O Desafio Do Conhecimento Pesquisa Qualitativa em Saúde Minayo

Sade em Debate 46
direo de
Gasto Wagner de Sousa Campos
Maria Ceclia de Souza Minayo
Marco Akerman
Marcos Drumond Jnior
ara Maria de Car!al"o
SA#D$ $M D$%A&$
&'&()*S $M CA&+)*G*
Epidemiologia da Desigualdade, C,sar G- .ictora/ 0ernando C- %arros 1 J- 2atrick .aug"an
Educao Mdica e Capitalismo, )ilia %lima Sc"rai3er
Epidemiologia da Sade Infantil (um Manual paa Diagn!sticos Comunit"ios#, 0- C- %arros 1 C- G- .ictora
Mul$ees% &Sanitaistas de 's Descalos&, 4elsinaMelo de *li!eira Dias
* Desafio do Con$ecimento% 'es(uisa )ualitati*a em Sade, Maria Ceclia de Souza Minayo
+efoma da +efoma% +epensando a Sade, Gasto Wagner de Sousa Campos
Epidemiologia paa Munic,pios, -. 2- .aug"an 1 5- 6- Morro7
Distito Sanit"io% / 'ocesso Social de Mudana das '"ticas Sanit"ias do S0S, $ug8nio .ilaa Mendes 9org-:
)uest1es de 2ida% 3tica, Ci4ncia e Sade, Gio!anni %erlinguer
/ Mdico e Seu 5abal$o% 6imites da 6ibedade, )ilia %- Sc"rai3er
+u,do% +iscos e'e*eno, (3iratan 2aula Santos ei ai- ; ; < - = >->?->
Infoma1es em Sade% Da '"tica 7agmentada ao E8ec,cio da Cidadania, liara 6- S- de Moraes ->@ ? ; < - ;@A B
)
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Sabe 'epaa uma 'es(uisa, A-<2- Contandriopoulos et ai- C><> <D
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?- E !<
/s Estados 9asileios e o Dieito : Sade, Sueli G- Dallari ; < =;% -F;
>ma ?ist!ia da Sade 'blica, George 5osen
5ecnologia e /gani@ao Social das '"ticas de Sade, 5icardo %runo Mendes<Gonal!es
/s Muitos 9asis% Sade e 'opulao na Dcada de AB, Maria Ceclia de Souza Minayo 9org-:
Da Sade e das Cidades, Da!id Capistrano 0il"o
Cids% 3tica, Medicina e 5ecnologia, Dina Czeresnia et ai- 9orgs-:
Cids% 'es(uisa Social e Educao, Dina Czeresnia et ai- 9orgs-:
Matenidade% Dilema ente Dascimento e Mote, Ana Cristina d>Andretta &anaka
Mem!ia da Sade 'blica. C 7otogafia como 5estemun$a, Maria da 2en"a C- .asconcelios 9coord-:
2el$os e Do*os Males da Sade no 9asil% C E*oluo do 'a,s e de Suas Doenas, C- A- Monteiro 9org-:
Dilemas e Desafios das Ci4ncias Sociais na Sade Coleti*a, Ana Maria CanesGui 9org-:
* &Mito& da Cti*idade 5,sica e Sade, ara Maria de Car!al"o
Sade E Comunicao% 2is,bilidades e Sil4ncios, +urea M- da 5oc"a 2itta
Dutio, 5abal$o e Sociedade, Solange .eloso .iana
>ma Cgenda paa a Sade, $ug8nio .ilaa Mendes
3tica da Sade, Gio!anni %erlinguer
Sobe o +isco. 'aa Compeende e Epidemiologia, Jos, 5icardo de C- MesGuita Ayres
Ci4ncias Sociais e Sade, Ana Maria CanesGui 9org-:
Conta a Ma : 9eia;Ma% C E8pei4ncia do S>S em Santos, $ C- %- Campos 1 C- M- 2- 6enriGues 9orgs-:
C Ea do Saneamento. Cs 9ases da 'ol,tica de Sade 'blica no 9asil, Gil3erto 6oc"man
* Cdulto 9asileio e as Doenas da Modenidade% Epidemiologia das Doenas CFnicas Do;5ansmiss,*eis, Hnes )essa 9org-:
C /gani@ao da Sade no D,*el 6ocal, $ug8nio .ilaa Mendes 9org-:
Mudanas na Educao Mdica e +esid4ncia Mdica no 9asil )aura 0euer7erker
C Mul$e, a Se8ualidade e o 5abal$o, $leonora Menicucci de *li!eira
C Educao dos 'ofissionais de Sade da Cmica 6atina. 5eoia e '"tica de um Mo*imento de Mudana. G H >m /l$a
Cnal,tico, GG H Cs 2o@es dos 'otagonistas, MIrcio Almeida et ai 9orgs-: Sobe a Sociologia da Sade, $!erardo Duarte 4unes
Educao 'opula e a Cteno : Sade da 7am,lia, $ymard Mouro .asconcelos >m Mtodo 'aa Cn"lise e Co;Iesto de Coleti*os, Gasto Wagner de Sousa Campos C
Ci4ncia da Sade, 4aomar de Almeida 0il"o
C 2o@ do Dono e o Dono da 2o@% Sade e Cidadania no Cotidiano 7abil, Jos, Carlos Cacau )opes Da Cte Dent"ia, Carlos %otazzo
Sade e ?umani@ao% a E8pei4ncia de C$apec!, Aparecida )in"ares 2imenta 9org-: C Sade nas 'ala*as e nos Iestos% +efle81es da +ede de Educao 'opula e Sade,
$ymard .asconcelos Municipali@ao da Sade e 'ode 6ocal% SuJeitos, Ctoes e 'ol,ticas, Sil!io 0ernandes da Sil!a C Co;Cgem do 'S7, Maria 0Itima de Souza
Cgentes Comunit"ios de Sade% C$o(ue de 'o*o, Maria 0Itima de Souza Sade% Catogafia do 5abal$o 2i*o, $merson $lias Mer"y
Clm do Discuso de Mudana na Educao Mdica% 'ocessos e +esultados, )aura 0euer7erker 5end4ncias de Mudanas na 7omao Mdica no 9asil% 5ipologia das
Escolas, Jadete %ar3osa )ampert * 'laneJamento no 6abiinto% >ma 2iagem ?emen4utKa,+osana *nockoCampos Sade 'aidia, Gasto Wagner de Sousa Campos
9iomedicina, Sabe E Ci4ncia% >ma Cbodagem C,tica, Jennet" 5oc"e de Camargo Jr- Epidemiologia nos Munic,pios% Muito Clm das Domas, Marcos Drumond Jnior C
'sicateapia Institucional e o Clube dos Sabees, Art"ur 6yppKiito de Moura Epidemiologia Social% Compeenso e C,tica, DEalma Agripino de Melo 0il"o * 5abal$o em
Sade% /l$ando e E8peienciando o S>S no Cotidiano, $merson $lias Mer"y et ai
A 5$)ALM* D*S D$MAHS )H.5*S DA C*)$LM* SAND$ $M D$%A&$ AC6A<S$ 4* 0HM D* )H.5*-
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Pualitati!a em Sade
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Sociedade Unificada Paulista de Ensino Renovado Objetivo - SUPERO
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T Direitos autorais/ QRRS/ de Maria Ceclia de Souza Minayo-
T Direitos de pu3licao reser!ados por
Aderaldo 1 5ot"sc"ild $ditores )tda-/
5ua Joo Moura/ SUU < RVSWQ<RRW So 2aulo/ %rasil-
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9VV WW:UR\R<[QZU 9atendimento ao consumidor:
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DepKsitos )egais eêtuados-
Dados internacionais de Catalogao na 2u3licao 9CH2: 9Sandra 5egina .itzel Domingues:
M \WV Minayo/ Maria Ceclia de Souza
* desaîo do con"ecimento? pesGuisa Gualitati!a em sade- F Maria Ceclia de Souza Minayo- _ Y- ed- _ So 2aulo? 6ucitec/ QRRS-
Q\[ p-D QW cm- _ 9Sade em De3ateD S\: %i3liograîa? p- QVV -< HS%4 YV<QZW<RWYW<V <;
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W- 2esGuisas Sociais _ Metodologia Q- Sade 23lica _ 2esGuisa H- &tulo 6- S,rie
CDD < \WS-RZQ
ndice para catIlogo sistemItico?
W- 2esGuisas Sociais? Metodologia \WS-RZQ
Q- 2esGuisas? Sade 23lica \WS-RZQ
S(M+5H*
Intoduo * D$SA0H* D* C*46$CHM$4&* [ Cap,tulo G
H4&5*D(LM* ` M$&*D*)*GHA D$ =
2$SP(HSA S*CHA) W[
Cap,tulo L 0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA Y[
Cap,tulo M 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WRV Cap,tulo 4 0AS$ D$
A4+)HS$ *( &5A&AM$4&* D*
MA&$5HA) W[Z
Concluso QS[
9ibliogafia QVV
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< cd & H4&5*D(LM*
* D$SA0H* D* C*46$CHM$4&*
-D><</<>C ;A ltima coisa Gue se encontra ao âzer uma o3ra , o Gue se de!e colocar em primeiro lugar; 92ascal/ 'ense, ^rase n-; W[:
pois ;sendo ento todas as coisas causadas e causadoras/ aEudadas e aEudantes/ mediata e imediatamente/ e todas se relacionando por
um !nculo natural e insens!el Gue liga as mais aâstadas e mais diêrentes/ creio ser to imposs!el con"ecer as partes sem
con"ecer o todo como con"ecer o <? todo/ sem con"ecer particularmente as partes; 92ascal/ 'en;;--D?? ;NOPN; se, ^rase n-e
ZU:-
.-..-.. - ->',:. :- . ':: ^'"'fjsi
IQi D$4&5* da dial,tica to 3em eXpressa por 2ascal e citada em epgraê Gue se introduz o presente
tra3al"o/ uma proposta teKrico<metodolKgica para a3ordagem Gualitati!a das relafes sociais Gue
inôrmam o campo da Sade- $m3ora pouco a pouco a pro3lemItica !I se desdo3rando/ este estudo se
organiza dentro de alguns pontos ûndamentais Gue perpassam o conEunto das Guestfes tratadas/ Guais
seEam/ a natureza do socialD as relafes entre indi!duo e sociedadeD entre ao/ estrutura e signiîcadosD
entre suEeito e o3EetoD entre âto e !alorD entre realidade e ideologia e a possi3ilidade do con"ecimento/
!isto so3 o prisma de algumas correntes sociolKgicas- 2or constituir um tra3al"o de metodologia/ , so3
esse gngulo Gue a pro3lemItica citada toma corpo e se eXplicita nos diêrentes n!eis de a3ordagem da
realidade/ atingindo a discusso dos m,todos e t,cnicas de pesGuisa- A partir desse ponto de !ista tenta<se
introduzir alguns eiXos de re^leXo/ eXplicitando o camin"o seguido pelo presente estudo- &oda a
pro3lemItica aGui a3ordada tem como espao pri!ilegiado de interrogao a prItica de pesGuisa/ Gue se
3usca
9
WR * D$SA0H* D* C*46$CHM$4&*
reêrenciar como a ati!idade ûndamental na produo do con"ecimento-
4a !erdade este estudo se constitui numa pro3lematizao de conceitos usualmente empregados para a
construo do con"ecimento e numa teorizao so3re a prItica de pesGuisa/ entendendo<se Gue nem a
teoria e nem a prItica so isentas de interesse/ de preconceito e de incursfes su3Eeti!as- Conôrme ad!erte
%ourdieu/ &R96 teoria da prItica Gue aparece como condio de uma ci8ncia rigorosa das prIticas/ no ,
menos teKrica; 9W[ZQ/WVZ:D o pri!il,gio presente em toda ati!idade teKrica supfe um corte epistemolKgico
e um corte social e am3os go!ernam sutilmente essa realidade 9W[ZQ/ WVY:/ portanto/ GualGuer
in!estigador de!e colocar em Guesto os pressupostos inerentes a sua Gualidade de o3ser!ador eXterno
Gue tende a importar para o o3Eeto os princpios de sua relao com a realidade/ incluindo<se a suas
rele!gncias 9W[ZQ/ W\R:- Dentro desse esprito/ tenta<se tra3al"ar o conceito de Metodologia/ ûgindo/ de
um lado/ daGuelas a3ordagens apenas teKricas Gue no c"egam a en^rentar a prItica de pesGuisaD de outro/
daGuelas concepfes Gue consideram o la3or da in!estigao como uma tecnologia neutra/ isenta/ a ser
dominada e aplicada indistintamente e independente dos pressupostos teKricos Gue a sustentam-
* o3Eeto principal de discusso so as Metodologias de 'es(uisa )ualitati*a entendidas como aGuelas
capazes de incorporar a Guesto do SHG4H0HCAD* e da H4&$4CH*4A)HDAD$ como inerentes aos atos, :s
ela1es, e hs estutuas sociais, sendo essas ltimas tomadas tanto no seu ad!ento Guanto na sua
transôrmao/ como construfes "umanas signiîcati!as-
A introduo dessa deînio insere conseGi8ncias teKricas e prIticas na a3ordagem do social- A primeira
delas , uma interrogao so3re a possi3ilidade de se considerar cientîco ou no um tra3al"o de
in!estigao/ Gue ao le!ar em conta os n!eis mais proûndos das relafes sociais/ no pode
operacionalizI<los em nmeros e !ariI!eis/ crit,rios usualmente aceitos para emitir Euzo de !erdade no
campo intelectual- *ra/ essa Guesto remete hs prKprias entran"as do positi!ismo sociolKgico Gue apenas
recon"ece como ci8ncia a ati!idade ;o3Eeti!a;/ capaz de traar as leis Gue regem os ênjmenos/
menosprezando os aspectos c"amados ;su3Eeti!os;/ imposs!eis de serem
* D$SA0H* D* C*46$CHM$4&* WW
sintetizados em dados estatsticos- 4o entanto/ o prKprio positi!ismo tenta tra3al"ar a ;Gualidade do
social; seEa 3uscando su3stanti!I<lo em !ariI!eis/ seEa/ atra!,s do estrutural<ûncionalismo/ ôcalizando
os produtos da interao social como componentes ûncionais da realidade/ e tratandoos como entidades
pass!eis de estudo/ independentemente de sua constituio pelos indi!duos-
$m oposio ao 2ositi!ismo/ a pergunta so3re o Gualitati!o , respondida de ôrma diêrente pela
Sociologia Compreensi!a/ Gue/ como o prKprio nome indica/ coloca como tareâ das Ci8ncias Sociais a
compreenso da realidade "umana !i!ida socialmente e totalmente di!ersa do mundo das ci8ncias
naturais- $m suas diêrentes maniêstafes como a 0enomenologia/ a $tnometodologia/ o Hnteraciona<
lismo Sim3Klico/ o SHG4H0HCAD* , o conceito central para a anIlise sociolKgica- 4uma oposio ^rontal ao
positi!ismo/ a sociologia compreensi!a propfe a su3Eeti!idade como ûndante do sentido e deênde<a
como constituti!a do social e inerente ao entendimento o3Eeti!o- $ssa corrente no se preocupa de
Guantiîcar/ mas de lograr eXplicar os meandros das relafes sociais consideradas ess8ncia e resultado da
ati!idade "umana criadora/ aêti!a e racional/ Gue pode ser apreendida atra!,s do cotidiano/ da !i!8ncia/ e
da eXplicao do senso comum- *s pro3lemas da corrente compreensi!ista se encontram na atomizao
da realidade na anIlise dos grupos sociais como uma totalidade nela mesma/ e na aus8ncia Guase total de
discussfes reêrentes a pro3lemas estruturais- Sua concentrao nos signiîcados , a3soluta/ le!ando<as a
menosprezar a 3ase material do uni!erso sim3Klico-
0azendo uma sntese so3re a Guesto Gualitati!a/ superior ao positi!ismo a hs a3ordagens
compreensi!istas/ a dial,tica marXista a3arca no somente o sistema de relafes Gue constrKi o modo de
con"ecimento eXterior ao suEeito/ mas tam3,m as representafes sociais Gue constituem a !i!8ncia das
relafes o3Eeti!as pelos atores sociais/ Gue l"e atri3uem signiîcados- 0rente h pro3lemItica da Guantidade
e da Gualidade a dial,tica assume Gue a Gualidade dos âtos e das relafes sociais so suas propriedades
inerentes/ e Gue Guantidade e Gualidade so inseparI!eis e interdependentes/ ense<Eando<se assim a
dissoluo das dicotomias Guantitati!oF Gualitati!o/ macroFmicro/ interioridade e eXterioridade com Gue se
de3atem as
WQ * D$SA0H* D* C*46$CHM$4&*
di!ersas correntes sociolKgicas- Com relao aos signiîcados/ a anIlise dial,tica os considera como parte
integrante da totalidade Gue de!e ser estudada tanto ao n!el das representafes sociais como das
determinafes essenciais- So3 esse enôGue/ no se compreende a ao "umana independente do
signiîcado Gue l"e , atri3udo pelo autor/ mas tam3,m no se identiîca essa ao com a interpretao
Gue o ator social l"e atri3ui- 2ortanto/ em relao a3ordagem Gualitati!a/ o m,todo dial,tico/ como diz
Sartre/ ;recusa<se a reduzir- $le ultrapassa conser!ando; 9W[ZY/ WZZ:- Demonstra sua superioridade
precisamente pela capacidade de incorporar as ;!erdades parciais; das outras correntes/ criticando e
negando suas limitafes- 2erce3e a relao inseparI!el entre mundo natural e socialD entre pensamento e
3ase materialD entre o3Eeto e suas GuestfesD entre a ao do "omem como suEeito "istKrico e as
determinafes Gue a condicionam- *s princpios de especificidade $ist!ica e de totalidade l"e conêrem
potencialidade/ para/ do ponto de !ista metodolKgico/ apreender e analisar os acontecimentos/ as relafes
e cada momento como etapa de um processo/ como parte de um todo- *s crit,rios de comple8idade e de
difeenciao l"e permitem tra3al"ar o carIter de antagonismo/ de con^lito e de cola3orao entre os
grupos sociais/ e no interior de cada um deles/ e pensar suas relafes como mltiplas em seus prKprios
gngulos/ intercondicionadas em seu mo!imento e desen!ol!imento interior e interagindo com outros
ênjmenos ou grupos de ênjmenos-
A a3ordagem dial,tica por,m estI pouco desen!ol!ida/ particularmente no Gue concerne ao ponto de
partida das representafes sociais- Hsso le!a a Gue os estudos su3stanti!os realizados a partir dessa
perspecti!a seEam um desaîo Gue en^renta o pesGuisador/ pois eXige dele uma superao dos
instrumentos de pesGuisa usualmente empregados pelas correntes compreensi!istas ou ûncionalistas/ e a
incluso dos SHG4H0HCAD*S na totalidade "istKrico<estrutural-
A discusso crtica do conceito de ;Metodologias Pualitati!as; nos induz a pensI<las no como uma
alternati!a ideolKgica hs a3ordagens Guantitati!as/ mas a aproûndar o carIter do social e as diîculdades
de construo do con"ecimento Gue o apreendem de ôrma parcial e inaca3ada- As diêrentes teorias Gue
a3rangem 9cada uma delas: aspectos particulares e relegam outros/ nos re!elam o
* D$SA0H* D* C*46$CHM$4&* WU
ine!itI!el im3ricamento entre con"ecimento e interesse/ entre condifes "istKricas e a!ano das ci8ncias/
entre identidade do pesGuisador e seu o3Eeto/ e a necessidade indiscut!el da crtica interna e eXterna na
o3Eeti!ao do sa3er- * prKprio termo ;Metodologias Pualitati!as; consagra uma impreciso/ uma
diîculdade "istKrica das teorias de se posicionar ^rente h especiîcidade do social- $le supfe uma
aîrmao da Gualidade contra a Guantidade/ re^letindo uma luta teKrica entre o positi!ismo e as correntes
compreensi!istas em relao h apreenso dos signiîcados- Se entendermos a interdepend8ncia e a
insepara3ilidade entre os aspectos GuantiîcI!eis e a !i!8ncia signiîcati!a da realidade o3Eeti!a no
cotidiano/ !eremos a reêrida denominao como redundante e mesmo parcial- A noo de Metodologia
de 2esGuisa Social _ no ôssem as conotafes "istoricamente mediadas do primeiro termo _ seria
suîciente para Gualiîcar o campo de a3ordagem das relafes sociais/ a3rangente de seus aspectos
estruturais e da !iso Gue os atores sociais proEetam dessas relafes-
&razendo o de3ate do ;Gualitati!o; para o campo da Sade/ presencia<se o eclodir de Guestfes
semel"antes hs do gm3ito maior das Ci8ncias Sociais- Hsso se de!e ao âto/ em primeiro lugar/ de Gue a
sade no institui nem uma disciplina nem um campo separado das outras instgncias da realidade social-
2or isso/ tanto no Gue concerne h pro3lemItica teKrica Guanto h metodolKgica ela estI su3metida hs
mesmas !icissitudes/ a!anos/ recuos/ interrogafes e perspecti!as da totalidade sociolKgica da Gual âz
parte 9Apezec"ea? W[YV/ S\W<SZQ:- A sua especiîcidade , dada pelas in^leXfes sKcio<econjmicas/
polticas e ideolKgicas relacionadas ao sa3er teKrico e prItico so3re sade e doena/ so3re a
institucionalizao/ a organizao/ administrao e a!aliao dos ser!ios e a clientela dos sistemas de
Sade- Dentro<desse carIter peculiar estI sua a3rang8ncia multidisciplinar e estrat,gica- Hsto ,/ o
recon"ecimento de Gue o campo da Sade se reêre a uma realidade compleXa Gue demanda
con"ecimentos distintos integrados e Gue coloca de ôrma imediata o pro3lema da inter!eno- 4este
sentido/ ele reGuer como essencial uma a3ordagem dial,tica Gue compreende para transôrmar e cuEa
teoria/ desaîada pela prItica/ a repense permanentemente-
* recon"ecimento da especiîcidade do setor sade no retira/
WS * D$SA0H* D* C*46$CHM$4&*
por,m/ sua cumplicidade com a pro3lemItica social mais ampla/ seEa no campo da realidade emprica
9pois a Guesto da sade en!ol!e o conEunto das relafes sociais !i!enciadas nas Ireas da produo e das
condifes de produo:/ seEa no gm3ito conceituai/ onde o especîco estI atra!essado por distintas
posifes âce hs possi3ilidades de organizao da !ida social- &eoricamente isso signiîca diîculdades de
aproXimao do o3Eeto/ de !encer dicotomias analticas/ de se mo!er no terreno da totalidade das
dimensfes Gue o ênjmeno sadeFdoena re!ela e oculta- Creio Gue a cristalizao dessas limitafes estI
na prKpria conceituao de termos como ;Sade 23lica; ou ;Sade Coleti!a;- * primeiro/ consagra uma
dimenso reducio<nista de direo e de inter!eno do $stado numa Irea social mais ampla e compleXa
do Gue a deînida pelas prIticas sanitIrias oîciais- * segundo termo , tam3,m am3guo e inespecîco-
Donnangelo 9W[YU/W[<QS: e Mer"y 9W[YV/ QW: detectam a impreciso do adEeti!o ;coleti!o; para
conceituar o campo da sade/ por causa da ampla conotao Gue comporta e pela relao de eXterioridade
Gue esta3elece ^rente ao o3Eeto-
$ssa am3igiidade se torna muito presente em &eiXeira 9W[YV/ YZ<WR[: Guando a autora considera ;Sade
Coleti!a; como um conceito operacional prKprio do campo de aplicao das Ci8ncias Sociais h Sade
para analisar os ;corpos sociais; 9classes/ grupos e relafes: em suas relafes "istKrico<estruturais- Sem
entrar no m,rito do redu<cionismo Gue a se processa em relao h a3rang8ncia do social e em relao h
delimitao do espao da sadeFdoena no ;corpo;/ ainda Gue ;corpo social;/ tenta<se realizar/ neste
estudo/ uma ampliao do conceito sociolKgico de sade Gue a3ranEa a totalidade das relafes Gue cont8m
e se eXpressam no cultural/ lem3rando com %oltanski Gue?
;*s determinismos sociais no inôrmam Eamais o corpo de maneira imediata/ atra!,s de uma ao Gue se
eXerceria diretamente so3re a ordem 3iolKgica sem a mediao do cultural Gue os retraduz e os transôrma
em regras/ em o3rigafes/ em proi3ifes/ em repulsas ou deseEos/ em gostos e a!ersfes; 9W[Z[/WW[:-
* D$SA0H* D* C*46$CHM$4&* WV
&al como , pensado neste tra3al"o/ o conceito sociolKgico de Sade ret,m ao mesmo tempo suas
dimensfes estruturais e polticas e cont,m os aspectos "istKrico<culturais de sua realizao- Como
GualGuer tema a3rangente do cultural/ a sade sK pode ser entendida dentro de uma sociologia de classe-
2or,m dentro de uma sociologia de classe Gue? (a# possua instrumentos para perce3er o carIter de
a3rang8ncia das !isfes dominantes 9pois as classes se encontram entre si/ no seio de uma sociedade em
relao e com pro3lemas de aculturao recproca:D (b# perce3a tam3,m a especiîcidade dos sistemas
culturais e de su3culturas dominadas em suas relafes contraditKrias com a dominaoD (c# deîna a
origem e a "istoricidade das classes na estrutura do modo de produoD (d# conce3a sua realizao tanto
nos espaos ôrmais da economia e da poltica como nas matrizes essenciais da cultura como a âmlia/ a
!izin"ana/ os grupos etIrios/ os grupos de lazer etc/ considerando como espaos inclusi!os de con^litos/
contradifes/ su3ordinao e resist8ncia tanto as unidades de tra3al"o como o 3airro/ o sindicato como a
casa/ a consci8ncia como o seXo/ a poltica como a religio- Hntroduzindo a cultura na deînio do
conceito de Sade demarca<se um espaamento radical? ela amplia e cont,m as articulafes da realidade
social- 2ensada assim/ cultura no , um lugar su3Eeti!o/ ela a3range uma o3Eeti!idade com a espessura
Gue tem a !ida/ por onde passa o econjmico/ o poltico/ o religioso/ o sim3Klico e o imaginIrio- $la , o
locus onde se articulam os con^litos e as concessfes/ as tradifes e as mudanas e onde tudo gan"a
sentido/ ou sentidos/ uma !ez Gue nunca "I apenas um signiîcado-
A sade enGuanto Guesto "umana e eXistencial , uma pro3lemItica compartil"ada indistintamente por
todos os segmentos sociais- 2or,m as condifes de !ida e de tra3al"o Gualiîcam de ôrma diêrenciada a
maneira pela Gual as classes e seus segmentos pensam/ sentem e agem a respeito dela- Hsso implica Gue/
para todos os grupos/ ainda Gue de ôrma especîca e peculiar/ a sade e a doena en!ol!em uma
compleXa interao entre os aspectos ^sicos/ psicolKgicos/ sociais e am3ientais da condio "umana e de
atri3uio de signiîcados- 2ois sade e doena eXprimem agora e sempre uma relao Gue perpassa o
corpo indi!idual e social/ con^rontando com as tur3ul8ncias do ser "umano enGuanto ser total- Sade e
doena so ênjmenos
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W\ * D$SA0H* D* C*46$CHM$4&*
clnicos e sociolKgicos !i!idos culturalmente/ porGue as ôrmas como a sociedade os eXperimenta/
cristalizam e sim3olizam as maneiras pelas Guais ela en^renta seu medo da morte e eXorciza seus
ântasmas- 4este serttido sadeFdoena importam tanto por seus eêitos no corpo como pelas suas
repercussfes no imaginIrio? am3os so reais em suas conseGi8ncias- 2ortanto/ incluindo os dados
operaciona<lizI!eis e Eunto com o con"ecimento t,cnico/ GualGuer ao de tratamento/ de pre!eno ou
de planeEamento de!eria estar atenta aos !alores/ atitudes e crenas dos grupos a Guem a ao se dirige- k
preciso entender Gue/ ao ampliar suas 3ases conceituais/ as ci8ncias sociais da sade no se tornam menos
;cientîcas;/ pelo contrIrio/ elas se aproXimam com maior luminosidade dos contornos reais dos
ênjmenos Gue a3arcam-
De GualGuer ôrma/ a a3ordagem social da sade/ do ponto de !ista cultural e Gualitati!o/ no constitui
uma ideologia e no institui uma posio un!oca- 6istoricamente ela , perpassada tam3,m pelo de3ate
teKrico das ci8ncias sociais como EI se repetiu- * estrutural<ûncionalismo tem marcado a lin"a de
con"ecimento dos grupos ,tnicos e sociais a partir da antropologia/ so3retudo !inculado h ;medicina
tropical; e como su3sdio hs ;ci8ncias da conduta; 94unes? W[YV/UW<UUD $strella? W[YV/W\S<W\[D Agudelo?
W[YV/QRU<QUU:- Seu arrai<gamento no campo da sade/ e!idencia/ entre outros pro3lemas/ o âto de Gue as
prKprias 3ases do ûncionalismo se espel"am no modelo 3iolKgico como metIôra da sociedade-
2rocessa<se a um eêito circular em Gue a 3iologia oêrece seu reêrencial h sociologia Gue por sua !ez
l"e proporciona su3sdios h compreenso dos aspectos culturais da sadeFdoena- k di^cil a tra!essia do
espel"ol D> PSP.;NP
Das a3ordagens Gualitati!as/ a ênomenologia , a Gue tem tido maior rele!gncia na Irea da sade- As
anIlises ûndamentadas em seus pressupostos t8m des!endado as concepfes de sadeFdoena como
culturalmente especîcas/ a ar3itrariedade do $stado na imposio de padrfes culturais/ a relati!idade da
!erdade da medicina/ o carIter reprodutor das instituifes m,dicas/ a dominao da ,tica m,dica/
ad!ogando uma no!a îlosoîa da medicina- 2roposifes da poltica de ateno primIria/ de autocuidado/
re!alorizao da medicina tradicional/ de participao comunitIria/ e de certos grupos de
"
t
* D$SA0H* D* C*46$CHM$4&* WZ
in!estigaoFao e de pesGuisa participante con!ergem in^lu8ncias ênomenolKgicas 94unes? W[YV/UW<
ZWD Garcia? W[YU/WW[<WUW:-
As aproXimafes dial,ticas Gue partem do ponto de !ista dos suEeitos sociais so3re o processo
sadeFdoena e a3rangem as relafes Gue perpassam sua poltica e institucionalizao/ so muito poucas-
&rata<se "oEe de uma eXig8ncia criati!a Gue complemente ou ultrapasse as anIlises macroeconjmicas e
"istKrico<estruturais do setor-
m k dentro desse esôro de ampliar o de3ate teKricoFmetodolKgico no campo da sade/ so3 o enôGue
dial,tico/ Gue coloco este tra3al"o- $m nen"um momento ele se pretende aca3ado ou magistral- AlmeEa
apenas ser uma centel"a a mais no camin"o de 3uscas de in!estigao e de integrao/ num setor to
compleXo e essencialmente multidisciplinar-
* presente estudo desdo3ra<se num conEunto de Guatro captulos/ onde/ a3ordando Guestfes
metodolKgicas especîcas/ tenta<se re^letir so3re o carIter aproXimati!o das Ci8ncias Sociais/ a lKgica
interna peculiar da 2esGuisa Social e mormente das a3ordagens Gualitati!as/ e os aspectos mediadores da
tecnologia em relao hs teorias e hs prIticas- Considera<se o Ciclo da 'es(uisa como um processo de
tra3al"o Gue dialeticamente termina num produto pro!isKrio e recomea nas interrogafes lanadas pela
anIlise înal- As pIginas seguintes so a eXplicitao desse esôro atra!,s da re^leXo e da crtica de
conceitos/ e da proposta de um camin"o de pensamento- 4o primeiro captulo so apresentados
pressupostos e especiî<cidades prKprias ao campo metodolKgico/ ou seEa/ os conceitos de Metodologia/
de 2esGuisa Social/ de 2esGuisa $strat,gica/ de Pualitati!o e de Puantitati!o- $m seguida "I um resumo
dos traos gerais das principais lin"as de pensamento sociolKgico e suas implicafes no campo da sade-
&rata<se de um temIrio introdutKrio ao tra3al"o de in!estigao-
4o segundo captulo processa<se uma re^leXo so3re a 7ase E8ploat!ia da 'es(uisa cuEa importgncia
ûndamental , eXorcizar o empirismo das a3ordagens sociais- $sto a discutidos os conceitos 3Isicos de
um marco teKrico/ a pro3lemItica de deînio do o3Eeto/ a construo dos instrumentos de a3ordagem
emprica/ a amostragem na in!estigao Gualitati!a e a aproXimao do campo-
WY * D$SA0H* D* C*46$CHM$4&* H
$m seguida/ no terceiro captulo/ a3orda<se o momento do 5abcaTU de Campo, ou seEa/ a t,cnica e a
pro3lematizao dos conceitos ^l^ *3ser!ao 2articipante/ de $ntre!ista/ de 5epresentao Social e ê
5epresentao Social de Sade e Doena-
2or îm/ no Guarto captulo esto eXpostas as modalidades mai^ ^reGientes de 5atamento do Mateial
)ualitati*o, isto ,/ os conceitos de AnIlise de Contedo/ de AnIlise do Discurso e de AnIlise 6ermen8u<
tico<Dial,tica- &ermina<se com uma proposta prItica de anIlise 3uscando<se sintetizar e ultrapassar as
modalidades usuais de a3ordagem-
* Ciclo completo proEeta a in!estigao como um processo com etapas e ati!idades especîcas em cada
âse/ Gue podem ser delimitadas em cronogramaD e ao mesmo tempo como um mo!imento permanente de
integrao das partes no todo e de sucessi!o recomear- $le !eicula a id,ia de um tra3al"o Gue tem
dingmica prKpria em 3usca da o3Eeti!ao do con"ecimento/ mas tam3,m , uma 3usca inaca3ada Gue se
reinicia cada !ez Gue apresenta um produto ;pro!isKrio;/ integrando a "istoricidade do processo social e
da construo teKrica-
$sse senso de relati!idade e de utopia , o Gue une este tra3al"o a todos os esôros daGueles Gue 3uscam
uma ;ci8ncia mais cientîca; no campo da sade? a partil"a da id,ia de Gue o con"ecimento , um
processo inînito e no "I condio de êc"I<lo numa âse înal/ assim como no se pode pre!er o înal do
processo "istKricoD em3ora o proEetemos como politicamente democrItico e socialmente igualitIrio para
ser ecologicamente saudI!el-
CA2H&()* W
H4&5*D(LM* ` M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
PRIMEIRA PARTE
C*4C$H&*S %+SHC*S
n)S&$ captulo tem um o3Eeti!o introdutKrio- .isa a conceituar alguns termos Gue constituem o o3Eeti!o a
ser perseguido durante todo o tra3al"o- 2retende tam3,m pro3lematizar a a3ordagem da pesGuisa social-
Di!ide<se em duas partes Gue se complementam e Gue sero tratadas progressi!amente no decorrer deste
estudo-
4a primeira etapa tratamos da especiîcidade da metodologia das ci8ncias sociais/ deînimos@o conceito
deErnetodologia/ de pesGuisa e tam3,m introduzimos a pol8mica Gue se instaura no meio cientîco entre o
m,todo Guantitati!o e o m,todo Gualitati!o-
* esôro inicial de conceituao/ dentro da dingmica Gue esta3elecemos durante todo o processo de
estudo/ , ao mesmo tempo uma pro3lematizao Gue re^lete as !Irias correntes de pensamento no interior
das ci8ncias sociais- 5eêre<se hs mltiplas possi3ilidadesm de a3ordagem metodolKgica e seus
pressupostos- As correntes de pensamento t8m sua "istKria/ !eiculam uma !iso de mundo e t8m a !er
com a rea"dmdemsocial compleXa ondeioram geradas e Gue elas tentam eXpressar-
4o campo da sade/ considerada esta como um ênjmeno social de alta signiîcao/ o positi!ismo/ a
ênomenologia e a dial,tica marXista so as principais tend8ncias de interpretao-ilas representam no
apenas diêrentes possi3ilidades de anIlise/ mas uma luta
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QR M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
ideolKgica Gue/ por sua !ez/ tem a !er com a luta poltica mais ampla na sociedade-
A $S2$CH0HCHDAD$ DA M$&*D*)*GHA DA 2$SP(HSA S*CHA)
l$ntrar no campo da Metodologia da 2esGuisa Social , penetrar num mundo pol8mico onde "I Guestfesm
no resol!idas e onde o de3ate tem sido perene e no conclusi!oJ
* primeiro tema mais pro3lemItico , o da diêrena ou no entre os m,todos especîcos das ci8ncias
sociais e das ci8ncias ^sico<naturais e 3iolKgicas- &emos Gue comear en^rentando a Guesto/ ainda Gue
no ten"amos respostas deîniti!as? $ o âzemos salientando alguns pontos Gue distinguem as Ci8ncias
Sociais e as tornam especîcas/ EI assinalados por Demo 9W[YW:-
* primeiro deles , o âto inconteste de Gue o o3Eeto das Ci8ncias Sociais , $ist!ico. Signiîca Gue as
sociedades "umanas eXistem num determinado espao/ num determinado tempo/ Gue os grupos sociais
Gue as constituem so mutI!eis e Gue tudo/ instituifes/ leis/ !isfes de muridf so pro!isKrios/
passageiros/ esto em constante dinamismo e potencialmente tudo estI para ser transôrmado-
Como conseGi8ncia do primeiro princpio/ podemos dizer Gue nosso o3Eeto de estudo possui NTns,4ncia
$ist!ica. Goldmann 9W[YR/ WZ<WRS: nos introduz ao conceito de consci4ncia poss,*el e de consci4ncia
eal, conceitos Gue podem nos aEudar a entender a especiîcidade das ci8ncias sociais- De acordo com o
desen!ol!imento das ôras produti!as/ E?om a organizao particular da sociedade e de sua dingmica
interna/ desen!Kl!em<se !isfes de mundo determinadas Gue nem os grupos sociais e nem os îlKsoôs e
pensadores conseguem superar- Alguns grupos sociais e alguns pensadores logram sair do n!el de ;senso
comum; dado pela ideologia dominante/ mas/ mesmo assim/ seu con"ecimento , relati!o e nunca
ultrapassa os limites das relafes sociais de produo concretas Gue eXistem na sua sociedade- *
pensamento e a consci8ncia so ^ruto da necessidade/ eles no so um ato ou entidade/ so um processo
Gue tem como 3ase o prKprio processo "istKricoE
Desta ôrma as ci8ncias sociais/ enGuanto consci8ncia poss!el/ esto su3metidas hs grandes Guestfes de
nossa ,poca e t8m seus
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) QW
limites dados pela realidade do desen!ol!imento social- 2ortanto/ tanto os indi!duos como os grupos e
tam3,m os pesGuisadores so dialeticamente autores e ^rutos de seu tempo "istKrico-
(ma terceira caracterstica das Ci8ncias Sociais , a identidade ente o suJeito e o obJeto da in!estigao-
$las in!estigam seres "umanos Gue/ em3ora seEamEnuito@diêrentes por razfes culturais/ de classe/ de
âiXa etIria oupor GualGuer outro moti!o/ t8m um su3strato comum GueEaaJoE&iarn solidariainente
im3ricados e comprometidos/
*utro aspecto distinti!o das Ci8ncias Sociais , o âto de Gue ela , int,nseca e e8tinsecammte
ideol!gica. 4ingu,m "oEe ousaria negar a e!id8nciaEie GueEoda ci8ncia , comprometida- $la !eicula
interesses e !isfes de mundo "istoricamente construdas e se su3mete e resiste aosEimitesEdadps pelos
esGuemas de dominao !igentes- Mas as ci8ncias ^sicas e 3iolKgicas participam de ôrma diêrente do
comprometimento social/ pois eXiste um distanciamento de natureza entre o ^sico e o 3iolKgico em
relao a seu o3Eeto/ em3ora as desco3ertas da c"amada ;no!a ^sica; re!elem o im3ricamento relacionai
entre o pesGuisador e a natureza? ;o real , a realidade Gue ele con"ece;- 4a in!estigao social/ por,m/
essa relao , muito mais crucial- A !iso de mundo do pesGuisador e dos atores sociais esto implicadas
em todo o processo de con"ecimento/ desde a concepo do o3Eeto at, o resultado do tra3al"o- k uma
condio da pesGuisa/ Gue uma !ez con"ecida e assumida pode ter como ^ruto a tentati!a de o3Eeti!ao
do con"ecimento- Hsto ,/ usando<se todo o instrumental teKrico e metodolKgico Gue aEuda uma
aproXimao mais ca3al da realidade/ mant,m<se a crtica no sK so3re as condifes de compreenso do
o3Eeto como do prKprio pesGuisador- Conôrme nos ad!erte ),!y Strauss? ;4uma ci8ncia onde o
o3ser!ador , da mesma natureza Gue o o3Eeto/ o o3ser!ador ,/ ele mesmo/ uma parte de sua o3ser!ao;
9W[ZV/ QWV:-
2or îm/ e isso tem uma proûnda importgncia para este tra3al"o/ o o3Eeto das Ci8ncias Sociais ,
essencialmente (ualitati*o. Arealidada social/ Gue sK se apreende porEproXHmom,&corr^frme )8nin
9W[VV/ QWV:/ mais rica do Gue GualGuer teoria/ GualGuer pensamento Gue possamos ter so3re ela- 2ois o
pensamento tende a di!idir/ a separar/ a âzer distino so3re momentos e o3Eetos Gue se nos apresentam-
Se âlamos ie Sade ou Doena essas categorias trazem uma carga
QQ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
"istKricamcultural/ poltica e ideolKgica Gue no podmser contida apenas numa ^Krmula num,riciôu num
dado estatstica- Gur!itc" 9W[VV:/ nos diz Gue a realidade tem camadas e a grande tareâ do pesGuisador ,
de apreender al,m do !is!el/ do ;morôlKgico/ e do ecolKgico; _ Gue podem ser entendidos
Guantitati!amente _ os outros n!eis Gue interagem e tornam o social to compleXo- 4este sentido/ ,
GuestionI!el porGue redundante a denominao ;2esGuisa Gualitati!a; usada neste tra3al"o- k uma
terminologia imprKpria Gue sK tem sentido por oposio a ;2esGuisa Guantitati!a;- A rigor GualGuer
in!estigao social de!eria contemplar uma caracterstica 3Isica de seu o3Eeto? o aspecto Gualitati!o- Hsso
implica considerar suEeito de estudo? gente, em deteminada condio social, pertencentem- deteminado
gupo social ou classe com suas cenas, *aloes e significados. Hmplica tam3,m considerar Gue o o3Eeto
das ci8ncias sociais , compleXo/ contraditKrio/ inaca3ado/ e em permanente transôrmao-
* C*4C$H&* D$ M$&*D*)*GHA
A compreenso da especiîcidade do m,todo das ci8ncias sociais nos conduz h pergunta especîca so3re o
conceito de Metodologia.
$ntendemos por metodologia o camin"o e o instrumental prKprios de a3ordagem da realidade- 4este
sentido/ a metodologia ocupa lugar central no interior das teorias sociais/ pois ela âz parte intrnseca da
!iso social de mundo !eiculada na teoria- $m âce da dial,tica/ por eXemplo/ o m,todo , o prKprio
processo de desen!ol!imento das coisas- )8nin nos ensina Gue o m,todo no , a ôrma eXterior/ , a
prKpria alma do contedo porGue ele âz a relao entre o pensamento e a eXist8ncia e !ice<!ersa
9W[VV/WSY:-
6I autores por,m Gue consideram a metodologia como tendo um papel seundIriomdeEmndmmi8ncias-
AErazademser dessa atitude , p âtoEie GueEicompreendam como um conEunto de t,cnicas a serem usadas
parase@a3ordaro socialm
Da ôrma como a tratamos neste tra3al"o/ a metodologia inclui as concepfes teKricas de a3ordagem/ o
conEunto de t,cnicas Gue possi3ilitam aEipreensG da realidade e tam3,m o potencial criati!o Uo
pesGuisador-
!
$nGuanto a3rang8ncia de concepfes teKricas de a3ordagem/ a
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) QU
.
ci8ncia e a metodologia camin"am Euntas/ intrinca!elmente engaEadas- 2or sua !ez/ o conEunto de t,cnicas
constitui um instrumental secundIrio em relao h teoria/ mas importante enGuanto cuidado metKdico de
tra3al"o- $las encamin"am para a prItica as Guestfes ôrmuladas a3stratamente- Seu endeusamento e rei^
icao conduzem ao empirismo to ^reGiente ainda nas ci8ncias sociais- Mas o contrIrio/ isto ,/ a
eXcessi!a teorizao e a pouca disposio de instrumentos para a3ordar a realidade/ pro!enientes de uma
perspecti!a pouco "eurstica/ conduzem a di!agafes a3stratas ou pouco precisas em relao ao o3Eeto de
estudo-
Se a teoria/ se as t,cnicas so indispensI!eis para a in!estigao social/ a capacidade criadora e a
eXperi8ncia do pesGuisador Eogam tam3,m um papel importante- $las podem relati!izar o instrumental
t,cnico e superI<lo pela arte- $sta Gualidade pessoal do tra3al"o cientîco/ !erdadeiro artesanato
intelectual Gue traz a marca do autor/ nen"uma t,cnica ou teoria pode realmente suprir- k em parte o Gue
Wrig"t Mills denomina ;Hmaginao SociolKgica; e consiste na capacidade pessoal do pesGuisador de
âzer/ das preocupafes sociais/ Guestfes p3licas e indagafes perscrutadoras da realidade- $ em parte ,
a capacidade de perce3er atra!,s das Guestfes especîcas le!antadas/ as correlafes multilaterais e
sempre mutI!eis Gue cercam a realidade o3Eeti!a/ dentro dos limites da ;consci8ncia poss!el;- &rata<se
de um im3ricamento entre a "a3ilidade do produtor/ sua eXperi8ncia e seu rigor cientîco-
* C*4C$H&* D$ 2$SP(HSA S*CHA)
$ntendemos por 'es(uisa a ati!idade 3Isica das Ci8ncias na sua indagao e desco3erta da realidade- k
uma atitude e uma prItica teKrica de constante 3usca Gue deîne um processo intrinsecamente inaca3ado e
permanente- k uma ati!idade de aproXimao sucessi!a da realidade Gue nunca se esgota/ âzendo uma
com3inao particular entre teoria e dados-
* termo 'es(uVsa<SJ#WVMVtem uma carga "istKrica e/ assim como as@ teorias sociais/ re^lete posifes
^rente h ;re&c&d,/ momentos do desen!ol!imento e da dingmica social/ preocupafes e interesses de
classes e de grupos determinados- $nGuanto prItica intelectual rem
QS M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
F ^lete tam3,m diîcul6ades e pro3lemas prKprios das Ci8ncias Soei )m a sua relati!a Eu!entude para
delimitar m,todos e leis especî
Do ponto de !ista antropolKgico/pode<se dizer Gue sempre eXis
)
a preocupao do ;"orrio sapiens; com o
con"ecimento da realidad As tri3os primiti!as/ atra!,s dos mitos/ EI tenta!am eXplicar ênjmenos Gue
cercam a !ida p a morte/ o lugar dos indi!duos na organizao social com seus mecanismos de poder/
controle/ con!i!8ncia e reproduo do conEunto da eXist8ncia social- Dentro das dimensfes de espao e
tempo/ a religio tem sido um dos rele!antes ênjmenos de eXplicafes hs indagafes dos seres "umanos
so3re os signiîcados da eXist8ncia indi!idual e grupai- 6oEe/ as perguntas "umanas 3uscam solufes
ainda concomitantemente nos mitos modernos/ nas mais diêrentes ôrmas religiosas/ em sistemas
îlosKîcos e particularmente nas Ct8naas-JAs Ci4ncias nas sociedades industrializadas constituem os
esGuemas&JeeXplicafes dominantes considerados mais plaus!eis e intelectualmente aceitos- W
4o nos ca3e aGui uma discusso dessa prioridade/ mas apenas ad!ertir para o âto de Gue/ se a ci8ncia
constitui uma ôrma de a3ordagem dominante/ nem por isso se torna eXclusi!a e conclusi!a- *s
pro3lemas dos seres "umanos e da organizao social atuais trazem Guestfes ^rente hs Guais a ci8ncia
continua sem respostas e sem ôrmulafes/
!Do ponto de !ista "istKrico/ no Gue aGui nos concerne peculiarmente/ a LesGilsa Social !em carregada
de 8nâses e interesses mais amplosEdcJrue seu campo especîco- Alguns autores como Sc"rader nos
ad!ertem Gue essa ati!idade intelectual no mundo moderno tenX- origem nos@grupos contestadores das
desigualdades da sociedade qindustrial- Muitos pesGuisadores renomados como )azarsêld/ Ja"o<da e
Gunnar Myrdal iniciaram suas carreiras de in!estigadores na 3usca de soluo para os pro3lemas sociais
causados pela Segunda Guerra Mundial 9Sc"rader? W[ZY/YWY:- 4os $stados (nidos/ Sc"rader comenta
Gue a pesGuisa social nasceu na ;ello7 2ress/ isto ,/ em Eornais de crtica social-
Sa3emos/ ao contrIrio/ Gue na Hnglaterra/ os antropKlogos a!anaram muito na compreenso de
sociedades primiti!as înanciados por interesses colonialistas- 2or,m/ as in!estigafes antropolKgicas
le!antaram Guestfes Gue contraria!am os interesses da metrKpole e
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) QV
dos înanciadores como o relati!ismo cultural/ o pensamento lKgico dos primiti!os e a auto<suîci8ncia de
sua organizao social-
A concluso inicial , de Gue a pesGuisa enGuanto ati!idade intelectual so^re as limitafes e contradifes
mais amplas do campo cientîco/ dos interesses especîcos da sociedade e das ;Guestfes consagradas; de
cada ,poca "istKrica-
A partir da Segunda Grande Guerra/ com a ampliao do poder dos $stados so3 o signo da
industrializao/ o a!ano da pesGuisa social tem crescido Eunto com o interesse para se entender/
organizar/ regular e controlar a populao- 2articularmente isso se re^lete em campos como a economia/ a
demograîa e a sociologia-
6oEe o termo 'es(uisa em 'ol,ticas Sociais, a comear pela Hnglaterra e pelos $stados (nidos/ passou a
signiîcar um campo de interesse cientîco Gue tem implicafes imediatas do ponto de !ista de
dominao e controle do $stado- A proliêrao de centros de pesGuisas sociais tanto nos pases
industrializados como nos su3desen!ol!idos tem a !er com o interesse do poder p3lico de con"ecer/
regular e controlar a sociedade ci!il- k K3!io/ trata<se de um interesse contraditKrio e con^liti!o ^rente ao
Gual a sociedade ci!il/ enGuanto aparato de construo de consenso social/ âz as suas mediafes e
tam3,m eXpressa sua autoria e resist8ncia-
cDo ponto de !ista teKrico e ôrmal eXiste uma classiîcao tradicional Gue di!ide a 2esGuisa em ;pura; e
;aplicada;- * metodKlogo e pesGuisador %ulmer 9W[ZY/Y<UV: reûta essa denominao- Comenta Gue
;pura ou 3Isica; e ;aplicada; reêrem<se a uma di!iso âlsa na medida em Gue pesGuisas teKricas podem
ter importantes conseGi8ncias prIticas e pesGuisas aplicadas certamente t8m implicafes e contri3uifes
teKricas- $ssa dicotomia se 3aseia no modelo de tecnologia em Gue o cliente Gue paga eXplicita o Gue
Guer- &al eXig8ncia se torna inadeGuada hs ci8ncias sociais Gue no esâo em posio de/ mecgnica e
simplistamente/ responder aos deseEos dos clientes-
%ulmer propfe uma classiîcao alternati!a de 2esGuisa Social/ su3stituindo a di!iso tradicional- As
cinco modalidades/ reêridas a3aiXo/ constituem/ segundo o autor/ ;tipos; dentro de um continu;um, sem
eXcluso dos diêrentes termos- Como o ;tipo ideal; em We3er/ elas seriam uma construo teKrica para
compreenso do
Q\ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
campo de anIlise/ sem pretenderem reproduzir a realidade ou tornI<la estanGue? 9W: 'es(uisa b"sica%
preocupa<se com o a!ano do con"ecimento atra!,s da construo de teorias/ o teste das mesmas/ ou para
satisâo da curiosidade cientîca- $la no tem uma înalidade prItica/ em3ora as desco3ertas da
pesGuisa 3Isica possam in^luenciar e su3sidiar tanto polticas p3licas/ decisfes dos "omens de negKcio e
o a!ano do mo!imento socialD 9Q: 'es(uisa estatgica% 3aseia<se nas teorias das ci8ncias sociais/ mas
orienta<se para pro3lemas Gue surgem na sociedade/ ainda Gue no pre!eEa solufes prIticas para esses
pro3lemas- $la tem a înalidade de lanar luz so3re determinados aspectos da realidade- Seus
instrumentos so os da pesGuisa 3Isica tanto em termos teKricos como metodolKgicos/ mas sua înalidade
, a ao- $ssa modalidade seria a mais apropriada para o con"ecimento e a!aliao de 2olticas/ e
segundo nosso ponto de !ista/ particularmente adeGuado para as in!estigafes so3re SadeD 9U: 'es(uisa
oientada paa um poblema espec,fico% , em geral aGuela realizada dentro das instituifes
go!ernamentais ou para elas- *s resultados da in!estigao so pre!istos para aEudar a lidar com
pro3lemas prIticos e operacionaisD 9S: 'es(uisa;Co% consiste numa in!estigao pai passu ao
desen!ol!imento de programas go!ernamentais para medir o seu impactol $sse conceito de %ulmer diêre
do conceito de pesGuisa<ao apresentado por &"iollent 9W[Y\:- 2ara esse autor?
;A pesGuisa<ao , um tipo de in!estigao social com 3ase emprica Gue , conce3ida e realizada em
estreita associao com uma ao ou com a resoluo de um pro3lema coleti!o no Gual os pesGuisadores
e os participantes representati!os da situao ou do pro3lema esto en!ol!idos de modo cooperati!o ou
participati!o;-
A diêrena 3Isica de conceituao reside no âto Gue/ no primeiro caso/ a in!estigao acompan"a a ao
dos programas/ mas , eXterna a elas- 4o segundo/ o en!ol!imento do pesGuisador na ao , parte
integrante da pesGuisaD 9V: 'es(uisa de Intelig4ncia% so os grandes le!antamentos de dados
demogrIîcos/ econjmicos/ estatsticos/ realizados por especialistas ou por instituifes/ a îm de aEudar a
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) QZ
ôrmulao de polticas- 4o nosso caso/ os Censos e as 2esGuisas do H%G$ seriam eXemplos clIssicos de
pesGuisas de intelig8ncia- De> alguma ôrma simpliîcada/ as 2esGuisas de *pinio 23lica preenc"eriam
tam3,m essa ûno sociolKgica 9%ulmer? W[ZY/ Y<[:-
%ulmer comenta/ reêrindo<se ao campo das Hn!estigafes $strat,gicas/ Gue a ;2esGuisa %Isica; tem tido/
como sua marca permanente/ uma ôrte orientao unidisciplinar/ diîcultando sua rele!gncia poss!el
para as polticas p3licas- 4a ponta oposta/ os estudos interdisciplinares t8m desapontado muito pela sua
pouca consist8ncia teKrico<metodolKgica- Segundo ele/ os ;sur!eys; se tornaram o reino do senso comum-
Hsto ,/ ^reGientemente esto orientados? (a# pelo ;empirismo; e pelo ;positi!ismo; onde se parte do
princpio de Gue os âtos âlam por si mesmos e Gue nada eXiste al,m dos dadosD (b# pelos interesses
polticos dos cientistas eFou polticos Gue encomendam seu tra3al"o- * pressuposto desses estudos , de
Gue os go!ernantes e polticos precisam con$ece os fatos para poderem optar- 4este sentido/ !olta<se ao
;empirismo;/ minimizam<se os pro3lemas teKricos/ diminui<se o papel do pesGuisador Gue se torna um
t,cnico<su3alterno pro!edor de inôrmafes- A interpretao passa a ser conduzida por outros e com !i,s
poltico dado ôra do gm3ito das ci8ncias sociais-
2ara înalizar/ podemos dizer Gue a 2esGuisa Social no pode ser deînida de ôrma estItica ou estanGue-
$la sK pode ser conceituada "istoricamente e entendendo<se todas as contradifes e con^litos Gue
permeiam seu camin"o- Al,m disso/ ela , mais a3rangente do Gue o gm3ito especîco de uma disciplina-
2ois a realidade se apresenta como uma totalidade Gue en!ol!e as mais diêrentes Ireas de con"ecimento
e tam3,m ultrapassa os limites da ci8ncia-
$ assim/ a pesGuisa e os pesGuisadores !i!em so3 o signo das conting8ncias "istKricas de sua ati!idade-
De um lado esto as diîculdades de înanciamento Gue cerceiam ou restringem as possi3ilidades tanto da
in!estigao como do encamin"amento de conclusfes- Do outro/ "I as grandes Guestfes ,ticas e
cientîcas do pesGuisador so3re a realidade e so3re o produto artesanal Gue realiza? como !ai ser
empregado e interpretadoA
k na corda 3am3a tanto da aus8ncia de consenso so3re o conceito Gue tra3al"amos e sua cientiîcidade/
Guanto dos o3Eeti!os sociais de
QY M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
nossa produo/ Gue podemos re^letir so3re 2esGuisa e so3re Metodologia de 2esGuisa Social como o
âremos neste tra3al"o-
P(A4&H&A&H.* 2E+S>S P(A)H&A&H.*/ S(%J$&H.* 2E+S>S *%J$&H.*
0reGientemente/ de acordo com nosso ponto de !ista/ a discusso relati!a aos m,todos Guantitati!os e
Gualitati!os na a3ordagem do social tem se desen!ol!ido de ôrma inadeGuada- A dicotomia Gue se
esta3elece na prItica/ de um lado/ deiXa h margem rele!gncias e dados Gue no podem ser contidos em
numeres/ e de outro lado/ hs !ezes contempla apenas os signiîcados su3Eeti!os/ omitindo a realidade
estruturada-
Di!ersas !ezes !oltaremos a esse tema no presente tra3al"o/ repetindo autores Gue tra3al"am
eXausti!amente com a Guesto- Gur!itc"/ por eXemplo/ denomina a regio mais !is!el dos ênjmenos
sociais de ;morôlKgica/ ecolKgica/ Irea concreta; 9W[VV/WSRss:- $ comenta Gue esse n!el admite uma
eXpresso adeGuada atra!,s de eGuafes/ m,dias/ grIîcos e estatsticas/ * mesmo autor/ por,m/ c"ama
ateno para o âto de Gue/ a partir da torna<se di^cil tra3al"ar com nmeros/ uma !ez Gue camin"amos
para o uni!erso de signiîcafes/ moti!os/ aspirafes/ atitudes/ crena e !alores- $sse conEunto de dados
considerados ;Gualitati!os; necessita de um reêrencial de coleta e de interpretao de outra natureza- 4o
entanto/ o prKprio Gur!itc" nos ad!erte Gue essas camadas so interdependentes/ interagem e no podem
ser pensadas de ôrma dicotjmica-
Ao se desen!ol!er uma proposta de in!estigao ou at, mesmo no desenrolar das etapas de uma pesGuisa/
!amos recon"ecendo a con!eni8ncia e a utilidade dos m,todos dispon!eis/ âce ao tipo de inôrmafes
necessIrias para se cumprirem os o3Eeti!os do tra3al"o- Certamente/ GualGuer pesGuisa social Gue
pretenda um aproûndamento maior da realidade no pode îcar restrita ao reêrencial apenas Guantitati!o-
Segundo 2arga 4ina/ coordenador do ltimo $4D$0 9$studo 4acional de Despesas 0amiliares _W[ZS:/
, plenamente recon"ecido em sociologia Gue a operacionalizao das !ariI!eis sociais/ para construo
de indicadores Gue permitam a anIlise Guantitati!a/ tem le!ado at, 3ons cientistas sociais a ela3orarem
so3re algo muito ^rI<
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) Q[
gil/ ao ;medirem; !ariI!eis cuEa operacionalizao em indicadores num,ricos estI al,m das
possi3ilidades das ci8ncias sociais 9W[YU/\U:-
$ste autor/ enGuanto parte da presid8ncia do H%G$ e responsI!el pelo Departamento de Hndicadores
Sociais/ propjs a constituio de um grupo de estudo ;Gualitati!o; Gue tentasse aproûndar aspectos da
realidade 3rasileira Gue os indicadores num,ricos apontassem como cruciais- Seu argumento , de Gue a
aglomerao dos dados apenas oculta e âlseia a eXist8ncia de ênjmenos de eXtrema rele!gncia para a
compreenso da situao do pas- $m conseGi8ncia/ isso tem in^lu8ncia nas proposifes de polticas
sociais-
W
4os comentIrios so3re o tra3al"o/ 2arga 4ina recon"ece Gue pesGuisas Gualitati!as podem ser de
Gualidade muito superior hs Gue âzem anIlises Guantitati!as e c"ama ateno para o âto de Gue no
eXiste um continuum entre Gualitati!o<Guantitati!o em Gue a superioridade estaria no segundo termo- Cita
Cicourel/ de Guem retira argumentos para seu tra3al"o no $4D$0?
;$stes comentIrios 9êitos por 0orgensen e Coom3s: indicam o pro3lema do sociKlogo?
9W: se seus conceitos teKricos no so suîcientemente precisos para orientI<lo Guanto hs ôrmas de
sistemas de mensurao Gue so adeGuadas h mensurao de seus dados/ ento "I grande possi3ilidade de
Gue !en"a a iludir a si prKprio/ impondo m,todos Gue ôram a introduo/ na sua teoria e nos seus dados/
de relafes incongruentes e interpretafes âlsas e 9Q: os prKprios instrumentos de mensurao
dispon!eis so inapropriados/ pela natureza de sua construo/ e le!am assim/ h mensurao por >îat> e
no h mensurao literal; 92arga 4ina/ W[Z\/ parte H/ VR/ apud Cicourel? W[\[/WUW:-
W
Ao mesmo tempo em Gue ocorria o le!antamento de dados so3re condifes de !ida de VQ-RRR pessoas 9W[ZS: o coordenador do
$4D$0 promo!eu uma esp,cie de estudo ;Gualitati!o; recol"endo impressfes dos pesGuisadores de campo so3re a realidade
encontrada- $sse conEunto de inôrmafes estI compilado em Guatro !olumes/ dois pu3licados em W[Z\ e dois outros em W[ZY
denominados Estudo das Infoma1es no;estutuadas do EDDE7 c sua integao com os dados (uantificados. Segundo opinio
de !Irios estudiosos da realidade do pas/ a pesGuisa no<estruturada transmite impressfes to ôrtes Gue constituem um acer!o
altamente signiîcati!o Eunto com os dados Guantitati!os-
UR M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
A grande Guesto em relao h Guantiîcao na anIlise sociolKgica , a sua possi3ilidade de esgotar o
ênjmeno social- Corre<se o risco de Gue um estudo de alto ga3arito do ponto de !ista matemItico ou
estatstico/ em Gue toda a ateno se concentre na manipular soîsticada dos instrumentos de anIlise _
portanto/ competente do ponto de !ista estatstico _ despreze aspectos essenciais da realidade- $ assim
muitas !ezes teremos uma ;resposta eXata; para ;perguntas erradas ou imprecisas;-
$ssa discusso do ;Guantitati!o; *esus ;Gualitati!o; tem sua origem nas diêrentes ôrmas de perce3er a
realidade social- 6ug"es nos a!isa Gue a principal in^lu8ncia do positi!ismo nas ci8ncias sociais ôi a
utilizao dos termos de tipo matemItico para a compreenso da realidade e a linguagem de !ariI!eis
para especiîcar atri3utos e Gualidades do o3Eeto de in!estigao 9W[YU:- *s ûndamentos da pesGuisa
Guantitati!a nas ci8ncias sociais so os prKprios princpios positi!istas clIssicos segundo os Guais? 9a: o
mundo social opera de acordo com leis causaisD 93: o alicerce da ci8ncia , a o3ser!ao sensorialD 9c: a
realidade consiste em estruturas e instituifes identiîcI!eis enGuanto dados 3rutos por um lado/ crenas e
!alores por outro- $stas duas ordens so correlacionadas para ôrnecer generalizafes e regularidadesD 9d:
o Gue , real so os dados 3rutos considerados dados o3Eeti!osD !alores e crenas so realidades su3Eeti!as
Gue sK podem ser compreendidas atra!,s dos dados 3rutos 96ug"es? W[YU/ SQ<\U:-
A Guesto do Guantitati!o traz a re3oGue o tema da o3Eeti!idade- Hsto ,/ os dados relati!os h realidade
social seriam o3Eeti!os se produzidos por instrumentos padronizados/ !isando a eliminar ôntes de
propensfes de todos os tipos e a apresentar umI linguagem o3ser!acional neutra- A linguagem das
!ariI!eis ôrneceria a possi3ilidade de eXpressar generalizafes com preciso e o3Eeti!idade-
A restrio Gue os contestadores do Guantitati!ismo sociolKgico l"e colocam no estI relacionada com a
t,cnica- Hsto ,/ no estI em Eogo a des!alorizao da anIlise multi!ariada/ a anIlise conteXtual ou de
correlafes- So poderosos e recon"ecidos instrumentos/ supondo<se a necessidade de dados aglomerados
ou indicadores so3re coleti!idades- A crtica estI no âto de se restringir a realidade social ao Gue pode ser
o3ser!ado e<Guantiîcado apenas- Adorno c"ega a
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) UW
dizer Gue o m,todo positi!ista emprico ameaa êtic"izar seus assuntos e tornar<se a si mesmo um
êtic"e/ na medida em Gue reduz a o3Eeti!idade ao m,todo e no atinge o contedo 9Adorno? W[Z[/ QWS<
QWV:-
$ssas crticas !istas a partir de !Irios autores e teorias podem se resumir assim? (a# As a3ordagens
Guantitati!as sacriîcam os signiîcados no altar do rigor matemItiGo 96arrison? W[SZ/ WR<QWD Dilt"ey?
W[V\D We3er? W[S[D Sc"utz? W[\U:- (b# $Xiste uma crena ing8nua de Gue as distorfes podem ser
e!itadas pela codiîcaoD 6arrison comenta Gue a preêr8ncia do sociKlogo pelo GuestionIrio re^lete seu
desprezo pela !ida do "omem comumD e a crtica aos elementos su3Eeti!os da o3ser!ao indica a
ina3ilidade de considerar seu tra3al"o o3Eeti!amente 96arrison? W[SZ:- (c# ` e!id8ncia de Gue os m,todos
Guantitati!os simpliîcam a !ida social limitando<a aos ênjmenos Gue podem ser enumerados 92ark 1
%urgess? W[QW/ .<.HH:- (d# $ ao âto de Gue Guando âzem inêr8ncias para al,m dos dados/ os sociKlogos
tra3al"am apriorstica e preconceituosamente/ tomando como âmiliar os ênjmenos Gue acontecem/
porGue eles pertencem h mesma sociedade Gue esto estudando 96arrison? W[SZD Sc"utz? W[\U:-
(ma das ôrmas de realizao do positi!ismo/ o ûncionalismo na antropologia de certa ôrma ultrapassa
os limites da teoria geradora- Dentro de uma lKgica prKpria/ Malino7ski ad!erte<nos em toda a sua o3ra
para a necessidade de compreender? (a# tudo o Gue pode ser documentado estatisticamente ;mediante
e!id8ncia concreta;/ isto ,/ o ;arca3ouo da sociedade;D (b# mas complementado pela ;maneira como
determinado costume , o3ser!ado/ o comportamento dos nati!os/ as regras eXatamente ôrmuladas pelo
etnKgraô/ ou as prKprias eXcefes Gue/ Guase sempre/ ocorrem nos ênjmenos sociolKgicos;D ;o corpo e
o sangue da !ida real Gue compfem o esGueleto das construfes a3stratas;D ;os imponderI!eis da !ida
real;D (c# o ponto de !ista/ as opinifes e as eXpressfes dos nati!os/ isto ,/ as maneiras tpicas do pensar e
sentir Gue correspondem hs instituifes e h cultura de uma comunidade 9W[ZV/ VS<\R:- Contudo so ainda
as regularidades/ as leis gerais em seu ûncionamento e em sua estrutura/ isto ,/ a sociedade enGuanto
precedendo aos indi!duos Gue o ûncionalismo procura/ mesmo Guando atinge a su3Eeti!idade-
UQ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
* positi!ismo sociolKgico clIssico 9Durk"eim? W[ZY: atri3ui h imaturidade das ci8ncias sociais o âto de
ela no ser capaz de pre!er e de determinar a ao "umana- As outras teorias Gue incorporam no seu
gm3ito a intersu3Eeti!idade/ aîrmam Gue a !ida "umana , essencialmente diêrente e Gue essa diêrena
ûndamental em relao hs ci8ncias ^sicas e 3iolKgicas reGuer um tratamento teKrico di!erso-
2odemos dizer Gue "oEe/ ao mesmo tempo em Gue acontece inôrmatizao de todos os setores da
organizao social/ eXiste uma re!alorizao do Gualitati!o nas ci8ncias sociais/ 6I um mo!imento em
torno daGuele aspecto para o Gual Granger c"ama ateno? ;o !i!ido;/ isto ,/ ;a eXperi8ncia Gue , captada
no como predicado de um o3Eeto/ mas como ^luXo de cuEa ess8ncia temos consci8ncia em ôrma de
relem3ranas? atitudes/ moti!afes/ !alores e signiîcados su3Eeti!os; 9Granger? W[\Z/WRZ:-
&rata<se no sK de uma re!alorizao teKrica/ mas da prKpria antropologia enGuanto Guesto social- Sc"a^^
nos ad!erte Gue se trata de um ;sinal dos tempos;?
;* domnio da pro3lemItica antropolKgica na îlosoîa moderna resulta da necessidade de uma resposta h
pergunta so3re a eXist8ncia "umana/ numa ,poca em Gue a mesma eXist8ncia estI ameaada e os sistemas
de !alores îXados por tradio esto a3alados; 9Sc"a^^? W[\Z/WR:-
4o mesmo sentido/ em seu li!ro / 'oblema do ?omem, %u3er distingue ,pocas de ascenso r Gueda do
pensamento antropolKgico/ conôrme o sentimento de solido do ser "umano- * autor ressalta Gue essa
Guesto sK alcana maturidade em nossa ,poca/ por dois moti!os- * primeiro , a degenerao de ôrmas
tradicionais da con!i!8ncia "umana com a âmlia/ a comunidade rural/ a !ida ur3ana- * segundo/ , o
prKprio sentimento de perda de domnio/ pelo "omem/ do mundo por ele criado?
;* "omem deiXa<se ultrapassar por suas prKprias o3ras; 9---: ;* "omem se encontra ento diante de um
âto terr!el? criou demjnios e no sa3e dominI<los;- 9---: ;Pual era/ no caso/ o sentido do
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) UU
poder transôrmado em impot8nciaA * pro3lema se reduziu h pergunta so3re a natureza do "omem/ Gue
gan"ou um no!o signiîcado/ so3retudo prItico; 9W[\Q/W[<\U:-
6oEe/ a Guesto do "omem enGuanto ator social gan"a corpo e âz emergirem/ com toda a sua ôra/ as
ci8ncias sociais Gue se preocupam com os significados. &rata<se de uma 8nâse prKpria de nosso tempo
em Gue se ôrtiîca a introspeco do "omem/ a o3ser!ao de si mesmo e se ressaltam Guestfes antes
passadas desperce3idas- Hsso no nos le!a a menosprezar o m,todo Guantitati!o/ mas a colocI<lo como
um dos elementos da compreenso no todo- Conduz<nos tam3,m a enâtizar as correntes de pensamemto
Gue assumem como a ess8ncia da sociedade o âto do "omem ser o ator de sua prKpria eXist8ncia- $ssa
atoia e autoia em condi1es dadas , o material 3Isico com o Gual tra3al"amos na pesGuisa social/ e Gue
pode ser traduzida em nmeros/ grIîcos e esGuemas/ mas no se limita e no se resume a-
Mann"eim/ considerado o ûndador da sociologia do con"ecimento/ opfe<se ao positi!ismo Gue tenta
tornar mensurI!eis e dis<cern!eis sem am3igiidade todos os âtos sociais- Comenta Gue "I certos termos
to carregados de !alores Gue sK um participante do sistema social estudado pode compreend8<lo- C"ama
ateno para a participao do sociKlogo como o3ser!ador da realidade Gue pesGuisa e diz<nos Gue isso
pode signiîcar o sacri^cio do Gue hs !ezes se considera como necessIria ;neutralidade e o3Eeti!idade
cientîca;- Mas/ acrescenta Gue o intento de o3ter o3Eeti!idade/ neste sentido/ , um positi!o o3stIculo aos
con"ecimentos sociolKgicos?
;estI claro Gue uma situao "umana sK , caracteriza!el Guando se tomam em considerao as
concepfes Gue os participantes t8m dela/ a maneira como eXperimentam suas tensfes nesta situao e
como reagem a essas tensfes assim conce3idas; 9W[\Y/ ZR:-
Completa aîrmando Gue?
