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Terapia Familiar
Sinopse .......................................................................................................................................... 3
Caracterização dos indivíduos ....................................................................................................... 3
Identificação dos problemas ......................................................................................................... 4
Terapia Familiar ............................................................................................................................. 5
Proposta de modelos .................................................................................................................... 6
Propostas ....................................................................................................................................... 8
Bibliografia .................................................................................................................................. 11
Sinopse
Harry quer desesperadamente o televisor de casa que está acorrentado à parede, a mãe com
medo tranca-se no quarto, com a chave do cadeado e assustada, pede ao filho que se vá
embora. Harry irado consegue convencer a mãe a dar-lhe a chave do cadeado e acaba por
conseguir levar o televisor para penhorar - começa o filme “A vida não é um sonho”.
Harry – Jovem órfão de pai, cuja mãe é dona de casa. Namora com uma jovem criativa, e tem
um único amigo. Assalta todos os dias a mãe, para obter rendimento para o consumo de droga,
até que tem a oportunidade de traficar heroína. Fá-lo, não só para poder consumir, como
também juntar dinheiro e abrir uma loja com a namorada e ter “uma vida melhor”. O consumo
agrava-se, e entre uma guerra de gangs, fica sem fornecimento de drogas. A intempérie fá-lo
encetar uma serie de acções na busca de heroína tornando-o desesperado e com atitudes
destrutivas, com ele e com a namorada, deixando-a inclusive sozinha para ir a outro Estado
buscar a droga. Tem uma ferida no braço – consequente dos constantes “chutos”- que se
agrava durante a viagem e que acaba por leva-lo ao hospital, onde é denunciado por um
médico, e acaba por ir preso. Na cadeia piora o seu estado de saúde e acaba por ser internado
entre a vida e a morte, acabando por ficar sem o braço. Termina na cama de hospital
percebendo que está sozinho e que não virá ninguém.
Sara – Dona de casa solitária, viúva, mãe de um toxicodependente, tem algumas amigas do
bairro, com que partilha alguns momentos do dia. Vive em função de um reality show, sente-se
só e sem objectivos, até que ganha a oportunidade de ir ao concurso. Esse facto é motivo para
ser mais apreciada e admirada pelas amigas, facto que a faz sentir bem consigo mesma.
Decide emagrecer e para isso vai ao médico, que lhe receita ecstasy, para o efeito. Agrada-lhe
não ter que fazer esforço para parar de comer, assim como a energia e boa-disposição que os
comprimidos lhe provocam. Avisa o médico que sente “coisas estranhas”, mas este minimiza e
dá-lhe outra receita. Começa a tomar cada vez mais comprimidos, misturando-os e alterando a
dosagem, para que a façam sentir “bem”. Os sintomas “estranhos” pioram e começa a ter
alucinações com o frigorifico e com o programa de televisão, que a levam a sair de casa e
procurar a estação de televisão para poder participar no concurso, num estado de demência
grande. Lá sinalizam-na com problemas mentais e acaba por ser internada num hospício, onde
recusa os tratamentos e a fazem perder a lucidez completa. Termina na cama da instituição
mental a alucinar com o concurso de televisão e com o filho.
Marion – Jovem criativa e talentosa, consumidora de drogas, é afastada do seu seio familiar
por esse mesmo motivo, pelos pais. No entanto estes dão-lhe um apartamento e pagam-lhe um
terapeuta, com quem se envolve, para poder fugir à terapia. Sonha com o namorado em
montar uma loja, e usa cada vez mais drogas para trabalhar e relacionar-se com os que a
rodeiam. Quando escasseia a heroína e a cocaína, aumentam as discussões com o namorado,
que acaba por lhe dar um contacto, que lhe dará o que ela quer a troco de sexo. Depois do
namorado viajar para conseguir abastecimento, ela contacta o traficante e começa a prostituir-
se a troco de droga e de dinheiro. Termina deitada no sofá agarrada a um maço de notas,
depois de ter passado o domingo a prostituir-se.
