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O documento resume um texto sobre antropologia jurídica em três partes: 1) define antropologia e antropologia jurídica e seu objeto de estudo; 2) explica como a antropologia jurídica permite entender melhor a diversidade cultural e o direito; 3) descreve como o direito está presente em sociedades sem escrita através de normas e costumes.
O documento resume um texto sobre antropologia jurídica em três partes: 1) define antropologia e antropologia jurídica e seu objeto de estudo; 2) explica como a antropologia jurídica permite entender melhor a diversidade cultural e o direito; 3) descreve como o direito está presente em sociedades sem escrita através de normas e costumes.
O documento resume um texto sobre antropologia jurídica em três partes: 1) define antropologia e antropologia jurídica e seu objeto de estudo; 2) explica como a antropologia jurídica permite entender melhor a diversidade cultural e o direito; 3) descreve como o direito está presente em sociedades sem escrita através de normas e costumes.
Esta sntese, baseada no texto O Despertar da Antropologia Jurdica, da professora Thais Luzia Colao, procura trazer os conceitos de Antroplogia e Antroplogia Jurdica e seu objeto de estudo; seu papel para a compreeno das relaes entre direito e diversidade cultural; e a presena do direito nas sociedades sem escrita.
A Antroplogia surge como cincia no sculo XIX, juntamente com a Sociologia, sob influncia do positivismo. Enquanto a Sociologia tomou a modernidade como seu objeto de conhecimento, a Antroplogia se voltou para a pr-modernidade, operando inicialmente em funo de um mundo em extino por fora da colonizao e do imperialismo ento vigente.
Etimologicamente, Antropologia vem da fuso dos vocbulos gregos anthropos (homem) e logia (estudo), significando assim o estudo do homem. o estudo do homem como ser biolgico, cultural e social. Tambm referida como o o estudo do homem e seus trabalhos atravs do tempo e do espao. Via de regra, como ensina Laplantine (2001), a Antropologia divide-se em cinco reas: a biolgica ou fsica (variaes dos caracteres biolgicos do homem no tempo e no espao); a pr- histrica (ligada Arqueologia, estuda vestgios de sociedades desaparecidas); a lingustica (que reproduz valores e pensamentos atravs do estudo da lngua); a psicolgica (estuda os comportamentos do homem); e a social e cultural ou atnologia (relativa ao todo de uma sociedade, sua organizao poltica e jurdica).
No Brasil a pesquisa antropolgica desenvolve-se ordinariamente segundo trs eixos principais: a etnologia indgena, o estudo das populaes negras e o mundo da cultura nos grandes centros urbanos. Em seu trabalho, o antroplogo vai tambm dar voz a quem sempre se calou, vai ajudar a manter um dilogo entre culturas diferentes, interferindo com seu trabalho na dinmica interna da sociedade.
O OBJETO DA ANTROPOLOGIA JURDICA
A Antroplogia Jurdica, especificamente, dedica-se ao estudo do Direito das sociedades simples (sem escrita e sem Estado), das instituies do Direito na sociedade contempornea, do Direito Comparado e do pluralismo jurdico. Shirley (1987) divide o estudo da Antropologia Jurdica em trs tipos: Antropologia Legal, trabalho clssico do antropologo legal, estudando a ordem social, as regras e sanses em sociedades simples e o direito primitivo; Antroplogia Jurdica, entendida como o emprego de mtodos antropolgicos de pesquisa, observao participante e comparao com instituies modernas de direito; Direito Comparado, estudo e comparao de diferentes sistemas jurdicos, simples e complexos.
Destaca a professora Thais que ao pensar em Antroplogia Jurdica deve-se desvincular o direito do Estado e da escrita, deixando de lado o monismo jurdico (entender o direito como um aparato estatal apoiado em uma representao escrita).
Agimos todos de acordo com a comunidade a que pertencemos, seja a famlia, as relaes de amizade ou profissionais, cada qual com suas regras de moral e conduta, cobradas independentemente da interferncia do direito formal (ROULAND, 2003) e de estarem estas normas escritas ou no.
