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THIAGO BAZZI
WALDEMIR SILGUEIRO JUNIOR
Cuiabá
2007
DEDICATÓRIA
Thaysa
Aos meus pais, Izabete e Francisco, amor incontestável, força e patrocínio durante esses
anos.
À minha irmã Jakeline pelo companheirismo.
Aos meus companheiros de monografia, Thiago e Junior.
Ao meu namorado Thiago, pelos ensinamentos, paciência e carinho de cada dia.
Aos amigos de longa data e aos que fiz durante essa louca jornada chamada faculdade.
Thiago
Junior
Aos meus pais, “Valdema” e “Cidinha”, que estiveram sempre ao meu lado, embora
separados por 725 km e pelo amor e carinho incondicionais.
Aos meus irmãos, Vinícius e Victor, pela amizade, companheirismo e confidências.
Aos meus familiares, em especial, Ademir, Marilene, Madalena e Ivanete por me darem
casa e comida quando necessário.
À minha namorada Talita, pelo carinho e paciência.
Aos amigos, em especial, Fhred, Pequeno e Plunk, pela parceria e irmandade.
Aos meus companheiros de monografia, Thaysa e Thiago, pelos telefonemas para me
acordar.
A todos que duvidaram de mim.
“Nosso”
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 05
APÊNDICES .................................................................................................................. 66
5
Introdução
1- Do termo inglês “The making of” (a feitura de); jargão para um documentário de bastidores que registra
o processo de produção, realização e repercussão de um produto audiovisual.
7
Este capítulo aborda o histórico das linguagens utilizadas para esta monografia:
literatura, cinema e vídeo, com a finalidade de dar sustentação às discussões posteriores.
1.1 LITERATURA
1.2 CINEMA
Assim como na literatura, o cinema fala por meio de sua linguagem específica.
O escritor se expressa por um conjunto de palavras que formam frases, orações e
períodos. A expressão daquele que escreve se dá através da sintaxe. E o cinema também
tem uma sintaxe que se cristaliza pelo relacionamento dos planos, cenas, seqüências,
sons.
Segundo Comparato
Em 1896, apenas sete meses depois da histórica exibição dos filmes dos irmãos
Lumière em Paris, foi realizada no Rio de Janeiro, a primeira sessão de cinema no Brasil.
Um ano depois, Paschoal Segreto e José Roberto Cunha Salles inauguraram, na Rua do
Ouvidor, uma sala permanente. Em 1898, Afonso Segreto rodou o primeiro filme
brasileiro: algumas cenas da baía de Guanabara. Seguiram-se pequenos filmes sobre o
cotidiano carioca e filmagens de pontos importantes da cidade, como o Largo do
Machado e a Igreja da Candelária, no estilo dos documentários franceses do início do
século.
Nos primeiros dez anos a produção de filmes era fraca devido à falta de energia
elétrica, porém em 1907 com a instalação de usinas hidrelétricas a energia passou a ser
mais confiável e a industria cinematográfica no Brasil começou a se expandir. Em 1908
já havia 20 salas de cinema no Rio de Janeiro, boa parte delas com suas próprias equipes
de filmagem. A comercialização de filmes estrangeiros é seguida por uma promissora
produção nacional.
2
Plano que enfatiza um detalhe. Primeiro plano.
3
Interrupção de uma sequência cronológica narrativa pela interpolação de eventos ocorridos anteriormente.
10
1.3 VÍDEO
Nos anos 50 teve início a era TV no Brasil. Segundo o Site Tudo Sobre TV4 o
Brasil foi o quarto país no mundo a possuir emissora de televisão, ficando atrás somente
dos Estados Unidos, França e Inglaterra. A primeira emissora nacional foi a TV Tupi
canal 3, a televisão teve seus primeiros anos marcados pela fase de aprendizagem, tanto
técnica quanto artisticamente. Já em 1959 entra em cena o videotape5, equipamento que
dá a possibilidade de gravarmos, editarmos e regravarmos as cenas que até então eram
todas feitas exclusivamente ao vivo na TV. Com o desenvolvimento do videotape, não foi
só a tevê que se beneficiou. Vários realizadores cinematográficos passaram a utilizar a
imagem videográfica como teste para as suas produções; com isso, a experimentação
também retornou no campo da produção cinematográfica.
Segundo Machado (1996) podem-se distinguir três fases na curta história do vídeo
brasileiro.
“Nos anos 70, o vídeo foi explorado exclusivamente por artistas plásticos que
buscavam novos meios e suportes para suas idéias criativas. A exibição se
restringia então ao circuito sofisticado dos museus e galerias de arte. Nos anos
80, surge a geração do vídeo independente, que amplia o alcance do vídeo
criativo, atingindo um público mais largo. Eram geralmente jovens recém
saídos das universidades, que faziam um movimento ruidoso e enérgico,
tentando transformar a Imagem eletrônica num fato da cultura de nosso tempo.
O horizonte dessa geração passa a ser a televisão e não mais o circuito erudito
da vídeo-arte praticada pelos pioneiros. A terceira e mais recente geração de
videomakers brasileiros não representa propriamente uma virada radical de
estilo, forma e conteúdo em relação às outras duas fases já vividas pelo vídeo.
Na verdade, essa nova geração, que desponta publicamente nos anos 90, tira
proveito de toda a experiência acumulada, faz a síntese das outras duas
gerações e parte para um trabalho mais maduro, de solidificação das conquistas
anteriores. A maioria dos representantes dessa nova geração vem do ciclo do
vídeo independente, optando, todavia por um trabalho mais pessoal, mais
autoral, menos militante ou socialmente engajado, retomando, portanto certas
diretrizes da geração dos pioneiros” (MACHADO, 1996, p. 37) .
4
http://www.tudosobretv.com.br/history/tv50.htm
5
Fita magnética em que é possível gravar áudio e vídeo. Pode também ser o nome da máquina gravadora.
11
Este capítulo abordou o tema literatura, cinema e vídeo através dos seus aspectos
fundamentais que oferecem sustentação à posterior transposição de uma linguagem para a
outra, a qual será verificada no capítulo 3 desta monografia.
12
2.1 O AUTOR
2.2 O CONTO
O conto “A Pata do Macaco” foi publicado na obra “The Lady of Barge” (Jacobs,
1902), uma coletânea de contos do autor. No quadro 2.1 sua transcrição na íntegra
disponível em (http://www.contosimortais.pop.com.br/patadomacaco.htm).
- Ouça o vento - disse o Sr. White, que, tendo visto tarde demais um erro fatal, queria
evitar que o filho o visse.