;2ara se tra3al"ar com ci8ncias sociais , necessIrio participar do processo social- Mas essa participao
no inconsciente coleti!o
US M$&*D*HJ*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
no signiîca/ de modo algum/ Gue se âlsiîGuem os âtos ou Gue eles seEam !istos
incorretamente- 2elo contrIrio/ a participao no conteXto !i!o da !ida social , uma
pressuposio da compreenso da natureza interna de seu contedo- / despe@o pelos elementos
(ualitati*os e a completa estio da *ontade no constitui obJeti*idade e sim negao da (ualidade
essencial do obJeto& 9griô nosso: 9W[\Y/ZU:-
As pala!ras de Mann"eim eXpressam o pensamento de !Irias correntes teKricas das ci8ncias
sociais/ mas ao mesmo tempo uma luta no campo intelectual em relao ao positi!ismo clIssico
ou ao psicologismo- * ûncionalismo destaca a importgncia do sentido social da conduta
"umana/ em oposio hs atri3uifes indi!iduais dos moti!os das condutas- Hsto ,/ su3stitui as
eXplicafes su3Eeti!istas das condutas pelos determinantes dos sistemas sociais e 3usca o
sentido da inter<relao entre as ati!idades- A sociologia compreensi!a de We3er nos diz Gue o
carIter deînidor da ao social , o seu sentido- ;4a ao estI contida toda a conduta "umana/
na medida em Gue o ator l"e atri3ui um sentido su3Eeti!o; 9W[\[/WWR:- A ênomeno<logia/
deênde a id,ia de Gue as realidades sociais so construdas nos signiîcados e atra!,s deles/ e sK
podem ser identiîcadas na medida em Gue se mergul"a na linguagem signiîcati!a da interao
social- A linguagem/ as prIticas e as coisas so inseparI!eis na a3ordagem ênomenolKgica- $la
enâtiza os signiîcados gerados na interao social- 4o seu Guadro de reêr8ncia/ o mundo se
apresenta ao indi!duo na ôrma de um sistema o3Eeti!ado de designafes compartil"adas de
ôrmas eXpressi!as- * marXismo interpreta a realidade como uma totalidade onde tanto os
âtores !is!eis como as representafes sociais integram e conîguram um modo de !ida
condicionado pelo modo de produo especîco- 4essa a3ordagem su3lin"a<se a 3ase material
como determinante da produo da consci8ncia/ mas assume<se a importgncia das
representafes sociais como condicionantes tanto na reproduo da consci8ncia como na
construo da realidade mais ampla-
Ao in!,s de recon"ecer na su3Eeti!idade a impossi3ilidade de construo cientîca/ essas
a3ordagens acima reêridas 9cada uma com sua peculiaridade: consideram<na como parte
integrante da singularidade do ênjmeno social- 4a medida em Gue acreditam
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) UV
Gue a realidade !ai mais al,m dos ênjmenos perce3idos pelos nossos sentidos/ tra3al"am com dados
Gualitati!os Gue trazem para o interior da anIlise/ o su3Eeti!o e o o3Eeti!o/ os atores sociais e o prKprio
sistema de !alores do cientista/ os âtos e seus signiîcados/ a ordem e os con^litos- $!identemente/ cada
teoria tem seu modo prKprio de lidar com os dados de acordo com a !iso de mundo Gue as sustenta-
A Guesto da o3Eeti!idade , ento colocada em outro n!el- Dada a especiîcidade das ci8ncias sociais/ a
o3Eeti!idade no , realizI!el- Mas , poss!el a o3Eeti!ao Gue inclui o rigor no uso de instrumental
teKrico e t,cnico adeGuado/ num processo interminI!el e necessIrio de atingir a realidade- * Gue se pode
ter dos ênjmenos sociais/ , menos um retrato e mais uma pintura conôrme a imagem usada por Demo
9W[YV/ZU:- Hsto ,/ seria imposs!el se descre!er com tal îdedig<nidade a realidade Gue ela se tornasse
transparente- (m retrato îXa a imagem e o momento/ mas no , dingmico-
A metIôra da pintura nos inspira a id,ia de uma proEeo em Gue a realidade , captada com cores e
matizes particulares/ onde os o3Eetos e as pessoas so reinterpretados e criados num processo de produo
artstica- 4ingu,m diz Gue uma pintura , o retrato da realidade- k uma dentre muitas poss!eis imagens
onde o autor introduz m,todos e t,cnicas/ mas onde predomina sua !iso so3re o real e so3re o impacto
Gue l"e causa- 4essa o3ra entra tanto o Gue , !is!el como as emofes e tudo se une para proEetar a !iso
da realidade-
Certamente "I diêrenas em relao h o3ra de arte e a ci8ncia social- A ci8ncia tem cgnones mais rgidos
e seus limites so tam3,m maiores em relao h percepo do real- Mas no se pode descon"ecer Gue
GualGuer produo cientîca na Irea das ci8ncias sociais , uma criao e carrega a marca de seu autor-
2ortanto/ a o3Eeti!ao/ isto ,/ o processo de construo Gue recon"ece a compleXidade do o3Eeto das
ci8ncias sociais/ seus pargmetros e sua especiîcidade , o crit,rio interno mais importante de
cientiîcidade- k preciso aceitar Gue o suEeito das ci8ncias sociais no , neutro ou ento se elimina o
suEeito no processo de con"ecimento- Da mesma ôrma/ o ;o3Eeto; dentro dessas ci8ncias , tam3,m
suEeito e interage permanentemente com o in!estigador-
A ;o3Eeti!ao; nos le!a a repudiar o discurso ing8nuo ou malicio<
U\ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
so da neutralidade/ mas nos diz Gue , necessIrio 3uscar ôrmas de reduzir a incurso eXcessi!a dos Euzos
de !alor na pesGuisa- *s m,todos e t,cnicas de preparao do o3Eeto de estudo/ de coleta e tratamento dos
dados aEudam o pesGuisador/ de um lado a ter uma !iso crtica de seu tra3al"o e/ de outro/ de agir com
instrumentos Gue l"e indicam ela3orafes mais o3Eeti!adas- Conôrme ad!erte Demo/ no la3or de
in!estigao/ a prItica no su3stitui a teoria e !ice<!ersa 9W[YV/ ZV:-
Muitas so tam3,m as crticas Gue podem ser êitas h a3ordagem Gualitati!a- .8m dos mais diêrentes
pontos e atacando ^lancos !ariados- As mais ^reGientes seriam? a# o empirismo de Gue so acometidos
muitos pesGuisadores Gue passam a considerar ci8ncia a prKpria descrio dos âtos Gue l"es so
ôrnecidos pelos atores sociais- Dele esto im3udos aGueles Gue consideram a !erso das pessoas so3re
os âtos como a prKpria !erdade- JI Durk"eim c"ama!a ateno para es te pro3lema 9W[ZY/QZss:D b# a
8nâse na descrio dos ênjmenos em detrimento da anIlise dos âtosD c# o en!ol!imento do pesGuisador
com seus !alores/ emofes e !iso de mundo na anIlise da realidadeD d# a diîculdade em si de tra3al"ar
com ;estados mentais;-
As crticas em relao h a3ordagem Gualitati!a na !erdade so constatafes das âl"as e das diîculdades
na construo do con"ecimento- Mas as ;ci8ncias sociais no podem deiXar de estar permanentemente
engaEadas num discurso com seu prKprio o3Eeto de estudo? um discurso/ no Gual tanto o in!estigador
Guanto o assunto compartil"am dos mesmos recursos; 9Giddens? W[ZY/ QUS:-
Cremos Gue a pol8mica Guantitati!o *esus Gualitati!o/ o3Eeti!o *esus su3Eeti!o no pode ser assumida
simplistamente como uma opo pessoal do cientista ao a3ordar a realidade- A Guesto/ a nosso !er/
aponta para o pro3lema ûndamental Gue , o prKprio carIter especîco do o3Eeto de con"ecimento? o ser
"umano e a sociedade- $sse o3Eeto Gue , suEeito se recusa peremptoriamente a se re!elar apenas nos
nmeros ou a se igualar com sua prKpria apar8ncia- Desta ôrma coloca ao estudioso o dilema de
contentar<se com a pro3le<matizao do produto "umano o3Eeti!ado ou de ir em 3usca/ tam3,m/ dos
signiîcados da ao "umana Gue constrKi a "istKria- k um desafio na 3usca de camin"os-
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) UZ
S$G(4DA 2A5&$
)H46AS D$ 2$4SAM$4&*
.< Sr ;$n!ol!er uma teoria com o manto da !erdade , atri3uir<
l"e uma caracterstica no realizI!el "istoricamente- 4ada mais preEudicial ao processo cientîco Gue o apego a enunciados e!identes/ no discut!eis-
Somente na teoria se pode dizer Gue a ci8ncia , a interpretao !erdadeira da realidade/ porGue na prItica/ toda interpretao realiza apenas uma !erso
"istoricamente poss!el; 9Demo? W[YW/ QV:-
Antes de nos introduzirmos no campo especîco da Metodologia da 2esGuisa social/ !amos âzer algumas
considerafes preliminares Gue Eulgamos ûndamentais para a prItica de in!estigao-
A primeira delas , de Gue nen"uma pesGuisa , neutra seEa ela Gualitati!a ou Guantitati!a- 2elo contrIrio/
GualGuer estudo da realidade/ por mais o3Eeti!o Gue possa parecer/ por mais ;ing8nuo; ou ;simples; nas
pretensfes/ tem a norteI<lo um arca3ouo teKrico Gue inôrma a escol"a do o3Eeto/ todos os passos e
resultados teKricos e prIticos-
$m conseGi8ncia/ podemos classiîcar as ela3orafes so3re o social/ grosso modo/ dentro de alguma
corrente de pensamento îlosKîca ou sociolKgica/ mesmo Gue essa îliao/ para seus autores/ seEa algo
inconsciente-
2or outro lado/ podemos dizer Gue nen"uma das lin"as de pensamento so3re o social tem o monopKlio de
compreenso total e completa so3re a realidade- A ela nos acedemos sempre por aproXimao e usando
uma ^rase de )8nin/ citada por )ukIcs/ aîrmamos Gue ;a marc"a do real , îlosoîcamente mais
!erdadeira e mais proûnda do Gue nossos pensamentos mais proûndos; 9W[\Z/ QUV:-
&endo em !ista Gue nosso campo especîco , o das Ci8ncias Sociais em Sade/ desen!ol!eremos
algumas id,ias dominantes nessa Irea/ Gue !Irios autores identiîcam com o positi!ismo sociolKgico/ a
ênomenologia sociolKgica e com o materialismo "istKrico- &omamos como reêrenciais as anIlises so3re
o tema/ realizadas por $!erardo 4unes 9W[YU:/ W[YV: Juan C,sar Garcia 9W[YU: e Donnangelo 9W[YU:-
$m Ci4ncias Sociais e Sade na Cmica 6atina, 4unes toma W\\U reêr8ncias de produo teKrica na
Irea entre os anos de W[VR a W[Z[/ classiîca o material e o analisa dentro de um marco reêrencial
UY M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
"istKrico<estrutural/ em termos de? (a# Medicina &radicionalD (b# Ser!ios de SadeD (c# 2rocesso
SadeFDoenaD (d# 0ormao de 5ecursos 6umanos-
4o estudo do material reêrido/ 4unes aproûnda !Irias Guestfes Gue no constituem o3Eeto de nossa
preocupao neste tra3al"o/ mas enâtiza tam3,m um enôGue Gue nos toca particularmente? as correntes
de pensamento da produo intelectual do perodo recortado/ articulando<se com as preocupafes mais
amplas da sociedade nos !Irios momentos "istKricos e com a 3ase material de sua emerg8ncia-
Sem Guerer marcar etapas estanGues/ 4unes mostra Gue na d,cada de VR as pesGuisas esti!eram marcadas
pelas teorias ûnciona<listas e culturais/ ser!indo h implementao de desen!ol!imento e organizao de
comunidade-
4as d,cadas de \R e ZR/ as a3ordagens ênomenolKgicas estaro eêti!amente presentes no campo do
pensamento so3re sade- $las Guestionaro a onipot8ncia e onipresena do $stado so3re os indi!duos e
so3re os grupos de reêr8ncia imediata dos indi!duos e a ar3itrariedade impositi!a das classes
dominantes atra!,s do sistema de sade- k uma reao de negati!idade dos princpios positi!istas e
ûncionalistas/ em â!or de uma aîrmao dos direitos indi!iduais/ do princpio da autonomia das
pessoas e grupos mediadores ^rente ao $stado e hs grandes instituifes m,dicas- k uma re^leXo so3re os
signiîcados su3Eeti!os e uma condenao teKrica do anonimato/ das leis gerais e das in!arigncias prKprias
do positi!ismo sociolKgico-
Segundo 4unes/ a partir dos anos ZR/ "I um grande incremento da produo intelectual na Irea da sade/
dentro do enôGue marXista- C"ama ateno para o âto de ela ter no seu 3oEo uma crtica "istKrico<
estrutural da ^ragilidade e ^ragmentao das anIlises e propostas prIticas da ênomenologia e positi!ismo-
$ssas tr8s correntes de pensamento continuam presentes/ atuantes e em luta entre si/ nas anIlises
reêrentes h relao SadeF Sociedade- 0azem parte da prKpria luta ideolKgica da sociedade atual/ onde as
!isfes sociais de mundo esto comprometidas com posturas concretas na prItica teKrica e poltica-
Garcia 9W[YU: nos ad!erte Gue nen"uma delas/ "oEe/ desconliece a !inculao da medicina com a estrutura
social- A Guesto 3Isica de cada uma reside no como se dI essa !inculao e em Gue grau de
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) U[
autonomia ou depend8ncia situa o ênjmeno sade<doena enGuanto maniêstao 3iolKgico<social- *
de3ate interno das diêrenteo correntes sociolKgicas re^lete a diîculdade do pensamento de apreender o
o3Eeto em toda a sua compleXidade e articulafes-
4este tra3al"o tentaremos re^letir os dilemas/ as contradifes e as perspecti!as dessas lin"as de
pensamento/ enGuanto possi3ilidades de construo teKrica do con"ecimento sociolKgico no campo da
sade e sua articulao com as 3ases sociais em Gue so engendradas-
* 2*SH&H.HSM* S*CH*)bGHC*
* positi!ismo constitui a corrente îlosKîca Gue ainda atualmente mant,m o domnio intelectual no seio
das Ci8ncias Sociais e tam3,m na relao entre Ci8ncias Sociais/ Medicina e Sade- As teses 3Isicas do
positi!ismo podem ser assim resumidas? 9W: A realidade se constitui essencialmente naGuilo Gue nossos
sentidos podem perce3erD 9Q: As Ci8ncias Sociais e as Ci8ncias 4aturais compartil"am de um mesmo
ûndamento lKgico e metodolKgico/ elas se distinguem apenas no o3Eeto de estudoD 9U: $Xiste uma
distino ûndamental entre âto e !alor? a ci8ncia se ocupa do fato e de!e 3uscar se li!rar do *alo.
C "ipKtese central do positi!ismo sociolKgico , de Gue a sociedade "umana , regulada por leis naturais
Gue atingem o ûncionamento da !ida social/ econjmica/ poltica e cultural de seus mem3ros- 2ortanto/ as
ci8ncias sociais/ para analisar determinado grupo ou comunidade/ t8m Gue desco3rir as leis in!ariI!eis e
independentes de seu ûncionamento-
Da decorre Gue os m,todos e t,cnicas para se con"ecer uma sociedade ou determinado segmento dela so
da mesma natureza Gue os empregados nas ci8ncias naturais- $ ainda mais/ da mesma ôrma Gue as
ci8ncias naturais propugnam um con"ecimento o3Eeti!o/ neutro/ li!re de Euzo de !alor/ de implicafes
poltico<sociais 9o Gue se pode colocar tam3,m em Guesto no de3ate a3erto a respeito dessas ci8ncias:
tam3,m as ci8ncias sociais de!em 3uscar/ para sua cientiîcidade/ este ;con"ecimento o3Eeti!o;- 4outras
pala!ras/ o cientista social de!e se comportar ^rente a seu o3Eeti!o de estudo _
SR M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
a sociedade/ GualGuer segmento ou setor dela _ li!re de Euzo de !alor/ tentando neutralizar/ para
conseguir o3Eeti!idade/ na sua prKpria !iso de mundo-
4a prItica/ a postura positi!ista ad!oga uma ci8ncia social des!inculada da posio de classe/ dos !alores
morais e das posifes polticas dos cientistas/ e acredita nisso- Denomina ;pr,<Euzos;/ ;pr,<conceitos;/
;pr,<nofes; ao conEunto de !alores e opfes polti<co<ideolKgicas do pesGuisador/ limites a serem
transpostos para Gue ele âa ci8ncia 9Durk"eim? W[ZY/ S\:-
)o7y nos aponta alguns dados "istKricos esclarecedores so3re o positi!ismo 9W[Y\/ UU<VR:- Diz<nos Gue a
ci8ncia positi!a tem suas razes na îlosoîa das luzes no s,culo a.HHH-
2ara )o7y o pai do positi!ismo , Condorcet/ um enciclopedista 9)o7y? W[Y\/ UU<VR:- Condorcet
ôrmulou de ôrma clara e precisa a id,ia de Gue a ci8ncia da sociedade de!eria ser uma MatemItica
Social/ ôrmulada como estudo num,rico e rigoroso dentro das teorias pro3a3ilsticas- Considera!a Gue/
da mesma ôrma Gue nas ci8ncias ^sicas e matemIticas/ os interesses e as paiXfes no pertur3a!am/
assim de!eria acontecer com as ci8ncias sociais 9Condorcet/ in Mora? W[YS/ VYRW/ S-
a
ed-:-
* autor atri3ua as diîculdades no progresso do con"ecimento da realidade social/ ao âto de Gue o social
era/ no seu tempo/ o3Eeto de interesses religiosos e polticos- Da Gue a meta das ci8ncias sociais seria
conseguir uma ela3orao ;li!re de preconceitos;-
Ainda Gue possa parecer estran"o/ comenta )o7y/ o pensamento de Condorcet/ para sua ,poca/ era crtico
e/ at, certo ponto/ re!olucionIrio- Dirigia<se contra as classes poderosas dominantes da ,poca? a HgreEa/ o
poder êudal e o $stado oligIrGuico/ Gue se atri3uam o controle de todo o con"ecimento cientîco-
Condorcet indica!a a necessidade de romper com esse monopKlio do sa3er/ li!rando as ci8ncias da
sociedade/ dos interesses e paiXfes das classes êudais/ das doutrinas teolKgicas/ dos argumentos de
autoridade da HgreEa e de todos os ;dogmas ôssilizados;-
)o7y inclui entre os discpulos de Condorcet e deênsor de suas id,ias/ o socialista utKpico Saint<Simon
9)o7y? W[Y\/ VR<\R:- $ste autor c"ama!a a ci8ncia da sociedade de ;îsiologia social;- Considera!a Gue
"I dois tipos de ,poca "istKrica? as ,pocas crticas/ necessI<
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) SW
rias para eliminar as ôssilizafes sociais/ e as ,pocas orggnicas Gue so momentos "istKricos de
esta3ilidade e de ûncionamento normal- $m seu tempo/ segundo ele/ "a!ia algumas classes parasitas do
organismo social 9o clero e a aristocracia: Gue de!iam dar lugar a uma no!a ôrma de organizao para
Gue o corpo social ûncionasse regularmente- Saint<Simon tin"a um proEeto da no!a sociedade/ 3aseado
no na igualdade/ mas numa pirgmide de classes Gue ele!aria a capacidade produti!a dos "omens ao grau
mIXimo de desen!ol!imento- Segundo ele/ a moral e as id,ias t8m Gue ser distintas para as distintas
classes ûndamentais/ a îm de Gue a sociedade seEa li!re e dedicada h produo- A igreEa de!eria ser
su3stituda pela Î3rica 9Saint Simon/ in Mora? W[YS/ Q[WVs-:-
Da mesma ôrma Gue a ;matemItica social; de Condorcet/ a ;îsiologia social; de Saint<Simon trazia no
seu interior uma crtica ao sistema social de seu tempo/ hs classes dominantes e apela!a para mudanas
condizentes com a no!a sociedade industrial Gue se instala!a-
)o7y comenta Gue o positi!ismo/ at, o incio do s,culo a'a/ aparece como uma !iso social<utKpica<
crtica do mundo- * autor usa o tempo utKpico no mesmo sentido de Jarl Mann"eim em Ideologia e
>topia 9W[\Y/UW<WUS:- Mann"eim distingue os conceitos de ideologia e utopia- A primeira seria
constituda por concepfes/ id,ias/ representafes e teorias Gue se orientam para a esta3ilizao/
legitimao e reproduo da ordem !igente- Hdeologias seriam o conEunto das doutrinas e teorias de
carIter conser!ador/ isto ,/ ser!em para a manuteno do sistema social de ôrma geral- 2elo contrIrio/ as
>topias seriam as representafes/ id,ias e teorias Gue t8m em !ista uma realidade ainda ineXistente-
&razem no seu 3oEo uma dimenso crtica/ de negao/ ruptura e possi3ilidade de superao do status
(uo. $ neste sentido Gue podemos âlar dos elementos ;utKpicos; no positi!ismo de Condorcet e Saint<
Simon-
* mesmo no se poderia dizer das teorias de Augusto Comte/ em3ora este autor se considerasse "erdeiro
dos dois primeiros- 2ara Comte o pensamento teria Gue ser totalmente positi!o- Hsto ,/ eliminado todo o
contedo crtico de sua anIlise/ os cientistas desco3ririam as leis da sociologia- $ como conseGi8ncia/ a
partir de seu m,todo positi!o/ o cientista de!eria se consagrar teKrica e pratica<
SQ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
mente h deêsa da ordem social- * positi!ismo em Comte e seus sucessores tem uma conotao poltica
conser!adora/ contrIria ao Gue consideram ;negati!ismo; perigoso das doutrinas crticas/ destruti!as/
su3!ersi!as e re!olucionIrias da 5e!oluo 0rancesa e do Socialismo 9Comte? W[ZY/SS<WWVD Durk"eim?
W[ZY/WUQ<W\W:-
Comte ôrmulou uma teoria social/ a Gue/ num primeiro momento/ denominou 0sica Social- Aîrma ele?
;A 0sica Social , uma ci8ncia Gue tem por o3Eeti!o o estudo dos ênjmenos sociais/ considerados no
mesmo esprito Gue os ênjmenos astronjmicos/ ^sicos/ Gumicos e îsiolKgicos; 9W[ZY/ WU:-
$Xplica Gue/ da mesma ôrma Gue eXiste na natureza/ "I uma ordem interna Gue rege a sociedade/ Gue
encamin"a para a "armonia/ o desen!ol!imento e a prosperidade- Ao cientista social ca3eria desco3rir
essa ordem e eXplicitI<la aos leitores para Gue/ a partir de sua compreenso/ a esta3ilidade social ôsse
mantida-
Comte considera importante Gue os sociKlogos eXpliGuem aos proletIrios a lei Gue rege a distri3uio de
riGuezas/ concentrao de poder econjmico e seu lugar na sociedade- $sses elementos seriam resultantes
da prKpria natureza da organizao social/ Gue tem suas leis in!ariantes- Segundo ele/ graas ao
positi!ismo/ os tra3al"adores recon"eceriam as !antagens da su3misso e de sua ;irresponsa3ilidade; no
go!erno da sociedade- Desta ôrma/ o positi!ismo como ;ci8ncia li!re de Euzo de !alor e neutra;
contraditoriamente se proporia a no amaldioar os âtos polticos mas aceitI<los e legitimI<los 9Comte?
W[ZY/ YQ<YZ:- .eEamos as prKprias pala!ras do autor?
;* positi!ismo tende poderosamente/ pela sua prKpria natureza/ a consolidar a ordem p3lica/ pelo
desen!ol!imento de uma sI3ia resignao- 2orGue no pode eXistir uma !erdadeira resignao/ isto ,/
uma disposio permanente a suportar com constgncia e sem nen"uma esperana de mudana/ os males
ine!itI!eis Gue regem todos os ênjmenos naturais/ seno atra!,s do proûndo sentimento dessas leis
ine!itI!eis- A îlosoîa positi!a Gue cria essa
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) SU
disposio se aplica a todos os campos/ inclusi!e aos males polticos; 9W[ZY/ZR:-
Assim/ segundo Comte/ os distinti!os do esprito positi!ista seriam o senso de realidade/ a utilidade/ a
certeza/ a aptido orggnica e o 3om senso prItico 9W[ZY/ \Qs:- 4o se pode admirar/ a partir das id,ias
reêridas/ Gue o positi!ismo com3inasse e ûndamentasse todo o conser!adorismo poltico e legitimador
de situafes !igentes- .ale lem3rar Gue o lema de nossa 3andeira nacional repu3licana/ o ;*rdem e
2rogresso; tem no papa do positi!ismo sua inspirao/ e em sua îlosoîa social/ a 5ep3lica tem a 3ase
de concepo da prItica poltica-
4o campo da sociologia propriamente dita/ ôi $mile Durk"eim Guem primeiro ûndamentou as
possi3ilidades teKrico<metodolKgi<cas do positi!ismo para compreenso da sociedade- 5econ"ecendo<se
como discpulo de Comte/ Durk"eim se aplicou a pensar a especiîcidade do o3Eeto da sociologia/
relacionI<la com as outras ci8ncias e lanar os ûndamentos de um m,todo para pesGuisa social- 2ara ele/
o escopo da sociologia , estudar âtos Gue o3edeam a leis in!ariI!eis/ de ôrma o3Eeti!a e neutra- *s
;pr,<Euzos; e as ;pr,<nofes; pro!enientes da ideologia e da !iso de mundo do sociKlogo t8m Gue ser
com3atidos e eliminados do tra3al"o atra!,s de regras do m,todo cientîco? ;a sociologia no , nem
indi!idualista e nem socialista;/ dizia ele 9W[ZY/ QZ:-
2ortanto/ se um cientista social tem suas preêr8ncias polticas/ se simpatiza com os operIrios ou com os
patrfes/ se , li3eral ou se , socialista/ tem por o3rigao/ como cientista/ calar as paiXfes e sK nesse
sil8ncio iniciar seu estudo o3Eeti!o e neutro 9W[ZY/W\R:-
Durk"eim insiste/ com todo rigor/ Gue a sociedade , um ênjmeno moral/ na medida em Gue os modos
coleti!os de pensar/ perce3er/ sentir e agir incluem elementos de coero e o3rigao/ constituindo assim
uma consci8ncia coleti!a Gue se eXpressa na religio/ na di!iso do tra3al"o e nas instituifes-
Sua preocupao ôi/ considerada a sociedade como ; coisa;/ criar um m,todo Gue pudesse descre!er os
âtos sociais/ classiîcI<los com preciso e de ôrma independente das id,ias do cientista so3re a realidade
social-
SS M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
Da Gue/ para ele/ a tareâ do cientista ,? (a# descre!er as carac rsticas dos âtos sociaisD (b# demonstrar
como eles !8m a eXistirD (c# relacionI<los entre siD (d# encontrar sua organicidadeD (c# tentar separar as
;representafes; dos âtos dadas pelas id,ias Gue âzemos deles/ da ;coisa<real; 9W[ZY/ ZR<W\R:-
Durk"eim distingue as categorias do ;senso comum; como sendo os conceitos usados pelos mem3ros da
sociedade para eXplicar e descre!er o mundo em Gue !i!emD e os ;conceitos cientîcos; Gue descre!em/
classiîcam/ eXplicam/ organizam e correlacionam os ;âtos sociais; de ôrma ;o3Eeti!a;- Hnsiste Gue as
causas dos âtos sociais de!em ser 3uscados em outros âtos sociais e no na teologia ou nos indi!duos
9W[ZY/ ZU<W\W:-
(ma das principais in^lu8ncias do positi!ismo nas ci8ncias sociais ôi marcada pelo lugar de destaGue
concedido h pesGuisa emprica na produo do con"ecimento- Metodologicamente isso signiîcou
desco3rir as caractersticas de regularidades e in!arigncias dos âtos sociais e descre!8<las- $ por ;âto
social;/ Durk"eim entende ;toda maneira de âzer/ îXada ou no/ suscet!el de eXercer so3re o indi!duo
uma coao eXterior; ou ainda ;o Gue , geral no conEunto de uma dada sociedade tendo/ ao mesmo
tempo/ uma eXist8ncia prKpria/ independente das maniêstafes indi!iduais; 9W[ZY/ [Qs:- 2ara desco3rir
as regularidades/ Durk"eim e os positi!istas em geral in!ocam a imagem do organismo "umano/
enâtizando os termos ;estrutura; e ;ûno;/ ;morôlogia; e ;îsiologia; Gue diêrenciam maneiras de
âzer e de ser cristalizadas/ onde apenas a diêrena de grau distingue essa ordem de âtos o3ser!I!eis
interligados 9W[ZY/ [R<[U:-
* positi!ismo sociolKgico domina ainda "oEe as Ci8ncias Sociais- 2or,m , al!o de muitas crticas- *
primeiro pro3lema Gue surge a partir da concepo positi!ista , a constatao de Gue os seres "umanos
no so simples ôrma/ taman"o e mo!imentos? possuem uma !ida interior Gue escapa h o3ser!ao
primIria- Da a diîculdade na prItica de pesGuisa da ;neutralidade; e da ;o3Eeti!idade;- Seria necessIrio
descon"ecer/ ignorar/ considerar irrele!antes os estados mentais tanto do o3ser!ador como dos atores
sociais- A resposta de Durk"eim , de Gue esses ênjmenos poderiam ser
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) SV
o3ser!ados atra!,s de maniêstafes comportamentais eXteriores/ como ndices dos primeiros-
A "istKria do positi!ismo tem re!elado Gue a concepo Gue se Eulga independente dos Euzos de !alor se
encamin"ou na prItica para a utilizao dos termos de tipo matemItico e um deles , a linguagem das
!ariI!eis- A conseGi8ncia imediata ôi o desen!ol!imento eXtremamente rIpido de m,todos de pesGuisa
de 3ase estatstica/ tais como amostragem/ escala/ m,todos de anIlise de dados 9como a regresso/ a
correlao e t,cnicas multi!ariadas:-
Desen!ol!eu<se uma tend8ncia a usar instrumentos de anIlise como se eles âlassem por si mesmos/ na
iluso de Gue nada "I al,m deles/ segundo os ensinamentos de Durk"eim no 2reÎcio h primeira edio
das +egas do Mtodo Sociol!gico%
;4o podemos cair na tentao de ultrapassar os âtos/ Guer para eXplicI<los/ Guer para eXplicar o seu
curso- 9---: Se eles so inteiramente intelig!eis/ ento 3astam tanto h ci8ncia/ porGue/ neste caso/ no "I
moti!o para procurar ôra deles prKprios a sua razo de serD e h prItica/ porGue o seu !alor til , uma das
razfes; 9W[ZY/ ZS:-
Desta ôrma os dados so considerados o3Eeti!os se so produzidos por instrumentos padronizados/
!isando a eliminar ôntes de propenso de todos os tipos e apresentar uma linguagem o3ser!acio<nal
neutra- A linguagem das !ariafes representaria a possi3ilidade de eXpressar generalizafes com
o3Eeti!idade e preciso-
As Guestfes a serem le!antadas ultrapassam os limites do de3ate so3re t,cnicas de pesGuisa- Certamente a
anIlise multi!ariada/ a anIlise conteXtual/ a correlao so instrumentos poderosos para a compreenso de
dados aglomerados/ supondo<se a realidade de grandes coleti!idades- So importantes para a construo
de indicadores/ para as c"amadas ;pesGuisas de intelig8ncia; como os censos e outras modalidades de
construfes Guantitati!as- * pro3lema , o da autorizao/ em primeiro lugar e em termos Guase a3solutos/
desta ôrma de interpretao do social/ em Gue a realidade se restringiria ao o3ser!I!el e ao GuantiîcI!el-
S\ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
/ 7uncionalismo
(ma das !ariantes do positi!ismo sociolKgico , o 0(4CH*4A)HSM*/ cuEos representantes so/ na
antropologia inglesa/ Malino7ski e 5adcli^ê<%ro7n e/ na sociologia americana/ Merton e 2arsons- C sr<
tamente Gue o positi!ismo no se constitui simplesmente como uma ci8ncia normati!a com um conEunto
de regras uniôrmes- Cada autor tem peculiaridades em sua ôrma teKrica de concepo e anIlise da
realidade- Mas "I um su3strato 3Isico/ uma postura ^rente ao o3Eeto de estudo Gue pode nos le!ar a
colocar lado a lado Merton/ 2arsons/ 5adcli^ê<%ro7n e Malino7ski- * ûncionalismo tem sido a corrente
de pensamento 9dentro do positi!ismo: mais eXpressa na Irea de sade- *s ûncionalistas se diêrenciam
de Comte e Durk"eim na medida em Gue negam as leis gerais Gue regem o ûncionamento da sociedade
como um todo- &am3,m no reduzem a ci8ncia do social h descrio de acontecimentos ou âtos
o3ser!I!eis- Desen!ol!em um tipo de teoria especialmente aplicI!el h compreenso da estrutura social e
da di!ersidade cultural Gue pode ser resumida nos princpios Gue se seguem?
Q
(a# As sociedades so
totalidades Gue se constituem como organismos !i!os- So compostas por elementos Gue interagem/ inter<
relacionam<se e so interdependentes- So sistemas onde cada parte se integra no todo como su3sistema/
produzindo eGuil3rio/ esta3ilidade/ e sendo pass!el de aEustes e reaEustes/ (b# 2or isso mesmo cada
sociedade tem seus mecanismos de controle para regular as in^lu8ncias e!entuais de elementos eXternos
ou internos Gue ameacem seu eGuil3rio- ;Des!ios; e ;disûnfes; âzem parte da concepo do sistema
Gue atra!,s dos mecanismos prKprios de controle tendem a ser a3sor!idos/ produzindo a integrao- $sta
, a tend8ncia !i!a do sistema/ (c# A integrao se consegue pelo consenso atra!,s de crenas/ !alores e
normas compartil"ados socialmente pelos su3sistemas Gue interagem constantemente e se reôram
mutuamente/ (d# A conceituao de progresso/ de desen!ol!imento
Q
2ara mel"or compreenso do 0uncionalismo recomendamos a leitura de? Malino7ski/ (ma 5eoiaCient,ficada Cultua, 5J/
Oa"ar$d- W[ZVD *s Cgonautas do 'ac,fico, 5J/ $d- A3ril/ W[ZYD 5adcli^ê<%ro7n/ Estutua e 7uno na Sociedade 'imiti*a, 5J/
.ozes/ W[ZUD 5o3ert Merton/ Sociologia% 5eoia e estutuaX S-C- $d- Mestre Jou/ W[ZRD &alccott 2arsons/ 5Yie SKciaF System/
Glencoe/ Hllinois/ &/se 0ree 2ress/ W[VW-
S\ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) H
/ 7un:onalismo T
(ma das !ariantes do positi!ismo sociolKgico , o 0(4CH*4A)HSM*/ cuEos representantes so/ na
antropologia inglesa/ Malino7ski e 5adcli^ê<%ro7n e/ na sociologia americana/ Merton e 2arsons- C er<
tamente Gue o positi!ismo no se constitui simplesmente como uma ci8ncia normati!a com um conEunto
de regras uniôrmes- Cada autor tem peculiaridades em sua ôrma teKrica de concepo e anIlise da
realidade- Mas "I um su3strato 3Isico/ uma postura ^rente ao o3Eeto de estudo Gue pode nos le!ar a
colocar lado a lado Merton/ 2arsons/ 5adcli^ê<%ro7n e Malino7ski- * ûncionalismo tem sido a corrente
de pensamento 9dentro do positi!ismo: mais eXpressa na Irea de sade- *s ûncionalistas se diêrenciam
de Comte e Durk"eim na medida em Gue negam as leis gerais Gue regem o ûncionamento da sociedade
como um todo- &am3,m no reduzem a ci8ncia do social h descrio de acontecimentos ou âtos
o3ser!I!eis- Desen!ol!em um tipo de teoria especialmente aplicI!el h compreenso da estrutura social e
da di!ersidade cultural Gue pode ser resumida nos princpios Gue se seguem?
Q
(a# As sociedades so
totalidades Gue se constituem como organismos !i!os- So compostas por elementos Gue interagem/ inter<
relacionam<se e so interdependentes- So sistemas onde cada parte se integra no todo como su3sistema/
produzindo eGuil3rio/ esta3ilidade/ e sendo pass!el de aEustes e reaEustes/ (b# 2or isso mesmo cada
sociedade tem seus mecanismos de controle para regular as in^lu8ncias e!entuais de elementos eXternos
ou internos Gue ameacem seu eGuil3rio- ;Des!ios; e ;disûnfes; âzem parte da concepo do sistema
Gue atra!,s dos mecanismos prKprios de controle tendem a ser a3sor!idos/ produzindo a integrao- $sta
, a tend8ncia !i!a do sistema/ (c# A integrao se consegue pelo consenso atra!,s de crenas/ !alores e
normas compartil"ados socialmente pelos su3sistemas Gue interagem constantemente e se reôram
mutuamente/ (d# A conceituao de progresso/ de desen!ol!imento
Q
2ara mel"or compreenso do 0uncionalismo recomendamos a leitura de? Malino7ski/ >ma 5eoia Cient,fica da Cultua, 5J/
Oa"ar$d- W[ZVD *s Cgonautas do 'ac,fico, 5J/ $d- A3ril/ W[ZYD 5adcli^ê<%ro7n/ Estutua e 7uno na Sociedade 'imiti*a, 5J/
.ozes/ W[ZUD 5o3ert Merton/ Sociologia% 5eoia e estutuaX S-C- $d- Mestre Jou/ W[ZRD &alccott 2arsons/ 5lie Social SZstem,
Glencoe/ Hllinois/ &-/ce 0ree 2ress/ W[VW-
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) SZ
e de mudanas , adaptati!a- * sistema social tem em si a tend8ncia h conser!ao e h reproduo/ por
isso as ino!afes/ in!enfes e tensfes se direcionam para a re!italizao do sistema e so a3sor!idas no
seu interior- Como num organismo !i!o cuEa estrutura permanece e se re!igora no mo!imento ûncional/
as mudanas sociais no atingem as estruturas/ no so re!olucionIrias- 2assam<se ao n!el da
superestrutura Gue tem a ûno de adaptao e de manuteno do ;status Guo; 96ug"es? W[YU/ SQ<\UD
&imas"e^^? W[\V/ QYZ<Q[Y:- D<<
*s conceitos centrais do ûncionalismo 9sistema/ su3sistema/ estrutura/ ûno/ adaptao/ integrao/
des!io/ consenso etc-: so coerentes com o positi!ismo sociolKgico/ para Guem as leis Gue regem os
ênjmenos sociais so intemporais/ in!ariI!eis e tendentes h esta3ilidade e h coeso- A implicao
metodolKgica de am3os 9positi!ismo sociolKgico e o ûncionalismo como uma de suas !ariantes: , de Gue
as totalidades ûncionais/ ainda Gue a in!estigao no seEa de orientao empiricista/ seEam repetidas
dentro de condifes empricas de produo dos ênjmenos- Sua empresa principal , reproduzir as
condifes glo3ais da eXist8ncia social de GualGuer grupo/ desce*endo;as em sua compleXidade/
di!ersidade e mo!imento integrati!o/ de tal ôrma Gue possam ser comparadas-
Dentre os ûncionalistas/ 2arsons tem para nKs uma rele!gncia ûndamental porGue este cientista
americano aplica a teoria ûncio<nalista h eXplicao da medicina e das relafes m,dicoFpaciente em seu
pas- $m sua o3ra 5$e Social SZstem 9W[VW:/ o tema central , o ûncionamento das estruturas das
instituifes/ consideradas/ estas/ como o nKdulo da Sociologia- As instituifes constituem/ para ele/ o
mecanismo integrati!o ûndamental dos sistemas sociais/ deînidos ora como uma pluralidade de agentes
indi!iduais interagindo/ ora como uma rede de relafes entre agentes-
4esta o3ra o conceito de sade=doena eXplicitado pelo autor , coerente com sua !iso ûncionalista?
;k um estado de pertur3ao no ûncionamento normal do indi!duo "umano total/ compreendendo<se o
estado do organismo como o sistema 3iolKgico e o estado de seus aEustamentos pessoal e social; 9W[VW/
SY:-
SY M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
(ma anIlise lingistica destacaria/ na deînio/ o Eargo ûnciona<lista? estado/ ûncionamento/ normal/
organismo/ sistema/ aEustamento- 4o conceito/ o 3iolKgico se !incula ao social atra!,s da noo de
eGuil3rio ou deseGuil3rio indi!idual ^rente hs pressfes sociais- A doena ,/ para 2arsons/ ;uma conduta
des!iada; e o doente , um personagem social Gue se recon"ece na ôrma como a sociedade
institucionaliza o des!io e assim o assimila e o integra-
Da Gue os pap,is e ûnfes de m,dico e paciente so complemen<tares- A prItica m,dica , um
mecanismo do sistema social para reconduzir o doente h normalidade/ mas Gue tam3,m recon"ece seu
des!io e o institucionaliza- $la tem por înalidade o controle dos des!ios indi!iduais- Juan C,sar Garcia/
em seu estudo so3re as correntes de pensamento na medicina/ âz uma crtica contundente ao
ûncionalismo de 2arsons Guando analisa o sistema m,dico- Ao deînir a prItica da medicina/ diz ele/ pela
înalidade de curar e pre!enir as doenas/ 2arsons se limita a descre!er como ela ûnciona e aparece em
ôrma de ênjmeno o3ser!I!el/ descon"ecendo as condifes de sua produo e reproduo- 5eduz a
concepo de doena h noo de ;des!io; colocando<a no gm3ito eXclusi!o do paciente e do m,dico-
$nâtiza seus respecti!os pap,is como atores sociais no conEunto da sociedade considerada "armjnica e
eGuili3rada- Como concluso/ coloca na maior ou menor susceti3ilidade indi!idual hs tensfes sociais/ a
responsa3ilidade da doena- Descon"ece os con^litos eXistentes na sociedade/ os interesses Gue perpassam
a medicina como uma produo social e as determinafes sociais da sadeFdoena 9Garcia? W[YU/WRS<
WRY:-
Conclumos dizendo Gue o positi!ismo e sua ôrma particular denominada ûncionalismo sociolKgico t8m
sido as correntes de pensamento com maior in^lu8ncia e !igor na produo intelectual reêrente h Guesto
das Ci8ncias Sociais e a Sade- &al âto no nos pode estran"ar/ na medida em Gue so estas teorias Gue
mel"or se prestam para conser!ar e Eustiîcar a prItica m,dica "egemjnica e os enôGues prIticos no
tratamento dos doentes e das doenas- A reêr8ncia mais atual Gue possumos para esta constatao , a
anIlise intensa e minuciosa realizada por $!erardo 4unes 9W[YV:/ onde a autor tece inmeras
considerafes e constata os camin"os seguidos pela produo intelectual em Ci4ncias Sociais e Sade na
Cmica 6ati;
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) S[
na. $m3ora pretenda eXaminar apenas esse lado do continente/ $!erardo e os autores da coletgnea âzem
reêr8ncias permanentes aos estudos realizados em todo o mundo ocidental/ tra3al"ando com uma
a3ordagem "istKrico<estrurural 9W[YV/ Q[<YUD YZ<S\W:-
4unes coloca o positi!ismo como a corrente de pensamento dominante nos anos VR e nas anIlises da
sade particularmente atra!,s das correntes ûncionalistas e culturalistas- Mas "oEe elas ainda continuam
!i!as e presentes tanto na produo cientîca como na prItica- 2odem ser identiîcadas por alguns
sintomas Gue indicamos a seguir/ a partir da leitura de !Irios autores da coletgnea Ci4ncias Sociais e
Sade na Cmeica 6atina 9W[YU:? (a# 2ouca !alorizao conceituai do processo sadeFdoena e seus
determinantesD (b# $nôGue pragmItico e ûncionalista da medicina como se ela ôsse uma ci8ncia
uni!ersal/ atemporal e isenta de !aloresD (c# .alorizao das ci8ncias sociais como acessKrio ou
complemento na prItica e na teoria m,dicas/ considerando<as como ci8ncias normati!as e com înalida<<
de adaptati!a e ûncionalD (d# 4a epidemiologia/ !alorizao eXcessi!a da concreao estatstica tomada
como o3Eeti!idade e conûso do ênjmeno com a prKpria realidade-
4a prItica m,dica e suas relafes com a sociedade o positi!ismo se maniêsta? 9W: 4a concepo da
sadeFdoena como ênjmeno apenas 3iolKgico indi!idual em Gue o social entra/ compreendido como
modo de !ida e apenas como !ariI!el/ ou , descon"ecido e omitidoD 9Q: 4a !alorizao eXcessi!a da
tecnologia e da capacidade a3soluta da medicina de erradicar as doenasD 9U: 4a dominao corporati!a
dos m,dicos em relao aos outros campos do con"ecimento/ adotando<os de ôrma pragmItica 9a
sociologia e a antropologia consideradas importantes apenas para âzer GuestionIrios/ produzir inôrmes
culturais/ ensinar alguns conceitos 3Isicos:D no tratamento su3alterno dado aos outros proîssionais da
Irea 9enêrmeiros/ assistentes sociais/ nutricionistas/ atendentes etc---:D em relao ao senso comum da
populao/ numa tentati!a nunca totalmente !itoriosa/ de desGualiîcI<lo e a3sor!8<lo-
VR M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
A S*CH*)*GHA C*M25$$4SH.A
(ma segunda !iso do mundo Gue tem tido proûnda in^lu8ncia na construo do con"ecimento da
realidade/ inclusi!e na interpretao das relafes entre medicina e sociedade/ , a c"amada Sociologia
Compeensi*a. $la pri!ilegia a compreenso e a inteligi3ilidade como propriedades especîcas dos
ênjmenos sociais/ mostrando Gue o SHG4H0HCAD* e a H4&$4CH*4A)HDAD$ os separam dos ênjmenos
naturais-
4a Intoduo :s Ci4ncias do Esp,ito, Dilt"ey polemiza com o positi!ismo/ aîrmando Gue os âtos
"umanos no so suscet!eis de Guantiîcao e de o3Eeti!ao porGue cada um deles tem sentido prKprio
e identidade peculiar/ eXigindo uma compreenso especîca e concreta- Da/ deduz ele/ so âlsas as
teorias sociolKgicas e a îlosoîa da "istKria Gue !8em na descrio do singular uma simples mat,ria<prima
para posteriores a3strafes? ;no "I ltima pala!ra da "istKria Gue conten"a o !erdadeiro sentido;
9Dilt"ey? W[V\/ QV:-
4a Sociologia ôi MaX We3er Guem esta3eleceu as 3ases teKrico<metodolKgicas da Ci8ncia
Compreensi!a- Contra os princpios do positi!ismo/ ele diz Gue?
;A sociologia eXige um ponto de !ista especîco EI Gue os âtos de Gue se ocupa implicam um g8nero de
causao descon"ecido das ci8ncias da natureza; 9W[\S/ UU:-
Sua deînio de Sociologia passou a ser um marco para essa corrente/ dentro das Ci8ncias Sociais?
;k uma ci8ncia Gue se preocupa com a compreenso interpretati!a da ao social/ para c"egar h
eXplicao causai de seu curso e de seus eêitos- $m >ao> estI includo todo o comportamento "umano
Guando e at, onde a ao indi!idual l"e atri3ui um signiîcado su3Eeti!o- A >ao> neste sentido pode ser
tanto a3erta Guanto su3Eeti!a- 9---: A >ao> , social Guando/ em !irtude do signiîcado su3Eeti!o atri3udo a
ela pelos indi!duos/ le!a em conta o comportamento dos outros e , orientada por ele na sua realizao;
9We3er/ W[\S/ UU:-
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) VW
We3er retoma aGui o tema central das Ci8ncias Sociais/ isto ,/ a relao entre indi!duo e sociedade/
aîrmando Gue os sociKlogos necessariamente t8m Gue tratar dos signiîcados su3Eeti!os do ato social/
We3er no âz psicologia/ ele Guer dizer Gue a sociedade , ^ruto de uma inter<relao de atores sociais/
onde as afes de uns so reciprocamente orientadas em direo hs afes dos outros-
Segundo We3er/ a sociologia reGuer uma a3ordagem diêrente das ci8ncias da natureza/ e isso se
consegue atra!,s de? (a# pesGuisa emprica a îm de ôrnecer dados Gue d8em conta das ôrmulafes
teKricas? (b# tais dados deri!am de algum modo da !ida dos atores sociaisD (c# os atores sociais do
signiîcados a seus am3ientes sociais de ôrma eXtremamente !ariadaD (d# eles podem descre!er/ eXplicar
e Eustiîcar suas afes Gue so sempre moti!adas por causas tradicionais/ sentimentos/ aêti!os ou so
racionais-
A sociologia compreensi!a/ em We3er/ nos diz Gue as realidades sociais so construdas nos signiîcados
e atra!,s deles e sK podem ser identiîcadas na linguagem signiîcati!a da interao social- 2or isso/ a
linguagem/ as prIticas/ as coisas e os acontecimentos so inseparI!eis-
We3er propfe/ para conseguir compreender a realidade social/ dois princpios metodolKgicos? (a# a
neutralidade de !alor e (b# a construo do tipo<ideal-
2artindo do princpio de Gue a "istKria "umana se constitui de ;constelafes singulares;/ do ;caso
concreto;/ o autor propfe a teoria dos tipos<ideais como instrumento racional e teKrico de aproXimao da
realidade- *s ;tipos<ideais; no eXistem empiricamente/ so arti^cios criados pelo cientista para ordenar
os ênjmenos/ para indicar suas articulafes e seu sentido- Sintetizam e e!idenciam os traos tpicos/
originais de determinado ênjmeno tornando<o intelig!el- We3er constrKi !Irios tipos<ideais sendo os
mais con"ecidos/ a 3tica 'otestante e o Esp,ito do Capitalismo, a 9uocacia e as 7omas de
Dominao 9W[ZS/ WV<Z[:- Sua inteno ao propor esse instrumento metodolKgico de compreenso da
realidade , tornar as Ci8ncias Sociais rigorosas e îdedignas/ mas de uma perspecti!a diêrente da
a3ordagem positi!ista- $le prKprio comenta?
;4o eXiste uma anIlise da cultura a3solutamente o3Eeti!a dos
VQ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
ênjmenos sociais/ independente dos pontos de !ista especiais e parciais/ segundo os Guais/ de ôrma
eXplcita ou tItica/ consciente ou su3consciente/ aGueles so selecionados e organizados para propKsitos
eXpositi!os- &odo con"ecimento da realidade cultural/ como pode ser !isto/ , sempre con"ecimento a
partir de pontos de !ista especîcos; 9We3er? W[V[/ ZQ:-
4a sua luta teKrica contra o positi!ismo/ We3er recon"ece Gue os !alores t8m um papel destacado na
seleo do o3Eeto de in!estigao/ na escol"a da pro3lemItica e nas Guestfes Gue o pesGuisador se coloca-
2or,m/ atra!,s da sua tentati!a de ;o3Eeti!idade; Gue se concretiza na construo dos tipos<ideais e na
crena de iseno de !alores durante o processo de pesGuisa/ We3er reencontra<se com Durk"eim- Cai nas
mal"as do idealismo Gue pre!8 a !eriîcao e a !alidade a partir dos m,todos e t,cnicas e os cr8 isentos
de inger8ncia dos !alores tanto "istKricos/ pro!enientes de seu processo de produo/ Guanto pessoais/
reêrentes h ideologia do in!estigador-
We3er , considerado um clIssico da sociologia e sua in^lu8ncia se estende por !Irias a3ordagens teKricas-
Com relao ao campo Gualitati!o/ em duas correntes de pensamento encontramos o peso da sua
contri3uio/ em3ora cada uma delas conser!e seu esGuema conceituai peculiar? a fenomenologia
sociol!gica e a etnometodologia. * recon"ecimento da presena de We3er nessas a3ordagens no ,
eXplcita/ mas ao analisI<las perce3emos a presena ûndamental do conceito central 7e3eriano? o
SHG4H0HCAD* da ao social- 5elati!amente ao campo da sade/ o peso de in^lu8ncia maior estI na
ênomenologia- k por isso Gue âlaremos dela com prioridade e apenas sintetizaremos os princpios da
etnometodologia- C d/
$tnometodologia compreende o conEunto de re^leXfes Gue se a3rigam so3 seu prKprio nome/ al,m do
internacionalismo sim3Klico/ da "istKria de !ida e da "istKria oral- Seu 3ero ôi a (ni!ersidade de
C"icago e seu principal arGuiteto 5o3ert 2ark/ Gue nas d,cadas de QR e UR preconiza!a a eXperi8ncia
direta com os atores sociais para a compreenso de sua realidade- Ao mesmo tempo da!a um lugar de
destaGue hs 6istKrias de .ida como um material de eXcel8ncia para a sociologia 9W[QW:- As id,ias de 2ark
ôram teoricamente desen!ol!idas por 6arold Garînkel na d,cada de UR/ Gue esta3eleceu o Guadro
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) VU
conceituai e as 3ases metodolKgicas da etnometodologia/ cuEos princpios resumimos a seguir 9Garînkel?
W[\Z:-
Garînkel deênde sua teoria como uma ôrma de compreender a prItica artesanal da !ida cotidiana/
interpretada EI/ numa primeira instgncia/ pelos atores sociais- Segundo ele/ as caractersticas do mundo
social so inseparI!eis dos processos interpretati!os pelos Guais o mundo , constitudo/ realizado e
eXplicado- A sociedade , entendida como uma constituio de estruturas com regras e con"ecimentos
compartil"ados e tIcitos Gue tornam a interao social poss!el e aceita- 2ortanto/ âz parte da
constituio do mundo/ a ôrma pela Gual os "omens c"egam a um sentido da realidade o3Eeti!a? o senso
comum- $ EI Gue o ser "umano tem como caracterstica ûndamental a re^leXi3ilidade so3re seus atos/ o
papel dos etnometodKlogos ,/ ao estudar cotidianidade/ desco3rir os modelos de racionalidade
su3Eacentes h ao dos indi!duos e dos grupos 92ayme et alli/ W[YW/WRY<WUYD Smart/ W[ZY/W[<WSW:-
6arrison 1 Madge so dois representantes da etnometodologia na Hnglaterra- Desde W[UZ eles t8m
tentado aplicar os procedimentos dessa a3ordagem para compreender o dia<a<dia do "omem comum na
sociedade compleXa- Suas id,ias/ desen!ol!idas na teoria da ;*3ser!ao de Massa; cont8m crticas e
propostas- 6arrison Guestiona o âto de Gue as grandes leis so3re o comportamento "umano ten"am sido
produzidas sem o3ser!ao do Gue acontece na realidade e de Gue ;as a3ordagens Guantitati!as sacriîcam
o SHG4H0HCAD* no altar do rigor matemItico; 96arrison? W[SQ/WR<QW:- 2or isso/ atra!,s da organizao de
o3ser!adores !oluntIrios/ passou a colecionar atitudes/ pala!ras e reafes dos ingleses no seu dia<a<dia/
!isando a compreender o comum/ o mIgico/ os "I3itos/ os rituais e ta3us de uma cultura pretensamente
con"ecida- 6arrison pu3licou !Irios li!ros antes e depois da Segunda Guerra Mundial- Desmascarou
!Irios mitos do perodo de guerra e colocou h luz a cultura popular inglesa so3 !Irios aspectos/ deiXando
a marca de sua contri3uio tanto para o cinema/ as artes/ como para as t,cnicas de pesGuisa de mercado e
de opinio p3lica- Seu arGui!o classiîca ttulos como Arte/ Assuntos 0inanceiros/ Anti<Semitismo/
Son"os/ Comportamento SeXual- Apesar de seu esprito ino!ador/ 6arrison , criticado dentro e ôra do
gm3ito cientîco pela sua âlta de rigor metodolKgico-
VS M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
As o3ser!afes eXternas so3re o tra3al"o de 6arrison de certa ôrma re^letem um Guestionamento interno
da sociologia em relao h etnometodologia/ pro!eniente tanto dos positi!istas como dos marXistas? (a#
crtica h considerao de Gue os signiîcados su3Eeti!os criam a realidade do mundoD (b# crtica h reduo
da estrutura social a procedimentos interpretati!osD (c# crtica ao descon"ecimento dos âtores Gue
determinam ou condicionam a !iso das pessoas so3re sua situao socialD (d# crtica h separao entre
pensamento e ao 9Smart? W[ZY/WUUs:-
* Hnteracionismo Sim3Klico/ enGuanto teoria e m,todo/ pode ser compreendido como uma !ertente da
etnometodologia- Sua origem/ tam3,m da d,cada de QR/ rene estudos importantes como os de &"omas
9W[QZ:D 6er3ert Mead 9W[S\: e Cooley 9W[QQ:- 6er3ert %lumer , Guem/ em W[UZ/ atri3uiu h sua
a3ordagem teKrico<metodolKgica o termo ;interacionismo sim3Klico;- Diz %lumer em sua o3ra?
;4Ks podemos e eu penso Gue posso/ ol"ar a !ida "umana/ acima de tudo como um !asto processo de
interpretao/ no Gual o po!o/ indi!idual e coleti!amente guia a si mesmo para deînir o3Eeti!os/
acontecimentos e situafes Gue encontram--- 4en"um esGuema designado para analisar a !ida dos grupos
"umanos em seus caracteres gerais se adeGua a esse processo de interpretao; 9W[V\/ \Y\:-
A concepo interacionista das relafes sociais se ûndamenta no princpio de Gue o comportamento
"umano , autodirigido e o3ser!I!el em dois sentidos? o sim3Klico e o interacional- Hsso permite a
GualGuer ser "umano planeEar e dirigir suas afes em relao aos outros e conêrir signiîcado aos o3Eetos
Gue utiliza para realizar seus planos- Al,m disso/ a concepo interacionista conce3e a !ida social como
um consenso esta3elecido na inter<relao/ por isso/ o sentido atri3udo hs afes , manipulado/ redeînido
e modiîcado atra!,s de um processo interpretati!o consensual ao grupo- Do ponto de !ista metodolKgico/
os princpios interacionistas enâtizam Gue sm3olos e interao de!em ser os principais elementos a se
apreender na in!estigao- $m segundo lugar/ partindo<se da id,ia de Gue sm3olos/ signiîcados e
deînifes so ôrEados pelos atores sociais/ ,
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) VV
necessIrio apreender a natureza re^leXi!a dos suEeitos pesGuisados- Hsto ,/ o in!estigador de!e tentar ûgir
da âlIcia do o3Eeti!ismo/ su3stituindo sua prKpria perspecti!a pela dos grupos Gue ele estI estudando
92ayne? W[YW/WW\D 6aguette? W[YZ/UWsD Denzin/ W[ZU/V<[:-
*s mo!imentos etnometodolKgicos decaram nos $stados (nidos/ e na Hnglaterra sua in^lu8ncia ôi
peGuena- 2or,m/ a partir da d,cada de VR/ a tradio etnometodolKgica tem sido retomada com !igor-
4ingu,m pode negar "oEe a in^lu8ncia dos tra3al"os de Go^^man para a sociologia- Hnclusi!e na Irea de
sade/ a anIlise das ;instituifes totais; te!e e tem impacto- * renascer de estudos sociolKgicos de
peGuenos grupos dentro de a3ordagens etno<metodolKgicas !em ocupando o espao deiXado pelo
descr,dito do positi!ismo e pelo escasso desen!ol!imento "eurstico das correntes marXistas/ mais
preocupadas com a3ordagens îlosKîcas ou macros<sociais-
Assim como a $tnometodologia/ a 0enomenologia , considerada/ dentro das Ci8ncias Sociais/ a
Sociologia da 2ida Cotidiana. $m3ora na sua ela3orao se perce3am as in^lu8ncias 7e3erianas , na
îlosoîa de 6usserl Gue ela 3usca seu nome e ûndamentao metodolKgica- * argumento de 6usserl , o
mesmo de Dilt"ey e de We3er/ isto ,/ os atos sociais en!ol!em uma propriedade Gue no estI presente nos
outros setores do uni!erso a3arcados pelas ci8ncias naturais? o SHG4H0HCAD* 96usserl? W[YR/S<WYW:-
4as Ci8ncias Sociais/ Sc"utz , o representante mais signiîcati!o do pensamento ênomenolKgico- $le
consegue dar consist8ncia sociolKgica aos princpios îlosKîcos de 6usserl e âzer deless !o apenas uma
atitude/ mas teoria e m,todo na a3ordagem da "ealidade social/ inspirando<se e ao mesmo tempo
distinguindo<sede WctaX- A ênomenologia sociolKgica apresenta? (a# uma crtica "adi#ai ao o3Eeti!ismo
da ci8ncia/ na medida em Gue propfe a s$%je&i'idade como ûndante do sentidoD (b# uma demonstrao
da su3Eeti!idade como sendo constituti!a do ser social e inerente ao gm3ito da autocom<preenso
o3Eeti!aD (c# a proposta da descrio ênomenolKgica como tareâ principal da sociologia-
Sc"utz traz para o campo de preocupafes da ênomenologia social o mundo da *ida cotidiana onde o
"omem se situa com suas angstias e preocupafes em intersu3Eeti!dade com seus seme<
V\ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
l"antes 9compan"eiros/ predecessores/ sucessores e contemporgneos:- * espao<tempo pri!ilegiado nessa
teoria , a !ida presente e a relao âce a âce-
Do ponto de !ista do con"ecimento/ Sc"utz o di!ide em tr8s categorias? (a# a do !i!ido e eXperimentado
no cotidianoD (b# o da epistemologia Gue in!estiga esse mundo !i!idoD (c# o do m,todo sociolKgico para
in!estigao-
4o primeiro n!el/ o mundo social apresenta<se aos indi!duos na ôrma de um sistema o3Eeti!ado de
designafes compartil"adas e de ôrmas eXpressi!as- k o mundo da cotidianidade/ tal como ,
eXperimentado pelo "omem em ;atitude natural; e aceito como tal- Dentro da ;atitude natural; o "omem
no Guestiona a estrutura signiîcati!a do mundo/ mas age e !i!e nela-
* mundoXotidiano se apresenta atra!,s de tipiîcafes construdas pelos prKprios atores sociais/ de
acordo com suas rele!gncias- $ssas tipiîcafes incluem o uni!ersal e o estI!el/ o especîco e o mutI!el-
AGui se o3ser!a uma das diêrenas de Sc"utz em relao a We3er- $nGuanto para este/ o tipo<ideal , uma
construo analtica criada pelo cientista/ para Sc"utz o ator social/ no apenas o cientista/ tipiîca o
mundo para compreend8<lo e comunicar<se com seus semel"antes-
Sc"utz aîrma Gue o o3Eeto das ci8ncias sociais Guando , estudado EI se encontra de certa ôrma
estruturado e interpretado/ pois a realidade social EI possui sentido para os "omens Gue !i!em nela- Desta
ôrma/ diz ele/; os o3Eetos das ci8ncias sociais so construtos em segunda pot8ncia; 9W[\Q?URR<UWW:-
2ortanto/ o ponto de partida para a ênomenologia sociolKgica so os ;construtos de primeira ordem;
usados pelos mem3ros de uma sociedadeD isto ,/ o senso comum/ ainda Gue ele conten"a id,ias !agas/
im3udas de emoo/ ^ragmentadas e am3guas- Sc"utz no Guestiona se o con"ecimento do senso
comum , superior ou inêrior h construo cientîca- Segundo ele/ o propKsito do cientista social ,
re!elar os signiîcados su3Eeti!os implcitos Gue penetram no uni!erso dos atores sociais- * cientista
social cria um sa3er diêrente a partir do con"ecimento de ;primeira ordem;/ atra!,s da ela3orao de
modelos do ator social/ de ;tipos ideais; para eXplicitar os signiîcados da realidade social e para
descre!er os procedimentos dos signiîcados- $sses modelos corts<
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) VZ
trudos pelo cientista a partir do mundo da !ida cotidiana se distinguem do senso comum/ segundo
Sc"utz? (a# pela consist8ncia lKgica/ isto ,/ pela possi3ilidade de descre!er o !i!ido/ 3uscando traz8<lo
para a ordem das signiîcafesD (b# pela possi3ilidade de interpretaoD (c# e pela sua adeGuao h
realidade-
* modelo cientîco para compreenso do mundo social/ Sc"utz o descre!e a partir dos seguintes
princpios? (a# a intersu3Eeti!idade? estamos sempre em relao uns com os outrosD (b# a compreenso?
para atingir o mundo do !i!ido/ a ci8ncia tem Gue apreender as coisas sociais como signiîcati!asD (c# a
racionalidade e a internaciona<lidade? o mundo social , constitudo sempre por afes e interafes Gue
o3edecem a usos/ costumes e regras ou Gue con"ecem meios/ îns e resultados-
2ara a compreenso emprica da realidade/ Sc"utz ela3ora alguns conceitos Gue nos remetem ao ato
social- * primeiro deles , o de situao% signiîca o lugar Gue algu,m ocupa na sociedade/ o papel Gue
desempen"a e suas posifes ,tico<religiosas/ intelectuais e polticasm Sc"utz diz Gue o "omem estI
situado 3iograîcamente no mundo d@ !ida so3re o Gual e no Gual de!e agir- Distingue e8Zci[n"m
bioftifi@i. de con$ecimento. $sse ltimo consiste na sedimentao das eXpeiipr<cias e situafes
!i!enciadas- * esto(ue de con$emaiSa"oT9\ soam. ûnciona como um marco de reêr8ncia/ atra!,s
doGpr^nêspae^cX mundo e pauta sua ao- Sc"utz usa tam3,m os i estutua de ele*]ncias reêrindo<se h
importgnciaiEnea conteXtos possuem para o suEeito/ o Gue se i com sua 3agagem de con"ecimento e cornai
$sses conceitos desen!ol!idos na sorininy ii i_-m H'6H)H i pa Sc"utz t8m eXtrema importgncia na
3aseca%p%ad3t sesGacsa OJes passam do conteXto indi!idual para oi i_i Cliiiiii ymu; ecomunitIrio
atra!,s do Gue o autor considera ma=SmaÛU_ de perspecti!a/ de comunicao/ de comunidade de
aâEetns e de interpretao inter<su3Eeti!a- 5ece3emos/ segundo o aata/ a maior parte de nossos
con"ecimentos atra!,s de nossos paas/ proêssores e predecessores- 5ece3emos uma !iso de mando/
maneiras de classiîcar e tipiîcar Gue criam o nosso uni!erao/ e um con"ecimento Gue !ai do ;âmiliar;
ao ;anjnimo; e nos coloca a partir da situao ;âce a âce;/ isto , no n!el da !ida prItica/ em relao
com o mundo 9W[\W?WW\<WVR:-
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) VZ
trudos pelo cientista a partir do mundo da !ida cotidiana se distinguem do senso comum/ segundo
Sc"utz? (a# pela consist8ncia lKgica/ isto ,/ pela possi3ilidade de descre!er o !i!ido/ 3uscando traz8<io
para a ordem das signiîcafesD (b# pela possi3ilidade de interpretaoD (c# e pela sua adeGuao h
realidade-
* modelo cientîco para compreenso do mundo social/ Sc"utz o descre!e a partir dos seguintes
princpios? (a# a intersu3Eeti!idade? estamos sempre em relao uns com os outrosD (b# a compreenso?
para atingir o mundo do !i!ido/ a ci8ncia tem Gue apreender as coisas sociais como signiîcati!asD (c# a
racionalidade e a internaciona<lidade? o mundo social , constitudo sempre por afes e interafes Gue
o3edecem a usos/ costumes e regras ou Gue con"ecem meios/ îns e resultados-
2ara a compreenso emprica da realidade/ Sc"utz ela3ora alguns conceitos Gue nos remetem ao ato
social- * primeiro deles , o de situao% signiîca o lugar Gue algu,m ocupa na sociedade/ o papel Gue
desempen"a e suas posifes ,tico<religiosas/ intelectuais e polticas- Sc"utz diz Gue o "omem estI situado
3iogra^camente no mundo da !ida so3re o Gual e no Gual de!e agir- Distingue e8pei4ncia biog"fica de
con$ecimento. $sse ltimo consiste na sedimentao das eXperi8ncias e situafes !i!enciadas- * esto(ue
de con$ecimento do ator social ûnciona como um marco de reêr8ncia/ atra!,s do Gual interpreta o
mundo e pauta sua ao/ Sc"utz usa tam3,m os termos ele*]ncia e estutua de ele*]ncias reêrindo<se
h importgncia Gue os o3Eetos e os conteXtos possuem para o suEeito/ o Gue se relaciona/ por sua !ez/ com
sua 3agagem de con"ecimento e com a situao 3iogrIîca-
$sses conceitos desen!ol!idos na sociologia ênomenolKgica por Sc"utz t8m eXtrema importgncia na 3ase
emprica da pesGuisa- $les passam do conteXto indi!idual para o conteXto grupai e comunitIrio atra!,s do
Gue o autor considera ecipocidade de perspecti!a/ de comunicao/ de comunidade de o3Eeti!os e de
interpretao inter<su3Eeti!a- 5ece3emos/ segundo o autor/ a maior parte de nossos con"ecimentos atra!,s
de nossos pais/ proêssores e predecessores- 5ece3emos uma !iso de mundo/ maneiras de classiîcar e
tipiîcar Gue criam o nosso uni!erso/ e um con"ecimento Gue !ai do ;âmiliar; ao ;anjnimo; e nos coloca
a partir da situao ;âce a âce;/ isto ,/ no n!el da !ida prItica/ em relao com o mundo 9W[\W?WW\<
WVR:-
VY M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
2ara Sc"utz a intesubJeti*idade , a categoria central na anIlise êno<menolKgica porGue ela , um dado
ûndamental da eXist8ncia "umana no mundo- $le a resume nos seguintes termos?
;AGui onde estou _ lI onde meu semel"ante estI? Eamais podemos estar no mesmo lugar/ estar na mesma
posio/ estar os dois aGui ou lI; 9W[\W?WSZ:-
$ssa intesubJeti*idade , !i!ida em situao dp ;âmiliaridade; so3re a ôrma do n!s e permite a captao
do outro como nico em sua indi!idualidade- *u em situao de anonimato Gue aâsta a unicidade e
indi!idualidade do outro e produz as situafes de generalizao- * grau mIXimo de anonimato , a
considerao do outro como nmeo ou funo 9W[\W?WSR<WVR:-
Como se pode concluir/ na ênomenologia "I um curioso descon"ecimento dos ênjmenos estruturais e
uma aus8ncia de discusso so3re as Guestfes do poder/ da dominao/ da ôra/ da estratiîca<o social-
Sua a3ordagem atomiza a realidade como se cada âto ou grupo constitusse um mundo social
independente-
2ara os ênomenKlogos/ so os peGuenos grupos como a âmlia/ as entidades religiosas/ as associafes
!oluntIrias/ os responsI!eis pela identidade dos indi!duos/ pela sua esta3ilidade e por seu sistema de
signiîcados/ na medida em Gue os integram uma !iso de mundo compartil"ada-
Contrapfe<se ao positi!ismo nos mais diêrentes aspectos? (a# h am3io dessa teoria de construir
eXplicafes totalizantes e in!ariI!eis como nas ci8ncias naturais/ a ênomenologia aîrma Gue a !ida
"umana , essencialmente diêrente e sK pode ser compreendida atra!,s do mergul"o na linguagem
signiîcati!a da interao socialD (b# h separao entre âtos sociais e !alores no positi!ismo/ a
ênomenologia diz Gue a linguagem/ prIticas/ coisas e acontecimentos so inseparI!eis- $ a linguagem ,
essencial para Gue a realidade seEa do Eeito Gue ,/ isto ,/ a realidade , a prKpria !ida cotidiana nos
indi!duos onde eles se comunicam/ concordam/ discordam/ Eustiîcam<se/ negam ou criamD (c# h
pretenso de construir con"ecimentos o3Eeti!os e neutros/ a ênomenologia diz Gue sK "I con"ecimento
su3Eeti!o/ pois , o "omem Gue imprime leis ao real/ e o ato de con"ecimento rene
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) V[
o o3ser!ador e o o3ser!ado/ am3os possuidores de signiîcados atri3udos pelo prKprio "omemD (d# h
coero da sociedade so3re o indi!duo/ a ênomenologia proclama a li3erdade do ator social Gue atra!,s
de sua "istKria 3iogrIîca e em inter<relao com seus semel"antes/ cria signiîcados e constrKi sua
realidadeD (e# desta ôrma a ênomenologia proclama e a3solutiza o componente ,tico na relao da
ci8ncia com a sociedade- Diz Gue o con"ecimento de!e estar sempre su3metido a eXig8ncias morais/ pois
ele , uma ôrma dentre as poss!eis de conîrmao da realidade- $ ao contrIrio do positi!ismo Gue
conêre primazia ao reinado da ci8ncia/ a ênomenologia ad!oga sua su3misso aos princpios da ,tica e
da moral de determinada sociedade-
U
$m seu teXto? As Coentes de 'ensamento no Campo da Sade 9W[YU? [Z<WUW:/ Juan C,sar Garcia nos
âla so3re a ôrma especîca do desen!ol!imento da ênomenologia nas anIlises sociolKgicas e no de3ate
poltico so3re as relafes da Medicina com a Sociedade- 4a d,cada de \R e com maior ôra nos anos ZR
a ênomenologia Eunto com o marXismo propuseram uma crtica radical das relafes de produo e dos
esGuemas de dominao Gue acompan"aram o enorme crescimento das ôras produti!as ocorrido nos
pases capitalistas a partir da Segunda Guerra Mundial- A onda desen!ol!i<mentista cuEos rumos do
progresso no signiîcaram a socializao do 3em<estarD a constatao do aproûndamento das
desigualdades entre ricos e po3res/ entre pases centrais e pases peri^,ricosD o caos ecolKgico e social dos
grandes centros ur3anos/ a corrida armamen<tista/ tudo isso êz crescer um mo!imento oposicionista na
sociedade ci!il e um Guestionamento proûndo da ci8ncia como !erdade incontestI!el- A concepo
positi!ista da ci8ncia uni!ersal/ atemporal e isenta de !alores conduzindo os rumos da "umanidade/ "a
Irea da sade ôi sendo pro3lematizada por um de3ate teKrico e ideolKgico Gue engaEou Guestfes tanto de
cienti^ icidade dos postulados !igentes como da ,tica de in!estigao cientîca-
Juan C,sar Garcia comenta Gue no incio a ênomenologia e o
U
Al,m de Sc"utz , importante citar como nomes rele!antes da Sociologia 0enome<nolKgica/ 2eter %erger e )uckmann/ A
Constuo Social da +ealidade, 5J/ .ozes/ W[ZU/ Cicourcl/ A- Met$od and Measuement SociologZ, 4- ork/ &"e 0ree 2ress/ W[\[-
\R M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
marXismo esti!eram Euntos numa crtica radical- 2or,m/ a partir da metade da d,cada de ZR/ pouco a
pouco ôi se delineando uma diêrena tam3,m no campo teKrico/ ideolKgico e de propostas relati!as aos
rumos da mudana/ entre as duas correntes- $le diz Gue a ;ênomenologia; passou de radical a reacionIria
9W[YU?WQW:- 2or,m recon"ece sua contri3uio-
A contestao intelectual da ênomenologia ao positi!ismo desen!ol!eu<se em !Irios aspectos como
crtica contundente h instituio m,dica/ h prItica m,dica/ h ,tica m,dica/ ao sistema p3lico de sade e h
concepo 3iom,dica de sadeFdoena- (ma crtica destruidora so3re o carIter reprodutor e coerciti!o da
instituio m,dica/ so3re os eêitos negati!os da medicalizao ôi realizada por H!an Hllic" em A
E8popiao da Sade 9W[ZV:- * seu ;parti pris; contra o carIter dominador e totalizante da instituio
m,dica c"egou a um n!el Guase ^K3ico- Mas se o eXagero deiXa "oEe desacreditada cientiîcamente sua
o3ra/ assim mesmo ela aponta uma s,rie de elementos Gue outros intelectuais tentam demonstrar- Sua tese
, de Gue a "ipertroîa das grandes instituifes !oltadas para a assist8ncia social tornou<se o maior
o3stIculo h realizao de seus prKprios o3Eeti!os- $le âla do ;crescimento mKr3ido da medicina; Gue
conduz? (a# h ineîcIcia glo3al do sistemaD (b# h perda da capacidade da populao de se adaptar ao meio
social/ de aceitar a dor e o so^rimento/ por causa da medicalizao da !idaD (c# ao mito de a medicina
aca3ar com a dor/ o so^rimento e a doena/ mito Gue compromete a capacidade cultural dos "omens de
lidar com a !ida e a morte-
* li!ro de Hllic" se insere num de3ate ûndamental da sociologia e Gue , assumido tanto pela
ênomenologia/ como pelo marXismo- k a relao do indi!duo com a sociedade e suas possi3ilidades
^rente aos esGuemas coerciti!os- $sse de3ate c"ega a algumas aîrmafes Gue EI se constituem em
aXiomas/ atra!,s de !Irios estudos- 2rimeiro Gue a ateno m,dica no tem signiîcado necessariamente a
mel"oria de Gualidade de sade da populao 9McJeo7n/ W[YS:- Segundo/ Gue o carIter dominador da
medicina tem induzido a prItica m,dica a ampliar cada !ez mais seu controle so3re o corpo/ os e!entos da
!ida "umana/ os ciclos 3iolKgicos e a !ida social 9%oltanski/ W[Z[:- $ por îm/ Gue o proîssionalismo
m,dico tem redundado principalmente na deêsa de pri!il,gios corporati!os e ser!ido mais para atender a
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) \W
interesses econjmicos do Gue para responder hs necessidades de sa(de da populao 9%oltanski/ W[Z[D
Arouca/ W[ZVD )oyola/ W[YS:-
A esses Guestionamentos Eulgados ûndamentais/ Euntaram<se outros so3re a ,tica m,dica e so3re uma
concepo social mais a3rangente de sadeFdoena- So pontos particularmente deêndidos por
ênomenKlogos para Guem as relafes morais e culturais desempen"am papel ûndamental-
Junto com a crtica da descaracterizao cultural/ por parte da instituio m,dica/ dos ênjmenos da !ida
e da morte e da medica<lizao da !ida/ os ênomenKlogos propfem a necessidade de desen!ol!er uma
îlosoîa da medicina Gue le!a em conta os pro3lemas ,ticos dos eXperimentos e ser!ios reêrente h !ida
"umana e Gue se resta3elea na concepo de sadeFdoena 9para îns m,dicos: a rele!gncia
antropolKgica entre religio e medicina 92elegrino? W[Z\:-
Garcia comenta Gue a partir de W[\Y a literatura e congressos so3re ,tica m,dica cresceram
aceleradamente/ in^luenciando mo!imentos da sociedade ci!il no sentido de criar uma consci8ncia dos
direitos dos usuIrios do sistema de sade e de repdio ao domnio controlador do sa3er e do âzer
m,dicos- A partir dos anos ZR/ no mundo inteiro ôram criadas comissfes de ,tica/ ûndamentais no
recon"ecimento de Gue as pessoas t8m o direito de ser inôrmadas e participar do processo de re^leXo
so3re o Gue acontece nos la3oratKrios/ nos "ospitais e nas clnicas-
*s ênomenKlogos consideram Gue a cura se 3aseia em !alores/ sm3olos e sistemas de signiîcados
compartil"ados nos seus grupos de reêr8ncia- So esses grupos Gue protegem os indi!duos contra as
grandes estruturas impessoais e anjnimas onde/ comenta Sc"utz/ eles se tornam um nmero- Ad!ogam
portanto uma reôrma do sistema de sade Gue le!e em conta os !alores culturais dos grupos/ seus
mediadores 9os peGuenos grupos: e seus ecossistemas 9Manning e 0I3rega? W[ZUD Douglas? W[ZW:-
A partir das mesmas id,ias !ai se desen!ol!endo tam3,m uma lin"a "olstica na concepo da
sadeFdoena Gue se uniîca nos seguintes pontos? (a# a sade tem Gue ser pensada como um 3em<estar
integral? ^sico/ mental/ social e espiritualD (b# os indi!duos de!em assumir sua responsa3ilidade
inalienI!el ^rente hs Guestfes de sua sadeD (c# as prIticas da medicina "olstica de!em aEudar as pessoas
\Q M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
a desen!ol!er atitudes/ disposifes/ "I3itos e prItica Gue promo!am seu 3em<estar integralD (d# o sistema
de sade de!e ser reorientado para tratar das causas am3ientais/ comportamentais e sociais Gue pro!ocam
a doenaD (e# as pessoas de!em se !oltar para a "armonia com a natureza/ utilizar prIticas e meios
naturais de tratamento 9Garcia? W[YU/WQY<WUR:-
*s resultados prIticos das concepfes ênomenolKgicas so3re o setor Sade t8m sido? (a# um
Guestionamento so3re o papel do $stado e das grandes instituifes m,dicasD (b# incremento dos peGuenos
grupos pri!ados e !oluntIrios reêrentes h Guesto da sadeD (c# recon"ecimento de modalidades
alternati!as de eXpresso e de tratamento de sadeD (d# aparecimento de no!as ôrmas institucionalizadas
de sade p3lica com3inadas com associafes !oluntIriasD ateno primIriaD autocuidadoD uso da
medicina tradicionalD participao comunitIriaD educao e sade !inculadas h pesGuisa<ao-
A crtica h a3ordagem ênomenolKgica no campo da sade !eio particularmente dos marXistas/
compan"eiros de camin"ada dos primeiros momentos- Segundo eles/ as propostas dos ênomenKlo<gos
a3riram o ^lanco para uma reacomodao e posterior assimilao e uso pelo $stado capitalista/ das
alternati!as em Guesto- Assim/ em lugar de radicalizarem mudanas/ tornaram<se conser!adores-
Com relao ao arca3ouo teKrico/ a principal crtica marXista , de Gue a estrutura social , captada de
ôrma unilateral pela ênome<nologia- Ao enâtizar a autonomia dos indi!duos/ dos peGuenos grupos/ dos
sistemas de crena e !alores/ os ênomenKlogos descon"ecem as 3ases sociais dos !alores e crenas e o
carIter de totalidade/ "istoricamente construdo/ das relafes de dominao econjmico<poltica e tam3,m
ideolKgica do sistema capitalista-
Com relao h Guesto ,tica/ a ênomenologia assume como a3soluto o componente ,tico da relao
ci8ncia<moral- * marXismo aîrma Gue a ,tica e a ci8ncia so duas ôrmas de consci8ncia em relao
dial,tica com as condifes materiais de sua produo- Desta ôrma su3mete h crtica tanto uma como
outra-
Juan C,sar Garcia c"ama a teno para o âto de Gue as proposifes ênomenolKgicas t8m sido
tomadasmnos pases capitalistas tanto centrais como peri^,ricos para uma reorganizao do sistema de
sade 9e de outros setores sociais:?
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;4o terreno da prItica m,dica;/ diz ele/ ;surgem programas alternati!os de autocuidado de
sade/ ateno primIria por pessoal no proîssional/ re!italizao da medicina tradicional/ etc-
A maioria destas eXperi8ncias e os princpios so3re os Guais se sustentam ôram apropriados
pelo $stado na maioria dos pases da Am,rica )atina na d,cada de ZR/ ao mesmo tempo em Gue
se reduziam/ de ôrma relati!a/ os oramentos estatais para a Irea social; 9W[YU/WQW:-
Garcia argumenta Gue isso acontece pai passu com a crise îscal do $stado e com a crise
econjmica capitalista/ cuEa resposta hs crescentes necessidades da populao , a adoo de
alternati!as 3aratas Gue oneram mais uma !ez os usuIrios das polticas sociais?
