘- Oh Beatriz, eu sou um monstro, eu não te mereço.',
- o subjectivismo disseminado pelas várias cenas;
- o sentimentalismo de muitas personagens.