- Estou escutando - disse o último, estudando o tabuleiro ao esticar a mão.
- Xeque.
- Eu duvido que ele venha hoje à noite - disse o pai, com a mão parada em cima do
tabuleiro.
- Mate - replicou o filho.
- Essa é a desvantagem de se viver tão afastado - vociferou o Sr. White, com um a
violência súbita e inesperada. - De todos os lugares desertos e lamacentos para se viver,
este é o pior. O caminho é um atoleiro, e a estrada uma torrente. Não sei o que as pessoas
têm na cabeça. Acho que, como só sobraram duas casas na estrada, elas acham que não
faz mal.
- Não se preocupe, querido - disse a esposa em tom apaziguador. - Talvez você ganhe a
próxima partida.
O Sr. White levantou os olhos bruscamente a tempo de perceber uma troca de olhares
entre mãe e filho. As palavras morreram em seus lábios, e ele escondeu um sorriso de
culpa atrás da barba fina e grisalha.
- Aí vem ele - disse Herbert White, quando o portão bateu ruidosamente e passos pesados
se aproximaram da porta.
O velho levantou-se com uma pressa hospitaleira e, ao abrir a porta, foi ouvido
cumprimentando o recém chegado. Este também o cumprimentou, e a Sra. White tossiu
ligeiramente quando o marido entrou na sala, seguido por um homem alto e corpulento,
com olhos pequenos e nariz vermelho.
- Sargento Morris - disse ele, apresentando-o.
O sargento apertou as mãos e, sentando-se no lugar que lhe ofereceram perto do fogo,
observou satisfeito o anfitrião pegar uísque e copos, e colocar uma pequena chaleira de
cobre no fogo.
Depois do terceiro copo, seus olhos ficaram mais brilhantes, e ele começou a falar, o
pequeno círculo familiar olhando com interessante este visitante de lugares distantes,
quando ele empertigou os ombros largos na cadeira e falou de cenários selvagens e feitos
intrépidos: de guerras, pragas e povos estranhos.
- Vinte e um anos nessa vida - disse o Sr. White, olhando para a esposa e o filho. -
Quando ele foi embora era um rapazinho no armazém. Agora olhem só para ele.
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- Ele não parece ter sofrido muitos reveses - disse a Sra. White amavelmente.
- Eu gostaria de ir à Índia - disse o velho - só para conhecer, compreende?
- Você está bem melhor aqui - disse o sargento, sacudindo a cabeça. Pôs o copo vazio na
mesa e, suspirando baixinho, sacudiu a cabeça novamente.
- Eu gostaria de ver aqueles velhos templos, os faquires e os nativos - disse o velho. - O
que foi que você começou a me contar outro dia sobre uma pata de macaco ou algo assim
Morris?
- Nada - disse o soldado rapidamente. - Não é nada de importante.
- Pata de macaco? - perguntou a Sra. White, curiosa.
- Bem, é só um pouco do que se poderia chamar de magia, talvez - disse o sargento com
falso ar distraído.
Os três ouvintes debruçaram-se nas cadeiras interessados. O visitante levou o copo vazio
à boca distraidamente e depois recolocou-o onde estava. O dono da casa tornou a enchê-
lo.
- Aparentemente - disse o sargento, mexendo no bolso - é só uma patinha comum
dissecada.
Tirou uma coisa do bolso e mostrou-a. A Sra. White recuou com uma careta, mas o filho,
pegando-a, examinou-a com curiosidade.
- E o que há de especial nela? - perguntou o Sr. White ao pegá-la da mão do filho e,
depois de examiná-la, colocá-la sobre a mesa.
- Foi encantada por um velho faquir - disse o sargento -, um homem muito santo. Ele
queria provar que o destino regia a vida das pessoas, e que aqueles que interferissem nele
seriam castigados. Fez um encantamento pelo qual três homens distintos poderiam fazer,
cada um, três pedidos a ela.
A maneira dele ao dizer isso foi tão solene que os ouvintes perceberam que suas risadas
estavam um pouco fora de propósito.
- Bem, por que não faz os seus três pedidos, senhor? - disse Herbert White astutamente.
O soldado olhou para ele como olham as pessoas de meia-idade para um jovem
presunçoso.
- Eu fiz - disse ele calmamente, e seu rosto marcado empalideceu.
- E teve mesmo os três desejos satisfeitos? - perguntou a Sra. White.
- Tive - disse o sargento, e o copo bateu nos dentes fortes.
- E alguém mais fez os pedidos? - insistiu a senhora.
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- O primeiro homem realizou os três desejos - foi a resposta. - Eu não sei quais foram os
dois primeiros, mas o terceiro foi para morrer. Por isso é que consegui a pata.
Seu tom de voz era tão grave que o grupo ficou em silêncio.
- Se você conseguiu realizar os três desejos, ela não serve mais para você Morris - disse o
velho finalmente. - Para que você guarda essa pata?
O soldado meneou a cabeça.
- Por capricho, suponho - disse lentamente. - Cheguei a pensar em vendê-la, mas acho
que não o farei. Ela já causou muitas desgraças. Além disso, as pessoas não vão comprar.
Acham que é um conto de fadas, algumas delas; e as que acreditam querem tentar
primeiro para pagar depois.
- Se você pudesse fazer mais três pedidos - disse o velho, olhando para ele atentamente -,
você os faria?
- Eu não sei - disse o outro. - Eu não sei.
Pegou a pata e, balançando-a entre os dedos, de repente jogou-a no fogo.
White, com um ligeiro grito, abaixou-se e tirou-a de lá.
- É melhor deixar que ela se queime - disse o soldado solenemente.
- Se você não quer mais, Morris - disse o outro -, me dá.
- Não - disse o amigo obstinadamente. - Eu a joguei no fogo. Se você ficar com ela, não
me culpe pelo que acontecer. Jogue isso no fogo outra vez, como um homem sensato.
O outro sacudiu a cabeça e examinou sua nova aquisição atentamente.
- Como você faz para pedir? - perguntou.
- Segure a pata na mão direita e faça o pedido em voz alta - disse o sargento -, mas eu o
advirto sobre as conseqüências.
- Parece um conto das Mil e uma noites - disse a Sra. White, ao se levantar e começar a
pôr o jantar na mesa. - Você não acha que deveria pedir quatro pares de mão para mim?
