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do Cristianismo Primitivo
Friederich Engels
1895
I
A história do cristianismo primitivo oferece curiosos pontos de
contato com o movimento operário moderno. Como este, o
cristianismo era, na origem, o movimento dos oprimidos: apareceu
primeiro como a religião dos escravos e dos libertos, dos pobres e
dos homens privados de direitos, dos povos subjugados ou dispersos
por Roma. Os dois, o cristianismo como o socialismo operário,
pregam uma libertação próxima da servidão e da miséria; o
cristianismo transpõe essa libertação para o Além, numa vida depois
da morte, no céu; o socialismo coloca-a no mundo, numa
transformação da sociedade. Os dois são perseguidos e encurralados,
os seus aderentes são proscritos e submetidos a leis de exceção, uns
como inimigos do gênero humano, os outros como inimigos do
governo, da religião, da família, da ordem social. E, apesar de todas
as perseguições, e mesmo diretamente servidos por elas, um e outro
abrem caminho vitoriosamente. Três séculos depois do seu
nascimento, o cristianismo é reconhecido como a religião do Estado e
do Império romano: em menos de sessenta anos, o socialismo
conquistou uma posição tal que o seu triunfo definitivo está
absolutamente assegurado.
Conseqüentemente, se o Sr. Professor A. Menger, no seu “Direito
ao Produto Integral do Trabalho”, se espanta de que, sob os
imperadores romanos, tendo em vista a colossal centralização das
riquezas e os sofrimentos infinitos da classe trabalhadora, composta
essencialmente de escravos, “o socialismo não tenha sido implantado
depois da queda do Império romano ocidental”, é porque
precisamente não vê que esse “socialismo”, na medida em que era
possível na época, existia efetivamente e chegava ao poder. . . com o
cristianismo. Só que o cristianismo, como tinha fatalmente de ser,
considerando as condições históricas, não queria a transformação
social neste mundo, mas no Além, no céu, na vida eterna depois da
morte, no millenium eminente.
II
A crítica bíblica alemã, até agora a única base científica do nosso
conhecimento da história do cristianismo primitivo, seguiu uma dupla
tendência.
III
As cartas são apenas a introdução ao verdadeiro tema da
comunicação do nosso João às sete Igrejas da Ásia Menor e, através
delas, a toda a comunidade judaica reformada do ano 69, donde,
mais tarde, saiu a cristandade. E então entramos no santuário mais
íntimo do cristianismo primitivo.
Como vimos, o autor não suspeita ainda que é algo mais que
Judeu. Conseqüentemente, nenhuma alusão, em todo o livro, ao
batismo; existem também numerosos indícios de que o batismo é
uma instituição do segundo período cristão. Os 144.000 Judeus
crentes são “selados”, não batizados. Dos santos no céu é dito: “São
aqueles que lavaram e embranqueceram as longas vestes no sangue
do cordeiro”; nada acerca da água do batismo. Os dois profetas que
precedem a aparição do Anticristo (cap. XI) também não batizam e,
no capítulo XIX, 10, o testemunho de Jesus não é o batismo mas o
espírito de profecia. Teria sido natural em todas estas ocasiões falar
do batismo, por pouco que estivesse já instituído. Estamos pois
autorizados a concluir com uma quase certeza que o nosso autor não
o conhecia e que ele só foi introduzido quando os cristãos se
separaram completamente dos Judeus.