Ao estudar o Direito de outras sociedades, a Antroplogia Jurdica permite compreender melhor o sistema jurdico da nossa prpria sociedade. Da mesma forma, no contexto atual de negcios globais, estudos antropolgicos tem sido utilizados por empresrios para entenderem esta diversidade ao estabelecerem negcios e relaes internacionais. 5
DIREITO E DIVERSIDADE CULTURAL
A Antroplogia Jurdica permite atravs do estudo das normas de conduta em sociedades e grupos sociais definidos conhecer bastante de sua organizao e de sua cultura.
O Direito em sua acepo mais ampla, como normas formais ou informais de regulao das relaes humanas em sociedade importante ferramenta para o conhecimento destas sociedades.
E, como corolrio, a investigao da Antroplogia Jurdica vai permitir a aproximao com culturas diversas e conhecer como tratam em seu seio as relaes jurdicas.
Ao serem estudadas questes etnico-culturais envolvendo comunidades indgenas, afro- descendentes, imigrantesde diversas nacionalidades, movimentos tnico-culturais, movimentos sociais como sem-terra, garimpeiros, homossexuais, idosos, portadores de necessidades especiais, profissionais do sexo, presidirios, estaremos conhecendo melhor o outro e a ns mesmos, aperfeioando o sistema de justia ao alargar o espectro de solues para situaes de problemas jurdicos reais em nossa sociedade.
O DIREITO NAS SOCIEDADES SEM ESCRITA
O ponto de partida para esta investigao o pluralismo jurdico, ou seja, a multiplicidade de prticas jurdicas existentes no mesmo espao scio-poltico, ativadas por confiltos e consensos, podendo seu ou no oficiais, materiais e culturais (WOLKMER, 2006).
Todas as sociedades tem seus costumes, hbitos e normas, afetando a organizao social, ainda que no escritos e no mais das vezes sem a interveno do Estado.
Nas sociedades simples, estas normas so preceitos que se mostraram valiosos ao longo de geraes, e que fazem a sociedade funcionar melhor. As normas reunem de forma interligada conceitos jurdicos, econmicos, religiosos, polticos e sociais.
O Direito nestas sociedades est apoiado em quatro princpios bsicos: a prevalncia dos interesses coletivos sobre os individuais; a responsabilidade coletiva; a solidariedade; e a reciprocidade.
Uma questo imediata por que os homens nestas sociedade obedecem a estas normas mesmo que no estejam escrita. So obedecidas por autoridade, quando a obedincia voluntria, mas com base na crena de sua obrigao. Ou pelo poder, quando se obedece mesmo sem concordar. A dependncia que o indivduo tem do grupo outro indutor da obedincia. Finalmente os ritos de iniciao, muitas vezes com dor e marcas fsicas, e remetendo a castigos dos deuses e da natureza caso delas se afastem, imprimem no indivduo as regras e a noo de que deve cumpr-las.
CONCLUSO
A Antroplogia Jurdica traz assim a viso de outras instncias do Direito, em sociedades e grupos distintos, inclusive sem escrita e/ou sem Estado, de outros locais e pocas, cujo conhecimento enriquece a nossa compreeno do Direito, de como evolui e a noo de que, independentemente de normas escritas e do papel do Estado como monopolista do Direito, sempre estaro presentes normas a regular a relao dos indivduos entre si e com a sociedade onde vivem. 6
REFERNCIAS:
COLAO, Thais Luzia, 2008, O Despertar da Antropologia Jurdica. IN: COLAO, Thais Luzia (Org.) Elementos de Antropologia Jurdica, p. 29 a 35, Florianpolis, Editora Conceito Editorial.
LAPLANTINE, Franois. Aprender Antropologia. So Paulo: Brasiliense, 2007.
ROULAND, Norbert. Nos confins do Direito. So Paulo: Martins Fontes, 2003.
SHIRLEY, Roberto Weaver. Antropologia Jurdica. So Paulo: Saraiva, 1987.
WOLKMER, Antnio Carlos. Pluralismo Jurdico. IN:BARRETO, Vicente de Paula. Dicionrio de Filosofia do Direito. So Leopoldo: Unisinos, 2006.