- Se quer fazer um pedido - disse ele asperamente -, peça algo sensato. O Sr. White
colocou a pata no bolso novamente e, arrumando as cadeiras acenou para que o amigo
fosse para a mesa. Durante o jantar o talismã foi parcialmente esquecido, e depois os três
ficaram escutando, fascinados, um segundo capítulo das aventuras do soldado na Índia.
- Se a história sobre a pata de macaco não for mais verdadeira do que as que nos contou -
disse Herbert, quando a porta se fechou atrás do convidado, que partiu a tempo de pegar o
último trem-, nós não devemos dar muito crédito a ela.
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- Você deu alguma coisa a ele por ela, papai? - perguntou a Sra. White, olhando para o
marido atentamente.
- Pouca coisa - disse ele, corando ligeiramente. - Ele não queria aceitar, mas eu o fiz
aceitar. E ele tornou a insistir que eu jogasse fora.
- É claro - disse Herbert, fingindo estar horrorizado. - Ora, nós vamos ser ricos, famosos e
felizes. Peça para ser um imperador, papai, para começar, então você não vai ser mais
dominado pela mulher.
Ele correu em volta da mesa, perseguido pela Sra. White armada com uma capa de
poltrona.
O Sr. White tirou a pata do bolso e olhou para ela dubiamente.
- Eu não sei o que pedir, é um fato - disse lentamente. - Eu acho que tenho tudo o que
quero.
- Se você acabasse de pagar a casa ficaria bem feliz, não ficaria? - disse Herbert, com a
mão no ombro dele. - Bem, peça 200 libras, então, isso dá.
O pai, sorrindo envergonhado pela própria ingenuidade, segurou o talismã, quando o
filho, com uma cara solene, um tanto franzida por uma piscadela de olhos para a mãe,
sentou-se no piano e tocou alguns acordes para fazer fundo.
- Eu desejo 200 libras - disse o velho distintamente.
Um rangido do piano seguiu-se às palavras, interrompido por um grito estridente do
velho. A mulher e o filho correram até ele.
- Ela se mexeu - gritou ele, com um olhar de nojo para o objeto caído no chão. - Quando
eu fiz o pedido, ela se contorceu na minha mão como uma cobra.
- Bem, eu não vejo o dinheiro - disse o filho ao pegá-la e colocá-la em cima da mesa - e
aposto que nunca vou ver.
- Deve ter sido imaginação sua, papai - disse a esposa, olhando para ele ansiosamente.
Ele sacudiu a cabeça.
- Não faz mal, não aconteceu nada, mas a coisa me deu um susto assim mesmo.
Eles se sentaram perto do fogo novamente enquanto os dois homens acabavam de fumar
cachimbos. Lá fora, o vento zunia mais do que nunca, e o velho teve um sobressalto com
o barulho de uma porta batendo no andar de cima. Um silêncio estranho e opressivo
abateu-se sobre todos os três, e perdurou até o velho casal se levantar e ir dormir.
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- Eu espero que vocês encontrem o dinheiro dentro de um grande saco no meio da cama -
disse Herbert, ao lhes desejar boa noite - e algo terrível agachado em cima do armário
observando vocês guardarem seu dinheiro maldito.
Ficou sentado sozinho na escuridão, olhando para o fogo baixo e vendo caras nele. A
última cara foi tão feia e tão simiesca que ele olhou para ela assombrado. A cara ficou tão
vivida que, com uma risada inquieta, ele procurou um copo na mesa que tivesse um
pouco de água para jogar no fogo. Sua mão pegou na pata de macaco, e com um ligeiro
estremecimento ele limpou a mão no casaco e foi dormir.
II
Na claridade do sol de inverno, na manhã seguinte, quando este banhou a mesa do café,
ele riu de seus temores. Havia um ar de naturalidade na sala que não existia na noite
anterior, e a pequena pata suja estava jogada na mesa de canto com um descuido que não
atribuía grande crença a suas virtudes.
- Eu creio que todos os velhos soldados são iguais - disse a Sra. White. - Essa idéia de dar
ouvidos a tal tolice! Como é que se pode realizar desejos hoje em dia? E se fosse
possível, como é que iam aparecer 200 libras, papai?
- caindo do céu, talvez - disse Herbert, com ar brincalhão.
- Morris disse que as coisas aconteciam com tanta naturalidade - disse o pai - que a gente
podia até achar que era coincidência.
- Bem, não gaste o dinheiro antes de eu voltar - disse Herbert, ao se levantar da mesa. -
Estou com medo de que você se torne um homem mesquinho e avarento, e vamos ter de
renegá-lo.
A mãe riu e, acompanhando-o até a porta, viu-o descer a rua. Voltando à mesa do café,
divertiu-se à custa da credulidade do marido. O que não a impediu de correr até a porta
com a batida do carteiro, nem de se referir a sargentos da reserva com vício de beber,
quando descobriu que o correio trouxera uma conta do alfaiate.
- Herbert vai dizer uma das suas gracinhas quando chegar em casa - disse ela, quando se
sentaram para jantar.
- Com certeza - disse o Sr. White, servindo-se de cerveja -, mas, apesar de tudo, a coisa se
mexeu na minha mão; eu posso jurar.
- Foi impressão - disse a senhora apaziguadoramente.
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- Estou dizendo que se mexeu - replicou o outro. - Não há dúvida; eu tinha acabado... O
que houve?
A mulher não respondeu. Estava observando os movimentos misteriosos de um homem
do lado de fora, que, espiando com indecisão para a casa, parecia estar tentando tomar a
decisão de entrar. Lembrando-se das 200 libras, ela reparou que o estranho estava bem-
vestido e usava um chapéu de seda novo.
Por três vezes ele parou no portão, e depois caminhou novamente. Da quarta vez ficou
com a mão parada sobre ele, e depois com uma súbita resolução abriu-o e entrou. A Sra.
White no mesmo momento desamarrou o avental rapidamente, colocando-o debaixo da
almofada da cadeira. Convidou o estranho, que parecia deslocado, a entrar. Ele olhou
para ela furtivamente, e ouviu preocupado, a senhora desculpar-se pela aparência da sala,
e pelo casaco do marido, uma roupa que ele geralmente reservava para o jardim. Então
ela esperou, com paciência, que ele falasse do que se tratava, mas, a princípio, ele ficou
estranhamente calado.
- Eu... pediram-me para vir aqui - disse ele finalmente, e abaixando-se tirou um pedaço de
algodão das calças. - Eu venho representando "Maw&Meggins".
A senhora sobressaltou-se.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntou ela, ofegante - Acontecem alguma coisa a
Herbert? O que é? O que é?
O marido interveio.