;k uma tentati!a de con!erter o consumidor da assist8ncia m,dica em pro!edor desta/ atra!,s
do auto<cuidado e da sua participao nas estruturas intermediIrias-; Conclui Garcia? ;*
desen!ol!imento econjmico social , entendido _ dentro deste corpo teKrico reacionIrio _
como determinado pelo in!estimento pri!ado gerador de riGueza e pela aEuda !oluntIria/
contri3uinte do 3em<estar social; 9Garcia? W[YU/WUR:-
Concluindo/ cremos Gue os Guestionamentos da teoria ênome<nolKgica no campo da sade t8m
sido ûndamentais e podem ser recuperados dialeticamente na medida em Gue se articulem suas
anIlises hs 3ases sociais de produo dos sistemas econjmicos/ polticos e ideolKgicos- 2or,m
sua !iso unilateral Gue a3solutza os !alores>e crenas dos grupos e a autonomia do indi!duo
so3re a sociedade aca3a por gerar o Gue nega desde o incio? a assimilao interessada do
$stado de suas propostas ,ticas e morais-
Al,m disso/ essa corrente de pensamento enGuanto campo de in^lu8ncia ideolKgico<poltica
pode ter importgncia transôrmadora se esti!er articulada com categorias mais gerais Gue
re^litam mudanas no mundo material/ isto ,/ com as transôrmafes econjmicas Gue
acontecem no sistema capitalista atual- As a3ordagens alternati!as na Irea da Sade/ propiciadas
pela ênomenologia/ so "oEe de
\S M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
tal importgncia/ Gue se tornou imposs!el descon"ec8<las enGuanto ênjmenos de Guestionamento dos
paradigmas dominantes- Seu eclodir no se dI em !o/ âz parte de um mo!imento geral teKrico e prItico
de 3usca de sadas para a crise em Gue se mergul"ou o mundo pragmItico- k cedo ainda para a!aliar a
contri3uio positi!a ou negati!a dos resultados da ênomenologia na Sade- $la deiXou de ser apenas
lin"a de pensamento? transôrmou<se em mo!imentos sociais ; alternati!os; Gue esto a/ eXistem e se
multiplicam- Mostram acima de tudo Gue nen"uma corrente de pensamento eXiste e se desen!ol!e
independente das Guestfes prIticas Gue l"e coloca a realidade social-
* MA5aHSM*
A o3ra de MarX , coerente com o princpio 3Isico de sua metodologia de in!estigao cientîca? tem a
marca da totalidade- 2or isso mesmo/ uma das pol8micas so3re a contri3uio de seu tra3al"o para as
Ci8ncias Sociais se de!e ao âto da diîculdade de catalogI<la como 0ilosoîa/ 6istKria/ $conomia/
Sociologia ou Antropologia-
$sse carIter de a3rang8ncia/ Gue tenta/ a partir de uma perspecti!a "istKrica/ cercar o o3Eeto de
con"ecimento atra!,s da compreenso de todas as suas mediafes e correlafes/ constitui a riGueza/ a
no!idade e a propriedade da dial,tica marXista para eXplicao do social- Goldmann 9W[YR: atri3ui esse
carIter cientiîcamente totalizante da o3ra de MarX hs grandes Guestfes Gue ele se coloca no plano teKrico
e de como as !incula h utilidade e hs necessidades "umanas-
Constitui uma tareâ gigantesca e proûnda a aproXimao do pensamento de MarX e dos marXistas Gue
tentaram re^letir so3re o "omem e a sociedade- Como nosso escopo especîco neste tra3al"o se reêre h
compreenso das correntes de pensamento e metodologias Gue t8m in^ludo nas anIlises e nas prIticas do
setor Sade/ , por esse !eio Gue analisaremos o marXismo- Daremos 8nâse h sua a3ordagem/ Gue ,
dial,tica/ das relafes entre o indi!duo e a sociedade/ entre as id,ias e a 3ase material/ entre a realidade e
a sua compreenso pela ci8ncia/ e hs correntes Gue enâtizam o suEeito "istKrico e a luta de classes-
Dentro da perspecti!a marXista como sociologia do con"ecimen<
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) \V
to/ os princpios ûndamentais Gue eXplicam o processo de desen!ol!imento social/ podem ser resumidos
nos termos? mateialismo $ist!ico e mateialismo dialtico.
$nGuanto o materialismo "istKrico representa o camin"o teKrico Gue aponta a dingmica do real na
sociedade/ a dial,tica reêre<se ao m,todo de a3ordagem deste real- $sôra<se para entender o processo
"istKrico em seu dinamismo/ pro!isoriedade e transôrmao- %usca apreender a prItica social emprica
dos indi!duos em sociedade 9nos grupos e classes sociais:/ e realizar a crtica das ideologias/ isto ,/ do
im3ricamento do suEeito e do o3Eeto/ am3os "istKricos e comprometidos com os interesses e as lutas
sociais de seu tempo- Como se pode perce3er/ esses dois princpios esto proûndamente !inculados/
naGuele sentido EI ad!ertido 9e citado anteriormente: por )8nin? ;* m,todo , a prKpria alma do
contedo;-
)o7y preêre usar indistintamente os termos? dial,tica marXista/ materialismo dial,tico/ materialismo
"istKrico e îlosoîa da prIXis 9este ltimo/ uma denominao gramsciana: para se reêrir ao marXismo
9W[Y\/ QV:- Comenta Gue Eulga empo3recedor limitar a deînio do marXismo aos dois conceitos Gue
colocamos no incio- &odos os termos citados/ diz ele ;apontam para elementos do m,todo marXista;- Sua
o3ser!ao particular , a de preser!armos o Gue "I de essencial no pensamento marXista/ o seu carIter
"istKrico? ;o "is<toricsmo , o centro/ o elemento motor/ a dimenso dial,tica e re!olucionIria do m,todo;
9W[Y\/ Q\:-
Com relao h dimenso mateialista, )o7y 9W[Y\:/ Goldmann 9W[YR:/ %ottomore e 5u3el 9W[\S:/ Adam
Sc"a^^ 9W[\Z: insistem em mostrar Gue ela no constitui/ em si/ a maior no!idade do marXismo- * prKprio
MarX/ tomando a "istKria como centro/ tem um diIlogo com os Gue ele denomina ;materialistas
!ulgares;/ os contrapfe aos ;ideKlogos alemes;/ e critica a am3os?
;2ara os materialistas !ulgares a produo real da !ida aparece como no<"istKrica/ ao passo Gue o
"istKrico , mostrado h !ida comum supraterrestre; 9W[ZU/ QZ:-
$ completa reêrindo<se aos idealistas?
\\ tyC&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
;A îlosoîa "egeliana da "istKria , a ltima conseGi8ncia/ le!ada h sua eXpresso mais pura/ de toda
"istoriograîa alem Gue pretende !er no os interesses reais nem seGuer polticos/ mas os pensamentos
puros Gue ine!ita!elmente aparecem--- como uma s,rie de pensamentos Gue de!oram uns aos outros at,
serem engolidos pela ;autoconsci8ncia; 9W[YS/ V:-
(m eXame do preÎcio Contibuio : C,tica da Economia 'ol,tica 9W[ZU: nos mostra Gue a eXpresso
;material; em MarX , usada simplesmente para designar as condifes primIrias da !ida "umana- Suas
eXpressfes? ;!ida material;/ ;condifes materiais de eXist8ncia;/ ;ôras materiais de produo;/
;transôrmao das condifes materiais de produo; esto relacionadas com uma "istoriograîa- .isam a
promo!er uma interpretao cientîca das transôrmafes sociais Gue 3aiXam do c,u para a terra/ isto ,/
das id,ias como ônte/ para o "omem<natureza<sociedade como geradores- 4este sentido sua
"istoriograîa , uma ;sociologia "istKrica;/ conôrme a eXpresso de Goldmann 9W[YR:-
S
%ottomore e 5u3el comentam so3re a especiîcidade do ;mate<rialismo; em MarX?
;A 8nâse Gue ele da!a h estrutura econjmica na sociedade no era no!idade- Sua contri3uio pessoal
nessa esêra ôi o conteXto dentro do Gual discutiu a estrutura econjmica? o conteXto do desen!ol!imento
"istKrico do tra3al"o "umano como relao primIria entre "omem<natureza e entre os "omens e seus
semel"antes- * tra3al"o de MarX conôrme ele mesmo disse/ antes de tudo era uma no!a "istoriograîa/ e
seu interesse dominante era a transôrmao "istKrica; 9W[\S/ US:-
So dois os conceitos ûndamentais Gue resumem o materialismo dial,tico/ conceitos Gue carregam um
alto grau de totalidade? Modo de 'oduo e 7omao Social.
* )ossa "efle*!o a+$i ass$,ida so%"e o ,a"*is,o se #olo#a $,a -osi.!o #"&i#a ao ,a"*is,o al&/$sse"ao +$e e0a a
/is&1"ia e+$a&o #os&"$.!o /$,aa si0ifi#a&i'a e o s$jei&o so#ial a !o se" #o,o "efei&o il$s1"io de es&"$&$"as
ideol10i#as".
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) \Z
0iora!ante resume assim o conceito de Modo de 'oduo% (a# uma estrutura glo3al ôrmada por
estruturas regionais 9ou instgncias:/ ou seEa/ uma estrutura econjmica/ uma estrutura Eurdico<polticaD
uma estrutura ideolKgica/ (b# uma estrutura glo3al na Gual eXiste sempre uma estrutura regional Gue
domina as demais- $sta domingncia de GualGuer uma das instgncias se dI "istoricamenteD (c# uma
estrutura glo3al na Gual , sempre o n!el econjmico Gue determina as outras instgncias 9W[ZY/ UUss:-
Modo de 'oduo, na !erdade/ , um conceito a3strato ôrmal Gue no eXiste na realidade/ mas pretende
ser um modelo teKrico de aproXimao da realidade- A ele MarX associa o de 7omao Social Gue se
reêre hs dimensfes dingmicas das relafes sociais concretas numa sociedade dada-
A 7omao Social se constitui numa unidade compleXa de articulao das !Irias instgncias da
organizao social Gue pode conter !Irios modos de produo/ entre os Guais um , dominante e determina
os outros 90iora!ante? W[ZY/ US:- 2ode ser entendida como a realidade Gue se ôrma processualmente na
"istKria/ seEa ela mais ou menos organizada ou institucionalizada/ macro ou microssociolKgi<ca- * estudo
de uma ôrmao social inclui tanto as mudanas e tansfoma1es como as perman8ncias e suas ôrmas
estruturais- k dentro do conceito a3rangente de 7omao Social Gue podemos analisar/ numa
determinada sociedade/ o desen!ol!imento das ôras produti!as e as relafes sociais de produoD as
classes sociais 3Isicas e a luta de classesD a di!iso do tra3al"oD as ôrmas de produo/ circulao e
consumo de 3ensD a populaoD as migrafesD o $stadoD o desen!ol!imento da Sociedade Ci!ilD as
relafes nacionais e internacionais de com,rcio/ de produo e de dominaoD as ôrmas de consci8ncia
real e poss!el dos diêrentes grupos sociais e por îm o ;modo de !ida;/ conceito Gue em MarX estI
!inculado a ;modo de produo;-
Como o o3Eeti!o principal do tra3al"o estI reêrido hs Guestfes metodolKgicas/ daremos 8nâse h
compreenso da dial,tica/ !ista so3 o prisma de alguns autores marXistas Gue pri!ilegiam uma no!a
"istoriograîa e recon"ecem a autoria do suEeito social-
A "ipKtese ûndamental desse conEunto de autores marXistas , de Gue nada eXiste eterno/ îXo e a3soluto-
2ortanto no "I nem id,ias/
\Y M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
nem instituifes e nem categorias estIticas- &oda !ida "umana social e estI suEeita a mudana/ a
transôrmao/ , perec!el e por issc toda construo social , "istKrica-
Diêrentemente dos positi!istas Gue 3usca!am as leis in!ariI!eis da estrutura social para conser!I<la/ a
lKgica dial,tica introduz ru compreenso da realidade o princpio do con^lito e da contradi? como algo
permanente e Gue eXplica a transôrmao-
4ada se constrKi ôra da "istKria- $la no , uma unidade !azia c/ estItica da realidade mas uma totalidade
dingmica de relafes Gu<eXplicam e so eXplicadas pelo modo de produo concreto- Hsto ,/ cD ênjmenos
econjmicos e sociais so produtos da ao e da interac da produo e da reproduo da sociedade pelos
indi!duos-
2or isso Goldmann/ retomando o pensamento de MarX/ coloca er p, de igualdade e de reciprocidade a
"istKria e a sociologia- ;&oe âto social , im âto "istKrico; diz ele 9W[Y[? WZ:- Aconsel"a/ corr-? norma
metodolKgica para as Ci8ncias Sociais/ a3andonar toda a sociologia e >oda a "istKria a3strata para alcanar
uma ci8ncia do âtos "istKricos Gue no pode ser seno uma sociologia "istKrica ou uma "i^tKria
sociolKgica- * interesse central de tal ci8ncia , o âto de Gue os seres "umanos no so apenas obJeto de
in!estigao/ mas pessoas com as Guais agimos em comum? so suJeitos em relao- Diz Goldmann?
;A deôrmao cientîca no comea Guando se tenta aplicar ao estudo das comunidades/ m,todos das
ci8ncias ^sico<Gumicas/ mas se encontra no âto de se considerar essa comunidade como o3Eeto de
estudo; 9W[YR/ QQ:-
2ara Goldmann/ a !ida social constitui o nico !alor comum Gue rene os "omens de todos os tempos e
de todos os lugares- Hnsiste em diêrenciar a no!a "istoriograîa ou sociologia marXista Gue tem como
o3Eeto/ tanto em< relao ao passado como ao presente? (a# a compreenso das atitudes ûndamentais dos
indi!duos e dos grupos em âce dos !alores/ da comunidade e do uni!ersoD (b# a compreenso das
transôrmafes do suEeito da ao no relacionamento dial,tico W_ WWWFmundo e da sociedade "umana/
âzendo a sntese entre o ^%%%tio e o presenteD (c# como conseGi8ncia/ a compreenso das
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) \[
afes "umanas de todos os tipos e de todos os lugares Gue ti!eram impacto na eXist8ncia e na estrutura de
determinado grupo "umano/ e mais glo3almente/ na sociedade "umana presente e ûtura 9W[YR? QR<QU:-
Goldmann englo3a na sua deînio de o3Eeto/ a "istKria e os ênjmenos/ a n!el coleti!o ou indi!idual-
(ltrapassa e âz a sntese entre a "istoriograîa tradicional Gue dI 8nâse h ao dos go!ernantes/ lderes/ e
aGuela Gue le!a em conta as determinafes do modo de produo e o papel da coleti!idade/ do po!o/
Guase sempre deiXado de lado na !iso positi!ista 9W[YR/ QS:-
4a perspecti!a da dial,tica marXista/ tudo o Gue ultrapassa o indi!duo para atingir a !ida social constitui
acontecimento "istKrico- )o7y comenta Gue MarX considera!a a "istKria do mundo tam3,m do ponto de
!ista daGueles Gue a âzem sem ter a possi3ilidade de pre!er as c"ances de seu sucesso 9W[YV/ ZR:-
;* Gue 3aseamos na compreenso das ôrmas "istoricamente diêrentes de !i!er em comum;/ diz
Goldmann/ ;, a >signiîcao "umana>/ imposs!el de ser compreendida ôra da estrutura social; 9W[YR/
QS:- 2orGue na Ktica da dial,tica/ a consci8ncia se conce3e/ desde a origem/ como um produto social da
necessidade e da ao "umana no meio sens!el/ na natureza/ em relao aos outros "omens/ dentro de
determinadas condifes de produo-
Goldmann recon"ece e recupera dialeticamente o m,rito da ê<nomenologia Gue nos lem3ra a
importgncia/ para as Ci8ncias Sociais/ dos signiîcados dados pelos atores sociais a seus atos e aos
acontecimentos Gue consideram rele!antes/ isto ,/ hs moti!afes/ aos o3Eeti!os perseguidos e aos îns
!i!idos em comunidade-
Mas/ a seguir/ Goldmann distingue o marXismo da ênomenolo<gia/ criticando a sua postura apenas
descriti!a e compreensi!a dos ênjmenos/ atitude contrIria h dial,tica- 2ara ele/ as Ci8ncias Sociais t8m
Gue a3ranger? (a# a compreenso da consci8ncia dos agentes sociaisD (b# tam3,m os âtores sociais
ine!itI!eis/ seEam Guais ôrem as intenfes dos atores sociais e as signiîcafes Gue eles l"es atri3uam-
4outras pala!ras/ a anIlise sKcio<"istKrica de!e dar conta da coer8ncia e da ôra criadora dos indi!duos
e da relao entre as consci8ncias indi!iduais e a realidade o3Eeti!a-
A segunda tese ûndamental da dial,tica marXista , o carIter to<
ZR M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
tal da eXist8ncia "umana e da ligao indissol!el entre "istKria dos âtos econjmicos e sociais e a
"istKria das id,ias- A partir dessa perspecti!a o conceito de totalidade , utilizado tam3,m como um
instrumento interpretati!o pelo Gual se !isa a compreender/ no a identidade ou o padro de in!arigncia
9como no ûncionalismo: da realidade social/ mas as diêrenas na unidade/ tais como so engendradas
numa realidade determinada- 2ortanto/ no processo de pesGuisa/ 3usca reter a eXplicao do particular no
geral e !ice<!ersa- JoEa c"ama nossa ateno/ repetindo )8nin/ Gue o particular no eXiste seno na
medida em Gue se !incula ao geral e o geral sK eXiste no particular e atra!,s dele- 2ortanto o princpio
metodolKgico da totalidade nos le!a a?
;Apreender os ênjmenos em sua auto<relao e "etero<relao/ em suas relafes com a multiplicidade de
seus prKprios gngulos e de seus aspectos intercondicionados/ em seu mo!imento e desen!ol!imento/ em
sua multiplicidade e condicionamento recproco com outros ênjmenos ou grupos de ênjmenos; 9JoEa?
W[\S/ VV:-
Hsso signiîca metodicamente?
_ compreender as diêrenas numa unidade ou totalidade parcialD
_ 3uscar a compreenso das coneXfes orggnicas/ isto ,/ do modo de relacionamento entre as !Irias
instgncias da realidade e o processo de constituio da totalidade parcialD
_ entender/ na totalidade parcial em anIlise/ as determinafes essenciais e as condifes e eêitos de sua
maniêstao-
A perspecti!a totalizadora , "eurstica porGue re^lete relafes reais/ isto ,? (a# ao mesmo tempo Gue !8 a
realidade o3Eeti!a como um todo coerenteD (b# compreende e analisa as partes do todo fo",ado
correlafes concretas de conEuntos e unidades sempre determinadas- $la aîrma os princpios da
comple8idade e da difeenciao.
* prKprio MarX nos a!isa?
&3 preciso Gue/ em cada caso particular/ a o3ser!ao emprica coloGue necessariamente/ em rele!o _
empiricamente e sem
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) ZW
GualGuer especulao ou mistiîcao _ a coneXo entre estrutura social/ poltica e produo; 9W[YS/ UV:-
2or outro lado a !iso de totalidade nos mostra Gue no "I pontos de partida a3solutamente deîniti!os-
Goldmann/ citando 2ascal/ ;a ltima coisa Gue se encontra ao âzer uma o3ra , a compreenso do Gue se
de!e colocar em primeiro lugar; nos diz Gue/ ;nunca se pode c"egar a uma totalidade Gue no seEa ela
mesma elemento ou parte; 9W[\Z/WW:-
Sua posio se de!e h prKpria caracterstica dingmica do m,todo dial,tico cuEa ûndamentao , o
pensamento !i!o e o carIter inaca3ado tanto da "istKria como da ci8ncia em constante de!ir- Hsso âz Gue
o con"ecimento da realidade/ ;seEa uma perp,tua oscilao entre o todo e as partes Gue de!em se
esclarecer mutuamente; 9W[\Z/ S:-
k no interior da concepo de totalidade dingmica e !i!a Gue se coloca o princpio de unio dos contrIrios
Gue contrapfe a dial,tica a GualGuer sistema maniGuesta ou positi!ista- 2ara se reêrir ao mo!imento
interno da realidade so3 o ponto de !ista a Gue nos reêrimos/ Goldmann recorre mais uma !ez a 2ascal?
;Sendo ento todas as coisas causadas e causadoras/ aEudadas e aEudantes/ mediata e imediatamente/ e
todas se relacionando por um !nculo natural e sens!el Gue liga as mais aâstadas e as diêrentes/ creio
ser to imposs!el con"ecer as partes sem con"ecer o todo/ como con"ecer o todo sem con"ecer as partes;
9W[\Z/S: 92ascal/ 'ense, ^rase ZU:-
*ra/ o princpio de unio dos contrIrios a3range as totalidades parciais e as totalidades ûndamentais- Hsso
signiîca perce3er Gue eXiste uma relao dial,tica?
(a# ente os fenFmenos e sua ess4ncia, ente as leis e o fenFmeno. )ukIcs nos diz Gue?
;$m relao ao mundo das leis/ o mundo dos ênjmenos representa o todo/ a totalidade/ porGue cont,m a
lei e al,m disso/ a rKpria ôrma Gue se mo!e; 9W[\Z/ QUQ:-
ZQ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
$ Josik ad!erte<nos Gue a realidade , a unidade do ênjmeno e da ess8ncia?
;* ênjmeno indica a ess8ncia e a escondeD e sem a compreenso do ênjmeno em suas maniêstafes/ a
ess8ncia seria inating!el; 9W[\[/WQ:-
(b# ente o singula e o uni*esal, ente o paticula e o geal% )8nin nos lem3ra Gue ;o particular e o
singular no eXistem a no ser por sua participao no uni!ersal 9W[VV/ QWV:- Mas tam3,m Gue o geral e
uni!ersal sK se realizam nas totalidades parciaisD o concreto aparece como um ponto de c"egada e como
ponto de partida/ no "I mediao sem imediato- k nas determinafes particulares Gue o m,todo !ai
3uscar o neXo eXplicati!o das totalidades concretas- * real como imediato por sua !ez/ reaparece
mediatizado/ pela teoria/ na totalidade Gue o circunscre!e-
(c# ente a imaginao e a a@o. As concepfes teKricas da dial,tica marXista so3re o suEeito do
con"ecimento empen"am<se no com3ate tanto contra as tend8ncias Gue eXageram a supremacia da razo/
como contra o irracionalismo moderno- )8nin comenta Gue/ ao re^letir a realidade/ o con"ecimento
oêrece uma imagem mais grosseira Gue o real/ tanto no plano do pensamento como do sentimento- Mas
recupera o papel da imaginao no pensamento cientîco/ ;seria ridculo negar o papel da imaginao
mesmo na ci8ncia mais rigorosa; 9W[VV/ QWY:D
(d# ente a base mateial e a consci4ncia. Hsto ,/ eXiste uma correlao entre o modo de produo/ as
estruturas de classe e as maneiras de pensar- Mas a depend8ncia do mo!imento da consci8ncia social em
relao hs modiîcafes na 3ase econjmico<social no , unilateral? as modiîcafes na 3ase no
signiîcam mudanas mecgnicas e imediatas na superestrutura e "I uma in^lu8ncia mtua e entre as
instgncias- Do ponto de !ista da pesGuisa/ esse mo!imento dial,tico entre id,ias e âtos sKcio<econjmicos
traz algumas conseGi8ncias para as Guais Goldmann nos ad!erte- Segundo ele/ 3asta estudar seriamente a
realidade "umana para sempre encontrar o pensamento/ caso se ten"a partido de seu aspecto materialD e os
âtos sociais econjmicos/ #aso se &e/a comeado da "istKria das id,ias?
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) ZU
;2ara o pensador dial,tico/ as doutrinas âzem parte integrante do âto social estudado e no podem ser
separadas a no ser por uma a3strao pro!isKria? seu estudo , indispensI!el para a anIlise do pro3lema-
Damesma ôrma a compreenso da realidade social e "istKrica constitui um dos elementos mais
importantes Guando se !isa a compreender a !ida espiritual de uma ,poca; 9W[YR/ VW:-
(e# ente teoia e p"tica% eXiste uma integrao entre esses dois termos- 4o marXismo a categoria 3Isica
de anIlise da sociedade , o modo de produo "istoricamente determinado- A categoria mediadora das
relafes sociais , o tabal$o, a ati!idade prItica- * tra3al"o constitui um aspecto particular da ordem
cultural mas tem !alor de determinao dessa ordem? , atra!,s do tra3al"o Gue o reino da cultura se
so3repfe ao reino da natureza 9MarX? W[YS/WV:- 2or isso a teoria marXista , a teoria da ao "umana Gue
ao mesmo tempo âz "istKria e , determinada por ela? 3usca as transôrmafes do suEeito da ao/ isto ,/
as transôrmafes da sociedade "umana- Do ponto de !ista do processo de con"ecimento/ a ati!idade
"umana , seu crit,rio decisi!o- Conôrme deîne )ukIcs?
;* con"ecimento Gue estI em condifes de apreender diale<ticamente as astcias da e!oluo sK , !Ilido
e eîcaz Guando suas aGuisifes ôrem eXpedientes para a ao prItica cuEas eXperi8ncias !iro/ por sua
!ez/ enriGuecer o con"ecimento e l"e ôrnecer uma ôra sempre no!a; 9W[\Z/ QUZ:-
k na prIXis/ na perspecti!a dial,tica/ Gue se dI a emancipao su3Eeti!a e o3Eeti!a do "omem e a
destruio da opresso enGuanto estrutura e transôrmao da consci8ncia- 4outras pala!ras/ a
transôrmao de nossas id,ias so3re a realidade e a transôrmo da realidade camin"am Euntas-
(f# ente o obJeti*o e o subJeti*o. A a3ordagem dial,tica considera parte da mesma totalidade o o3Eeto e o
su3Eeto- )ukIcs critica a ^ enomenologia Gue coloca o su3Eeti!o Guase como a3soluto- Comenta Gue ela
mitiîca o mundo das sensafes como se ele ôsse o3Eeti!o e pudesse proclamar a eXist8ncia independente
da consci8ncia- Critica
;S Wr&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
o m,todo ênomenolKgico Gue pretende partir dos dados imediatos da eXperi8ncia !i!ida sem analisar sua
estrura e condifes (G`6a, \Z<ZR:- Goldmann âz as mesmas restrifes e acrescenta?
;* con"ecimento em sociologia/ se encontra no duplo plano do suEeito Gue con"ece e do o3Eeto estudado
pois at, os comportamentos eXteriores so comportamentos de seres conscientes Gue Eulgam e escol"em/
com maior ou menor li3erdade/ sua maneira de agir; 9W[YR/ [Y:-
Mas tanto )ukIcs como Goldmann no compartil"am com o raciona<lismo h moda do s,culo a.HHH e
aHa 9e de sempre: para Guem a razo , a nica instgncia de con"ecimento adeGuado- Sensao/
sentimentos/ eXperi8ncia !i!ida/ id,ia/ imaginao eram considerados elementos destinados a pap,is
su3ordinados seno enganadores na "ierarGuia do material da ci8ncia social- As concepfes teKricas
desses autores 9)ukIcs? W[\Z/QSVD e Goldmann? W[YR/WY: empen"am<se em com3ater tanto os eXageros
da supremacia da razo como dos su3Eeti!ismos/ assumindo a relati!idade dos âtores o3Eeti!o e
su3Eeti!o/ material e espiritual e sua unidade dial,tica- &rata<se da relati!idade intrnseca a todo o
processo de con"ecimento e no apenas da oposio entre su3Eeti!o e o3Eeti!o- &em a !er com a prKpria
capacidade "umana de apreenso da realidade/ conôrme sugere )8nin?
;* Gue diîculta sempre , o pensamento porGue ele separa e mant,m em distino os momentos de um
o3Eeto ligados na realidade; 9W[VV/ QWV:-
)ukIcs nos ad!erte Gue nossos con"ecimentos so apenas aproXimafes da plenitude da realidade e por
isso mesmo so sempre relati!os- 4a medida/ por,m/ em Gue representam a aproXimao eêti!a da
realidade o3Eeti!a Gue eXiste independentemente de nossa consci8ncia/ so sempre a3solutos 9W[\Z/ QUU:?
;* carIter ao mesmo tempo a3soluto e relati!o da consci8ncia ôrma unidade indi!is!el- 9---: 4a medida
em Gue as ci8ncias sociais escamoteiam a dial,tica do sentido a3soluto e relati!o do
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) ZV
con"ecimento/ amputando<o de aproXimao/ suprime<se a margem de li3erdade îlosKîca da ati!idade
social; 9W[\Z/ QUV:-
(g# ente induo e deduo% JoEa c"ama nossa ateno para o âto de Gue na lKgica dial,tica induo<
deduo so o3rigatoriamente com<plementares e "armjnicas- 4o podemos con"ecer uma coisa a no
ser decompondo<a/ para a seguir recompj<la/ reconstru<la e reagrupar suas partes- AnIlise e sntese so
inseparI!eis/ mas para sintetizar com 8Xito , preciso analisar- 2ortanto sempre Gue a induo parte do
essencial ela se conûnde com a deduo/ pois a anIlise deduti!a elimina as circunstgncias e apresenta o
ênjmeno em sua simplicidade e essencialidade conceituai 9JoEa? W[\S/W\\:-
4a !erdade/ JoEa aîrma a impropriedade dos termos induti*o, deduti*o, Guando se tenta dar conta da
lKgica dial,tica?
;4a ordem do con"ecimento;/ diz ele/ ;aprendemos o essencial por meio do geral por ser este mais
acess!el e maneEI!el- Mas o geral sK se realiza no particular;-
/ $ngels tam3,m se reêre ao a3surdo Gue , opor induo contra deduo como se induo no ôsse
raciocnio e/ portanto/ igualmente deduo?
;Hnduo e deduo !o necessariamente a par como sntese e anIlise- $m lugar de se destacar uma delas
como principal , preciso sa3er utilizI<las onde cou3erem e isso sK serI poss!el Guando se ten"a em !ista
Gue elas !o a par e se completam reciprocamente; 9W[VQ/ QUR:-
Como o3ser!ao înal so3re o princpio da totalidade na lKgica dial,tica/ permitimo<nos reproduzir
algumas o3ser!afes de Sartre/ em )uestion de Mt$ode, pela sua plasticidade em descre!er o Gue "I de
essencial nesse mo!imento?
;* marXismo a3orda o processo "istKrico com esGuemas uni<!ersalizantes e totalizadores- 9---: Mas em
nen"um caso/ nos tra3al"os de MarX/ esta perspecti!a pretende impedir ou tornar intil
Z\ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
a apreciao do processo como totalidade singular? ele tenta mostrar os âtos no pormenor e no conEunto-
Se ele su3ordina os âtos anedKticos h totalidade/ , atra!,s daGueles Gue pretende desco3rir esta- 9---:
Assim o marXismo !i!o , "eurstico? com relao h pesGuisa concreta/ seus princpios e seu sa3er anterior
aparecem como reguladores; 9W[YR/ QZ:- C< <
As o3ser!afes de Sartre t8m uma conotao "istKrica e uma ad!ert8ncia teKrica implcita contra os Gue
tentam âzer do marXismo uma doutrina ou um pensamento especulati!o em relao h realidade- $sse
aâstamento do emprico tem constitudo prItica acad8mica de muitos Gue se dizem marXistas- A crtica
da decorrente/ tanto de dentro do prKprio marXismo como a partir de outras correntes de pensamento/ , a
da perda do mo!imento dial,tico da prItica cientîca- Muitos marXistas/ na sua ati!idade intelectual/
transôrmaram o processo de con"ecimento em mera procura de âtos e situafes empricas capazes de
pro!ar as !erdades contidas nos esGuemas a3stratos de determinafes gerais/ diz<nos &"iollent 9W[YQ/
Q[:- 2ortanto/ ainda Gue ten"amos mostrado as caractersticas 3Isicas da metodologia dial,tica/ o seu
acontecer , uma prItica Gue no depende apenas de con"ecimento t,cnico/ mas de uma postura intelectual
e de uma !iso social da realidade-
Puando/ do ponto de !ista marXista/ a3ordamos a Guesto da sadeFdoena assim como a medicina e as
instituifes m,dicas/ esses ênjmenos so colocados em relao com a totalidade social e com cada uma
de suas instgncias dentro da especiîcidade "istKrica de sua maniêstao- Sade=Doena passam a ser
tratadas no como categorias a<"istKricas mas como um processo ûndamentado na 3ase material de sua
produo e com as caractersticas 3iolKgicas e culturais com Gue se maniêstam- So !istas como
maniêstao tanto nos indi!duos como no coleti!o/ ;de ôrmas particulares de articulao dos processos
3iolKgicos e sociais no processo de reproduo- Assim/ o indi!idual/ da mesma ôrma Gue o coleti!o/ so
ênjmenos 3iolKgicos socialmente determinados; 9Castellanos? W[YV/ WSR:-
4do entanto/ como na anIlise de GualGuer outro setor/ os estudos marXistas relati!os h sade e hs
instituifes m,dicas no t8m unanimidade na a3ordagem- Garcia os di!ide entre os Gue enâtizam o
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) aa
desen!ol!imento das ôras produti!as e os Gue acentuam a dingmica "istKrica das relafes de produo
9W[YU/WRZ:-
4o primeiro caso/ Garcia cita os estudos de Stern/ Sigerist e Milton &"erry 9W[YU/WWU:- $sses autores/
ainda Gue pioneiros na leitura da sade so3 o enôGue marXista nos $stados (nidos/ no conseguem
romper as 3arreiras do positi!ismo- .eiculam uma !iso desen!ol!i<mentista da tecnologia prKpria da
medicina oîcial e uma crena na possi3ilidade de domnio/ pelos cientistas do setor/ das doenas e da
morte- A âl"a particular de suas anIlises reside na !iso idealista e tecnolKgica da medicina- Ao mesmo
tempo t8m diîculdade de perce3er as relafes de desigualdades sociais/ de supereXplorao/ da
depredao da ôra de tra3al"o e da pouca eîcIcia dos atos m,dicos em relao hs condifes gerais da
produo capitalista-
Suas o3ras !eiculam tam3,m uma legitimao a3soluta da medicina em relao hs alternati!as mIgico<
religiosas e tradicionais da populao- Desta ôrma os tra3al"os/ particularmente de Stern/ re^letem uma
!iso 3astante economicista<tecnocrItica Gue os aproXimam do positi!ismo e das crenas dominantes do
papel da medicina em relao h construo do processo social 9Garcia? W[YU/WWS:-
Dentre os autores Gue acentuam as relafes de produo como o elemento dingmico e essencial da
realidade social em relao ao tema da sade/ Garcia destaca 2olack 9W[YU/WW\: na 0rana com sua o3ra
C Medicina do Capital. $ste li!ro ressalta o âto de/ no capitalismo/ a Guesto da sadeFdoena das
diêrentes classes sociais estar marcada pela lKgica do lucro/ da produo e reproduo do sistema- Seu
marco de anIlise segue de certa ôrma as ;teorias reproduti!istas; Gue descon"ecem as lutas de classes
como centro da dingmica social e portanto no encontram sada para os esGuemas de dominao- Seu
tra3al"o re^lete o ar de contestao da intelectualidade ^rancesa do mo!imento de maio de W[\Y- $m3ora
ataGue o economicismo/ cai nas tramas do estruturalismo- Minimiza ou omite as contradifes Gue
permitem h classe tra3al"adora encontrar respostas "istKricas e ser protagonista/ mesmo dentro de sua
situao dominada-
4a Am,rica )atina/ )aurell 9W[YU?WUU<WV[: mostra Gue a a3ordagem marXista nasce Eunto com um
mo!imento muito mais amplo da sociedade/ a partir da d,cada de \R- &rata<se de uma contestao ao
sentido de progresso Gue a industrializao dependente acarretou
ZY M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
nos pases peri^,ricos- A modernizao capitalista se traduziu na internacionalizao acelerada do capital/
industrializao e ur3anizao tam3,m aceleradas/ ôrtes migrafes do campo para as cidades e uma
desigualdade a3issal entre os mais ricos e os mais po3res dos pases em Guesto-
Sem negar o papel/ o a!ano e as contri3uifes da medicina/ iniciou<se um mo!imento intelectual no
interior do setor sade para 3uscar eXplicafes mais totais/ mais "istKricas e mais adeGuadas para a
situao de mor3imortalidade das populafes dos pases latino<americanos- 4esse esôro/ no se pode
separar o la3or teKrico e a luta poltica Gue se desen!ol!eram pai passu, tanto no setor sade como no
mo!imento social/ para uma no!a leitura e uma no!a postura dos proîssionais t,cnicos e intelectuais da
Irea-
4unes 9W[YV: se reêre ao âto de Gue , a partir da d,cada de ZR Gue cresce na Am,rica )atina a
recorr8ncia ao materialismo "istKrico e dial,tico para eXplicar o ênjmeno da sadeFdoena- *s estudos
partem da premissa de Gue a posio de classe eXplica mel"or Gue GualGuer âto 3iolKgico a distri3uio
da sadeFdoena e os tipos de patologias dominantes em determinada sociedade-
$ssas anIlises realizam uma crtica radical aos eGu!ocos positi!istas e desen!ol!imentistas/ mostrando?
(a# Gue o a!ano cientîco e tecnolKgico da medicina no tem correspondido h mel"oria de sade das
sociedades em seu conEuntoD (b# Gue a distri3uio dos ser!ios estI em razo in!ersa das necessidades da
grande maioria da populao dos pases latino<americanosD (c# neste ponto a crtica atinge tam3,m os
ênomenKlogos? Gue a prItica e o sa3er m,dicos âzem parte da dingmica das ôrmafes sKcio<
econjmicas e , no interior delas/ Gue podem ser eXplicados como ênjmenos "istKricos especîcos/ mas
correlacionados com o processo social glo3al- *s estudos so3 o enôGue do materialismo "istKrico
a3rangem as Guestfes de sade e sociedade/ polticas p3licas/ planeEamento e administrao/ concepfes
de sadeFdoena/ anIlises institucionais/ sade e processo de tra3al"o e Guestfes metodolKgicas- Dentre
os autores citamos alguns Gue so reêr8ncias o3rigatKrias Guando se toca na Guesto? Arouca 9W[ZV:D
Donnangelo 9W[Z\:D 2ossas 9W[YW:D &am3ellini 9W[ZV:D )aurell 9W[ZYD W[YUD W[Y\D W[YZ:D %reil" e Granda
9W[Y\:D
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) Z[
Garcia 9W[YWD W[YU:D Cordeiro 9W[YR:D *li!eira e &eiXeira 9W[YV:D 4unes 9W[Z\D W[YUD W[YV:D Mendes
Gonal!es 9W[Z[:-
4unes 9W[YV: assinala Gue , tam3,m na d,cada de ZR Gue o campo de re^leXo so3re a sade se a3re para
as ci8ncias polticas em particular/ mas tam3,m para outras Ireas de ci8ncias sociais como educao/
nutrio/ ser!io social/ Eunto com a sociologia e a antropologia _ desta !ez com outras preocupafes
Gue a !iso positi!ista no a3rangia- Hsso se de!e a !Irios âtores? (a# a deteriorao das condifes de !ida
de contingentes imensos da populao aglomerados nas cidades/ passou a le!antar Guestfes e a eXigir
respostas mais amplas Gue a deînio apenas 3iolKgica da doena !o consegue eXpressarD (b# uma
crescente consci8ncia social de Gue a l$&a -ela sade âz parte da construo da cidadaniaD (c# e a certeza/
&a,%2, por parte dos go!ernos institudos/ de Gue a sade , um &e,a de grande interesse poltico-
4o %rasil e na Am,rica )atina o o3Eeto tradicional denominado Sade 'blica passa a merecer
tratamento/ denominao e conotao Gue o traz do inespecîco ;p3lico; reêrente h poltica de
pre!eno proposta pelo $stado/ para o coleti*o, Gue sugere direitos/ situao "istKrica/ comprometimento
de condifes de !ida social e uma crtica ao indi!duo como responsI!el nico por sua sadeF doena- A
no!a disciplina e campo de inter!eno Sade Coleti*a incorpora deîniti!amente as Ci8ncias Sociais no
estudo dos ênjmenos sadeF doena-
&eiXeira especiîca o Gue ela considera ;mudana Gualitati!a; do enôGue proposto na medida em Gue
transêre a 8nâse dos copos biol!gicos para os copos sociais% grupos/ classes e relafes sociais
reêridos ao processo sadeFdoena?
;A possi3ilidade de constituio de um corpo especîco de con"ecimento denominado SA#D$ C*.$&H.A
encontra<se dado precisamente pela adoo do m,todo "istKrico<estrutural; 9W[YV/[R:-
Cordeiro eXpressa assim a no!a !iso Gue enâtiza o social/ o coleti!o e o carIter "istKrico Gue marca os
modos de adoecer e morrer?
YR M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
;A doena em sua eXpresso normati!a da !ida/ como ênjmeno indi!idual e em sua eXpresso coleti!a/
epidemiolKgica/ onde adGuire signiîcado no conEunto das representafes sociais e nas rei!indicafes
polticas/ estI estruturada em uma totalidade social- Como ôrma adaptati!a da !ida/ resultante das
relafes dos grupos sociais entre si e com a natureza/ mediadas pelo processo de tra3al"o e doena tem
uma "istoricidade das relafes sociais _ econjmicas/ polticas e ideolKgicas _ Gue se realizam nas
sociedades concretas; 9W[YV/ [W:-
2elo âto de a Irea da Sade ser um campo Gue necessariamente Eunta a teoria e a prItica de ôrma
imediata/ a posio marXista em relao hs outras correntes de pensamento 9positi!ismo e ênomeno<
logia: toma o carIter de uma luta ideolKgica e poltica Gue repercute nos mo!imentos sociais e tem a
in^lu8ncia deles em relao hs Guestfes consagradas e emergentes-
So3 o ponto de !ista teKrico e metodolKgico a Sade Coleti*a como o3Eeto de estudo estI em construo-
)aurell 9W[YU: reêre<se h diîculdade do pensamento de a3ranger e apreender as relafes e correlafes do
tema com a imagem da ;caiXa preta;- Hsso indica ao mesmo tempo a necessidade de in!estimento tanto da
delimitao dos marcos conceituais como nos reêrenciais de a3ordagem-
Como o3Eeto de inter!eno/ o tema Sade Coleti*a âz parte de um mo!imento mais amplo Gue inclui
no!a deînio conceituai de Sade=Doena e de Estado Cmpliado, correspondendo a 3usca de mudanas
Gualitati!as para o continente/ incluindo conGuistas sociais proûndas para a maioria da populao- 0az
parte tam3,m de um processo de re!iso e a!aliao de um sistema de sade totalmente deâsado do
diagnKstico das necessidades e aspirafes da populao-
Como preocupao metodolKgica/ o su3sistema Gue maior 8nâse e cuidados tem merecido dentro da
a3ordagem "istKrico<estrutural , a Sade do 5abal$ado. Seu eiXo 3Isico , o 'ocesso de 5abal$o !isto
a partir das unidades de produo/ so3 o ponto de !ista "istKrico e como determinante para o desgaste e o
Guadro de mor3idade dos tra3al"adores-
* ltimo teXto de )aurell/ 'aa ei estdio de Ia salud en su elaci!n
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) YW
con ei poceso de poducci!n 9W[YZ: , um dentre uma s,rie de estudos onde a autora tenta a!anar/ do
ponto de !ista especîco do processo de tra3al"o como ônte de doena e de desgaste/ para a construo
de um instrumento de a3ordagem Gue le!e em conta a especiîcidade "istKrica/ indicadores Gue
correlacionam !ariI!eis do processo produti!o e as eXperi8ncias/ percepfes e opinifes dos prKprios
tra3al"adores 9W[YZ?W<US:-
As contri3uifes das Ci8ncias Sociais para a construo do con"ecimento da Irea da Sade dentro do
reêrencial "istKrico<estrutural/ por,m/ en^rentam alguns pro3lemas- As Guestfes atinentes ao tema/ do
ponto de !ista do sa3er ou da prItica/ compartil"am do de3ate maior so3re a natureza das relafes entre
suEeito/ estrutura e sociedade "umana- A lin"a considerada por &eiXeira como o ;prKprio m,todo da sade
coleti!a; 9W[YV/ YZ: conce3e a transôrmao como resultante das contradifes entre ôras produti!as e
relafes de produo- Seu teKrico de maior renome/ Alt"usser/ resume assim a !iso so3re o suEeito e a
estrutura?
;A estrutura das relafes de produo determina os lugaes e as fun1es Gue so assumidas pelos agentes
de produo Gue no so mais do Gue ocupantes destas fun1es. *s !erdadeiros >suEeitos> no so seus
ocupantes e ûncionIrios 9---: contra todas as e!id8ncias do >dado> da antropologia ing8nua/ no so os
>indi!duos concretos>/ os >"omens reais> mas a deînio e a distri3uio destes lugares e destas ûnfes-
*s !erdadeiros >suEeitos> so pois estes definidoes e estes distibuidoes% as relafes de produo;
9Alt"usser? W[\\/WVZ: 9griô do autor:-
A eleio das ;relafes t,cnicas; como suEeito traz em conseGi8ncia uma !iso por !ezes mecanicista e
êtic"izada da realidade contra a Gual MarX nos pre!ine no seu teXto ;* 0etic"ismo da Mercadoria;
9MarX? / Capital, )i!ro H/ W[ZW/ Z[<YU:/ mostrando Gue mesmo as relafes t,cnicas e econjmicas so
relafes sociais- $m Alt"usser o suEeito sK , considerado como ;eêito ilusKrio das estruturas ideolKgicas;
9Anderson? W[YS/ SS:-
4a Irea da Sade os resultados das anIlises "istKrico<estruturais se âzem sentir na escol"a das temIticas
macrossociais e nas prIticas
YQ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
Gue pri!ilegiam mudanas ao n!el dos arca3ouos polticos da dominao e da organizao e
administrao do setor- So pouco presentes os estudos Gue/ a partir dos suEeitos sociais e de suas
representafes/ a!aliam e Guestionam o sistema/ os ser!ios e as prIticas-
A introduo mais recente do reêrencial gramsciano no con"ecimento do setor tem êito e!oluir uma
lin"a de pensamento Gue com3ina mel"or a anIlise das estruturas com o dinamismo prKprio das relafes
e representafes sociais- * conceito de $egemonia permite analisar as relafes entre as classes tam3,m
ôra do terreno da produo econjmica e tra3al"ar com os aspectos da direo cultural e poltica- Al,m
disso/ o Guadro teKrico de Gramsci re!aloriza o campo ideolKgico no apenas como ôrma de dominao/
mas tam3,m de con"ecimento/ identiîcando o dinamismo/ a concreo e a "istoricidade das !isfes
diêrenciadas de mundo 9Gramsci? W[YW:-
4a mesma lin"a de a3ertura do leGue conceituai para o dinamismo da ao dos suEeitos na transôrmao
das estruturas "I outros autores cuEa a3ordagem teKrica permite camin"ar em 3usca do ;ponto de
ArGuimedes; 9Anderson? W[YS/WQU: marXista na Irea da sade/ superando<se as dicotomias entre as
estruturas o3Eeti!as e as relafes su3Eeti!as-
A construo de reêrencial , o desaîo da no!a etapa de con"ecimento- * gm3ito da totalidade tanto
conceituai como de aproXimao emprica de!eria a3ranger? (a# as condifes de produo das unidades
produti!as/ priorizando<se o processo de tra3al"o 9)aurell? W[YUD W[Y\D W[YZ:D (b# as condifes gerais de
produo 9MarX? * Capital, )i!ro W/S-
a
seo/ W[ZW/ SQW<SVYD )oEkine? W[YW/WSR<WSU:D (c# o papel central
da ao "umana na ôrmao das classes e no ad!ento e superao das estruturas 9&"ompson? W[ZYD
Anderson/ 2-? W[YS/YR<WQR:D (d# a cultura como lugar de eXpresso das deînifes tanto das relafes
essenciais como das especiîcidades dos grupos/ classes e segmentos 9.erret? W[ZQD Gramsci? W[YWD
Goldmann? W[YR:-
4o Gue concerne a esse Guadro de totalidade , necessIrio redeînir os conceitos considerados c"a!es para
o con"ecimento da sade? (a# * pocesso de tabal$o como locus pri!ilegiado das relafes de produo e
reproduo dessas relafes e !isto como matriz de ôrmao sKcio<econjmica/ poltica e ideolKgica e
portanto de luta de
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) YU
classe/ de dominao e de resist8ncia- $ssa deînio eXtrapola aGuela Gue dI 8nâse apenas aos aspectos
t,cnicos e econjmicos/ e a3range a totalidade das relafes antagjnicas entre capital e tra3al"o no interior
do processo produti!o/ (b# As condi1es geais de poduo na relao imediata entre o processo de
produo e a estrutura social e poltica onde se dI a organizao do espao/ a distri3uio da riGueza/ dos
eGuipamentos de !ida ur3ana e social/ isto ,/ as condifes de !ida e a inter!eno do $stado 9MarX? W[ZW/
SQW<SVYD )oEkineD W[YW/WQR<WQQ:-
)oEkine nos ad!erte para o risco Gue , di!idir/ como se ôssem dois mundos diêrentes/ o da produo e o
do consumo- Hnsiste em mostrar a necessidade de unir os dois termos e recuperar/ para a anIlise/ o papel
da poltica estatal na regulao dos ênjmenos sociais- * estudo das determinafes de!e contemplar o
!nculo entre a poltica estatal e a socializao contraditKria das ôras produti!as e das relafes de
produo-
5eêrindo<se ao ;ur3ano; )oEkine comenta Gue as ôrmas de organizao do espao ôra das unidades
produti!as se relacionam com o espao dessas reêridas unidades/ e so/ antes de mais nada/ ôrmas de
di!iso social e territorial do tra3al"o?
;Considerar a ur3anizao como domnio do consumo/ do no<tra3al"o/ opor reproduo da ôra de
tra3al"o a tra3al"o !i!o/ , retomar um dos temas da ideologia 3urguesa segundo a Gual sK , ati!idade
produti!a a ati!idade de produo de mais<!alia; 9)oEkine? W[YW/WQQ:-
4outras pala!ras/ a aglomerao da populao/ as diêrenciafes dos 3airros/ a localizao dos meios de
consumo coleti!o 9eGuipamentos de sade/ educao/ transporte/ cultura/ lazer etc-: no t8m leis
diêrentes daGuelas Gue regem a acumulao de capital- A esêra de produo/ consumo e troca esto em
permanente interao e so todos espaos "istKricos de in!estigao-
Como conseGi8ncia/ a conîgurao "istKrica do espao 9ur3ano ou rural: Gue congrega a produo e as
condifes gerais de produo , um locus demonstrati!o e eêti!o das lutas de classe- 4ele se cristalizam
as contradifes entre as eXig8ncias do tra3al"o !i!o e as
YS M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
restrifes a esse desen!ol!imento/ Gue a lKgica da acumulao impfe-
2or sua !ez/ o $stado tem Gue ser incorporado nas anIlises/ como um instrumento Gue re^lete as
contradifes e as prKprias lutas de classes geradas pela segregao social- * $stado , uma ôrma
ampliada de socializao das condifes gerais de produo- 5ealiza? (a# a regulao social Gue atenua os
eêitos das desigualdades/ da eXcluso e da mutilao capitalista em relao hs classes tra3al"adorasD (b# a
seleo/ a dissociao e a segregao dos recursos p3licos destinados aos meios de consumo coleti!o
9eGuipamentos e ser!ios de sade/ educao/ transporte/ saneamento/ lazer etc-: para a reproduo da
ôra de tra3al"o/ (c# / papel cental da luta de classes na tansfomao e no e*ento de no*as
estutuas% Gue signiîca a considerao da ao "umana e o papel do suEeito "istKrico no processo de
mudanas- A ao tem o carIter no sK de transôrmar a natureza ao criar a possi3ilidade de eXist8ncia
mas tam3,m sustem e reproduz o suEeito e modiîca a realidade das suas relafes sociais? Z
;4o sK as condifes o3Eeti!as se modiîcam no ato da reproduo 9---: mas tam3,m os reprodutores
mudam/ pois trazem h luz no!as Gualidades Gue neles eXistiam/ en!ol!em<se com a produo/
transôrmam<se/ desen!ol!em no!os poderes e id,ias/ no!os modos de intercgm3io/ n3!as necessidades e
no!as linguagens; 9MarX? W[ZU9a:/ S[S:-
A signiîcao da ao do suEeito "istKrico em MarX no ignora o âto de Gue os "omens no so Ir3itros
totalmente li!res de seus atos- 2elo contrIrio/ a leitura de seu pensamento deiXa claro Gue o produto da
ati!idade pr,!ia 9os conteXtos sociais mesmo de !alores/ crenas e atitudes: representa limitafes so3re o
leGue de opfes do presente- 4o entanto/ em3ora a realidade seEa determinada em termos de seus
condicionantes anteriores/ a ao presente no sK no , determinada pela realidade como , capaz de
deiXar nela a sua marca transôrmadora- As considerafes anteriores se conEugam com? (d# C impot]ncia
da cultua como mediadoa ente a obJeti*idade das ela1es dadas e o suJeito $ist!ico tansfomado.
Certamente o conceito de cultura sK pode ser entendido dentro de uma sociologia das classes Gue seEa
suîciente<
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) YV
mente a3rangente para perce3er? (a# o carIter de amplitude das !isfes dominantes e ao mesmo tempo a
recproca aculturao Gue se processa inter e intraclasses/ entre e intragrupos/ segmentos e categorias no
Gue se concerne aos ênjmenos sociais/ incluindo<se a sade e a doenaD (b# a luta de classes como sendo
deînida e eXplicitada nas estruturas e mecanismos econjmico<polticos ôrmais/ mas realizada tam3,m
nas matrizes essenciais de conôrmao do modo de !ida/ como a âmlia/ a !izin"ana/ os espaos de
lazer etc- 2ois a cultura enGuanto produtora de categorias de pensar/ sentir/ agir e eXpressar de
determinado grupo/ classe ou segmento/ articula as concessfes/ os con^litos/ a su3ordinao e as
resist8ncias e l"es oêrece sentido- $la , um espao de eXpresso da su3Eeti!idade/ mas , um lugar
o3Eeti!o com a eXpessura do cotidiano por onde passam e gan"am cor os processos polticos e
econjmicos/ os sistemas sim3Klicos e o imaginIrio social- $m relao h sade/ a cultura/ !ista a partir dos
suEeitos indi!iduais ou coleti!os/ eXpressa a totalidade ûndamental do ser "umano Gue se resume no
perene con3io entre corpo e mente/ mat,ria e esprito/ e Gue MarX to 3em desco3re na seguinte citao?
;A !iso da totalidade parte do indi*,duo eal paticula, porGue a coleti*idade conta cuJa sepaao de
si, eage o indi*,duo, , a !erdadeira coleti!idade do "omem/ o se $umano& 9W[ZQ/ ZV:-
2or,m/ a posio diêrenciada das classes/ categorias eFou segmentos sociais l"es conêre uma ôrma
peculiar de perce3er/ de reagir e de lutar ^rente aos ênjmenos Gue dizem respeito a sua !ida e a sua
morte- 4esse particular GualGuer anIlise de!e enâtizar as diêrenciafes e a compleXidade das relafes
entre e intraclasses/ e as diêrenas e contradifes entre suas prIticas e concepfes 9.erret? W[ZQ/ V<WQD
Gramsci? W[YW/ VY:-
* Guadro teKrico de aproXimao da totalidade dos processos de sadeFdoena/ na a3ordagem marXista
;Gualitati!a; parte das representafes sociais em relao dial,tica com 3ase material Gue as inôrma- $sse
ponto de apoio em direo h compreenso das estruturas se ûndamenta na importgncia do pensamento
para a ao e no carIter contraditKrio/ dingmico e potencialmente transôrmador do campo ideolKgico
9&"ompson? W[ZYD Gramsci? W[YWD .erret? W[ZQ:-
Y\ M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA)
4esse ponto a re^leXo se dirige para a !ertente da tradio marXista Gue atra!,s de )ukIcs/ de Gramsci/
de Sartre e de &"ompson 9para mencionar apenas alguns grandes nomes: encamin"am as Guestfes da
consci8ncia de classes e do suEeito "istKrico/ numa perspecti!a teKrico<prItica- &al lin"a se opfe ao
estruturalismo de Alt"usser Gue corta o nK da relao entre suEeito e estrutura-
C*4C)(St$S
Puando tomamos diêrentes correntes de pensamento para a3ordar/ a partir delas/ Guestfes
metodolKgicas/ assumimos a postura segundo a Gual a ci8ncia em geral no eXiste- 6I prIticas cientîcas
diêrenciadas/ desigualmente desen!ol!idas e Gue t8m como su3stratos ;!isfes sociais de mundo;
teoricamente di!ersas-
&entamos nos aproXimar/ no teXto/ dos tr8s principais marcos reêrenciais Gue dentro das Ci8ncias Sociais
t8m in^luenciado com maior !igor as produfes teKricas e a prItica no campo da sade- Seria reiterado
dizer Gue a ôrma esGuemItica como a3ordamos as !Irias possi3ilidades de apreender a realidade no so
nem monolticas e nem êc"adas- Como o o3Eeti!o desse tra3al"o , a Guesto metodolKgica !isamos
apenas a introduzir a pro3lemItica das correntes de pensamento/ para/ ao mesmo tempo sugerir as
diîculdades/ a compleXidade/ e a especiîcidade do la3or do cientista social no campo da pesGuisa- Hsto ,/
no "I normas mIgicas institucional e uni!ocamente consagradas para a apreenso do real-
Gostaramos de ressaltar mais uma !ez Gue damos 8nâse/ como opo de a3ordagem/ h metodologia
dial,tica- $ssa opo no , apenas uma postura ideolKgica- Demo a coloca como a metodologia especîca
das ci8ncias sociais porGue , mais êcunda para analisar os ênjmenos "istKricos- Sua opinio se 3aseia
na o3ser!ao da realidade social e na adeGuao a ela da !iso dial,tica Gue pri!ilegia? (a# a contradio
e o con^lito predominando so3re a "armonia e o consensoD (b# o ênjmeno da transio/ da mudana/ do
!ir<a<ser so3re a esta3ilidadeD (c# o mo!imento "istKricoD (d# a totalidade e a unidade dos contrIrios
9W[YV? Y\<WRR:-
Goldmann âla com radicalidade?
M$&*D*)*GHA D$ 2$SP(HSA S*CHA) YZ
;2erguntar se as P8ncias Sociais de!em ser dial,ticas ou no/ , simplesmente perguntar se elas de!em
compreender ou deôrmar a realidade; 9W[YR/ ZR:-
Cardoso/ em / Mtodo Dialtico na Cn"lise Sociol!gica 9W[ZU: recupera a contri3uio do
ûncionalismo e do estruturalismo para a compreenso das totalidades sociais/ mas mostra Gue apenas o
m,todo dial,tico consegue apreender? (a# o real ênom8nico numa s,rie de mediafes pelas Guais as
determinafes imediatas e simples alcanam inteligi3ilidade ao se cincunscre!erem em constelafes
glo3aisD (b# as representafes da realidade dos atores sociais e as coneXfes especîcas 9no mecgnicas e
irre!ers!eis: Gue a realidade emprica mant,m com os âtores e eêitos essenciais Gue determinam a
dingmica e o sentido do processo socialD (c# a transôrmao da natureza e da sociedade e/ ao mesmo
tempo/ as regularidades estruturais e os ênjmenos Gue se repetem/ como produto o3Eeti!ado da ati!idade
socialD processo Gue estI em permanente criao pela ao "umana 9W[ZU?W<QQ:-
Cardoso ad!erte Gue se pode/ metodologicamente/ recorrer a eXplicafes estruturais/ ûncionais/
ênomenolKgicas etc/ so3 a condio de su3met8<las hs representafes ûndamentais Gue o m,todo
dial,tico supfe da realidade 9W[ZU/WQ:- A Guesto 3Isica , de Gue essas outras correntes de pensamento
tendem a eliminar as tensfes dial,ticas/ pois no âzem um Guestionamento do sentido das afes e das
transôrmafes de sentido-
4este tra3al"o/ em3ora eXplicitando uma opo de m,todo/ tentamos a3ordar e !alorizar as diêrentes
contri3uifes de estudiosos/ Guando/ do nosso ponto de !ista/ signiîcam Guestionamentos ou re^leXfes
so3re os pro3lemas ûndamentais da metodologia da pesGuisa- Durk"eim/ We3er/ Sc"utz/ Cicourel/
Gur!itc"/ para mencionar apenas alguns clIssicos da sociologia/ Eamais poderiam ser omitidos- A 8nâse
dada aos autores Gue se posicionam pela lKgica dial,tica se de!e ao âto de a considerarmos como a Gue
mel"or responde hs necessidades metodolKgicas da pesGuisa social/ Gue !inculam a teoria h prItica/
mormente no campo da sade/ onde a realidade apela de ôrma to eXistencial e imediata?
,fc--*
CA2'&()* Q
0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA
A 3A4E E*-lo"a&1"ia da Pes+$isa 2 &ao i,-o"&a&e +$e ela em si pode ser considerada uma
2esGuisa $XploratKria- Compreende a etapa de escol"a do tKpico de in!estigao/ de delimitao do
pro3lema/ de deînio do o3Eeto e dos o3Eeti!os/ de construo do marco teKrico conceituai/ dos
instrumentos de coleta de dados e da eXplorao do campo-
A partir da perspecti!a dial,tica Gue deseEamos seguir/ gostaramos de apresentar as 3alizas dentro das
Guais/ a nosso !er/ se processa o con"ecimento- A primeira delas , seu carIter aproXimado- Hsto ,/ o
con"ecimento , uma construo Gue se âz a partir de outros con"ecimentos so3re os Guais se eXercita a
apreenso/ a crtica e a d!ida- k um processo de tentati!as Gue )imoeiro Cardoso esclarece muito 3em/
usando a imagem do êiXe de luz?
;* con"ecimento se âz a custo/ de muitas tentati!as e da incid8ncia de muitos êiXes de luz/
multiplicando os pontos de !ista diêrentes- A incid8ncia de um nico êiXe de luz no , suîciente para
iluminar um o3Eeto- * resultado dessa eXperi8ncia sK pode ser incompleto e imperêito/ dependendo da
perspecti!a em Gue a luz , irradiada e da sua intensidade- A incid8ncia a partir de outros pontos de !ista e
de outras intensidades luminosas !ai dando ôrmas mais deînidas ao o3Eeto/ !ai construindo um o3Eeto
Gue l"e , prKprio- A utilizao de outras ôntes luminosas poderI ôrmar um o3Eeto inteiramente di!erso/
ou indicar dimenso inteiramente no!as ao o3Eeto; 9)imoeiro Cardoso? W[ZY/ QZs:-
59
[R 0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA
$sse carIter aproXimado do sa3er intelectual , rele!ante em toda a teoria marXista e )8nin comenta Gue/
ao re^letir a realidade/ o con"ecimento oêrece sempre uma imagem mais grosseira Gue o real/ tanto no
plano do pensamento como dos sentimentos 9W[VV/QWY:-
* segundo ponto diz respeito ao carIter de inacessi3ilidade do o3Eeto- A inatingi3ilidade do obJeto se
eXplica pelo âto de Gue as id,ias Gue âzemos so3re os âtos so sempre mais imprecisas/ mais parciais/
mais imperêitas Gue ele- 2ortanto/ o processo de pesGuisa consiste na deînio e redeînio do o3Eeto-
De um lado/ porGue seu con"ecimento , ^ruto de um eXerccio de cooperao onde tra3al"amos so3re as
desco3ertas uns dos outrosD depois/ porGue cada teoria ôrmula o o3Eeto segundo seus pressupostos- 4este
sentido/ como aîrma )imoeiro Cardoso/ ele , sempre uma ;representao; êita so3 determinado ponto
de !ista/ tentando/ a seu modo/ reproduzir o real 9W[ZY/UR:-
* terceiro ponto se reêre h !inculao entre pensamento e ao- *u seEa/ nada pode ser intelectualmente
um pro3lema/ se no ti!er sido/ em primeira instgncia/ um pro3lema da !ida prItica- Hsto Guer dizer Gue a
escol"a de um tema no emerge espontaneamente/ da mesma ôrma Gue o con"ecimento no ,
espontgneo- Surge de interesses e circunstgncias socialmente condicionadas/ ^rutos de determinada
insero no real/ nele encontrando suas razfes e seus o3Eeti!os- $sse , um ponto de !ista Gue rene tanto
o racionalismo a3erto de %ac"elard 9W[\Y: como a dial,tica marXista 9)ukIcs? W[ZSD 6a3ermas?
W[YR/W[YY: e o perspecti!ismo de Mann"eim 9W[ZS:-
* Guarto ponto enâtiza o carIter originariamente interessado do con"ecimento ao mesmo tempo Gue sua
relati!a autonomia- * ol"ar so3re o *3Eeto estI condicionado "istoricamente pela posio social do
cientista e pelas correntes de pensamento em con^lito na sociedade 9)o7y? W[YV/WV:- 2or,m eXiste uma
;autonomia relati!a; das ci8ncias sociais/ uma certa continuidade no interior dessa ci8ncia 9MarX
continua/ critica e ultrapassa 5icardo na &eoria do .alor:/ uma l!gica intena da pes(uisa cient,fica, uma
especialidade da ci8ncia enGuanto prItica/ !isando a desco3erta da !erdade 9)o7y? W[YV/ [<W\:-
Mann"eim âla da Guesto reaîrmando a estreita relao entre interesses especîcos de classe e teorias/
m,todos e preocupafes sociolKgicas-
0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA [W
4o entanto/ diz ele/ , necessIrio admitir Gue apKs uma classe ter desco3erto algum âto "istKrico ou
sociolKgico/ todos os grupos/ GuaisGuer seEam seus interesses/ no sK podem le!ar em considerao as
desco3ertas como as incorporam ao seu sistema de interpretao do mundo- As correntes intelectuais
di!ersas no se desen!ol!em isoladamente mas se aêtam e se enriGuecem mutuamente- $m3ora no se
ûndam num sistema comum/ consideram a totalidade dos âtos desco3ertos/ partindo de diêrentes
aXiomas gerais 9Mann"eim? W[ZS/ QY<UR:-
k dentro da perspecti!a assinalada Gue passamos a discutir elementos Gue compfem a âse eXploratKria de
uma in!estigao e todas as etapas su3seGientes-
&omamos em primeiro lugar o cuidado de deînir alguns conceitos ûndamentais usados na prItica das
Ci8ncias Sociais para construir o Guadro teKrico da pesGuisa- $m seguida discutimos a construo do
o3Eeto como um la3or teKrico e como esôro prItico de inôrmao/ crtica e eXperi8ncia- $ propomos
depois e înalmente uma discusso so3re o instrumento de apreenso dos dados empricos e de entrada
eXploratKria no campo da in!estigao- C"amamos ateno para o tema da Cmostagem )ualitati*a Gue
costuma ser um dos pontos de maior impasse para o in!estigador-
4esse mo!imento aparentemente linear de desen"o das etapas da pesGuisa Gueremos enâtizar/ de um
lado a necessidade/ para îns de anIlise/ de dar ateno a cada procedimentoD e de outro/ para a li3erdade
de recon"ecer as diêrentes t,cnicas e m,todos como guias e prescindir deles Guando se tornam
o3stIculos- $ nessa interao Gue se torna poss!el realizar um tra3al"o cientîco criador-
C*4C$H&*S 0(4DAM$4&AHS 4A *2$5ACH*4A)HOALM* DA 2$SP(HSA
Antes de partirmos para a re^leXo so3re o mo!imento Gue preside o processo de deînio do o3Eeto/
pretendemos deînir alguns termos usados na ati!idade de pesGuisa/ presentes em todo o desen!ol!imento
do tra3al"o e cruciais na primeira etapa- So eles? teoria/ conceito/ noo/ categoria/ "ipKtese e
pressupostos?
(a# C"amamos &$*5HA a um conEunto inter<relacionado de princpios e deînifes Gue ser!em para dar
organizao lKgica a aspectos
[Q 0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA
selecionados da realidade emprica- (ma teoria rene um conEunto de pressupostos e aXiomas 9uma
aîrmao cuEa !erdade , e!idente e uni!ersalmente aceita em determinada disciplina:/ proposifes
logicamente inter<relacionadas e empiricamente !eriîcI!eis- As proposifes de uma teoria so
consideradas leis se EI ôram suîcientemente compro!adas/ e $ip!teses, se constituem ainda pro3lema de
in!estigao- 4a realidade/ tanto leis como "ipKteses esto sempre suEeitas h pro3lematizao e h
reôrmulao- A ess8ncia de uma teoria consiste na sua potencialidade de eXplicar uma gama ampla de
ênjmenos atra!,s de um esGuema conceituai ao mesmo tempo a3rangente e sint,tico-
* marXismo 9uma teoria/ ele mesmo: insiste no âto de Gue todas as teorias so "istoricamente
construdas/ eXpressam interesses de classe porGue so ;representao do real; a partir de determinadas
escol"as articuladas com a prItica social- $las so portanto ôrmas de con"ecimento e de
descon"ecimento/ na medida em Gue proEetam luz so3re determinados aspectos da realidade e ocultam
outros/ num e!idenciamento de limitafes lKgicas e sociolKgicas 9)ukIcs? W[\Z/ QUUD )o7y? W[YV/WV<UV:-
A relao dial,tica entre teoria e realidade emprica se eXpressa no tato he Gue a leaMahe inoima a teorI
Gue po& sua !ez a antecede/ permite perce38<la/ ôrmulI<la/ dar conta dela/ âzendo<a distinta/ num
processo sem îm de distanciamento e aproXimao- A teoria domina a construo do con"ecimento
atra!,s de conceitos gerais pro!enientes do momento anterior- Seu aproûndamento/ de ôrma crtica/
permite des!endar dimensfes no pensadas a respeito da realidade Gue no , e!idente e Gue no se dI? ela
se re!ela a partir de interrogafes ela3oradas no processo de construo teKricaD
(b# &oda construo teKrica , um sistema cuEas !igas mestras esto representadas pelos C*4C$H&*S- *S
conceitos so as unidades de signiîcao Gue deînem a ôrma e o contedo de uma teoria- 2odemos
considerI<los como operafes mentais Gue re^letem certo ponto de !ista a respeito da realidade/ pois
ôcalizam determinados aspectos dos ênjmenos/ "ierarGuizando<os- Desta ôrma eles se tornam um
camin"o de ordenao da realidade/ de ol"ar os âtos e as relafes/ e ao mesmo tempo um camin"o de
criao- A teoria marXista torna e!idente os aspectos "istKricos e compro<
[Q 0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA
selecionados da realidade emprica- (ma teoria rene um conEunto de pressupostos e aXiomas 9uma
aîrmao cuEa !erdade , e!idente e uni!ersalmente aceita em determinada disciplina:/ proposifes
logicamente inter<relacionadas e empiricamente !eriîcI!eis- As proposifes de uma teoria so
consideradas leis se EI ôram suîcientemente compro!adas/ e $ip!teses, se constituem ainda pro3lema de
in!estigao- 4a realidade/ tanto leis como "ipKteses esto sempre suEeitas h pro3lematizao e h
reôrmulao- A ess8ncia de uma teoria consiste na sua potencialidade de eXplicar uma gama ampla de
ênjmenos atra!,s de um esGuema conceituai ao mesmo tempo a3rangente e sint,tico-
* marXismo 9uma teoria/ ele mesmo: insiste no âto de Gue todas as teorias so "istoricamente
construdas/ eXpressam interesses de classe porGue so ;representao do real; a partir de determinadas
escol"as articuladas com a prItica social- $las so portanto ôrmas de con"ecimento e de
descon"ecimento/ na medida em Gue proEetam luz so3re determinados aspectos da realidade e ocultam
outros/ num e!idenciamento de limitafes lKgicas e sociolKgicas 9)ukIcs? W[\Z/ QUUD )o7y? W[YV/WV<UV:-
A relao dial,tica entre teoria e realidade emprica se eXpressa no âto de Gue a realidade inôrma a
teoria Gue por sua !ez a antecede/ permite perce38<la/ ôrmulI<la/ dar conta dela/ âzendo<a distinta/ num
processo sem îm de distanciamento e aproXimao- A teoria domina a construo do con"ecimento
atra!,s de conceitos gerais pro!enientes do momento anterior- Seu aproûndamento/ de ôrma crtica/
permite des!endar dimensfes no pensadas a respeito da realidade Gue no , e!idente e Gue no se dID ela
se re!ela a partir de interrogafes ela3oradas no processo de construo teKricaD
($# &oda construo teKrica , um sistema cuEas !igas mestras esto representadas pelos C*4C$H&*S- *s
conceitos so as unidades de signiîcao Gue deînem a ôrma e o contedo de uma teoria- 2odemos
considerI<los como operafes mentais Gue re^letem certo ponto de !ista a respeito da realidade/ pois
ôcalizam determinados aspectos dos ênjmenos/ "ierarGuizando<os- Desta ôrma eles se tornam um
camin"o de ordenao da realidade/ de ol"ar os âtos e as relafes/ e ao mesmo tempo um camin"o de
criao-
A teoria marXista torna e!idente os aspectos "istKricos e compro<
0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA [U
metidos da construo dos conceitos/ c"amando ateno para a necessidade de apreend8<los/ analisI<los e
deîni<los como "istoricamente especîcos e socialmente condicionados- A prKpria "ierarGuizao dos
conceitos/ numa determinada teoria/ re!ela a Gue aspectos da realidade se dI maior ateno- 4o se trata
apenas de compreender alguns como sendo logicamente mais ela3orados 9e o so:/ mas tam3,m de
entender as determinafes sociolKgicas presentes na sua construo-
Da ser importante introduzir o termo 4ouo- $timologicamente a pala!ra C*4C$H&* !em de concepo,
isto ,/ estI !inculada h su3Eeti!idade/ ele , conce3ido- 2or noo entendemos aGueles elementos de uma
teoria Gue ainda no apresentam clareza suîciente e so usados como ;imagens; na eXplicao do real-
$les eXpressam tam3,m o camin"o do pensamento- *u seEa/ eXpressam a relao intrnseca entre a
eXperi8ncia e a construo do con"ecimento- 4ingu,m coloca uma pergunta se nada sa3e da resposta/
pois ento no "a!eria o Gue perguntar- &odo sa3er estI 3aseado em pr,<con"ecimento/ todo âto e todo
dado EI so interpretafes/ so maneiras de construirmos e de selecionarmos a rele!gncia da realidade?
;Se no Guisermos Gue as categorias analticas Gue adotamos permaneam estran"as ao o3Eeto;/ diz
Demo/ ;de!emos aceitar a eXist8ncia de nofes pr,!ias; 9Demo? W[YW/WY:-
(c# Aos conceitos mais importantes dentro de uma teoria denominamos CA&$G*5HAS- * termo ;categoria;
possui uma conotao classiîcatKria- &"eodorson 1 &"eodorson/ por eXemplo/ deînem as categorias
como conceitos usados com înalidade de classiîcao 9W[ZR/ U[:- Dentro de um !iso positi!ista?
