Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito do
condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é dogma
científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que, incentivados
por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de crimes,
redimiram-se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se cidadãos
prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social,
porque seria matar-lhe a esperança, que é o último remédio que deixou a natureza
a todos os males (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
—“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— Nisto de alegação de excesso de prazo, importa muito o princípio de razoabilidade.
Faz ao propósito a lição do competente Damásio E. de Jesus: “é admissível o
excesso em determinadas circunstâncias: a contagem do prazo não deve ser
rigorosa” (Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 560).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— O crime de tráfico de entorpecentes a lei equipara a hediondo e, pois, em
princípio, é insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da
Lei nº 8.072/90).
7
— Unicamente faz jus à liberdade provisória o preso que, havendo cometido delito
afiançável, reúna méritos pessoais; importa ainda não seja o caso de decretação de prisão
preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de furto qualificado não
merece recobrar a liberdade, primeiro que dê estritas contas à Justiça, ao termo do
devido processo legal.
— Prisão em flagrante apoiada em auto regular, lavrado com observância dos preceitos
legais, não se relaxa, fora os casos de injustificável excesso de prazo na formação da
culpa.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração
penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige
prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo),
é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas
cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I,
do Cód. Proc. Penal).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com as
peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
9
— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso da
ação penal, se o fato imputado ao réu constituir crime e houver indícios suficientes
de sua autoria.
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível
a análise de provas para aferir a procedência da alegação de falta de justa causa
para a ação penal; defeso é apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se
pratica na dilação probatória.
— Para trancar a ação penal, sob fundamento da
ausência de “fumus boni juris”, há mister se mostre a prova mais clara que a luz
meridiana, a fim de se não subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se
inscreve o da apuração compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade
criminal do infrator.
— Sem fazer tábua rasa do instituto da coisa julgada, deve o Juiz entrar no conhecimento
da causa que lhe é submetida, por prevenir (ou conjurar) possível erro judiciário, o
péssimo dos vícios de julgamento.
—“Errar é humano, e seria crueldade exigir do juiz que acertasse sempre. O erro é um
pressuposto da organização judiciária que, por isso mesmo, instituiu sobre a instância
do julgamento a instância da revisão” (Mílton Campos; apud João Martins de
Oliveira, Revisão Criminal, 1a. ed., p. 63).
— Nunca foram mais verdadeiras, do que naqueles casos em que o réu se obstina a pelejar
contra a evidência de sua culpa, estas palavras de Talleyrand, ministro de Napoleão: A
palavra foi dada ao homem para esconder o pensamento. “La parole a été donnée à
l’homme pour déguiser sa pensée” (apud Giuseppe Fumagalli, Chi l’ha detto?, 1995, p.
485).
— O réu que é deveras inocente não hesita em afirmá-lo desde o primeiro instante. Se, na
fase policial, preferiu remeter-se a obliterado silêncio, nisto mesmo deu a conhecer sua
culpa. É que ninguém, exceto se não estiver em seu acordo e razão, permanece calado,
quando devia falar para defender-se de acusação injusta e infame.
— A palavra da vítima, porque protagonista do fato delituoso, não se recebe geralmente
com reservas, senão como expressão da verdade, que só a prova do erro ou da má-fé
pode abalar.
— Tão-só a decisão que se aparte rudemente das provas incorre na pecha de contrária à
evidência dos autos, não a que as mete em conta e avalia segundo a luz da razão
lógica e as regras do Direito.
11
Voto nº 8008 — apelação CRiminal Nº 404.412-3/7-00
Art. 107, nº IV, primeira figura, 109, nº V, 110, § 1º, 115 do Cód. Penal;
art. 10, § 3º, nº IV, da Lei nº 9.437/97;
art. 12, “caput”, da Lei nº 10.826/03;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, caput, da Const. Fed.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui solene
despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal) e
aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a
inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o
legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que
acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou
regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p.