- Calma, calma, mamãe - disse ele rapidamente. - Sente-se e não tire conclusões
precipitadas. O senhor certamente não trouxe más notícias, não é, senhor - e olhou para o
outro ansiosamente.
- Eu lamento... - começou o visitante.
- Ele está ferido? - perguntou a mãe desesperada.
O visitante assentiu com a cabeça.
- Muito ferido - disse. - Mas não está sofrendo.
- Ah, graças a Deus! - disse a senhora, apertando as mãos. - Graças a Deus! Graças...
Parou de falar de repente quando o significado sinistro da afirmativa se abateu sobre ela,
e ela viu a terrível confirmação de seus temores no rosto desviado do outro. Prendeu a
respiração e, virando-se para o marido, menos perspicaz, pôs a mão trêmula sobre a dele.
Seguiu-se um demorado silêncio.
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- Ele foi apanhado pela máquina - repetiu o Sr. White, estonteado. - Ah!
Sim.
Ficou sentado olhando para a janela e, tomando a mão da esposa entra as suas, apertou-a
como tinha vontade de fazer nos velhos tempos de namoro há quase 40 anos.
- Ele era o único que nos restava - disse ele, voltando-se amavelmente para o visitante. -
É difícil.
O outro tossiu e, levantando-se, caminhou lentamente até a janela.
- A firma me pediu para transmitir os nossos sinceros pêsames a vocês por sua grande
perda - disse ele, sem olhar para trás. - Eu peço que compreendam que sou apenas um
empregado da firma e estou apenas obedecendo ordens.
Não houve resposta; o rosto da senhora estava branco, os olhos parados e a respiração
inaudível; no rosto do marido havia um olhar que o amigo sargento talvez tivesse na
primeira batalha.
- Devo dizer que "Maw&Meggins" estão isentos de toda responsabilidade - continuou o
outro. - Eles não têm nenhuma dívida com a família, mas, em consideração aos serviços
de seu filho, desejam presenteá-los com uma certa soma como compensação.
O Sr. White largou a mão da esposa e, pondo-se de pé, olhou para o visitante horrorizado.
Seus lábios secos pronunciaram as palavras:
- Quanto?
- Duzentas libras - foi a resposta.
Indiferente ao grito da esposa, o velho sorriu fracamente, estendeu as mãos como um
homem cego e caiu, desfalecido, no chão.
III
- Nós conseguimos satisfazer o primeiro pedido - disse a senhora, febrilmente. - Por que
não o segundo?
- Foi uma coincidência - gaguejou o velho.
- Vá buscar a pata e faça o pedido - gritou a esposa, tremendo de excitação.
O velho virou-se, olhou para ela, e sua voz tremeu.
- Ele já está morto há 10 dias e, além disso, ele... - eu não queria lhe dizer isso, mas... só
consegui reconhecê-lo pela roupa. Se já estava tão horrível para você ver, imagine agora?
- Traga-o de volta - gritou a senhora, e o arrastou para a porta. - Você acha que tenho
medo do filho que criei?
Ele desceu na escuridão, foi tateando até a sala e depois até a lareira. O talismã estava no
lugar, e um medo horrível de que o desejo ainda não expresso pudesse trazer o filho
mutilado apossou-se dele, e ficou sem ar ao perceber que perdera a direção da porta. Com
a testa fria de suor, ele deu volta na mesa, tateando, e foi-se amparando na parede até se
achar no corredor com a coisa nociva na mão.
Até o rosto da esposa parecia mudado quando ele entrou no quarto. Estava branco e
ansioso, e para seu temor parecia ter um olhar estranho. Ele sentiu medo dela.
- Peça! - gritou ela, com voz forte.
- Isso é loucura - disse ele, com voz trêmula.
- Peça! - repetiu a esposa.
Ele levantou a mão.
- Eu desejo que meu filho viva novamente.
O talismã caiu no chão, e ele olhou para a coisa com medo.
Então afundou numa cadeira, trêmulo, quando a esposa, com os olhos ardentes, foi até a
janela e levantou a persiana.
Ficou sentado até ficar arrepiado de frio, olhando ocasionalmente para a figura da velha
senhora espiando pela janela.
O cotoco de vela, que queimara até a beirada do castiçal de porcelana, jogava sombras
sobre o teto e as paredes, até que, com um bruxulear maior do que os outros, se apagou.
O velho, com uma imensa sensação de alívio pelo fracasso do talismã, voltou para a
cama, e um ou dois minutos depois a senhora veio silenciosamente para o seu lado.
23
Nenhum dos dois disse nada, mas permaneceram deitados em silêncio, ouvindo o tique-
taque do relógio. Um degrau rangeu, e um rato correu guinchando através do muro. A
escuridão era opressiva e, depois de ficar deitado por algum tempo, criando coragem, ele
pegou a caixa de fósforos e, acendendo um, foi até embaixo para pegar uma vela.
Nos pés da escada o fósforo se apagou, e ele parou para riscar outro; no mesmo momento
ouviu-se uma batida na porta da frente, tão baixa e furtiva que quase não se fazia ouvir.
Os fósforos caíram-lhe da mão e espalharam-se no corredor. Ele permaneceu imóvel,
com a respiração presa até a batida se repetir. Então virou-se e fugiu rapidamente para o
quarto, fechando a porta atrás de si.
Uma terceira batida ressoou pela casa.
- O que é isso? - gritou a senhora, levantando-se.
- Um rato - disse o velho com voz trêmula -, um rato. Ele passou por mim na escada.
A esposa sentou-se na cama, escutando. Uma batida alta ressoou pela casa.
- É Herbert! - gritou. - É Herbert!
Ela correu até a porta, mas o marido ficou na frente dela e, pegando-a pelo braço,
segurou-a com força.
- O que você vai fazer? - sussurrou ele com voz rouca.
- É meu filho; é Herbert! - gritou ela, debatendo-se mecanicamente. - Eu esqueci que ele
estava a 10 quilômetros daqui. Por que está me segurando? Me solte. Eu tenho de abrir a
porta.
- Pelo amor de Deus não deixe entrar - gritou o velho tremendo.
- Você está com medo do próprio filho - gritou ela, debatendo-se. - Me solte. Eu já vou,
Herbert; eu já vou.
Ouviu-se mais uma batida, e mais outra. A senhora com um arrancão súbito soltou-se e
saiu correndo do quarto. O marido seguiu-a até a escada e chamou-a enquanto ela corria
para baixo. Ele ouviu a corrente chocalhar e a tranca do chão ser puxada lenta e
firmemente do lugar. Então a voz da senhora soou, nervosa e ofegante.