;As categorias so ru3ricas ou classes as Guais renem um grupo de elementos so3 um ttulo gen,rico/
agrupamento esse eêtuado em razo dos caracteres comuns desses elementos; 9%ar<din? W[Z[/WWZ:-
o conceito , usado por %ardin de ôrma instrumental dentro da t,cnica de anIlise de contedo-
[S 0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA
4a ;Hntroduo; h C,tica da Economia 'ol,tica 9W[ZU/ QWW<QSW:/ MarX âz uso por di!ersas !ezes do
termo ;categoria; para indicar conceitos relati!os h realidade "istoricamente rele!antes/ eXpressando os
aspectos ûndamentais dentro de sua a3ordagem/ das relafes dos "omens entre si e com a natureza- 2ara
o marXismo as categorias no so entidades/ so construdas atra!,s do desen!ol!imento do
con"ecimento e da prItica social- &ra3al"o/ Classe Social/ 0amlia/ Consci8ncia de Classe/ por eXemplo/
so categorias Gue eXpressam a unidade das relafes entre o "istKrico e o lKgico-
2ara a înalidade deste tra3al"o/ distinguimos entre Categoias Cnal,ticas e Categoias Emp,icas. As
primeiras so aGuelas Gue ret8m "istoricamente as relafes sociais ûndamentais e podem ser
consideradas 3alizas para o con"ecimento do o3Eeto nos seus aspectos gerais- $las mesmas comportam
!Irios graus de a3strao/ generalizao e de aproXimao- As segundas so aGuelas construdas com
înalidade operacional/ !isando ao tra3al"o de campo 9a âse emprica: ou a partir do tra3al"o de campo-
$las t8m a propriedade de conseguir apreender as determinafes e as especiîcidades Gue se eXpressam na
realidade emprica- 2or eXemplo/ Consci4ncia Social e Consci4ncia de Classe, +epesentao Social, se
situam como categorias de anIlise/ num n!el ele!ado de a3strao- Concepo Social de Sade Doena ,
um conceito operacionalizI!el a partir das categorias analticas citadas acima- 2or outro lado/ se surge
atra!,s do tra3al"o de campo uma eXpresso como ;Doena de Deus; em oposio a ;Doena dos
6omens;/ a compreenso dessas duas categorias empricas a partir do ponto de !ista dos atores sociais/
possi3ilita des!endar relafes especîcas do grupo em Guesto- Hsto ,/ permite re!elar condifes
empricas mistiîcadas/ concepfes peculiares do o3Eeto e relafes dingmicas desse segmento no Gue diz
respeito h sociedade eh natureza- $ssa categoia emp,ica, construda a partir dos elementos dados pelo
grupo social/ tem todas as condifes de ser colocada no Guadro mais amplo de compreenso teKrica da
realidade/ e de/ ao mesmo tempo/ eXpressI<la em sua especiîcidade- 2ermite a!anar o con"ecimento a
partir da categoria analtica ;representafes sociais; operacionalizada numa categoria emprica/ por sua
!ez adGuirindo possi3ilidade analticaD
0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA [V
(d# Deînimos 6H2b&$S$S como aîrmafes pro!isKrias a respeito de determinado ênjmeno em estudo-
So aîrmafes para serem testadas empiricamente e depois conîrmadas ou reEeitadas- (ma "ipKtese
cientîca deri!a de um sistema teKrico e dos resultados de estudos anteriores e portanto âzem parte ou
so deduzidas das teorias/ mas tam3,m podem surgir da o3ser!ao e da eXperi8ncia nesse Eogo sempre
impreciso e inaca3ado Gue relaciona teoria e prItica-
Goode 1 6att propfem algumas condifes para a ôrmulao de "ipKteses em ci8ncias sociais Gue
resumimos a seguir? (a# Gue seEam conceitualmente claras/ parcimoniosas e com poder eXplicati!o/
c"egando a deînir sua operacionalidadeD (b# Gue ten"am reêr8ncias empricas/ isto ,/ Gue esteEam
relacionadas com os ênjmenos concretos Gue se pretende estudarD (c# Gue seEam relacionadas com as
t,cnicas dispon!eis/ isto ,/ possi3ilitem a apreenso emprica dos aspectos Gue se Guer in!estigar 9Goode
1 6att? W[\[/ SR<SZ:-
Da mesma ôrma Gue os termos pro3lematizados anteriormente/ as ?ip!teses t8m sua "istKria/ âzem
parte do Guadro de preocupafes teKrico<prIticas do in!estigador/ e das preocupafes dominantes numa
,poca- *u seEa/ perguntamo<nos por aspectos da realidade Gue a ci8ncia _ "istoricamente condicionada
_ se interessa-
* prKprio termo ;"ipKtese; possui uma conotao positi!ista Gue cr8 na possi3ilidade do con"ecimento
o3Eeti!o da realidade e nas pro!as estatstico<matemIticas como compro!adoras da o3Eeti!idade- 6oEe
tanto o marXismo como a ênomenologia/ em3ora incorporem o conceito de ;"ipKtese;/ o reinterpretam e
o pro3lematizam- 4a a3ordagem Gualitati!a/ as "ipKteses perdem a sua dingmica ôrmal compro3atKria
para ser!ir de camin"o e de 3aliza no con^ronto com a realidade emprica- Costuma<se at, a usar o termo
25$SS(2*S&*S para âlar de alguns pargmetros 3Isicos Gue permitem encamin"ar a in!estigao emprica
Gualitati!a/ su3stituindo<se assim o termo ?ip!tese com conotafes muito ôrmais da a3ordagem
Guantitati!a-
Com relao a essa temItica se esta3elece uma pol8mica "istKrica Gue a nosso !er constrKi uma âlsa
dicotomia entre dados Guantitati!os e dados Gualitati!os- A tend8ncia , de se atri3uir a pec"a de
impreciso aos ltimos/ no sentido Gue no permitem testes ;precisos; como a ;a3ordagem cientîca;
eXige- Da Gue/ Guando surge a
[\ 0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA
Guesto da !eriîcao/ muitos analistas se !oltam para os dados GuantiîcI!eis-
k necessIrio ultrapassar esse !i,s positi!ista das ci8ncias sociais e Guando ôr poss!el Guantiîcar/
GuantiîGuemos/ mas no coloGuemos a a cientiîcidade do tra3al"o- *s dados ;Gualitati!os; so
importantes na construo do con"ecimento e/ tam3,m eles/ podem permitir o incio de uma teoria ou a
sua reôrmulao/ reôcalizar ou clariîcar a3ordagens EI consolidadas/ sem Gue seEa necessIria a
compro!ao ôrmal Guantitati!a- * princpio geral , de Gue todos os dados de!em ser articulados com a
teoria- A o3ser!ao cientîca/ seEa a partir de "ipKteses 3em delineadas/ seEa com pressupostos mais
gerais/ , sempre pol8mica/ conîrma ou inîrma teses anteriores-
A natureza mais a3erta e interati!a de um tra3al"o Gualitati!o Gue en!ol!e o3ser!ao participante/
permite Gue o in!estigador com3ine o aâzer de conîrmar ou in^ irmar "ipKteses com as !antagens de
uma a3ordagem no<estruturada- Colocando interrogafes Gue !o sendo discutidas durante o processo de
tra3al"o de campo/ ela elimina Guestfes irrele!antes/ dI 8nâse a determinados aspectos Gue surgem
empiricamente e reôrmula "ipKteses iniciais e pro!isKrias-
$ssas o3ser!afes Gue t8m como 8nâse a Guesto das "ipKteses na a3ordagem Gualitati!a âzem<nos
!oltar para um clIssico da antropologia ûncionalista/ Malino7ski/ mas Gue nesse particular pratica!a um
raciocnio dial,tico- De acordo com sua orientao/ o in!estigador tem Gue se esmerar na constituio/
ampliao e articulao de seu Guadro teKrico- k esse reêrencial Guedl"e permite esta3elecer perguntas
ûndamentais para compreenso da realidade emp>nca- 2or,m/ de!e conser!ar uma a3ertura e
^leXi3ilidade capazes de/ apesar da teoria/ desco3rir as particularidades da realidade emprica
9Malino7ski? W[YR/WZ<QS:- Certamente essas o3ser!afes o locam o tra3al"o cientîco 3em acima de
uma postura t,cnica de compro!ao ou inîrmao de "ipKteses-
A D$0H4HLM* D* *%J$&*
Geralmente Guando nos propomos a iniciar uma ati!idade de pesGuisa/ nKs a situamos dentro de um
Guadro de preocupafes teKrico<prIticas- *u seEaF temos uma bea de Inteesse Gue , um cam<
0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA [Z
po de prIticas/ onde as Guestfes Gue incitam nossa curiosidade teKrica se concentram/ como por eXemplo/
Sade do &ra3al"ador/ 2olticas 23licas/ Sade e Cultura/ $ducao e Sade etc- 4o interior dessa bea
de Inteesse Gue antecede e ultrapassa um proEeto especîco/ se situa a Guesto da deînio do /bJeto ou
a deînio do 'oblema. &rata<se de um recorte capaz de conter relafes essenciais e eXpressar
especiîcidade-
Do ponto de !ista prItico o /bJeto , geralmente colocado em ôrma de pergunta _ , uma Guesto _ e se
!incula a desco3ertas anteriores e a indagafes pro!enientes de mltiplos interesses 9de ordem lKgica e
sociolKgica:- A clareza e a preciso nesse primeiro instante decorre de uma relao dial,tica entre o
esôro de esta3elecer marcos conceituais o mais poss!el amplos e a3rangentes e de os articular h prItica-
*u seEa/ de os !incular aos interesses e pro3lemas Gue esto mo3ilizando a escol"a do tema- * real estI
sempre colocado como premissa/ em3ora operacionalmente partamos da ela3orao do a3strato para o
concreto-
2ara o delineamento do o3Eeto/ a primeira tareâ a Gue nos propomos , um tra3al"o de pesGuisa
3i3liogrIîca/ capaz de proEetar luz e permitir uma ordenao ainda imprecisa da realidade emprica- $sse
la3or inicial tem algumas condifes necessIrias?
A primeira , de Gue a 3i3liograîa seEa suîcientemente ampla para traar a moldura dentro da Gual o
o3Eeto se situa? a 3usca de !Irios pontos de !ista/ dos diêrentes gngulos do pro3lema Gue permitam
esta3elecer deînifes/ coneXfes e mediafes/ e demonstrar o ;estado da arte;- .eEamos um eXemplo-
Supon"amos as Concepfes de Sade<Doena de determinado segmento social como o3Eeto de
in!estigao- A sua compreenso implica uma pesGuisa 3i3liogrIîca Gue inclua? (a# "istoricamente o
perîl do determinado segmento? sua insero nas relafes sociais de produo/ suas condifes de !ida e
de tra3al"o/ consumo/ acesso a 3ens e ser!ios e em especial hGueles Gue se reêrem ao conceito de Sade
!igenteD (b# o conceito "istoricamente construdo de Sade Gue !amos adotar/ incluindo a as polticas do
setor Gue o situam do ponto de !ista dominanteD (c# o conceito de representao social Gue torna
operacional a in!estigao e a anIlise-
*ra/ o desen"o desse Guadro inicial eXige o domnio anterior de
[Y 0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA
algumas categorias analticas ûndamentais Gue constituem pontos de reêr8ncia gerais numa anIlise
dial,tica/ como Modo de 2roduo/ 0ormao Social/ Classes/ Consci8ncia Social 9de Classe e SanitIria:-
2or,m/ essas categorias no necessitam estar presentes no discurso teKrico Gue organiza o proEeto de
pesGuisa- Dele de!em constar as deînifes Gue se âzem necessIrias para âzer surgir do ;caos inicial; o
o3Eeto especîco com seus contornos gerais-
* segundo aspecto a ser o3ser!ado em relao h 3i3liograîa diz respeito h sua leitura- k necessIrio
a3ordI<la como um eXerccio de crtica teKrica e prItica- *u seEa/ na pesGuisa 3i3liogrIîca de!emos
destacar as categorias centrais/ os conceitos e as nofes usadas pelos diêrentes autores- Al,m disso/
por,m/ âz<se mister destacar os pressupostos teKricos e as razfes prIticas Gue su3Eazem aos tra3al"os Gue
consultamos- $sse eXerccio "ermen8utico , ûndamental para o esclarecimento da posio Gue !amos
adotar-
* terceiro ponto relati!o ao material de consulta tem um carIter disciplinar e operacional/ tam3,m
necessIrio no processo de o3Eeti<!ao- &rata<se da tareâ de îc"amento onde todo o estudo !ai sendo
cuidadosamente classiîcado e ordenado? (a# 0ic"amento 3i3liogrIîco? cada li!ro/ artigo/ captulo de
li!ro/ documento/ recorte de Eornal/ todo o material tra3al"ado !ai rece3endo uma îc"a prKpria 9dentro
das regras de îc"amento 3i3liogrIîco oîciais:/ em ordem alâ3,tica por autor ou por assunto/ conôrme
a opo do in!estigadorD (b# 0ic"amento por assunto? onde as mat,rias lidas so resumidas e criticadas e
com anotafes do leitor- k importante nesse tipo de îc"amento Gue o in!estigador destaGue os principais
conceitos usados pelo autor no seu tra3al"oD (c# 0ic"amento por temas/ Gue rene anotafes e resumos a
respeito de Guestfes especiîcamente pertinentes ao contorno do o3Eeto de estudoD (d# 0ic"amento de
citafes/ com o de!ido cuidado de indicar pIginas/ data de pu3licao e conteXto da citao- $ssa
modalidade de îc"amento pode ser includa na classiîcao por temas ou por assuntos-
4o camin"o entre as id,ias iniciais Gue induziram h escol"a 3i3liogrIîca/ a leitura dos teXtos e as
indagafes reêrentes h realidade emprica 9Gue aparece sempre como premissa:/ o in!estigador organiza
o discurso teKrico da pesGuisa Gue pode se apresentar da seguinte ôrma? (a# Deînio do *3Eeto
9deînio como recorte em
0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA [[
todos os seus aspectos e sempre pro!isKria dentro da a3ordagem dial,tica Gue adotamos:D (b#
Justiîcati!a? Gue descre!e os moti!os !i!enciais e teKricos Gue impulsionaram a escol"a do o3Eeto-
Colocando<se a as principais indagafes do pesGuisadorD (c# Marco conceituai teKrico<metodolKgico
onde se esta3elecem os principais conceitos/ categorias e nofes com as Guais se !ai tra3al"ar/ deînem<se
as "ipKteses ou pressupostos da in!estigao e o ;camin"o do pensamento; Gue orientarI o tra3al"o-
Seria K3!io dizer Gue todos os cuidados aGui apresentados âzem parte do esôro metKdico de
o3Eeti!ao/ isto ,/ da "onestidade teKrica do pesGuisador ^rente a seu o3Eeti!o e h comunidade cientîca-
C*4S&5(LM* D*S H4S&5(M$4&*S D$ 2$SP(HSA
Ao n!el da pesGuisa Gualitati!a os instrumentos de tra3al"o de campo so? o roteiro de entre!ista/ os
crit,rios para o3ser!ao participante e os itens para discusso de grupos ôcais-
4esta altura do tra3al"o âlamos EI eXplicitamente da pesGuisa Gualitati!a porGue estamos num espao
muito prKXimo h realidade emprica e totalmente ligada aos marcos conceituais do m,todo-
H _ * 5*&$H5* D$ $4&5$.HS&A diêre do sentido tradicional do GuestionIrio- $nGuanto este ltimo
pressupfe "ipKteses e Guestfes 3astante êc"adas/ cuEo ponto de partid a so as reêr8ncias do
pesGuisador/ o roteiro tem outras caractersticas- .isando a apreender o ponto de !ista dos atores sociais
pre!istos nos o3Eeti!os da pesGuisa/ o roteiro cont,m poucas Guestfes- Hnstrumento para orientar uma
;con!ersa com înalidade; Gue , a entre!ista/ ele de!e ser o âcilitador de a3ertura/ de ampliao e de
aproûndamento da comunicao- Dele constam apenas alguns itens Gue se tornam indispensI!eis para o
delineamento do o3Eeto/ em relao h realidade emprica e de!em responder hs seguintes condifes? (a#
cada Guesto Gue se le!anta/ âa parte do delineamento do o3Eeto e Gue todas se encamin"em para l"e dar
ôrma e contedoD (b# permita ampliar e aproûndar a comunicao e no cerceI<laD (c# contri3ua para
emergir a !iso/ os Euzos e as rele!gncias a respeito dos âtos e das relafes Gue compfem o o3Eeto/ do
ponto de !ista dos interlocutores-
WRR 0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA
5oteiro , sempre um guia/ nunca um o3stIculo/ portanto no pode pre!er todas as situafes e condifes
de tra3al"o de campo- k dentro dessa !iso Gue de!e ser ela3orado e usado- 4o processo de pesGuisa
pode surgir a necessidade da ela3orao de um GuestionIrio êc"ado para captar aspectos considerados
rele!antes para iluminar a compreenso do o3Eeto/ esta3elecer relafes e generalizafes- k importante o
uso de !Irias t,cnicas e no "I oposio entre elas- * princpio 3Isico para ela3orao do GuestionIrio , o
mesmo Gue adotamos em relao ao roteiro? cada Guesto ten"a como pressuposto o marco teKrico
desen"ado para a construo do o3Eeto-
HH _ Com relao aos instrumentos para a *%S$5.ALM* 2A5&HCH2A4&$/ , importante Gue o in!estigador
tome algumas decisfes nesse momento preparatKrio- *u seEa/ serI uma o3ser!ao li!re ou realizada
atra!,s de roteiro especîcoA A3rangerI o conEunto do espao e do tempo pre!isto para o tra3al"o de
campo ou se limitarI a instantes eF ou a aspectos da realidade/ dando 8nâse a determinados elementos na
interaoA
De acordo com os o3Eeti!os da pesGuisa/ de!e<se esta3elecer a ôrma e o contedo dessa ati!idade
ûndamental na a3ordagem Gualitati!a/ ainda Gue no processo da in!estigao se perce3a a necessidade de
realizar mudanas- )em3ramos Gue toda a o3ser!ao de!e ser registrada num instrumento Gue
con!encionamos c"amar DH+5H* D$ CAM2*- Desse caderno constam todas as inôrmafes Gue no seEam
o registro das entre!istas ôrmais- *u seEa/ o3ser!afes so3re con!ersas inôrmais/ comportamentos/
cerimoniais/ êstas/ instituifes/ gestos/ eXpressfes Gue digam respeito ao tema da pesGuisa- 0ala/
comportamentos/ "I3itos/ usos/ costumes/ cele3rafes e instituifes compfem o Guadro das
5$25$S$4&ALt$S S*CHAHS-
V
HHH _ Da mesma ôrma Gue os anteriores/ os instrumentos para de3ate dos G5(2*S 0*CAHS 9caso a
organizao do tra3al"o os pre!eEa: necessitam ser aGui delineados- 2ode<se/ por eXemplo/ decidir Gue os
temas de discusso e a dingmica adeGuada sero escol"idos depois
V
&ermos empregados aGui genericamente como entre!ista/ o3ser!ao participante/ representafes sociais/ tra3al"o de campo/ esto
conceituados e pro3lematizados no terceiro captulo deste estudo-
0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA WRW
da realizao das entre!istas- *u pelo contrIrio/ o in!estigador decide esta3elecer de antemo o contedo
e a ôrma de de3ate para Gue os grupos ôcais se processem pai passu com as outras t,cnicas de
a3ordagem- k poss!el tam3,m Gue se tomem as discussfes em grupo como o instrumento principal de
a3ordagem da pesGuisa- Da Gue o contedo dos grupos de estudo !ai di!ersiîcar? (a# pode ter um papel
complementar/ dando 8nâse a alguns aspectos considerados rele!antesD (b# pode repetir as Guestfes do
roteiro para se perce3er a realizao da interao indi!idual e grupaiD (c# pode merecer um
aproûndamento sucessi!o/ em !Irias sessfes/ tomando um carIter su3stanti!o na pesGuisa-
A in!estigao Gualitati!a reGuer como atitudes ûndamentais a a3ertura/ a ^leXi3ilidade/ a capacidade de
o3ser!ao e de interao com o grupo de in!estigadores e com os atores sociais en!ol!idos- Seus
instrumentos costumam ser âcilmente corrigidos e readaptados durante o processo de tra3al"o de campo/
!isando hs înalidades da in!estigao- Mas no se pode ir para a ati!idade de campo sem se pre!er as
ôrmas de realizI<lo- Hmpro!isI<lo signiîcaria correr o risco de romper os !nculos com o esôro teKrico
de ûndamentao/ necessIrio e presente em cada etapa do processo de con"ecimento-
$a2)*5ALM* D* CAM2*
A $a2)*5ALM* D* CAM2* contempla as seguintes ati!idades? (a# escol"a do espao da pesGuisaD (b#
escol"a do grupo de pesGuisaD (c# esta3elecimento dos crit,rios de amostragemD (d# esta3elecimento de
estrat,gia de entrada em campo-
2ouco temos a dizer so3re os dois primeiros itens/ a no ser lem3rar a sua adeGuao prItica ao
delineamento do o3Eeto teKrico- Sa3emos Gue esse momento en!ol!e interao/ con"ecimento e contatos
anteriores/ eXperi8ncias e lastros de tra3al"o e de en!ol!imento Gue ultrapassam as preocupafes lKgicas
do in!estigador-
A Guesto da amostagem em pesGuisa Gualitati!a merece comentIrios especiais de esclarecimento- $la
en!ol!e pro3lemas de escol"a do grupo para o3ser!ao e para comunicao direta- A Guem entre!istar/ a
Guem o3ser!ar e o Gue o3ser!ar/ o Gue discutir e com Guem discutirA
WRQ 0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA
4uma a3ordagem Guantitati!a/ deînida a populao/ 3usca<se um crit,rio de representati!idade num,rica
Gue possi3ilite a generalizao dos conceitos teKricos Gue se Guer testar- 4uma 3usca Gualitati!a/
preocupamo<nos menos com a generalizao e mais com o aproûndamento e a3rang8ncia da
compreenso seEa de um grupo social/ de uma organizao/ de uma instituio/ de uma poltica ou de uma
representao-
Seu crit,rio portanto no , num,rico- 2odemos considerar Gue uma amostra ideal , aGuela capaz de
re^letir a totalidade nas suas mltiplas dimensfes- 2ortanto propomos alguns crit,rios 3Isicos para a
amostragem? (a# deînir claramente o grupo social mais rele!ante para as entre!istas e para a o3ser!aoD
(b# no se esgotar enGuanto no delinear o Guadro emprico da pesGuisaD (c# em3ora desen"ada
inicialmente como possi3ilidade/ pre!er um processo de incluso progressi!a encamin"ada pelas
desco3ertas do campo e seu con^ronto com a teoriaD (d# pre!er uma triangulao-
\
Hsto ,/ em lugar de se
restringir a apenas uma ônte da dados/ multiplicar as tentati!as de a3ordagem-
Como conseGi8ncia/ a amostragem Gualitati!a? (a# pri!ilegia os suEeitos sociais Gue det8m os atri3utos
Gue o in!estigador pretende con"ecerD (b# considera<os em nmero suîciente para permitir uma certa
reincid8ncia das inôrmafes/ por,m no despreza inôrmafes mpares cuEo potencial eXplicati!o tem
Gue ser le!ado em contaD (c# entende Gue na sua "omogeneidade ûndamental relati!a aos atri3utos/ o
conEunto de inôrmantes possa ser di!ersiîcado para possi3ilitar a apreenso de semel"anas e diêrenasD
(d# esôra<se para Gue a escol"a do locus e do grupo de o3ser!ao e inôrmao conten"am o conEunto
das eXperi8ncias e eXpressfes Gue se pretende o3Eeti!ar com a pesGuisa-
&omemos como eXemplo uma pesGuisa da A!aliao Pualitati!a da Ateno 2rimIria h Sade numa
â!ela- A amostragem tem Gue
\
&riangulao , um termo usado nas a3ordagens Gualitati!as para indicar o uso concomitante de !Irias t,cnicas de a3ordagens e de
!Irias modalidades de anIlise/ de !Irios inôrmantes e pontos de !ista de o3ser!ao/!isando h !eriîcao e !alidao da pesGuisa-
0alamos mais eXtensi!amente so3re o tema na parte de .alidao e .eriîcao-
0AS$ $a2)*5A&b5HA DA 2$SP(HSA WRU
a3ranger todos os atores Gue compfem o programa/ com 8nâse no grupo social mais rele!ante para a
in!estigao/ isto ,/ âmlias com crianas cuEa âiXa etIria se inclui nessa poltica de sade- Mas dentro
desse grupo seria interessante reco3rir mes Gue rece3em os 3ene^cios do programa e outras Gue no
rece3em/ permitindo contrastes e comparafes- k necessIrio/ por outro lado/ incluir a instituio p3lica/
os proîssionais e agentes de sade responsI!eis pela aplicao da poltica- $ por îm a3ordar outros
suEeitos sociais relacionados com a Guesto como ârmac8uticos/ curandeiros/ reza<deiras etc- Muitos
atores sociais sero desco3ertos no decorrer da pesGuisa/ no eêito de incluso progressi!a na
amostragem- Certamente o nmero de pessoas , menos importante do Gue a teimosia de enXergar a
Guesto so3 !Irias perspecti!as/ pontos de !ista e de o3ser!ao-
A Guesto da !alidade dessa amostragem estI na sua capacidade de obJeti*a o obJeto empiricamente/ em
todas as suas dimensfes-
A $S&5A&kGHA D$ $4&5ADA em campo tem Gue pre!er os detal"es do primeiro impacto da pesGuisa/ ou
seEa/ como apresentI<la/ como apresentar<se/ a Guem se apresentar/ atra!,s de Guem/ com Guem
esta3elecer os primeiros contatos- * processo de in!estigao pre!8 idas ao campo antes do tra3al"o mais
intensi!o/ o Gue permite o ^luir da rede de relafes e poss!eis correfes EI iniciais dos instrumentos de
coleta de dados- 2or îm/ terminada essa âse 3astante prItica mas crucial para o desen!ol!imento da
in!estigao/ sero esta3elecidos os primeiros contatos e o calendIrio de !ia3ilidade e realizao da etapa
emprica-
A 0ase $XploratKria termina ôrmalmente com a entrada em campo- 4a realidade/ como temos repetido
por di!ersas !ezes/ as etapas se interpenetram e o esôro de delinear esse comeo de camin"o tem sua
raiz na teoria e na prItica-
&al!ez a insist8ncia na disciplina e m,todo de construo teKrica e instrumental possa parecer 8nâse
demasiada na tecnologia- 2or,m/ da nossa parte/ esse a!iso de cuidados !em da eXperi8ncia da Irea- So
muitos os estudos Gue encontramos Gue desden"am ora as reêr8ncias teKricas como se o real ôsse
e!idente/ ora o tra3al"o de campo como se a teoria ôsse ^ruto de especulao e o Gue pensamos re^letisse
a imagem do pensado-
J,^0^^0^ -"."."/"-0-".ifa1/1+t/""
CA2H&()* U
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
ili 4&$4D$M*S por Campo/ na pesGuisa Gualitati!a/ o recorte espacial Gue corresponde h a3rang8ncia/ em
termos empricos/ do recorte teKrico correspondente ao o3Eeto da in!estigao- 2or eXemplo/ se se trata de
entender as concepfes de sadeFdoena de determinado grupo socialD se se trata de entender a relao
pedagKgica entre m,dicoFpacienteD se se 3usca compreender o impacto de determinada poltica p3lica
para a populao/ cada um desses temas corresponde a um campo emprico determinado- A pesGuisa
social tra3al"a com gente, com atores sociais em relao/ com grupos especîcos- $sses suEeitos de
in!estigao/ primeiramente/ so construdos teoricamente enGuanto componentes do obJeto de estudo.
4o campo/ âzem parte de uma relao de intersu3Eeti!idade/ de interao social com o pesGuisador/ da
resultando um produto no!o e con^rontante tanto com a realidade concreta como com as "ipKteses e
pressupostos teKricos/ num processo mais amplo de construo de con"ecimentos-
* tra3al"o de campo constitui<se numa etapa essencial da pesGuisa Gualitati!a/ Gue a rigor no poderia ser
pensada sem ele- *pfe<se aos ;sur!eys; Gue trazem os suEeitos para o la3oratKrio do pesGuisador/ mant,m
com eles uma relao estruturada/ segundo Mali<no7ski/ ;um eXcelente esGueleto ao Gual âltam carne e
sangue;- 4a pesGuisa Gualitati!a a interao entre o pesGuisador e os suEeitos pesGuisados , essencial- Sua
preocupao , de Gue ;todo o corpo e sangue da !ida real compon"am o esGueleto das construfes
a3stratas;-
WRV
CA2H&()* U
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
)J4&$4D$M*S por Campo, na pesGuisa Gualitati!a/ o recorte espacial Gue corresponde h a3rang8ncia/
em termos empricos/ do recorte teKrico correspondente ao o3Eeto da in!estigao- 2or eXemplo/ se se
trata de entender as concepfes de sadeFdoena de determinado grupo socialD se se trata de entender a
relao pedagKgica entre m,dicoFpacienteD se se 3usca compreender o impacto de determinada poltica
p3lica para a populao/ cada um desses temas corresponde a um campo emprico determinado- A
pesGuisa social tra3al"a com gente, com atores sociais em relao/ com grupos especîcos- $sses suEeitos
de in!estigao/ primeiramente/ so construdos teoricamente enGuanto componentes do obJeto de estudo.
4o campo/ âzem parte de uma relao de intersu3Eeti!idade/ de interao social com o pesGuisador/ da
resultando um produto no!o e con^rontante tanto com a realidade concreta como com as "ipKteses e
pressupostos teKricos/ num processo mais amplo de construo de con"ecimentos-
* tra3al"o de campo constitui<se numa etapa essencial da pesGuisa Gualitati!a/ Gue a rigor no poderia ser
pensada sem ele- *pfe<se aos ;sur!eys; Gue trazem os suEeitos para o la3oratKrio do pesGuisador/ mant,m
com eles uma relao estruturada/ segundo Mali<no7ski/ ;um eXcelente esGueleto ao Gual âltam carne e
sangue;- 4a pesGuisa Gualitati!a a interao entre o pesGuisador e os suEeitos pesGuisados , essencial- Sua
preocupao , de Gue ;todo o corpo e sangue da !ida real compon"am o esGueleto das construfes
a3stratas;-
WRV
WR\ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
* tra3al"o de campo , de tal ôrma !alorizado na pesGuisa social Gualitati!a Gue ),!i<Strauss
c"ega a aîrmar a seu respeito?
;A pesGuisa de campo/ por onde comea toda carreira etnolKgica/ , me e ama<de<leite da
d!ida/ atitude îlosKîca por eXcel8ncia- $ssa ;d!ida antropolKgica; no consiste apenas em
sa3er Gue no se sa3e nada/ mas em eXpor resolutamente o Gue se acredita!a sa3er e a prKpria
ignorgncia/ aos insultos e aos desmentidos Gue in^ligem a id,ias e "I3itos muito caros/ hGueles
Gue podem contradiz8<los no mais alto grau- Ao contrIrio do Gue a apar8ncia sugere/ , por seu
m,todo mais estritamente îlosKîco Gue a etnologia se distingue da sociologia; 9W[ZV/ QQR:-
),!i<Strauss âz a aîrmao a partir de uma considerao de Merleau<2onty segundo a Gual?
;Cada !ez Gue o cientista social retorna hs ôntes !i!as de seu sa3er/ hGuilo Gue nele opera como
meio de compreender as ôrmafes culturais mais aâstadas de si/ âz îlosoîa
espontaneamente; 9W[ZV/ QQQ:-
As operafes mentais decorrentes das atitudes e prIticas de integrao no campo da pesGuisa/
segundo ),!i<Strauss/ aEudam o in!estigador a con^rontar<se com seu o3Eeto diretamente/ pois
âz assim uma?
;Sociologia de carne e osso Gue mostra os "omens engaEados no seu prKprio de!ir "istKrico e
instalados em seu espao geogrIîco concreto; 9WZV/ QWQ:-
$ acrescenta de ôrma radical a aîrmao de Mauss so3re seu o3Eeto de estudo?
;4o , a prece ou o dom Gue importa entender/ o Gue conta , o melan,sio de tal ou tal il"a-
Contra o teKrico/ o o3ser!ador de!e ter sempre a ltima pala!raD e contra o o3ser!ador/ o
indgena; 9W[ZV/ QWW:-
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WRZ
So componentes do tra3al"o de campo duas categorias ûndamentais Gue tentaremos a3ordar mais
eXausti!amente? (a# C Ente*ista, nome gen,rico no Gual incluiremos diêrentes a3ordagens Gue podem
ser decompostas em? entre!ista a3erta/ entre!ista estruturada/ entre!ista semi<estruturada/ entre!istas
atra!,s de grupos ôcais e "istKrias de !ida- 0azem parte da relao mais ôrmal do tra3al"o de campo em
Gue intencionalmente o pesGuisador recol"e inôrmafes atra!,s da 0A)A dos atores sociais- Dada a
importgncia desse momento da pesGuisa a3ordaremos as di!ersas ôrmas de entre!istas e daremos 8nâse
ao reêrencial teKrico so3re a 0A)A e seu conteXto atra!,s da categoria +epesenta1es Sociais e/ em
particular/ +epesenta1es Sociais de Sade=Doena, (b# C /bse*ao 'aticipante como o momento
Gue enâtiza as relafes inôrmais do pesGuisador no campo- $ssa ;inôrmalidade aparente; re!este<se
por,m de uma s,rie de pressupostos/ de cuidados teKricos e prIticos Gue podem âzer a!anar ou tam3,m
preEudicar o con"ecimento da realidade proposta-
2ela sua importgncia/ o tra3al"o de campo tem Gue ser pensado a partir de reêrenciais teKricos e tam3,m
de aspectos operacionais Gue en!ol!em Guestfes conceituais- Hsto ,/ no se pode pensar um tra3al"o de
campo neutro- A ôrma de realizI<lo re!ela as preocupafes cientîcas dos pesGuisadores Gue selecionam
tanto os âtos a serem coletados como o modo de recol"8<los- $sse cuidado âz<nos lem3rar mais uma !ez
Gue o campo social no , transparente e tanto o pesGuisador como os atores/ suEeitos<o3Eeto da pesGuisa
interêrem dinamicamente no con"ecimento da realidade-
A $4&5$.HS&A
Ao lado da o3ser!ao participante/ a ente*ista _ tomada no sentido amplo de comunicao !er3al/ e no
sentido restrito de col"eita de inôrmafes so3re determinado tema cientîco _ , a t,cnica mais usada no
processo de tra3al"o de campo-
Ja"n 1 Cannell oêrecem<nos a seguinte deînio para o Gue denominam ;entre!ista de pesGuisa;?
WRY 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
;Con!ersa a dois/ êita por iniciati!a do entre!istador/ destinada a ôrnecer inôrmafes pertinentes para
um o3Eeto de pesGuisa/ e entrada 9pelo entre!istador: em temas igualmente pertinentes com !istas a este
o3Eeti!o; 9W[\Q/ VQ:-
A reêrida conceituao poderia ser replicada com peGuenas diêrenas/ pelos diêrentes autores Gue
tratam do tema 9&"iollent? W[ZYD Sc"rader? W[\YD Mic"elat? W[ZVD Jandel? W[ZQD Goode 1 6att? W[VQD
6yman? W[VS:-
Mediante a entre!ista podem ser o3tidos dados de duas naturezas? (a# os Gue se reêrem a âtos Gue o
pesGuisador poderia conseguir atra!,s de outras ôntes como censos/ estatsticas/ registros ci!is/ atestados
de K3itos etc- So dados a Gue )und3erg c"ama ;o3Eeti!os; 9W[S\:D 2arga 4ina denomina ;concretos;
9W[YU: e Gur!itc" 9W[VV: os Gualiîca como pertencentes ao n!el ;ecolKgico ou mor<^ olKgico; da
realidade/ (b# os Gue se reêrem diretamente ao indi! d uo entre!istado/ isto ,/ suas atitudes/ !alores e
opinifes- So inôrmafes ao n!el mais proûndo da realidade Gue os cientistas sociais costumam
denominar ;su3Eeti!os;- SK podem ser conseguidos com a contri3uio dos atores sociais en!ol!idos-
Desta ôrma a entre!ista como ônte de inôrmao ôrnece dados secundIrios e primIrios/ reêrentes/
segundo Ja"oda/ a ;âtosD id,ias/ crenas/ maneira de pensarD opinifes/ sentimentos/ maneiras de sentirD
maneiras de atuarD conduta ou comportamento presente ou ûturoD razfes conscientes ou inconscientes de
determinadas crenas/ sentimentos/ maneiras de atuar ou comportamentos; 9W[VW/WVQ:-
Segundo a ôrma em Gue se estrutura a entre!ista/ ela pode ser de !Irios tipos- 6onningmann oêrece a
seguinte classiîcao? (a# sondagem de opinio/ ela3orada mediante GuestionIrio totalmente estruturado/
onde a escol"a do inôrmante estI condicionada pela multiplicidade de respostas apresentadas pelo
entre!istadorD (b# entre!ista semi<estruturada Gue com3ina perguntas êc"adas 9ou estruturadas: e a3ertas/
onde o entre!istado tem a possi3ilidade de discorrer o tema proposto/ sem respostas ou condifes
preîXadas pelo pesGuisadorD (c# entre!ista a3erta/ Guando o inôrmante discorre li!remente so3re o tema
Gue l"e , propostoD (d# entre!ista no<direti!a ;centrada; ou ;entre!ista ôcalizada; onde se aproûnda a
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WR[
con!ersa so3re determinado tema sem pr,!io roteiroD (e# entre!ista proEeti!a/ isto ,/ centrada em t,cnicas
!isuais 9Guadros/ pinturas/ ôtos: usada Guase sempre para aproûndar inôrmafes so3re determinado
grupo 96onnigmann? W[VS:-
2odemos dizer Gue as diêrentes ôrmas de entre!istas se resumem em ;estruturada; e ;no<estruturada;
entre as Guais "I !Irias modalidades Gue se diêrenciam em maior ou menor grau pelo âto de serem mais
ou menos dirigidas- A entre!ista ôcalizada Gue pode ser êita tanto com um par de interlocutores/ como
em grupo/ tem suas razes no no<direti!ismo de Carl 5ogers e ôi introduzida nas ci8ncias sociais/ de
ôrma mais ela3orada/ por Merton 9W[V\? VSWs:- $la pertence h categoria mais geral de pesGuisa a3erta ou
no<estruturada e !isa a colocar as respostas do suEeito no seu prKprio conteXto/ e!itando<se a pre!al8ncia
comum nos GuestionIrios estruturados/ do Guadro conceituai preesta3elecido do pesGuisador-
A discusso do campo conceituai da ente*ista como t,cnica de coleta de inôrmafes , amplo e
contempla uma s,rie de Guestfes Gue !o desde a îdedignidade do inôrmante ao lugar social do
pesGuisador- 2ara îns de nosso tra3al"o centraremos o tema em dois aspectos Gue retiram a entre!ista do
campo supostamente neutro da ;coleta de dados;/ para a arena dos con^litos e contradifes? (a# $m
primeiro lugar/ trataremos de status dapala*a, dafala indi*idual como re!eladora dos cKdigos de
sistemas e !alores contraditKrios- * assunto nos remete h discusso dos crit,rios de representati!idade da
âla/ particularmente da representati!idade Gualitati!a na pesGuisa socialD (b# $m segundo lugar/
a3ordaremos a discusso do carIter da interao social Gue estI em Eogo na relao
pesGuisadorFpesGuisado- $ste ponto traz luz so3re as implicafes sKcio<polticas/ culturais e ideolKgicas
de uma prItica social Gue pretende ter crit,rios de o3Eeti!idade-
a# C pala!ra como sm3olo de comunicao por eXcel8ncia
* Gue torna a entre!ista instrumento pri!ilegiado de coleta de inôrmafes para as ci8ncias sociais , a
possi3ilidade de a âla ser re!eladora de condifes estruturais/ de sistemas de !aôres/ normas e sm3olos
9sendo ela mesma um deles: e ao mesmo tempo ter a ma<
WWR 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
gia de transmitir/ atra!,s de um porta<!oz/ as representafes de grupos determinados/ em condifes
"istKricas/ sKcio<econjmicas e culturais especîcas-
.Irios estudiosos apontam essa particularidade de a comunicao !er3al ser uma ôrma pri!ilegiada de
interao e para a sua densidade enGuanto âto social-
%ak"tin considera a pala!ra como o ênjmeno ideolKgico por eXcel8ncia? ;a pala!ra , o modo mais puro
e sens!el de relao social;- $ continua?
;$Xiste uma parte muito importante da comunicao ideolKgica Gue no pode ser !inculada a uma esêra
ideolKgica particular? trata<se da comunicao da !ida cotidiana- * material pri!ilegiado de comunicao
na !ida cotidiana , a pala!ra; 9W[Y\? U\s:-
$sse mesmo autor deîne o carIter "istKrico e social da âla como um campo de eXpresso das relafes e
das lutas sociais Gue ao mesmo tempo so^re os eêitos da luta e ser!e de instrumento e de material para a
sua comunicao- Cada ,poca e cada grupo social t8m seu repertKrio de ôrmas de discurso na
comunicao Gue , inteiramente determinada pelas relafes de produo e pela estrutura sKcio<poltica
9W[Y\/\S:- ;A pala!ra , a arena;/ diz ele/ ;onde se con^rontam os !alores sociais contraditKrios;
9W[Y\/WS:- Atra!,s da comunicao !er3al _ Gue , inseparI!el de outras ôrmas de comunicao _ as
pessoas ;re^letem e re^ratam; con^litos e contradifes prKprios do sistema de dominao/ onde a
resist8ncia estI dialeticamente relacionada com a su3misso-
2reocupado com a teoria da prItica da pesGuisa/ %ourdieu contri3ui com algumas pistas/ em resposta a
uma indagao ^reGiente na pesGuisa social/ particularmente nas entre!istas no<estruturadas? $m Gue
sentido a âla de um , representati!a da âla de muitosA Suas re^leXfes se reêrem h interao inôrmal na
situao de o3ser!ao e h relao ôrmal Gue se dI na entre!ista- Segundo a autor/ a identidade de
condifes de eXist8ncia/ tende a reproduzir sistemas de disposifes semel"antes/ atra!,s de uma
"armonizao o3Eeti!a de prIticas e o3ras?
TM E64E78 TRA9A:;< D$ CAM2*
gn de transmitir/ atra!,s de um porta<!oz/ as representafes de grupos determinados/ em condifes
"istKricas/ sKcio<econjmicas e culturais especîcas-
.Irios estudiosos apontam essa particularidade de a comunicao !er3al ser uma ôrma pri!ilegiada de
interao e para a sua densidade enGuanto âto social-
%ak"tin considera a pala!ra como o ênjmeno ideolKgico por eXcel8ncia? ;a pala!ra , o modo mais puro
e sens!el de relao social;- $ continua?
;$Xiste uma parte muito importante da comunicao ideolKgica Gue no pode ser !inculada a uma esêra
ideolKgica particular? trata<se da comunicao da !ida cotidiana- * material pri!ilegiado de comunicao
na !ida cotidiana , a pala!ra; 9W[Y\? U\s:-
$sse mesmo autor deîne o carIter "istKrico e social da âla como um campo de eXpresso das relafes e
das lutas sociais Gue ao mesmo tempo so^re os eêitos da luta e ser!e de instrumento e de material para a
sua comunicao- Cada ,poca e cada grupo social t8m seu repertKrio de ôrmas de discurso na
comunicao Gue , inteiramente determinada pelas relafes de produo e pela estrutura sKcio<poltica
9W[Y\/\S:- ;A pala!ra , a arena;/ diz ele/ ;onde se con^rontam os !alores sociais contraditKrios;
9W[Y\/WS:- Atra!,s da comunicao !er3al _ Gue , inseparI!el de outras ôrmas de comunicao _ as
pessoas ;re^letem e re^ratam; con^litos e contradifes prKprios do sistema de dominao/ onde a
resist8ncia estI dialeticamente relacionada com a su3misso-
2reocupado com a teoria da prItica da pesGuisa/ %ourdieu contri3ui com algumas pistas/ em resposta a
uma indagao ^reGiente na pesGuisa social/ particularmente nas entre!istas no<estruturadas? $m Gue
sentido a âla de um , representati!a da âla de muitosA Suas re^leXfes se reêrem h interao inôrmal na
situao de o3ser!ao e h relao ôrmal Gue se dI na entre!ista- Segundo a autor/ a identidade de
condifes de eXist8ncia/ tende a reproduzir sistemas de disposifes semel"antes/ atra!,s de uma
"armonizao o3Eeti!a de prIticas e o3ras?
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WWW
;&odos os mem3ros do mesmo grupo ou da mesma classe so produtos de condifes o3Eeti!as id8nticas-
Da a possi3ilidade de se eXercer na anIlise da prItica social/ o eêito de uni*esali@ao e de
paticulai@ao, na medida em Gue eles se "omogeneizam/ distinguindo<se dos outros; 9W[ZU/ WYR:-
&eorizando so3ra a prItica da pesGuisa de campo/ aîrma Gue as condutas ordinIrias da !ida se prestam a
uma deci^rao ainda Gue paream automIticas e impessoais- $las so signiîcantes/ mesmo sem inteno
de signiîcar e eXprimem uma realidade o3Eeti!a Gue ;eXige apenas a reati!ao da inteno !i!ida
daGueles Gue as cumprem; 9W[ZU/WYW:- Hnsiste %ourdieu?
;Cada agente/ ainda Gue no sai3a ou Gue no Gueira/ , produtor e reprodutor do sentido o3Eeti!o/ porGue
suas afes so o produto de um modo de agir do Gual ele no , o produtor imediato/ nem tem o domnio
completo; 9W[ZU/WYQ:-
As id,ias de %ourdieu âzem parte do de3ate so3re a Guesto da representat!idade na pesGuisa
Gualitati!a- %aseiam<se no esGuema teKrico do Gue denomina ;"a3itus;/ isto ,?
;(m sistema de disposifes durI!eis e transêr!eis Gue integram todas as eXperi8ncias passadas e
ûnciona a todo momento como matriz de preocupafes/ apreciafes e afes- * >"a3itus> torna poss!el o
cumprimento de tareâs inînitamente diêrenciais/ graas hs transêr8ncias analKgicas de esGuemas Gue
permitem resol!er os pro3lemas/ da mesma ôrma/ graas hs correfes incessantes dos resultados o3tidos
e dialeticamente produzidos por estes resultados; 9%ourdieu? W[ZU/WZY s:-
* autor compara o ;"a3itus; com o inconsciente?
;* inconsciente da "istKria Gue a "istKria produz/ incorporando as estruturas o3Eeti!as Gue ele produz
nesta Guase natureza Gue , o >"a3itus>; 9W[Z/WZ[:-
WWQ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
Dir<se<ia Gue ele , como uma lei ;imanente; depositada em cada ator social desde a primeira in^gncia/ a
partir de seu lugar na estrutura social- So marcas das posifes e situafes de classe-
Segundo %ourdieu/ o ;"a3itus; , a mediao uni!ersalizante Gue proporciona hs prIticas sem razfes
eXplcitas e sem inteno signi<îcante/ de um agente singula, seu sentido/ sua razo e sua organi<cidade-
2ortanto?
;As relafes interpessoais numa pesGuisa/ nunca so apenas ela1es de indi*,duos e a !erdade da
interao no reside inteiramente na interao; 9---: ;, a posio presente e passada na estrutura social Gue
os indi!duos trazem consigo em ôrma de >"a3itus> em todo o tempo e lugar/ Gue marca a relao;
9W[ZU/WYS:-
Sapir concorda com %ourdieu Guando aîrma Gue ;o indi!duo , um portador passi!o de tradifes;- $ ele
mesmo se corrige ao deînir em termos mais dingmicos Gue
;* indi!duo concretiza so3 mil ôrmas poss!eis id,ias e modos de comportamento implicitamente
inerentes hs estruturas ou hs tradifes de uma sociedade dada; 9W[\Z/ Y[:-
Acrescenta/ reêrindo<se h entre!ista?
;Se um testemun"o indi!idual , gra!ado ou comunicado/ isto no Guer dizer Gue se considera tal
indi!duo precioso em si mesmo- $ssa entidade adulta e singular , tomada como amostra da
continuidade; 9W[\Z/ [R:-
$ssa possi3ilidade eXiste/ na medida em Gue o comportamento social e o indi!idual o3edece a modelos
culturais interiorizados/ ainda Gue de ôrma con^litante- Goldmann nos lem3ra Gue a consci8ncia coleti!a
9de classe: sK eXiste nas consci8ncias indi!iduais/ em3ora no seEa a soma delas 9W[\Z/WY: e )ukIcs
concorda Gue nas consci8ncias indi!iduais se eXpressa a consci8ncia coleti!a/ pois o pensamento
indi!idual se integra no conEunto da !ida social pela anIlise da ûno "istKrica das classes sociais 9W[ZS/
\\:-
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WWU
As citadas re^leXfes Gue respondem h Guesto da representati<!idade Gualitati!a do indi!duo em relao
h sociedade conduzem a outras perguntas? em Gue condifes esses indi!duos representam e em Gue
medida o indi!duo âla por si mesmoA 4outras pala!ras/ os indi!duos so aleatoriamente
intercam3iI!eisA
Sim e no/ seria a resposta- 2orGue ao mesmo tempo em Gue os modelos culturais interiorizados so
re!elados numa entre!ista/ eles re^letem o carIter "istKrico e especîco das relafes sociais- Desta ôrma
os depoimentos t8m Gue ser colocados num conteXto de classe/ mas tam3,m de pertin8ncia a uma
gerao/ a um seXo/ a îliafes diêrenciadas etc- $ porGue cada ator social se caracteriza por sua
participao/ no seu tempo "istKrico/ num certo nmero de grupos sociais/ inôrma so3re uma
;su3cultura; Gue l"e , especîca e tem relafes diêrenciadas com a cultura dominante-
Al,m disso/ como aîrma Sc"utz/ cada ator social e8peimenta e con$ece o âto social de ôrma peculiar-
k a constelao das diêrentes inôrmafes indi!iduais !i!enciadas em comum por um grupo/ Gue permite
compor o Guadro glo3al das estruturas e das relafes/ onde o mais importante no , a soma dos
elementos/ mas a compreenso dos modelos culturais e da particularidade das determinafes 9W[VS/ Q\\:-
$ssa compreenso do indi!duo como representati!o tem portanto Gue ser completada com as !ariI!eis
prKprias tanto da especiîcidade "istKrica como dos determinantes das relafes sociais- $/ tam3,m/ dentro
do prKprio grupo ou comunidade al!o da pesGuisa/ com uma di!ersiîcao Gue contemple as "ipKteses/
pressupostos e !ariI!eis estrat,gicas pre!istas para a compreenso do o3Eeto de estudo- -<C rH'
b# C interao entre o pesGuisador e os atores sociais no campo
Com relao aos aspectos do intercgm3io pesGuisadorFpesGuisado/ as o3ser!afes em de3ate nas Ci8ncias
Sociais so de dois n!eis/ <am3as dando rele!gncia ao carIter pro3lemItico da interao- De um lado
esto as teorias Gue enâtizam a situao de desigualdade em Gue a entre!ista se processa- Suas
conclusfes tendem a se îXar em posifes ;reprodut!istas;- De outro lado esto os Gue ressaltam/ do
WWS 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
ponto de !ista cultural/ a interao como algo intrinsecamente con^li<ti!o- 2or,m/ conêre autoria do
produto ao pesGuisador e aos pesGuisados/ recon"ecendo a possi3ilidade de uns e outros marcarem a
Gualidade do des!endamento do social-
A premissa 3Isica/ em am3os os casos/ , de Gue ente*ista no , simplesmente um tra3al"o de coleta de
dados/ mas sempre uma situao de inteao na Gual as inôrmafes dadas pelos suEeitos podem ser
proûndamente aêtadas pela natureza de suas relafes com o entre!istador-
Dentro da primeira concepo apontada acima/ entendemos a situao de ente*ista% (a# Como uma troca
desigual entre os atores da relao- Hsso acontece so3 !Irios gngulos? no , o entre!istado Gue toma
iniciati!aD os o3Eeti!os reais da pesGuisa geralmente l"e so estran"osD sua c"ance de tomar iniciati!a em
relao ao tema , pouca? , o pesGuisador Gue dirige/ controla e orienta as digressfes e concede a pala!ra/
mesmo Guando tenta deiXI<lo h !ontade- A atitude simpItica e 3en,!ola do estudioso minimiza o impacto/
mas no anula a relao institucional entre os atores da interao colocados em posio de desigualdade-
Mesmo nas c"amadas ;pesGuisa participante; e ;pesGuisa<ao; essas Guestfes se colocam/ em3ora de
ôrma diêrenteD (b# A pesGuisa îca prisioneira da di!iso social do tra3al"o tradicional na sociedade
capitalista onde o pesGuisador/ em posio institucional de poder/ se atri3ui o la3or do Guestionamento
dos outros/ da sociedade e de si mesmoD o suEeito 9o entre!istado: ;produz; material Gue serI
ulteriormente ;eXplorado;/ conôrme sugere )illiane Jandel?
;Com Guadros de reêr8ncias e o3Eeti!os Gue na maioria das !ezes so estran"os- A reciprocidade Guando
eXiste 9direito de interrogar o interrogador: , outorgada; 9W[ZQ/ QV<S\:-
Certamente o recon"ecimento dos dois condicionantes da situao de pesGuisa des!enda os aspectos da
dominao implcitos na prItica da in!estigao social/ tal como , le!ada nos centros acad8micos- $ssa
re!elao/ Gue tem por !ezes resultado em atitudes de imo3ilismo em relao h prItica da pesGuisa/ para
ser coerente/ necessita se colocar ao n!el da totalidade das relafes no sistema capitalista-
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WWV
4o , apenas a situao de pesGuisa Gue realiza de ôrma especîca uma ôrma de dominao/ mas ela
em si âz parte do conEunto de reproduo das desigualdades Gue permeiam a di!iso social do tra3al"o
no sistema do Gual âzemos parte- 5econ"ecer isso no isenta as implicafes de ordem sKcio<poltica e
ideolKgica da relao de entre!ista/ mas signiîca colocI<la e interpretI<la con"ecendo as suas condifes-
2or outro lado/ a compreenso das teias da dominao Gue se emaran"am nas relafes sociais nos
conduzem a perguntar pelas 3rec"as e pelo poder dos dominados na interao- Hsto ,/ em Gue medida as
inôrmafes dadas/ as situafes criadas/ os lastros de aliana no re^letem tam3,m a eXpresso de seus
interesses-
A posio radical da sociologia Gue !8 na pesGuisa apenas maniêstao e reproduo do poder ,
paralisante e cria a imagem do 3eco sem sada para as relafes de classes- $la , to mecgnica e to pouco
dial,tica como o empirismo positi!ista Gue descon"ece as condifes reais de produo do con"ecimento-
2ortanto/ a dissimetria nas posifes do entre!istadorFentre!istado tem Gue ser compreendida e assumida
criticamente em todo o processo de construo do sa3er- * impacto resultante do pertenci<mento a outra
classe/ Gue se concretiza em eXperi8ncias socioculturais e at, con^litantes/ , um dado condicionante da
pesGuisa/ Eunto com todos os outros âtores Gue acompan"am GualGuer uma de suas âses-
6I outros autores Gue/ em lugar de analisar a interao pesGuisadorFpesGuisado a partir dos
condicionantes dados pelas relafes sociais mais amplas/ de3ruam<se so3re os elementos interiores da
interao- So/ em geral/ antropKlogos/ Gue a partir de sua eXperi8ncia de campo/ das diîculdades
encontradas tanto na o3ser!ao como nas entre!istas/ pfem em e!id8ncia a precariedade do conceito
îlosKîco de ;!erdade; no la3or da in!estigao- Mostram as diîculdades de penetrao no mundo dos
outros e colocam em discusso a pretensa o3Eeti!idade na situao de pesGuisa- A realidade social , um
lusco<ûsco/ mundo de som3ras e luzes em Gue os atores re!elam e escondem seus segredos grupais- $m
lugar do carIter de ;passi!idade; Gue as teorias reproduti!istas e positi!istas/ so3 pontos de !ista
diêrentes/ conêrem aos entre!istados/ esses autores 9intera<
WW\ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
cionistas sim3Klicos e ênomenologistas: os proEetam agindo e reagindo durante todo o processo de
contato com o pesGuisador-
$Xemplos desses estudiosos/ Go^^man e %erreman ela3oraram de ôrma plIstica e carregada de detal"es
sua re^leXo so3re o intercgm3io pesGuisadorFpesGuisado- (sam a imagem do teatro/ para mostrar Gue
am3os so simultaneamente atores e p3lico na montagem de um espetIculo singular? sua inter<relao
mediada por cKdigos culturais especîcos e de interesses diêrenciados Gue am3os tentam preser!ar e
proEetar-
4a relao do entre!istador com seus inôrmantes/ diz Go^^man?
;0reGientemente desco3rimos uma di!iso entre a egio inteio, onde a representao de uma rotina ,
preparadaD e egio e8teio, onde a representao , apresentada- * acesso a essas regifes , controlado/ a
îm de impedir Gue a plat,ia !eEa os 3astidores e Gue estran"os ten"am acesso a uma representao Gue
no se dirige a eles; 9W[VS/ QUY:-
$ssa re^leXo ser!e de 3ase para a anIlise de %erreman so3re as suas diîculdades de acesso a
inôrmafes numa comunidade "ima<laia- * ttulo do estudo de %erreman , muito sugesti!o? 'o det"s
de muitas m"scaas 9W[ZV/ WQU<WZZ:- Constata Gue sua eXperi8ncia de tentar entender uma comunidade
muito êc"ada segmentada em castas/ com cKdigos culturais rgidos e totalmente estran"os para ele/
guardadas as peculiaridades/ tem condifes de ser uni!ersalizada e compartil"ada com outros
pesGuisadores-
A ;regio interior; pode ser maior ou menor/ mas GualGuer grupo guarda seus segredos/ seu lado oîcial e
tem sua estrat,gia comportamental do dia<a<dia- Ainda Gue internamente esses grupos manten"am
diêrenas e con^litos/ sua eXist8ncia depende de um certo grau de âmiliaridade e solidariedade Gue
implica partil"a de signiîcados/ de segredos/ de zonas e temas proi3idos/ do Gue pode ou no ser dito-
Go^^man aîrma Gue "I muito poucas ati!idades ou relafes cotidianas cuEos atores no se en!ol!am em
prIticas ocultas/ Gue so incompat!eis com as impressfes promo!idas 9W[V[/\S:-
A essa tentati!a de Eogo de cena entre pesGuisador e inôrmantes para manter em sigilo sua ;regio
interior;/ Go^^man denomina
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WWY 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
propcios h captao de n!eis mais proûndos da realidade/ "I/ ao n!el dos indi!duos/ inôrmantes
particularmente ;estrat,gicos; para re!elar os segredos do grupo-
Go^^man/ continuando com sua imagem do teatro/ comenta Gue?
;(m compan"eiro destitudo , sempre pass!el de tornar<se um renegado e !ender h plat,ia os segredos
da pea Gue seus irmos de ontem ainda representam- Cada papel tem seus sacerdotes destitudos de suas
!estes para nos contarem o Gue acontece no mosteiro; 9W[V[/W\S:-
2or isso , Gue geralmente GualGuer grupo cuida de eXercer uma certa !igilgncia so3re os indi!duos e suas
inôrmafes/ particularmente so3re os suspeitos de âlarem demasiado- Puando o tema , proi3ido/ "I
sempre alguma comunicao conspiratKria/ cuidadosamente êita de ôrma a no le!antar suspeitas so3re
os in^ratores- *u ento/ as re!elafes de 3astidores so dadas por pessoas/ no<mem3ros do grupo em
Guesto- 6I situafes em Gue o pesGuisador , escol"ido/ ele prKprio/ como conîdente e/ desta ôrma/
passa a compor a regio interior tam3,m/ mas so3 condio de no a re!elar- Hsto ,/ passa a ser
considerado um do grupo-
%erreman constatou/ a partir de sua eXperi8ncia/ Gue dentro de uma coleti!idade "I alguns segmentos Gue
correm ;o risco do desempen"o;? so crianas/ os 383ados/ as mul"eres e os !el"os- So pessoas tratadas
como no<pessoas ou como no inteiramente "umanas- 6I sempre o perigo de Gue esses atores re!elem
os 3astidores e seEam le!ados a s,rio pela ;plat,ia;- %arnett ressalta Gue os mem3ros deslocados ou
insatisêitos de uma sociedade so inôrmantes mais a3ertos Guanto hs ;regifes interiores; 9W[VU/ UZY:-
2elo contrIrio/ os inôrmantes mais relutantes em a3rir a cortina dos dados so adultos comprometidos
com o desempen"o do grupo-
4a eXperi8ncia de %erreman 9W[ZV/WZW: ôram consistentemente $omens de UV a VV anos de idade os
inôrmantes mais di^ceis- 4a sociedade pesGuisada por ele/ esses atores sociais no sK tenta!am îcar ao
n!el da imagem oîcial/ mas eXerciam uma censura so3re a âla de suas esposas/ îl"os mais Eo!ens e
so3re os mais idosos-
&al!ez em conteXtos diêrentes/ a categoria mais resistente ao
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WW[
ass,dio do pesGuisador a seu mundo particular/ seria outra e no os "omens de UV a VV anos- Mas o
princpio de preser!ao do ;risco do desempen"o; seria o mesmo?
;$u sugeriria ser geralmente !erdadeiro;/ diz %erreman/ ;Gue os inôrmantes mais relutantes acerca dos
assuntos Gue no seEam da lin"a oîcial/ ou do desempen"o da regio eXterior/ so aGueles Gue t8m a
maior responsa3ilidade pela produo do desempen"o/ portanto/ o maior compromisso com seu sucesso;
9W[ZV/WZQ:-
Jo"n Dean c"egou a âzer uma caracterizao ;estereotipada; de alguns atores sociais por ele
considerados pri!ilegiados para re!elar os 3astidores da realidade?
_ o ;intruso;/ algu,m de ôra ou de outra classe Gue perce3e o grupo social em Guesto a partir de outro
reêrencialD
_ o ;recruta; ou no!ato/ Gue se surpreende com detal"es/ estran"ando coisas Gue para outros seriam
consideradas 3anaisD
_ o ;status no!o;/ Gue por estar numa etapa de transio de pap,is/ encontra<se marcado por tensfes e
receios da no!a eXperi8nciaD
_ o ;natural;/ Gue possui uma re^leXo 3astante ela3orada da realidade e consegue eXpressI<la com
!i!acidade- 9.ale aGui aGuela distino de Sc"utz entre Guem !i!8ncia e Guem con"ece-: * con"ecedor
seria um ;sI3io; em relao ao seu conteXtoD
_ o ; ing8nuo;/ Gue no se policia nem em relao ao Gue diz so3re sua coleti!idade e nem em relao
ao pesGuisador- A3re as cortinas do 3astidor com mais âcilidade porGue no perce3e as implicafes de
seus atosD
_ o ;^rustrado; ou ;re!oltado;/ Gue se sente 3loGueado em seus impulsos e deseEos pela sociedade de Gue
, parteD
_ os ;de ôra; ou ;marginais;/ Gue esto ausentes do Eogo e dos interesses do esGuema oîcial mas Gue
;sa3em das coisas;- 2or estarem aliEados do desempen"o/ sentem<se li!res para criticI<losD
_ os ;"a3itues;/ isto ,/ os Gue EI no t8m mais nada a perder Guando re!elam os ;segredos; do poder ou
do grupoD
_ o ;carente;/ Gue sente necessidade de se colar ao entre!istador e se sente importante por auXiliI<loD
WQR 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
_ o ;su3ordinado;/ Gue por se adaptar sempre aos superiores/ con"ece os segredos e as transgressfes
9Dean? W[VS/ QQQ<QV\:-
A ôrma estereotipada de classiîcao/ naturalmente/ tem suas âl"as intrnsecas- $la , o prKprio
construto do senso comum do pesGuisador a partir de sua eXperi8ncia/ Gue no esgota todas as
possi3ilidades de inôrmantes pri!ilegiados- De GualGuer ôrma a re^leXo de Dean aEuda a pesar ainda
mais as diîculdades de con"ecimento da realidade social- So3re a compleXidade do tema !ale a pena
repetir para sintetizar as o3ser!afes de %erreman? (a# primeiro/ Gue o controle das impressfes constitui
um aspecto inerente a GualGuer interao socialD (b# GualGuer pesGuisa social emprica competente de!e
le!ar em conta o desempen"o montado para o pesGuisador 9unio da o3ser!ao com entre!ista ôrmal: e
o Gue resulta da/ isto ,/ os esôros empregados na sua produo e as situafes de 3astidores Gue ocultaD
(c# tanto a !iso oîcial transmitida 9a regio eXterior: como segredos de 3astidores 9regio interior: so
componentes essenciais da realidade- A relao desses dois mundos/ e sua produo de signiîcados so
material imprescind!el da pesGuisa 9W[ZV/WQU<WZS:-
A concluso inicial , de Gue toda entre!ista/ como interao social/ estI suEeita h mesma dingmica das
relafes eXistentes na nossa sociedade- Puando se trata de uma sociedade con^liti!a como a nossa/ cada
entre!ista eXpressa de ôrma diêrenciada essa luz e som3ra da realidade/ tanto no ato de realizI<la como
nas inôrmafes Gue a so produzidas- Al,m disso/ pelo âto de captar ôrmalmente inôrmafes so3re
determinado tema/ a entre!ista tem Gue ser incorporada a seu conteXto e !ir acompan"ada/
complementada ou como parte da o3ser!ao participante- Desta ôrma/ al,m da âla mais ou menos
dirigida/ captam<se as relafes/ as prIticas/ os gestos e cumplicidades e a âla inôrmal so3re o cotidiano-
c# C $ntre!ista 4o<$struturada O%,TKiN%s;
A entre!ista na pesGuisa social/ como EI !imos na introduo/ reco3re uma s,rie de modalidades t,cnicas
de comunicao !er3al Gue podem se reunir em? (a# entre!ista estruturada atra!,s de GuestionIrios
aplicados diretamente pelo pesGuisador ou indiretamente
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WQW
atra!,s de roteiros êc"ados escritosD (b# as entre!istas semi<estrutu<radas ou no<estruturadas entre as
Guais inclumos a "istKria de !ida e as discussfes de grupo- Am3as podem ser êitas !er3almente ou por
escrito/ mas tradicionalmente incluem a presena ou interao direta entre o pesGuisador e os atores
sociais e so complementadas por uma prItica de o3ser!ao participante-
4o ca3eria neste tra3al"o/ Gue se limita h pesGuisa Gualitati!a/ âlar so3re todas as !irtudes da entre!ista
êc"ada- 6I li!ros especîcos Gue no sK ensinam a ela3orar GuestionIrios como todos os cuidados e
rigor cientîco eXigidos para a sua !alidade como instrumento de captao de dados- Mas trata<se de
conêrir<l"e um lugar de complementaridade com as t,cnicas de aproûndamento Gualitati!o-
Compreendemos sua adeGuao para determinados îns/ tal , o caso das ;2esGuisas de Hntelig8ncia; ou
;Construo de Hndicadores; como EI ôi eXplorado no primeiro captulo- A 2esGuisa $pidemiolKgi<ca
tradicionalmente se âz atra!,s de m,todos e t,cnicas Guantitati!as- Apenas atualmente os
epidemiologistas comeam a se Guestionar so3re a necessidade de incorporao da a3ordagem Gualitati!a-
Puando se trata de apreender sistemas de !alores/ de normas/ de representafes de determinado grupo
social/ ou Guando se trata de compreender relafes/ o GuestionIrio se re!ela insuîciente-
Mic"elat resume/ em seu estudo/ as crticas mais comuns ao roteiro êc"ado/ para as Ci8ncias Sociais? (a#
primeiramente a entre!ista por GuestionIrio estrutura completamente o campo de in!estigao a partir do
pesGuisadorD , ele Guem ôrmula as Guestfes/ Gue det,m o monopKlio da inGuirio e da rele!gncia dos
dadosD (b# desta ôrma eXiste um aâstamento entre a signiîcao do pesGuisador/ as respostas Gue propfe
aos entre!istados e as signiîcafes Gue as Guestfes t8m para os inôrmantes 9Mic"elat? W[ZV/ QQ[<QSZ:-
A entre!ista semi<estrururada e no<estruturada diêre apenas em grau/ porGue na !erdade nen"uma
interao/ para înalidade de pesGuisa/ se coloca de ôrma totalmente a3erta- $la parte da ela3orao de
um roteiro/ so3re o Gual EI âlamos mais intensamente no Captulo Q- Suas Gualidades consistem em
enumerar de ôrma mais a3rangente poss!el as Guestfes Gue o pesGuisador Guer a3ordar no campo/ a
partir de suas "ipKteses ou pressupostos/ ad!indos/ o3!iamente/ da deînio do o3Eeto de in!estigao-
2arga 4ina 9W[YU:
WQQ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
costuma deînir a entre!ista no<estruturada ou tam3,m c"amada ;a3erta; como ;con!ersa com
înalidade; onde o roteiro ser!e de orientao/ de 3aliza para o pesGuisador e no de cerceamento da âla
dos entre!istados-
4o se pode descon"ecer/ em nen"uma circunstgncia/ con^litos e diîculdades decorrentes da situao ou
condio de entre!ista EI citados- A entre!ista a3erta no cura as diêrenas e nem diminui as distgncias
estruturais- Suas Gualidades para estudo da realidade social se colocam dentro das relafes sociais
contraditKrias e su3missas aos mesmos Guestionamentos a respeito da di!iso social do tra3al"o e das
dissimetrias socioculturais- Dentro da perspecti!a e limitafes citadas recon"ecemos a sua importgncia
para a construo do con"ecimento so3re o social/ incluindo<se aGui a Guesto da sade-
A inôrmao no<estruturada persegue !Irios o3Eeti!os? (a# a descrio do caso indi!idualD (b# a
compreenso das especiîcidades culturais mais proûndas dos gruposD (c# a compara3ilidade de di!ersos
casos-
2rocura atingir essas metas/ tentando manter a margem de mo!imentao dos inôrmantes to amplas
Guanto poss!el/ e o tipo de relacionamento li!re de amarras/ inôrmal e a3erto dentro das limitafes EI
con"ecidas- * entre!istador se li3era de ôrmulafes preîXadas/ para introduzir perguntas ou âzer
inter!enfes Gue !isam a a3rir o campo de eXplanao do entre!istado ou a aproûndar o n!el de
inôrmafes ou opinifes-
A ordem dos assuntos a3ordados no o3edece a uma seGi8ncia rgida e/ sim/ , determinada
^reGientemente pelas prKprias preocupafes e 8nâses Gue os entre!istados do aos assuntos em pauta- A
Guantidade de material produzida tende a ser maior e com um grau de proûndidade incomparI!el em
relao ao GuestionIrio/ porGue a aproXimao Gualitati!a permite atingir regifes inacess!eis h simples
pergunta e resposta- A a3ordagem desses diêrentes n!eis tem sido uma Guesto ûndamental das
Ci8ncias Sociais/ aproûndada -o" alguns autores-
4o estudo da realidade social Gur!itc" entende Gue "I !Irios -iaos Gue se superpfem? a primeira
camada/ segundo ele/ seria?
> A s$-e"f#ie ecolKgica e rriorôlKgica no sentido lato do termo/ os
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WQU
am3ientes tanto naturais como t,cnicos/ os o3Eeti!os/ os corpos e os comportamentos Gue participam da
!ida social e captI!eis pela percepo eXterior; 9---: em seguida/;as condutas preesta3elecidas Gue so
conduzidas/ "ierarGuizadas/ centralizadas/ segundo certos modelos re^letidos e îXados pre!iamente em
esGuemas mais ou menos rgidos;- 9---: e por îm ;pap,is sociais assumidos por indi!duos e por grupos/
as atitudes coleti!as/ os sm3olos sociais; 9W[VV/WRS<WWU:-
Gur!itc" termina assim suas o3ser!afes/ altamente pertinentes ao pesGuisador de campo?
;2arece imposs!el compreender a realidade social total/ se no se admite Gue esta superposio de planos
su3metidos a um determinante mais ou menos ^leX!el/ repousa so3re um solo !ulcgnico/ onde se agita o
Gue "I de mais espontgneo e inesperado na !ida coleti!a? as condutas criadoras/ as id,ias e !alores
coleti!os/ os estados mentais e os atos psGuicos coleti!os; 9W[VS/WWU:-
4outras pala!ras/ Gur!itc" c"ama ateno para o âto de Gue essas ;camadas; da realidade no so
estanGues- $las interagem e reagem dinamicamente e , nesse mo!imento Gue podem ser apreendidas-
Segundo Mic"elat/ se consideramos 9como EI îcou eXplanado na primeira parte: Gue cada indi!duo/
apreendido atra!,s das inôrmafes sintomIticas ôrnecidas pela entre!ista/ , uma aplicao restrita e
peculiar de sua cultura e de sua su3cultura/ podemos dizer em conseGi8ncia? (a# Guanto mais importante ,
o material produzido na entre!ista/ mais ele se enriGuece ao atingir n!eis mais proûndosD (b# a ordem
aêti!a e da eXperi8ncia , mais determinante dos comportamentos do Gue o lado racional
;intelectualizado;D (c# a entre!ista o menos estruturada poss!el permite surgir e comunicar esse n!el
sKcio<aêti!o<eXistencial 9W[ZV/ QUR:-
A re^leXo de Mic"elat !ai contra a ;o3Eeti!idade; !ista so3 o gngulo positi!ista Gue se traduz no no<
en!ol!imento/ no uso cuidadoso da linguagem precisa/ no controle rgido de atitudes corporais/
îsionjmicas/ de gestos/ ^rases e pala!ras/ a preteXto de ;neutralidade; condizente com o ;processo
cientîco de con"ecimento;-
WQS 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
4o caso da pesGuisa Gualitati!a/ ao contrIrio/ o en!ol!imento do entre!istado com o entre!istador/ em
lugar de ser tomado como uma âl"a ou um risco comprometedor da o3Eeti!idade/ , pensado como
condio de aproûndamento de uma relao ntersu3Eeti!a- Assume<se Gue a inter<relao no ato da
entre!ista contempla o aêti!o/ o eXistencial/ o conteXto do dia<a<dia/ as eXperi8ncias/ e a linguagem do
senso comum/ e , condio ;sine Gua non; do 8Xito da pesGuisa Gualitati!a-
;Sem intropatia , di^cil se compreender os aspectos su3Eeti!os da deînio da situao do entre!istado;/
diz 2arga 4ina 9W[YU/ !ol- W/ QY:- A Guem pensa no perigo de o entre!istador se perder nessa imerso da
realidade/ ),!i<Strauss a!isa?
;$ 3em um âto o3Eeti!o Gue/ o mesmo esprito Gue se entregou h eXperi8ncia e se deiXou modelar por
ela/ se torne o teatro das operafes mentais Gue no anulam as inôrmafes da eXperi8ncia/ mas
transôrmam a eXperi8ncia em modelo/ tornando poss!eis outras operafes mentais; 9W[ZV/ QWZ:-
$m 3ssai su le Don Mareei Mauss nos conduz a !er/ na interseo de duas su3Eeti!idades/ a ordem de
!erdade mais aproXimada h Gual as ci8ncias do "omem podem pretender/ Guando en^rentam a totalidade
de seu o3Eeto 9W[ZV/ QWQ:-
As considerafes/ do Gue eu c"amaria Gualidades da entre!ista no<estruturada/ nos introduzem agora em
Guestfes especîcas Gue necessitam ser aproûndadas e remetem h prItica concreta-
c-l < A primeira delas , a prKpria intoduo do ente*istado no campo Gue pode ser assim desdo3rada?
(a# Cpesentao% o princpio 3Isico em relao a isso , Gue uma pessoa de conîana do entre!istado
9lder da coleti!idade/ pessoa con"ecida e3em aceita: âa a mediao entre ele e o pesGuisador- Seria
muito a""is#ado entrar sem reêr8ncia de lealdade/ em GualGuer grupo ou
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WQV
comunidade/ seEa de Gue grupo ou classe ôrD (b# Meno do inteesse da pes(uisa discorrendo so3re o
Gue pode direta ou indiretamente contri3uir com as preocupafes dK entre!istadoD meno da instituio h
Gual estI !inculada- 2re!8<se a con!eni8ncia de apresentao de uma credencial institucional do
pesGuisador 9em geral/ Guando se trata de uma pesGuisa com segmentos das classes tra3al"adoras/ onde
os laos de lealdade e solidariedade culturalmente so muito ôrtes/ a mel"or credencial , a apresentao
de algu,m de conîana do inôrmante:/ (c# E8plicao dos moti*os da pes(uisa em linguagem de senso
comum/ em respeito aos Gue no necessariamente dominam os cKdigos das ci8ncias sociaisD (d#
Justiîcati!a da escol"a do entre!istadoD (e# Garantia de anomicidade da entre!ista e a garantia de sigilo
so3re a autoria das respostas Gue aparecem no conEunto do tra3al"o- (f# Con*esa Inicial a Gue alguns
pesGuisadores denominam ;aGuecimento;- &rata<se de Gue3rar o geloD de ter a resposta do agente social
so3re a sua disponi3ilidade de dar inôrmafesD de criar um clima o mais poss!el descontrado e de
con!ersa- 4o caso de estar com3inada com a o3ser!ao participante/ a construo da identidade do
pesGuisador pelo grupo !ai se ôrEando nas !Irias instgncias de con!i!8ncia-
*3!iamente/ os procedimentos enumerados anteriormente no so nem normas rgidas/ nem um
preceituIrio a ser cumprido ininterruptamente pelo pesGuisador- So afes Gue se cumprem no processo
de interao e em poss!el diIlogo com o interlocutor- Sua introduo no tra3al"o de!e<se antes a uma
tentati!a de comunicao de eXperi8ncia/ do Gue de instituio de regras e normas/ a serem seguidas-
$m adendo hs Guestfes gerais le!antadas so3re a entre!ista no<estruturada/ âzemos meno h ?ist!ia
de 2ida e h Discusso em Iupo como estrat,gias importantes em si mesmas de captao de inôrmafes
Gualitati!as- Mas c"amamos ateno para o seu carIter complementar no conEunto de uma ;3ateria; de
instrumentos Gue podem e de!em ser empregados para a compreenso da realidade social-
WQ\ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
C?ist!ia de 2ida
Segundo Denzin?
;A 6istKria de .ida apresenta as eXperi8ncias e as deînifes !i!idas por uma pessoa/ um grupo/ uma
organizao/ como esta pessoa/ esta organizao ou este grupo interpretam sua eXperi8ncia; 9W[ZU/ QQR:-
Denzin , um entusiasta da $ist!ia de *ida como estrat,gia de compreenso da realidade- Seu teXto so3re
o tema em &"e +eseac$ Cct trata da deînio e dos pressupostos do m,todo/ das !Irias modalidades da
"istKria de !ida/ da sua relao com a "istoriograîa clIssica/ das estrat,gias analticas e da rele!gncia
dessa t,cnica para as Ci8ncias Sociais 9W[ZU/ QW[<QV[:-
2ara as înalidades a Gue se propfe nosso tra3al"o/ limitaremos o campo de re^leXo so3re os
pressupostos da t,cnica de coleta de dados e de interao/ as suas principais modalidades/ os detal"es da
etapa de tra3al"o de campo e as !antagens especîcas da "istKria de !ida para as Ci8ncias Sociais-
Denzin menciona !Irios tipos de "istKria de !ida? (a# a "istKria de !ida completa Gue reco3re todo o
conEunto da eXperi8ncia !i!ida por uma pessoa/ um grupo ou uma instituioD (b# a "istKria de !ida tKpica
Gue dI 8nâse a determinada etapa ou setor da !ida pessoal ou de uma organizao- Acrescentamos a
"istKria oral Gue geralmente ôcaliza acontecimentos especîcos tal como ôram !i!enciados por uma
pessoa ou grupo social-
A "istKria de !ida pode ser escrita ou !er3alizada- 2ara as înalidades de nosso tra3al"o damos 8nâse
hGuela Gue , realizada como uma ente*ista polongada, na Gual o pesGuisador constantemente interage
com o inôrmante- AGuela Gue com3ina o3ser!ao/ relatos introspecti!os de lem3ranas e rele!gncias e
roteiros mais ou menos centrados em algum tema-
Como podemos perce3er/ os pressupostos teKricos Gue !alidam a "istKria de !ida so da mesma natureza
dos Gue ûndamentam a entre!ista e a o3ser!ao participante- $la , instrumento pri!ilegiado para se
interpretar o processo social a partir das pessoas en!ol!idas/
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WQZ
na medida em Gue se consideram as eXperi8ncias su3Eeti!as como dados importantes Gue âlam
al,m e atra!,s delas-
%ourdieu apresenta a "istKria do indi!duo como sendo sempre uma certa especiîcao da
"istKria coleti!a de seu grupo e sua classe?
;2odemos !er;/ diz ele/ ;nos sistemas de disposifes indi!iduais/ *aiantes estutuais de
$abitus de grupo e de classe/ sistematicamente organizados nas diêrenas Gue os separam? o
estilo pessoal/ isto ,/ esta marca particular Gue trazem todos os produtos de um mesmo $abitus,
, uma !ariao em relao ao estilo de uma ,poca ou de uma classe; 9W[ZU/WY[:-
.Irios cientistas sociais Gue usam a t,cnica da "istKria de !ida a colocam num papel
complementar ao das entre!istas/ dos GuestionIrios e da o3ser!ao participante- %ecker amplia
o gm3ito de sua importgncia- Sugere Gue ela sir!a como pedra de toGue/ atra!,s da Gual teorias/
"ipKteses e pressuposifes possam ser a!aliadas- 4a medida em Gue acrescenta dados pessoais e
!isfes su3Eeti!as a partir de determinado lugar social/ permite a3rir camin"os de in!estigao
em Ireas Gue pareciam resol!idas/ tanto no campo das rotinas institucionais como dos processos
e relafes sociais- Al,m disso/ tem o potencial de conseguir dados di^ceis e Guase inacess!eis
atra!,s da eXperimentao ou ;sur!eys; retrospecti!os 9%ecker? W[\\/ a<a.HHH:-
Denzin aîrma Gue a "istKria de !ida pode ser o mel"or m,todo para se estudar processos de
socializao/ emerg8ncia de um grupo/ estrutura organizacional/ nascimento e declnio de uma
relao social e respostas situacionais a conting8ncias cotidianas 9Denzin? W[ZU/ QVZ:-
0raser/ na introduo ao 3elssimo tra3al"o de "istKria oral so3re a Guerra $span"ola dI<nos
elementos Gue se Euntam e acrescentam as perspecti!as de %ecker e Denzin-
Comenta Gue a "istKria de !ida 9tKpica ou mais completa: !er3alizada pelos participantes
constitui uma tentati!a de re!elar o am3iente intang!el dos acontecimentos Gue âzem parte da
eXperi8ncia de determinado grupo social- .isa a desco3rir o ponto de !ista e as moti!afes dos
participantes !oluntIrios ou in!oluntIrios na 6is<
WQY 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
tKria/ portanto protagonistas dos âtos sociais/ mas geralmente descartados na !iso oîcial dos setores
dominantes- ; Diz0raser?
;k a "istKria !ista pela poltica interna das classes;-
$ acrescenta?
;2or mais intang!el Gue parea/ o am3iente , a3strato ou distante? , o Gue a gente sente- $ o sentir
constitui a 3ase de seus atos; 9W[Z[/ Q\:-
$la no su3stitui a "istoriograîa clIssica- Complementa<a- 4o se trata tam3,m de perguntar se essa
"istKria , mais !erdadeira Gue outra? trata<se de um tipo de !erdade/ da !erdade da ;gente comum; como
ela deseEa proEetI<la?