Tyrone – melhor amigo de Harry, calmo e saudoso da mãe (que morreu quando ele tinha 8
anos), acompanha o amigo em todos os esquemas para consumir e comprar droga. É ele que
possui os contactos dos traficantes, mas não passa de um operacional, que executa as tarefas
que o amigo inventa. A sua amizade pelo outro rapaz leva-o a preocupar-se, quando este lhe
mostra o braço a gangrenar, levando-o ao hospital, onde são denunciados por um médico e
presos por consumo de drogas. Acaba na cadeia sozinho a sofrer maus tratos, juntamente com
uma série de criminosos.
Terapia Familiar
A terapia familiar centra-se mais no sistema da família do que nos elementos que a compõem,
que ocupa o plano principal, passando os membros individuais para um plano secundário.
Nesta linha de pensamento um elemento da família não pode ser compreendido estando
isolado dos seus restantes membros, nem se pode perceber o funcionamento familiar
conhecendo apenas o funcionamento de apenas uma das suas partes. Neste tipo de terapia
1
Daniel Sampaio e José Gameiro, (2005). Terapia Familiar (6ª ed.)
podem apontar-se quatro abordagens 2 distintas e que defendem diferentes tipos de actuação
com a família. Uma primeira abordagem assenta numa terapia familiar conjunta em que o
terapeuta se centra nos padrões de relacionamento entre os membros da família. Uma
segunda abordagem apresenta uma terapia de impacto múltiplo onde uma equipa terapêutica
trabalha com cada um dos membros individuais e faz variadas combinações familiares como,
por exemplo, atender conjuntamente o pai e a mãe ou a mãe e os filhos. Numa terceira
abordagem denominada terapia de rede ou entrelaçamento a terapia recai não só sobre a
família como também noutros elementos que têm interesse e lhes são significativos (vizinhos,
amigos, etc.). Por último, uma quarta abordagem defende uma terapia familiar múltipla. Nesta
abordagem um certo número de famílias é visto ao mesmo tempo (utiliza-se mais este método
quando a família tem um elemento alcoólico).
Proposta de modelos 3
Terapia multifamiliar – Peter Laqueur (1980) que deu origem à terapia múltipla grupal em 1951,
no tratamento clínico de pacientes esquizofrénicos e demonstrou que a reunião dos pacientes
e famílias traz efeitos positivos: Os membros do grupo aprendiam através da analogia, como os
2
Terapia Familiar. Porto Editora. (2003-2009). Obtido em 09 de Novembro de 2009, de Infopédia:
http://www.infopedia.pt/$terapia-familiar
3
Professora Ângela Leite, (2009). Sebenta Terapia Familiar. Terapia Familiar e Terapia Multifamiliar (Definição,
História e Escolas da Terapia Familiar) . Porto
outros lidavam com os problemas e os conflitos; copiavam o modelo de uma família
relativamente sadia; as interpretações do terapeuta eram indirectamente ensinadas; a
regulação não verbal (cinésica) da interacção era verbalizada; o comportamento vinculava-se a
padrões de reacção; os pacientes faziam experiências com novos comportamentos que o
grupo apoiasse.
Martin Harrow, Boris Astrachan, Robert Becker, Thomas Detre e Arthur Schwartz (1967),
descobriram que a terapia multifamiliar facilitava uma maior interacção verbal e que questões
familiares e da vida real eram debatidas e solucionadas. Esta terapia proporciona uma imagem
de espelho e o tom das reuniões é mais positivo. A presença de outras famílias dilui a
transferência para o terapeuta como figura omnipotente e ameaçadora, que á agora visto como
um bondoso observador ou mediador. A terapia multifamiliar tornou-se mais abrangente e
passa a ser utilizada para tratar não só doentes esquizofrénicos como também uma ampla
variedade de programas psiquiátricos e de comportamento. Proporciona uma rede de apoio
social e uma oportunidade de partilhar e exprimir sentimentos, bem como de conquistar insight
a respeito de interacções familiares. Quando a família se torna conhecedora do transtorno
psiquiátrico e o aceita, incide menos stress sobre o paciente e o prognóstico é melhor. A
terapia multifamiliar oferece as vantagens da terapia familiar e as vantagens da terapia de
grupo. È especialmente útil para famílias não sofisticadas e defensivas, que não são
imediatamente confrontados, e podem gradualmente, aprender com outras famílias e com o
terapeuta, dentro de um meio ambiente seguro. Assim os indivíduos podem ser levados a
identificar os pensamentos automáticos negativos ou disfuncionais e a substitui-los por outros
mais positivos, bem como identificar, avaliar e modificar as crenças erradas e criar novas. Os
grupos auto-ajudam-se e espelham-se alterando a sua resposta cognitiva a determinada
situação.