107).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime integralmente
fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior Tribunal de Justiça,
vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão de
Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe
dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado, por força do
preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
12
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a prestação
jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do litígio, senão
mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico,
1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de “habeas corpus” que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— Se o sentenciado cumpriu inteiramente sua pena, carece de legítimo interesse o
pedido de reforma da decisão que lhe concedeu progressão no regime prisional.
Em conseqüência, agravo em execução interposto com essa finalidade está
prejudicado, visto perdeu o objeto (art. 197 da Lei de Execução Penal).
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será decerto
o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no entanto, que lhe
excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de força maior, a cujo
número pertence a necessidade de expedição de carta precatória para o interrogatório do
réu, termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível
à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo por
excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem sempre o pode
o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior, dispõe a lei que
“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa
não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crimes graves, tem contra si a presunção de periculosidade.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a verificação
de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às condições de caráter
subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é insuscetível de
exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe na instância
ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— “Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso
de prazo” (Súmula nº 152 do STF).
20
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no
entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de
força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta precatória
para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca oportunidade de
obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo
por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem
sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força
maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é insuscetível
de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe na
instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração
penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige
prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas
decisões, ninguém ainda ousou contestar a verdade destas palavras do conspícuo
Ministro Mário Guimarães, do Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da
matéria: “Certas decisões, também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em
justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro
da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310,
parág. único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o
roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.
21
— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de eventuais
defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas (“regina
probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda lhe
reconhece a jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a edição de decreto
condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos
que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam
controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de
Fogo, 1998, p. 107).
— Merece confirmada, por sua base legítima, a sentença que condena como infrator
do art. 16 da Lei de Tóxicos o indivíduo preso em flagrante, naquelas
circunstâncias que a doutrina clássica denomina “certeza visual do crime”.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
— Se a ação instaurada contra o réu não foi decidida pelo Juizado Especial
Criminal, mas pelo Juízo comum, por força que falecerá competência à Turma
Recursal Criminal para julgá-la em grau de apelação (art. 82, da Lei nº
9.099/95).
22
— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de eventuais
defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas (“regina
probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda lhe
reconhece a jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a edição de decreto
condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos
que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam
controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de
Fogo, 1998, p. 107).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado à mão armada e mediante concurso de agentes –
Necessidade da custódia cautelar – Ordem denegada.
— É universal o repúdio ao crime de roubo, visto como denota em quem o pratica
insigne desprezo do semelhante, demais de ousadia e maldade. Aliás, liberdade
provisória e roubo são termos que se implicam: dignos dela são unicamente os
que não apresentam o execrável labéu moral da periculosidade, comum aos autores
dessa espécie de crime.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf.
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor
de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração
penal e veementes indícios de sua autoria.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
realização de ato processual no Juízo deprecado, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
27
Voto nº 8048 — apelação CRiminal Nº 438.621-3/4-00
Arts. 12 e 16 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º , § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
28
Voto nº 8062 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.053.283-
3/6-00
Art. 197 da Lei de Execução Penal.
— O art. 50, nº VI, da Lei de Execução Penal, com ser norma penal em branco, permite a
inclusão de novas modalidades infracionais, v.g., a utilização de telefone celular por
preso, no interior da cadeia. Fator e ocasião de quebra da disciplina carcerária – visto
que, ao alcance de integrantes de organizações criminosas, o telefone celular serve a
fomentar rebeliões nos presídios, com risco da segurança pública e da ordem social –,
a proibição de seu uso, estabelecida pela Resolução nº 113/2003, da Secretaria da
Administração Penitenciária, é ao mesmo tempo útil e necessária. Sua inobservância
implica, sem dúvida, falta disciplinar grave, sujeita ao rigor da lei (art. 50, nº VI, e
39, ns. II e V, da Lei de Execução Penal).
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).
32
— O autor de homicídio qualificado (art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime
fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida" (Antão
de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. HC nº 69.657-1-
SP; j. 18.9.92).
— O condenado por latrocínio (art. 157, § 3º, 2a. parte, do Cód. Penal), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado,
por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla defesa.
Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode suprir-se até à
sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— A partícula aditiva e entre as palavras penais e administrativas (art. 225, § 3º, da
Const. Fed.) dá bem a conhecer o intuito do legislador: sujeitar os autores dos
delitos definidos na Lei do Meio Ambiente (Lei nº 9.065/90) – pessoas físicas e
jurídicas – a sanções penais e administrativas.
—“(...) a denúncia poderá ser dirigida apenas contra a pessoa jurídica, caso não se
descubra a autoria ou participação das pessoas naturais, e poderá, também, ser
direcionada contra todos. (...) Agora o Ministério Público poderá imputar o crime
às pessoas naturais e à pessoa jurídica, juntos ou separadamente. A opção
dependerá do caso concreto” (Vladimir Passos de Freitas e Gilberto Passos de
Freitas, Crimes contra a Natureza, 8a. ed, p. 70).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
r
Voto nº 8085 — ecurso em sEntido estrito Nº 479.027-3/3-
00
Arts. 14, nº II, e 121, § 2º, nº. II, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.
r
Voto nº 8113 — ecurso em sEntido estrito Nº 849.392-3/0-00
Arts. 23, nº II, 121, “caput”, e 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.
r
Voto nº 8114 — ecurso em sEntido estrito Nº 850.022-3/5-
00
Art. 121, § 2º, ns. II, III e IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, letra d, da Const. Fed.
r
Voto nº 8116 — ecurso em sEntido estrito Nº 334.746-3/6-
00
Art. 14, nº II, 73, e 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito do
condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é dogma
científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que, incentivados
por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de crimes,
redimiram-se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se cidadãos
prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social,
porque seria matar-lhe a esperança, que é o último remédio que deixou a natureza
a todos os males (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
47
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
–– Legítima e justa é a condenação de quem, mediante fraude, dispõe de coisa alheia como
própria, por violar expressamente a lei (art. 171, § 2º, nº II, do Cód. Penal).
r
Voto nº 8126 — ecurso em sEntido estrito Nº 858.067-3/8-
00
Art. 163, parág. único, nº III, do Cód. Penal;
art. 43, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil.
— Não decai a Justiça de sua grandeza e confiança, antes se recomenda ao louvor dos
espíritos retos, se, aferindo lesão patrimonial por craveira benigna, rejeita
denúncia por delito de dano (art. 163, parág. único, nº III, do Cód. Penal). Ao
Juiz não esqueçam jamais aquelas severas palavras de Rui: “Não estejais com os
que agravam o rigor das leis, para se acreditar com o nome de austeros e ilibados.
Porque não há nada menos nobre e aplausível que agenciar uma reputação
malignamente obtida em prejuízo da verdadeira inteligência dos textos legais”
(Oração aos Moços, 1a. ed., p. 43).
— Nos casos de insignificante lesão ao bem jurídico protegido e mínimo grau de
censurabilidade da conduta do agente, pode o Magistrado, com prudente arbítrio,
deixar de aplicar-lhe pena (e ainda pôr termo à “persecutio criminis”). É que, nas
ações humanas, o Direito Penal somente deve intervir como providência “ultima
ratio”.
—“O Direito Penal não deve intervir quando a lesão jurídica é mínima, reservando-
se para as ofensas mais graves” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
17a. ed., p. 103).
49
r
Voto nº 8128 — ecurso em sEntido estrito Nº 830.738-3/6-00
Arts. 395 e 499 do Cód. Proc. Penal.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade
da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art.
5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
50
Voto nº 8131 — RevisÃo CRIMINAL Nº 377.009-3/8-00
Arts. 213, 225, § 1º, inc. I, do Cód. Penal;
arts. 156 e 621 do Código de Processo Penal;
art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal;
arts. 1º, nº V, e 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º, nº
XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
51
Voto nº 8133 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 998.128-3/9-
00
Arts. 33-36, e 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, ns XLIII e LXVI, da Const. Fed.
— Comete crime de roubo em concurso material com seqüestro o agente que, após
subtrair mediante grave ameaça pertences da vítima, priva-a da liberdade por
considerável espaço de tempo, com fins libidinosos (art. 157, § 2º, nº I, e 148 do Cód.