;* Gue as pessoas pensam/ e o Gue elas pensam Gue pensam tam3,m constituem um âto "istKrico;
90raser? W[Z[/ Q[:-
* material da "istKria de !ida/ segundo %ecker 9W[\\:/ so os dados no<con!encionais? gra!afes/
documentos escritos/ incluindo<se a "istKria das ag8ncias sociais e instituifes Gue lanam luz so3re o
comportamento dos grupos e indi!duos-
Metodologicamente/ as deînifes de situafes recol"idas atra!,s da "istKria de !ida de!em ser
complementadas pela perspecti!a de outros atores sociais Gue se relacionam com os âtos ôcalizados-
2ortanto , importante se Euntar outras "istKrias de !ida contemporgneas com os temas em Guesto para
îns de consist8ncia dos dados-
Da mesma ôrma/ , de ûndamental interesse para compreenso da realidade/ a com3inao da ;6istKria
de .ida; com outros m,todos de a3ordagem/ para reôro mtuo-
Allport aîrma? S
-" i' 'iS, '-"
;A consist8ncia interna ou con^rontao interna conseguida atra!,s de mltiplas a3ordagens/ , Guase o
nico teste Gue temos
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WQ[
para a !alidade das pesGuisas- 2ortanto/ em todos os sentidos/ os documentos pessoais entram no interior
de um conEunto a3rangente de estrat,gias de compreenso da realidade; 9W[SQ/WQW:-
Discusso de Iupo C ^ d<
Da mesma ôrma Gue a 6istKria de .ida/ a discusso de grupo de!e ser !alorizada como a3ordagem
Gualitati!a/ seEa em si mesma seEa como t,cnica complementar-
Sc"rader comenta Gue no gm3ito de determinados grupos sociais atingidos coleti!amente por âtos ou
situafes especîcas/ desen!ol!em<se opinifes inôrmais a3rangentes/ de modo Gue/ sempre Gue entre
mem3ros de tais grupos "aEa intercomunicao so3re tais âtos/ estes se impfem/ in^luindo
normati!amente na consci8ncia e no comportamento dos indi!duos 9W[ZY/ [Y:-
* especîco do grupo de discusso so as opinifes/ rele!gncias e !alores dos entre!istados- Diêre por
isso da o3ser!ao Gue ôcaliza mais o comportamento e as relafes- &em uma ûno complementar h
o3ser!ao participante e hs entre!istas indi!iduais-
Do ponto de !ista operacional/ a discusso de grupo 9;grupos ôcais;: se âz em reunifes com um
peGueno nmero de inôrmantes 9seis a doze:- Geralmente tem a presena de um animador Gue inter!,m/
tentando ôcalizar e aproûndar a discusso-
*s participantes so escol"idos a partir de um determinado grupo/ cuEas id,ias e opinifes so do interesse
da pesGuisa- A a3rang8ncia do tema pode eXigir uma ou !Irias sessfes de discusso-
$ssa estrat,gia de coleta de dados , geralmente usada para? (a# ôcalizar a pesGuisa e ôrmular Guestfes
mais precisasD (b# complementar inôrmafes so3re con"ecimentos peculiares a um grupo em relao a
crenas/ atitudes e percepfesD (c# desen!ol!er "ipKteses de pesGuisa para estudos complementares-
* grupo ôcai consiste numa t,cnica de inegI!el importgncia para se tratar das Guestfes da sade so3 o
gngulo do social/ porGue se presta ao estudo de representafes e relafes dos diêrenciados grupos de
proîssionais da Irea/ dos !Irios processos de tra3al"o e tam3,m da populao-
A ger8ncia dos grupos de discusso por empregar !Irias pessoas
WUR 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
, uma Guesto no apenas t,cnica- Hmplica a capacidade do animador de no induzir consciente ou
inconscientemente o grupo atra!,s de suas prKprias rele!gncias- Mas implica tam3,m t,cnicas Gue assim
Sc"rims"a7 resume? o animador _ (a# introduz a discusso e a mant,m acesaD (b# enâtiza para o grupo
Gue no "I respostas certas ou erradasD (c# o3ser!a os participantes/ encoraEando a pala!ra de cada umD
(d# 3usca as ;deiXas; de continuidade da prKpria discusso e âla dos participantesD (e# constrKi relafes
com os inôrmantes para aproûndar/ indi!idualmente/ respostas e comentIrios considerados rele!antes
pelo grupo ou pelo pesGuisadorD (f# o3ser!a as comunicafes no<!er3ais e o ritmo prKprio dos
participantes/ dentro do tempo pre!isto para o de3ate- Geralmente o tempo de durao de uma reunio
no de!e ultrapassar de W?RR a W?UR "oras 9Sc"rims"a7? W[Y\/WQ:-
Al,m da sua importgncia pelo aproûndamento Gualitati!o de Guestfes socializI!eis e pela possi3ilidade
de comparao com grupos semel"antes e distintos/ reôramos o papel complementar da discusso de
grupo- Junto com o uso das "istKrias de !ida/ das entre!istas a3ertas ou semi<estruturadas e da o3ser!ao
participante/ o pesGuisador constrKi uma s,rie de possi3ilidades de inôrmafes Gue l"e indicam se seu
camin"o estI correto- k a triangulao na coleta de dados-
.ale ressaltar mais uma !ez Gue/ como todas as outras ôrmas de a3ordagem/ tam3,m esta estI suEeita aos
condicionantes da interao social e de!e ser usada a partir da consci8ncia de suas !antagens e seus
limites-
c-Q < * contedo e a situao de entre!ista
A centralidade da entre!ista em suas amplas modalidades , dada pelo o3Eeto de pesGuisa com o foco Gue
l"e proporcione o cientista social-
A o3ser!ao mais importante relacionada ao contedo diz respeito hs perguntas ou itens do roteiro- Cada
sugesto de tema Gue se introduz na entre!ista/ ou cada Guesto Gue se le!anta/ âz parte de uma interao
diêrenciada com o entre!istado na medida em Gue esses itens so uma teoria em ato e trazem implcitos
uma "ipKtese/
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WUW
um pressuposto ou um conceito teKrico- 2ortanto/ o impacto resultante da a3ordagem de determinado
assunto no interior da entre!ista/ de!e ser !isto como di!erso do eêito da entre!ista como um todo-
Da mesma ôrma/ cada situao de entre!ista tem o seu impacto social prKprio- 4o "I duas situafes
iguais e nem seGuer semel"antesD sero sempre diêrentes/ ainda Gue se trate/ em ocasifes distintas/ dos
mesmos atores e do mesmo tema/ por causa tanto de disposio dos interlocutores/ como pelo conteXto da
pesGuisa/ isto ,/ por âtores eXternos ou internos Gue condicionam a situao-
A interao dos dois parceiros/ al,m do mais/ tem um signiîcado su3Eeti!o prKprio para cada um
distintamente e am3os le!am em conta/ ao agir/ as respostas ou reafes do interlocutor- Como EI !imos
eXausti!amente no incio desse tema/ para %erreman trata<se de uma cena entre dois atoresD para 2arga
4ina so ;duas deînifes de situao Gue se con^rontam; 9W[YU/ !- HH/ VZ:- 2oderamos dizer com esses
autores Gue/ tanto o pesGuisador Guanto o entre!istado interêrem dinamicamente no con"ecimento da
realidade/ e esse encontro de duas su3Eeti!idades representantes de cKdigos socioculturais Guase sempre
diêrenciados ,/ ao mesmo tempo/ rico/ pro3lemItico e con^liti!o-
* âto de Gue nen"uma situao de entre!ista se repita nem com a mesma pessoa/ nem com a eXplorao
do mesmo tema/ coloca de ôrma diêrente a Guesto da pro!a de îdedignidade para a pesGuisa
Gualitati!a em relao h coleta de dados Guantitati!os e âtos Guan<tiîcI!eis- ;Cada caso , um e!ento
nico;/ comenta Cicourel 9W[\S/ YR:-
A Guesto do teste de "ipKteses e de pro!as corretas serI tratada em detal"es na Guarta parte deste
tra3al"o/ so3re anIlise dos dados- 5esumimos apenas as id,ias 3Isicas so3re o tema/ a partir da
a3ordagem de Cicourel? (a# a credi3ilidade do inôrmante/ isto ,/ suas razfes para ocultar ou deturpar
inôrmafesD a espontaneidade das respostas e o eêito da presena do o3ser!ador na sua o3tenoD a
eGuao grupo<o3ser!ador 9o3ser!ao participante: _ inôrmante 9entre!ista:D (b# a redao da ;"istKria
natural da pesGuisa;/ ou diIrio de campo Gue inclui o processo progressi!o de conceituao do o3Eeto
pelo pesGuisadorD (c# o esta3elecimento da ; teoria do ator; por parte
WUQ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
do cientista ao desco3rir suas regras de e!id8ncia/ seus constructos/ seus signiîcados-
2or îm e para os îns em Guesto !ale ressaltar duas o3ser!afes- 2rimeiro/ permanece o princpio geral
Gue recon"ece a importgncia indiscut!el de cada entre!ista 9pela Gualidade do ator e pelos dados
especîcos Gue dele emergem:/ mas nos diz Gue , do conJunto delas e a partir do caleidoscKpio das
inôrmafes Gue o pesGuisador compfe seu Guadro- $m segundo lugar/ a eXperi8ncia nos mostra Gue/
como o pesGuisador tra3al"a com !i!8ncias e com as representafes correlatas/ por mais Gue estimule a
eXplicitao de determinados temas/ se eles no constituem rele!gncias para os inôrmantes/ diîcilmente
emergiro-
c-U < So3re o uso das entre!istas no<estruturadas
Muitos sociKlogos consideram importantes os estudos Gualitati!os apenas para îns eXploratKrios/
recomendando sempre GuestionIrios estruturados para o Gue deînem como ;pesGuisa cientîca;/ onde "I
possi3ilidade de testes de "ipKteses/ possi3ilidade de repetio pela estandardizao das perguntas/ testes
de !alidade e potanto cete@a de fidedignidade.
$ssa , uma !iso positi!ista Gue coloca como Guesto t,cnica/ a resoluo de pro3lemas epistemolKgicos
proûndos/ tais como a Gualidade das inôrmafes recol"idas- k como se o reînamento de um
instrumento para anIlise de !ariI!eis solucionasse a Guesto ûndamental do con"ecimento da realidade-
A essa argumentao/ autores como Cicourel e %ourdieu contestam/ mostrando as !antagens da
a3ordagem Gualitati!a/ êita so3 determinadas condifes e cuidados teKricos- $ 2arga 4ina desen!ol!e
algumas o3ser!afes Gue merecem respeito/ dada a sua longa !ida dedicada h pesGuisa social-
Z
> $sta digresso , importante para conteXtualizar suas ponderafes? o autor ôi o coordenador nacional do $4D$0 9$studo 4acional
de Despesas 0amiliares:/ realizado em W[ZS/ Gue o3te!e inôrmafes so3re VU-RRR âmlias em todo o %rasil a respeito do
oramento âmiliar e/ em detal"e/ so3re consumo alimentar- 0oi o estudo de inôrmafes estruturadas mais importante do pas/ Gue
conseguiu dar inôrmafes so3re condifes
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WUU
.eEamos seu depoimento- 2rimeiramente o autor cita Gran<ger Gue comenta os riscos de ;uma reduo
simplista do Gualitati!o;- 6I uma dualidade no Gualitati!o Gue , ûndamental recon"ecer?
;* o3ser!ador pode ter uma percepo da coisa Gue , um predicado contingente e relati!o do o3Eeto? a
ess8ncia da coisa captada , compreendida atra!,s das apar8ncias/ numa percepo de modo incompleto/
es3oada; 9Granger? W[\Z/WRZ:
2or outro lado/ "I outro tipo de percepo Gualitati!a/ Gue , uma percepo imediata do !i!ido/ de uma
eXperi8ncia captada como um ^luXo de cuEa ess8ncia temos consci8ncia em ôrma de ;reteno; em nossa
mente/ atra!,s de relem3ranas-
Granger distingue assim ;Gualidade o3Eeti!a; e ;Gualidade do o3Eeto psGuico; e considera como esôro
necessIrio da epistemolo<gia das ci8ncias "umanas atuais/ esta3elecer um relacionamento entre
;Gualidade do o3Eeto psGuico; e uma estruturao cientîca 9W[\Z/ W[Z:- $m outras pala!ras/ trata<se de
tra3al"ar com a percepo do !i!ido/ com os signiîcados das moti!afes/ atitudes e !alores-
2arga 4ina/ a partir das contri3uifes de Granger/ aîrma?
;k assim meridianamente claro Gue a utilizao de m,todos e t,cnicas no<Guantitati!as em uma pesGuisa
no , Guesto de escol"a de alternati!a ou de preêr8ncia pessoal? so procedimentos simplesmente
necessIrios;- 9---: ;a necessidade de usar m,todos e t,cnicas no<Guantitati!as , conseGi8ncia da
necessidade de l captar algo dos aspectos su3Eeti!os da realidade social/ e de
recon"ecer a ;dualidade do Gualitati!o; ûndamental para Granger; 9W[YU/ YQ<YU:-
de !ida da populao 9H%G$/ W[ZS:- Ao mesmo tempo Gue dirigia o tra3al"o Guantitati!o em n!el nacional/ este cientista liderou
um estudo de inôrmafes no<estruturadas e posteriormente !Irias pesGuisas Gualitati!as 9de W[ZV a W[YV: so3re situafes de
po3reza em !Irios pontos do pas 9H%G$/ W[ZV<W[YUD 2(C<5io/ W[YU<W[YV:-
WUS 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
$moutrosmomentos2arga4inacriticaoadEeti!o ;Gualitati!o; ao tipo de pesGuisa social tal como propomos
aGui/ dizendo Gue ela , simplesmente pesGuisa social?
;A oposio Gualitati!oFGuantitati!o aproûnda um pro3lema no totalmente resol!ido nas ci8ncias sociais
de Guerer imitar os modelos GuantiîcI!eis das outras ci8ncias ^sicas e naturais; 9W[YU/ YU:-
Sua proposta de realizar o tra3al"o de campo atra!,s de entre!ista a3erta tem dois !ieses? o primeiro , de
complementar atra!,s de estudos de caso Gue se deten"am numa realidade mais ou menos "omeg8nea/ as
inôrmafes muito agregadas Gue o H%G$ ôrnece atra!,s de grandes proEefes estatsticasD o segundo , a
certeza de Gue/ atra!,s de entre!istas com inôrmafes c"amadas ;concretas; Eunto com aGuelas
pro!enientes da eXperi8ncia e da opinio das inôrmantes so3re suas !i!8ncias/ podemos perce3er mel"or
as compleXidades da realidade- A con!ico de 2arga 4ina , ^ruto de longa eXperi8ncia com indicadores
Guantitati!os e os limites de suas possi3ilidades-
2ara ele/ para Cicourel/ para )azarsêld e outros autores com ampla eXperi8ncia de am3as/ as ôrmas de
a3ordagem/ as inôrmafes no<GuantiîcI!eis al,m de sua grande importgncia/ âzem parte da prKpria
natureza das ci8ncias sociais/ Gue se deti!erem nas 3ordas !is!eis da realidade/ perdem a sua dingmica-
Assim a pesGuisa Gualitati!a torna<se importante para? (a# compreender os !alores culturais e as
representafes de determinado grupo so3re temas especîcosD (b# para compreender as relafes Gue se
do entre atores sociais tanto no gm3ito das instituifes como dos mo!imentos sociaisD (c# para a!aliao
das polticas p3licas e sociais tanto do ponto de !ista de sua ôrmulao/ aplicao t,cnica/ como dos
usuIrios a Guem se destina-
A *%S$5.ALM* 2A5&HCH2A4&$
A /bse*ao 'aticipante pode ser considerada parte essencial do tra3al"o de campo na pesGuisa
Gualitati!a- Sua importgncia , de tal
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WUV
ordem Gue alguns estudiosos a tomam no apenas como uma estrat,gia no conEunto da in!estigao/ mas
como um m,todo em si mesmo/ para compreenso da realidade- Sc"7artz 1 Sc"7artz propfem<nos a
seguinte ôrmulao?
;Deînimos o3ser!ao participante como um processo pelo Gual mant,m<se a presena do o3ser!ador
numa situao social/ com a înalidade de realizar uma in!estigao cientîca- * o3ser!ador estI em
relao âce a âce com os o3ser!ados e/ ao participar da !ida deles/ no seu cenIrio cultural/ col"e dados-
Assim o o3ser!ador , parte do conteXto so3 o3ser!ao/ ao mesmo tempo modiîcando e sendo
modiîcado por este conteXto; 9W[VV/ UVV:-
$ssa conceituao aparentemente completa dos reêridos autores e Gue tomamos como ponto de
partidano se pode considerar pacîca no de3ate das ci8ncias sociais- As contro!,rsias eXistem com
relao h prKpria prItica de o3ser!ao/ ao ;o Gue; e ao ;como; o3ser!ar-
$m primeiro lugar !ale dizer Gue , no seio da antropologia Gue se inicia a re^leXo so3re a estrat,gia de
/bse*ao como ôrma complementar de captao da realidade emprica- A sociologia de tradio
Guantitati!a , Gue/ em princpio/ le!anta as primeiras crticas ao Gue denomina ;empirismo; ou
;impressionismo; da prItica antropolKgica- A etnometodologia e a ênomenologia/ correntes Gue
pri!ilegiam estudos empricos/ retomam para a sociologia o de3ate so3re a o3ser!ao- Hn^luenciados pela
antropologia/ os etnometodK<logos e os ênomenologistas instauraram no interior da sociologia a
pol8mica so3re seus m,todos/ t,cnicas e crit,rios de !alidao do con"ecimento-
* marXismo tem desen!ol!ido muito pouco sua re^leXo so3re o tema- $Xiste uma pol8mica entre as
!Irias correntes marXistas/ Gue tende a paralisar a re^leXo metodolKgica so3re a o3ser!ao como um
momento de apreenso do ênjmeno- 4o entanto/ "I algumas ela3orafes îlosKîcas so3re a lKgica
dial,tica/ de grande importgncia/ Gue lanam luz so3re a prItica do tra3al"o de campo-
4este teXto/ tentaremos entrar no m,rito da Guesto /bsecao 'ati,pante, a3ordando as !Irias lin"as
con^rontantes de pensamento e sua contri3uio especîca para a construo de con"ecimentos-
WU\ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
a# / Debate 5e!ico em tono da /bse*ao 'aticipante
* teXto considerado clIssico so3re o 5abal$o de Campo dentro da antropologia ôi escrito em W[QQ por
%- Malino7ski/ a propKsito de sua insero entre os nati!os das Hl"as &rom3iand no 2acîco 9W[ZY:-
$m3ora le!ando<se em conta Gue o estudo re^lete as concepfes ûncionalistas de seu autor/ a rica
eXperi8ncia transmitida e as 3ases metodolKgicas por ele lanadas continuam atuais- Sua legitimidade
permanece intocI!el at, "oEe- 0undamenta<se na necessidade? (a# de 3agagem cientîca do estudiosoD (b#
dos !alores da o3ser!ao participanteD (c# das t,cnicas de coleta/ ordenao e apresentao do Gue
denomina ;e!id8ncias;- C"ama ateno para a importgncia do pesGuisador distinguir os resultados da
o3ser!ao direta em relao aos depoimentos dos nati!os e suas interpretafes dos âtos/ e as
interpretafes e inêr8ncias do pesGuisador-
Seu tra3al"o ainda Gue criticado do ponto de !ista do seu destino como ser!ilismo ao colonizador
3ritgnico/ ao mesmo tempo criou grandes pol8micas na classe dominante inglesa/ porGue lanou h luz o
tema da relati!izao da cultura/ da organizao compleXa da !ida dos primiti!os e de sua importgncia
social- Malino7ski Eunto com 5adcliê<%ro7n/ outro antropKlogo ingl8s/ re!olucionaram a antropologia
nas tr8s primeiras d,cadas do s,culo aa/ so3retudo pelas propostas reêrentes aos m,todos de tra3al"o de
campo-
Y
;&oda a estrutura de uma sociedade encontra<se incorporada no mais e!asi!o de todos os materiais? o ser
"umano;/
diz Malino7ski 9W[ZV/SR:- Complementa posteriormente seu pensamento a respeito da tareâ do
etnKgraô?
;$sse material e!asi!o no tem uma !iso integrada resultante do todo/ e ca3e ao pesGuisador organizI<la
a partir de tr8s pontos de
Y
2ara reêr8ncia/ !er Malino7ski/ %- Cgonautas do 'ac,fico e outros teXtos na coleo 2ensadores- So 2aulo/ $ditora A3ril/ W[ZY-
5adcliê<%ro7n- Mct$od in Social Cnt$opoiogZ. C"icago- &"e (ni!- o^ C"icago 2ress/ W[VY-
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WUZ
!ista? (a# o arca3ouo da constituioD (b# os imponderI!eis da !ida real ou do comportamento tpicoD (c#
o esprito nati!o;-
Malino7ski tem uma crtica ûndamental a um tipo de pesGuisa social Gue apreende apenas um n!el da
realidade atra!,s dos ; sur!eys;? uma ci8ncia Gue perce3e o esGueleto mas no compreende a !ida porGue
ela se âz longe do lugar onde a !ida acontece?
;6I uma s,rie de ênjmenos de grande importgncia Gue no podem ser registrados atra!,s de perguntas/
ou em documentos Guantitati!os/ mas de!em ser o3ser!ados em sua realidade- Denominemo<los os
;imponderI!eis da !ida real;- $ntre eles se incluem coisas como a rotina de um dia de tra3al"o/ os
detal"es do cuidado com o corpo/ da maneira de comer e preparar as reêifesD o tom das con!ersas e da
!ida social ao redor das casas da aldeia/ a eXist8ncia de grandes amizades e "ostilidades e de simpatias e
antipatias passageiras entre pessoasD a maneira sutil mas inGuestionI!el em Gue as !aidades e am3ifes
pessoais se re^letem no comportamento dos indi!duos e nas reafes emocionais dos Gue o rodeiam;
9W[ZV/ VV:-
4esse teXto/ Malino7ski descre!e a atitude do pesGuisador de campo/ atitude atra!,s da Gual %o"arinan
deîne a antropologia?
;$la , como a "istKria ou a ci8ncia/ uma atitude Gue consiste em desen!ol!er uma !iso estereoscKpica
das ati!idades e id,ias "umanas atra!,s de conceitos intelig!eis a todos; 9W[ZV/ QV\:-
A partir dessa re^leXo estI dado/ para Malino7ski/ o material da o3ser!ao participante- 2rimeiro/ o
conEunto de regras ôrmuladas ou implcitas nas ati!idades dos componentes de um grupo socialD depois a
ôrma como essas regras so o3edecidas ou transgredidas- $m terceiro lugar/ os sentimentos de amizade/
de antipatia ou simpatia Gue permeiam os mem3ros do grupo- $m outras pala!ras/ , preciso o3ser!ar o
aspecto legal e o aspecto ntimo das relafes sociaisD ao lado das tradifes e costumes/ o tom e a
importgncia Gue l"e so atri3udosD as id,ias/ os moti!os e os sentimentos do grupo na
WUY 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
compreenso da totalidade de sua !ida/ !er3alizados por eles prKprios/ atra!,s de suas categorias de
pensamento-
$m3ora Malino7ski separe/ para eêitos de estudo/ a realidade social 9!er3alizafes/ comportamentos/
estruturas: em tr8s n!eis/ sua inteno , a reconstruo teKrica da totalidade funcional, o ;arca3ouo da
constituio; da sociedade analisada/ atra!,s das regu<laridades e do Gue , tpico/ de um grupo social-
2ara conseguir apreender a ;totalidade ûncional; Malino7ski apresenta seu m,todo/ Gue nos princpios
gerais podemos resumir?
;9a: &er o3Eeti!os realmente cientîcos e con"ecer os !alores e crit,rios da etnogra^ ia moderna-;
Hsso signiîca imergir na realidade mas ao mesmo tempo dominar o instrumental teKrico- (ma atitude de
o3ser!ador cientîco consiste em colocar<se so3 o ponto de !ista do grupo pesGuisado/ com respeito/
empatia e insero o mais ntimo poss!el- Signiîca a3ertura para o grupo/ sensi3ilidade para sua lKgica e
sua cultura/ lem3rando<se de Gue a interao social âz parte da condio e da situao de pesGuisa?
;Mas;/ diz Malino7ski/; o etnogra^ o no tem sK Gue estender suas redes no lugar correto e esperar pelo
Gue nela cairI- De!e ser um caador ati!o e dirigir para elas a sua presa e segui<las at, as suas tocas mais
inacess!eis; 9W[ZV/SV:-
2ortanto tem Gue ser um perscrutador insistente/ Gue estI sempre entre as 3alizas dos con"ecimentos
teKricos e das inôrmafes de campo?
;* 3om treinamento teKrico e a ^ amiliaridade com os mais recentes resultados cientîcos no so
eGui!alentes a estar carregado de >id,ias preconce3idas>- Se um indi!duo inicia uma pesGuisa com a
determinao de pro!ar certas "ipKteses/ se no , capaz de mudar constantemente seus pontos de !ista e
de reEeitI<los sem relutgncia/ so3 a presso da e!id8ncia/ , desnecessIrio dizer Gue seu tra3al"o serI
intil; 9W[ZV/SV:-
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WU[
4o entanto a preparao teKrica para a ida a campo , tam3,m su3limada por Malino7ski?
;Mas/ Guanto mais pro3lemas trouXer para o campo/ Guanto mais esti!er "a3ituado a conôrmar suas
teorias aos âtos e a considerar os âtos na sua importgncia para a teoria tanto mel"or capacitado estarI
para o tra3al"o- As id,ias preconce3idas so perniciosas em GualGuer tareâ cientîca/ mas os pro3lemas
ante!istos constituem a principal Gualidade de um pensador cientîco/ e esses pro3lemas so re!elados/
pela primeira !ez ao o3ser!ador/ por seus estudos teKricos; 9W[ZV/ SV:-
;93: * segundo ponto do m,todo , colocar<se em 3oas condifes de tra3al"o e dispor<se a !i!er no
conteXto/ a3erto h realidade do grupo pesGuisado;-
Certamente Malino7ski esta!a se reêrindo h sua eXperi8ncia concreta entre os indgenas/ onda a lngua/
os costumes e a organizao social o apela!am de um lado a ;imergir; para entender- De outro lado/ a
comunidade dos ;3rancos; presentes na localidade era uma tentao permanente de e!aso/ de 3usca do
"a3itual e con"ecido- Se su3stanti!amente a situao de um pesGuisador de comunidades primiti!as ,
diêrente/ a disposio de integrar<se no conteXto de pesGuisa permanece como condio preliminar de
uma 3oa in!estigao emprica- $ neste ponto in!ocamos a contri3uio da ênome<nologia/ representada
por Sc"utz nas ci8ncias sociais/ para aproûndar o tema da relao pesGuisador<pesGuisado considerado
por ele como um encontro de ;intersu3Eeti!idades;-
2rimeiramente Sc"utz coloca em destaGue a especiîcidade do ;campo de ao; do cientista social?
;6I uma diêrena essencial na estrutura dos o3Eetos/ dos pensamentos ou constructos mentais ôrmados
pelas ci8ncias sociais e pelas ci8ncias naturais- 9---: * mundo da natureza tal como , eXplorado pelo
cientista natural/ no >signiîca> nada para as mol,culas/ Itomos e el,trons Gue nele eXistem- * campo de
o3ser!ao do cientista social/ entretanto/ Guer dizer/ a realidade
WSR 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
social/ tem um significado espec,fico e uma estutua de ele*]ncia para os seres "umanos Gue !i!em/
agem e pensam dentro dessa realidade; 9W[VS/ Q\\<Q\Z:-
2ara Sc"utz/ preocupado com a cotidianidade do ;"omem comum; do ;"omem da rua; os o3Eetos de
pensamento/ construdos pelo cientista social/ t8m Gue estar 3aseados nos o3Eetos de pensamento
construdos pelo senso comum dos "omens Gue !i!em cotidiana<mente dentro dessa realidade-
A ênomenologia pensa a relao pesGuisadorFpesGuisado como uma interao onde as estruturas de
signiîcados de am3os so o3ser!adas e traduzidas para os constructos consistentes de um Guadro
reêrencial teKrico- 2ara isso/ Sc"utz propfe algumas atitudes no tra3al"o de campo? (a# * o3ser!ador
de!e colocar<se no mundo de seus entre!istados/ 3uscando entender os princpios gerais Gue os "omens
seguemna sua !ida cotidiana para organizar sua eXperi8ncia/ particularmente as de seu mundo social-
Des!endar essa lKgica , condio preliminar da pesGuisaD (b# Manter uma perspecti!a dingmica Gue ao
mesmo tempo le!e em conta as rele!gncias dos atores sociais/ e ten"a em mente o conEunto de rele!gncias
de sua a3ordagem teKrica/ o Gue l"e permite interagir ati!amente com o campoD (c# A3andonar/ na
con!i!8ncia/ uma postura eXterna ;de cientista;/ entrando na cena social dos entre!istados como uma
pessoa comum Gue partil"a do cotidiano- Hsto ,/ sua estrutura de rele!gncias teKricas îca implcita- Sua
linguagem no campo , a mesma do senso comum dos atores sociais 9W[VU/W<UY:-
A a3ordagem de Sc"utz , tam3,m em larga escala apro!ada e seguida por Cicourel nas suas anIlises
so3re o o3ser!ador participante- $sse autor insiste particularmente na construo do ;modelo do ator;
pelo pesGuisador?
;* o3ser!ador cientîco necessita de uma teoria Gue ôrnea um modelo do ator/ o Gual estI orientado
para agir num meio de o3Eetos com caractersticas atri3udas ao senso comum- * o3ser!ador precisa
distinguir as racionalidades cientîcas Gue usa para ordenar sua teoria e seus resultados/ das
racionalidades do senso comum Gue atri3ui aos atores estudados; 9W[ZV/WWR:-
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WSW
0risa Cicourel?
;*s dois conEuntos de conteXtos _ o cientîco e do senso comum _ so constu1es feitas pelo
dentista& (Gàd,WWR:-
* mesmo item do m,todo so3re a insero do pesGuisador no campo , tam3,m aproûndado por
5aymond Gold atra!,s da pro</ posta de Guatro situafes teoricamente poss!eis/ Gue !o do eXtremo
;participante total; a outro eXtremo ;o3ser!ador totai;- $ssa classiîcao/ ainda Gue esGuemItica tem o
m,rito de incluir posturas intermediIrias Gue contemplam a o3ser!ao participante em diêrentes
realidades- Certamente as nofes de ;âmiliar; e ;estrangeiro; îcam ento relati!izadas e podem se
aplicar tanto ao contato com os po!os primiti!os ou grupos de nossa prKpria sociedade Gue nos so
tam3,m descon"ecidos/ sociologicamente âlando-
2or 'aticipante;5otal entendemos o Status do pesGuisador Gue se propfe a participar inteiramente/
;como nati!o;
[
em todas as Ireas da !ida do grupo Gue pretende con"ecer- Hsto signiîca na prItica
;representar com sucesso pap,is eXigidos no cotidiano; ou ainda/ segundo Cicourel/ ;îngir pap,is;?
;Puero sugerir com isso Gue o !alor crucial/ no Gue diz respeito aos resultados da pesGuisa/ reside mais na
auto<orientao do participante total do Gue no seu papel superîcial Guando inicia o estudo; 9CicourelD
W[ZV/ [W<[Q:-
$sse tipo de participao corresponde mais aos pesGuisadores Gue se en!ol!em no estudo de sociedades
primiti!as como o mostra ),!i<Strauss?
;Puando assume/ sem restrio mental e sem segundas intenfes/ as ôrmas de !ida de uma sociedade
estrangeira/ o antropKlogo pratica a o3ser!ao integral/ aGuela al,m da Gual no "I mais
[
;Como nati!o;/ ;tornar<se nati!o;/ eXpressfes Gue signiîcam identiîcao maior poss!el com o grupo pesGuisado-
JQ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
nada/ a no ser a a3soro deîniti!a _ e , um risco _ do o3ser!ador pelo o3Eeto de sua o3ser!ao;
9W[ZV/ QW\:-
$sse risco de imerso total tem sido assumido por muitos pesGuisadores Gue praticam a 2esGuisa
2articipante ou 2esGuisa<Ao como o3ser!am certos estudiosos 9Dur"am? W[Y\/ WZ<UYD Oaluar? W[Y\/
WRZ<WQ\:-
* 'aticipante;como;/bse*ado , signiîcati!amente diêrente do status anterior porGue o pesGuisador
deiXa claro para si e para o grupo sua relao como meramente de campo- A participao/ no entanto/
tende a ser a mais proûnda poss!el atra!,s da o3ser!ao inôrmal/ da !i!8ncia Euntos de
acontecimentos Eulgados importantes pelos entre!istados e no acompan"amento das rotinas cotidianas- A
consci8ncia/ dos dois lados/ de uma relao temporIria 9enGuanto dura o tra3al"o de campo: aEuda a
minimizar os pro3lemas de en!ol!imento Gue ine!ita!elmente acontecem/ colocando sempre em Guesto
a suposta ;o3Eeti!idade; nas relafes-
* /bse*ado;como;'aticipan te , uma terceira modalidade de o3ser!ao participante- k empregada
^reGientemente como estrat,gia complementar ao uso das entre!istas/ nas relafes com os ;atores;- &rata<
se de uma o3ser!ao Guase ôrmal/ em curto espao de tempo e suas limitafes ad!8m desse contato
3astante superîcial-
Como /bse*ado;5otal o pesGuisador omite a interao direta com os inôrmantes/ mas no sai da cena
do tra3al"o de campo- *s suEeitos da in!estigao "o sa3em Gue esto sendo o3ser!ados e pesGuisados-
Como t,cnica de estudo/ a ;o3ser!ao total; , raramente usada de ôrma pura e/ sim/ tem umpapel
complementar em relao a outras estrat,gias de apreenso da realidade 9Gold? W[VY/ QWZ<QQU:-
$sses Guatro tipos de pap,is estereotipados por Gold/ sK podem ser assim entendidos para îns analticos-
4a !erdade nen"um deles se realiza puramente a no ser em condifes especiais- $m diêrentes âses do
tra3al"o de campo/ um procedimento pode ser pri!ilegiado em relao aos outros/ dadas hs condifes de
pesGuisa/ aos acontecimentos considerados mais ou menos importantes e h prKpria înalidade da
in!estigao/ o pargmetro mais o3Eeti!o das diêrentes estrat,gias-
Mais do Gue a deînio a pioi do tipo de pesGuisador Gue se
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WSU
deseEa ser no campo/ , preciso considerar a o3ser!ao participante como um processo Gue , construdo
duplamente pelo pesGuisador e pelos atores sociais en!ol!idos- $sse processo possui momentos cruciais
Gue de!em ser encarados/ tanto operacional Guanto teoricamente- * primeiro deles , a entrada em campo-
2aul %enEamin/ numa re^leXo so3re a entrada em campo nos diz Gue?
;k oportuno e hs !ezes mesmo essencial âzer os contatos com as pessoas Gue controlam a comunidade-
$ssas pessoas podem ter status na "ierarGuia de poder ou posifes inôrmais Gue impfem respeito- *
apoio delas ao proEeto pode ser crucial e elas podem ser teis para se âzer outros contatos; 9W[VU/SUR:-
A eXperi8ncia conîrma e relati!iza essas o3ser!afes do antropKlogo americano- Certamente as pessoas
Gue introduzem o pesGuisador no campo so com ele responsI!eis tanto pela sua primeira imagem/ como
por portas Gue se a3riro ou se êc"aro- * relato de %erreman so3re sua eXperi8ncia numa comunidade
"imalaia , 3astante eloGiente so3re isto 9W[ZV/WQU<WZZ:- * perîl dos inôrmantes/ a Gualidade dos dados
recol"idos t8m a !er com o impacto da entrada e da apresentao do pesGuisador- 4o entanto/ sua
;sensi3ilidade; ao campo pode minimizar os aspectos Gue diîcultariam a coleta de dados/ 3uscando por si
prKprio outros inôrmantes do Gue os ;oîcialmente; apresentados e criando em torno de sua pessoa e de
seu tra3al"o um lastro de conîa3ilidade- 0rente h situao particular da pesGuisa/ estI em Eogo a
capacidade de empatia/ de o3ser!ao e de aceitao do pesGuisador Gue no pode ser transôrmada em
re<ceituIrio prItico-
(m segundo momento da insero 9segundo momento aGui entendido apenas para îns de anIlise: , a
deînio do papel do pesGuisador no interior do grupo onde estI se integrando- 2aul %enEamin aîrma
Gue?
;$m parte o pesGuisador de campo deîne seu prKprio papel/ em parte seu papel , deînido pela situao e
pela perspecti!a dos nati!os 9ou grupos:- Sua estrat,gia , a de Guem participa de um
WSS 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
Eogo- Ela no pode predizer as Eogadas precisas Gue o outro lado !ai faGe", mas pode antecipI<las da
mel"or maneira poss!el e âzer s$as Eogadas de acordo; 9W[VS/ SUW:-
*s pap,is su3stanti!os reais Gue o pesGuisador desempen"arI/ !o 'a"ia" de acordo com a situao de
pesGuisa- 4a !erdade/ em relao aos grupos Gue elege/ o pesGuisador , menos ol"ado pela 3ase lKgica
dos seus estudos/ e mais pela sua personalidade e comportamento- Seus contatos no campo Guerem sa3er
se ele , ;uma 3oa pessoa; e Gue no !ai ;âzer mal ao grupo;/ no !ai trair ;seus segredos; e suas
estrat,gias de !i!er a realidade concreta-
6I situafes e situafes de pesGuisa/ mas como norma geral/ a îgura do pesGuisador , construda num
processo Gue ele pode controlar apenas parcialmente/ pois , marcado pelas prKprias reêr8ncias do grupo
e interpretado dentro dos padrfes culturais especîcos- Da mesma ôrma/ a !iso so3re o grupo ,
construda processualmente pelo pesGuisador na interao com os atores sociais Gue o compfem e as
relafes Gue consegue captar- k uma !iso entre muitas poss!eis/ e tam3,m depende do arca3ouo
teKrico Gue inôrma o o3ser!ador-
$ssa construo mtua do pesGuisador e dos pesGuisados atra!,s de sua interao , particularmente
pensada por %erreman atra!,s da imagem do teatro- %erreman aîrma/ a partir de sua eXperi8ncia e
usando re^leXfes de Go^^man so3re a ;A Construo do $u na .ida Cotidiana;/ Gue pesGuisador e
pesGuisado so am3os atores representando pap,is/ um ^rente ao outro- Assim como no teatro "I os
3astidores/ ;regio interior;/ e o palco/ ;regio eXterior;/ assim as pessoas tendem a se comunicar/ na
interao/ apenas atra!,s do palco/ isto ,/ das regras oîciais e legitimadas- A relao entre
pesGuisadorFpesGuisado se dI num Eogo de cenas/ onde am3os tendem a preser!ar a ;regio interior; de
sua identidade como pessoa e grupo- 4o entanto/ com relao h compreenso da realidade/ %erreman
enâtiza Gue tanto o con"ecimento das regifes interiores 9os segredos de 3astidores: da !ida de um grupo/
como o da encenao eXterior/ isto ,/ da !iso oîcial/ so componentes essenciais 9W[ZV/ WQU<WZS:- 4este
ponto %erreman se encontra com Malino7ski Guando este estipula a necessidade de se in!estigar tanto o
arca3ouo estrutural como os ;imponderI!eis da !ida real; e os ;aspectos ntimos das
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WSV
relafes sociais;- 4en"uma das !ersfes , mais !erdadeira ou mais âlsa/ am3as so material de tra3al"o
para o pesGuisador/ eXpressfes de relafes Gue ele tenta compreender-
Se a entrada em campo tem a !er com os pro3lemas de identiîcao/ o3teno e sustentao de contatos/
a sada , tam3,m um momento crucial- As relafes interpessoais Gue se desen!ol!em durante a pesGuisa
de campo no se desâzem automaticamente com a concluso das ati!idades pre!istas- 6I um ;contato;
inôrmal de â!ores e de lealdade Gue no dI para ser rompido 3ruscamente so3 pena de decepo?
tra3al"amos com pessoas- 4o "I receitas para esse momento mas algumas Guestfes Gue podem ser
diêrentemente ôrmuladas ou respondidas pelo pesGuisador- So Guestfes so3re as Guais as ci8ncias
sociais se t8m de3ruado pouco? em Gue p, îcam as relafes posteriores ao tra3al"o de campoA Pual o
compromisso do pesGuisador em relao aos dados recol"idos/ seu uso cientîco e as ôrmas de retorno
aos atores pesGuisadosA A sada do campo portanto en!ol!e pro3lemas ,ticos e de prItica teKrica- A
relao intersu3<Eeti!a Gue se criou/ pode ela mesma contri3uir para deînir o corte necessIrio ou a
continuidade poss!el ou deseEada-
Conclumos a re^leXo so3re o segundo item do m,todo proposto por Malino7ski/ Gue os autores citados
acima tentam compleXiîcar- As diîculdades de insero do pesGuisador no podem ser pensadas apenas/
como Guesto de tempo/ em Gue a longa perman8ncia do etnKgraô num grupo traria/ como conseGi8ncia/
a sua aceitao- 6I as diîculdades prKprias ao perodo de entrada em campo/ mas outras "I/ decorrentes
das caractersticas do grupo a ser pesGuisado ou de sua situao !i!ida no momento de pesGuisa- $ssas
diîculdades/ îca claro/ âzem parte da realidade Gue se pretende con"ecer/ e da construo desse
con"ecimento enGuanto contri3uio teKrica-
;9c: * ltimo item do m,todo de o3ser!ao participante preconizado por Malino7ski consiste na
aplicao de um certo nmero de m,todos particulares para selecionar/ coletar/ manipular e esta3elecer os
dados;-
* autor reêre<se ao registro da ;organizao social e da anatomia da cultura; atra!,s do Gue denomina ;o
m,todo de documentao
WS\ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
estatstica concreta;/ o registro dos ;imponderI!eis da !ida reai; atra!,s de uma o3ser!ao minuciosa
detal"ada no diIrio de campoD uma lista de declarafes etnogrIîcas/ narrati!as êitas pelos nati!os/
eXpressfes tpicas/ ^Krmulas mIgicas/ lendas e peas de ôlclore Gue dariam conta da ;mentalidade; do
grupo- Malino7ski comenta Gue o o3Eeti!o da o3ser!ao e do registro , apreender o ponto de !ista do
nati!o/ sua relao com a !ida e sua !iso de mundo 9W[ZV/ \R<\W: e assim apreender o sistema total-
*utros pesGuisadores depois de Malino7ski t8m se preocupado em pensar procedimentos teoricamente;
êcundos na o3ser!ao participante- Alguns deles como Cicourel e Denzin entram em discusso com os
apologistas dos m,todos Guantitati!os/ para Guem a o3ser!ao participante , sinjnimo de
;impressionismo;-
Denzin insiste Gue em comparao com os cientistas Gue tra3al"am com ;sur!eys; o pesGuisador/ no
tra3al"o de campo Gue inclui o3ser!ao participante/ estI mais li!re de preEuzos uma !ez Gue no ,/
necessariamente/ prisioneiro de um instrumento rgido de coleta de dados ou de "ipKteses testadas antes/ e
no durante o processo de pesGuisa- A ^luidez da prKpria natureza da o3ser!ao participante concede ao
pesGuisador a possi3ilidade de usu^ruir ao mesmo tempo de dados Gue os ;sur!eys; proporcionam e de
uma outra a3ordagem no<estruturada- 4a medida em Gue con!i!e com o grupo/ o o3ser!ador pode retirar
de seu roteiro Guestfes Gue perce3e como irrele!antesD consegue tam3,m compreender aspectos Gue se
eXplicitam aos poucos/ e Gue o pesGuisador Gue tra3al"a apenas com GuestionIrios certamente
descon"eceria- A o3ser!ao participante aEuda/ portanto/ a !incular os âtos a suas representafes e as
contradifes entre as leis e sua prItica/ atra!,s das prKprias contradifes !i!enciadas no cotidiano do
grupo 9Denzin? W[ZU/ QW\:-
Cicourel concorda com Denzin so3re as !irtudes da o3ser!ao participante/ mas coloca<se de ôrma mais
eXigente em relao h !alidade dessa estrat,gia- Sua preocupao estI !oltada para as condifes Gue
possi3ilitam o teste de "ipKteses e resol!am os pro3lemas de inêr8nca e de pro!as corretas-
Com relao a ;o3Eeti!idade; Cicourel comenta Gue Guanto maior , a participao do o3ser!ador/ maior o
risco de seu en!ol!imento/ mas tam3,m maior a possi3ilidade de penetrar na c"amada ;regio
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WSZ
interior; do grupo- Se a participao mais proûnda diîculta o teste de "ipKteses/ em contraposio ela
pode des!endar os cKdigos do grupo e seus signiîcados mais ntimos- $le postula o controle da
o3Eeti!idade dos dados o3tidos atra!,s da o3ser!ao participante/ mediante re!isfes crticas do tra3al"o
de campo/ eXplicitao dos procedimentos adotados e dos diêrentes pap,is representados pelos suEeitos
da pesGuisa e pelo prKprio pesGuisador-
Cicourel critica a !iso apenas su3stanti!a dos dados conseguidos/ !iso Gue descon"ece a situao e as
condifes do tra3al"o de campo- Atra!,s de uma pretensa ;o3Eeti!idade; dos dados/ estes relatos ;pKs<
âcto;/ diz ele/ ;simplesmente acrescentam o3ser!afes descriti!as de !alidade du!idosa para o conEunto
da ci8ncia social; 9W[ZV/ [Y:-
2ara conseguir a!anar o con"ecimento/ atra!,s da o3ser!ao participante/ recomenda ao pesGuisador
Gue ôrmule o mais claramente poss!el o Gue 3usca con"ecer/ ou seEa/ se Guer eXplorar alguma
proposio teKrica/ se Guer testar "ipKteses especîcas ou âzer uma in!estigao eXploratKria so3re
determinado tema ainda ne3uloso-
C"ama ateno tam3,m para a necessidade/ seEa Gual ôr o resultado da pesGuisa/ de tornar eXplcitas as
ôntes de inôrmafes so3re o pro3lema a ser pesGuisado/ o ;campo; no Gual a pesGuisa se deu e a
situao na Gual a pesGuisa ôi desen!ol!ida tanto do ponto de !ista institucional/ de relao entre os
pesGuisadores/ da especiîcidade dos inôrmantes/ e tudo isso considerado como dados da prKpria
pesGuisa- So inôrmafes so3re o processo de tra3al"o/ necessIrias para a sua compreenso como um
todo-
Cicourel usa um termo de %ecker/ ;"istKria natural da pesGuisa; 9W[VY/ \VQ:/ para âlar da importgncia do
registro no tra3al"o de campo/ de ôrma processual? 9W: das intenfes implcitas ou eXplcitasD 9Q: da
teoria e metodologiaD 9U: das mudanas de posio no decorrer do tra3al"o/ Guando as "ipKteses ou
pressupostos so continuamente testados/ reôrmulados e no!amente testados?
;Cada passo produz dados Gue podem ser relacionados com os dados a serem o3tidos posteriormente/ a
îm de mel"orar a teoria/ a metodologia e clariîcar o pro3lema central; 9Cicourel? W[ZV/ WWYs:-
WSY 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
0inalmente/ conclui Gue/ ainda Guando o pesGuisador comea seu tra3al"o com !agas nofes a respeito
do tema a ser estudado/ ainda assim ele pode c"egar a testar algumas "ipKteses especîcas/ atra!,s do
detal"amento minucioso de seus procedimentos metodolKgicos/ e de suas pressuposifes teKricas so3re a
natureza dos grupos e da ordem social-
$m resumo/ aGui Cicourel concorda com o pensamento de 2opper segundo o Gual ;a o3Eeti!idade dos
enunciados cientîcos reside no âto de Gue eles possam ser intersu3Eeti!amente su3metidos a teste;
9W[ZU/ SW:/ ou seEa/ possam ser Eulgados pela comunidade cientîca- $sta seria a pro!a de o3Eeti!ao
mais correta-
$ ainda dentro do mesmo Guadro de preocupafes/ , importante o comentIrio de %ourdieu/ segundo o
Gual no "I !irtudes mIgicas na obse*ao paticipante, enaltecida por muitos Gue Eulgam eGui!o<
cadamente Gue o con"ecimento !em a partir da prItica- 2ara %ourdieu/ ;a prItica Gue aparece como
condio de uma ci8ncia rigorosa no , menos teKrica; 9W[ZQ/WVZ:/ e acrescenta? ! A
;k preciso lem3rar Gue o pri!il,gio presente em toda ati!idade teKrica/ na medida em Gue ela supfe um
corte epistemol!gico, mas tam3,m social, go!erna sutilmente esta ati!idade- Hsso conduz a uma teoria da
prItica Gue , correlati!a ao âto de se omitir as condifes sociais na produo da teoria; 9W[ZQ/WVY:-
Desta ôrma insiste Gue/ na produo de GualGuer teoria/ o pesGuisador tem Gue romper com o senso
comum do grupo pesGuisado- $/ numa segunda ruptura/ colocar sempre em Guesto os pressupostos
inerentes h sua Gualidade de o3ser!ador/ isto ,/ aD
;De estrangeiro Gue/ preocupado em interpretar as prIticas de outro grupo/ tende a importar para o o3Eeto
os princpios de suas relafes com esse o3Eeto/ incluindo<se aGui suas rele!gncias; 9W[ZQ/W\R:-
Ao terminar essas re^leXfes/ retomamos as colocafes iniciais- Como GualGuer âse de tra3al"o de
pesGuisa/ tam3,m a o3ser!ao no , neutra- * Gue o3ser!arA Como o3ser!arA So Guestfes in^luen<
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WS[
ciI!eis pelos esGuemas teKricos/ preconceitos e pressupostos do in!estigador-
Como !imos/ a posio ûncional positi!ista tenta perce3er a estrutura social e a totalidade ûncional a
partir do ;caleidoscKpio; Gue , a realidade- A ela3orao dos conceitos de ;sistema social; e ;ûno; tal
como deînidos por Malino7ski e por outros ûnciona<listas como 5adcli^ê<%ro7n constituram uma
aEuda importante na determinao dos pro3lemas do tra3al"o de campo- $sses pesGuisadores îzeram no
sK a antropologia social emergir como uma disciplina distinta mas tam3,m ela3oraram uma teoria de
o3ser!ao dos âtos/ coerente com seus pressupostos teKricos-
4o entanto/ as crticas aos autores citados !8m dos seus prKprios pressupostos teKricos Gue consideram os
sistemas sociais como sistemas naturais Gue podem ser reduzidos a leis sociolKgicas/ aliados h aîrmao
de Gue sua "istKria no tem rele!gncia cientîca- $!ans<2ritc"ard se insurge contra os reêridos
postulados do ûncionalismo com uma ^rase contundente? ;De!o conêssar Gue isso me parece
positi!ismo doutrinIrio em sua pior eXpressol; 9W[ZV/ QUV:-
A teoria ênomenolKgica dI 8nâse h construo do ;modelo de ator; ôrmulada a partir da compreenso
de suas estruturas de rele!gncia e da cotidianidade compartil"ada com seus consociados/ onde se ôrEa sua
3iograîa e se deîne sua situao- Ao lado disso coloca a importgncia de delimitao do ;campo de ao;
do cientista social como sendo intrinsecamente diêrente ao do cientista ^sico ou ;natural;- Do ponto de
!ista da sua produo/ Sc"utz deîne o la3or do pesGuisador como uma capacidade de reconstruir/ a partir
do senso comum dos atores sociais/ uma tipiîcao da sua realidade capaz de ser compreendida/
interpretada e comparada?
;4a realidade a pergunta mais s,ria a Gue a metodologia das ci8ncias sociais de!e responder ,? como ,
poss!el ôrmar conceitos o3Eeti!os e teorias o3Eeti!amente !eriîcI!eis partindo de estruturas de
signiîcados su3Eeti!osA A resposta , dada pela !iso 3Isica de Gue os conceitos ôrmados pelos cientistas
sociais so >construtos> dos >construtos> cientîcos ôrmados no segundo n!el/ de acordo com as regras de
procedimento !Ilidas para todas as ci8ncias empricas- So construtos de tipo<ideal o3Eeti!o/ e como
WVR 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
tais/ diêrentes daGueles desen!ol!idos no primeiro n!el de pensamento do senso<comum/ aos Guais eles
de!em superar- So sistemas teKricos incorporando "ipKteses testI!eis; 9W[ZW/ S[Y:-
* teXto de Sc"utz re!ela a preocupao com os dois tipos de construtos 9o do cientista e o do senso
comum: e propfe como ôrma de sua organizao o ;tipo<ideal;/ como algo Gue/ sem repetir MaX We3er/
tem seus pontos de encontro na teoria compreensi!a- A grande crtica h ênomenologia Gue Sc"utz
representa nas Ci8ncias Sociais , de Gue ela tem como ponto de partida a3soluto os dados imediatos da
eXperi8ncia !i!ida/ sem analisar suas estruturas e suas condifes-
;$la constrKi o mito de um mundo Gue se perce3e o3Eeti!o/ no Gual o pensador proclama a eXist8ncia/
independente da consci8ncia; 9W[\Z/ ZR:/ diz )ukIcs-
A etnometodologia/ Gue no interior da sociologia mais tradicional ad!oga procedimentos de tra3al"o de
campo/ tampouco desen!ol!e uma metodologia particular de o3ser!ao- 5ecol"endo as in^lu8ncias da
sKcio<lingistica/ da antropologia e da ênomenologia/ ela procede a partir-dessas tradifes- 5econ"ece
como importante a o3ser!ao conteXtualizada para o pesGuisador perscrutar os ênjmenos/ descre!8<los
e interpretI<los- k uma a3ordagem eXtremamente crtica h o3ser!ao positi!ista Gue !8 o ato em si
mesmo sem considerar as pressfes sociais Gue Eulgam a ao do senso comum sem racionalidade 92ark
and %urgens? W[QW/ .<.HD 2ayne et alii? W[YW/ YZ<WSV:-
A posio da etnometodologia/ particularmente da etnometodologia etnogrIîca/ coincide com a
a3ordagem tradicional da antropologia/ com matizes teKricos da ênomenologia/ representada por Sc"utz-
*s seus adeptos no entanto tentam dierenciI<la/ criticando a antropologia de ser eminentemente
descriti!a- Goudenoug" insiste Gue no se pode eXplicar uma cultura descre!endo seus comportamentos
sociais/ econjmicos ou e!entos cerimoniais e a ôrma como determinado ênjmeno se apresenta- *
desaîo/ segundo ele/ , construir uma teoria dos modelos conceituais os Guais eles represen<
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WVW
tam e dos Guais eles so produtos- 2ortanto teoria e o3ser!ao de!em !ir Euntos para essa ôrma de
compreenso 9Goudenoug"? W[\S/ YV<[Z:-
As crticas relati!as h etnometodologia se concentram eXatamente na sua preocupao eXcessi!a com o
m,todo e com a interpretao- 4ela se processa uma reduo do con"ecimento aos signiîcados su3Eeti!os
Gue os suEeitos criam de seu mundo/ e da estrutura social aos procedimentos interpretati!os-
A teoria marXista tem desen!ol!ido pouco sua re^leXo so3re o tra3al"o de campo- 4a !erdade/ na
;$nGuete *perIria;/ MarX propfe Gue os prKprios operIrios apliGuem os GuestionIrios- Desta ôrma a
îgura do pesGuisador eXterno ao campo no eXiste- A partir dele/ as posifes mltiplas do marXismo t8m
!ariado/ em relao ao tra3al"o de campo/ entre a omisso/ a negao como algo 3urgu8s/ a assuno
simplesmente de esGuemas da sociologia americana para interpretao da realidade/ ou a tentati!a de
realizar uma sociologia crtica 9&"iollent? W[ZY/ QR:- $ntre um eXtremo e outro/ "I o recon"ecimento de
Gue a sociologia marXista tem contri3udo pouco para a deînio de procedimentos na pesGuisa social-
Comentando so3re o tema/ &"iollent diz Gue no se pode dizer Gue no marXismo contemporgneo "aEa uma
posio nica a respeito da in!estigao em geral e da sociolKgica em particular- 4a apresentao do li!ro
E8istencia;lismo e Ma8ismo, de )ukIcs/ o tradutor comenta a pol8mica dos anos \R/ na 0rana/ em Gue
Sartre acusa os marXistas de esclerose/ de incapacidade de apreender o particular/ de perce3er as
representafes como sntese de todas as mediafes do "omem na sua !ida concreta- $m troca )ukIcs
acusa o eXistencialismo como sendo comprometido com uma camada social- Am3os âla!am em nome de
MarX 9W[\Z:- $ssa mesma crtica/ continuam a âzer os etnometodK<logos a respeito da incapacidade do
marXismo de apreender a realidade cotidiana- 4a medida em Gue se contenta com as macroanI<lises/
paralisa<se o progresso da re^leXo cientîca 96erzlic"/ anotafes W[Y\:- 4as uni!ersidades "I o
pri!ilegiamento das a3ordagens "istKricas/ econjmicas e îlosKîcas e mesmo a o Gue se costuma
considerar como ;anIlise marXista; consiste numa discusso Guase eXeg,tica de teXtos clIssicos de MarX/
sem a de!ida pro3lematizao do le!antamento e da incorporao dos no!os dados reêrentes a
WVQ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
situafes concretas- $sse âto/ diz &"iollent/ pode ser apontado como origem do ;teoricismo ôrmalista;
Gue consiste em pri!ilegiar a compreenso da estrutura das o3ras clIssicas 9&"iollent? W[ZY/ QS:- c
&
a
prItica de con"ecimento/ a lKgica da in!estigao ôi separada da lKgica de apresentao/ perdendo<se
dentro de !Irias correntes marXistas o sentido do Gue "I de ûndamental nas ci8ncias sociais? a pesGuisa-
Comenta &"iollent?
;Sem in!estigafes no!as e sem preocupao de ela3orar no!os modos de in!estigao sK se pode
discutir a ôrma de apresentao de con"ecimentos antigos/ cuEa capacidade de dar conta da realidade
atual , pro3lemItica; 9W[ZY/ QZ:-
5aniero 2anzieri em ;A Concepo Socialista da $nGuete *perIria; âz a mesma crtica Gue &"iollent/ e
aîrma Gue a posio dogmItica de considerar a sociologia como uma ci8ncia 3urguesa êz Gue o
marXismo como sociologia/ regredisse- $ acrescenta?
;2arece<me Gue a sociologia 3urguesa desen!ol!eu<se a ponto de apresentar caractersticas de uma anIlise
cientîca Gue ultrapassa o marXismo; 9W[ZY/ QQZ:-
Ao mesmo tempo o autor âz reparos a determinado tipo de sociologia e de antropologia Gue recorta a
realidade e sK a ol"a de ôrma parcial e ^ragmentada- $ so3re a *3ser!ao/ comenta?
;* momento de obse*ao sociol!gica, conduzida segundo crit,rios s,rios e rigorosos vmas no
menciona Gue crit,rios seriam essesw estI ento ligada por uma continuidade muito precisa h ao polticaD
a pesGuisa sociolKgica , uma esp,cie de mediao sem a Gual nos arriscamos a âzer uma id,ia otimista
ou pessimista/ de GualGuer modo a3solutamente gratuita/ do grau de consci8ncia da classe e da ôra de
oposio atingida por ele- *ra/ , claro Gue essa considerao in^luencia os o3Eeti!os polticos da
in!estigao e representa mesmo seu principal o3Eeti!o; 9W[ZY/ QQY:-
2anzieri considera a pesGuisa como um instrumento de con"eci<
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WVU
mento da realidade operIria e como contri3uio para ele!ao da consci8ncia de classe- &"iollent/
criticando a atitude Gue considera ;passi!a; ou ;positi!ista; da o3ser!ao sociolKgica propfe como
alternati!a o Gue c"ama ;Guestionamento; dentro da ;pesGuisa<ao;- Seria o prKprio en!ol!imento do
pesGuisador na realidade e com os atores sociais Gue 3usca con"ecer- $ssa Guesto merece um estudo
particular/ pois o en!ol!imento do pesGuisador no eXime de ;miopia; em relao h realidade e nem
resol!e os dilemas do con"ecimento- 6I EI !Irios estudos metodolKgicos Gue/ sem menosprezar/
empreendem uma crtica s,ria aos tra3al"os de 2esGuisa<Ao e 2esGuisa 2articipante tais como esto
sendo realizadas no %rasil- * ponto de indagao maior diz despeito ao empinsmo Gue tem dominado os
tra3al"os e ao seu carIter mais militante Gue cientîco 9Dur"am? W[Y\/WZ<UYD Cardoso? W[Y\/ [V<WR\D
Oaluar? W[Y\/WRZ<WQ\:- Alguns îlKsoôs marXistas do algumas pistas coincidentes com a prIXis da
o3ser!ao participante/ mas sem/ em nen"um momento/ le!antar comentIrios so3re ela- JoEa/ na 6!gica
Dialtica aîrma?
;* singular e o particular maniêstam a ess4ncia, o geal numa eXu3ergncia de atri3utos em Gue , di^cil
distinguir o essencial daGuilo Gue no o ,/ tanto Gue aGuilo Gue no , essencial , mais !is!el e pode/ por
!ezes/ desempen"ar o papel de essencial;- 9---: ;4o singular perce3emos o geral Gue a estI incluso e
realizado? segundo a eXpresso plIstica de 0ilipon/ o uni!ersal , a comunidade pela Gual todos os
particulares se comunicam; 9W[\V/ aa#.
Josic/ preocupado com as maniêstafes ênompnicas da realidade/ numa primeira a3ordagem poderia
ser conûndido com um ênomenKlogo?
;4o trato utilitIrio/ prItico com as coisas/ em Gue a realidade se re!ela como mundo dos meios/ îns/
instrumentos/ eXig8ncias e esôros para satisâzer a estas _ o indi!duo >em situao> cria suas prKprias
representafes das coisas e ela3ora todo um sistema correlati!o de nofes Gue capta e îXa o aspecto
ênom8nico da realidade- $ssas representafes se reproduzem imediatamente na
WVS 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
mente daGueles Gue realizam uma determinada prIXis "istKrica/ como categorias de pensamento comuna;
9W[\[/WR:-
Mas Josic se separa de Sc"utz/ ao indicar as determinafes?
;&rata<se de uma prIXis ^ragmentIria/ 3aseada na di!iso de tra3al"o/ na di!iso da sociedade em classe e
na "ierarGuia de posifes sociais decorrentes da di!iso em classe;- 9---: ;* ênjmeno indica a !erdade e
a esconde;- 9---: ;Captar o ênjmeno seria indagar e descre!er como a coisa se maniêsta naGuele
ênjmeno e tam3,m se esconde;- 9---: ;A realidade , a unidade do ênjmeno e da ess8ncia; 9W[\[/WQ:-
JoEa comenta os des!ios das îlosoîas do s,culo a.HHH e aHa Gue considera!am as sensafes/ os
sentimentos/ a eXperi8ncia !i!ida/ id,ias e a imaginao como elementos su3ordinados h nica ;instgncia
de con"ecimento adeGuado/ a razo;- *pfe a isso a re^leXo de )8nin segundo a Gual?
;Seria ridculo negar o papel da imaginao mesmo na ci8ncia mais rigorosa;
e c"ama ateno contra as tend8ncias Gue eXageram tanto a supremacia da razo como os su3Eeti!ismos-
Diz )8nin?
;De!emos apreender a eXplorar todos os seus aspectos/ todas as suas correlafes e suas mediafes para
c"egar h realidade o3Eeti!a/ nos limites de nossas possi3ilidades "istKricas; 9W[\V/ QWV:-
JoEa completa seu raciocnio ao acrescentar?
;* pensamento concreto consiste em considerar e apreender os ênjmenos em sua auto<relao e "etero<
relao/ em suas relafes com a multiplicidade de seus prKprios gngulos e de seus aspectos
intercondicionados/ em seu mo!imento e desen!ol!imento/ em sua multiplicidade e condicionamento
recproco com outros ênjmenos ou grupos de ênjmenos; 9JoEa? W[\V/ VU:-
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WVV
A id,ia de Gue o particular no eXiste seno na medida em Gue se liga ao geral e o geral seno no
particular e atra!,s deleD a id,ia de Gue a diîculdade de apreenso estI no pensamento e no na realidade/
pois , o pensamento Gue separa e mant,m a distino de momentos de um o3EetoD a id,ia de Gue a marc"a
do real , sempre mais !erdadeira e proûnda do Gue nossa capacidade de apreend8<loD a id,ia de Gue "I
uma relati!idade entre os âtores o3Eeti!os e su3Eeti!os/ material e espiritual so alguns dos princpios
3Isicos da lKgica dial,tica Gue podem orientar um tra3al"o de campo com perspecti!as marXistas- $sses
princpios t8m sua culmingncia na re^leXo de MarX em C Ideologia Clem% ;A consci8ncia no pode
nunca ser outra coisa seno o ser consciente/ o ser dos "omens em seu processo de !ida real; 9W[YS/WZ:-
* teXto Gue tal!ez traga elementos mais prKXimos de compreenso da o3ser!ao , o Mtodo Dialtico
na Cn"lise Sociol!gica de 0ernando 6enriGue Cardoso 9W[ZU/ W<QU:- A partir do estudo do conceito de
totalidade/ o autor insiste Gue a interpretao dial,tica/ para ter ôros de instrumento cientîco de anIlise/
precisa ser utilizado sem retirar dos dados o !alor "eurstico Gue possuem-
;Sem sKlida 3ase emprica/ a anIlise dial,tica corre o risco de perder<se em considerafes a3stratas
destitudas de !alor eXplicati!o real; 9W[ZU/ Q:-
&rata<se/ segundo o autor/ de eXplicar os processos/ as situafes e os sistemas/ no do ponto de !ista da
"istKria EI decorrida/ Guando tudo parece ter camin"ado na direo de înalidades engendradas por
condifes dadas/ mas do ponto de !ista da "istKria como realizadora da ati!idade "umana coleti!a-
5esume Cardoso? ;* marXismo !i!o , "eurstico;- Jamais em MarX encontram<se entidades- 2or eXemplo
;apeGuena 3urguesia; no Dezoito %rumIrio ;êz parte de uma totalidade !i!a/ nos Guadros da pesGuisa e
no de uma deduo do real a partir de totalidades a3stratas deînidas a priori; 9Cardoso/ W[ZU/WZ e QU:-
As considerafes de Cardoso e outras no mesmo sentido êitas por Miriam )imoeiro em ;)a
ConstrucciKn de Conocimientos; 9W[ZZ/WW<WUV: reaîrmam de um lado Gue a !iso dial,tica da realidade
WV\ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* x
pressupfe a in!estigao empricaD de outro Gue os instrumentos mais concretos de apreenso das
;totalidades !i!as; no esto suîcientemente pensados nem na teoria e nem na prItica e sim ao n!el
epistemolKgico-
b# Sade=Doena como 5ema de /bse*ao
Se tomarmos como o3Eeto de estudo e o3ser!ao o tema SadeF Doena/ seEa tanto em relao hs
concepfes Gue delas âz a populao/ seEa em relao hs polticas do setor/ a!aliao de co3ertura ou as
rei!indicafes do mo!imento social/ as posturas ûncionalista/ ênomenolKgica ou marXista seriam
totalmente diêrentes-
4o primeiro caso as o3ser!afes e entre!istas pri!ilegiariam a compreenso do sistema/ sua organizao/
seu ûncionamento/ as id,ias Gue as pessoas t8m a seu respeito/ incluindo<se a 3usca de entendimento e
eXplicafes para os ;des!ios; ûncionais- A populao seria o3ser!ada e inGuirida so3re sua aceitaoF
integrao ao sistema e ao esGuema m,dico- * ;normal; e o ;tpico; seriam o con"ecimento oîcial- As
conclusfes estrat,gicas de tal pesGuisa apontariam a mel"or adeGuao do sistema a seus clientes/ e aos
usuIrios seriam reser!ados programas de ;educao e sade; 3us<cando<se corrigir os comportamentos e
prIticas des!iantes- Assim a ^Krmula positi!ista de perce3er o ;normal; , dada pela ideologia dominante e
sua proposta concreta , de êordenao do sistema e correo de seus estrangulamentos EI Gue os
pressupostos de sua organizao no se colocam em Guestionamento-
* Guadro reêrencial ênomenolKgico/ !oltado para compreender as estruturas de rele!gncia dos grupos
o3ser!ados 9grupos em GualGuer n!el:/ respeitaria a li3erdade do grupo e de seus componentes como
atores sociais e suas ôrmas alternati!as de interpretao do corpo/ da sadeF doena/ das polticas e dos
programas- Sua 8nâse nos indi!duos enGuanto agentes sociais torna<a uma teoria Gue se insurge contra o
;oîcial;/ o ;dominante;/ o ;$stado;/ a ;sociedade; e a anomicidade- As propostas da decorrentes seriam
de respeitar hs diêrentes alternati!as/ uma !ez Gue ôram construdas pela eXperi8ncia dos grupos- k uma
postura teKrica antagjnica ao positi!is<mac ûndonalista Gue proclama as propostas dominantes como
sendo
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WVZ
as ;normais;- Sua ^raGueza estI em erigir o ;senso comum; como norma de ao/ descon"ecendo as
implicafes estruturais Gue ûndamentam as eXperi8ncias de !ida dos grupos sociais-
A teoria marXista parte tam3,m da o3ser!ao e do respeito ao senso comum/ mas no o erige como
;norma; e nem o considera um des!io- 4a sua perspecti!a/ as prIticas e programas de sade eXpressam os
con^litos e diêrenas Gue eXistem no setor e as condifes de classe da populao- &oda a !iso de sade
da populao tem a !er com a situao em Gue !i!e e com as contradifes mais gerais da sociedade Gue
tam3,m se eXpressam no setor sade- Sua perspecti!a no , de conser!ao nem de reordenao/ nem de
oposio do indi!duoF sociedade- Sua perspecti!a , sempre a possi3ilidade de transôrmao 9pelas
contradifes: das condifes Gue geram e reproduzem as situafes de doena da populao e os sistemas
conli<ti!os e inadeGuados de atender h sade da populao- A o3ser!ao neste caso , o3ser!ao das
condifes de !ida/ das prIticas de classe e das ôrmas de organizao Gue engendram as situafes de
sadeF doena/ numa 3usca de aproXimao cada !ez maior da totalidade/ como to 3em insiste
Goldmann?
;4unca se pode c"egar a uma totalidade Gue no seEa/ ela mesma/ elemento ou parte; 9W[\Z/WW:-
$ssas !isfes teKricas diêrenciadas dos o3ser!adores participantes certamente sero responsI!eis por
respostas hs Guestfes? o Gue o3ser!arA como o3ser!arA
4o entanto todas elas se renem ^rente a algumas premissas metodolKgicas de o3ser!ao do ênjmeno
9seEa ele Gual ôr: social?
_ a necessidade de preparao teKricaD
_ a relati!izao das "ipKteses ^rente hs e!id8ncias do campoD
_ a necessidade de integrao do pesGuisador no campo para a apreenso Gualitati!a da realidadeD
_ o uso de instrumentos adeGuados para a seleo e a apreenso dos dados-
A tentati!a de cercar o o3Eeto de todos os gngulos poss!eis/ so algumas pistas para o tra3al"o de campo
Gue nen"uma teoria pode Guestionar- Desta ôrma/ a noo de o3ser!ao no pode ser simples<
WVY 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
mente conûndida com ;empirismo;- $ste , apenas uma ideologia particular de o3ser!ao- Criticar as
ideologias de o3ser!ao em<piristas/ positi!istas ou psicologistas no consiste em reEeitar todos os tipos
de insero- Ao empirismo no podemos opor o teoricismo- Sem in!estigao da realidade concreta/ as
ci8ncias sociais seriam apenas um discurso îlosKîco ou poltico- Sem pro3lemItica teKrica/ a sociologia
degeneraria em pesGuisa de opinio e entronizao do senso comum-
k 3om lem3rar mais uma !ez Gue no campo assim como durante todas as etapas da pesGuisa tudo merece
ser teorizado como ênjmeno social e "istoricamente condicionado? o o3Eeto in!estigado/ as pessoas
concretas implicadas/ o pesGuisador e seu sistema de representafes teKrico<ideolKgicas/ as t,cnicas de
pesGuisa/ e todo o conEunto de relafes interpessoais e de comunicao sim3Klica-
As relafes entre a eXperi8ncia de o3ser!ao e a consci8ncia no so de ordem acumulati!a e a
su3Eeti!idade no des!enda a ess8ncia sem a teoria/ entendida como instrumento para encontrar o geral no
particular-
2ela importgncia Gue a pesGuisa Gualitati!a tem para a Irea da sade/ os temas Gue se seguem/ destinam<
se a aproûndar a categoria 3Isica dentro das ci8ncias sociais Gue ûndamenta o tra3al"o de campo?
+epesenta1es Sociais e +epesenta1es Sociais de Sade=Doena.
*s dois temas complementares/ sendo o segundo especîco a nossas preocupafes neste tra3al"o como
um todo/ sero a3ordados dentro das !Irias correntes de pensamento Gue perpassam as relafes
contraditKrias entre nossa sociedade e nosso tempo-
C*4C$H&* D$ 5$25$S$4&ALt$S S*CHAHS
+epesenta1es Sociais , um termo îlosKîco Gue signiîca a reproduo de uma percepo anterior ou do
contedo do pensamento- 4as C8ncias Sociais so deînidas como categorias de pensamento/ de ao e de
sentimento Gue eXpressam a realidade/ eXplicam<na/ pstJ,scando<a ou Guestionando<a- $nGuanto material
de estudo/ essas pM$epfes so consideradas consensualmente importantes/ atra!essando a- tostaria e as
mais diêrentes correntes de pensamento so3re
yUda) 4êste teXto/ a3ordamos o !i,s atra!,s do Gual os autores
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WV[
como Durk"eim e seus seguidores/ We3er e a escola ^ enomenolKgica representada por Sc"utz/ MarX e os
marXistas tra3al"am o mundo das id,ias e seu signiîcado no conEunto das relafes sociais-
Do ponto de !ista sociolKgico/ Durk"eim , o autor Gue primeiro tra3al"a eXplicitamente o conceito de
+epesenta1es Sociais. (sado no mesmo sentido Gue +epesenta1es Coleti*as, o termo se reêre a
categorias de pensamento atra!,s das Guais determinada sociedade ela3ora e eXpressa sua realidade-
Durk"eim aîrma Gue essas categorias no so dadas a pioi e no so uni!ersais na consci8ncia/ mas
surgem ligadas aos âtos sociais/ transôrmando<se/ elas prKprias/ em fatos sociais pass!eis de
o3ser!ao e de interpretao- Hsto ,/ a o3ser!ao re!ela/ segundo ele/ Gue as representafes sociais so
um grupo de ênjmenos reais/ dotados de propriedades especîcas e Gue se comportam tam3,m de ôrma
especîca- 4a concepo de Durk"eim , a sociedade Gue pensa/ portanto as representafes no so
necessariamente conscientes do ponto de !ista indi!idual- Assim/ de una lado/ elas conser!am sempre a
marca da realidade social onde nascem/ mas/ tam3,m/ possuem !ida independente e reproduzem<se tendo
como causas outras representafes e no apenas a estrutura social-
$m3ora recon"ea como 3ase das representafes ;o su3strato social;/ Durk"eim ad!oga sua autonomia
relati!a- Segundo ele/ algumas/ mais Gue outras/ eXercem so3re nKs uma esp,cie de coero para atuar em
determinado sentido- Dentre estas se destacam a religio e a moral/ assim como as categorias de espao/
tempo e de personalidade/ consideradas por ele como representafes sociais "istKricas-
$scre!e o prKprio autor?
;As +epesenta1es Coleti*as traduzem a maneira como o grupo se pensa nas suas relafes com os
o3Eetos Gue o aêtam- 2ara compreender como a sociedade se representa a si prKpria e ao mundo Gue a
rodeia/ precisamos considerar a natureza da sociedade e no a dos indi!duos- *s sm3olos com Gue ela se
pensa mudam de acordo com a sua natureza 9---: Se ela aceita ou condena certos modos de conduta/ ,
porGue entram em c"oGue ou no
W\R 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
com alguns dos seus sentimentos ûndamentais/ sentimentos estes Gue pertencem h sua constituio;
9W[ZY/ Z[:-
2ortanto/ para Durk"eim no eXistem ;representafes âlsas;/ todas respondem de diêrentes ôrmas a
condifes dadas a eXist8ncia "umana- So sm3olos atra!,s dos Guais?
;k preciso sa3er atingir a realidade Gue ele îgura e Gue l"e dI sua !erdadeira signiîcao- Constituem
o3Eeto de estudo tanto Guanto as estruturas e as instituifes? so todas elas maneiras de agir/ pensar e
sentir/ eXteriores ao indi!duo e dotadas de um poder coerciti!o em !irtude do Gual se l"es impfe; 9W[ZY/
YY:-
Cont8m/ como as instituifes e estruturas as duas caractersticas do âto social? (a# eXterioridade em
relao hs consci8ncias indi!iduaisD (b# eXercem ao coerciti!a so3re as consci8ncias indi!iduais/ ou so
suscet!eis de eXercer essa coero-
4o seu a^ de aîrmar a o3Eeti!idade da sociologia/ Durk"eim tenta eXimir a anIlise de GualGuer âto
social e/ portanto/ das representafes sociais/ do en!ol!imento do pesGuisador e dissecar esse ;âto; de
GualGuer comprometimento ideolKgico- Diz Gue o m,todo sociolKgico? (a# de!e ser isento de GualGuer
îlosoîaD (b# de!e ser o3Eeti!o/ isto ,/ os âtos so coisas e como tal de!em ser tratadosD (c# os âtos
sociais so eXclusi!amente sociolKgicos? a noo de especiîcidade da realidade social , de tal modo
necessIria ao sociKlogo Gue sK uma cultura especiîcamente sociolKgica pode compreender os âtos
sociais 9W[ZU/WV[<W\W:-
As id,ias de Durk"eim so3re +(Tesenta1es Sociais so compartil"adas por uma s,rie de estudiosos-
%o"annan/ em 3re!e ensaio so3re a consci8ncia coleti!a e a cultura/ nota Gue os termos ;consci8ncia; e
;representafes coleti!as; usados por Durk"eim reco3rem o mesmo campo Gue a noo de cultura para
os antropKlogos culturais tais como Sapir/ Malino7ski e Jroe3er- 2ara %o"annan?