Terapia Familiar Estrutural - Salvador Minuchin (1974) desenvolveu a terapia familiar estrutural
a partir do seu trabalho clínico com delinquentes de baixo estatuto socioeconómico e suas
famílias, na Wiltwik School for Boys, de Nova Iorque. A sua abordagem era directiva e envolvia
tratar a família como um sistema. Ele parte do princípio que embora as personalidades das
pessoas sejam formadas por acontecimentos passados, elas são contidas e governadas
principalmente pelas interacções do presente. Assim, mudando a estrutura familiar actual, o
terapeuta pode alterar a sua função, o que influenciará as personalidades individuais.
Ainda que a posição de poder do terapeuta seja utilizada para intervir de modo activo, o
terapeuta estrutural tenta reunir-se à família para experienciar como é que ela sente, pensa e
comporta. O objectivo não consiste apenas em mudar o sintoma no paciente identificado, mas
sim melhorar o funcionamento familiar total. A união do terapeuta com a família pode ser
realizada por rastreio (incentivar um membro da família a falar, confirmando o que esse
membro diz, escutando-o) e por mímese (copiar o estilo e a gama afectiva de comunicação ou
ainda os movimentos físicos da família). Depois de ter formado uma aliança terapêutica, o
terapeuta tenta desequilibrar o sistema. Pode unir-se a um dos subsistemas ou apoiar a parte
mais fraca para facilitar a resolução de problemas. Pode mudar a disposição dos assentos para
modificar a filiação a subsistemas, ou fortalecer uma hierarquia de poder. Os membros podem
ser retirados da sala ou instruídos a observar a família através de um espelho unidireccional.
Novos padrões transaccionais são criados entre os membros e os subsistemas, a fim de
romper ciclos negativos de feedback e alterar o rígido equilíbrio homeostático. A percepção da
realidade que a família tem é alterada, sem precisar de compreender a sua causa. Uma vez
mudados os ciclos negativos de feedback e padrões transaccionais alternativos obtêm sucesso
e podem tornar-se auto-perpetuantes.
Propostas
4
Abreu, C. N., Saikali, M. O., & Vasques, F., O que é Terapia Cognitiva com base Construtiva?;Nucleo de Psicoterapia
Cognitiva de São Paulo.
O objectivo da Terapia Cognitiva - Levanta hipóteses gerais acerca de como cada indivíduo
constrói a sua realidade e analisa os padrões de pensamento gerados por estas crenças, que,
sendo inadequadas ou disfuncionais, podem vir a criar conflitos e sofrimento para a pessoa.
Através das técnicas cognitivas propõe-se, então, a mudança dessas crenças e,
consequentemente, o alívio do sofrimento emocional.
Terapia familiar sistémica 6 - organiza-se em torno de alguns conceitos básicos, definidores de
sistemas: Globalidade – um sistema comporta-se como um todo coeso, o que implica que a
mudança de uma parte altera todas as outras partes e o sistema como um todo; Não-
somatividade - um sistema não pode ser considerado como a soma de suas partes;
Homeostase - processo de auto-regulação que mantém a estabilidade do sistema;
Morfogénese - capacidade do sistema em absorver inputs do meio e mudar sua organização
(sistemas abertos);Circularidade - a relação entre os elementos do sistema é bilateral, o que
pressupõe uma interacção que se manifesta como sequência circular; Retro alimentação -
garante o funcionamento circular pelo mecanismo de circulação da informação entre os
componentes do sistema por princípio de feedback (negativo funciona para manutenção da
homeostasia e o positivo que responde pela mudança sistémica); Equifinalidade –
independentemente de qual for o ponto de partida, um sistema aberto apresenta uma
organização que garante os resultados de seu funcionamento;
A terapia familiar sistémica, estruturada em torno desses conceitos, entende a família como um
sistema aberto que se auto-governa através de regras que definem o padrão de comunicação
mantendo uma interdependência entre os membros e com o meio, no que diz respeito a troca
de informações e usa de recursos de retro alimentação para manter o grau de equilíbrio em
torno das transacções entre os membros. O aspecto fundamental é a de que o ser “doente” ou
a pessoa que apresenta problemas, é apenas um representante circunstancial de alguma
disfunção no sistema familiar. Assim sendo considera-se relevante priorizar o trabalho directo e
5
Ibidem
6
Adriana Carbone - Terapia Familiar Sistémica - Breve histórico: origem e desenvolvimento da terapia familiar. Obtido
em 14 de Novembro de 2009, de Revista Catharsis:
efectivo com as necessidades da família e do meio ambiente, sendo que esta família é definida
pelos seus padrões de interacção, em detrimento de rebuscar somente dificuldades de ordem
intra-psíquica individuais. O terapeuta não considera a família isoladamente. O grupo familiar é
relacionado com a comunidade que o rodeia, uma vez que a família está em contínua relação
com o meio ambiente.