- A tranca - gritou ela alto. - Desça que eu não consigo puxar a tranca.
24
3.1 PRÉ-PRODUÇÃO
3.1.1 Roteiro
Madalena o pergunta se os seus desejos já haviam sido atendidos. Ele responde que sim.
Diz também que só conseguiu a pata pois o primeiro homem que a possuiu desejou, como
terceiro pedido, a morte. Nesse momento, ele retira a pata do bolso e a mostra. Sr.
Alfredo questiona o motivo de ele ainda estar com a pata. O sargento diz que não sabe e
faz menção de quebrá-la. Alfredo pede para ficar com ela já que não mais o servia. Este
por sua vez, tenta dissuadi-lo em vão. Alfredo então engrossa a voz e, chamando o
sargento pelo primeiro nome, ordena que lhe dê a pata e é atendido.
Sgt. Brandão deixa a propriedade e a família se reúne em torno da pata, ainda duvidando
de seus poderes. Mesmo assim Alfredo faz um pedido de mil e duzentos reais. A luz da
sala pisca e a pata treme em sua mão, que a atira em um canto. Todos vão dormir.
Ao raiar do dia, a família toma café da manhã unida. Helberth sai para trabalhar e os pais
continuam com seus afazeres domésticos.
No fim da tarde, vem à porta um senhor de terno preto e valise em mãos, dizendo ser da
siderúrgica onde Helberth trabalhava. Ele informa ao casal que seu filho sofrera um
acidente grave com a fornalha e havia morrido. Disse também que o valor da indenização
era de mil e duzentos reais. Madalena cai em prantos e Alfredo desfalece.
Três semanas depois, em mais uma noite de insônia, Madalena não se agüenta e ordena
ao marido que peça o filho de volta. Alfredo olha incrédulo e a princípio titubeia, mas
acaba por atender à vontade de Madalena. Após fazer o pedido à pata, nada acontece e
eles voltam para a cama. Madalena não consegue dormir e fica caminhando pelo quarto.
Ouvem-se pegadas e batidas leves à porta. Madalena diz a Alfredo que é Helberth e corre
para abrir a porta para ele, se atrapalhando no caminho com os objetos da casa e com o
molho de chaves.
Enquanto Madalena vai abrir a porta, Alfredo fica imaginando como seu filho deve ter
ficado depois do acidente e visualiza um monstro atacando sua mulher. Com essa visão,
procura desesperadamente a pata pelo quarto. Quando a encontra, pede a ela que a coisa
que está à porta desapareça.
Madalena consegue por fim abrir a porta da cozinha, mas o que quer que estivera lá fora
já havia desaparecido. Alfredo a aquece com um cobertor nos ombros e fecha a porta.
O método adotado para a elaboração do nosso roteiro é o proposto por Syd Field,
em Manual do roteiro (Field, 1982) a utilização de cartões que descrevam cada cena ou
seqüência. A principal característica desse método é a facilidade na visualização do texto,
o que nos permitiu maior mobilidade na organização destas cenas e seqüências na
estrutura do roteiro.
Escreve-se a idéia para cada cena ou seqüência num único cartão, e talvez
algumas breves palavras de descrição para ajudar quando for escrever. Os cartões
utilizados para a confecção do roteiro deste trabalho estão disponíveis no Apêndice A.
Field (1982) indica cartões de 12 X 8 cm, a história determina quantos cartões irá
precisar. Com os cartões preenchidos, pode-se montar a cena do jeito que quiser,
rearranjá-las, acrescentar algumas e omitir outras.
Foram sugeridos para a edição alguns recursos visuais, como flash-back e lapse-
time6 . O flash-back foi utilizado para, primeiramente, apresentar Helberth – o filho – ao
expectador. Segundo, para mostrar que o velório que acabara de acontecer era o dele.
Terceiro, para deixar explícito o apego dos pais para com o filho. O lapse-time foi
utilizado para conduzir a trama de volta à linearidade.
6
Do inglês lapso no tempo. Intervenção proposital na velocidade de execução.
29
O roteiro passou por dois tratamentos até sua versão final. O primeiro previa a
cena 01 (cemitério) como sendo de um enterro. Porém, durante a pesquisa de locação
deparamo-nos com a não autorização por parte do cemitério, pois seu Departamento de
Marketing estava com uma campanha em andamento para desvincular o clima pesado de
morte daquele ambiente. Assim, adaptamos o roteiro de modo a não mostrar o enterro,
mas somente os pais fazendo uma visita ao túmulo do filho alguns dias depois de seu
acidente.
3.1.2 Adaptação
O roteirista iniciante, geralmente, acha mais fácil adaptar do que escrever um original.
Imaginar que uma adaptação é mais fácil que um original é um erro monumental, diz
Comparato (1983) que ainda retrata o que deve ser levado em considerarão quando se
deseja adaptar:
Se a obra é traduzível para a linguagem cinematográfica ou televisiva.
7
Poeta e dramaturgo italiano.
30
Para preencher algumas lacunas que são legadas, na obra literária, à imaginação do
leitor, inserimos alguns elementos que não constavam do original, tal qual o carro como
meio de transporte, a presença do sargento no cemitério, bem como o flash-back e lapse-
time na fase da edição.O roteiro adaptado de “A Pata do Macaco” segue no Apêndice B.
Depois de elaborado o roteiro adaptado foi criado o seu storyboard, descrição visual
de cada plano em pequenos desenhos. No vídeo “A Pata do Macaco” tiramos fotos das
31
3.1.3 Preparação
A decupagem de direção é feita pelo diretor, que define planos, lentes, movimento
de câmeras e de atores.
3.2 PRODUÇÃO
Elenco
Alfredo Pereira: Gilberto Nasser
Madalena Pereira: Juçara Naccioli
Helberth Pereira: Celso Gayoso
Sargento Brandão: Protasius Terrificus
Nivaldo Moraes: Thiago Bazzi
Dublê: Leonardo Miranda (Smeagól)
Técnica
Direção geral: Junior Silgueiro
Assistente de direção: Thiago Bazzi
Produção: Thaysa Teófilo
Assistente de produção: Eliezer Gentil
Direção de fotografia: Carlos Augusto (Buiú)
8
Também chamado de "marmita" pelo formato característico retangular mas possui vasta nomenclatura e
não existe um consenso sobre como chamá-lo. É luz aberta que se utiliza de uma lâmpada de quartzo
(halógena).
