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Entrevista KARINA BARACHO

MAYARA AZEVEDO, RUAN MELO E CAMILA QUEIROZ

“Eu queria mudar o mundo”


Nascida em Itabuna a jornalista Karina Baracho, hoje repórter da editora local
do jornal Tribuna da Bahia, fala sobre sua rotina na redação, questões éticas,
problemas do dia-a-dia e dos critérios que utiliza ao cobrir uma pauta.

F
oi fazendo faculdade de Administração de particular. Ter que fazer um destaque. Se você colocar
Empresas em Brasília, que Karina Baracho aquele feijão com arroz todo o dia, não anda. E outra
descobriu sua paixão pelo Jornalismo. Se coisa, seu material é o lead. Se você fizer um lead
mudou em 2004 para Salvador, concluiu o legal, a pessoa lê o resto da matéria. Você tem que
curso de Comunicação Social com ênfase em encantá-la.
Jornalismo e desde então, trabalha como repórter no
Jornal Tribuna da Bahia na editoria local. Karina fala Qual o tipo de pauta mais difícil de cobrir?
sobre o sensacionalismo presente no seu jornal, a
diferença de diagramação e diz considerar a Enterro. É quando as pessoas estão muito tristes,
mudança visual do jornal muito válida já que o mesmo abaladas com alguma situação, geralmente a morte
ficou mais leve, mais colorido e mais agradável para ode um ente querido. Porque você tem que chegar pra
leitor. falar com as pessoas e elas estão tristes e comovidas.
É difícil. Nessa situação não é interessante você
chegar para um pai, para um filho e entrevistar. É
Você mesma sugere a sua pauta ou sempre muito complicado. Eu não suporto fazer.
recebe uma pauta para cobrir?
Qual foi o maior impacto que você teve ao sair do
Normalmente a gente recebe a pauta. Chegamos mundo “teórico” da faculdade e passar pra rotina
aqui duas horas e nossa pauta já está pronta. Ela é da redação?
feita pela manhã, quem faz é a pauteira. Aí a gente
recebe a pauta e faz. Raramente a gente sugere Saber que eu não ia mudar o mundo. Quando eu saí
alguma pauta, não é o normal. A gente pode sugerir faculdade eu queria mudar o mundo. Pensava que iria
de vez em quando eu tenho umas ideias, mas não é poder escrever o que queria e o que realmente está
normal. E as vezes as coisas acontecem, hoje por acontecendo. Em qualquer veículo de comunicação a
exemplo, ia ter uma passeata agora de tarde. Eu fui gente vê que não é assim porque existe o interesse do
cobrir uma passeata e aí cheguei lá não teve. Aí eu próprio veiculo e o das pessoas que anunciam nos
tive que procurar outra coisa dentro daquele mesmo veículos. Não só é aqui, mas em qualquer jornal
tema. Foi o caso dos meninos que morreram de impresso de salvador, nas TVs etc. A gente tem que
menigite na Caixa D’água. Não teve a passeata, daí a saber se podar, se moldar e aprender a escrever nas
gente foi atrás da escola que tava distribuindo entrelinhas se quer que uma determinada informação
medicação pra fazer matéria em cima disso, focando saia. O maior impacto que a gente tem é que não
outra coisa. podemos mudar o mundo. Eu comecei a estagiar aqui
antes de terminar a faculdade. Foi bom e foi
Quais os critérios que você usa para cobrir uma complicado, porque quando eu via na faculdade a
determinada matéria? professora falando aquelas coisas mirabolantes sobre
o dia-a-dia na redação, eu sabia que não era nada
Sempre o diferente. A gente tem que ter o felling e a aquilo. A realidade era outra.
sensibilidade de pegar algo que chama mais atenção
nas pessoas. Por exemplo, hoje a gente teve que O que deve ser notícia no jornal?
fazer sobre os medicamentos, mas as pessoas não
queriam os medicamentos e sim a vacina. Então a Tudo é notícia. Tudo tem gente que quer saber. Agora
gente focou muito na questão de não ter vacina e a gente tem que verificar por exemplo, sair um pouco
que se você quiser vacinar, tem que ser em hospital p do sensacionalismo...até aqui mesmo no jornal, temos

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Entrevista KARINA BARACHO

que sair um pouco disso. A gente Atualmente, um dos assuntos


tenta ao máximo fazer isso, mas mais discutidos pelos
tudo é notícia. Tudo a galera professores na faculdade é
quer saber, e tem que saber sobre o jornalismo on-line.
mesmo. “Você tem Você acredita que a internet
poderá acabar com o
Como vocês lidam com a
concorrência? que capturar o jornalismo impresso?