;A consci8ncia coleti!a , o idioma cultural da ao social;- 9---: & a totalidade das representafes
coleti!as de acordo com suas maniêstafes nas relafes sociais; 9W[\S/ ZZ<[\:-
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&am3,m Mareei Mauss/ a3ordando o mesmo tema mostra Gue a sociedade se eXprime sim3olicamente em
seus costumes e instituifes atra!,s da linguagem/ da arte/ da ci8ncia/ da religio/ assim como atra!,s das
regras âmiliares/ das relafes econjmicas e polticas- 2ortanto/ para ele/ , o3Eeto das ci8ncias sociais
tanto a coisa, o fato, como a sua epesentao. * autor/ no entanto/ c"ama ateno para a diêrenciao
entre esses dois n!eis/ considerando o risco de se reduzir a realidade h concepo Gue os "omens âzem
dela 9W[Z[/Y<VU:-
A !iso de o3Eeti!idade positi!ista das representafes sociais tem sido duramente criticada por !Irias
correntes no interior das ci8ncias sociais- 2ara os adeptos da Sociologia Compreensi!a e da a3ordagem
0enomenolKgica/ o aspecto mais pro3lemItico da teoria se reêre ao poder de coero atri3udo h
sociedade so3re os indi!duos/ de maneira Guase a3soluta- 2ara os marXistas/ a !iso durk"eimiana
elimina o pluralismo ûndamental da realidade social/ em particular as lutas e antagonismos de classe-
.eEamos como a Sociologia Compreensi!a representada por MaX We3er e a 0enomenologia traduzida por
Sc"utz para o campo das Ci8ncias Sociais a3ordam o tema das +epesenta1es.
MaX We3er ela3ora suas concepfes do campo das +epesenta1es Sociais atra!,s de termos como
;id,ias;/ ;esprito;/ ;concepfes;/ ;mentalidade;/ usados muitas !ezes como sinjnimos e tra3al"a de
ôrma particular a noo de ;!iso de mundo;- 2ara ele/ a !ida social _ Gue consiste na conduta
cotidiana dos indi!duos _ , carregada de signiîcao cultural- $ssa signiîcao , dada tanto pela base
mateial como pelar/ idias, dentro de uma adeGuao/ em Gue am3as se condicionam mutuamente-
Segundo We3er/ as id,ias 9ou representafes sociais: so Euzos de !alor Gue os indi!duos dotados de
!ontade possuem- 2ortanto/ as concepfes so3re o real t8m uma dingmica prKpria e podem apresentar
tanta importgncia Guanto a 3ase material- k com estes dois termos/ base mateial e efic"cia das idias em
relao de afinidade eleti*a 9We3er/ W[ZS/YW: Gue ele analisa a "istKria do a!ano do capitalismo no
mundo ocidental- De um lado/ aîrma Gue o capitalismo ;educa; e ;cria; seus suEeitos pela seleo
econjmica- De outro/ demonstra como as id,ias de tra3al"o como !irtude mIXima e !ocao do "omem/
prosperidade como 38no di!ina/ lucro como âtor legtimo das relafes
W\Q 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
econjmicas/ contri3uram para âzer a!anar o capitalismo/ tanto Guanto ou mais do Gue a ;acumulao
primiti!a;?
;Com reêr8ncia h doutrina do mais ing8nuo materialismo "istKrico/ de Gue as id,ias se originam como
>um re^leXo> ou como >superestruturas> de situafes econjmicas/ somente podemos opinar mais
detal"adamente/ neste caso vda ,tica protestante em relao ao a!ano do capitalismow/ Gue a relao
casual , a in!ersa da sugerida pelo ponto de !ista materialista; 9We3er? W[YV/ UV:-
A partir da tese da recproca in^lu8ncia entre os ûndamentos materiais/ as ôrmas de organizao poltico<
social e o contedo das id,ias/ We3er teoriza so3re certa autonomia do mundo das representafes e a
possi3ilidade concreta de se estudar a eîcIcia "istKrica das id,ias- 4o entanto/ ao aîrmar essa ;certa
autonomia;/ ele no descarta a possi3ilidade emprica de Gue/ em determinados momentos/ o econjmico
seEa o âtor dominante e Gue/ em outros/ so âtores diêrentes os Gue mais in^luem na ôrmao social-
Assim/ durante a 2rimeira Grande Guerra/ We3er êz a seguinte declarao?
;4o so as id,ias/ mas os interesses materiais e ideais Gue go!ernam diretamente a conduta do "omem-
Muito ^reGientemente/ por,m/ as >imagens mundiais> Gue ôram criadas pelas >id,ias> determinaram como
mano3reiros/ as lin"as ao longo das Guais a ao ôi impulsionada pela dingmica dos interesses; 9W[ZS/
YU:-
Seu pensamento/ na !erdade/ tenta compleXiîcar a teoria _ Gue ele considera ;mecgnica; _ da
determinao da 3ase material so3re as representafes sociais- Alerta para a necessidade de se con"ecer
em cada caso/ Guais os âtores Gue contri3uem para conîgurar determinado âto ou ao social/ como
!em resumido na concluso de C 3tica 'otestante e o Esp,ito do Capitalismo%
;AGui se tratou do âto e da direo em apenas um/ se 3em Gue importante ponto de seus moti!os- Seria
importante in!estigar mais adiante/ a maneira pela Gual a ascese protestante ôi por sua
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!ez in^luenciada em seu desen!ol!imento e carIter pela totalidade das condifes sociais/ especialmente
pelas econjmicas- Hsto porGue/ se 3em Gue o "omem moderno seEa incapaz de a!aliar o signiîcado de
Guanto as id,ias religiosas in^luenciaram a cultura e os caracteres nacionais/ no se pode pensar em
su3stituir uma interpretao materialstica unilateral por uma igualmente 3ito<lada interpretao causai da
cultura e da "istKria; 9We3er? W[YV/ WUQ:-
Assim We3er c"ama ateno de um lado para a importgncia de se pesGuisar as id,ias como parte da
realidade social/ e de outro/ para a necessidade de se compreender a Gue instgncias do social determinado
âto de!e sua maior depend8ncia- 2or,m a 3ase de seu raciocnio , de Gue/ em GualGuer caso/ a ao
"umana , signiîcati!a/ e assim de!e ser in!estigada-
(sando o conceito de ;.iso de Mundo; o autor desen!ol!e o raciocnio de Gue/ cada sociedade para se
manter necessita ter ;concepfes de mundo; a3rangentes e unitIrias e Gue em geral so ela3oradas pelos
grupos dominantes- 2or eXemplo/ cita ele Gue?
;* enriGuecimento como îm o3rigatKrio do "omem para a glKria de Deus contradiz ao sentido ,tico de
,pocas "istKricas inteiras e anteriores h atual; 9W[YV? ZQ:-
$ssas concepfes a3rangentes 9o modo de encarar o tempo/ o espao/ o tra3al"o/ a di!iso do tra3al"o/ a
riGueza/ o seXo/ os pap,is sociais etc-: perpassam todos os grupos de determinada sociedade-
$m sntese/ We3er/ Eunto com Durk"eim/ nos remete h importgncia de compreenso das id,ias e de sua
eîcIcia na conîgurao da sociedade apelando ao estudo emprico do desen!ol!imento "istKrico- 2or
outro lado no contradiz h possi3ilidade tam3,m "istKrica de conEunturas sKcio<econjmicas pro!ocarem
concepfes e atitudes especîcas- 2or isso a ôrma com a Gual pensa as id,ias , de relao de adeGuao
com a estrutura sKcio<econjmica e poltica-
Sem Guerer reduzir a sociologia compreensi!a h ^ enomenolKgica e !ice<!ersa/ podemos considerar Gue
essas duas correntes t8m muita semel"ana Guando tra3al"am a Guesto das +epesenta1es Sociais.
W\S 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
$nGuanto da primeira/ o autor clIssico seria MaX We3er/ as id,ias da ênomenologia aplicadas hs Ci8ncias
Sociais so ela3oradas teoricamente/ em particular/ por Al^red Sc"utz- Sua contri3uio , 3astante
signiîcati!a/ especialmente para a operacionalizao da pesGuisa social Gualitati!a e , deste ponto de
!ista Gue o a3ordamos 9Sc"utz? W[ZR/W[ZW/W[YQ:-
Sc"utz usa o termo ;senso comum; para âlar das representafes sociais- 2ara este autor/ tanto o
con"ecimento cientîco como o senso comum en!ol!em conEuntos de a3strafes/ ôrmalizafes e
generalizafes- $sses conEuntos so construdos/ so âtos interpretados/ a partir do mundo do dia<a<dia-
2ortanto/ a eXist8ncia cotidiana/ segundo Sc"utz/ , dotada de signiîcados e portadora de estruturas de
rele!gncia para os grupos sociais Gue !i!em/ pensam e agem em determinado conteXto social- $sses
signiîcados Gue podem ser o3Eeto de estudo dos cientistas sociais so selecionados atra!,s de construfes
mentais/ de ;representafes; do ;senso comum; 9Sc"utz/ W[ZU:-
Sc"utz tem como preocupao teKrica o mundo do dia<a<dia- isto ,/ ele 3usca compreender os
pressupostos das estruturas signiîcati!as da cotidianidade- 2ara ele/ a compreenso do mundo se dI a
partir de um estoGue de eXperi8ncias pessoais e de outros/ isto ,/ de compan"eiros/ predecessores/
contemporgneos/ consociados e sucessores- * autor separa os termos e8pei4ncia e con$ecimento. C
primeira pode ser comum a um grande nmero de pessoas ao mesmo tempo- * segundo , indi!idual?
consiste na ela3orao interior/ su3Eeti!a e intersu3Eeti!a/ atra!,s do senso comum/ da eXperi8ncia !i!ida
e Gue ûnciona como esGuema de reêr8ncia para o suEeito- Assim o mundo do dia<a<dia , entendido como
um tecido de signiîcados/ institudo pelas afes "umanas e pass!el de ser captado e interpretado- *
teorema clIssico de W- J- &"omas/ segundo o Gual ;se os "omens deînem situafes como reais/ elas so
reais em suas conseGi8ncias; 9W[\U/ W[\:/ resume o pensamento ênomenolKgico/ eXplicado pelo prKprio
autor?
;*s "omens respondem no apenas aos aspectos ^sicos de uma situao/ mas tam3,m e por !ezes/
primariamente ao sentido Gue esta situao tem para eles- (ma !ez Gue eles atri3uem algum
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sentido h situao/ o seu comportamento su3seGiente e algumas das conseGi8ncias deste comportamento
so determinadas por este sentido anteriormente atri3udo; 9&"omas? W[\U/W[Z:-
4a !erdade/ &"omas conêre ao sentido atri3udo h ao pelo suEeito/ o mesmo n!el de coero Gue
Durk"eim conêre hs representafes sociais Gue emanam do coleti!o-
* nmero e a natureza das eXperi8ncias de GualGuer ator social/ para Sc"utz/ dependem de sua "istKria de
!ida/ ou mel"or/ de sua ;situao 3iogrIîca;- 2ortanto/ cada ator social tem um con"ecimento de sua
eXperi8ncia e atri3ui rele!gncia a determinados temas/ aspectos ou situafes/ de acordo com sua prKpria
"istKria anterior- Da Gue/ para Sc"utz/ o senso comum , de ûndamental importgncia/ porGue/ atra!,s
dele o ator social âz sua prKpria deînio de situao- Hsto ,/ no sK age como atri3ui signiîcados
portadores de rele!gncias h sua ao/ de acordo com sua "istKria de !ida/ seu estoGue de con"ecimentos
dado pela eXperi8ncia de interao com os Gue o cercam- * estoGue de con"ecimentos se ôrma atra!,s de
tipiîcafes do mundo do senso comum- Hsso permite a identiîcao de grupos/ a estruturao comum de
rele!gncias e possi3ilidade de compreenso de um modo de !ida especîco de determinado grupo-
(ma terceira corrente na interpretao do papel das representafes sociais surge da dial,tica marXista- Se
na totalidade de seus escritos MarX âla da relao entre as id,ias e a 3ase material/ podemos dizer Gue A
Ideologia Clem , uma eXplanao clIssica so3re o tema das 5$25$S$4&ALt$S S*CHAHS- 4este teXto o
autor discute/ de acordo com seu ponto de !ista/ o Gue c"ama a ;ideologia alem;- Mostra Gue os
îlKsoôs de seu tempo considera!am as ;Guimeras/ as id,ias/ os dogmas/ as ilusfes; como produzidos e
reproduzidos pela prKpria ca3ea/ isto ,/ pela consci8ncia- 2ara esses îlKsoôs/ as mudanas da sociedade
ad!iriam da su3stituio das ;âlsas representafes; por pensamentos correspondentes h ess8ncia do
"omem-
Hnsurge<se contra o Gue ele denomina ;ântasias inocentes e pueris da îlosoîa alem neo<"egeliana; e/ a
partir da crtica/ ela3ora e discute sua teoria so3re as +epesenta1es Sociais. Coloca como prin<
W\\ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
cpio 3Isico do ;pensamento; e da ;consci8ncia;/ deteminado modo de *ida dos indi!duos/
condicionado pelo modo de poduo de sua !ida material?
;Hndi!duos determinados/ Gue/ como produtores atuam tam3,m de ôrma determinada/ esta3elecem entre
si relafes sociais e polticas determinadas;- 9---: 2ortanto/ ;a produo das id,ias/ das representafes/ da
consci8ncia estI/ de incio/ diretamente entrelaada com a ati!idade material e com o intercgm3io
material entre os "omens/ como a linguagem da !ida real- * representar/ o pensar/ o intercgm3io espiritual
dos "omens aparece aGui como a emanao direta de seu comportamento material;-9---: ;*s "omens so
produtores de suas representafes/ de suas id,ias etc/ mas os "omens reais/ ati!os/ tal como se ac"am
condicionados por um determinado desen!ol!imento de suas ôras produti!as e pelo intercgm3io Gue a
ele corresponde; 9W[YS/ UV<SS:-
A categoria<c"a!e/ em MarX/ para tratar do campo das id,ias , a C*4SCHz4CHA- 2ara ele/ as
representafes/ as id,ias e os pensamentos so o contedo da consci8ncia Gue por sua !ez , determinada
pela 3ase material?
;4o , a consci8ncia Gue determina a !ida/ , a !ida Gue determina a consci8ncia;- 9---: ;A consci8ncia ,
desde o incio um produto social? ela , mera consci8ncia do meio sens!el mais prKXimo/ , a coneXo
limitada com outras pessoas e coisas ôra do indi!duo;- 9---: ;A consci8ncia Eamais pode ser outra coisa
Gue o "omem consciente e o ser dos "omens , o seu processo de !ida real; 9W[YS/ SU<SV:-
4o entanto/ apesar de deênder durante todo o tempo a anterio<ridade da !ida material so3re as id,ias/ ele
!8 esses dois elementos numa relao dial,tica? ;as circunstgncias âzem os "omens/ mas os "omens
âzem as circunstgncias; 9W[YS/ SV:- 4este sentido/ MarX relati!iza o determinismo mecgnico da 3ase
material so3re a consci8ncia e c"ama ateno para as contradifes eXistentes entre as ôras de produo/
o estado social e as id,ias 9W[YS/ ZU:-
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2ara MarX/ a maniêstao da consci8ncia se âz atra!,s da linguagem?
<d
;$la nasce da car8ncia/ da necessidade de intercgm3io com os outros "omens? a linguagem , a
consci4ncia eal, prItica/ Gue eXiste para os outros "omens e eXiste tam3,m para mim mesmo; 9W[YS/SU:-
0az ele um paralelo entre consci8ncia e linguagem/ entre as representafes e o real in!ertido/ e mostra
como as id,ias esto comprometidas com as condifes de classe?
;As id,ias de classe dominante so/ em cada ,poca/ as id,ias dominantesD isto ,/ a ciasse Gue , a ôra
material dominante da nossa sociedade/ , ao mesmo tempo sua ôra espiritual dominante- Da Gue/ as
id,ias daGueles aos Guais âltam os meios de produo material esto su3Eeti!adas hs classes dominantes-
As id,ias dominantes nada mais so do Gue a eXpresso ideal das relafes materiais dominantes/
colocadas como id,ias gerais/ comuns e uni!ersais de todos os mem3ros da sociedade; 9W[YS/SZ:-
A partir de MarX/ dois outros autores t8m tra3al"ado mais detidamente o campo das representafes
sociais do ponto de !ista marXista _ Gramsci e )ukIcs- Gramsci a3orda o tema/ de ôrma muito
especîca/ Guando trata do S$4S* C*M(M e do %*M S$4S*- $m seus escritos o autor estI mais
preocupado com a Guesto pedagKgica da construo da "egemonia do Gue com a pesGuisa social- Mas
assim mesmo sua ôrmulao , esclarecedora no campo Gue nos concerne/ porGue a!ana a teoria
marXista so3re o mundo das id,ias-
* autor comenta Gue nos seus ;$scritos; MarX se preocupou com o senso comum e com a solidez das
crenas das massas/ mas no para se reêrir ao seu !alor potencial de mudana- 2elo contrIrio/ Gueria
c"amar ateno para a solidez dessas crenas/ particularmente da religio/ enGuanto produtoras de normas
de conduta e de conôrmismo 9W[YW? \U e WSY:- A partir dos ;$scritos; de MarX so3re as crenas das
massas/ Gramsci deênde<o de aîrmar o ;determinismo econjmico da 3ase material so3re as id,ias; e
desen!ol!e o conceito
W\Y 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
de bloco $ist!ico no Gual emite sua prKpria teoria so3re as relafes entre a 3ase material e as id,ias?
;As ôras materiais so o contedo e as ideologias so a ôrma sendo Gue esta distino entre o contedo
e ôrma , puramente didItica/ EI Gue as ôras materiais no seriam "istoricamente conce3!eis sem ôrma
e as ideologias seriam ântasias indi!iduais sem as ôras materiais; 9W[YW/ \U:-
2ara o autor/ o senso comum enGuanto mat,ria<prima ou como ;representao social; tem um potencial
transôrmador- Mesmo como pensamento ^ragmentIrio e contraditKrio/ o senso comum de!e ser
recuperado criticamente/ uma !ez Gue ele corresponde espontaneamente hs condifes reais de !ida da
populao- 2or isso com3ate o preconceito racionalista contra o senso comum em !Irias partes de sua
o3ra- 2rimeiramente aîrma Gue todos nKs somos presa de algum?
<
;2ela prKpria concepo de mundo pertencemos sempre a um determinado grupo/ precisamente ao de
todos os elementos sociais Gue partil"am de um mesmo modo de pensar e agir- Somos conôrmistas de
algum conôrmismo/ somos sempre "omens<massa ou "omens<coleti!os; 9W[YW/WQ:-
Dentro de uma preocupao mais !oltada para o campo poltico/ a descrio Gue Gramsci âz da
consci8ncia desse ;"omem<massa; Gue todos somos de algum modo/ pfe a nu/ de um lado/ os elementos
de incoer8ncia e conser!adorismo Gue a po!oam/ mas de outro lado/ as possi3ilidades e sinais de
mudanas?
;4ossa prKpria personalidade , composta de uma maneira 3izarra? nela se encontram elementos dos
"omens da ca!erna e princpios da ci8ncia mais moderna e progressistaD preconceitos de todas as âses
"istKricas passadas/ grosseiramente localistas e instituifes de uma ûtura îlosoîa Gue serI prKpria do
g8nero "umano mundialmente uniîcado; 9W[YW/WQ:-
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* W\[
2ortanto/ ao mesmo tempo em Gue o autor aponta os elementos ilusKrios/ !aloriza e 3usca compreender
Gual a importgncia do senso comum no tra3al"o pedagKgico de construo da contra<"egemonia?
;* su3alterno , apenas simples ;paciente;/ simples coisa/ simples irresponsa3ilidadeA 4o/ por certo- $m
Gue reside eXatamente o !alor do Gue se costuma c"amar senso comum ou bom sensoe 4o apenas no âto
de Gue/ ainda Gue/ implicitamente o senso comum empregue o princpio da causalidade/ mas no âto
muito mais limitado de Gue/ em uma s,rie de Euzos/ o senso comum identiîGue a causa eXata/ simples/
imediata/ no se deiXando des!iar por ântasmagorias e o3scuridades meta^sicas/ pseudometa^si<cas e
pseudoproûndas; 9W[YW/ UV:-
$m resumo/ podemos apresentar a contri3uio de Gramsci so3re as +epesenta1es Sociais em tr8s
aspectos importantes? (a# primeiramente/ c"ama ateno para o carIter de conôrmismo de Gue elas so
re!eladoras e para o carIter de a3rang8ncia desse conôrmismo de acordo com os diêrentes grupos
sociais- Hsto ,/ retira a id,ia de Gue o ;senso comum; seEa inerente h ignorgncia das massas/ mostrando
como cada grupo social tem seu prKprio conôrmismo e ilusoD (b# em segundo lugar/ alerta para os
aspectos dingmicos geradores de mudanas Gue coeXistem com o conser!adorismo no senso comumD (c#
em terceiro lugar/ analisa a composio mais a3rangente das diêrentes concepfes de mundo _ das
representafes sociais _ de GualGuer grupo social e de determinada ,poca "istKrica?
&C concepo de mundo de uma ,poca no , a îlosoîa deste ou daGuele îlKsoô/ deste ou daGuele grupo
de intelectuais/ desta ou daGuela grande parcela das massas populares? , uma com3inao de todos estes
elementos/ culminando em uma determinada direo/ na Gual sua culminao torna<se norma de ao
coleti!a/ isto ,/ torna<se "istKria completa e concreta; 9W[YW/ UQ:-
$ssa ltima aîrmao de Gramsci nos remete h compreenso das +epesenta1es Sociais, para eêito de
anIlise/ como uma com3inao especîca das id,ias das classes dominantes e das concepfes dos
WZR 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
grupos su3alternos/ numa relao de dominao/ su3ordinao e resist8ncia entre os dois pKlos-
)ukIcs aproûnda o tema das +epesenta1es em MarX/ atra!,s da noo de ;!iso de mundo;- Segundo
ele/ a !iso de mundo no , um dado emprico imediato/ mas um instrumento conceituai de tra3al"o/
indispensI!el para se compreender as eXpressfes imediatas do pensamento dos indi!duos- Sua
importgncia e realidade tam3,m se maniêstam no plano emprico- $la , o principal aspecto concreto do
ênjmeno da ;consci8ncia coleti!a;- Segundo )ukIcs a ;!iso de mundo; , precisamente esse conEunto
de aspirafes/ de sentimentos e de id,ias Gue rene os mem3ros de um grupo 9mais ^reGientemente/ de
uma classe social: e as opfem aos outros grupos 9W[ZS/ \Rss:-
5eêrendando o princpio da determinao da 3ase material so3re as id,ias/ )ukIcs nos diz Gue as classes
sociais so ligadas por um ûndamento econjmico Gue tem importgncia primordial para a !ida ideolKgica
dos "omens/ simplesmente porGue os "omens so o3rigados a dedicar a maior parte de suas preocupafes
e de suas ati!idades a garantir a eXist8ncia/ e Guando se trata das classes dominantes/ h conser!ao de
pri!il,gios e h ger8ncia e aumento de sua ôrtuna-
Como os diêrentes autores citados/ )ukIcs concorda Gue nas consci8ncias indi!iduais se eXpressa a
consci8ncia coleti!a 9de classe: e c"ama ateno para o âto de Gue o ûndamento cientîco do conceito
de ;!iso de mundo; apreendido atra!,s do indi!duo/ , a integrao desse pensamento indi!idual no
conEunto da !ida social/ notadamente pela anIlise da ûno "istKrica das classes sociais 9W[ZS/ \\<YV:-
$m resumo/ a $scola MarXista coloca como denominador comum da ideologia/ das id,ias/ dos
pensamentos/ da consci8ncia/ portanto das epesenta1es sociais, a 3ase material- Mas introduz na sua
anIlise outro elemento importante Gue , a condio da classe? enGuanto a classe dominante tem suas
id,ias ela3oradas em sistemas _ ideologia/ moral/ îlosoîa/ meta^sica e religio _ as classes dominadas
tam3,m possuem id,ias e representafes Gue re^letem seus interesses/ mas numa condio de
su3ordinao- So id,ias marcadas pelas contradifes entre seu lugar na produo e sua condio social-
Hsto ,/ enGuanto l"e ca3e o tra3al"o/ no l"e so3ra muito a ^ruio deleD
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WZW
enGuanto l"e , atri3uda a tareâ da produo/ l"e , proporcionado um consumo escasso e precIrio-
2ara MarX as representafes esto !inculadas h prItica social- Junto com Durk"eim/ ele mostra a
anterioridade da !ida social em relao hs representafes- Mas enGuanto para Durk"eim a sociedade , a
;sntese das consci8ncias;/ para MarX/ a consci8ncia emana das relafes sociais contraditKrias entre as
classes e pode ser captada empiricamente como produto da 3ase material/ nos ;indi!duos determinados/
so3 condifes determinadas;- * prKprio Durk"eim âz Guesto de marcar essa diêrena Guando diz a
respeito da religio?
;k preciso guardar<se de !er na teoia das +epesenta1es um simples reEu!enescimento do materialismo
"istKrico- 4o pretendemos dizer/ mostrando na religio uma coisa essencialmente social/ Gue ela se
limita a traduzir/ em uma outra linguagem/ as ôrmas materiais da sociedade e suas necessidades
imediatas e !itais- A consci8ncia coleti!a , outra coisa Gue um simples epiênj<meno da sua 3ase
morôlKgica- $la , uma sntese sui geneis das consci8ncias particulares- $sta sntese tem por eêito
produzir todo um mundo de sentimentos/ de id,ias/ de imagens/ Gue uma !ez nascidos o3edecem hs leis
Gue l"es so prKprias- Atraem<se e se repelem/ segmentam<se sem Gue todas estas com3inafes seEam
diretamente comandadas pelo estado da realidade su3Eacente; 9W[YU/QQZ:-
$m relao a We3er/ MarX se aproXima Guando diz Gue?
;A no!a classe dominante , o3rigada para alcanar os îns a Gue se propfe/ a apresentar seus interesses
como sendo interesses comuns de todos os mem3ros da sociedade- k o3rigada a emprestar hs suas id,ias a
ôrma de uni!ersalidade e apresentI<las como sendo as nicas racionais/ as nicas uni!ersalmente
!Ilidas; 9W[YS/ ZS:-
We3er/ como EI se !iu/ âla da necessidade de concepfes de mundo a3rangentes para Gue determinada
sociedade se manten"a-
WZQ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
$m3ora seus pensamentos coincidam em termos gerais/ eles se separam pelo recorte de classe proposto
por MarX na anIlise do social/ em contraposio ao termo inespecîco de ;sociedade; usado por We3er-
Com relao ao status das +epesenta1es Sociais no conEunto das relafes/ Durk"eim esta3elece Gue a
!ida social causa as id,iasD para We3er eXiste uma relao de adeGuao entre id,ias e 3ase materialD e
MarX coloca a 3ase material em relao de determinao-
2ensando em termos de construo do con"ecimento/ todos os tr8s clIssicos concordam com a
importgncia de se compreender as representafes sociais-
2ara MarX/ se estas representafes esto coladas ao real/ o estudo e a anIlise das representafes so um
dado so3re o real/ isto ,/ tam3,m inôrmam so3re a 3ase material na Gual se mo!e determinado grupo
social- Durk"eim/ reaîrmando a importgncia das representafes/ diz Gue o pensamento coleti!o de!e ser
estudado tanto na sua ôrma como no seu contedo/ por si e em si mesmo/ na sua especiîcidade/ pois
uma representao social/ por ser coleti!a/ EI apresenta garantias de o3Eeti!idade- 2ortanto/ por mais
estran"as Gue possam parecer/ elas cont8m !erdades Gue , preciso desco3rir- 2ara We3er as
representafes e id,ias t8m uma dingmica prKpria e podem ter tanta importgncia Guanto a 3ase material-
2ara o conEunto dos autores , no plano indi!idual Gue as representafes sociais se eXpressam- MarX âla
na Ideologia Clem de suEeitos "istKricos ou de ;indi!duos determinados; como portadores de uma
ôrma determinada de relafes sociais/ polticas e econjmicas- Durk"eim c"ama ateno para o âto de
Gue as id,ias coleti!as tendem a se indi!idualizar nos suEeitos/ tornando<se para eles uma ônte autjnoma
de ao- $ We3er nos diz Gue o indi!duo/ enGuanto portador de cultura e de !alores socialmente dados/ ,
a ;constelao singular; Gue inôrma so3re a ao social de seu grupo/ tendo<se em conta Gue o limite de
suas inôrmafes , seu prKprio !alor-
Ao terminar essa re^leXo , preciso notar Gue em muitos pontos esses autores coincidem/ mas as suas
di!erg8ncias so ûndamentais/ Guanto hs suas ;!iso de mundo;- $nGuanto para Durk"eim as
representafes sociais eXercem coero so3re os indi!duos e a sociedade/ para We3er os indi!duos , Gue
so portadores de !alores
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WZU
e de cultura Gue inôrmam a ao social dos grupos- MarX admite com Durk"eim Gue os !alores e crenas
eXeram um papel coerciti!o so3re ;as massas;/ mas insiste no carIter de classe das representafes e no
papel da luta de classe Gue se dI no modo de produo e determina o campo ideolKgico- Se para
Durk"eim a coero das representafes , de tal monta Gue a sociedade , a ;sntese das consci8ncias;/
MarX admite o papel li3erador da consci8ncia de classe/ como motor da mudana no interior das
contradifes Gue atra!essam a sociedade capitalista-
Conclus1es
A partir dos !Irios autores colocados acima/ podemos dizer Gue as +epesenta1es Sociais enGuanto
senso comum/ id,ias/ imagens/ concepfes e !iso de mundo Gue os atores sociais possuem so3re a
realidade/ so um material importante para a pesGuisa no interior das Ci8ncias Sociais-
As +epesenta1es Sociais se maniêstam em condutas e c"egam a ser institucionalizadas/ portanto/
podem e de!em ser analisadas a partir da compreenso das estruturas e dos comportamentos sociais- Sua
medio pri!ilegiada por,m , a linguagem do senso comum, tomada como ôrma de con"ecimento e de
interao social- Mesmo sa3endo Gue ela traduz um pensamento ^ragmentIrio e se limita a certos aspectos
da eXperi8ncia eXistencial ^reGientemente contraditKria/ possui graus di!ersos de claridade e de nitidez
em relao h realidade- k ^ruto da !i!8ncia das contradifes Gue permeiam o dia<a<dia das classes sociais
e sua eXpresso marca o entendimento delas com seus pares/ seus contrIrios e com as instituifes- Com o
senso comum os atores sociais se mo!em/ constrKem sua !ida e eXplicam<na mediante seu estoGue de
con"ecimentos- Mas/ al,m disso/ as +epesenta1es Sociais possuem ncleos positi!os de transôrmao
e de resist8ncia na ôrma de conce3er a realidade- 2ortanto/ de!em ser analisadas criticamente/ uma !ez
Gue correspondem hs situafes reais de !ida- 4este sentido/ a !iso de mundo dos diêrentes grupos
eXpressa as contradifes e con^litos presentes nas condifes em Gue ôram engendradas- Assim/ tanto o
;senso comum; como o ;3om senso;/ para usar as eXpressfes gramscianas/ so sistemas de repre<
WZS 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* xx
sentafes sociais empricos e o3ser!I!eis/ capazes de re!elar a natureza contraditKria da organizao em
Gue os atores sociais esto inseridos-
Algumas +epesenta1es Sociais so mais a3rangentes em termos da sociedade como um todo e re!elam
a !iso de mundo de determinada ,poca/ so as concepfes das classes dominantes dentro da "istKria de
uma sociedade- Mas essas mesmas id,ias a3rangentes possuem elementos de passado na sua conôrmao
e proEetam o ûturo em termos de reproduo da dominao- S{
As +epesenta1es Sociais no so necessariamente conscientes- 2erpassam o conEunto da sociedade ou
de determinado grupo social/ como algo anterior e "a3itual/ Gue se reproduz e se modiîca a partir das
estruturas e das relafes coleti!as e dos grupos- 2or isso/ em3ora essas categorias apaream ela3oradas
teoricamente por algum îlKsoô/ elas so uma mistura das id,ias das elites/ das grandes massas e tam3,m
das îlosoîas correntes/ e eXpresso das contradifes !i!idas no plano das relafes sociais de produo-
2or isso mesmo/ nelas esto presentes elementos tanto da dominao como da resist8ncia/ tanto das
contradifes e con^litos como do conôrmismo-
Ainda Gue algumas ôrmas de pensar a sociedade seEam a3rangentes como um cimento Gue mant,m as
suas estruturas de dominao/ cada grupo social âz da !iso a3rangente uma representao particular/ de
acordo com a sua posio no conEunto da sociedade- $ssa representao , portadora tam3,m dos
interesses especîcos desses grupos ou classes sociais e de seu prKprio dinamismo-
2or serem ao mesmo tempo ilusKrias/ contraditKrias e ;!erdadeiras;/ as representafes podem ser
consideradas mat,ria<prima para a anIlise do sKcial e tam3,m para a ao pedagKgico<poltica de
transôrmao/ pois retratam a realidade- 2or,m/ , importante o3ser!ar Gue as +epesenta1es Sociais no
conôrmam a realidade e seria outra iluso tomI<las como !erdades cientîcas/ reduzindo a realidade h
concepo Gue os atores sociais âzem dela-
2ara terminar/ !ale reôrar Gue a mediao pri!ilegiada para a compreenso das representafes sociais ,
a linguagem- Segundo %ak"tin/ ;a pala!ra , o ênjmeno ideolKgico por eXcel8ncia- A pala!ra , o modo
mais puro e sens!el de relao social; 9W[Y\/ U\:- 2articularmente Guando se trata da comunicao da
!ida cotidiana a
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WZV
pala!ra , ûndamental- $las 9as pala!ras: so tecidas a partir de uma multido de îos ideolKgicos e
ser!em de trama para as relafes sociais em todos os domnios- %ak"tin c"ama a nossa ateno para o
âto de Gue cada ,poca e cada grupo social t8m seu repertKrio de ôrmas de discurso/ determinadas pelas
relafes de produo e pela estrutura sKcio<poltica- 2ortanto a pala!ra , a arena onde se con^rontam
interesses contraditKrios/ !eiculando e so^rendo os eêitos das lutas das classes/ ser!indo ao mesmo tempo
como instrumento e como material 9%ak"tin/ W[Y\/ UZ:- 2ela sua !inculao dial,tica com a realidade/ a
compreenso da âla eXige ao mesmo tempo a compreenso das relafes sociais Gue ela eXpressa-
5$25$S$4&ALt$S S*CHAHS D$ SA#D$FD*$4LA
a# Sade=Doena como E8pesso Social e Indi*idual
k indiscut!el a eXist8ncia da Medicina Social como um tema to antigo Guanto a re^leXo so3re o "omem
e a sociedade 95osen/ W[YU:- Desde o incio deste s,culo/ por,m/ sociKlogos e antropKlogos aportaram
uma contri3uio muito importante ao demonstrar/ atra!,s de estudos empricos/ o âto de Gue a doena/ a
sade e a morte no se reduziam a uma e!id8ncia ;orggnica;/ ;natural;/ ;o3Eeti!a;/ mas esta!am
intimamente relacionadas com as caractersticas de cada sociedade- Hsto ,/ re!elaram Gue a doena , uma
realidade construda e Gue o doente , um personagem social-
Ao introduzir a o3ra de Mareei Mauss/ por eXemplo/ ),!i<Strauss êz algumas considerafes Gue se
tornaram clIssicas?
;* esôro irrealizI!el/ a dor intolerI!el/ o prazer ou o a3orrecimento so menos ûno das
particularidades indi!iduais Gue de crit,rios sancionados pela apro!ao ou desapro!ao coleti!as;
9W[VR/ aHHH:-
$ acrescentou?
;$m âce das concepfes racistas Gue Guerem !er no "omem o produto de seu corpo/ mostra<se/ ao
contrIrio/ Gue , o "omem/
WZ\ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
sempre e em toda parte Gue âz de seu corpo/ um produto de suas t,cnicas e de suas representafes;
9W[VR/ aH.:- i
A partir da re^leXo so3re o tra3al"o de Mauss/ ),!i<Strauss mostra Gue uma representao tal como a de
sadeF doena/ maniêsta de ôrma especîca as concepfes de uma sociedade como um todo- Cada
sociedade tem um discurso so3re sadeF doena e so3re o corpo/ Gue corresponde h coer8ncia ou hs
contradifes de sua !iso de mundo e de sua organizao social- Assim Gue/ o tema reêrido/ al,m de ter
seu prKprio esGuema de eXplicao interno e particular/ , como uma Eanela a3erta para a compreenso das
relafes entre indi!duosF sociedade e !ice<!ersa/ das instituifes e de seus mecanismos de direo e
controle?
;$m todas as condutas em apar8ncia a3errantes/ os doentes no âzem seno transcre!er um estado do
grupo e tornar maniêstas tais circunstgncias- Sua posio peri^,rica em relao a um sistema local no
impede Gue eles seEam parte integrante de um sistema total- 2ode<se dizer Gue/ para cada sociedade/
condutas normais e condutas especiais so complementares; 9W[VR/ aaHH:-
Mareei Mauss/ num 3elo teXto intitulado ;)>Hd,e de Mort; analisa a maneira como po!os no!a<zelandeses
e australianos encaram as doenas e a morte- A id,ia de morte/ demonstra Mauss a partir de !Irios
tra3al"os de campo/ , construda e cria uma ligao direta entre o ^sico/ o psicolKgico e o moral/ isto ,/
diz ele/ ;o social;- 4um grande nmero de sociedades/ o medo da morte/ de origem puramente social/
sem nen"uma mistura de âtores indi!iduais/ , capaz de criar tais maniêstafes mentais e ^sicas na
consci8ncia e nos corpos dos indi!duos/ de tal ôrma Gue eles se relacionam com sua morte/ com
detal"es/ sem lesfes aparentes ou con"ecidas?
;So casos acontecidos de mortes causadas 3rutalmente/ em numerosos indi!duos/ mas simplesmente
pelo âto de Gue eles soubeam ou aceditaam Gue iam morrer; 9W[VR/ UWU:-
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WZZ
Comenta o autor/ a partir dos âtos o3ser!ados nesses po!os/ Gue os indi!duos eram possudos
repentinamente por doenas causadas |segundo eles: por êitio/ encantamento ou por pecado de
comisso ou omisso- A id,ia da doena para esses grupos seria a causa mediadora do raciocnio
consciente ou inconsciente de in^rao a alguma norma ou a algum ta3u- So situafes em Gue o suEeito
Gue adoece ou morre no se c4 ou no se sabe doente a no ser por causas coleti!as Gue em geral se
representam pela ruptura com as coisas sagradas Gue o sustentam-
A seguinte aîrmao de Mary Douglas apenas conîrma a posio de ),!i<Strauss e Mareei Mauss?
;* corpo social limita a ôrma pela Gual o corpo ^sico , perce3ido- A eXperi8ncia ^sica do corpo/ sempre
modiîcada pelas categorias sociais atra!,s das Guais , con"ecida/ sustenta uma !iso particular da
sociedade; 9W[ZW/ YU:-
2ortanto/ a partir das ci8ncias sociais podemos dizer Gue "I uma ordem de signiîcafes culturais mais
a3rangentes Gue inôrma o ol"ar lanado so3re o corpo Gue adoece e Gue morre- A linguagem da doena
no ,/ em primeiro lugar/ linguagem em relao ao corpo/ mas h sociedade e hs relafes sociais- SeEa Gual
ôr a dingmica eêti!a do ;îcar doente;/ no plano das representafes/ o indi!duo Eulga seu estado/ no
apenas por maniêstafes intrnsecas/ mas a partir de seus eêitos? ele 3usca no m,dico 9ou no
correspondente a ele em cada sociedade: a legitimidade da deînio de sua situao- Disso retira atitudes
e comportamentos em relao a seu estado e assim se torna doente paa o outo% para a sociedade-
Do ponto de !ista causai/ a ordem de signiîcafes culturais inôrma e se reêre? (a# h !iso do mundoD
(b# a atitudes coleti!as âce h inêlicidade dominadoraD (c# ao ;pecado; Gue se personaliza na doena/ isto
,/ ao rompimento do "omem com limites dados pelas regras e normas da sociedade/ ^reGientemente
traduzidas em cKdigos morais ou religiososD (d# ao corpo doente como espao do ;"orr!el; Gue se
mostra/ sim3olizando o ;inêliz; e ;alienante; naGuela sociedade/ aGuilo Gue para ela no estI resol!ido/
no , compreens!el e re!ela sua precariedade-
WZY 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
$sse neXo causai de origem pode ser resumido em âtores endKge<nos e eXKgenos presentes tanto nas
concepfes dos po!os primiti!os como nas dos mais modernos- Do ponto de !ista m,dico<clnico/ os
âtores endKgenos so pensados atra!,s dos processos 3iolKgicos- Do ponto de !ista do senso comum/ o
indi!duo , causador de doena atra!,s de Guestfes "ereditIrias/ castigo di!ino ou pecado indi!idual- As
causas eXKgenas so pensadas so3retudo a partir da sociedade/ isto ,/ do deseGuil3rio entre as relafes
sociais de determinado grupo e dele com o seu meio/ como 3em eXpressam 2eter Manning e 6orIcio
0I3rega Jr-?
;$studos Gue compro!am os signiîcados 3Isicos acerca do corpo podem esclarecer no somente o Gue ,
uni!ersal e o Gue , culturalmente !ariI!el so3re a doena/ mas tam3,m o papel central Gue essas nofes
interrelacionadas eXercem na percepo do "omem na sua relao com o ecossistema; 9W[ZU/ ZQ:-
A doena como pro!eniente do indi!duo/ primeiramente , conce3ida como um processo Gue/ de
imediato/ no re!ela seu !nculo com o social- Hsto ,/ em primeira instgncia/ independentemente de
GualGuer eXplicao Gue possa ser dada/ , o indi!duo Gue adoece e en^renta a morte- 4o entanto/ a
atri3uio de sentidos das causas endKgenas , tam3,m socialmente construda- Puase sempre so
interpretafes Gue re!elam desgnio di!ino/ âtalidade ou desordem Gue remetem h deso3edi8ncia ou h
Gue3ra de normas e ta3us coleti!os/ ultrapassando assim as razfes do corpo indi!idual e do estado
orggnico-
As concepfes da origem da doena por causas eXKgenas esto ligadas h sociedade/ compreendida como
agressi!a/ opressi!a e ao modo de !i!er pouco saudI!el- 4as tri3os primiti!as doenas/ como distr3ios
mentais/ so por !ezes atri3udas a 38nos/ presena ou castigo da di!indade/ h o3ra de êiticeiros e
mIgicos ou demjnios- 4o mundo moderno as causas so atri3udas particularmente ao modo de *ida,
deînido por Claudine 6erzlic" 9W[YS: como sendo o Guadro espacial e temporal no Gual o indi!duo !i!e/
e suas caractersticas 9densidade de populao/ atmosêra:/ o ritmo de !ida 9"orIrios e estmulos:/ assim
como seus re^leXos em certos comportamentos
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WZ[
cotidianos? alimentao/ ati!idades/ descanso/ sono- &rata<se de uma representao Gue re!ela a relao
de eXterioridade na ôrma como o indi!duo se pensa em relao h sociedade/ mas Gue tem/ ao mesmo
tempo/ signiîcao comum ao grupo- * meio am3iente e a prKpria organizao social so representados
como "ostis/ e portadores de doenas e deseGuil3rio- $m tais circunstgncias/ a sade *ista como um
atibuto do indi*,duo Gue a^ronta o mundo malso e passa a ser !tima dele-
b# Sade=Doena como e8pesso de contadi1es sociais
Se SadeFDoena , uma noo Gue re!ela a realidade social na Gual , construda/ para compreendermos
essa representao dentro de nosso conteXto/ , preciso eXaminI<la a partir dos su3stratos econjmico/
poltico e cultural no Gual !i!emos-
4uma sociedade capitalista onde as relafes sociais se âzem a partir de diêrenciao de classes/ da
desigualdade na distri3uio e atri3uio de riGuezas/ a concepo de sadeFdoena estI marcada por
essas contradifes- Contradifes marcam as representafes da classe dominante Gue inôrmam as
concepfes mais a3rangentes da sociedade como um todo e so !eiculadas de ôrma especializada atra!,s
da corporao m,dica- 5e^letem<se tam3,m nas representafes das classes tra3al"adoras Gue se
su3ordinam h !iso dominante/ e a reinterpretam de ôrma peculiar/ de acordo com suas condifes de
eXist8ncia e seus interesses especîcos- So essas eXpressfes de dominao/ de resist8ncia e su3ordinao
Gue procuramos entender aGui-
$m 6a Mdecine du Capital 2ollack aîrma?
;2ode<se dizer/ sem paradoXo/ Gue o capital îXa pre!iamente a durao m,dia da eXist8ncia/ para os
diêrentes estratos sociais e distri3ui taticamente sua sentena de morte; 92ollack? W[ZQ:-
As representafes mais gerais de SA#D$FD*$4LA em nossa sociedade/ no entanto/ no so eXpressfes de
um des!endamento claro das desigualdades e nem eXplicitam os eêitos do modo de produo so3re a
!ida e a morte dos indi!duos- 2elo contrIrio/ as
WYR 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
ôrmulafes ideolKgicas em3utidas nas representafes tentam escamotear as contradifes da !ida real/
em3ora no consigam apresentar uma imagem totalmente coerente da realidade-
Conti/ no seu teXto ;$strutura Social y Medicina; comenta Gue?
;A anIlise "istKrica nos mostra como as necessidades das classes dominantes Gue se eXpressam como se
ôssem as necessidades da sociedade em seu conEunto/ condicionam o conceito de sadeF doena- 4a
sociedade capitalista/ o conceito de doena estI centrado na 3iologia indi!idual/ âto Gue tenta escamotear
o carIter social do ênjmeno; 9W[ZQ/ QYY:-
As representafes dominantes em toda a sociedade so mediadas de ôrma muito peculiar pela
corporao m,dica- Hntelectual orggnico da classe dominante na construo da "egemonia Gue se eXpressa
em torno do setor sade/ o m,dico , ao mesmo tempo o principal agente da prItica e agente do
con"ecimento-
D

&
Atra!,s de relafes e de instituifes legitimadoras de seus atos e discursos/ dentro de um esGuema
corporati!o/ o proîssional m,dico reproduz de ôrma contraditKria as concepfes so3re o corpo/ so3re
sadeFdoena/ so3re a !ida e a morte-
A proîsso/ conôrme %oltanski/ situa o m,dico na con^lu8ncia de tr8s lKgicas a3solutamente
contraditKrias? (a# lKgica do "umanitaris<mo/ Gue se traduz na ideologia de âzer tudo pelo doente/ na
medida em Gue se Eulga o depositIrio da !ida e da morteD (b# lKgica da racionalidade e do interesse
cientîco/ o Gue torna cada cliente ;um caso; ou poss!el la3oratKrio de progresso da ci8nciaD (c# lKgica
da renta3ilidade econjmica/ ;do gan"ar din"eiro; Gue , o grande estmulo de seu status proîssional na
sociedade capitalista- * conEunto de con^litos gerados por essas lKgicas distintas le!a a Gue os m,dicos
no possam/ como os outros comerciantes de 3ens e ser!ios/ eXplicitar como îm nico de seu
empreendimento/ a maXimizao de lucros- Mas , essa lKgica Gue predomina no setor considerado como
um todo e Gue/ na !erdade/ inôrma a sua relao com o $stado e a populao 9W[Z[/ SW:-
< m -
5eêrindo<se h "istKria da medicina moderna/ %oltanski escre!e Gue , ela a?
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WYW
;6istKria de uma luta contra os preconceitos m,dicos do p3lico e mais especialmente/ das >classes
3aiXas>/ contra as prIticas m,dicas populares/ com o îm de reôrar a autoridade do m,dico/ de l"e
conêrir o monopKlio dos atos m,dicos e colocar so3 sua Eurisdio no!os campos a3andonados at, ento
ao ar3trio indi!idual/ tais como a criao dos r,cem<nascidos ou a alimentao; 9W[Z[/WS:-
$sta "istKria de luta , uma "istKria de dominao perenemente contestada na precariedade no cotidiano-
A 3arreira mais !is!el entre o m,dico e a populao/ no eXerccio de sua proîsso/ se dI atra!,s de um
cKdigo de linguagem êc"ado e especîco- $sse cKdigo/ como aîrma %ak"tin ;retrata e re^rata a
realidade;- 2rimeiramente ele se atem ao contorno 3iolKgico e indi!idual do doente- Desta ôrma/ eXplica
o ênjmeno sadeFdoena como o 3om ûncionamento dos Krgos e como responsa3ilidade indi!idual-
Separa o suEeito de seu meio/ de sua eXperi8ncia eXistencial/ de sua classe e dos condicionamentos de sua
situao- $m segundo lugar/ transôrma o conceito de doena numa especialidade a respeito de
determinado Krgo/ considerado o corpo do doente principalmente como o3Eeto de sa3er e espao da
doena- $m terceiro plano/ a prIXis m,dica c"ega a prescindir da realidade mais imediata e sens!el Gue ,
o corpo e seus sintomas/ !oltando<se para as mensagens in^racorporais ôrnecidas pelos eGuipamentos
la3oratoriais-
$ssa ôrma de dominao centrada so3re a concepo m,dica da sadeFdoena corresponde h lKgica mais
glo3al do sistema- Conôrme analisa Arouca?
;4a medida em Gue se îXa na eîci8ncia do corpo/ a medicina moderna/ contri3uindo para a
produti!idade/ torna o cuidado m,dico indiretamente produti!o/ mas de ôrma desigualmente distri3udo?
ele possui signiîcados diêrentes diante das diêrentes classes sociais; 9Arouca? W[ZV/ QWU:-
2ara as classes dominantes/ cuEa leitura so3re o corpo passa pelas eXpressfes de sade/ !igor/ 3eleza/
"armonia e prazer/ o conceito
WYQ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
restrito ao 3iom,dico complementa<se atra!,s de outros cuidados Gue se ampliam no lazer/ na est,tica e
termina no di!a psicanalista- Sua diîculdade em relao aos cKdigos da medicina se eXpressa na
dissimetria da linguagem de compet8ncia t,cnica/ e se anula em termos de distgncia social?
;Dos doentes supostamente pertencentes h mesma classe social/ ou pelo menos/ ao mesmo uni!erso
cultural do m,dico/ este espera uma cooperao para c"egar ao diagnKstico/ atra!,s dos sinais e dos
sintomas Gue perce3em; 9)oyola? W[YS/ QU:-
A !iso mais ampliada de sade dos grupos dominantes , mediada pela noo de ;modo de !ida
moderno; Gue por sua !ez êtic"iza e coisiîca a opresso da sociedade so3re os indi!duos/ como se no
ôssem eles/ atra!,s das ôrmas de organizao social e das instituifes/ atores e autores/ desse ;modo de
!ida;- $ssa noo construda a partir do senso comum costuma ser resumida em? am3iente poludo/ !ida
agitada/ mis,ria/ !iol8ncia/ marginalidade/ ritmo de !ida cansati!o e !ida social con^liti!a- $ uma
representao Gue escamoteia o conceito de relafes sociais caractersticas do modo de produo
capitalista/ Gue se traduzem em o3Eeti!ao da !ida no lucro/ contradio entre os Gue produzem as
riGuezas e os Gue delas se apropriam/ entre a "armonia como a natureza e seu uso predatKrio com
înalidade econjmica imediatista- * prKprio 3em<estar redunda eêti!amente na noo de 3em<estar
relati!o e con^liti!o porGue se c"oca com as conseGi8ncias de uma lKgica Gue no se centra nem na
"armonia e nem no eGuil3rio da sociedade/ mas nas suas contradifes permanentes-
* sistema m,dico oîcial/ Guando ôcaliza seu Guadro de reêr8ncia no 3iolKgico indi!idual ou nos
constrangimentos do modo de !ida/ reôra a representao do ênjmeno sadeFdoena de ôrma
positi!ista- 4a !erdade a !iso do social Guando se incorpora ao conceito dominante , tratada como um
elemento a mais para o diagnKstico/ numa relao linear e ilustrati!a- A realidade concreta continua
o3scurecida pelas id,ias de ;progresso;/ de ;a!ano;/ de ;domnio so3re a !ida e a morte; de ôrma
e!olucionlsta e desen!ol!imentista/ Gue !8 a "istKria da doena como proEeo do grau de domnio do
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"omem so3re a natureza- $ssa representao prKpria do esGuema dominante Gue Eustiîca os
in!estimentos no in!estimento t,cnico/ , importante/ mas parcial- $la desconsidera os condicionantes
"istKri<co<sociais Gue marcam deîniti!amente os modos especîcos de adoecer e morrer numa sociedade
de classe/ e descon"ece todos os aspectos sociais en!oltos tanto na deînio como na prItica relati!a aos
cuidados com a sade-
4ada to poderoso como as ;doenas<metIôras; para marcar a concepo dominante da sociedade na sua
ôrma ;oîcial; de encarar o ênjmeno da sadeF doena- 2or ; doenas<metIôras; entendemos aGui/
repetindo a eXpresso de Susan Sontag 9W[YS:/ enêrmidades Gue enseEam catIstroês e tomam um carIter
"istKrico/ dentro de determinadas ,pocas/ por mo3ilizarem o conEunto da sociedade- Sontag cita a peste
nos s,culos a.H e a.HH/ a tu3erculose e a sîlis no s,culo aHa/ o cgncer no s,culo aa e a aids
atualmente-
Do ponto de !ista da tecnologia m,dica/ essas doenas ûncionam como desaîo h ci8ncia/ ao progresso e
reaîrmam a ideologia desen<!ol!imentista segundo a Gual o poder da medicina in!este para !encer- A
partir dos interesses corporati!os/ elas so o espao pri!ilegiado de acirramento na guerra competiti!a dos
grupos proîssionais/ la3oratKrios/ indstrias de eGuipamentos- $las medeiam a luta entre sa3er e poder
econjmico organicamente relacionados com o sistema como um todo- Do ponto de !ista ideolKgico/ o
sentido da corporao m,dica e sua imagem sal!adora e îlantrKpica esto sempre em Eogo/ numa relao
contraditKria entre os a!anos conseguidos e o Gue consideram ^racasso/ isto ,/ a impot8ncia ^rente h
morte-
Do ponto de !ista sociolKgico poderiam ser consideradas 9a despeito da especiîcidade dos mitos/ dos
sintomas e de cada uma: doenas<snteses porGue criam o consenso do mal pro!eniente das ;anomalias
sociais;/ renem em si as eXplicafes dos deseGuil3rios indi!iduais 9autoEulgamento e autopunio: e
sociais 9modo de !ida opressi!o e repressi!o: apelam para o transcendente/ ligando o material e o
espiritual-
$ssas doenas desaîam o carIter de classe do modo especîco de adoecer e morrer- So interpretadas
como capazes de atingir a todos os grupos sociais indiscriminadamente e/ portanto/ âzem parte de
WYS 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
um imaginIrio social mais amplo Gue eXplica a desordem/ os des!ios morais e at, a pretensa ;de!assido;
do ser "umano- So ênjmenos pri!ilegiados de Guestionamento da precariedade da organizao social-
5enem a ameaa de morte da "umanidade/ anunciam sua decad8ncia/ perpetuam a perman8ncia
sim3Klica ou real da inêlicidade e c"amam ateno para os ;comportamentos recriminI!eis;/ !etores do
mal de "oEe e sempre- $m algumas delas/ a sndrome de medo da doena reôra as crenas conser!adoras
da sociedade/ como , o caso da sîlis e da aids- "p~in-
Claudine 6erzlic"/ retomando a eXpresso de Susan Sontag/ âla a respeito das reêridas doenas como
metIôras Gue nos âzem reencontrar a !iso arcaica e moderna do mal/ Gue nos re!elam nossa relao
com o mundo de "oEe e ao mesmo tempo e!idenciam nossa ^ragilidade permanente de indi!duos 9W[YS?
ZZ<[Q:? /
;Somos sempre dominados e mudos ^rente aos cataclismos de nosso corpo; 9W[YS/WRW:-
;Mas;/ acrescenta 6erzlic"/ ;a medicina tam3,m/ e no apenas a sade<doena/ , "oEe uma metIôra? em
!olta dela esto articuladas nossas interrogafes mais essenciais concernentes ao ûturo da "umanidade;
9W[YS/WRV:-
$ssa ltima aîrmao da autora reôra a !iso dominadora da ,edi#ia como resposta a interrogafes
essenciais- )egitimadora do -ode" de $, grupo dominante/ atri3ui<l"e !ocao sal!adora- $ssa
concepo tem razes nas teorias desen!ol!imentistas- $la contrasta com a !iso da medicina ;popular;
9atra!,s da Gual se eXpressa 3oa parte dos segmentos da classe tra3al"adora nos comportamentos a
"es-ei&o das doenas: Gue passa por articulafes diêrentes/ Gue atri3uem a razo e o ûturo da
"umanidade/ em ltima instgncia/ h sua reconciliao com Deus- Am3as as concepfes podem ser
Guestionadas na sua atri3uio de causas e em seus eêitos morais? de um lado se reaîrma o poder de um
grupo so3re o malD de outro/ transêre<se para o transcendente a causa e o cuidado da inêlicidade- As
doenas metIôras/ nos seus mist,rios indicam camin"o de !olta ou de transôrmao- $m suas
eXpressfes religiosa ou proâna/ Sontag as considera com poder conser!ador?
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WYV
;As modernas metIôras da doena especiîcam um 3em<estar da sociedade assemel"ado h sade ^sica
Gue , to ^reGientemente apoltico Guanto o , um apelo h no!a ordem poltica; 9Sontag? W[YS/ [\:-
2ela sua capacidade desencadeadora de tecnologias/ de con^litos de poder e sa3er e ao mesmo tempo
mo3ilizadora de sentimentos/ emofes e medos/ elas se so3repfem/ no imaginIrio social/ ao Guadro
social mais amplo de mor3imortalidade de determinada sociedade e ,poca- $sse Guadro/ marcado como
um ênjmeno coleti!o/ pelos impactos dos processos de tra3al"o especîcos do modo de produo e de
!ida/ re^letem a di!iso de classe peculiar/ no interior da ôrmao social-
Da mesma ôrma Gue em relao h construo social das c"amadas ;doenas metIôras; a realidade
costuma ser mistiîada/ a compreenso crtica do processo sadeF doena no , Îcil para as classes
tra3al"adoras- $las prKprias esto im3udas de concepfes dominantes/ em3ora criando cKdigos prKprios
de reinterpretao Gue compfem seu esGuema de resist8ncia cultural- $sse Eogo de su3ordinao e
aîrmao permanentes e Gue do coer8ncia h !iso de sadeFdoena dos dominados , o Gue !eremos a
seguir-
$m relao h ciasse tra3al"adora/ o conceito Gue estI su3Eacente na deînio social de sadeF doena/
!eiculado pela !iso de mundo dominante , a incapacidade paa tabal$a. $ssa noo tem estreita
relao com a economia e e!entualmente com a criao de mais<!alia e possi3ilidade de acumulao
capitalista- 2ara a classe tra3al"adora/ a representao de ;estar doente; como sinjnimo de inati!idade
tem a marca da eXperi8ncia eXistencial- &rata<se de uma eGui!al8ncia ;social; e no ;natural;- As
eXpressfes correntes ;a sade , tudo/ , a maior riGueza;/ ;sade , igual h ôrtuna/ , o maior tesouro; em
oposio a ;doena como castigo/ inêlicidade/ mis,ria; etc- so representafes eloGientes de uma
realidade onde o corpo se tornou/ para a maioria/ o nico gerador de 3ens- A mis,ria/ a ôme e o
desespero Gue ad!8m do âto de estar doente/ l"es dizem/ na prItica/ Gue seu corpo , sua ônte de
su3sist8ncia e sua nica ônte de reproduo- * assalariamento enGuanto cerne do modo de produo
capitalista âz do corpo ;ôra de tra3al"o;/ criador de eXcedentes
WY\ 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
para as classes Gue det8m os meios de produo e nica condio para a !ida dos tra3al"adores e suas
âmlias- ;SadeFriGueza;/ ;corpoFinstrumento de tra3al"o; representam uma realidade !i!ida/ ^ruto das
contradifes Gue esto na 3ase material da sociedade-
&am3,m a medicina/ como mediadora Gue indi!idualiza o mal e a cura/ estI presente nas representafes
dos tra3al"adores- 2ara eles/ a doena como responsa3ilidade pessoal e portanto como custo înanceiro/ e
a medicalizao de um conEunto de atos de sua !ida/ so âto real e imposto pelas relafes de produo- *
;estar doente; al,m de signiîcar a espoliao de sua nica ônte de su3sist8ncia/ o corpo/ indica tam3,m
um ;status; ûndado em categorias anatjmico<î<siolKgicas/ estruturadas e legitimadas socialmente
atra!,s do ol"ar e do !eredito m,dico- ;$star doente; corresponde ento a su3meter<se a regras/ o3edecer
a prescrifes e a respeitar consignas- Desta ôrma/ a apreenso essencial do corpo doente/ tendo em !ista
a eXpectati!a Gue dele se âz como ;motor; e ;ûncional; _ numa sociedade onde nos deînimos e somos
!alorizados como produtores _ le!a a Gue/ a incapacidade de fa@e, mais do Gue altea1es no paece,
tornem os tra3al"adores apreensi!os- * sentimento de desintegrao social e de su3ordinao h medicina
marcam o corpo do doente da classe tra3al"adora-
Seria/ no entanto incorreto descon"ecer o espao Gue constitui o ênjmeno sadeFdoena/ para eXpressar/
nas representafes das classes tra3al"adoras/ sua !iso particular/ sua resist8ncia h dominao e seu
proEeto de mudana Gue se ôrEa/ de ôrma contraditKria/ ao conEunto das id,ias dominantes-
A particularidade cultural pode ser o3ser!ada a partir da linguagem, mediadora por eXcel8ncia das
concepfes de mundo- So os m,dicos/ como EI dissemos/ Gue det8m a linguagem do corpo coordenado-
2ara as classes tra3al"adoras/ os sintomas so colocados no corpo de ôrma localizada/ nalgum Krgo e
eXpressos atra!,s de eXplicafes Gue os analisam/ geralmente ligados a âtos eXistenciais/ inter!enfes
so3renaturais eFou situafes !i!idas no dia<a<dia- $ssa ôrma de atri3uio de causas atra!,s de uma
concepo ao mesmo tempo localizada e analtica/ Gue contempla o conEunto das situafes inêlizes da
!ida cotidiana/ , tal!ez o primeiro ponto de ruptura com
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WYZ
a linguagem m,dica Gue ,/ ao contrIrio/ coordenadora/ sint,tica e especîca-
Claudine 6erzlic" comenta Gue?
;$ssa concepo localizadora Gue tenta âzer corresponder a cada sinal isolado um Krgo/ nos aparece
como a po3ieza de linguagem so3re o corpo? linguagem Gue ignora a ^rase e a sintaXe e Gue se reduz ao
nome- Da mesma ôrma Gue a pala!ra<^rase representa o primeiro estIgio da linguagem "umana/ para o
doente essa denominao elementar , a nica de Gue dispfe; 9W[YS/WZV:-
A reêrida interpretao da autora/ a nosso !er/ re^lete uma !iso preconceiruosa da classe tra3al"adora
tomada como ignorante e em estIgio inântil- .iso Gue/ por ignorar as condifes de produo da
linguagem/ aca3a sendo etnoc8ntrica- Ao caracterizar os doentes das classes tra3al"adoras por sua
ignorgncia Guanto ao corpo e h mel"or ôrma de cuidI<lo/ desGualiîcam<se suas representafes de sadeF
doena e dos seus princpios de "igiene- Ao mesmo tempo o cKdigo da medicina cientîca sai por ela
legitimado como o nico capaz de deci^rar a âla desarticulada e conûsa dos doentes/ numa linguagem
dos sintomas/ e portanto a nica !erdadeira- k importante perce3er Gue/ ao contrIrio das concepfes da
classe dominante Gue mant8m com a medicina oîcial uma relao apenas dissim,trica em relao ao
senso comum e ao sa3er t,cnico/ nas classes tra3al"adoras/ as representafes re!elam !alores/ atitudes e
interesses em oposio contraditKria- $ssa oposio certamente no se assemel"a a um corte estItico-
Am3as as !isfes se in^luenciam mutuamente em relao de su3misso e resist8ncia- 4a !erdade/ !Irios
estudiosos t8m demonstrado Gue tanto o esGuema dominante , incorporado/ como os m,dicos a3sor!em o
senso comum e agem atra!,s dele 9%oltanski/ W[Z[D )oyola/ W[YSD Montero/ W[YVD 6erzlic"/ W[YS/W[YS
Q; ed/ 0ried<son/ W[\W:- Mas/ em am3as as partes eXiste uma reinterpretao ;interessada; diramos/ Gue
re^lete as posifes diêrenciadas dos atores sociais-
2ara as classes tra3al"adoras?
;A doena 9ou sade: , considerada no Guadro glo3al dos pro<
WYY 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
3lemas da !ida e da morte/ como um ênjmeno Gue escapa/ em ltima instgncia/ ao controle do "omem/
como algo Gue/ no limite/ , produto de ôras so3renaturais ou/ mais comumente/ de Deus; 9)oyola?
W[YS/W\Q:-
2ara esses grupos/ a doena se reêre internamente a deseGuil3rios Gue aêtam de uma sK !ez
espritoFalma e corpoFmat,ria- As doenas espirituais causadas por ;mau<ol"ado;/ ;tra3al"o êito;/
;esprito encostado;/ ;castigo di!ino; _ segundo as crenas dos atores sociais _ integram<se no
indi!duo/ hs doenas da mat,ria causadas pelo meio am3iente/ o tra3al"o/ as condifes de !ida- De
acordo com as circunstgncias/ ora o esprito ora a mat,ria so mais !alorizados nas eXplicafes- 4o
entanto/ em momento algum/ esses mesmos ênjmenos so apresentados apenas do ponto de !ista
3iolKgico ou espiritual? en!ol!em a !iso integrada de "omem 9corpo e alma: e sua relao com as
condifes de !ida tomadas no sentido mais amplo- As oposifes ;corpoFalma;/ ;indi!duoFsociedade; Gue
so complementares e mesmo inclusi!as nas representafes da classe tra3al"adora/ Eustiîcam/ mais do
Gue as diîculdades de linguagem/ seu comportamento em relao h medicina oîcial- 2ara desespero dos
proîssionais 9Gue eXplicam o âto pela ignorgncia/ reaîrmando assim seu campo de compet8ncias:/ os
indi!duos recorrem a eles mas no cr8em estritamente em suas prescrifes- 5elati<!izam<nas/ seEa em
relao ao uso dos medicamentos/ seEa na considerao de suas pala!ras- $sses grupos t8m uma li3erdade
_ li3erdade de dominados no comprometidos com a perenidade do sistema _ de reinterpretar os
preceitos m,dicos/ de integrI<los dentro de suas condifes eXistenciais e ao mesmo tempo prescindir
deles ou su3estimI<los- Assim/ pelo uso/ de acordo com seus interesses imediatos/ do esGuema
dominante/ e pela posse estrat,gica de um instrumental de eXplicafes e aplicafes prKprios/ constrKi<se
uma maneira especial de as classes tra3al"adoras lidarem com os ser!ios e assist8ncia m,dica- $ssa
ôrma particular desconcerta e Guestiona as tentati!as de racionalizar a partir da lKgica do sistema-
* modo prKprio de se relacionar com a medicina oîcial/ particularmente atra!,s da medicina religiosa e
tradicional/ , um esGuema atra!,s do Gual a classe tra3al"adora resiste h despossesso do
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* WY[
sentido de sua !ida e de sua morte- $nGuanto procura e rei!indica um tratamento adeGuado e ; digno; no
sistema oîcial/ mas ao mesmo tempo/ atra!,s de outros sistemas/ encontram uma alternati!a para a sua
representao de corpo e sua relao com o mundo/ os tra3al"adores reaîrmam sua identidade e um sa3er
especîco Gue se contrapfem e Guestionam as interpretafes dominantes e legitimadas-
Conclumos Gue a ôrma como as classes tra3al"adoras representam o corpo no pode ser taXada de
ignorante/ mas como um sabe espec,fico (ue tem efic"cia eal e conse(f4ncia conceta sobe a *ida e a
mote de seus membos. Constitui uma estrat,gia de resist8ncia h Ktica dominante Gue tenta passar a
imagem do corpo apenas como instrumento de tra3al"o e para isso o disciplina- * em3rutecimento
resultante do ;"omem<ôra de tra3al"o;/ ;"omem<complemento da mIGuina;/ ;"omem<mIGuina;
es3arra tanto nas concepfes como na eXperi8ncia eXistente de uma classe Gue tanto nas unidades de
tra3al"o como nos seus locais de moradia gritam sim3olicamente pela sua unidadeF glo3alidade perdida-
* eXemplo mel"or Gue conîrma esse ;grito parado no ar; so as estatsticas de sintomas classiîcados
pelo H%G$ em relao h situao de sade da populao po3re no $studo 4acional de Despesas
0amiliares 9$4D$0: de W[ZS- &anto as ôrmulafes a contidas como outras Gue surgem nas diêrentes
conîgurafes de po3reza do pas oêrecem um Guadro de doenas c"amadas pelos entre!istados como
;ner!osas; so3 o termo ;ner!oso; ou ;doenas dos ner!os; e outras pala!ras temIticas Gue eXpressam a
mesma categoria- (sando seu prKprio cKdigo para interpretI<las/ seriam ;doenas do esprito; Gue se
reêrem ao conEunto das ansiedades e insatisâfes pelas ;diîculdades da !ida;- * cansao permanente do
so3retra3al"o/ a alimentao insuîciente/ as restrifes compulsKrias pro!ocadas pelos 3aiXos salIrios/ o
desemprego/ a incapacidade de lidar com os esGuemas 3urocrIticos e impessoalizados compfem o campo
das ;doenas sentidas; so3 a denominao de ;ner!oso;- $las so tal!ez o Guestionamento mais loGuaz e
o desaîo maior ao modelo 3iom,dico- $le pode propor a cura de uma enêrmidade localizada/ mas no
possui um Guadro de reêr8ncia para lidar com as sensafes eXperimentadas no corpo marcado pela
eXcluso dos 3ens necessIrios h manuteno da !ida indi!idual e social-
W[R 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
A ttulo de eXemplo/ podemos perce3er Gue a cur!a de mortalidade adulta no %rasil estI marcada
prioritariamente por causas agressi!as 9acidentes de tra3al"o/ acidentes de trgnsito/ "omicdios:- *s
indicadores de mortalidade inântil denotam causas pro!enientes da mis,ria/ da ôme e da âlta de
saneamento 3Isico/ itens particularmente importantes para atri3uio do padro de sade coleti!a- A
distri3uio das doenas e da morte/ segundo a epidemio<logia social re!ela sua determinao social
9&am3ellini/ W[ZVD )aurell/ W[YSD %reil"/ W[Y\D 5osIrio Costa/ W[Y\:- Cristina 2ossas/ ao terminar seu
li!ro so3re Sade e 5abal$o conclui Gue?
;4o eXiste nen"uma alternati!a de soluo dos pro3lemas de sade da populao 3rasileira Gue possa ser
3uscada apenas no interior do prKprio setor SA#D$;-
$ssa re^leXo/ no entanto/ no passa pelo cri!o da medicina oîcial porGue aceitI<la signiîcaria colocar
em e!id8ncia o carIter predatKrio e destruidor do sistema dominante- Deînir categorias e programas
centrados na segurana do tra3al"o e no com3ate a doenas proîssionais/ Guestionar as condifes gerais
de produo/ do ponto de !ista dos interesses das classes tra3al"adoras/ eXige a^rontar ôras econjmicas
e polticas dominantes- Desta ôrma as doenas pro!ocadas pelas condifes de !ida e de tra3al"o so
tratadas como Guesto indi!idual ou inespeciîcamente como ;males da !ida moderna;-
Assim/ as c"amadas ;doenas<metIôras;/ por atingirem a todos os grupos sociais e serem ameaas
permanentes para os setores dominantes do sistema/ canalizam recursos/ pesGuisas e no!as tecnologias
Gue certamente 3eneîciam o conEunto da populao- 2or,m/ as doenas relacionadas hs precIrias
condifes de eXist8ncia apenas de longe so tocadas como tal- So socialmente ;desconstrudas;/
despidas de seu carIter social e transôrmadas em ;culpa;/ ;descuido;/ ;ignorgncia popular;- A
compreenso de seu carIter apela para mudanas sociais a3rangentes Gu, se reêrem ao conEunto das
relafes de produo e de reproduo-
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* W[W
c# Cs +epesenta1es da SC0DE como campo de luta pol,tica
Do ponto de !ista das representafes dominantes/ a SA#D$ , o campo de ao do indi!duo- JI Descartes
dizia Gue nada eXiste Gue o indi!duo no possa âzer por si mesmo/ mel"or Gue o mel"or dos m,dicos/ se
ele Guiser ter o 3om senso de prolongar sua sade- $ssa aîrmao re!ela uma !iso "ipocrItica/ segundo
a Gual a doena pode ensinar o "omem e a se comportar ou!indo a natureza e perce3endo o Gue , mel"or
para ele- $m nossa sociedade atual/ a SA#D$ como !irtude indi!idual se eXpressa de !Irias ôrmas- A mais
simples e generalizada pela !iso m,dicoF 3iolKgica , a aus8ncia de doena Gue se maniêsta pelo
;sil8ncio do corpo; ou pela sensao de 3em<estar- $ pensada tam3,m como um capital de reser!a/ isto ,/
como uma esp,cie de resist8ncia ou ro3ustez Gue tem sua origem nos cuidados da primeira in^gncia-
5eêre<se/ particularmente na !ida adulta/ h id,ia de eGuil3rio/ de so3riedade Gue permite ;deseGuil3rios
positi!os; graas hGuele ;capital inicial; conser!ado cuidadosamente- $ssas representafes da sade
como algo essencialmente endKgenoe de atri3uio indi!idual so particularmente "e'eHada"as do ponto
de !ista dominante- Supfem uma sociedade e+$ili%"ada e pass!el de ser controlada pela !ontade
pessoal-
$m oposio hs concepfes mencionadas/ a organizao -ofi%#a em torno dos interesses da classe
tra3al"adora propfe $,a le-sesea-tao da Sade como uma Guesto !ital de atri3uio ,didaai e
coleti!a e Gue ultrapassa os aspectos 3ioîsiolKgicos- 9e"I0ae"J19K9: W[<Q\: considera o tema so3 a
denominao de "8osLMoa SanitIria; pensada como um elemento da ;Consf8noa Social;/ essa sim/
contendo a compreenso da relao social em termos mais amplos e glo3ais- &rata<se de uma
representao Gue atinge um n!el de a3rang8ncia e de "istoricidade na sua eXpresso- %erlinguer a deîne
da seguinte ôrma?