34
A produção deve sempre contar com fichas de controle de cada departamento para
eventuais dúvidas quanto ao figurino, cenário e a parte técnica. Para tal desenvolvemos
algumas fichas que seguem nos exemplos a seguir:
CHEGADA DO ELENCO 7h
MAQUIAGEM 7:30 h
ENSAIANDO 8h
RODANDO SEQÜÊNCIA 9h
DESMONTAR EQUIPAMENTO 11 h
LOCAÇÃO 2 CHEGADA 13 h
ALMOÇO 13:30 h
Data:____/____/____
VÍDEO:___________________________
AMBIENTE:
SEQ - CENA
PLANO
CENÁRIO:
Obs.:
39
3.2.6 Making of
O making of de “A Pata do Macaco”, traz além das cenas de bastidores feitas com
uma terceira câmera, uma entrevista com os roteiristas do vídeo. Eles falam da pré-
produção, de como se deu o processo de adaptação do conto e da preparação para as
9
Quatro folhas de isopor unidas pelas extremidades formando uma caixa retangular semelhante a uma
“geladeira”. Pode-se usá-la combinada a outros elementos como difusores e gelatinas, para difundir ou
rebater a luz.
10
Movimento de câmera horizontal para a esquerda ou direita, mantendo o eixo central fixo.
41
gravações. Há também uma entrevista com o diretor, onde ele fala das gravações, dos
cenários e da maquiagem.
3.2.7 Desprodução
A produção do vídeo “A pata do macaco” foi toda feita com materiais cedidos.
Como a casa que serviu de locação era afastada da cidade, levamos muitos aparatos
técnicos para que nada faltasse. Em geral não tivemos grandes problemas. Tal qual a
produção, à desprodução também cabe uma lista de checagem.
checar os equipamentos e objetos de cenografia que devem ser devolvidos;
organizar todos os figurinos usados;
checar conservação da locação;
levar equipe de volta à cidade.
42
3.3 PÓS-PRODUÇÃO
3.3.1 Captura
Devido ao fato da edição ser toda feita em ilha não-linear, fez-se necessária a
transposição do material bruto do meio físico (fita MiniDV) para o meio digital (Hard
Disk). A captura se deu via placa firewire11 , onde um software decodifica os sinais
magnéticos enviados pela câmera e o transforma em arquivos editáveis de computador.
3.3.2 Edição
11
Meio de transmissão serial que permite uma conexão fácil de diversos tipos de dispositivos ao
computador em alta velocidade (50Mb/s).
43
Aliada aos efeitos, a trilha é a responsável pelo ambiente sonoro. É ela quem
designa a um produto audiovisual o humor, o suspense ou o romantismo necessários. No
nosso caso, a trilha sonora ficou a cargo de um profissional contratado exclusivamente
para tal função. Desse modo, obtivemos uma maior fidelidade da trilha em função do
vídeo, tendo em vista o fato dele não ter participado do processo de criação. Assim,
isento de opiniões previamente formadas, ficou livre para criar com base única e
exclusivamente no material que lhe foi entregue, ou seja, o vídeo já editado.
3.3.4 Finalização
Nessa etapa são feitos os últimos ajustes no produto audiovisual. Foram unidos ao
vídeo, o áudio e a trilha sonora já tratados e modulados. Foram inseridos os créditos, as
logos e os agradecimentos finais.
4.1 BRIEFING
O público-alvo
O mercado
Objetivos
O objetivo da campanha é fazer com que o espectador do festival se interesse pelo vídeo
e o assista, ou seja, predispô-lo à compra.
Estratégia sugerida
Dado o objetivo acima, a sugestão de estratégia é que os materiais sejam para o PDV
(ponto de venda), ou seja, os cinemas onde será exibido “A Pata do Macaco”.
A verba para a campanha é escassa. Economizar ao máximo.
4.2 PÚBLICO-ALVO
“Em relação ao público específico, um filme precisa especificar seu público, não
só em seu texto, mas também em sua campanha publicitária” (Turner, 1997, p.100). “A
Pata do Macaco” não pôde passar por uma adaptação do roteiro aos desejos do público,
por se tratar de uma transposição de um conto literário para uma obra audiovisual. Sendo
assim, o objetivo desta campanha é aproximar o espectador do vídeo e gerar impulso de
compra, não se atendo ao julgamento do público sobre o vídeo.
idade, sexo e classe social. Para a identificação visual pode ser utilizada a única
característica visível em comum – o gosto pelo cinema fora dos padrões.
De um modo geral, são pessoas que buscam avaliar o filme ou vídeo por sua
linguagem, por seus padrões de cores, por angulações, estilos de direção, dentre outras
características, muitas subjetivas. Diferente dos espectadores de cinemas comerciais, que
se atém principalmente ao que é dito através de diálogos e narrações.
12
Ponto de Venda
13
Entrevista disponível em
http://2006.festivaldorio.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=232&sid=42
14
http://www.youtube.com
48
15
http://www.esfgabinete.com/dicionario
16
http://publicidade.terra.c om.br/criativos/glossario.html - acesso em 05/04/2007
49
Apresentação
Análise de público-alvo
Duração da campanha
Estratégia de mídia
Elaboração de trailler com duração aproximada de 30 segundos para ser veiculada no site
YouTube e para divulgação junto do material dos festivais. O tempo de duração é
estrategicamente curto para que não pese no site, deixando rápida a sua visualização e
para facilitar a seleção entre os materiais dos festivais.
Elaboração da capa do DVD, a fim de destacá-lo dentre os demais que possam estar a
venda.
Táticas de mídia
Também será colocado à venda nos locais de exibição um DVD contendo, além do
próprio vídeo, o making of e fotos, ao valor de R$15,00.
Execução da mídia
4.4 CRIAÇÃO
Aprovado o plano de mídia, o próximo passo foi a criação das peças que iriam
compor a campanha.
A publicidade está longe de ser uma ciência pura. Não existe fórmula para se
produzir propaganda, nem os computadores têm demonstrado qualquer
inclinação para a área criativa.
[...] O trabalho de criação consiste, primeiramente em achar uma idéia que
sirva de tema ou diretriz – o que dizer. Em seguida saber como apresentar o
tema – como dizer – e determinar através de que gênero de veículos ela pode
ser levada mais rápida e vantajosamente, ao conhecimento do grupo
consumidor visado. Enfim, é encontrar a proposição de compra
(SANT’ANNA, 1996, p. 147).