Através destas terapias poderá ser possível combater a dependência, alterando as crenças e
os pensamentos errados quanto aos “benefícios” do uso de drogas, levando o indivíduo a
reformular pensamentos construtivos que o levem a recusar a substância. Ao mesmo tempo o
auto-conceito de si mesmo, a elevação da auto-estima, o combate à solidão, a satisfação
pessoal e o relacionamento interpessoal deverão ser treinados através de indicações
terapêuticas, que façam os indivíduos experienciar momentos agradáveis e satisfatórios,
através de acções saudáveis. Tais como realizar actividades desportivas ou lúdicas com
grupos saudáveis, interagido com eles, de forma a combater a solidão e a melhorar a sua
capacidade de relacionamento pessoal. Levar por exemplo Sara a concluir que não esta gorda,
mas que normalmente com o tempo o corpo altera, isso é normal e um sinal de maturidade.
Conduzir Harry e Tyrone na procura pela realização pessoal através da aposta na sua
formação ou procura de objectivos exequíveis e positivos, e na procura de novos amigos
saudáveis, com quem eles se identifiquem. Demonstrar a Marion que o seu talento não
depende do uso de drogas, mas sim do seu próprio empenho, e que ela conseguirá sustentar-
se sem ter que se prostituir. Levar os indivíduos a colocarem-se no lugar do outro para que
percebam atitudes e comportamentos, bem como faze-los partilhar com os restantes
pensamentos e emoções com as quais seja difícil lidar. Melhorando assim a convivência
familiar, e satisfazendo as necessidades daquela família.
-
Bibliografia
Abreu, C. N., Saikali, M. O., & Vasques, F. (s.d.). Nucleo de Psicoterapia Cognitiva de São Paulo.
Obtido em 15 de Novembro de 2009, de www.psicoterapia.com.br:
http://www.psicoterapia.com.br/nucleo/index.html
Aronofsky, D. (Realizador). (2001). A Vida não é um Sonho [Filme].
Carbone, A. (s.d.). Terapia Familiar Sistémica ‐ Breve histórico: origem e desenvolvimento da
terapia familiar. Obtido em 14 de Novembro de 2009, de Revista Catharsis:
http://www.revistapsicologia.com.br/materias/hoje/terapiaFamiliarSistemica.htm
Knapp, P., Luz Jr., E., & Baldisserrtto, G. d. (2001). Terapia Cognitiva no tratamento da
dependencia quimica. In B. Rangé, & e. al, Psicoterapias Cognitivo‐Comportamentais:um
diálogo com a psiquiatria (pp. 332‐350). Porto Alegre, Brasil: Artmed.
Leite, A. (2009). Sebenta Terapia Familiar. Terapia Familiar e Terapia Multifamiliar (Definição,
História e Escolas da Terapia Familiar) . Porto .
Porto Editora. (2003‐2009). Terapia Familiar. Obtido em 09 de Novembro de 2009, de
Infopédia: http://www.infopedia.pt/$terapia‐familiar
Sampaio, D., & Gameiro, J. (2005). Terapia Familiar (6ª ed.). Porto, Portugal: Edições
Afrontamento.