;2or consci8ncia sanitIria entendo a tomada de consci8ncia de Gue a sade , um direito da pessoa e um
interesse da comunidade- Mas como esse direito , suôcado e este interesse descuidado/ consci8ncia
sanitIria , a ao indi!idual e coleti!a para alingir este o3Eeti!o; 9W[ZY/W[:-
W[Q 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
A Guesto da sade/ no interior da luta das Classes &ra3al"adoras/ sai do campo estritamente m,dico e !ai
para a arena do conEunto das rei!indicafes por direitos sociais/ entre os Guais se coloca o direito ao
ser!io e h assist8ncia m,dica-
A representao da sade como direito coleti!o , uma 3andeira d transôrmao das condifes de !ida e
de tra3al"o e Gue em ltima instgncia aponta para transôrmafes do modo de produo e das relafes
sociais de produo? mel"ores salIrios/ acesso h terra/ a empregos/ a saneamento 3Isico/ a transporte/ a
moradia/ a educao/ a lazer e a condifes de tra3al"o seguras- Mas , tam3,m uma 3andeira de
redeînio das prioridades do $stado- Des!enda o carIter de classe dos in!estimentos p3licos/
c"amando ateno para a ôrma dominada e marginal com Gue se deînem as polticas sociais- 2ortanto o
apelo h transôrmao das condifes de !ida e de tra3al"o como condifes de Sade Coleti*a , ao mesmo
tempo apelo h luta/ no interior do aparel"o do $stado/ pelas prioridades sociais Gue se colocam sempre em
relao de negati!idade com os interesses econjmicos- 2ortanto/ Sade Coleti*a , um tema da prItica
poltica da classe tra3al"adora-
$ssa representao da Sade como 9em Coleti*o coincide com o ponto de !ista da $pidemiologia Social
9%reil" e Granda/ W[Y\D )aurell/ W[YUD &am3ellini/ W[ZV: Gue/ atra!,s de uma posio crtica do
positi!ismo na medicina/ reôra as propostas de luta da classe tra3al"adora- Sendo ela prKpria um
mo!imento social no interior das concepfes conser!adoras de sadeF doena/ a $pidemiologia Social
constitui uma Gue3ra nas representafes oîciais- k uma !iso por dentro do setor Gue/ ao a3rir a
discusso da signiîcgncia social da SA#D$ comete tam3,m uma ênda no sistema e politiza seu o3Eeto-
Sua deâsagem em relao h concepo das classes tra3al"adoras estI no âto de Gue seu paradigma
cont,m ainda uma reduo da sade e da doena ao contorno do corpo/ ainda Gue seEa C*52* S*CHA)/
como aîrma &eiXeira 9W[YV/ YY:-
$sse limite Gue a estrutura impfe/ reaîrma e reproduz !ai pouco a pouco tam3,m sendo colocado em
Guesto- 4o dI "oEe para reduzir o sentido transôrmador do conceito de sade a sua simples ampliao
ao ;coleti!o; enGuanto grupo ou classe social/ pensada como ncleo econjmicoFpoltico de ao social- A
c"amada h mu<
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* W[U
dana de paradigma inclui uma redeînio mais totalizante do processo Gue le!e em conta todos os
aspectos Gue concernem ao corpo/ h mente e ao meio am3iente-
A !iso social de sade tam3,m !ai ao encontro das concepfes de resist8ncia das classes tra3al"adoras
ao n!el do senso comum- 2or,m ela inclui a imagem mais totalizante do "omem<corpoFalma/ mat,ria e
esprito/ assim como as condifes de !ida e tra3al"o- Sua deînio de sadeFdoena gan"a eXpresso de
resist8ncia cultural de classe- Se na cotidianidade/ sua representao a3rangente da sade îca anu!iada
pela ideologia dominante Gue as considera ;responsI!eis por seus males;/ ;incultas;/ ;atrasadas;/
;ignorantes; e ;mal<educadas;/ na luta organizada/ parece<l"es claro Gue SA#D$ , uma conGuista "istKrica
e Gue sua participao , determinante e decisi!a-
C*4C)(St$S
* estudo das representafes sociais de SA#D$F D*$4LA a3range aspectos uni!ersalmente o3ser!I!eis e
outros Gue so peculiares a cada sociedade- $sses aspectos/ tratados no presente tra3al"o dizem respeito h
relao indi!duoFsociedade e seu ecossistema-
SadeFDoena constituem metIôras pri!ilegiadas para eXplicao da sociedade? engendram atitudes/
comportamentos e re!elam concepo de mundo- Atra!,s da eXperi8ncia desse ênjmeno/ as pessoas
âlam de si/ do Gue as rodeia/ de suas condifes de !ida/ do Gue as oprime/ ameaa e amedronta-
$Xpressam tam3,m suas opinifes so3re as instituifes e so3re a organizao social em seus su3stratos
econjmico<poltico e cultural- SadeF Doena so tam3,m metIôras de eXplicao da sociedade so3re ela
mesma? de suas ;anomias;/ deseGuil3rios e preconceitos/ ser!indo como instrumento coerciti!o ou
li3erador para o poder poltico se legitimar ou ser eXecrado- * status de epesentao significante
pi*ilegiada se de!e ao âto de Gue a noo SA#D$F D*$4LA estI intimamente !inculada ao tema
eXistencial e inGuestiona!elmente signiîcati!o da .HDA e da
M*5&$-
SA#D$F D*$4LA enGuanto ênjmeno social tem seu esGuema interno de eXplicafes Gue parte de um
marco reêrencial de especialis<
W[S 0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2*
tas 9doutores/ curandeiros/ rezadores/ mIgicos:/ mas tam3,m compfe o Guadro da eXperi8ncia do dia<a<
dia Gue se eXpressa atra!,s do senso<comum- Am3as as modalidades de representao do ênjmeno se
in^luenciam mutuamente/ de ôrma dingmica/ em3ora o sa3er do especialista seEa dominante- 2ortanto/ na
construo "istKrica da sade e da doena tanto so atores e autores/ os intelectuais e t,cnicos do setor
como a populao-
A atri3uio de causas endKgenas e eXKgenas ao ênjmeno da SA#D$FD*$4LA constitui uma atitude
uni!ersalmente compro!ada- k no indi!duo Gue essas concepfes se uniîcam? , ele Gue so^re os males
ou det,m a sade- As causas de origem/ no entanto/ se eXpressam/ no plano sim3Klico/ com reêr8ncia ao
social/ D*$4LA , sinjnimo de inêlicidade indi!idual e coleti!a? representa o rompimento do "omem com
seus limites esta3elecidos pelas normas e regras da sociedade- SA#D$ signiîca 3em<estar e êlicidade? ela
prKpria/ eXplicitamente ou no ;sil8ncio do corpo;/ , a linguagem preêrida da "armonia e do eGuil3rio
entre o indi!duo/ a sociedade e seu ecossistema-
Cada sociedade tem suas doenas Gue consideramos aGui ;metIôras;- So enêrmidades Gue/ a partir do
imaginIrio social/ perpetuam na coleti!idade a id,ia de perenidade do mal e de limites do ser "umano
^rente h ameaa da morte- So doenas Gue/ por criarem um clima de medo/ de catIstroê e de desordem/
tendem a ser usadas ideolKgica e politicamente como meios de recompor a "armonia social- $ssas
doenas _ al,m do seu carIter de so^rimento e inêlicidade _ so construdas socialmente como mitos
atra!,s dos Guais os mem3ros dos grupos eXpressam sua coero e coeso em torno da organizao
social-
4a sociedade capitalista/ a representao de SA#D$F D*$4LA passa pelas contradifes sociais Gue
caracterizam o sistema- Do ponto de !ista das classes dominantes/ a sade , de atri3uio indi!idual
como um capital de reser!a de propriedade pri!ada Gue se mant,m pelo eGuil3rio e pela "armonia- A
concepo de doena , tam3,m marcada pela responsa3ilidade do indi!duo em luta contra o mundo
opressi!o- %aseia<se na representao anatjmico<îsiolKgica da pessoa do doente/ na concepo do corpo
como produtor e instrumento de tra3al"o e na id,ia desen!ol!imentista do poder da tecnologia
0AS$ D$ &5A%A)6* D$ CAM2* W[V
contra as enêrmidades- As representafes dominantes so particularmente ela3oradas pelos proîssionais
m,dicos/ categoria "egemjnica/ intelectuais orggnicos na ela3orao tanto do con"ecimento como na
imposio de normas e atitudes a respeito do corpo e da deînio social do doente e da doena- 4o
entanto suas id,ias so perpassadas dingmica e perenemente pelo senso comum Gue ;contamina; o
c"amado ;sa3er cientîco;/ com suas prKprias categorias de interpretao/ esse mundo de signiîcados
so3re a !ida e a morte-
$m contraposio/ apesar de assimilarem as concepfes dominantes e agirem tam3,m a partir das regras
esta3elecidas pelos especialistas do sistema/ as classes tra3al"adoras possuem um cKdigo de resist8ncia
Gue as caracteriza- Seu esGuema estI centrado numa !iso mais totalizante do ênjmeno/ Gue a3range a
concepo do "omem como corpoFalma/ mat,riaFesprito e inclui relafes aêti!as e condifes de !ida e
de tra3al"o 9sua situao de classes em si: na deînio de sua situao de SA#D$F D*$4LA- Apesar de
recon"ecer o poder m,dico e su3ordinar<se h medicalizao/ elas possuem uma !iso crtica/ a partir da
eXperi8ncia/ tanto dos proîssionais e sua t,cnica como do sistema de assist8ncia e ser!io de Gue âzem
uso- 2or isso reinterpretam o esGuema racionalizado/ usam<no de acordo com seus interesses imediatos e
concepfes particulares e no legitimam totalmente o sa3er m,dico- Sua relao com a medicina oîcial ,
sempre precIria/ pro!isKria e con^liti!a- Sua interpretao da !ida e da morte estI ine!ita!elmente
perpassada/ Eunto com a crtica ao sistema dominante/ pelas crenas e tradifes/ pela prItica da medicina
caseira eF ou religiosa Gue âzem parte de seu imaginIrio social !inculado h eXperi8ncia cotidiana- Desta
ôrma/ a partir do senso comum elas resistem no apenas h linguagem erudita? contradito<riamente
aceitam e recusam o lugar ;material; Gue os donos dos meios de produo atri3uem a sua !ida/ isto ,/ o
de ôra ou instrumento de tra3al"o- 4o seu con"ecimento e nas suas prIticas esses agentes sociais se
recompfem como mat,riaFesprito transcendente/ ator e autor social particularmente marcados pelas
relafes aêti!as e de lealdade/ de seu meio-
A epidemiologia social , o espao no interior do setor dominante Gue recompfe 9de ôrma dominada:
uma representao a3rangente de sade/ ao englo3ar o social como determinante e os indi!duos
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<? )!s 2$SP(HSAD*5$S costumam encontrar tr8s grandes o3tI<
culos Guando partem para a anIlise dos dados recol"idos no campo 9documentos/ entre!istas/ 3iograîas/
resultados de discusso em grupos ôcais e resultados de o3ser!ao:-
* primeiro deles , o Gue %ourdieu denomina ;iluso da transpar8ncia; isto ,/ o perigo da compreenso
espontgnea como se o real se mostrasse nitidamente ao o3ser!ador- $ssa ;iluso; , tanto mais perigosa/
Guanto mais o pesGuisador ten"a a impresso de âmilia<ridade com o o3Eeto- &rata<se de uma luta contra
a sociologia ing8nua e o empirismo/ Gue acreditam poder apreender as signiîcafes dos atores sociais
mas apenas conseguem a proEeo de sua prKpria su3Eeti!idade- D D<D
* segundo escol"o , o Gue le!a o pesGuisador a sucum3ir h magia dos m,todos e das t,cnicas/
esGuecendo<se do essencial/ isto ,/ a îdedignidade hs signiîcafes presentes no material e reêridas a
relafes sociais dingmicas-
* terceiro o3stIculo/ muito comum na interpretao dos tra3al"os empricos/ , a diîculdade de se
Euntarem teorias e conceitos muito a3stratos com os dados recol"idos no campo- Hsso se reêre a tra3al"os
cuEa ela3orao teKrica îca distanciada das descrifes/ geralmente marcadas pela ;iluso da
transpar8ncia;-
(ma anIlise do material recol"ido 3usca atingir a tr8s o3Eeti!os?
_ ultapassagem da incete@a% o Gue eu perce3o na mensagem/ estarI lI realmente contidoA Min"a
leitura serI !Ilida e generalizI!elA
_ eni(uecimento da leitua% como ultrapassar o ol"ar imediato e
W[Z
W[Y 0AS$ D$ A4+)HS$
espontgneo e EI êcundo em si/ para atingir a compreenso de signiîcafes/ a desco3erta de contedos e
estruturas latentesA
_ integao das descobetas Gue !o al,m da apar8ncia/ num Guadro de reêr8ncia da totalidade social
no Gual as mensagens se inserem 9%ardin? W[Z[/ Q[:-
4outras pala!ras/ a anIlise do material possui tr8s înalidades complementares dentro da proposta de
in!estigao social? (a# a primeira , "eurstica- Hsto ,/ insere<se no conteXto de desco3erta das pesGuisas-
2ropofe<se a uma atitude de 3usca a partir do prKprio material coletadoD (b# a segunda , de
;administrao de pro!as;- 2arte de "ipKteses pro!isKrias/ inôrma<as ou as conîrma e le!anta outrasD (c#
a terceira , a de ampliar a compreenso de conteXtos culturais com signiîcafes Gue ultrapassam o n!el
espontgneo das mensagens-
*s pontos le!antados acima so 3astante comentados por %ardin 9W[Z[? QZ<UR:- 2oderamos dizer Gue/
com eXpressfes mais ou menos semel"antes/ correspondem a um gm3ito de consenso entre
in!estigadores-
As di!erg8ncias e diîculdades comeam Guando se parte para a tareâ concreta de anIlise do material
coletado- A no eXiste concordgncia nem Guanto a pressupostos teKricos e nem Guanto a m,todos e
t,cnicas a serem empregados- Al,m disso/ nota<se certa repugngncia dos pesGuisadores em tornar
e!idente a sua ;"esitante alGuimia; para transôrmar dados 3rutos em desco3ertas înais- &al âto no , de
se desprezar porGue ^reGientemente oculta aGuele estado ne3uloso/ lm3ico/ no tra3al"o de pesGuisa
social/ Gue pode ao mesmo tempo esconder alta criati!idade e procedimentos analticos pouco conîI!eis
t,cnica e cientiîcamente-
4ossa inteno , discutir essa âse da pesGuisa/ trazendo h luz os a!anos/ os recuos e os de3ates
reêrentes h anIlise do material Gualitati!o-
AGui se instaura uma pol8mica Gue tem a !er com os prKprios limites do con"ecimento e com a luta
intelectual para ultrapassI<los- ;AnIlise de Contedo; poderia ser um termo gen,rico a ser usado para
designar o tratamento dos dados- Como !amos ter oportunidade de re^letir/ no entanto/ trata<se de um
conceito "istoricamente construdo/ com implicafes teKrico<metodolKgicas e em oposio a
0AS$ D$ A4+)HS$ W[[
outros conceitos- * termo ;AnIlise do Discurso; por eXemplo/ tomado por %ardin 9W[Z[? QWS<QQR: como
uma t,cnica de AnIlise de Contedo/ , conce3ido por seus criadores como prKprio para designar um
campo de con"ecimento com teoria e m,todo/ capaz de destruir e su3stituir a anIlise de contedo
tradicional-
2or outro lado/ passou a ser importante trazer para o gm3ito desse de3ate a recente re^leXo so3re a
anIlise "ermen8utico<dial,tica- 2roposta por 6a3ermas no seu diIlogo com Gadamer 9W[YZ: como uma
metodologia de a3ordagem da comunicao/ a "ermen8utica<dial,tica supera o ôrmalismo das anIlises
de contedo e do discurso/ indicando ;um camin"o do pensamento;- 4o entanto/ os recursos t,cnicos
para sua operacionalizao no âzem parte das preocupafes de seu autor-
4este estudo/ tentamos discutir as tr8s possi3ilidades mencionadas/ encamin"ando nossa preêr8ncia pelas
!ias apontadas pela "ermen8utica<dial,tica- $ssa escol"a se ûndamenta na 3usca de um instrumental Gue
corresponda hs dimensfes e h dingmica das relafes Gue apreendemos numa pesGuisa Gue toma como
o3Eeto a SA#D$ em suas mais di!ersas âcetas? concepfes/ poltica/ administrao/ conîgurao
institucional entre outras/ enGuanto representafes sociais e anIlise de relafes-
A4+)HS$ D$ C*4&$#D*
A eXpresso mais comumente usada para representar o tratamento dos dados de uma pesGuisa Gualitati!a
, Cn"lise de Contedo. 4o entanto/ o termo signiîca mais do Gue um procedimento t,cnico- 0az parte de
uma "istKrica 3usca teKrica e prItica no campo das in!estigafes sociais-
Segundo %ardin/ a Cn"lise de Contedo pode ser deînida como?
;(m conEunto de t,cnicas de anIlise de comunicao !isando o3ter/ por procedimentos sistemIticos e
o3Eeti!os de descrio do contedo das mensagens/ indicadores 9Guantitati!os ou no: Gue permitam a
inêr8ncia de con"ecimentos relati!os hs condifes de produoFrecepo destas mensagens; 9%ardin?
W[Z[/ SQ:-
QRR 0AS$D$A4+(S$
* âtor comum dessas mltiplas t,cnicas/ desde o cIlculo de ^reGi8ncias Gue ôrnece dados ci^rados/ at, h
eXtrao de estruturas traduz!eis em modelos/ , uma "ermen8utica 3aseada na deduo/ a
H40$5z4CHA-
A Cn"lise de Contedo na sua "istKria mais recente/ isto ,/ enGuanto t,cnica de tratamento de dados
considerada cientiîcamente/ , cau<datIria das metodologias Guantitati!as/ 3uscando sua lKgica na
interpretao ci^rada do material de carIter Gualitati!o- %erelson/ um dos pais teKricos da anIlise de
contedo nos $stados (nidos/ assim a deîne?
;k uma t,cnica de pesGuisa para descio obJeti*a, sistem"tica e (uantitati*a do contedo manifesto das
comunica1es e tendo por îm interpretI<los; 9%erelson? W[VQ/WY:-
*s griôs anteriores colocados por nKs/ t8m a inteno de enâtizar os adEeti!os usados por %erelson/
lem3rando Gue eles âzem parte do !oca3ulIrio da sociologia positi!ista/ como EI temos repetido !Irias
!ezes e em di!ersos momentos do tra3al"o- A rele!gncia concedida ao Guantitati!o e ao contedo
maniêsto das comunicafes/ Guando se trata de uma anIlise de material Gualitati!o/ remete<nos
tradicional discusso so3re a especiîcidade do material prKprio hs ci8ncias sociais/ particularmente so3re
a Guesto da SHG4H0HCALM*-
6istoricamente a AnIlise de Contedo ClIssica tem oscilado entre o rigor da suposta o3Eeti!idade dos
nmeros e a êcundidade da su3Eeti!idade- A grande importgncia dessa t,cnica de ûno "eurstica &e,
sido a de impor um corte entre as intuifes e as "ipKteses Gue encamin"am para interpretafes mais
deîniti!as- $ssa tentati!a âz parte de um esôro teKrico secular-
A arte de interpretar os teXtos sagrados/ a eXegese religiosa/ coloca a "ermen8utica/ por eXemplo/ como
uma t,cnica muito antiga- A ati!idade de des!endamento de mensagens o3scuras/ do duplo sentido de um
discurso geralmente sim3Klico e poliss8mico/ remonta h Antigiidade- %ardin situa a +et!ica e a 6!gica
tam3,m como prIticas milenares de tratamento de discurso/ anteriores h atual t,cnica de AnIlise de
Contedo- A 5etKrica estuda as modalidades de eXpresso prKprias de uma âla persuasi!a- A lKgica
analisa os
0AS$ D$ A4+)HS$ QRW
enunciados de um teXto/ seu encadeamento/ e as regras ôrmais Gue !alidam o raciocnio-
* termo ;AnIlise de Contedo; , uma eXpresso atual- Surge nos $stados (nidos na ,poca da 2rimeira
Guerra Mundial- * campo mais propcio para o seu desen!ol!imento ôi o Eornalismo da (ni!ersidade de
Colm3ia- Dentre os nomes Gue ilustram a "istKria dessas t,cnicas destaca<se )ass7ell Gue âzia anIlise
de material de imprensa e de propaganda desde W[WV- Sua o3ra principal 'opaganda 5ecni(ue in t$e
hold ha ôi pu3licada em W[QZ-
4essa ,poca/ em todos os ramos das ci8ncias crescia o âscnio pela contagem e pelo rigor matemItico-
Assim/ tam3,m na AnIlise de Contedo o rigor cientîco in!ocado , a pretensa o3Eeti!idade dos nmeros
e das medidas-
A partir da d,cada de SR/ os Departamentos de Ci8ncias 2olticas das uni!ersidades americanas tornaram<
se o locus de desen!ol!imento da AnIlise de Contedo/ tendo como material pri!ilegiado as
comunicafes da Segunda Guerra Mundial- &rata!a<se de desmascarar os Eornais e periKdicos suspeitos
de propaganda considerada su3!ersi!a/ de carIter nazista- )ass7ell continua!a seus tra3al"os so3re
anIlise de sm3olos- A ele Euntaram<se estudiosos das mais diêrentes Ireas? sociKlogos/ psicKlogos/
cientistas polticos- * marco distinti!o dessa ,poca so as anIlises estatsticas de !alores/ îns/ normas/
o3Eeti!os e sm3olos- A preocupao da o3Eeti!idade e da sistematicidade solidiîcou<se no rigor
Guantitati!o para se contrapor ao Gue os cientistas denomina!am ;apreenso impressionista;-
Do ponto de !ista metodolKgico/ %erelson e )azarsêld se proEetaram nas (ni!ersidades de Colm3ia
94: e de C"icago/ sistematizando as preocupafes epistemolKgicas da ,poca- $m 5$e CnalZsis of
Communications Content 9W[SY: os crit,rios ûndamentais ento eXigidos para testiîcar o rigor cientîco
esto assim resumidos? (a# tra3al"ar com amostras reunidas de maneira sistemIticaD (b# interrogar<se
so3re a !alidade dos procedimentos de coleta e dos resultadosD (c# tra3al"ar com codiîcadores Gue
permitam !eriîcao de îdelidadeD (d# enâtizar a anIlise de ^reGi8ncia como crit,rio de o3Eeti!idade e
cientiîcidadeD (e# ter possi3ilidade de medir a produti!idade da anIlise-
%erelson/ )azarsêld e )ass7ell so !erdadeiros marcos criadores
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de um instrumental de anIlise- 4eles/ a o3sesso pela o3Eeti!idade e o rigor se conûndem com os
pressupostos do positi!ismo/ eXcluindo<se outras possi3ilidades de eXplorao de material Gualitati!o-
Seus nomes/ seus tra3al"os e in^lu8ncia continuam marcantes e ainda atuais em relao h pro3lemItica do
tratamento dos dados-
4o perodo posterior h Segunda Guerra a anIlise de contedo so^reu seus anos de depresso- *s prKprios
criadores da t,cnica parecem re^luir seus gnimos e se desencantaram das repercussfes de seus tra3al"os
para o a!ano do con"ecimento- k de %erelson a seguinte ^rase citada por %ardin?
;A AnIlise de Contedo como m,todo no possui Gualidades mIgicas e raramente se retira mais do Gue
nela se in!este e algumas !ezes menos 9---: no înal das contas nada "I Gue su3stitua as id,ias 3ril"antes;
9%ardin? W[Z[/ QR:-
A constatao do citado autor demonstra um 3aiXar de armas- 2or outro lado/ se a su3metermos h anIlise
de seu prKprio contedo perce3eremos Gue ela cont,m uma ;3ril"ante id,ia;- Mostra Gue o rigor
matemItico pode ser uma meta e !ir Eunto com outras ôrmas de !alidao/ mas nunca su3stituir a
percepo de contedos latentes e intuifes no pass!eis de Guantiîcao-
A partir dos anos VR e so3retudo na d,cada de \R a Guesto da AnIlise de Contedo ressurge/ desta !ez
dentro de um de3ate mais a3erto e di!ersiîcado- A Antropologia/ a Sociologia/ a 2sicologia Euntam<se h
2sicanIlise/ ao Jornalismo/ e "I uma retomada de pro3lemIticas anteriormente Guase intocI!eis- 4o plano
epistemolKgi<co con^rontam<se duas concepfes de comunicao? (a# o modelo ;instrumental; Gue
deênde o seguinte ponto de !ista? numa comunicao o mais importante no , o contedo maniêsto da
mensagem 9como deêndia %erelson: mas o Gue ela eXpressa graas ao conteXto e hs circunstgncias em
Gue se dID (b# o modelo ;representa<cional; Gue dI ûndamental importgncia ao contedo leXical do
discurso- Hsto ,/ deênde a id,ia de Gue atra!,s das pala!ras da mensagem podemos âzer uma 3oa anIlise
de contedo/ sem nos atermos ao conteXto e ao processo "istKrico-
Do ponto de !ista metodolKgico aproûnda<se a pol8mica entre a
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a3ordagem Guantitati!a e a Gualitati!a na anIlise do material de comunicao- $m relao ao primeiro
ponto de !ista predominam as id,ias de %erelson/ )azarsêld e )ass7ell acrescidas de no!as ôrmas de
procedimento/ todas elas 3uscando ;medidas; para as signiîcafes/ como crit,rio de cientiîcidade
9*sgood et alii? W[VZ:-
*s adeptos das t,cnicas Gualitati!as aproûndam sua argumentao dentro da seguinte lin"a? (a# colocam
em c"eGue a mincia da anIlise de ^reGi8ncia como crit,rio de o3Eeti!idade e cientiîcidadeD (b# tentam
ultrapassar o alcance meramente descriti!o do contedo maniêsto da mensagem/ para atingir/ mediante a
inêr8ncia/ uma interpretao mais proûnda-
Atualmente as discussfes acima colocadas continuam presentes e !Irios âtores tendem a alimentar o
de3ate teKrico e t,cnico- A inôrmItica e a semiKtica so duas Ireas Gue "oEe in^luenciam deîniti!amente/
em3ora de ôrma diêrente/ as modalidades de tratamento dos dados de comunicao- *s ;c,re3ros
eletrjnicos; atualizam com maior rigor t,cnico as tend8ncias Guantitati!istas na anIlise do contedo- De
outro lado/ os estudos reêrentes h comunicao no<!er3al !8m compleXizar o campo de tra3al"o
re!elando no!o dinamismo na compreenso das SHG4H0HCALt$S-
* resumo das tend8ncias "istKricas da AnIlise de Contedo conduz<nos a uma certeza- &odo o esôro
teKrico para desen!ol!imento de t,cnicas/ !isa _ ainda Gue de ôrmas di!ersas e at, contraditKrias _ a
ultrapassar o n!el do senso comum e do su3Eeti<!ismo na interpretao e alcanar uma !igilgncia crtica
^rente h comunicao de documentos/ teXtos literIrios/ 3iograîas/ entre!istas ou o3ser!ao-
Do ponto de !ista operacional/ a anIlise de contedo parte de uma literatura de primeiro plano para
atingir um n!el mais aproûndado? aGuele Gue ultrapassa os signiîcados maniêstos- 2ara isso a anIlise
de contedo em termos gerais relaciona estruturas semgnticas 9signi<îcantes: com estruturas sociolKgicas
9signiîcados: dos enunciados- Articula a super^cie dos teXtos descrita e analisada com os âtores Gue
determinam suas caractersticas? !ariI!eis psicossociais/ conteXto cultural/ conteXto e processo de
produo da mensagem-
QRS 0AS$ D$ A4+)HS$
5cnicas de Cn"lise de Contedo
4a 3usca de atingir os Signiîcados maniêstos e latentes no material Gualitati!o t8m sido desen!ol!idas
!Irias t,cnicas como AnIlise de $Xpresso/ AnIlise de 5elafes/ AnIlise &emItica e AnIlise da
$nunciao- $studando as propostas de cada uma dessas modalidades perce3eremos Gue cada uma
enâtiza aspectos a serem o3ser!ados nos teXtos dentro de pressupostos especîcos- 2assamos a enumerI<
las dando ateno maior Cn"lise da Enunciao e h Cn"lise 5em"tica por serem as ôrmas Gue mel"or
se adeGuam h in!estigao Gualitati!a do material so3re Sade-
H _ AnIlise da $Xpresso < qq
Designa um conEunto de t,cnicas Gue tra3al"am indicadores para atingir a inêr8ncia ôrmal- A "ipKtese
aGui implcita , a de Gue eXiste uma correspond8ncia entre o tipo de discurso e as caractersticas do
locutor e de seu meio- $nâtiza a necessidade de con"ecer os traos pessoais do autor da âla/ sua situao
social e os dados culturais Gue o moldam-
$sse tipo de anIlise tra3al"a com indicadores leXicais/ com o estilo/ o encadeamento lKgico/ com o
arranEo das seGi8ncias/ com a estrutura da narrati!a- Sua aplicao mais comum tem sido na in!estigao
da autenticidade de documentos/ para a psicologia clnica/ para a anIlise de discursos polticos eFou
persuasi!os 9%ardin? W[Z[D (nrug? W[ZS:-
HH _ AnIlise das 5elafes
Designa t,cnicas Gue/ ao in!,s de analisar a simples ^reGi8ncia de apario de elementos no teXto/
preocupam<se com as relafes Gue os !Irios elementos mant8m entre si/ dentro de um teXto-
So duas as principais modalidades de anIlise das relafes? (a# a de co<ocorr8ncias e a (b# estrutural-
A anIlise de co<ocorr8ncias procura eXtrair de um teXto as relafes entre as partes de uma mensagem e
assinala a presena simultgnea 9co<ocorr8ncia: de dois ou mais elementos na mesma unidade de conteXto-
2or eXemplo/ no estudo do discurso de uma doente mental
0AS$ D$ A4+)HS$ QRV
o analista o3ser!a Gue cada !ez Gue ela deîne sua situao/ a doena aparece !inculada h situao
înanceira- 4o caso eXiste correlao entre esses elementos-
*sgood 9W[V[/W[Z: propfe a seguinte seGi8ncia de procedimentos para a anIlise de co<ocorr8ncias? (a#
escol"a da unidade de registro 9essa pode ser uma pala!ra<c"a!e/ p- eXemplo: e a categorizao por
temasD (b# escol"a das unidades de conteXto e o recorte de teXto em ^ragmentos 9pode ser/ por eXemplo/
parIgraôs:D (c# presena ou aus8ncia da cada unidade de registro em cada unidade de conteXtoD (d#
cIlculo de co<ocorr8nciasD (e# representao e interpretao de resultados-
A utilidade maior da anIlise de co<ocorr8ncia tem sido no esclarecimento das estruturas da personalidade/
na anIlise das preocupafes latentes tanto indi!iduais como coleti!as/ para anIlise de estereKtipos e de
representafes sociais 9%ardin? W[Z[D *sgood? W[V[D (nrug? W[ZS:-
A AnIlise $strutural passa a ser 3astante eXercitada a partir da d,cada de \R e tem como pressuposto
ûndamental a crena na eXist8ncia de estruturas uni!ersais ocultas so3 a aparente di!ersidade dos
ênjmenos- *s estruturalistas 3uscam o imutI!el e permanente so3 a "eterogeneidade aparente- 2or trIs
dessa 3usca estI a noo de sistema- Analisar signiîcarI/ pois/ reencontrar as mesmas engrenagens/
GuaisGuer seEam as ôrmas do mecanismo- A signiîcao/ no caso/ îca su3ordinada h estruturao-
A anIlise no se aplica ao !oca3ulIrio/ h semgntica ou ao temIrio da mensagem em si- $la se dirige h
organizao su3Eacente/ ao sistema de relafes/ hs regras de encadeamento/ de associao/ de eXcluso e
de eGui!al8ncia- Hsto ,/ ela tra3al"a com todas as relafes Gue estruturam os elementos 9signos e
signiîcafes: mas de maneira in!ariante e independente dos elementos 9%ardin? W[Z[D ),!i<Strauss?
W[\SD %art"es? W[\Z:-
HHH _ AnIlise de A!aliao ou 5epresentacional
$la3orada por *sgood 9W[V[: tem por înalidade medir as atitudes do locutor Guanto aos o3Eetos de Gue
âla 9pessoas/ coisas/ acontecimentos:- Seu pressuposto , de Gue a linguagem representa e re^lete
QR\ 0AS$ D$ A4+)HS$
Guem a utiliza- 2ortanto podemos nos contentar com os indicadores eXplcitos na comunicao para âzer
inêr8ncias a respeito do emissor-
* conceito 3Isico da AnIlise A!aliati!a , atitude- (ma atitude seria a predisposio relati!amente estI!el
e organizada para reagir so3 a ôrma de opinifes ou de atos em presena de o3Eetos 9pessoas/ id,ias/
coisas/ acontecimentos: de maneira determinada-
(ma atitude seria o ncleo ou matriz Gue produz e traduz um conEunto de Euzos de !alor- A anIlise
a!aliati!a consistiria em encontrar as 3ases destas atitudes por trIs da disperso das maniêstafes
!er3ais- k semel"ante h anIlise temItica enGuanto separa o teXto em unidades de significao. Seu
o3Eeti!o por,m , especîco? at,m<se somente h carga a!aliati!a das unidades de signiîcao tomadas em
conta/ em termos de dieo e de intensidade dos Euzos selecionados 9%ardi"? W[Z[D *sgood? W[V[:-
H. _ AnIlise da $nuncao
ApKia<se numa concepo de comunicao como processo e no como um dado estItico/ e do discurso
como pala!ra em ato- A anIlise da enunciao considera Gue na produo da pala!ra ela3ora<se ao mesmo
tempo um sentido e operam<se transôrmafes- 2or isso o discurso no , um produto aca3ado/ mas um
momento de criao de signiîcados com tudo o Gue isso comporta de contradifes/ incoer8ncias e
imperêifes- )e!a em conta Gue/ nas entre!istas/ a produo , ao mesmo tempo espontgnea e
constrangida pela situao- 2ortanto a anIlise da enunciao tra3al"a com? (a# as condifes de produo
da pala!ra- 2arte do princpio Gue a estrutura de GualGuer comunicao se dI numa triangulao entre o
locutor/ seu o3Eeto de discurso e o interlocutor- Ao se eXpressar/ o locutor proEeta seus con^litos 3Isicos
atra!,s de pala!ras/ sil8ncios/ lacunas/ dentro de processos/ na sua maioria/ inconscientesD (b# o
continente do discurso e suas modalidades- $ssa aproXimao se dI atra!,s de? 9W: anIlise sintItica e
paralingistica? estudo das estruturas gramaticaisD 9Q: anIlise lKgica? estudo do arranEo do discursoD 9U:
anIlise dos elementos ôrmais atpicos? sil8ncios/ omissfes/ ilogismosD 9S: realce das îguras de retKrica-
0AS$ D$ A4+)HS$ QRZ
A entre!ista a3erta , o material pri!ilegiado da anIlise da enun<ciao/ no sentido de Gue se trata de um
discurso dingmico onde espontaneidade e constrangimento so simultgneos/ onde o tra3al"o de
ela3orao se conîgura ao mesmo tempo como emerg8ncia do inconsciente e construo do discurso-
$m termos operacionais a anIlise da enunciao segue o seguinte roteiro? (a# $sta3elecimento do
Copus% delimitao do nmero de entre!istas a serem tra3al"adas- A Gualidade da anIlise su3stitui a
Guantidade do material- )e!a<se em conta a Guesto central e o3Eeti!a da pesGuisa para delinear as
dimensfes do CopusX (b# 2reparao do Material? cada teXto 9entre!ista: , uma unidade 3Isica- Comea<
se pela transcrio eXausti!a de cada pea/ deiXando<se uma margem 9h direita ou h esGuerda: para
anotafes- A transcrio conser!a tanto o registro da pala!ra 9signiîcantes: como dos sil8ncios/ risos/
repetifes/ lapsos/ sons etc:D (c# As $tapas da AnIlise? na anIlise de enunciao cada entre!ista ,
su3metida a tratamento como uma totalidade organizada e singular- So o3ser!ados em cada uma os
seguintes aspectos? 9W: o alin"amento e a dingmica do discurso para se encontrar a lKgica Gue estrutura
cada peaD 9Q: o estiloD 9U: os elementos atpicos e as îguras de retKrica-
W- 2rimeiramente/ a partir da o3ser!ao do encadeamento das proposifes
WR
âz<se uma anIlise lKgica-
Separam<se por 3arra ou recopiam<se todas as orafes o3ser!ando<se as relafes Gue ressaltam a ôrma
de raciocnio-
$m segundo lugar se realiza a anIlise seGiencial/ Gue se preocupa com a maneira de construo do teXto/
pondo em e!id8ncia o ritmo/ a progresso e a ruptura do discursoD
Q-R $stilo? dentro da anIlise de enunciao o estilo , um re!elador do locutor/ de seu conteXto e de seus
interlocutores/ no sentido de Gue a eXpresso e o pensamento camin"am lado a lado- k importante t8<lo
em contaD
U- *s $lementos Atpicos e as 0iguras de 5etKrica? na anIlise da enunciao torna<se ûndamental
o3ser!ar? (a# as epeti1es de um mesmo tema ou de uma mesma pala!ra dentro de um teXto- $ssa
WR
2or proposio entende<se uma aîrmao/ declarao/ Euzo- k uma unidade Gue 3asta a si mesma/ Gue pronunciada sozin"a tem
sentido-
QRY 0AS$ D$ A4+)HS$
repetio pode ser indicador da importgncia do termo/ da sua am3i!al8ncia/ da denegao enGuanto
tentati!a de con!encimento de uma id,ia/ da presena de uma id,ia recusadaD (b# os lapsos podem
signiîcar a insist8ncia no<dominI!el de uma id,ia recusada- Segundo a psicanIlise/ a erupo irracional
num conteXto da racionalidade signiîca uma Gue3ra de deêsa do locutorD (c# os ilogismos, isto , os
emperramentos nos raciocnios demonstrati!os- Costumam ser indicati!os de uma necessidade de
Eustiîcao/ ou de um Euzo em contradio com a situao realD (d# os &lugaes comuns&. &8m um papel
Eustiîcador- 2odem apelar para a cumplicidade do interlocutor 9^rases êitas/ pro!,r3ios culturalmente
partil"ados:- &am3,m/ por !ezes/ t8m a ûno de des!iar a ateno do entre!istador e indicar a recusa de
aproûndar determinados assuntosD (e# os Jogos de pala@Oas% os c"istes podem indicar descontrao mas
tam3,m a tentati!a de distanciamento de uma GuestoD (f# as figuas de et!ica. $las Eogam com o
sentido das pala!ras- As mais comuns so? o paradoXo 9reunio de duas id,ias aparentemente
irreconciliI!eis:D a "ip,r3ole 9o aumento ou a diminuio eXcessi!a das coisas:D a metonmia 9uso da
parte pelo todo/ do a3strato pelo concreto e !ice<!ersa:D a metIôra 9designa uma coisa por outra:-
$m suma/ a proposta da AnIlise de $nunciao , conseguir/ atra!,s do con^ronto entre a anIlise lKgica/ a
anIlise seGiencial e a anIlise do estilo e dos elementos atpicos de um teXto/ a compreenso do
signiîcado- A coneXo entre os temas a3ordados e seu processo de produo e!idenciariam os con^litos e
contradifes Gue permeiam e estruturam o discurso-
. _ AnIlise &emItica
A noo de &$MA estI ligada a uma aîrmao a respeito de determinado assunto- $la comporta um êiXe
de relafes e pode ser graîcamente apresentada atra!,s de uma pala!ra/ uma ^rase/ um resumo- Segundo
%ardin?
;* tema , a unidade de signiîcao Gue se li3erta naturalmente de um teXto analisado segundo crit,rios
relati!os h teoria Gue ser!e de guia h leitura; 9%ardin? W[Z[?WRV:-
0AS$ D$ A4+)HS$ QR[
2ara (nrug o tema ,? u d" ds
;uma unidade de signiîcao compleXa de comprimento !ariI!el/ a sua !alidade no , de ordem
lingistica/ mas antes de ordem psicolKgica- 2ode constituir um tema tanto uma aîrmao como uma
aluso; 9(nrug? W[ZS/W[:-
0azer uma anIlise temItica consiste em desco3rir os ncleos de sentido Gue compfem uma comunicao
cuEa pesena ou fe(f4ncia signiîGuem alguma coisa para o o3Eeti!o analtico !isado- *u seEa/
tradicionalmente/ a anIlise temItica se encamin"a para a contagem de ^reGi8ncia das unidades de
signiîcao como deînitKrias do carIter do discurso- *u/ ao contrIrio/ Gualitati!amente a presena de
determinados temas denota os !alores de reêr8ncia e os modelos de comportamento presentes no
discurso-
*peracionalmente a anIlise temItica desdo3ra<se em tr8s etapas?
H
a
: C ';Cn"lise
Consiste na escol"a dos documentos a serem analisadosD na retomada das "ipKteses e dos o3Eeti!os
iniciais da pesGuisa/ reôrmulan<do<as ^rente ao material coletadoD e na ela3orao de indicadores Gue
orientem a interpretao înal-
2ode ser decomposta nas seguintes tareâs?
6eitua 7lutuante% do conEunto das comunicafes- Consiste em tomar contato eXausti!o com o material
deiXando<se impregnar pelo seu contedo- A dingmica entre as "ipKteses iniciais/ as "ipKteses emergentes/
as teorias relacionadas ao tema tornaro a leitura progressi!amente mais sugesti!a e capaz de ultrapassar
h sensao de caos inicial-
Constituio do Copus% *rganizao do material de tal ôrma Gue possa responder a algumas normas de
!alidade? e8austi*idade 9Gue contempla todos os aspectos le!antados no roteiro:D epesentati*ida;de 9Gue
conten"a a representao do uni!erso pretendido:D $omogeneidade 9Gue o3edea a crit,rios precisos de
escol"a em termos de temas/ t,cnicas e interlocutores:D petin4ncia 9os documentos analisados de!em ser
adeGuados ao o3Eeti!o do tra3al"o:-
7omulao de ?ip!teses e /bJeti*os. $m relao ao material Gualita<
QWR 0AS$ D$ A4+)HS$
ti!o/ a proposta do primado do Guadro de anIlise so3re as t,cnicas , contro!ersa- 6I autores como 2-
6enry e S- Mosco!ici 9W[\Y: e 2arga 4ina 9W[YU: Gue pri!ilegiam os procedimentos eXploratKrios em
lugar de procedimentos êc"ados preesta3elecidos- $ntendemos Gue "I necessidade de se esta3elecer
"ipKteses iniciais pois a realidade no , e!idente? responde a Guestfes Gue teoricamente l"e so
colocadas- 2or,m esses pressupostos iniciais t8m Gue ser de tal ôrma ^leX!eis Gue permitam "ipKteses
emergentes a partir de procedimentos eXploratKrios-
4essa âse pr,<analtica determinam<se a unidade de registro 9pala!ra<c"a!e ou ^rase:/ a unidade de
conteXto 9a delimitao do conteXto de compreenso da unidade de registro:/ os recortes/ a ôrma de
categorizao/ a modalidade de codiîcao e os conceitos teKricos mais -gerais Gue orientaro a anIlise-
Q
a
: E8ploao do Mateial
C eXplorao do material consiste essencialmente na operao de codiîcao- Segundo %ardin/ realiza<se
na transôrmao dos dados 3rutos !isando a alcanar o ncleo de compreenso do teXto-
A anIlise temItica tradicional tra3al"a essa âse primeiro com o recorte do teXto em unidades de registro
Gue podem ser uma pala!ra/ uma ^rase/ um tema/ um personagem/ um acontecimento tal como ôi
esta3elecido na pr,<anIlise-
$m segundo lugar/ escol"e as regras de contagem/ uma !ez Gue tradicionalmente ela constrKi ndices Gue
permitem alguma ôrma de Guantiîcao-
$m terceiro lugar/ ela realiza a classiîcao e a agregao dos dados/ escol"endo as categorias teKricas ou
empricas Gue comandaro a especiîcao dos temas-
U
a
: 5atamento dos +esultados /btidos e Intepetao
*s resultados 3rutos so su3metidos 9tradicionalmente: a operafes estatsticas simples 9percentagens: ou
compleXas 9anIlise âtorial: Gue permitem colocar em rele!o as inôrmafes o3tidas- A partir da o
analista propfe inêr8ncias e realiza interpretafes pre!istas no seu Guadro teKrico ou a3re outras pistas
em torno de dimensfes teKricas sugeridas pela leitura do material-
0AS$ D$ A4+)HS$ QWW
Como se pode perce3er/ a anIlise temItica , 3astante ôrmal e mant,m sua crena na signiîcao da
regularidade- Como t,cnica ela transpira as razes positi!istas da anIlise de contedo tradicional- 2or,m
"I !ariantes na a3ordagem Gue no tratamento dos resultados tra3al"a com signiîcados em lugar de
inêr8ncias estatsticas- $ssas !ariantes/ de certa ôrma/ renem/ numa mesma tareâ interpretati!a/ os
temas como unidades de âla/ propostos/ como ôi eXposto anteriormente/ pela anIlise da enunciao-
A4+)HS$ D* DHSC(5S*
Cn"lise do Discuso , um conceito relati!amente Eo!em no campo de interseo entre as Ci8ncias Sociais
e a )ingistica- Seu criador , o îlKsoô ^ranc8s Mic"el 28c"euX Gue ûndou/ na d,cada de \R/ a ;$scola
0rancesa de AnIlise do Discurso; com a proposta de su3stituir a Cn"lise de Contedo tradicional-
* Guadro epistemolKgico dessa proposta alternati!a de tra3al"ar a )inguagem/ de acordo com seu
principal pensador/ articula tr8s regifes do con"ecimento? (a# * Mateialismo ?ist!ico como teoria das
ôrmafes sociais e suas transôrmafes estando includa a a ideologiaD (b# a 6ingf,stica enGuanto teoria
dos mecanismos sintIticos e dos processos de enunciaoD (c# a 5eoia do Discuso como teoria da
determinao "istKrica dos processos semgnticos-
28c"euX ad!erte para o âto de Gue essas tr8s regifes esto perpassadas ainda por uma 5eoia da
SubJeti*idade de natureza psicanalista para eXplicar o carIter recalcado na ôrmao do signiîcado-
* o3Eeti!o 3Isico da Cn"lise do Discuso , realizar uma re^leXo geral so3re as condifes de produo e
apreenso da signiîcao de teXtos produzidos nos mais diêrentes campos? religioso/ îlosKîco/ Eurdico
e sKcio<poltico- $la !isa a compreender o modo de ûncionamento/ os princpios de organizao e as
ôrmas de produo social do sentido-
Seus pressupostos 3Isicos podem se resumir em dois princpios/ segundo 28c"euX? 9W: * sentido de uma
pala!ra/ de uma eXpresso ou de uma proposio no eXiste em si mesmo/ mas eXpressa posifes
ideolKgicas em Eogo no processo sKcio<"istKrico no Gual as pala!ras/
QWQ 0AS$ D$ A4+)HS$
as eXpressfes e proposifes so produzidasD 9Q: &oda ôrmao discursi!a dissimula 9pela transpar8ncia
do sentido Gue nela se constitui: sua depend8ncia das ôrmafes ideolKgicas 928c"euX? W[YY/W\R<W\Q:-
$nGuanto procedimento/ ela pretende inêrir/ a partir dos eêitos de super^cie 9a linguagem e sua
organizao:/ uma estrutura proûnda? os 25*C$SS*S D$ 25*D(LM*- Hnscre!e<se numa sociologia do
discurso/ tendo como "ipKtese 3Isica o âto de Gue o discurso , determinado por condifes de produo e
por um sistema lingistico-
*rlandi deîne a Cn"lise do Discuso como uma proposta crtica Gue 3usca pro3lematizar as ôrmas de
re^leXo esta3elecidas- $la a distingue e a situa enGuanto o3Eeto teKrico? (a# pressupfe a lingistica mas se
destaca dela? no , nem uma teoria descriti!a/ nem uma teoria eXplicati!a- 2retende ser uma teoria crtica
Gue trata da determinao "istKrica dos processos de signiîcaoD (b# considera como âto ûndamental a
relao necessIria entre a linguagem e o conteXto de sua produo/ Euntando para a compreenso do teXto
as teorias das ôrmafes sociais e as teorias da sintaXe e da enunciaaoD (c# pela sua especiîcidade/ ela ,
cisionista em dois sentidos? 9W: procura pro3lematizar as e!id8ncias e eXplicitar seu carIter ideolKgico/
re!ela Gue no "I discurso sem suEeito e nem suEeito sem ideologia? 9Q: denuncia o enco3rimento das
ôrmas de dominao poltica Gue se maniêstam numa razo disciplinar e instrumental 9W[YZ? WW<WU:-
A AnIlise do Discurso se situa/ por eXcluso e na 3usca de especiîcidade/ em relao h lingistica
tradicional e h anIlise de contedo/ enGuanto prItica<teKrica "istoricamente deînida- *rlandi a eXplica
como um 2*4&* D$ .HS&A prKprio de ol"ar a linguagem enGuanto lugar do de3ate e do con^lito- 4ela o
&$a&* , tomado enGuanto unidade signiîcati!a e pragmItica/ ou seEa/ o &$a&* , portador do conteXto
situacional eXpresso pelo sentido- 4o entanto/ comenta *rlandi/ isso no signiîca Gue pala!ras/ sentenas
e perodos deiXem de ter um n!el leXical/ morôlKgico/ sintItico e semgntico- * Gue cria a AnIlise do
Discurso/ por,m/ , o 2*4&* D$ .HS&A das C*4DHLt$S de 25*D(LM* do teXto 9*rlandi? W[YZ/WUR<WSV:-
$m relao h AnIlise de Contedo/ tanto *rlandi como 28c"euX insistem em marcar uma lin"a di!isKria-
Sua crtica , de Gue a AnIlise de Contedo toma o te8to como pete8to e o atra!essa sK para
0AS$D$A4+(S$ QWU
demonstrar o Gue EI ôi deînido o pioi pela situao- *u seEa/ o teXto , tomado como documento a ser
compreendido e como ilustrao de uma situao- $nGuanto isso/ a AnIlise do Discurso/ segundo seus
teKricos/ pretende âzer o mo!imento contrIrio- Considera o te8to como um monumento e sua
eXterioridade como parte constituti!a da "istoricidade inscrita nele- Considera Gue a situao estI atestada
no teXto- Desta ôrma/ !isa menos a intepetao do discurso do Gue a compeenso do seu pocesso
poduti*o.
Cremos Gue a contri3uio mais atual da teoria da AnIlise do Discurso , a sua insist8ncia de incorporar/
na compreenso de um teXto/ suas condifes de produo- 4esse sentido , importante apreender alguns
conceitos desen!ol!idos pelos seus teKricos em ûno de uma !iso crtica no trato do material- A
deînio de 5e8to, a re^leXo so3re as possi3ilidades da 6eitua, os &ipos do Discuso, o sentido do
Sil4ncio, o carIter recalcado da matriz do Sen tido so alguns temas Gue os pensadores da AnIlise do
Discurso trazem como enriGuecimento ao de3ate so3re o tratamento do material Gualitati!o-
5e8to% 4a AnIlise do Discurso o 5e8to , tomado como unidade de AnIlise? unidade compleXa de
signiîcafes- (m teXto pode ser uma simples pala!ra/ um conEunto de ^rases ou um documento maior
-&eXto distingue<se de Discuso. $nGuanto este ltimo , um conceito teKrico<metodolKgico/ o primeiro ,
um conceito analtico- * Discuso , a linguagem em interao/ ou seEa/ , o eêito de super^cie de
relafes esta3elecidas e do conteXto da linguagem- * 5e8to , o discurso aca3ado para îns de anIlise-
&odo teXto/ enGuanto C*52(S , um o3Eeto completo- k dele Gue partem poss!eis recortes- $nGuanto
o3Eeto teKrico/ por,m/ o teXto , inînitamente inaca3ado? a anIlise l"e de!ol!e sua incompletude/
acenando para um Eogo de mltiplas possi3ilidades interpretati!as-
Do ponto de !ista analtico o teXto , o espao mais adeGuado para se o3ser!ar o ênjmeno da linguagem?
ele cont,m a totalidade- $ssa totalidade se re!ela em tr8s dimensfes de argumentao? (a# 5elafes de
0ora? lugares sociais e posio relati!a do locutor e do interlocutorD (b# 5elao de Sentido? a
interligao eXistente entre este e !Irios discursos/ o ;coro de !ozes; Gue se esconde em seu interiorD
QWS 0AS$ D$ A4+)HS$
(c# 5elao de Antecipao? a eXperi8ncia anteproEetada do locutor em relao ao lugar e h reao de seu
ou!inte-
Segundo *rlandi/ esse mo!imento Gue acontece no interior do discurso , ao mesmo tempo o processo/ o
produto e o centro ne!rIlgico da signiîcao a ser recuperado na anIlise do teXto- $m suma/ todo teXto
tem sua ideologia e podemos determinar a relao entre os dois termos pela caracterizao de ôrmao
discursi!a
WW
da Gual ele âz parte- PualGuer discurso , reêridor? dialoga com outros discursosD , tam3,m
reêrido? produz<se sempre no interior de instituifes e grupos Gue determinam Guem âla/ o Gue e como
âla e em Gue momento 9*rlandi? W[YZ/WV<QU[:-
_ 6eitua e Sil4ncio% PualGuer teXto admite mltiplas possi3ilidades de leitura- * Eogo de relafes e de
interafes sociais permite tanto o n!el de leituras para^rIsticas 9recon"ecimento do sentido dado pelos
autores: como o n!el poliss8mico 9atri3uio de mltiplos sentidos:- &anto a leitura como a signiîcao
so produzidas pelos interlocutores e leitores- $ssa possi3ilidade de mltiplas interpretafes se apoia no
âto de Gue o processo discursi!o no tem um incio preciso? ele se apoia em discursos pr,!ios Gue/ por
sua !ez/ esto 3aseados na eXperi8ncia concreta do leitor/ do interlocutor ou do analista-
Acompan"ando a re^leXo so3re a leitura do teXto/ , importante assinalar as ad!ert8ncias de *rlandi a
propKsito do Sil4ncio. &anto Guanto a pala!ra/ o sil8ncio possui suas condifes de produoD ele ,
am3guo e eloGiente- * sil8ncio conseguido pelo opressor , uma ôrma de eXclusoD o sil8ncio imposto
pelo oprimido pode eXpressar ôrmas de resist8ncia- *u seEa/ o sil8ncio no , transparente e necessi ta ser
compreendido atra!,s do dito e do no<dito- 2ois assim como "I sil8ncios Gue dizem/ "I tam3,m âlas
silenciadoras- A âla autoritIria !isa a impedir Gue as pessoas se re!elem/ mas tam3,m Guer coagi<las a
dizer o Gue no pretendem- 2ortanto/ nem a âla nem o sil8ncio
WW
$ntende<se em 28c"euX por 7omao Discusi*a as marcas de estilo Gue se produzem na relao da linguagem com suas
condifes de produo- A ôrmao discursi!a , deînida na sua relao com a ôrmao ideolKgica? o Gue pode e de!e ser dito-
&oda ôrmao discursi!a dissimula/ pela transpar8ncia do sentido Gue nela se constitui/ sua depend8ncia das ôrmafes ideolKgicas-
928c"euX? W[YY/W\R<W\Q:-
0AS$ D$ A4+)HS$ QWV
dizem por si- Am3os esto eXpressando relafes? re!elam as pessoas Gue os empregam 9*rlandi? W[YZ/
Q\U<UZ\:-
_ 5ipos de Discuso% Segundo *rlandi um tipo de discurso resulta de determinado ûncionamento
discursi!o- *u seEa/ a ati!idade de dizer , tipiîcante? todo locutor/ Guando âla/ esta3elece uma
conîgurao Gue tem em3utido em si um estilo e se realiza na interao- 2or,m/ se o discurso
determinado sK pode ser compreendido enGuanto processo/ seu resultado pode ser classiîcado dentro de
ôrmas ou tipos discursi!os distintos- A autora propfe 9creio eu/ na lin"a do tipo<ideal de MaX We3er/ isto
,/ enGuanto instrumento de anIlise: a seguinte su3di!iso? o discurso ldico/ o discurso pol8mico e o
discurso autoritIrio- 4o primeiro a simetria e a re!ersi3ilidade entre os interlocutores , total e a
polissemia , mIXima- 4o pol8mico/ a re!ersi3ilidade , menor e sK se dI so3 certas condifes/
comportando certo grau de polissemia- * discurso autoritIrio , totalmente assim,trico e cont,m poucas
possi3ilidades de interpretao polis<s8mica- *s ;tipos; se su3di!idem e permitem a construo de
matrizes de interpretao dentro da lin"a Gue inspira o modelo teKrico/ o modelo estrutural 9*rlandi?
W[YZ/WVR<W\R:-
_ Ca"te ecalcado da mati@ do Sentido% 28c"euX c"ama ateno para o âto de Gue os processos
discursi!os realizam<se no suEeito mas o transcendem/ ainda Guando este tem a iluso de estar na origem
do sentido- 4a lin"a da psicanIlise lacaniana/ ad!erte o autor para o âto de Gue alâia , marcada por dois
n!eis de recalcamento? ;o esGuecido nmero um; e o ;esGuecido nmero dois;-
* primeiro ;designa o Gue nunca ôi sa3ido e Gue portanto toca mais de perto o suEeito Gue âla/ na
estran"a âmiliaridade Gue ele mant,m com as causas Gue o determinam;- &rata<se de uma zona
inconsciente/ no sentido em Gue a ideologia ,/ por sua constituio/ inconsciente- 4o entanto ela
determina uma ôrma de estrutura discursi!a-
* ;esGuecido nmero dois; , de !elamento parcial- $le pode ser compreendido/ recuperado e
reôrmulado pelo suEeito da enuncia<o- Puando tenta aproûndar ou colocar de ôrma mais adeGuada
seu pensamento em linguagem/ o ator social situa<se numa zona pr,<
3A4E 7E A)A:I4E
QWV
dizem por si- Am3os esto eXpressando relafes? re!elam as pessoas Gue os empregam 9*rlandi? W[YZ/
Q\U<UZ\:-
_ 5ipos de Discuso% Segundo *rlandi um tipo de discurso resulta de determinado ûncionamento
discursi!o- *u seEa/ a ati!idade de dizer , tipiîcante? todo locutor/ Guando âla/ esta3elece uma
conîgurao Gue tem em3utido em si um estilo e se realiza na interao- 2or,m/ se o discurso
determinado sK pode ser compreendido enGuanto processo/ seu resultado pode ser classiîcado dentro de
ôrmas ou tipos discursi!os distintos- A autora propfe 9creio eu/ na lin"a do tipo<ideal de MaX We3er/ isto
,/ enGuanto instrumento de anIlise: a seguinte su3di!iso? o discurso ldico/ o discurso pol8mico e o
discurso autoritIrio- 4o primeiro a simetria e a re!ersi3ilidade entre os interlocutores , total e a
polissemia , mIXima- 4o pol8mico/ a re!ersi3ilidade , menor e sK se dI so3 certas condifes/
comportando certo grau de polissemia- * discurso autoritIrio , totalmente assim,trico e cont,m poucas
possi3ilidades de interpretao polis<s8mica- *s ;tipos; se su3di!idem e permitem a construo de
matrizes de interpretao dentro da lin"a Gue inspira o modelo teKrico/ o modelo estrutural 9*rlandi?
W[YZ/WVR<W\R:-
_ Ca"te ecalcado da mati@ do Sentido% 28c"euX c"ama ateno para o âto de Gue os processos
discursi!os realizam<se no suEeito mas o transcendem/ ainda Guando este tem a iluso de estar na origem
do sentido- 4a lin"a da psicanIlise lacaniana/ ad!erte o autor para o âto de Gue amala , marcada por dois
n!eis de recalcamento? ;o esGuecido nmero um; e o ;esGuecido nmero dois;-
* primeiro ;designa o Gue nunca ôi sa3ido e Gue portanto toca mais de perto o suEeito Gue âla/ na
estran"a âmiliaridade Gue ele mant,m com as causas Gue o determinam;- &rata<se de uma zona
inconsciente/ no sentido em Gue a ideologia ,/ por sua constituio/ inconsciente- 4o entanto ela
determina uma ôrma de estrutura discursi!a-
* ;esGuecido nmero dois; , de !elamento parcial- $le pode ser compreendido/ recuperado e
reôrmulado pelo suEeito da enuncia<o- Puando tenta aproûndar ou colocar de ôrma mais adeGuada
seu pensamento em linguagem/ o ator social situa<se numa zona pr,<
QW\ 0AS$ D$ A4+)HS$
conscienteFconsciente do sentido de sua âla 928c"euX? W[YY/ WZV<WYR:-
Como se pode o3ser!ar/ a contri3uio dos autores da teoria da AnIlise do Discurso encamin"a<se
ûndamentalmente para a crtica da linguagem- $ssa !iso/ a partir do ponto de !ista do processo de
produo/ alerta para o âto de Gue o emissor e o receptor do discurso correspondem a lugares
determinados na estrutura social 9patroF operIriosD padreFî,isD paiFîl"osD etc:- A situao dada do locutor
assim como a do destinatIrio aêtam o discurso emitido/ pois o suEeito produz e transmite o discurso num
espao social? o locutor antecipa/ no processo discursi!o/ as representafes do sentido de seu interlocutor/
ainda Guando esse ltimo seEa conîgurado apenas "ipoteticamente na âla sempre reêrida do autor-
$nGuanto possi3ilidade t,cnica a anIlise do discurso consuma o seguinte o3Eeti!o? sendo dados condifes
de produo determinadas de um discurso em monKlogoD e um conEunto aca3ado de realizafes
discursi!as (copus, amostra:/ esta3elece a estrutura do processo de produo Gue corresponde a essas
condifes de produo- Hsto ,/ o conEunto de domnios semgnticos postos em Eogo neste discurso e as
relafes de depend8ncia entre os domnios 928c"euX? W[\[:-
2ara conseguir as înalidades/ o teXto de!e ser su3metido a !Irias operafes classiîcatKrias/
simultaneamente semgnticas/ sintIticas e lKgicas- De acordo com 28c"euX/ cada ^rase , decomposta em
proposifes/ o Gue implica em !Irias operafes lingisticas? su3stituio das anIôras pelos termos Gue
elas representamD o resta3elecimento da ordem corrente na ^raseD reagrupamento dos termos de ligao e
eXplicitao de proposifes latentes-
?
>
D
><d<<<><- C
%uscam<se as depend8ncias ûncionais nas ^rases e entre as proposifes e reduzem<se as proposifes a
unidades mnimas- 5epresentam<se as proposifes em grIîcos e da c"ega<se h classiîcao das relafes
3inIrias o3tidas-
2or îm/ procede<se h anIlise automItica do material- Hsto ,/ codiîcados os enunciados elementares e as
relafes 3inIrias/ os dados so colocados em cartfes perûrados para se proceder h anIlise automItica
928c"euX? W[\[:-
2ara 28c"euX a possi3ilidade da anIlise automItica !em do âto de mue os mecanismos de produo do
discurso so caracterizados pela
0AS$ D$ A4+)HS$ QWZ
repetio do id8ntico/ atra!,s de ôrmas diêrenciadas- &al concepo se apoia na anIlise estrutural dos
mitos de ),!i<Strauss e na prKpria leitura Gue âz da concepo estruturalista do materialismo "istKrico
em Alt"usser? ;3usca<se/ por trIs das !ariafes de super^cie/ o princpio gerador Gue organiza o
conEunto;-
A proposta operacional de *rlandi parece<nos mais ^leX!el- $la tra3al"a 9sem eXplicitar se âz ;anIlise
automatizada;: na seguinte ordem? 9W: AnIlise das pala!ras do teXto 9separao dos termos constituintes/
anIlise dos adEeti!os/ dos su3stanti!os/ dos !er3os/ dos ad!,r3ios:D 9Q: AnIlise das construfes de ^rasesD
9U: Construo de uma rede semgntica/ intermediIria entre o social e a gramIticaD 9S: Considerao da
produo social do teXto como constituti!o de seu sentido 9*rlandi? W[YZ/WVZ:-
Ao terminar essa re^leXo so3re a AnIlise do Discurso enGuanto uma prItica<teKrica "istoricamente
construda/ algumas o3ser!afes se impfem- A contri3uio re^leXi!a e t,cnica EI ôi anotada- Do ponto
de !ista crtico , necessIrio dizer Gue "I relati!amente pouco acmulo de produo tanto teKrica como
prItica para permitir dimensionar o lugar da AnIlise do Discurso no trato do material de ci8ncias sociais-
Sua pretenso de su3stituir a AnIlise de Contedo , radicalmente Guestionada por %ardin
WQ
?
;2or de3aiXo de uma linguagem a3scjndita Gue por !ezes mascara 3analidades/ so3 um ôrmalismo Gue
por !ezes escapa ao leitor/ para al,m das construfes teKricas/ Gue ao n!el da prItica da anIlise so
improduti!as a curto prazo/ eXiste uma tentati!a totalitIria 9no sentido em Gue se procura integrar/ no
mesmo procedimento/ con"ecimentos adGuiridos ou a!anos at, a dispersos ou de natureza disciplinar
estran"a? teoria e prItica lingistica/ teoria do discurso como enunciao/ teoria da ideologia e
automatizao dos procedimentos: cuEa am3io , sedutora/ mas em Gue as realizafes so anedKticas- *
Gue , deplorI!ell; 9%ardin? W[Z[/ QQR<QQQ:-
WQ
%ardin , um estudioso da AnIlise de Contedo e o3!iamente sua discusso com 28c"euX estI in^luenciada por uma !iso da
AnIlise do Discurso Gue pretende destruir sua pretensa concorrente-
QWY 0AS$ D$ A4+)HS$
*rlandi/ no entanto/ a!ana nas propostas concretas de ao? suas ôrmulafes so menos estruturadas e
êc"adas Gue as de 28c"euX- As re^leXfes da autora so3re o discurso pedagKgico/ o discurso poltico/ o
discurso religioso/ o discurso escolar da "istKria ampliam o campo da a3ordagem crtica e des!endam os
mecanismos de dominao Gue se escondem so3 a linguagem 9*rlandi? W[YZ/WV<QU[:-
A AnIlise do Discurso/ pela sua !ida ainda curta/ no consegue precisar ca3almente seu o3Eeto nem em
termos teKricos nem do ponto de !ista t,cnico- CaudatIria de !Irias Guestfes do con"ecimento/ ela
diîcilmente se o3Eeti!a enGuanto proposta autjnoma- Seu carIter ;amarrado; ao estruturalismo l"e
su3trai muito da ^leXi3ilidade necessIria para realizar o Gue ela prKpria pretende dar conta do S$4&HD*- A
reduo a relafes 3inIrias paia conseguir a anIlise automatizada/ a nosso !er/ diîcilmente xr tmmtm Y a
apreenso das relafes dial,ticas constituti!as da
As ad!ert8ncias teKricas da Lt$S D$ 25*D(LM* da linguagems/ Gue pode estar presente assim/ por,m/ a
anIlise oposio compl teXto tanto en(uanto dingmica e
social-
Discurso so3re as C*4DH<o lado ôrte da teoria de contedo- Mesmo ao pensar a relao de FeXterioridade
inclui o monumento numa relao
so3re a 6ermen8utica<Dial,tica
so3re o tratamento dos dados da
AnIlise de Contedo; e da ; AnIlise
como uma tecnologia de interpretao
~^^liss<Dâl,tca se apresenta como um ;camin"o
de encontro entre as ci8ncias sociais
A desen!ol!endo na îlosoîa um de3ate
Gue passou a 3eneîciar as discussfes
Sociais na medida em Gue esses autores
77gnir o3Eeti!idade e de a3ordar a prIXis-
e ao con^ronto entre Gadamer e 6a3ermas
0AS$ D$ A4+)HS$ QW[
so3re a "ermen8utica e a dial,tica/ Stein comenta Gue a îlosoîa no pode ûrtar<se de esta3elecer uma
comunicao direta com as ci8ncias sociais Gue constituem o prKprio c"o da îlosoîa "ermen8utica?
;sem o diIlogo e a ocupao direta com as ci8ncias "umanas/ a îlosoîa torna<se !azia; 9Stein?
W[YZ/WUW:-
Diramos Gue o in!erso urge se no Guisermos Gue a Guesto do m,todo nas ci8ncias sociais se transôrme
em mera considerao de procedimentos/ como c"ama ateno Adorno a respeito da sociologia emprica
americana?
;A in!estigao social emprica toma eGui!ocadamente o epiênj<meno/ o Gue o mundo êz de nKs como
a realidade mesma- Seu m,todo ameaa tanto êtic"izar seus assuntos/ Guanto a degenerar<se em êtic"e/
isto ,/ a colocar as Guestfes do m,todo acima das Guestfes de contedo; 9W[Z[/ QW[:-
&ra3al"ar com a "ermen8utica e a dial,tica/ diria Stein?
;Constitui<se num esôro de proteger no apenas o o3Eeto das ci8ncias sociais/ mas de sal!aguardar os
prKprios procedimentos cientîcos contra a ameaa da sel!agem atomizao dos processos tecnocrIticos
do con"ecimento; 9W[YZ/WQ[:-
Hsso no signiîca Gue a "ermen8utica e a dial,tica de!am ser ;encurtadas; atra!,s de sua reduo a
simples teoria de tratamento de dados- Mas/ pela sua capacidade de realizar uma re^leXo ûndamental
Gue ao mesmo tempo no se separa da prIXis/ podemos dizer Gue o casamento dessas duas a3ordagens
de!e preceder e iluminar GualGuer tra3al"o cientîco de compreenso da comunicao-
6a3ermas ad!erte<nos Gue a "ermen8utica<dial,tica no determina t,cnicas de tratamento de dados e sim
a sua autocompreenso 9W[YR/ URZ:- $ nesse esprito Gue a tomamos aGui/ isto ,/ como ;camin"o do
pensamento;-
* Gue , 6ermen8uticaA
Segundo o dicionIrio de 0ilosoîa organizado por 0erra ter Mora 9W[YS/WS[U<WS[[: a 6ermen8utica
consiste na e8plicao e intepetao de um pensamento- $ssa interpretao pode ser? (a# literal ou de
QQR 0AS$ D$ A4+)HS$
a!eriguao do sentido das eXpressfes usadas por meio de uma anIlise lingisticaD (b# ou temItica/ na
Gual importa/ mais Gue a eXpresso !er3al/ a compreenso sim3Klica de uma realidade a ser penetrada-
&radicionalmente a 6ermen8utica estI reêrida h eXegese das Sagradas $scrituras e de!e seu
desen!ol!imento ao a!ano "istKrico da gramItica/ da retKrica "umanstica e dos estudos 33licos-
* conceito de 6ermen8utica Gue usamos neste estudo , ela3orado por Gadamer 9W[YZ: e clariîcado no
seu de3ate acad8mico com 6a3ermas/ em diêrentes tra3al"os Gue t8m contri3udo para o a!ano do
encontro entre îlosoîa e ci8ncias sociais/ entre a teoria e a prItica transôrmadora-
2ara Gadamer/ a "ermen8utica , a 3usca de compreenso de sentido Gue se dI na comunicao entre os
seres "umanos? ;ser Gue pode ser compreendido , linguagem;- 2ortanto a linguagem constitui o ncleo
central da comunicao? a linguagem ordinIria do "omem comum no seu dia<a<dia- Seus pressupostos so
Gue o "omem como ser "istKrico , înito e se complementa na comunicao- Mas a compreenso dessa
comunicao , tam3,m înita? ocupa um ponto no tempo e no espao- $ ainda Guando podemos ampliar
os "orizontes da comunicao e da compreenso/ nunca escapamos da "istKria/ âzemos parte dela e
so^remos os preconceitos de nosso tempo-
Segundo Gadamer/ em princpio/ os meios de uma linguagem natural so suîcientes para esclarecer o
sentido de GuaisGuer conteXtos sim3Klicos por mais estran"os e inacess!eis Gue possam se apresentar h
primeira !ista? podemos traduzir de GualGuer lngua para outra/ podemos compreender a cultura de outras
,pocas e de GualGuer tempo- 4o entanto/ o conteXto sempre pass!el de compreenso , ao mesmo tempo
GuestionI!el e potencialmente incompreens!el- A eXperi8ncia "ermen8utica 3alana entre o âmiliar e o
estran"o/ entre a intersu3Eeti!idade do acordo ilimitado e o rompimento da possi3ilidade de compreenso-
Hsso !ale tanto para o estudo de interafes de comunidades e grupos socioculturalmente "eterog8neos em
termos de ,pocas/ culturas/ classes/ como para as relafes no interior de conEuntos "omog8neos-
(m segundo ponto realado por Gadamer , a Guesto do pre<
0AS$ D$ A4+)HS$ QQW
concerto- * âto de pertencermos a determinado grupo social/ a determinado tempo "istKrico/ de
possuirmos determinada ôrmao/ âz Gue a compreenso "ermen8utica seEa ine!ita!elmente
condicionada pelo conteXto do analista- 2or isso/ para Gadamer/ a "ermen8utica tem Gue se relacionar
com a retKrica e com a prIXis- A arte da compreenso !incula<se com a arte do con!encimento 9retKrica:
naGueles casos em Gue a comunicao , trazida para o terreno das decisfes em Guestfes prIticas- Desta
ôrma/ a "ermen8utica e a retKrica se unem no apenas como camin"o de compreenso da mensagem mas
para entender a orientao e a modiîcao da ao- DI<se a o cruzamento entre linguagem e prIXis pois
am3as se interpretam mutuamente-
Gadamer critica o Hluminismo Gue pretende a iseno da razo "umana/ , cego para os preconceitos/
colocando<se ôra da "istKria- 2ara ele/ a autoridade e a tradio so os lugares prKprios para se entender a
comunicao do outro-
Como a ênomenologia/ a "ermen8utica traz para o primeiro plano/ no tratamento dos dados/ as condifes
cotidianas da !ida e promo!e o esclarecimento so3re as estruturas proûndas desse mundo do dia<a<dia- A
pesGuisa "ermen8utica tam3,m analisa os dados da realidade tendo como ponto de partida a manuteno
e a eXtenso da intersu3Eeti!idade de uma inteno poss!el como ncleo orientador da ao- A
compreenso do sentido orienta<se por um consenso poss!el entre o suEeito agente e aGuele Gue 3usca
compreender- 2or paradoXal Gue parea/ no entanto/ eXplica Gadamer/ a compreenso sK se opera por
estran"amento- Apenas o ^racasso na tentati!a de entender a transpar8ncia do Gue , dito pode le!ar
algu,m a penetrar na opinio do outro/ na 3usca de sua racionalidade e !erdade/ dentro de um sistema de
intersu3Eeti!idade- Assim a re^leXo "ermen8utica produz identidade da oposio/ 3uscando a unidade
perdida- $la se introduz no tempo presente/ na cultura de um grupo determinado para 3uscar o sentido Gue
!em do passado ou de uma !iso de mundo prKpria/ en!ol!endo num nico mo!imento o ser Gue
compreende e aGuilo Gue , compreendido-
4o de3ate com Gadamer/ 6a3ermas reconstitui os pressupostos metodolKgicos da 6ermen8utica para as
ci8ncias sociais e nKs os retomamos aGui como 3alizas no trato do material comunicati!o? (a#
QQQ 0AS$ D$ A4+)HS$
* pesGuisador tem Gue aclarar para si mesmo o conteXto de seus entre!istados ou dos documentos a
serem analisados- Hsso , importante porGue o discurso eXpressa um sa3er compartil"ado com outros/ do
ponto de !ista moral/ cultural e cogniti!o/ (b# * estudioso do teXto 9o termo te8to aGui , considerado no
sentido amplo? relato/ entre!ista/ "istKria de !ida/ 3iograîa etc-: de!e supor a respeito de todos os
documentos/ por mais o3scuros Gue possam parecer h primeira !ista/ um teor de racionalidade e de
responsa3ilidade Gue no l"e permita du!idar- * int,rprete toma a s,rio/ como suEeito responsI!el o ator
social Gue estI diante dele- (c# * pesGuisador sK pode compreender o contedo signiîcati!o de um teXto
Guando estI em condifes de tornar presentes as razfes Gue o autor teria para ela3orI<lo- (d# 2or outro
lado/ ao mesmo tempo em Gue o analista 3usca entender o teXto/ tem Gue EulgI<lo e tomar posio em
relao a ele- Hsto ,/ GualGuer int,rprete de!e assumir determinadas Guestfes Gue o teXto l"e apresenta
como pro3lemas no resol!idos- $ compenetrar<se do âto de Gue no la3or da interpretao no eXiste
ltima pala!ra/ (e# &oda interpretao 3em<sucedida , acompan"ada pela eXpectati!a de Gue o autor
poderia compartil"ar da eXplicao ela3orada se pudesse penetrar tam3,m no mundo do pesGuisador-
&anto o suEeito Gue comunica como aGuele Gue o interpreta so marcados pela "istKria/ pelo seu tempo/
pelo seu grupo- 2ortanto o teXto re^lete essa relao de ôrma original 96a3ermas? W[YZ/ Y\<[Z:- A partir
dos mencionados pressupostos resumimos o camin"o da tareâ interpretati!a? (a# Diêrenciar a
compreenso do conteXto da comunicao/ da compreenso do conteXto do prKprio pesGuisadorD (b# 2ara
isso/ eXplorar e deduzir as deînifes de situao Gue o teXto transmitido permite/ a partir do mundo da
!ida do autor e de seu grupo social- $sse mundo da cotidiandade , o "orizonte/ o pargmetro do processo
de entendimento do teXto com o Gual seus contemporgneos e interlocutores concordam ou discordam
so3re algo/ num nico *@undo obJeti*o, num mundo social comum, num mundo de intesubJeti;;;idadesX
(c# * pesGuisador ao analisar pode pressupor Gue compartil"a com o autor suas reêr8ncias ôrmais h !ida
social- A partir da- %$s#a entender porGue o suEeito da âla acredita em determinada situao social/
!aloriza determinadas normas e atri3ui determinadas afes ou responsa3ilidades a certos atores sociais-
$m resumo/
0AS$ D$ A4+)HS$ QQU
3usca entender porGue o autor do teXto o apresenta dessa ôrma e no de outra-
Somente na medida em Gue desco3re as razfes Gue âzem aparecer tal como ,/ um depoimento de
determinado locutor/ o analista pode apreender o Gue o suEeito Guis dizer/ isto ,/ a signiîcao da âla?
;Compreender uma maniêstao sim3Klica signiîca sa3er so3 Gue condifes sua pretenso de !alidade
poderia ser aceita; 96a3ermas? W[YZ/ [S:- -y-<--<-
(ma pretenso de !alidade cont,m a aîrmao de Gue algo , digno de ser recon"ecido-
&entando resumir/ podemos aîrmar Gue a "ermen8utica 3usca a compreenso do teXto nele mesmo
;entender<se na coisa;- $la se distingue do sa3er t,cnico Gue Guer âzer da compreenso um conEunto de
regras disciplinadoras do discurso- Distingue<se tam3,m da lingistica/ cuEo principal o3Eeto , a
reconstruo do sistema a3strato de regras de uma linguagem natural- Com relao h linguagem/ a
"ermen8utica toma como seu campo as eXperi8ncias ûndamentais de ;um âlante comunicati!amente
competente;-
A "ermen8utica distingue<se/ na sua proposta/ da ênomenologia social e da etnometodologia- $m am3as/
segundo 6a3ermas 9W[YZ/ QU: a linguagem , tomada como suEeito da ôrma de !ida e da tradio/
prendendo<se h pressuposio idealista de Gue a consci8ncia lingiisticamente articulada determina o ser
material da prIXis !ital- 2elo contrIrio/ a "ermen8utica se apoia na re^leXo "istKrica Gue conce3e o
int,rprete e seu o3Eeto como momentos do mesmo conteXto- $sse conteXto o3Eeti!o se apresenta como
tadio, entendida aGui como uma linguagem transmitida na Gual !i!emos-
* eXerccio de compreenso proposto pela "ermen8utica repudia o o3Eeti!ismo Gue esta3elece uma
coneXo ing8nua entre os enunciados teKricos e os dados âruais/ cuEo paradigma , o mundo natural- Mas
opfe<se tam3,m ao idealismo îlosKîco ou teolKgico Gue coloca a !erdade nalgum lugar ôra da prIXis-
Pual , a concepo dial,tica presente na discusso de 6a3ermas no seu de3ate com GadamerA $
importante distingui<la e âzer so3re ela uma leitura ;"ermen8utica;/ no sentido de Gue o conceito de
QQS 0AS$ D$ A4+)HS$
Dial,tica , "istoricamente construdo/ tomando di!ersas conotafes tal como , usado dentro de diêrentes
marcos teKricos e desen!ol!ido por autores diêrentes- *s elementos ressaltados por 6a3ermas so os
seguintes?
(a# C razo "umana pode mais do Gue simplesmente compreender a realidade/ na medida em Gue as
condifes de racionalidade so tam3,m produto da ao "umana o3Eeti!ada- 2or isso/ para 6a3ermas/ a
razo "umana possui uma ôra transcendental Gue se eXerce na crtica e consegue ultrapassar os pr,<
conceitos- A mesma razo Gue compreende/ esclarece e rene/ tam3,m contesta e dissocia 96a3ermas?
W[YZ/ QR<QV:-
(b# A estrutura do ;signiîcado; presente na linguagem , apenas um âtor na totalidade do mundo real/
Gue para 6a3ermas se compfe de tra3al"o/ poder e linguagem- 2ortanto/ a tradio cultural Gue se
eXpressa na linguagem estI marcada pelo carIter ideolKgico das relafes de tra3al"o e de poder?
;)inguagem tam3,m , meio de dominao e de poder social- $la ser!e h legitimao das relafes de
!iol8ncia organizada- 4a medida em Gue as legitimafes no maniêstam a relao de !iol8ncia/ cuEa
institucionalizao possi3ilitam/ e na medida em Gue isso apenas se eXprime nas legitimafes/ a
linguagem tam3,m , ideolKgica- A eXperi8ncia "ermen8utica Gue topa com tal depend8ncia do conteXto
sim3Klico com reêr8ncia hs relafes Îticas/ passa a ser crtica da ideologia; 96a3ermas? W[YZ/ QW:-
6a3ermas critica a pretenso idealista da sociologia compreensi!a/ da etnometodologia/ da
ênomenologia e da prKpria "ermen8utica Gue/ nas suas anIlises/ ignoram a totalidade da !ida social em
todos os seus momentos- $las se mo!em no espao da comunicao ordinIria como se ela ôsse un!oca e
totalizante- * argumento de 6a3ermas se eXpressa na luminosa ^rase de Al3retc" Weimer?