17
Wellington Carrion frisa em seu artigo “O Vermelho” em sua coluna em
http://www.imasters.com.br/artigo/3268/teoria/o_vermelho - “É a cor guerreira, que é muito encontrada
na guerra pela devastação das armas de fogo e pelo sangue, é também da cruz vermelha salvadora e do
alerta, é incitadora de atenção, sempre inquieta e de destaque. Cor do inferno e seu fogo intenso, assim
como a cor do demônio e suas tentações. Simboliza a imortalidade”.
18
Logotipo refere-se à forma particular como o nome da marca é representado graficamente, pela escolha
ou desenho de uma tipografia específica.
53
O trailler contém:
Imagens diversas de todos os personagens do vídeo: Alfredo, Madalena e
Helberth Pereira, Sargento Brandão e Nivaldo Moraes.
Trilha sonora adequada às imagens mostradas e ao ritmo com que elas são
intercaladas. Também passa um clima de suspense.
Não há narração em OFF. A mensagem passada pelo trailler é dada pelos
próprios personagens, aumentando a tensão.
Vídeo Áudio
Tela preta por 1s corta seco para Entra BG (a definir) e mantém.
Madalena em close-up. Efeito de baque surdo.
Corta seco para Madalena: Pede ele de volta, Alfredo!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao iniciarmos este projeto não sabíamos ao certo sua magnitude. Começou como
muitos outros: despretensioso, porém com algumas idéias audaciosas. Algumas dúvidas,
principalmente quanto aos nossos objetivos, permeavam nossas primeiras reuniões, que
com o passar dos dias foram se tornando cada vez mais objetivas e produtivas. Já não se
parecia com um trabalho acadêmico qualquer; tomava cara e forma de uma monografia
cujo tema tratava de linguagens distintas e igualmente complexas, porém
complementares: literatura, cinema e vídeo.
Com o fim da parte prática demos início ao processo inverso: relatar no papel a
experiência de produzir um vídeo. Foi quando percebemos que estávamos desconstruindo
a proposta principal do nosso trabalho, que é “da linguagem literária para a linguagem
audiovisual”. Neste momento, tivemos que descrever a linguagem audiovisual (vídeo) na
linguagem literária (monografia), para que esse processo fosse concluído estruturamos a
monografia em capítulos, buscando, em nosso trabalho prático, os exemplos sempre que
se faziam necessários.
Planejar uma campanha publicitária também não foi fácil. A princípio, foi
idealizada uma campanha de lançamento, porém, analisando o mercado, público alvo e os
objetivos que a equipe almejava, ela não seria suficiente. Partimos para um planejamento
de campanha, algo que pudesse se estender por mais tempo e de forma mais eficiente.
61
Uma miopia inicial não nos permitiu enxergar quem seria exatamente o público
alvo da campanha e cometemos o erro fatal da publicidade: tentar falar para todos e não
falar para ninguém. Após a primeira correção e em consultas com professores
conseguimos definir o público, que não se encaixa em padrões de classe social, faixa
etária ou sexo, mas simplesmente pelo seu gosto comum: festivais de cinema e vídeo.
Aos alunos de Radialismo, aprender sobre Publicidade abriu os olhos para como
funciona o mercado, como é feito um planejamento de campanha e como é concebida a
criação publicitária, onde cada elemento tem uma razão de ser. É muito mais que “mas a
outra cor é mais bonita”.
63
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
COMPARATO, Doc. Arte e técnica de escrever para cinema e TV. Rio de janeiro:
Nórdica, 1983.
DUBOIS, Philippe. Cinema, vídeo, Godard. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
LAJOLO, Marisa. O que é literatura. São Paulo: Brasiliense, 1981 (Coleção Primeiros
Passos).
MACHADO, Arlindo. A arte do vídeo. mostra “Olhares do Sul”. Buenos Aires, 1996.
Catálogo
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
MOSS, Hugo. Como formatar seu roteiro. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002.
SERRA, Floriano. A arte e a técnica do vídeo do roteiro à edição. São Paulo: Summus,
1986.
SITES VISITADOS
APÊNDICES
APÊNDICE A – Cartões
2
Durante algumas 3 4
semanas, abatidos pela Em uma das noites de Sargento dirige em
1
culpa da morte do filho, o insônia, a mãe lembra da estrada de terra em
Oração no cemitério
pai tem flashbacks da pata e pede ao marido direção à casa da família
convivência harmoniosa que traga o filho de volta White
com o filho
5 6
7 8
Família se entretém Visitante chega, é
Família janta em Visitante introduz à
tranquilamente enquanto recepcionado e começam
companhia do visitante família a pata do macaco
espera o visitante a conversar
12
10 11 No final da tarde um
9 Após a partida do Ao raiar do dia a família homem de terno e valise
Pai compra a pata do visitante a família faz toma café unida. O filho em mãos bate à porta da
visitante que reluta e troça da pata, porém o Sr sai para o trabalho e o casa dizendo que o filho
insiste em destruí-la White faz um pedido de casal fica com seus morrera e a indenização
dinheiro afazeres domésticos era a quantia que o Sr.
White pedira
13 14
15
Pressionado o Sr. White A Sra. White ouve 16
O Sr. White pede à pata
faz o pedido à pata, mas barulhos e acredita que é A Sra. White abre a porta
que seu filho volte para
nos instantes seguintes seu filho e corre para e não há nada ali.
o cemitério
nada acontece abrir a porta
APÊNDICE B – Roteiro
APÊNDICE C – Exemplo de storyboard
Cena 9 – Plano 1
Cena 9 – Plano 2
MADALENA
Cena 9 – Plano 3
CENA 1 - EXT.CEMITÉRIO.DIA
(take 1 - câmera em plano aberto. Vê-se a figura do Sgt. Ao longe. take 2 - câmera atrás do Sgt.
pessoas longe. 1º foco nele, depois foco nas pessoas seguido de pan PG)
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO
ARTE
ALFREDO GILBERTO Terno preto simples, Chapéu Natural de vídeo Flores, vela,
camisa m. longa branca, terço
sapato
MADALENA JUSSARA Conjunto preto saia/blusa, lenço branco e terço Natural de vídeo
sapato Cabelo preso
SGTO. BRANDÃO PROTAZIUS Jaqueta preta, calça preta, Corrente dog tag, Natural de vídeo
camisa vermelha, sapato relógio, óculos ray-
ban
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
ALFREDO sentado na varanda, cinzeiro cheio, copo de bebida por terminar, introspectivo, olhar
vago. Alterna cena com flashbacks de momentos felizes com o filho (partidas de xadrez, família em
oração, momentos e olhares de cumplicidade).