Ainda não. Na minha época já


Local é muito tranqüila. Não tem
muito disso. Agora no de Polícia,
leitor.” falavam sobre o fim do jornalismo
impresso e ele não acabou. Eu
tem. A gente se dá muito bem sempre quis trabalhar no
né? O pessoal dos outros jornalismo impresso. Eu acredito
veículos, a gente se conhece, se que tem o seu espaço, o online
fala na rua mas em questão de também. Eles podem coexistir.
furo, ninguém passa para o Eles têm suas formas distintas de
outro. Se eu sei de uma coisa...a abordar a notícia. Na TV não
outros, para filmar, vender pra TV,
gente fala de Polícia porque as saem tanto os detalhes que saem
fotografar, vender pra jornal
coisas são muito imediatas. Se no impresso ou em um site. A
impresso. Eu acho que esse tipo
eu soube de uma morte que teve gente do impresso tem que
de jornalismo não dura muito
em tal lugar, e se eu perceber enxugar a notícia, mas de uma
porque é uma coisa que cansa,
que a coisa é “pesada” eu não forma que tenha mais detalhes.
que desgasta, além de ser uma
aviso para os meus colegas e
coisa horrível. É uma coisa feia.
nem eles me avisariam se Como é que você lida quando o
Você abrir um jornal e ver uma
tivessem. A gente pode se jornal te delimita um espaço
matéria extremamente
encontrar, mas não avisa não. para a sua matéria?
sensacionalista. Eu não gosto.
Conheço os outros meninos que
Como é seu relacionamento Quando a gente sabe que tem
fazem os programas desse tipo
com seus colegas na que escrever aquilo é mais fácil
mas, eu não assisto. Se você me
redação? porque você mesmo faz a sua
perguntar o horário que passa, eu
seleção e coloca só o que é
não sei.
É tranqüilo, ótimo. Aqui na importante. Hoje mesmo, minha
TRIBUNA, tem um diferencial matéria ficou com duas fontes de
Como você lida com a questão
entre os outros dois jornais fora porque já tava grande
ética? Você já passou por
baianos, por ser um jornal demais. Com o tempo você vai
alguma situação em que alguém
menor, então a gente se dá aprendendo, articulando as
lhe deu uma informação em “off
muito bem. Os outros são um palavras. Uma frase que é grande
“e você não pode publicar?
pouco maiores, as pessoas têm você reescreve de outra forma
o ego muito elevado. Eu gosto sem reduzir o impacto que ela
Ás vezes quando a gente recebe a
muito daqui. causaria. Quando a gente não
informação em “off”, a gente
sabe a quantidade de linhas é
publica mas não tem o nome da
Você acredita que para complicado porque às vezes
fonte. Quando eu fazia Polícia eu
conquistar um leitor, um escrevemos uma grande matéria
recebia muita informação assim, e
jornal tenha que usar do e ela é cortada. Mas tem vezes
não publicava. Inclusive uma vez,
sensacionalismo? que você termina de fazer a
eu entreguei um cara que estava
matéria e o editor pede pra você
sendo procurado, ai o pai desse
Não, muito pelo contrário. O reduzir. É um problema porque
cara veio aqui, fazendo e
sensacionalismo não prende a você já está com tudo pronto e
acontecendo, liguei pra minha
maioria dos leitores. Quer dizer, tem que mudar muitas coisas ou
fonte, ele passou todo o histórico
prende, mas não é a maioria. refazer. Mas é pior quando eles
do cara, etc. Ai ele disse que ia
Também eu acho que as mesmos cortam. Quando você
entrar com uma ação, mas tudo
pessoas que são atraídas pelo abre o jornal e tá lá sua matéria
tava na minha mão. Polícia é
sensacionalismo são menos decepada. A gente sempre
complicado (risos)
seletivas. Elas estão muito pergunta quantas linhas e eles
preocupadas na desgraça dos dão mais ou menos uma média. E

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também do peso, tem matéria


que não rende muita coisa. Você
faz as vezes, um esforço pra
fazer 25 linhas de alguma coisa.

Vo c ê f e z o c u r s o d e
“Eu gosto do
Administração antes de
Jornalismo. O que te fez
desistir desse curso e seguir a
contato com
carreira com comunicação?
as pessoas.”
Você leu o que meu? (risos) Meu
deus! Números, números. Na
realidade eu tinha feito
comunicação e coloquei como
Segunda opção o curso de
Administração. Ai não passei em chama atenção. Empolga o leitor
comunicação e pensei: “Vou para ler.
tentar. Vai que eu gosto e tô
falando que não gosto”. Mas eu O que significou pra você a
não conseguia ir pra faculdade. mudança no visual do jornal?
Morava do lado e não ia. Era
muito chato. Sou muito ruim de Ai eu amei. Ficou mais bonito, mais
número, você não sabe como atraente, a tarja de cima muda.
sou péssima. Até na hora de Hoje é azul, ontem foi vermelho.
receber o troco eu tenho Você leu a edição de aniversário?
vergonha de contar. Se o cara Dava pra ver bem a mudança.
for me roubar, ele vai me roubar, Mostrava como era o jornal, tinha
oorque se eu contar e não até uma exposição no shopping.
contar, vai dar no mesmo. Antes era muito preto, muito
Quando eu chego em casa, eu texto...agora tem muita foto, a
vou fazer as contas na gente tá valorizando muito a
calculadora, mas ai, ele já vai ter imagem já que o texto casa com a
me roubado. E não é minha imagem. Eu, o fotógrafo e o
praia. Eu adoro escrever, gosto motorista, somos uma equipe. Se
do contato com as pessoas o texto não tá legal, desvaloriza a
quando eu fico três dias foto. Assim como se a foto não
trancada na redação eu fico estiver boa, o texto vai ser
desesperada. Peço pelo amor desvalorizado também. A gente
de deus, pra me darem uma usa muito isso agora, pra ficar
pauta pra cobrir na rua, pra eu harmonioso.
sair. Então, não ia conseguir
fazer nada disso em Já que você viveu em Brasília
Administração. por um tempo, qual a diferença
do jornal de lá para o daqui?
Como é que você definiria a
linha editorial do seu jornal? Lá os jornais são mais voltados
Qual é o diferencial dele para para política. A política sempre
os outros? pesa mais. O correio brasiliense é
muito parecido com a TRIBUNA na
O jornal mudou. Teve uma forma de lidar com as matérias.
mudança bem legal. O formato
do jornal mudou. Você abria o
jornal e ele tinha um peso. Agora
tá mais leve, mais colorido e

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