Penal).
—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação, firme e
segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação” (Rev. Tribs.,
vol. 750, p. 682).
— É questão vencida que, em sede de revisão criminal, toca ao peticionário provar, com
firmeza, que a sentença condenatória contraveio à realidade dos autos. Na forma do
art. 156 do Cód. Proc. Penal, pertence-lhe o ônus da prova.
52
— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de eventuais
defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas (“regina
probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda lhe
reconhece a jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a edição de decreto
condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos
que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam
controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de
Fogo, 1998, p. 107).
— Tem lá seu valor a confissão do réu na Polícia, máxime se feita em presença de
curador e ajustada aos mais elementos de prova dos autos.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564; rel.
Min. Cordeiro Guerra).
— À luz do art. 118 e segs. do Cód. Proc. Penal, os bens apreendidos somente
podem ser restituídos, se já não interessarem ao processo nem houver dúvida
quanto ao direito do reclamante.
— Apenas a violação de direito líqüido e certo, pedra angular do instituto, autoriza a
impetração de mandado de segurança (art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.).
— O direito líqüido, certo e incontestável, objeto do mandado de segurança,
conforme os anais do Pretório Excelso, “é aquele contra o qual se não podem
opor motivos ponderáveis, e sim meras e vagas alegações cuja improcedência o
magistrado pode reconhecer imediatamente sem necessidade de detido exame”
(apud, Themistocles Brandão Cavalcanti, Do Mandado de Segurança, 1957, p.
128).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade
provisória – Roubo praticado à mão armada e mediante concurso de agentes –
Necessidade da custódia cautelar – Ordem denegada.
— É universal o repúdio ao crime de roubo, visto como denota em quem o pratica
insigne desprezo do semelhante, demais de ousadia e maldade. Aliás, liberdade
provisória e roubo são termos que se implicam: dignos dela são unicamente os
que não apresentam o execrável labéu moral da periculosidade, comum aos autores
dessa espécie de crime.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf.
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor
de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
––“A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente os desiguais,
na medida em que se desigualam” (Rui, Oração aos Moços, 1a. ed., p. 25).
54
Voto nº 8153 — HABEAS CORPUS Nº 1.046.801-3/5-00
Art 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
arts. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade
da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art.
5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloqüente
Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade
da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art.
5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
56
Voto nº 8157 — HABEAS CORPUS Nº 1 .043.460-3/6-00
Art. 121, § 2º, ns. I e IV, 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 648, nº I, 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 14 e 16 da Lei nº 10.826/03;
arts. 5º, nº LVII, 93, nº IX, da Const. Fed.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no
entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de
força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta precatória
para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e franca oportunidade de
obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo
por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem
sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força
maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é insuscetível
de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe na
instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração
penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o
mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige
prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas
decisões, ninguém ainda ousou contestar a verdade destas palavras do conspícuo
Ministro Mário Guimarães, do Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da
matéria: “Certas decisões, também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em
justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro
da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310,
parág. único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o
roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.
–– Não se conhece de recurso, cujo objeto tenha sido já apreciado e decidido em ação de
“habeas corpus”. A razão é que, uma vez satisfeita sua pretensão, carece o réu de
legítimo interesse para recorrer.
–– Em conseqüência, agravo em execução interposto com essa finalidade está
prejudicado, visto perdeu o objeto (art. 197 da Lei de Execução Penal).
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico,
1985, vol. II, p. 588).
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
63
Voto nº 8177 — RevisÃo CRIMINAL Nº 376.733-3/4-00
Art. 121, § 2º, ns. I e IV do Cód. Penal;
arts. 156, 366 e 621, nº I, do Cód. Proc. Penal.
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em seu
espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir ao
ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que
acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga
do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão humana,
com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o encarcerado, “o
mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de Carnelutti (As
Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).
64
EMENTÁRIO
COM
INDICAÇÃO
DOS
ARTIGOS
DO
VOTO