;A ilustrao sa3ia o Gue a "ermen8utica esGuece? Gue o >diIlogo> Gue/ segundo Gadarner/ nKs somos-/
tam3,m , um conteXto de !iol8ncia e nisto no "I diIlogo 9---: A pretenso de uni!ersalidade do ponto de
partida sK pode ser sustentada Guando se parte do ^ a to
0AS$ D$ A4+)HS$ QQV
de Gue o conteXto da tradio/ enGuanto o lugar poss!el da !erdade e acordo Îtico/ , tam3,m/ ao mesmo
tempo/ o lugar da in!erdade Îtica e da !iol8ncia constante; 96a3ermas? W[YZ/WQZ:-
6a3ermas coloca como ûndamento da comunicao as relafes sociais "istoricamente dingmicas/
antagjnicas e contraditKrias entre classes/ grupos e culturas- Desta ôrma îca e!idente Gue a linguagem
enGuanto possi3ilitadora de comunicao traduz tam3,m a diîculdade de comunicao- Seus signi^
icantes aparentemente iguais carregam conotafes e signiîcados eXpressi!os da prKpria realidade
con^liti!a 9W[YZ/Q\<\[:- 4uma sociedade marcada por relafes sociais de produo proûndamente
desiguais/ a comunicao estI sistematicamente pertur3ada- A linguagem , um ndice de alienao Gue
eXpressa a dominao dos "omens so3re seus semel"antes-
(c# (m tra3al"o crtico 3usca um m,todo no Gual a interpretao seEa transôrmao e !ice<!ersa/ e Gue
aîrme a im3ricao entre m,todo e coisa- Hsso implica a recusa da totalidade meta^sica e a aîrmao da
id,ia da totalidade Gue se âz no processo e Gue , operada tam3,m no la3or teKrico- Como se trata de uma
concepo de totalidade teKrico<prItica ela se recompfe perenemente no tra3al"o de re^leXo e permanece
como "orizonte regulador das Guestfes da prItica- Hsso implica no recon"ecimento/ por "onestidade
cientîca/ de um engaEamento em todo tra3al"o de compreenso 96a3ermas? W[YZ/ Y\<[V:-
(d# 5essalta o condicionamento "istKrico do pensamento/ da re^leXo e os determinismos materiais da
ideologia- Da Gue/ ao mesmo tempo/ 6a3ermas apresente o carIter de uni!ersalidade da #"&i#a tanto
para a 3ase material como para a superestrutura ideolKgica da realidade- Mas esse recon"ecimento das
condifes /is&1"i#as do pensamento su3mete o prKprio discurso crtico a seus de&e",!isa$s "istKrico<
sociais? ///
; (ma transôrmao dosmodosde produo acarreta uma reestruturao da imagem lingistica do
mundo- 9---: 4o "I d!ida de Gue re!olufes nas condifes de reproduo da !ida material so/ por sua
!ez/ mediadas lingiisticamente? mas uma no!a prIXis no
0AS$ D$ A4+)HS$ QQV
de Gue o conteXto da tradio/ enGuanto o lugar poss!el da !erdade e acordo Îtico/ , tam3,m/ ao mesmo
tempo/ o lugar da in!erdade Îtica e da !iol8ncia constante; 96a3ermas? W[YZ/WQZ:-
><CC < CC i^
6a3ermas coloca como ûndamento da comunicao as relafes sociais "istoricamente dingmicas/
antagjnicas e contraditKrias entre classes/ grupos e culturas- Desta ôrma îca e!idente Gue a linguagem
enGuanto possi3ilitadora de comunicao traduz tam3,m a diîculdade de comunicao- Seus
signiîcantes aparentemente iguais carregam conotafes e signiîcados eXpressi!os da prKpria realidade
con^liti!a 9W[YZ/Q\<\[:- 4uma sociedade marcada por relafes sociais de produo proûndamente
desiguais/ a comunicao estI sistematicamente pertur3ada- A linguagem , um ndice de alienao Gue
eXpressa a dominao dos "omens so3re seus semel"antes-
(c# (m tra3al"o crtico 3usca um m,todo no Gual a interpretao seEa transôrmao e !ice<!ersa/ e Gue
aîrme a im3ricao entre m,todo e coisa- Hsso implica a recusa da totalidade meta^sica e a aîrmao da
id,ia da totalidade Gue se âz no processo e Gue , operada tam3,m no la3or teKrico- Como se trata de uma
concepo de totalidade teKrico<prItica ela se recompfe perenemente no tra3al"o de re^leXo e permanece
como "orizonte regulador das Guestfes da prItica- Hsso implica no recon"ecimento/ por "onestidade
cientîca/ de um engaEamento em todo tra3al"o de compreenso 96a3ermas? W[YZ/ Y\<[V:-
(d# 5essalta o condicionamento "istKrico do pensamento/ da re^leXo e os determinismos materiais da
ideologia- Da Gue/ ao mesmo tempo/ 6a3ermas apresente o carIter de uni!ersalidade da crtica tanto para
a 3ase material como para a superestrutura ideolKgica da realidade- Mas esse recon"ecimento das
condifes "istKricas do pensamento su3mete o prKprio discurso crtico a seus determinismos "istKrico<
sociais?
;(ma transôrmao dos modos de produo acarreta uma reestruturao da imagem lingistica do
mundo- 9---: 4o "I d!ida de Gue re!olufes nas condifes de reproduo da !ida material so/ por sua
!ez/ mediadas lingiisticamente? mas uma no!a prIXis no
QQ\ 0AS$ D$ A4+)HS$
, posta em ao apenas por uma no!a interpretao/ e sim antigos modelos de interpretao !8m a ser
tam3,m/ >de 3aiXo para cima> atingidos por uma no!a prIXis e re!olucionados; 9W[Z[/ QQ:-
A crtica da comunicao/ para eles/ de!e se âzer em dois n!eis? 9W: de um lado/ em relao h
intranspar8ncia dos dadosD 9Q: de outro/ das prKprias categorias usadas para anIlise/ no sentido de Gue no
eXiste nen"uma reêr8ncia ôra da "istKria 96a3ermas? W[YZ/ Y\<[V:-
ApKs a caracterizao das duas posifes metodolKgicas , importante perce3er seus pontos de encontro e
de contraste/ uma !ez Gue se recon"ea a importgncia da "ermen8utica<dial,tica/ na re^leXo teKrica do
con"ecimento?
;k claro Gue tanto a dial,tica como a "ermen8utica no perce3eram de maneira eXplcita o paradigma Gue
elas inauguraram;/ deênde Stein- ;Mas seu modo de proceder como m,todo/ dI<l"es indiscuti!elmente
uma autoridade epist8mica capaz de dar conta de seus pressupostos e produzir n!eis de racionalidade
cuEa legitimao !ai<se repondo atra!,s do progresso do tra3al"o teKrico; 9Stein? W[YZ/WR[:-
6a3ermas recon"ece a possi3ilidade de um encontro êcundo entre a 6ermen8utica e a Dial,tica/ em
primeiro lugar no seu ponto de partida? o 6*M$M- $m am3as/ o o3Eeto de anIlise , a prIXis social e o
sentido Gue 3uscam , a aîrmao ,tico<poltica do pensamento-
5econ"ece tam3,m a importgncia da re^leXo "ermen8utica e do !alor da tradio mas su3mete<os h
crtica-
;A re^leXo , condenada a c"egar depois do âto/ mas ao ol"ar para trIs desen!ol!e uma ôra
reconstruti!a- 4Ks sK podemos nos !oltar para as normas interiorizadas depois de termos aprendido
primeiro cegamente a segui<las so3 um poder Gue se impjs de ôra- A medida por,m Gue a re^leXo
recorda aGuele camin"o da autoridade no Gual as gramIticas dos Eogos de linguagem ôram eXercitadas
dogmaticamente como regras de concepo do mundo e do agir/ pode ser tirada da autoridade aGuilo Gue
nela era pura
0AS$ D$ A4+)HS$ QQZ
dominao/ e ser dissol!ido na coero sem !iol8ncia da inteleco D<? e da deciso racional; 96a3ermas?
W[YZ/WY:-
* autor/ ao mostrar a contri3uio e os limites da "ermen8utica/ c"ega a uma proposta de
complementaridade com a dial,tica/ complementaridade poss!el a partir da prKpria realidade-
$nGuanto a "ermen8utica penetra/ no seu tempo e atra!,s da compreenso procura atingir o sentido do
teXto/ a critica dial,tica se dirige contra seu tempo- $la enâtiza a diêrena/ o contraste/ o dissenso e a
ruptura de sentido- A "ermen8utica destaca a mediao/ o acordo e a unidade de sentido-
Assim a "ermen8utica e a dial,tica apresentam<se como momentos necessIrios na produo da
racionalidade- * m,todo dial,tico opera tendo como pressuposto o m,todo "ermen8utico/ em3ora essas
duas concepfes ten"am sido desen!ol!idas atra!,s de mo!imentos îlosKîcos diêrentes- Stein tenta
recuperar a complementaridade dessas a3ordagens mostrando Gue? (a# Am3as trazem em seu ncleo a
id,ia êcunda das condifes "istKricas de GualGuer maniêstao sim3Klica/ da linguagem/ e de GualGuer
tra3al"o do pensamentoD (b# Am3as partem do pressuposto de Gue no "I o3ser!ador imparcial nem "I
ponto de !ista ôra do "omem e ôra da "istKriaD (c# Am3as ultrapassam a simples tareâ de serem
êrramentas do pensamento- So modos pelos Guais o pensamento produz racionalidade/ contra<pondo<se
aos m,todos das ci8ncias positi!istas Gue se colocam como eXteriores e isentos do tra3al"o da razoD (d#
2or isso/ am3as Guestionam o tecnicismo presente nos m,todos das ci8ncias sociais/ para desco3rir o
ûndo îlosKîco Gue as di!ersas t,cnicas metodolKgicas tendem a negar- Destroem/ dessa ôrma/ a auto<
suîci8ncia o3Eeti!ista das ci8ncias com 3ase no positi!ismo/ (e# Am3as esto reêridas h prIXis e
mostram/ no campo das Ci8ncias Sociais/ Gue seu domnio o3Eeti!o estI preestruturado pela tradio e
pelos percalos da "istKria 9W[YZ/WWR:-
A unio da "ermen8utica com a dial,tica le!a a Gue o int,rprete 3usGue entender o te8to, a fala, o
depoimento como resultado de um processo social 9tra3al"o e dominao: e processo de con"ecimento
9eXpresso em linguagem: am3os ^rutos de mltiplas determinafes mas com signiîcado especîco- $sse
te8to , a representao social de
QQY 0AS$ D$ A4+)HS$
uma realidade Gue se mostra e se esconde na comunicao/ onde o autor e o int,rprete so parte de um
mesmo conteXto ,tico<poltico e onde o acordo su3siste ao mesmo tempo Gue as tensfes e pertur3afes
sociais-
C*4C)(St$S? (MA 25*2*S&A D$ H4&$525$&ALM*
;4ossos con"ecimentos so apenas aproXimao da plenitude da realidade/ e por isso mesmo so sempre relati!osD na medida/
entretanto/ em Gue representam a aproXimao eêti!a da realidade o3Eeti!a/ Gue eXiste independentemente de nossa consci8ncia/
so sempre a3solutos- * carIter ao mesmo tempo a3soluto e relati!o da consci8ncia ôrma uma unidade dial,tica indi!is!el;
9)ukIcs? W[\Z/ QUU:-
Ao pensamento de )ukIcs so3re o con"ecimento aproXimado/ em epgraê/ podemos acrescentar a
re^leXo de %ac"elard de Gue?
;* ato de con"ecer/ no seu primeiro impulso , uma desco3erta plena de incerteza e de d!ida- Sua raiz ,
o Eulgamento desconîado/ seu sucesso/ um acesso !eriîcado; 9W[\[/ QV:-
* Gue as pIginas anteriores nos mostram/ concordando com os pensadores citados/ , de Gue no processo
de con"ecimento no "I consenso e no "I ponto de c"egada- 6I o limite de nossa capacidade de
o3Eeti!ao e a certeza de Gue a ci8ncia se âz numa relao dingmica entre razo e eXperi8ncia e no
admite a reduo de um termo a outro- Se isso , !erdade para a totalidade do la3or de in!estigao
cientîca/ aplica<se de ôrma muito especîca h etapa de tratamento dos dados empricos-
2oirier comenta Gue num curso ministrado na 0rana por )azars<êld 9um dos renomados pesGuisadores
sociais de nosso s,culo: so3re t,cnicas de anIlise de contedo aplicadas a "istKrias de !ida/ um dos
alunos l"e perguntou so3re a conduo de certos pro3lemas prIticos- Sorrindo/ o mestre l"e respondeu?
;A gente diz e escre!e muitas coisas/ mas na !erdade a gente âz como pode; 92oirier et alii? W[YZ/ ZQ:-
0AS$ D$ A4+)HS$ QQ[
A inter!eno de )azarsêld , altamente signiîcati!a e "onesta/ Desmistiîca a ;caiXa preta; dos
procedimentos usados por cientistas sociais Gue certamente teriam muito a narrar so3re os camin"os e
descamin"os atra!,s dos Guais conseguem os ;ass,pticos; resultados de suas pesGuisas- 2or outro lado/ a
âla de )azarsêld re!ela no apenas o lado das diîculdades reais/ das ^raGuezas e das âl"as de um
pesGuisador/ mas insinua o âto de Gue/ o Gue escre!emos ou âlamos so3re o tra3al"o de in!estigao/
geralmente , uma ;lKgica reconstruda; Gue se distancia da ;lKgica em uso; no decorrer do tra3al"o- MarX
âla do mesmo tema na ;Hntroduo; h Contibuio : C,tica da Economia 'ol,tica distinguindo o
m,todo de in!estigao/ do m,todo de eXposio 9W[ZU/ QSR:-
As o3ser!afes acima no nos eXimem/ por,m/ de um esôro de re^leXo cuEo desaîo seria unir h crtica
teKrica uma proposta prItica de anIlise do material Gualitati!o- $sse desaîo tem Gue partir de uma re!iso
das alternati!as at, aGui apresentadas e de uma opo Gue ao mesmo tempo se torne !iI!el teKrica e
praticamente- $stamos alerta para o âto de Gue a pol8mica eXistente nessa Irea de con"ecimento , sinal
ao mesmo tempo da pouca re^leXo 9Andr,? W[YU/ \U:/ mas tam3,m das diîculdades concretas de
ultrapassar o n!el dos dados aparentes e alcanar a compreenso mais proûnda dos signiîcados-
A crtica 3Isica a respeito da AnIlise de Contedo tradicional 9nas suas mais diêrentes modalidades: , a
sua ^raca capacidade eXplicati!a- Sua 8nâse Guase a3soluta na âla como material de anIlise/ transôrma a
Guesto da desco3erta e da !alidade/ na "a3ilidade de manipulao de instrumentos t,cnicos/ h moda
positi!ista e cau<datIria das a3ordagens Guantitati!as- * material etnogrIîco , arranEado como um
;Corpus;/ isto ,/ como um conEunto sistematizado e îXo/ pri!ilegiando<se tudo o Gue pode se constituir
em sistema de signos a serem deci^rados- Desta ôrma/ no entram em pauta o processo de tomada de
decisfes no campo e nem o conteXto da ao analisada- As entre!istas 9ou comunicafes em geral:
costumam ser !istas em 3loco/ perdem sua autoria e o Eogo dos ;signiîcantes em cadeia; passa a ser o
ôco da compreenso-
Da mesma ôrma/ a AnIlise do Discurso Gue tenta ultrapassar a AnIlise de Contedo tradicional/ como o
prKprio nome indica/ tam3,m coloca sua tjnica na âla- Su3stituindo o crit,rio estatstico<
QUR 0AS$ D$ A4+)HS$
Guantitati!o para a!aliar o rigor da a3ordagem/ pretende compreender as regras prKprias do processo
discursi!o e atingir as estruturas proûndas na raiz da comunicao- 4o entanto/ o rigor ôrmal de Gue se
re!este costuma sacriîcar a riGueza dos detal"es e a multidimensionalidade da pesGuisa emprica _
caractersticas Gue constituem a aura e o m,rito da a3ordagem antropolKgica-
*s reînamentos t,cnicos tanto da anIlise de contedo como da anIlise do discurso se apoiam na crena
de Gue a ;!erdade; dos signiîcados se situa nos meandros proûndos da signiîcao dos teXtos- *ra/ a
a3solutizao dessa crena deiXa em segundo plano os aspectos eXtradiscursi!os Gue constituem o espao
sKcio<poltico<econjmico e cultural onde o discurso circula-
A a3ordagem antropolKgica/ a partir dos clIssicos tra3al"os de Malino7ski/ EI "I muito ultrapassou os
limites da 8nâse na anIlise do contedo eXplcito da mensagem- Seu m,todo , coteEar a âla com a
o3ser!ao das condutas e dos costumes e com a anIlise das instituifes reêrentes ao tema em estudo-
C"ecar o Gue , dito com o Gue , êito/ com o Gue , cele3rado e estI cristalizado- Desta ôrma/ uma 3oa
anIlise interpreta o contedo ou o discurso dentro de um Guadro de reêr8ncias onde a ao e ao
o3Eeti!ada nas instituifes permite ultrapassar a mensagem maniêsta e atingir os signiîcados latentes-
$ssa proposta/ no entanto/ pertence ao clIssico Guadro do ûncionalismo de onde partiu toda a a3ordagem
antropolKgica- $ "oEe o dilema dos Gue tra3al"am com anIlises Gualitati!as , de superar os esGuemas
interpretati!os ôrmais (: Ia %erelson: ou o ûncionalismo 9h Ia Malino7ski: em 3usca de uma teoria
dial,tica capaz de conter os contedos intrinsecamente con^liti!os e antagjnicos de nossa realidade
social- A a3ordagem Gue mais se coaduna h interpretao consistente dos dados , a marXista/ na medida
em Gue ela se propfe a captar o mo!imento/ as contradifes e os condicionamentos "istKricos- *
empreendimento/ por,m/ no , Îcil como nos ad!ertem Dur"am 9W[Y\/ UU:/ Cardoso 9W[Y\/Y\s:/ Oaluar
9W[Y\/WWV:/ Magnani 9W[Y\/WQY:- $sses autores/ a partir de diêrentes temas/ mostram Gue as tentati!as de
interpretao Gualitati!a marXista t8m descam3ado ora para uma imprecisa categorizao/ por
diîculdades de transposio de conceitos usados em anIlises macrossociais para reali<
0AS$ D$ A4+)HS$ QUW
dades microssociais/ ora para uma a3ordagem mais poltica Gue de cun"o cientîco/ carente de re^leXo
so3re os pro3lemas episte<molKgicos en!ol!idos-
Apesar das constatafes êitas e a partir das diîculdades apresentadas na prItica teKrica , o m,todo
"ermen8utico<dial,tico Gue apresentamos aGui como o mais capaz de dar conta de uma interpretao
aproXimada da realidade- $le coloca a âla em seu conteXto para entend8<la a partir do seu interior e no
campo da especiîcidade "istKrica e totalizante em Gue , produzida- (saremos portanto a re^leXo do
;camin"o do pensamento; apresentada por 6a3ermas/ mas 3uscaremos apresentI<la tam3,m como uma
possi3ilidade de realizao t,cnica em relao hs comunicafes reêrentes h Irea de sade- Su3lin"amos a
necessidade de unir na anIlise todo o material escrito/ como as o3ser!afes/ o conteXto estruturado e todo
o sentido ;e!asi!o;/ ;dingmico;/ ;compleXo; das relafes sociais-
2artindo para o n!el do concreto/ tomemos como eXemplo um material recol"ido so3re Concepo de
Sade<Doena de um determinado segmento social- A interpretao tem dois n!eis Gue necessitamos
a3ordar-
* primeiro , o campo das determinafes ûndamentais Gue EI de!e estar esta3elecido na âse eXploratKria
da in!estigao- &rata<se do conteXto sKcio<"istKrico desse grupo social e Gue constitui o marco teKrico<
ûndamental para a anIlise- $sse momento pode ser pensado esGuematicamente como a compreenso? (a#
da ConEuntura sKcio<econjmica e poltica na Gual se insere o grupo e sua participao enGuanto ator
socialD (b# da "istKria do grupo e sua insero na produo 9enGuanto classe e segmento de classe: e suas
condifes de reproduo 9salIrio/ moradia/ acesso a 3ens e ser!ios e distri3uio geogrIîca:D (c# da
poltica de sade em geral e em particular no Gue concerne ao grupo e da categoria SadeFDoena
enGuanto categoria "istoricamente construda e !i!enciada atra!,s do sistema de sadeD (d# das
instituifes de sade hs Guais tem acesso o grupo em Guesto-
$le tem Gue estar presente durante todo o processo de pesGuisa e tam3,m no momento interpretati!o-
Arouca nos lem3ra esse Guadro de relafes essenciais?
QUQ 0AS$ D$ A4+)HS$
;$m um dado momento "istKrico/ em uma ôrmao social dada/ a situao sanitIria representa a
dingmica do ênjmeno sadeF doena nas populafes/ determinada por um conEunto de relafes/ com
outros setores sociais 9econjmicos/ polticos/ ideolKgicos: cuEas necessidades so en^rentadas por um
campo agregado de instituifes Gue t8m dispon!el um certo sa3er e uma certa tecnologia; 9Arouca?
W[YY/WW:-
* autor se reêre h situao e hs condifes de sade/ mas suas pala!ras poderiam se adaptar em relao hs
representafes sociais de sadeFdoena-
$sse primeiro n!el , o plano da totalidade enGuanto realidade o3Eeti!a Gue signiîca/ segundo )ukIcs?
;(m todo coerente em Gue cada elemento estI/ de uma maneira ou de outra/ em relao com cada
elementoD e de outro/ Gue essas relafes ôrmam na prKpria realidade o3Eeti!a/ correlafes concretas/
conEuntos/ unidades ligadas entre si de maneiras complemen<tares di!ersas/ mas sempre determinadas;
9)ukIcs? W[\Z/ QSR:-
4o momento concreto de interpretao dos dados/ o sentido da totalidade se reêre tanto ao n!el das
determinafes como ao do recurso interpretati!o pelo Gual se 3usca desco3rir as coneXfes Gue a
eXperi8ncia emprica mant,m com o plano das relafes essenciais- 4em sempre esse momento pode ser
captado apenas atra!,s das representafes sociais- A operao intelectual pela Gual o3temos a totalidade
concreta implica Gue o mo!imento da razo e o mo!imento da eXperi8ncia seEam perce3idos atra!,s de
relafes recprocas e dialeticamente integradas-
Do ponto de !ista "istKrico/ a postura interpreta ti !a dial,tica recon"ece os ênjmenos sociais sempre
como resultados e eêitos da ati!idade criadora tanto imediata Guanto institucionalizada- 2ortanto/ toma
como centro da anIlise a prItica social/ a ao "umana e a considera como resultado de condifes
anteriores/ eXteriores mas tam3,m como prIXis- Hsto ,/ o ato "umano Gue atra!essa o meio social conser!a
as determinafes/ mas transôrma o mundo so3re as condifes dadas- &/ "omem âz a "istKria? ele se
o3Eeti!a nela e nela se aliena; 9Sartre? W[ZY/ WVR:- k- a captao desse mo!imento contra<
0AS$ D$ A4A)HS$ QUU
ditKrio/ dingmico/ inaca3ado e em permanente proEeo/ a segunda condio do m,todo dial,tico em seu
Guadro de determinafes- &omando o caso de concepfes de SadeFDoena temos Gue entend8<las como
^rutos e maniêstafes de condicionamentos sKcio<"istKricos Gue se !inculam a acesso a ser!ios/
tradifes culturais/ concepfes dominantes !eiculadas e a inter<relao de tudo isso- SadeF Doena so
um ênjmeno social no apenas porGue elas eXpressam certo n!el de !ida ou porGue correspondem a
certas proîssfes e prIticas- Mas tam3,m porGue elas so maniêstafes da !ida material/ das car8ncias/
dos limites sociais e do imaginIrio coleti!o-
A interpretao dial,tica nos âz !er Gue as Concepfes de SadeFDoena de determinado segmento so/
pois/ resultado de condifes anteriores e eXteriores ao grupo/ mas ao mesmo tempo especîcas- $las so
^ruto de condifes dadas mas so tam3,m produto de sua ao transôrmadora so3re o meio social-
* segundo momento interpretati!o , na !erdade o ponto de partida e o ponto de c"egada de GualGuer
in!estigao? , o encontro com os âtos empricos/ no caso/ com um conEunto de Concepfes de
SadeFDoena- k preciso encontrar nesses ;âtos anedKticos; a totalidade e/ a pati deles, desco3ri<la-
Hsto ,/ esses teXtos t8m uma signiîcao particular e um papel re!elador do todo-
k necessIrio/ pois/ tomar como material concreto as representafes sociais de SadeF Doena/ tais como
so maniêstadas pelos atores sociais/ empiricamente- Hsso implica considerar na anIlise interna/ como
parte das representafes? (a# as comunicafes indi!iduais 9entre!istas/ "istKrias de !ida/ resultados de
discussfes de grupo etc:D (b# o3ser!afes de condutas e costumes relati!os ao comportamento so3re
SadeFDoenaD (c# anIlise das instituifes reêridas ao tema como Centro de Sade oîcial/ entidades ai
terna ti!as de tratamento citadasD (d# o3ser!ao de cerimjnias e ritos atinentes ao assunto-
A interpretao eXige ela3orao de Categoias Cnal,ticas capazes de des!endar as relafes essenciais/
mas tam3,m de Categoias Emp,icas e /peacionais capazes de captar as contradifes do n!el
emprico em Guesto- A partir dos dados col"idos e acumulados o in!estigador se !olta para os
ûndamentos da teoria para uma re^leXo so3re os conceitos iniciais/ para colocao em d!ida das
AD_ 3A4E 7E A)`:I4E
id,ias e!identes- Assim ele constrKi uma no!a aproXimao do o3Eeto? o pensamento antigo Gue , negado
mas no eXcludo/ encontra outros limites e se ilumina na ela3orao presente- * no!o cont,m o antigo
incluindo<o numa no!a perspecti!a-
Como operacionalizar esse segundo momento Gue na !erdade constitui o desaîo da anIliseA k o instante
"ermen8utico/ em Gue pro!isoriamente e apenas para îns analticos se toma o material de representao
social como um conEunto separado/ a ser tecnicamente tra3al"ado-
AGui pode se apro!eitar todo o progresso t,cnico seEa de determinada ôrma de anIlise de contedo ou da
anIlise do discurso/ com a condio de se su3meter essas t,cnicas a uma superao dial,tica/ isto ,/ ao
conEunto das relafes en!ol!idas-
* material escrito necessita ser cuidadosamente analisado? ^rases/ pala!ras/ adEeti!os/ concatenao de
id,ias/ sentido geral do teXto- %ak"tin nos lem3ra algumas regras metodolKgicas ûndamentais? 9W: no
separar a ideologia da realidade material do signoD 9Q: no dissociar o signo das ôrmas concretas de
comunicao 9entendendo<se Gue o signo âz parte de um sistema de comunicao social organizado:D 9U:
no dissociar a comunicao e suas ôrmas de sua 3ase material 9in^ra<estrutura:-
5ealizando<se no processo de relao social/ todo signo ideolKgico/ portanto tam3,m o signo lingistico/
!8<se marcado pelo "orizonte social de uma ,poca e de um grupo social determinado- $m3ora as classes
sociais diêrentes sir!am<se de uma sK e mesma lngua/ a pala!ra tam3,m se torna a arena onde se
desen!ol!e a luta de classe- A anIlise dos signos 9su3stanti!os/ !er3os/ adEeti!os etc-: seEa no seu sentido
de tema ou ôrma de!e ser orientada pela certeza das contradifes Gue a se ocultam 9%ak"tin? W[Y\/ SS<
SZ:-
*peracionalmente propomos alguns passos?
W-e: *rdenao dos dados? Gue englo3a tanto as entre!istas como o conEunto do material de o3ser!ao e
dos documentos populares e institucionais/ reêrentes ao tema Concepfes SadeFDoena-; $ssa
1D
)!o e&"a,os a+$i os de&al/es "efe"e&es a <"dea.!o de Dados- Hndicamos #o,o %i%lio0"afia #o,-le,e&a" o &"a%al/o
de Poi"ie" e& alii/ 6es +cits de 2ie. 2aris/ 2(0- 195K.
0AS$ D$ A4+)HS$ QUV
etapa inclui? (a# transcrio de îtas<cassetesD (b# releitura do materialD (c# organizao dos relatos em
determinada ordem/ o Gue EI supfe um incio de classiîcaoD (d# organizao dos dados de o3ser!ao
-tam3,m em determinada ordem/ de acordo com a proposta analtica- $ssa âse dI ao in!estigador um
mapa "orizontal de suas desco3ertas no campo-
Q-e: Classiîcao dos dados? EI dissemos/ no , o campo Gue traz o dado/ na medida em Gue o dado no ,
;dado;/ , ;construdo;- k ^ruto de uma relao entre as Guestfes teoricamente ela3oradas e dirigidas ao
campo e num processo inconcluso de perguntas suscitadas pelo Guadro emprico hs reêr8ncias teKricas do
in!estigador-
Do ponto de !ista dial,tico a classiîcao , um processo Gue/ tendo presente o em3asamento teKrico dos
pressupostos e "ipKteses do pesGuisador/ , êito a partir do material recol"ido-
* momento classiîcatKrio compfe<se/ segundo nossa proposta/ nas seguintes etapas?
(a# )eitura eXausti!a e repetida dos teXtos/ prolongando uma relao interrogati!a com eles- $sse
eXerccio/ denominado por alguns autores como ;leitura ^lutuante; permite apreender as estruturas de
rele!gncia dos atores sociais/ as id,ias centrais Gue tentam transmitir e os momentos<c"a!es de sua
eXist8ncia so3re o tema em ôco 9no caso concepfes de SadeFDoena:- $ssa ati!idade aEuda o
pesGuisador a/ processualmente/ esta3elecer as categorias empricas/ con^rontando<as com as categorias
analticas teoricamente esta3elecidas como 3alizas da in!estigao/ 3uscando as relafes dial,ticas entre
am3as-
&rata<se aGui de lograr um !erdadeiro con"ecimento compreensi!o Gue encontra os atores no seu mundo
social/ seguindo ao mesmo tempo duas prIXis- &omando<se como eXemplo a concepo de SadeFDoenh/
, necessIrio entender a eXpresso desse tema tam3,m no comportamento do segmento social-
(b# Constituio de um ;Corpus; ou de !Irios ;Corpus; de comunicafes se o conEunto das inôrmafes
no , "omog8neo- 2or eXemplo? entre!istas so3re SadeFDoena com os populares/ adultosD entre!istas
com curandeirosD entre!istas com m,dicos do Centro de SadeD entre!istas com Agentes de Sade- Cada
um desses grupos
QU\ 0AS$ D$ A4+)HS$
ôrnece inôrmafes e representafes especîcas/ constituindo conEuntos diêrenciados-
4esse momento âzemos uma ;leitura trans!ersal; de cada corpo- 5ecorta<se cada entre!ista ou
documento em termos de ;unidade de registro; a serem reêrenciadas por t!picos de inôrmao ou por
temas. *s crit,rios de classiîcao em primeira instgncia podem ser tanto !ariI!eis empricas como
!ariI!eis teKricas EI construdas pelo pesGuisador- Geralmente a interao de am3os os crit,rios permite
ao analista o aproûndamento do contedo das mensagens-
$m geral a primeira classiîcao/ ainda grosseira/ , ela3orada como em ga!etas/ onde cada assunto/
tKpico ou tema , cuidadosamente separado e guardado-
$m seguida/ âz<se o enXugamento da classiîcao por temas mais rele!antes Gue podem surgir tanto
para compro!ao de "ipKteses como material eXploratKrio de campo- 2or eXemplo/ pode ser eXpressi!o
Gue numa classiîcao de concepfes de sadeFdoena o ;modo de !ida; surEa como uma categoria
emprica rele!ante- Pue a eXpresso ;doena de Deus; seEa um termo a merecer anIlise minuciosa- Pue o
;ner!oso; surEa como uma eXplicao reincidente da condio de !ida- Assim por diante-
2ode<se dizer Gue num processo de aproûndamento da anIlise/ a rele!gncia de algum tema/ uma !ez
determinado 9a partir da ela3orao teKrica e da e!id8ncia dos dados:/ permite reâzer e reînar o
mo!imento classiîcatKrio- As mltiplas ga!etas sero reagrupadas em torno de categorias centrais/
concatenando<se numa lKgica uniîcadora-
U-e: AnIlise 0inal? As duas etapas anteriores _ ainda Gue o marco teKrico esteEa presente o tempo todo _
âzem uma in^leXo so3re o material emprico/ Gue , como dissemos/ o ponto de partida e o ponto de
c"egada da interpretao- $sse mo!imento incessante Gue se ele!a do emprico para o teKrico e !ice<
!ersa/ Gue dana entre o concreto e o a3strato/ entre o particular e o geral , o !erdadeiro mo!imento
dial,tico !isando ao concreto pensado- Supondo Gue seEam as Concepfes de SadeFDoena de
determinado segmento Gue nos importa interpretar temos Gue partir do caos aparente das inôrmafes
recol"idas no campo e âzer delas ao mesmo tempo uma re!elao da sua especiîcidade de concepo e
de participao nas concepfes
0AS$ D$ A4+)HS$ QUZ
dominantes/ e mais Gue isso/ de eXpresso da !iso social de mundo do segmento em relao h sociedade
dominante-
$ssa compreenso especîca de!e nos inôrmar Gue a âla e o comportamento dos suEeitos relati!as h
SadeFDoena trazem consigo uma signiîcao proûnda Gue a ,poca "istKrica e sua pertin8ncia a uma
classe l"es empresta- 2orGue cada ser "umano/ indi!idualmente/ em grupo ou so3 a eXpresso "istKrica de
classe , um ser signiîcante- 4unca se pode compreender sua pala!ra ou seu gesto sem superar o presente
ou sem proEetI<lo para o ûturo- As signiîcafes Gue desco3rimos !8m do ser "umano e de seu proEeto e
se inscre!em por toda parte/ na ordem das coisas e nas relafes mediadas pelas estruturas enGuanto ao
"umana o3Eeti!ada 9Sartre? W[ZY/ WZ[:-
* produto înal e sempre pro!isKrio/ resultado de todas as etapas de pesGuisa/ , o concreto pensado do
Gual nos âla MarX- Mas a sua compreenso Eamais , contemplati!a- $la inclui num mesmo proEeto o
o3Eeto/ o suEeito do con"ecimento e as prKprias interrogafes em mo!imento totalizador- A interpretao/
al,m de superar a dicotomia o3Eeti!idade *esus su3Eeti!idade/ eXterioridade *esus interioridade/ anIlise
e sntese/ re!elarI Gue o produto da pesGuisa , um momento da prIXis do pesGuisador- Sua o3ra des!enda
os segredos de seus prKprios condicionamentos-
Desta ôrma a totalizao înal Gue consiste no encontro da especiîcidade do o3Eeto pela pro!a do !i!ido
com as relafes essenciais/ no , uma ati!idade nem Îcil e nem eXterna ao in!estigador- $le se inclui
nela enGuanto marcado pelo momento "istKrico/ pelo desen!ol!imento cientîco 9tam3,m "istKrico:/ por
sua pertin8ncia 9"istKrica: a uma classe social e pela capacidade de o3Eeti!ao- Assim conclumos Gue a
in!estigao social enGuanto processo de produo e produto , ao mesmo tempo uma o3Eeti!ao da
realidade e uma o3Eeti!ao do in!estigador Gue se torna tam3,m produto de sua prKpria produo-
Como o3ser!ao înal/ importa relem3rar o apelo imediato e indiscut!el do o3Eeto ;Sade; h unidade
indissol!el entre teoria e prItica? enGuanto conduo do processo de con"ecimento e enGuanto
necessidade de transôrmao- 2ortanto propomos Gue a anIlise înal de GualGuer in!estigao no setor se
diriEa para uma !inculao
0AS$ D$ A4+)HS$ QUZ
dominantes/ e mais Gue isso/ de eXpresso da !iso social de mundo do segmento em relao h sociedade
dominante-
$ssa compreenso especîca de!e nos inôrmar Gue a âla e o comportamento dos suEeitos relati!as h
SadeFDoena trazem consigo uma signiîcao proûnda Gue a ,poca "istKrica e sua pertin8ncia a uma
classe l"es empresta- 2orGue cada ser "umano/ indi!idualmente/ em grupo ou so3 a eXpresso "istKrica de
classe , um ser signiîcante- 4unca se pode compreender sua pala!ra ou seu gesto sem superar o presente
ou sem proEetI<lo para o ûturo- As signiîcafes Gue desco3rimos !8m do ser "umano e de seu proEeto e
se inscre!em por toda parte/ na ordem das coisas e nas relafes mediadas pelas estruturas enGuanto ao
"umana o3Eeti!ada 9Sartre? W[ZY/ WZ[:-
* produto înal e sempre pro!isKrio/ resultado de todas as etapas de pesGuisa/ , o concreto pensado do
Gual nos âla MarX- Mas a sua compreenso Eamais , contemplati!a- $la inclu num mesmo proEeto o
o3Eeto/ o suEeito do con"ecimento e as prKprias interrogafes em mo!imento totalizador- A interpretao/
al,m de superar a dicotomia o3Eeti!idade *esus su3Eeti!idade/ eXterioridade *esus inêrioridade/ anIlise
e sntese/ re!elarI Gue o produto da pesGuisa , um momento da prIXis do pesGuisador- Sua o3ra des!enda
os segredos de seus prKprios condicionamentos-
Desta ôrma a totalizao înal Gue consiste no encontro da especiîcidade do o3Eeto pela pro!a do !i!ido
com as relafes essenciais/ no , uma ati!idade nem Îcil e nem eXterna ao in!estigador- $le se inclui
nela enGuanto marcado pelo momento "istKrico/ pelo desen!ol!imento cientîco 9tam3,m "istKrico:/ por
sua pertin8ncia 9"istKrica: a uma classe social e pela capacidade de o3Eeti!ao- Assim conclumos Gue a
in!estigao social enGuanto processo de produo e produto , ao mesmo tempo uma o3Eeti!ao da
realidade e uma o3Eeti!ao do in!estigador Gue se torna tam3,m produto de sua prKpria produo-
Como o3ser!ao înal/ importa relem3rar o apelo imediato e indiscut!el do o3Eeto ;Sade; h unidade
indissol!el entre teoria e prItica? enGuanto conduo do processo de con"ecimento e enGuanto
necessidade de transôrmao- 2ortanto propomos Gue a anIlise înal de GualGuer in!estigao no setor se
diriEa para uma !inculao
QUY 0AS$ D$ A4+)HS$
estrat,gica com a realidade- 4este sentido/ sugerimos Gue/ dentro da id,ia de pesGuzsa estrat,gica
enâtizada por %ulmer para a Irea de
2*lctop#3l'CaS9W[Z1/n<m:/SecJeguehconclusodotra3al"oCom pistas e indicafes Gue possam ser!ir de
ûndamento para propostas de planeEamento e a!aliao de programas/ &e!iso de conceitos/
transôrmao de relafes/ mudanas institucionais/ dentre outras possi3ilidades-
Certamente no se eXcluem as contri3uifes de pesGuisas 3Isicas Gue/ realizadas dentro de uma !iso a
mais longo pa@o, ûndamentem tra3al"os teKricos/ prIticos e estrat,gicos- Sua importgncia , de
transcendental recon"ecimento em GualGuer campo e tam3,m para a pro3lemItica de sade-
A)G(MAS/ *%S$5.ALt$S S*%5$ A P($S&M* DA .A)HDAD$ $ DA .$5H0HCALM*
A pro3lemItica da .A)HDAD$ e da .$5H0HCALM* nas Ci8ncias Sociais ôi colocada/ em primeiro lugar/
pelo positi!ismo sociolKgico/ mas representa uma discusso implcita em todas as correntes teKricas so3re
a cientiîcidade da produo intelectual- A crtica interna constitui a alma da ci8ncia e a coincid8ncia entre
a realidade estudada e o produto da in!estigao , a ;utopia; de GualGuer marco teKrico consistente- At,
Gue ponto as concepfes de sadeFdoena de determinado grupo social coincidem com as relafes Gue
apreendemos em nossa pesGuisaA Como podemos garantir a deseEada coincid8ncia entre o pensamento
so3re a realidade e a prKpria realidadeA &ais perguntas so ine!itI!eis e ûndamentais dentro do campo
cientîco/ em3ora se aceite Gue a produo intelectual , sempre um ponto de !ista a respeito do o3Eeto-
*s crit,rios de coer8ncia/ consist8ncia/ originalidade e o3Eeti!ao resumem/ segundo Demo/ o marco da
crtica interna da in!estigao cientîca 9W[YW/W\:- $sses crit,rios sugerem antes de tudo um de3ate entre
as !Irias correntes sociolKgicas Gue no , simples e no estI encerrado- 2or coe4ncia se entende a
propriedade de um discurso logicamente construdo/ tanto no sentido teKrico Guanto no desdo3ramento de
todas as etapas de in!estigao- &rata<se de um crit,rio ôrmal Gue de certa maneira impede a pesGuisa de
se tornar uma ati!idade especulati!a ou empirista- Consist4ncia , a prKpria Guali<
QUY 0AS$ D$ A4+)HS$
estrat,gica com a realidade- 4este sentido/ sugerimos Gue/ dentro da id,ia de pesGuisa estrat,gica
enâtizada por %ulmer para a Irea de polticas p3licas 9W[ZY/WW<QW:/ se c"egue h concluso do tra3al"o
com pistas e indicafes Gue possam ser!ir de ûndamento para propostas de planeEamento e a!aliao de
programas/ re!iso de conceitos/ transôrmao de relafes/ mudanas institucionais/ dentre outras
possi3ilidades-
Certamente no se eXcluem as contri3uifes de pesGuisas 3Isicas Gue/ realizadas dentro de uma !iso a
mais longo prazo/ ûndamentem tra3al"os teKricos/ prIticos e estrat,gicos- Sua importgncia , de
transcendental recon"ecimento em GualGuer campo e tam3,m para a pro3lemItica de sade-
A)G(MAS/ *%S$5.ALt$S S*%5$ A P($S&M* DA .A)HDAD$ $ DA .$5H0HCALM*
A pro3lemItica da .A)HDAD$ e da .$5H0HCALM* nas Ci8ncias Sociais ôi colocada/ em primeiro lugar/
pelo positi!ismo sociolKgico/ mas representa uma discusso implcita em todas as correntes teKricas so3re
a cientiîcidade da produo intelectual- A crtica interna constitui a alma da ci8ncia e a coincid8ncia entre
a realidade estudada e o produto da in!estigao , a ;utopia; de GualGuer marco teKrico consistente- At,
Gue ponto as concepfes de sadeFdoena de determinado grupo social coincidem com as relafes Gue
apreendemos em nossa pesGuisaA Como podemos garantir a deseEada coincid8ncia entre o pensamento
so3re a realidade e a prKpria realidadeA &ais perguntas so ine!itI!eis e ûndamentais dentro do campo
cientîco/ em3ora se aceite Gue a produo intelectual , sempre um ponto de !ista a respeito do o3Eeto-
*s crit,rios de coer8ncia/ consist8ncia/ originalidade e o3Eeti!ao resumem/ segundo Demo/ o marco da
crtica interna da in!estigao cientîca 9W[YW/W\:- $sses crit,rios sugerem antes de tudo um de3ate entre
as !Irias correntes sociolKgicas Gue no , simples e no estI encerrado- 2or coe4ncia se entende a
propriedade de um discurso logicamente construdo/ tanto no sentido teKrico Guanto no desdo3ramento de
todas as etapas de in!estigao- &rata<se de um crit,rio ôrmal Gue de certa maneira impede a pesGuisa de
se tornar uma ati!idade especulati!a ou empirista- Consist4ncia , a prKpria Guali<
0AS$ D$ A4+)HS$ QU[
dade argumentati!a do discurso Gue l"e permite adGuirir um lugar no conEunto da produo cientîca- *
carIter de oiginalidade de uma in!estigao se mede pela sua real contri3uio ao a!ano do
con"ecimento/ atra!,s da pesGuisa e da desco3erta- 2or obJeti*ao se compreende a capacidade de
empregar uma a3ordagem teKrico<metodolKgica e uma tecnologia adeGuadas h aproXimao mais ca3al
da realidade- *3Eeti!ao deîne o prKprio mo!imento in!estigati!o Gue/ em3ora no consiga reproduzir a
realidade/ estI sempre em 3usca de uma maior aproXimao- $la signiîca de um lado/ o recon"ecimento
de Gue a id,ia de ;o3Eeti!idade; e ;!eriîcao; , construda e dirigida- Como mostra )imoeiro Cardoso
9W[ZY/ UV: o prKprio campo em Gue essas id,ias surgem , tam3,m o terreno de Guestionamento daGuilo
Gue se !eriîca- De outro lado/ o princpio de obJeti*ao sugere tam3,m a crena na necessidade
permanente de um diIlogo crtico entre o in!estigador e seu o3Eeto/ sa3endo Gue am3os compartil"am a
mesma condio "istKrica e os mesmos recursos teKricos-
* positi!ismo clIssico responde h Guesto da !alidade e da !eriîcao com a eXig8ncia de rigor colocada
no m,todo e nas t,cnicas de ;captao; da realidade- Como o termo ;captao; sugere/ o pressuposto
3Isico dessa corrente , de Gue o o3Eeto se impfe ao suEeito Gue de!e procurar a mel"or ôrma de retratI<
lo- A !eriîcao se realiza atra!,s da o3ser!ao emprica/ Gue se puder ser repetida e compro!ada por
!Irias !ezes/ independentemente do suEeito/ serI recon"ecida como ;o3Eeti!a;- A necessidade da
o3ser!ao controlada permitiu ao positi!ismo desen!ol!er inmeras t,cnicas de coleta de dados e
instrumentais de interpretao 9como controle/ codiîcao/ amostragem representati!a/ GuestionIrio/
processamento de dados/ anIlise de contedo/ at, a realizao de 3ancos de dados:-
Atualmente/ por,m/ o a!ano do de3ate so3re os crit,rios de cientiîcidade tem a3alado a segurana dos
instrumentos positi!istas- 2opper _ recon"ecido como um neopositi!ista _ coloca em Guesto os
crit,rios tradicionais de !alidade do con"ecimento/ na medida em Gue/ do seu ponto de !ista/ nen"uma
"ipKtese , !eriîcI!el/ pois a acumulao de casos aîrmati!os no pode sustentar uma generalizao
teKrica- 2ara esse autor/ a comparao lKgica entre
QSR 0AS$ D$ A4+)HS$
as conclusfes/ a comparao entre !Irias a3ordagens teKricas e/ înalmente/ o teste atra!,s da aplicao
emprica das conclusfes so os procedimentos mais importantes para se pro!ar a !alidade de uma
in!estigao 9W[ZU?UW<SS:- 2opper su3stitui o crit,rio de ;!eriîcao; por ;âlsiîca3lidade;- $sse
princpio se institui como conseGi8ncia do seu pressuposto 3Isico de Gue no se pode âzer uma
generalizao a partir da acumulao de casos concretos/ mas apenas um caso negati!o concreto atesta
Gue a teoria , âlsa/ e assim impulsiona o con"ecimento- A ;o3Eeti!idade; no se coloca como Guesto
para 2opper/ assim como no eXiste para ele uma teoria ou uma desco3erta e!identes- PualGuer certeza
cientîca , sempre pro!isKria at, Gue seEa su3metida ao crit,rio de âlsiîca3lidade- 2ortanto/ ele erige
como procedimento ûndamental de Eulgamento cientîco a crtica intersu3Eeti!a?
;Direi Gue a o3Eeti!idade dos enunciados cientîcos reside no âto de Gue eles possam ser
intersu3Eeti!amente su3metidos a testes; 9W[ZU/ SW:-
Dentro do racionalismo de %ac"elard/ tam3,m os crit,rios de !alidade e de !eriîcao prKprios do
positi!ismo so su3!ertidos para se colocar em seu lugar a ;tese do primado do erro;- 2ara esse autor
admitir o erro , a prKpria condio de cientiîcidade de uma teoria/ pois caso contrIrio ela seria um
conEunto de dogmas- A reno!ao cientîca se processa pela certeza da incerteza daGuilo Gue aîrma/ da
sua colocao em c"eGue/ atra!,s de uma crtica interna irrestrita- %ac"elard argumenta Gue os maiores
o3stIculos epistemolKgicos so as !erdades recon"ecidas como tal/ e propfe o Eulgamento intersu3Eeti!o
das desco3ertas?
;A !erdade sK gan"a seu pleno sentido ao îm de uma pol8mica- 4o poderia "a!er assim !erdade
primeira- 4o "I seno erros primeiros; 9Canguil"em/ comentando %ac"elard? W[ZQ/ VR:-
$sse crit,rio intersu3Eeti!o da crtica , tam3,m assumido por autores marXistas como Goldmann Gue
insiste no ;tra3al"o cientîco como um ênjmeno social Gue supfe a cooperao de numerosos
0AS$ D$ A4+)HS$ QSW
esôros indi!iduais; 9W[\Z/ QU:- A diêrena entre os marXistas/ 2opper e %ac"elard , Gue/ para os
ltimos/ a crtica , o crit,rio central do m,todo/ enGuanto para os primeiros/ a crtica , a alma tam3,m da
teoria-
A su3misso do produto do con"ecimento h interâce das discussfes no signiîca Gue a !erdade seEa o
resultado dos pontos de !ista dos !Irios estudiosos- Hndica/ entretanto/ Gue a pluralidade de perspecti!as
permite lanar diêrentes ôcos de luz dos descon"ecimentos a respeito do o3Eeto em Guesto- k
necessIrio tam3,m esclarecer/ como o âz Demo/ Gue aceitar o ;primado do erro; dentro da a3ordagem de
%ac"elard/ no signiîca a permissi!idade da deôrmao lKgico<ôrmal do tra3al"o cientîco- 6I o Gue
ele denomina ;erros e!itI!eis; metodologicamente âlando/ como as tentati!as de camu^lar incursfes
ideolKgicas/ argumentos truncados/ inôrmafes incorretas/ colocafes apressadas 9Demo? W[YW/ S[:- *
erro ;ine!itI!el; do Gual %ac"elard âz o elogio como motor do con"ecimento/ , o contrIrio da certeza
ing8nua e estI colocado como condio do processo e da postura cientîca Gue recon"ece o carIter
aproXimado do con"ecimento-
Dentro das a3ordagens compreensi!istas a Guesto da !eriîcao e da îdedignidade tam3,m , !ista de
ôrma diêrente do positi!ismo clIssico- 2artindo do princpio de Gue o ato de compreender estI ligado ao
uni!erso eXistencial "umano/ essas correntes de pensamento no admitem Gue seEam îXadas leis
uni!ocamente para se produzir generalizao e !erdade- A maneira de a3rir o con"ecimento para o
uni!erso/ , permitir nele a entrada de outras interpretafes- 2or a3ranger eXatamente o mundo da cultura/
, nele Gue se pode o3ser!ar/ como diz Stein/ ;un! esp,cie de des!io da uni!ocidade e da transpar8ncia do
discur- ; 9Stein? W[YY/SY:- 2ortanto/ , atra!,s da compaao Gue se torna mais uni!ersal o sa3er so3re
determinado grupo cultural/ considerada como um recurso ûndamental para se garantir maior
uni!ersalidade ao con"ecimento- Do ponto de !ista t,cnico/ os autores Gue tra3al"am a metodologia
Gualitati!a propfem a !igilgncia interna atra!,s da tiangulao 9Denzin? W[ZU/ Q\R<Q[Z: como pro!a
eîciente de !alidao- A ;triangulao; consiste na com3inao e cruzamento de mltiplos pontos de
!istas atra!,s do tra3al"o conEunto de !Irios pesGuisadores/ de mltiplos inôrmantes
QSQ 0AS$ D$ A4+)HS$
e mltiplas t,cnicas de coleta de dados- A triangulao de certa ôrma consagra tanto a crtica
intersu3Eeti!a como a comparao/ em3ora os analistas dessa corrente esteEam mais preocupados em
mostrI<la como ati!idade interna Gue acompan"a todo o processo in!estiga<ti!o-
Dentro da perspecti!a marXista a Guesto da !alidade do con"ecimento , tratada como um pro3lema da
prItica?
;A resoluo da anttese teKrica sK , poss!el de uma ôrma prItica/ em !irtude da energia prItica do
"omem- Sua resoluo no ,/ portanto/ apenas um pro3lema de compreenso/ mas um pro3lema real da
!ida Gue a îlosoîa no poderia resol!er/ precisamente porGue considera tal pro3lema simplesmente
teKrico; 9MarX? W[ZU/WSW<WSU:-
4as 5eses sobe 7euebac$ MarX îXa as 3ases da prItica como crit,rio de !erdade- 4a tese n.i G, critica
os idealistas Gue tomam a realidade como o3Eeto de contemplao e no como ati!idade "umana/
construo "istKrica/ prIXis- 4a tese n.& L, indica tam3,m a prItica como crit,rio para se !eriîcar se
determinados pensamentos pertencem ou no h realidade o3Eeti!a- A tese n.& M , a clIssica aîrmao
so3re o carIter compleXo e interati!o da educao?
;A doutrina da transôrmao das circunstgncias e da educao/ esGuece Gue as circunstgncias t8m de ser
transôrmadas pelos "omens/ e Gue o prKprio educador tem Gue ser educado; 9MarX? W[YS/WW<WS:-
Assim nas ;eses sobe 7euebac$ a prItica aparece como ûndamento do con"ecimento na tese n-e W/
como crit,rio de !erdade na teat n-eQ e como înalidade do con"ecimento da tese n-eU e n-e WW- *u seEa/ na
tese ne W MarX coloca a prItica como condio do con"ecimento ao mostrar Gue a possi3ilidade de
con"ecer estI ligada h ati!idade "umana criadora/ de modo su3Eeti!o por um lado/ e por outro/ ao negar o
processo de con"ecimento como mera proEeo da consci8ncia?
0AS$ D$ A4+)HS$ QSU
;Con"ecer , con"ecer o3Eetos Gue se integram na relao entre o "omem e o mundo/ ou entre o "omem e
a natureza/ relao Gue se esta3elece graas h ati!idade prItica do "omem; 9.IzGuez? W[\Y/ WVU:-
2ortanto/ dentro da id,ia eXpressa na tese n-e W/ a prItica , o ûndamento e o limite do con"ecimento e do
;o3Eeto "umanizado; 9porGue mediado pelo "omem: Gue como produto da ao , o3Eeto de
con"ecimento-
` tese n-e Q propfe a prItica como crit,rio de !erdade do con"ecimento- &rata<se de uma tese 3astante
pol8mica porGue ela no inclui diretamente a eXplicao do Gue MarX considera ;prItica;- Autores como
.IzGuez interpretam o pensamento da tese n-e Q/ dizendo Gue ;, na ao prItica so3re as coisas Gue
demonstramos se nossas conclusfes teKricas a respeito delas so !erdadeiras;- 2or,m/ o autor ad!erte Gue
, preciso e!itar interpretar essa relao entre !erdade e prItica num sentido pragmItico como se a !erdade
ou a âlsidade ôssem determinadas pelo 8Xito ou pelo ^racasso- A concepo da prItica como crit,rio de
!erdade se opfe h concepo idealista de Gue a teoria traria em si mesma o crit,rio da !erdade/ como h
concepo positi!ista Gue !8 na prItica de ôrma imediata o crit,rio de !erdade da teoria 9.IzGuez?
W[\Y/WVZ:-
4a tese n-e U e na tese n-e WW/ em Gue rec"aa o papel apenas contemplati!o da teoria/ MarX c"ama
ateno para o dinamismo do con"ecimento Gue sK tem sentido como possi3ilidade de transôrmao da
realidade/ portanto nem somente teoria/ nem somente prItica/ mas unio indissol!el para a êcundidade
de am3as-
A Guesto do conceito de ;prItica; em MarX , contro!ertida e/ portanto/ torna<se 3astante conûsa a
interpretao desse crit,rio para a crtica interna do con"ecimento- )8nin/ sem discutir o signiîcado do
termo/ aîrma Gue ;o ponto de !ista da prIXis de!e ser o primeiro/ o 3Isico do con"ecimento;/ por,m/
acrescenta? -
;* crit,rio da prIXis no pode nunca/ na !erdade/ pro!ar ou reûtar totalmente uma representao "umana
GualGuer- $sse crit,rio , 3astante impreciso para no permitir Gue os con"ecimen<
QSS 0AS$ D$ A4+)HS$
tos do "omem se con!ertam em algo a3soluto; 9citado em %otto<more et alii? W[YY/ Q[S:-
%ottomore comenta Gue o termo ;praXis; em MarX/ ora parece se reêrir h ess8ncia li!re e criadora da
ati!idade "umana e outras !ezes se restringir ao campo poltico/ econjmico e ,tico/ e por !ezes sugerir
Gue a prKpria teoria de!e ser !ista como uma das ôrmas da prIXis 9%ottomore et alii? W[YY/Q[Q<Q[\:-
Alt"usser emprega o termo ;prItica teKrica; para âlar da ;prItica especîca Gue eXerce so3re um o3Eeto
prKprio e le!a a um produto prKprio? o con"ecimento;- Apresenta a ati!idade intelectual como?
;2rocesso de transôrmao de uma mat,ria<prima dada num dado produto/ transôrmao Gue se le!a a
ca3o atra!,s de de<m terminado tra3al"o "umano/ usando meios de produo determinados; 9W[\\? \Z<
ZV:-
2ara Alt"usser/ as ci8ncias?
;4o &M, e#essidade de !eriîcao por prIticas eXteriores para de#la"a" ''e"dadei"os' ou seEa/
con$ecimentos, os con"ecimentos +$e das -"od$Ge," 9---: ;elas mesmas conêrem o crit,rio da
Qjfafad# de se$s con"ecimentos; 9W[\\/ ZV:-
ObG+$eG acredita/ diêrentemente de Alt"usser/ Gue o termo "-"b&i#a" em MarX no pode ser
generalizado e nem usado 9no seu se&ido transôrmador: para se reêrir h ;prItica teKrica; porGue ela
!o ,odifi#a realmente o mundo- * conceito se reêre h ;transôrmao o3Eeti!a e real; do "omem e da
natureza 9.IzGuez? W[\Y/ QRQ<QRS:- 2or,m .IzGuez deênde Gue uma teoria sK pode estar mediando a
transôrmao e encontrar seu crit,rio de !erdade na prItica/ se permanecer eXatamente como teoria/
possuindo um contedo cuEa riGueza de consist8ncia possa iluminar a prItica/ compreendida a relao
indissol!el entre am3as 9W[\Y/ QRZ:-
$m C Dialtica do Conceto, Josic ta3al"a o conceito de 25+aHS dentro de uma concepo totalmente
diêrente dos autores marXistas citados- 2ara ele ;a prIXis , a esêra do ser "umano/ ela , a prKpria
0AS$ D$ A4+)HS$ QSV
criao "umana como realidade o3Eeti!a; 9W[\[/ QRW:- 2ortanto a ;prItica; no pode ser pensada apenas
como uma ati!idade eXterna do "omem/ como parecem âz8<k: os autores citados- $le a distingue do
conceito de tra3al"o/ porGue/ comenta/ ela compreende al,m do momento la3orati!o/ o momento
eXistencial?
;$la se maniêsta tanto na ati!idade o3Eeti!a do "omem Gue transôrma a natureza e marca com o sentido
"umano os materiais naturais/ como na ôrmao da su3Eeti!idade "umana/ na Gual os momentos
eXistenciais como a angstia/ a nIusea/ o medo/ a alegria/ o riso/ a esperana no se apresentam como
eXperi8ncia passi!a/ mas como parte da luta pelo recon"ecimento/ isto ,/ do processo de realizao da
li3erdade "umana; 9Josic? W[\[/ QRS:-
* centro da re^leXo de Josic/ portanto/ em relao h Guesto do con"ecimento , o ser $umano en(uanto
ciado% ;o "omem sK con"ece a realidade na medida em Gue ele cria;- Mas esse processo de criao e de
con"ecimento ele o conce3e como algo interior/ atra!,s da apropriao prItico<espiritual do mundo como
um todo indi!is!el de entidades e de signiîcados 9W[\[? QQ<QS:-
* con"ecimento/ para Josic/ representa uma das ôrmas de apropriao do mundo/ Gue cont,m os dois
modos "umanos de apropriao/ o sentido su3Eeti!o e o conceito o3Eeti!o?
;* processo de captao e o desco3rimento do sentido da coisa , ao mesmo tempo ciao, no "omem/
do correspondente sentido da coisa- $sses mesmos sentidos/ por meio dos Guais o "omem desco3re a
realidade e o sentido dela/ so um produto "istKrico<social; 9Josic? W[\[/ QU:-
* ponto central da Guesto da ;prIXis; como crit,rio de !erdade/ dentro do pensamento de Josic/ estaria
na capacidade de o con"ecimento de a3ranger o desen!ol!imento e a eXplicitao dos ênjmenos
culturais como ati!idade prItica o3Eeti!a do ser "umano "istKrico- A coer8ncia e a crtica interna do
tra3al"o cientîco , colocada por ele como um processo indi!is!el dentro da construo do
con"ecimento/ cuEos momentos so? (a# a destruio da pseudoconcretici<
QS\ 0AS$ D$ A4+)HS$
dade/ isto ,/ da êtic"ista e aparente o3Eeti!idade do ênjmeno/ e o con"ecimento de sua aut8ntica
o3Eeti!idadeD (b# compreenso do carIter "istKrico do ênjmeno Gue maniêsta a dial,tica entre o
indi!idual e o socialD (c# o des!endamento do contedo o3Eeti!o e do signiîcado do ênjmeno/ de sua
ûno o3Eeti!a e do lugar "istKrico na totalidade social 9Josic? W[\[/ VQ:-
Josic conclui sua crtica h !alidade do produto do con"ecimento dizendo Gue seria uma ;mI totalidade;
aGuela Gue entendesse a realidade social apenas so3 a ôrma de o3Eetos/ resultados e âtos EI dados e no
su3Eeti!amente como prIXis "umana o3Eeti!ada 9W[\[/ VQ:- 2ortanto/ para ele/ a pro3lemItica da prItica
no , eXplicI!el pela sua oposio h teoria ou h contemplao- Mas/ compreendida dentro da realidade
"umano<social/ ela se opfe h id,ia de se dado ou seEa/ compreendido como o3Eeto eXternamente
!eriîcI!el ou contempla !el- A teoria da ;prIXis; , uma crtica ao idealismo imo3ilista/ ao positi!ismo
pragmItico e ao estruturalismo Gue reduz o suEeito a resultante dos mecanismos incontrolI!eis do modo
de produo-
As re^leXfes so3re o processo de !alidao do con"ecimento nos mostram o campo a3erto de de3ate no
sK da produo emprica/ como da prKpria concepo da realidade a ser estudada e do suEeito Gue
con"ece? no dI para separar os elementos indi!iz!eis dessa construo ; prItico<espiritual;-
Dentro da perspecti!a dial,tica da !alidade da pesGuisa/ a prItica no pode ser pensada apenas como
ati!idade eXterna de transôrmao/ mas , importante inclu<la como compromisso social/ e enâtizar a
dimenso interior/ ontolKgica do ser "umano enGuanto criador/ e da realidade sKcio<"istKrica como
construo "umana o3Eeti!ada- $m relao ao sa3er/ , necessIrio a3ranger teoria e prItica enGuanto
unidades complementares/ prItica teKrica enGuanto aproXimao da realidade/ e teoria capaz de incluir e
compreender a transôrmao social? crit,rios ao mesmo tempo internos e eXternos Gue pro!am a lKgica e
a sociolKgica do con"ecimento-
* aporte marXista no campo da ;!eriîcao; do con"ecimento no pode consistir num menosprezo aos
instrumentais das outras a%o"da0es, na 3usca de o3Eeti!ao- k por,m a sua superao dial2&i#a a
medida em Gue coloca no interior da deînio da prKpria "ealidade social/ a condio sine (ua non de
seu con"ecimento e de sua
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C*4C)(SM*
G 5*C(56 apresentar neste tra3al"o uma contri3uio teKri<co<instrumental/ trazendo para o campo da
metodologia a preocupao com os ;camin"os de pensamento; na construo do sa3er cientîco e ao
mesmo tempo c"egar h prItica de pesGuisa no campo da Sade- &entei retirar o carIter apenas t,cnico
usualmente apresentado da metodologia/ mas tam3,m demonstrar Gue todo ;t,cnico; tem como
pressuposto uma teoria e Gue toda teoria e toda t,cnica esto !inculadas a pressupostos de uma !iso
social de mundo Gue as ûndamenta- Hsso no , diêrente na Irea da in!estigao em sade porGue ela
compartil"a os mesmos pro3lemas teKrico<metodolKgicos Gue a3sor!em a ateno dos Cientistas Sociais
"oEe- 2or isso/ 3usGuei mostrar Gue/ do ponto de !ista do con"ecimento/ sade , um o3Eeto to inating!el
Guanto GualGuer o3Eeto socialD Gue dele temos um con"ecimento aproXimado pro!eniente de esGuemas
teKricos Gue por seu carIter peculiar proEetam luz so3re determinados aspectos e descon"ecem outrosD Gue
tam3,m a razo Gue o con"ece e no apenas a realidade social o3Eeto do con"ecimento , dinamicamente
"istKrica e Gue a ci8ncia da sade no , ;um sistema contido e detido numa ordenao intemporal de
princpios esta3elecidos e esta3ilizados; 9Melo e Souza? W[YZ/ VQ:D Gue no-eXiste nen"uma e!id8ncia nos
ênjmenos sociais do campo da sade? nada , dado/ tudo , construdo/ inconcluso e superI!elD Gue a
realidade a encontrada como todo o social , inînitamente mais rica/ mais dingmica/ mais compleXa do
+$e GualGuer discurso cientîco so3re elaD e Gue a ci8ncia Gue a a3orda no a captura/ ela apenas indica a
direo e a organizao
QS[
QVR C*4C)(SM*
intelectual segundo a Gual se pode ter maior certeza da aproXimao do real-
&entei re!elar tam3,m o carIter comprometido entre o suEeito e o o3Eeto da in!estigao/ nos mais
diêrentes aspectos/ relao Gue se torna particularmente e!idente no caso da sade onde as Guestfes
tratadas aêtam de ôrma to essencial a todos nKs- * recon"ecimento da construo do o3Eeto como
tareâ "umana/ "istKrica/ solidIria/ compleXa/ aproXimati!a/ descontnua e inaca3ada tam3,m diz respeito
h construo do suEeito- * pesGuisador das Guestfes da sade no estI ôra da realidade Gue in!estiga- *
real Gue ele con"ece , aGuele Gue ele realiza/ e sua o3Eeti!idade , uma construo Gue se dialetiza no
processo de o3Eeti!ao e su3Eeti!ao- 4o somente o o3Eeto , por ele construdo/ mas ele prKprio se
constrKi no la3or da pesGuisa- 6I uma polaridade complementar entre o cientista e o seu o3Eeto/ de tal
ôrma Gue suas ôrmulafes o3Eeti!as correspondem a seu processo e ôrmulao su3Eeti!os- Da Gue
;toda constatao por mais rigorosa Gue seEa se passa no interior de sua consci8ncia e se encontra/ por
isso/ sendo um âto su3Eeti!o ligado a um processo de eGuil3rio orientado para um îm; 9Goldmann?
W[ZQ/WY:- As Guestfes do in!estigador âzem a mediao entre o o3Eeto e ele prKprio/ de tal ôrma Gue o
con"ecimento Gue persegue , ao mesmo tempo retiîcao de seu sa3er e de si mesmoD , o
recon"ecimento de seus limites e o mo3ilizador para ultrapassI<los- ;A tomada de consci8ncia Gue passa
do !i!ido ao pensado no termina o con"ecimento/ ela âz parte deleD pois o esta3elecimento dos
conceitos no anula a dimenso e a incurso do imaginIrio; 9Canguil"em? W[ZQ/VV:- Hsso le!a a concluir
Gue GualGuer discurso teKrico no , a re!elao total da realidade/ , a realizao de um real poss!el ao
suEeito/ so3 condifes "istKrico<sociais dadas? o o3Eeto construdo anuncia e denuncia o suEeito Gue o
constrKi? ela , a eXteriorizao de sua interioridade/ do seu tempo/ do seu meio/ de suas Guestfes/ de sua
insero de classe-
* recon"ecimento da polaridade complementar entre suEeito e o3Eeto/ me le!ou tam3,m a demonstrar a
necessidade do esôro de o3Eeti!ao/ ou seEa/ a 3usca de minimizar as incursfes do su3Eeti!is<mo e do
espontanesmo pelo compromisso interno de discusso teKrico<metodolKgica e pelo compromisso social
de su3meter a a3ordagem aos crit,rios da prItica- A compreenso teKrica das compleXas
C*4C)(SM* QVW
relafes e correlafes Gue conîguram a Sade como o3Eeto cientîco eXige a ela3orao de um conEunto
de conceitos/ de m,todos e de t,cnicas adeGuados a ultrapassar o empirismo/ a ;iluso da transpar8ncia;/
as percepfes/ as intuifes e os preconceitos- *s crit,rios de !alidade interna do con"ecimento Gue
passam pelos camin"os do de3ate teKrico e t,cnico/ por,m/ de!em permanentemente ser permeados pelas
Guestfes Gue a prItica social no campo da Sade suscita- A relao dial,tica entre o esôro lKgico e os
compromissos sociais desde a deînio do pro3lema de pesGuisa at, o produto pro!isKrio gerado no
processo do con"ecimento e sua adeGuao hs prIticas de Sade , o pargmetro principal da o3Eeti!ao-
2or,m/ em nen"um momento a o3Eeti!idade eXclui o suEeito e sua "istoricidade/ sua ôrmao/ seus
interesses e suas Guestfes- Hnclu<lo como condio do con"ecimento âz parte da !iso mais totalizante
do processo cientîco-
Dentro do Guadro geral das a3ordagens em Ci8ncias Sociais pri!ilegiei neste tra3al"o as c"amadas
;Metodologias Pualitati!as; principalmente pela importgncia Gue possuem na construo do
con"ecimento so3re Sade/ seEa enGuanto concepo/ seEa enGuanto polticas/ prIticas social eFou
institucional- Como em GualGuer processo social/ o o3Eeto ;Sade; oêrece um n!el poss!el de ser
Guantiîcado mas o ultrapassa Guando se trata de compreender dimensfes proûndas e signiîcati!as Gue
no conseguem ser aprisionadas em !ariI!eis- 4a discusso so3re o ;Gualitati!o; tentei desâzer a
^reGiente dicotomia entre macroFmicroênjmenos/ entre representao e 3ase material/ entre imaginao
e razo/ e no caso especîco da sade/ entre o corpo e a mente- %usGuei demonstrar Gue seEam eles macro
ou micro/ reîram<se ao indi!duo ou a um grupo social/ os ênjmenos reêrentes h Sade so compleXos
e o recon"ecimento da sua compleXidade dingmica , reGuisito indispensI!el para pensI<los
cientiîcamente? no eXiste nen"uma simplicidade nos microênjmenos/ o âto aparentemente mais
simples , um compleXo de relafes- PualGuer ser "umano/ GualGuer grupo ou classe social , uma
multiplicidade de relafes e de relafes entre relafes-
Com reêr8ncia h representao social dos indi!duos e grupos ela QstI a3ordada como parte da realidade-
4o sentido Gue?
QVQ C*4C)(SM*
;PualGuer situao "umana sK , caracterizI!el Guando se tomam em considerao as concepfes Gue os
participantes t8m dela/ a maneira como a eXperimentam/ suas tensfes e como reagem a essas tensfes
assim conce3idas;- 9---: ;* desprezo pelos elementos Gualitati!os e a completa restrio da !ontade no
constitui o3Eeti!idade e sim negao da Gualidade essencial do o3Eeto; 9Man"eim? W[\Y/ ZR/ ZU:-
A representao social dos indi!duos e grupos/ por,m/ estI pensada em relao hs 3ases materiais Gue a
engendram? de um lado temos Gue o "omem , o produto de seu produto? as estruturas da sociedade criam
seu ponto de partidaD de outro/ temos Gue esse "omem constrKi a "istKria dentro das condifes rece3idas
ultrapas<sando<as/ e inscre!e sua signiîcao por toda parte/ em todo o tempo e na ordem das coisas- A
compreenso Gualitati!a/ tal como a propon"o/ , um mo!imento totalizador Gue rene a condio
original/ o mo!imento signiîcati!o do presente e a intencionalidade em direo do proEeto ûturo- $la
3usca/ para^raseando Sartre/ ;a unidade pluridimensional do ato em sua ligao com cada um e com
todos; 9Sartre? W[ZY/W\W:/ a signiîcao proûnda Gue cada ,poca empresta h pala!ra/ ao gesto e ao
material mais e!asi!o Gue , o pensamento "umano- &ra3al"ando com o material sim3Klico Gue eXterioriza
o ponto de !ista dos atores sociais _ especiîcamente no Gue se reêre aos sistemas de sade _ tentei
mostrar Gue/ seEa a partir dos indi!duos/ dos grupos/ ou das classes/ a totalidade ûndamental se eXpressa
no perene con3io entre mente e corpo/ mat,ria e espritoD Gue na aparente simplicidade de uma
maniêstao so3re sade/ os suEeitos indi!iduais proEetam sua !iso da sociedade e da natureza/ a
"istoricidade das relafes e condifes de produo inscritas no seu corpo/ seu espao "odolKgico/ sua
temporalidade social/ seus inînitos culturais/ seus êtic"es/ seus ântasmas e seus anseios de
transcend8ncia- 2ortanto a pesGuisa Gualitati!a proposta aGui recon"ece o suEeito como autor/ so3
condifes dadas/ capaz de ;retratar e "e&"a&a"" a realidade- 4o apenas como um suEeito suEeitado/
es,a0ado e reprodutor das estruturas e relafes Gue o produzem e nas +$ais ele -"od$G.
Te&ei ,os&"a" Gue as ;Metodologias de 2esGuisa Pualitati!a; no
C*4C)(SM* QVU
constituem em si ideologia ou uma cGrrente de pensamento- 2elo contrIrio/ descre!o<as como
componentes das principais lin"as teKricas das Ci8ncias Sociais e/ em cada uma delas/ su3metidas a uma
organizao e a pressupostos peculiares- Do ponto de !ista da a3ordagem emprica recon"ece<se Gue o
ûncionalismo e a ênome<nologia desen!ol!eram e reînaram mais seu instrumental- Apesar disso/
propon"o a a3ordagem dial,tica como sendo aGuela capaz de reter ao mesmo tempo o !alor "eurstico
dos dados e conectI<los com as relafes essenciais Gue no so necessariamente apreendidas atra!,s das
representafes sociais- Puando se trata dos âtos reêrentes h sade/ essa ôrma de a3ordagem a3range a
"istoricidade dos ênjmenos 9concepfes/ relafes sociais e institucionais/ polticas etc:/ sua localizao
no modo de produo/-Gue , a totalidade maior/ incorpora a cultura como sendo cultura de classe e as
representafes sociais como eXpressfes do lugar e das condifes sociais de !ida e de tra3al"o dos suEeitos
em Guesto- Desta ôrma/ a metodologia dial,tica compreende o carIter contraditKrio/ con^liti!o e
totalizante de GualGuer relao social- Do ponto de !ista do con"ecimento ela a3range a polaridade
complementar entre a razo e a eXperi8ncia/ entre as categorias analticas e as categorias empricas/ entre
o mundo natural e o mundo social/ entre o pensamento e a eXist8ncia/ entre a multiplicidade e a unidade/
entre a eXterioridade e a inêrioridade/ entre a anIlise e a sntese-
4o Gue tange ao instrumental prItico para o tra3al"o emprico/ mostro Gue a a3ordagem dial,tica no o
tem ela3orado- $la de!e/ ento/ apropriar<se da eXperi8ncia ûncionalista e ênomenolKgica e/ ao
incorporI<la/ ultrapassar<l"es as premissas e pressupostos- Sua superioridade se mostra tam3,m pela
capacidade de a3ranger as !erdades parciais das outras correntes e superI<las- 2or,m/ a construo do
con"ecimento a partir desse reêrencial 9em todos os aspectos/ e de ôrma particular no tra3al"o com
representafes sociais: , uma tareâ pouco desen!ol!ida e pouco eXercitada/ , desaîo ao pesGuisador da
Irea de Sade-
2or îm/ âo ainda uma o3ser!ao a respeito dos limites deste tra3al"o- 2ropus<me a desen!ol!er uma
re^leXo teKrico<metodolK<gica/ !isando uma das possi3ilidades de a3ordagem da realidade? as
metodologias Gualitati!as- A recuperao conteXtualizada desse re<
QVS C*4C)(SM*
êrencial parte do pressuposto/ ûndamentado na prItica teKrica/ de Gue se trata de uma contri3uio
atualmente importante na Irea de Sade- 6I em todo o mundo ocidental um renascer de preocupafes
antropolKgicas ^rente aos grandes interrogantes Gue a sociedade moderna coloca a seus mem3ros- 6I em
todas as Ireas das Ci8ncias Sociais _ includa a Administrao 23lica _ uma tomada de consci8ncia da
importgncia de compreender a compleXidade das relafes sociais Gue criam/ alimentam/ reproduzem e
transôrmam as estruturas/ a partir do ponto de !ista dos atores sociais en!ol!idos nessas relafes- Hsso ,
uma tareâ de a3ordagem Gualitati!a- * estudo Gue pro!isoriamente termino/ por,m/ no se pretende
eXausti!o? , antes um comeo de con!ersa- Constitui<se em re^leXfes 3Isicas para estimular outras
re^leXfes- Cada item aGui desen!ol!ido , para ser retomado/ testado e aproûndado? ;a !erdade sK gan"a
sentido ao îm de uma pol8mica- Assim no poderia "a!er !erdade primeira- SK "I erros primeiros- A
e!id8ncia primeira nunca , uma !erdade ûndamental; 9Canguil"em/ comentando o ;primado do erro; em
%ac"elard? W[ZQ/ VR:- 4essa 3usca sem<îm/ nesse processo inaca3ado/ c"eio de contradio e solidIrio/
nesse terreno Gue no tem donos e nem limites/ o SHG4H0HCAD* e a H4&$4CH*4A(DAD$ so os mesmos da
primeira h ltima lin"a?
* D$SA0H* D* C*46$CHM$4&*l
%H%)H*G5A0HA
AD*54*/ &- W- 1 6*5J6$HM$5/ M- Sociol!gica. Madrid- $d- &aurus- W[Z[-
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<<<<<<<<<- ;&eXto/ ConteXto e Signiîcados? algumas Guestfes na anIlise de
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A2$O$C6$A/ 6- J- ;2ro3lemas MetodolKgicos da 2esGuisa na Ci8ncia da Sade;- As Ci4ncias Sociais
em Sade na Cmica 6atina. *2AS- W[YV 9S\W<SZS:-
A5*(CA/ A- S- da S- * Dilema 'e*enti*ista% Contri3uio para a compreenso e crtica da Medicina
2re!enti!a- Campinas- (4HCAM2- W[ZV 9&ese de Doutoramento:/ 9mimeo:/
QVV
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O Desafio Do Conhecimento Pesquisa Qualitativa em Saúde Minayo

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