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTE
ALFREDO GILBERTO Sandálias, calça Natural de vídeo Cinzeiro, cigarros,
social, camisa copo, garrafa, chá,
manga longa* cadeiras, mesa de
centro, rede
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
*Obs: o mesmo figurino p/ jogo de xadrez, se for seguir com o plano do movimento sincronizado
pegar copo - mudar peça xadrez na CENA 05
CENA 3 - INT.CASA - QUARTO.NOITE
Madalena se levanta, caminha perdida pelo quarto, encosta na janela, olhar vago, de repente tem um
estalo e diz ao marido.
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTE
ALFREDO GILBERTO Pijama, Natural de vídeo Cama casal, guarda-
sandálias roupas, 2 criados, santa,
MADALENA JUSSARA Camisola, Natural de vídeo quadro, terço, ventilador,
penhoar, 2 lençóis, edredon,
pantufa cobertor/manta, 2
travesseiros, 2 fronhas,
cortinas, jarra c/ água,
copo,
chapeleiro/cabideiro
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
CENA 4 - INT.CARRO.NOITE
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO
ARTE
SARGENTO PROTAZIUS Botina de trilha, Relógio, dog Natural de vídeo Terço ou crucifixo
BRANDÃO calça cargo tag, no espelho do
cáqui, camiseta carro, lanterna luz
branca branca, pilhas D
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
Alfredo e Helberth jogam uma partida de xadrez onde nitidamente o filho leva vantagem.
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO
ARTE
ALFREDO GILBERTO * Sandálias, calça Natural de vídeo Jogo de Xadrez ,
social, camisa manga mesa centro
longa
HELBERTH CELSO Calça sarja, sandália, Natural de vídeo
camiseta vermelha
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
Alfredo e Sgt. Brandão tomam licor e conversam. Madalena e Helberth servem a mesa de jantar.
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTE
ALFREDO GILBERTO * Sandálias, Natural de vídeo Toalha de mesa,
calça social, panela c/ galinhada,
camisa manga travessa c/ salada de
longa alface e tomate, 4
HELBERTH CELSO Calça sarja, Natural de vídeo pratos, 1 concha, 1
sandália, pegador de salada,
camiseta talheres, copos,
vermelha garrafa de bebida
MADALENA JUSSARA Saia, blusa, Presilha Natural de vídeo (chá), jarra de água ou
sandália, suco, cesta c/ pão,
avental guardanapo
SARGENTO PROTAZIUS Botina de Relógio, Natural de vídeo
BRANDÃO trilha, calça dog tag,
cargo cáqui,
camiseta
branca
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
CORTA PARA:
O carro deixa a propriedade. A família acompanha a partida com o olhar e entra na casa.
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTE
ALFREDO GILBERTO * Sandálias, Natural de vídeo Sofá, rack, TV, som,
calça social, vídeo cassette, cortina,
camisa manga criado c/ jarro de
longa flores, crucifixo na
HELBERTH CELSO Calça sarja, Natural de vídeo parede, bíblia na
sandália, estante, livros, porta-
camiseta retratos, enfeites de
vermelha** estante, quadro.
MADALENA JUSSARA Saia, blusa, Presilha Natural de vídeo
sandália***
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
CENA 8 - INT.CASA - COZINHA.DIA – MANHÃ
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTE
ALFREDO GILBERTO Camisa Natural de vídeo Mesa, 3 cadeiras, tolha
manga curta, de mesa, fogão,
calça social, geladeira, guardanapos,
sandálias, pia, paneleiro,
HELBERTH CELSO Sapatênis, Pasta Natural de vídeo liquidificador, garrafa de
calça sarja, café, chaleira, leite, café,
camisa açúcar, coador,
manga curta margarina, bolo, forma
MADALENA JUSSARA Vestido Natural de vídeo de bolo redonda c/ furo,
pão francês, faca de
cozinha, relógio,
fruteira, banana, laranja,
baleiro, bolacha, papel
toalha
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
Palmas no portão
Madalena tira o lenço, abre a porta e cumprimenta o visitante. Alfredo manda o Advogado entrar.
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO
ARTE
ALFREDO GILBERTO Camisa manga curta, Natural de vídeo Sala
calça social, sandálias,
MADALENA JUSSARA Vestido Natural de vídeo
O ADVOGADO THIAGO Terno, camisa, gravata Pasta 007 Natural de vídeo
vermelha, sapato
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, JUNIOR
CENA 11 - INT.CASA - QUARTO.NOITE
LAPSE TIME das cenas iniciais (1, 2 e 3) aceleradas em 5 segundos. O tempo desacelera para
velocidade normal quando Madalena diz.
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO
ARTE
ALFREDO GILBERTO Pijama, sandálias Natural de vídeo Quarto
MADALENA JUSSARA Camisola, penhoar, Natural de vídeo
pantufa
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
Nada acontece. Alfredo busca um copo de água e traz para Madalena. Algum tempo de espera.
Alfredo pega no sono, mas Madalena fica revirando na cama Uivos e latidos de cachorros, Som de
PEGADAS fora da casa. Som de BATIDAS leves à porta. Madalena cutuca Alfredo.
POV DE HELBERTH
A porta da cozinha se abre e revela Madalena com um sorriso no rosto que instantaneamente se
transforma em um GRITO DE PAVOR. Helberth ataca Madalena, que se protege com seus braços.
VOLTA À CENA
CENA 13 - QUARTO.NOITE
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO
ARTE
ALFREDO GILBERTO Pijama, sandálias Natural de vídeo Quarto
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
CENA 13 - COZINHA.NOITE
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO
ARTE
MADALENA JUSSARA Camisola, penhoar, Natural de vídeo
pantufa
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO
ARTE
ALFREDO GILBERTO Pijama, sandálias Natural de vídeo Quarto
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
CENAS 15 - COZINHA.NOITE
O barulho de batidas cessa. Madalena abre a porta e não há nada do lado de fora.
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO
ARTE
MADALENA JUSSARA Camisola, penhoar, Natural de vídeo
chinelo
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
CENA 16 - EXT.CASA.NOITE
Madalena à porta com expressão de decepção. Alfredo chega por trás com um cobertor e o deposita
sobre seus ombros. A porta se fecha.
FICHA DE PRODUÇÃO
PERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO
ARTE
ALFREDO GILBERTO Pijama, sandálias Cobertor/manta Natural de vídeo
MADALENA JUSSARA Camisola, Natural de vídeo
penhoar, pantufa
EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO
APÊNDICE E – Plano de gravação
PLANO DE GRAVAÇÃO
A PATA DO MACACO