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100% ESCALACOR 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% COR
80% 85% 90% 95% 98% 100%
%HermesFileInfo:J-1:20061231:
DOMINGO
O ESTADO DE S. PAULO J 31 DE DEZEMBRO DE 2006
LOREDANO
queimada viva e um quê de cho-
rona Copa. Ao menos, no vôlei,
sobrou alegria.
Travessia
‘06/07
Fim das esperanças sem fim José de Souza Martins
A política no país com “medo de existir” Renato Lessa
A viagem dos lucros Horácio Lafer Piva
Violência: a compulsão de prender Marcos Rolim
Lições do Cardeal Ratzinger para Bento XVI Hans Küng
Iraque: dividir para sobreviver Peter W. Galbraith
No espelho retrovisor, a ameaça nuclear Hans Blix
Meio ambiente: desastres “civilizados” Francisco Foot Hardman
O que os muros não separam Demétrio Magnoli
Todas as faces do populismo Luiz Felipe de Alencastro
O legado de Fidel Castro Anthony DePalma
Corpos em sacrifício, no altar das vaidades Maria Rita Kehl
Música para reouvir, reouvir... Luiz Tatit
Os artistas da fome no Pan Nuno Ramos
I tube, You Tube, we all tube Sérgio Augusto
7 8 9 10 11 12
ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB
100% ESCALACOR 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% COR 85% 90% 95% 98% 100%
%HermesFileInfo:J-2:20061231:
FRASES ‘06: O que eles disseram (sem querer ou por querer) em tiradas que ainda ecoam na memória
Indomáveis
pensamentos ❝ Político que não é ator
LOREDANO
não transmite nada❜❜
● FHC, ao dizer, em entrevista ao Estado, que
fazer política é fazer arte
❝ O Brasil é a
LÉO MARTINS
%HermesFileInfo:J-3:20061231:
Travessia ‘06/07: O povo foi chamado para a festa da construção política. Mas chegou tarde
José de Souza
Martins*
hegamos ao final do
ALIÁS
Geraldo Alckmin e José Serra
no quebra o sigilo bancário, fiscal sos de licitação e compra de am- no caso dos Sanguessugas,
e telefônico de Nildo. bulâncias para municípios, des- desencadeia uma crise.
viando verbas do Orçamento da
deral resulta na prisão dos presi- lançar a idéia de uma CPI para
dentes da Assembléia de Rondô- investigar todos os repasses fede-
nia e do Tribunal de Justiça. No
BETO BARATA/AE
2006>>
operações da PF para desbaratar
Dossiegate quadrilhas ligadas à venda de ar-
Às vésperas do pri- mas para bandidos e à máfia dos SANGUESSUGAS - Os senadores Magno Malta, Ney Suassuna e Serys
meiro turno das elei- caça-níqueis no Rio. Slhessarenko também escaparam da punição
ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB
100% ESCALACOR 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% COR
80% 85% 90% 95% 98% 100%
%HermesFileInfo:J-4:20061231:
FILIPE ARAUJO/AE
11/4: 14/9: quando nacionalizou as reservas
Varig, Varig,Varig O gás não é nosso de gás e colocou tropas do Exérci-
to na porta das refinarias.
Lula diz que dinheiro público A 17 dias da eleição, o presidente
não deve “salvar” empresas priva- Lula é surpreendido por uma de-
das e não paga a dívida de R$ 7 bi- cisão do colega boliviano, Evo
18/10:
%HermesFileInfo:J-5:20061231:
Horacio Lafer
Piva*
maresultante obri-
U gatória no sistema
capitalistaé agera-
ção de lucro. E es-
se lucro, onde quer
que ocorra, se tiver boas ra-
zões, retorna de várias manei-
ras ao seu ponto original. Nes-
se caminho pode gerar mais ou
menos benefícios, mas seu sal-
do costuma ser positivo. Assim
sendo, buscá-lo, a partir de pre-
missas adequadas, tem uma ló-
gica que não pode ser confundi-
da com dispersão.
Não se pode acreditar que
há quem ainda não esteja con-
vencido da inexorabilidade da
globalização. Deve-se discuti-
la, questioná-la, temperá-la
com políticas negociais e estru-
turantesquanto àscontraparti-
das vis-à-vis a velocidade das
aberturas comerciais, mas ela
é uma realidade inconteste.
Num mundo onde bits e
bytes movem-se livremente
sem ter de se preocupar com
tempoou espaço, fez bemoBra-
sil de aceitar o desafio da inser-
ção internacional. Aliás, era fa-
zer ou fazer. Deveria, de fato,
ter sido maisbem- cuidada, cer- FORÇA - No Pará, empregado da Vale acompanha a manobra do caminhão carregado de minério de ferro. Com a canadense Inco, a empresa fez-se a segunda mineradora do mundo
tamente melhor negociada,
mas, em tempos em que a cre- cado potencial de Sonho de Val- estrutura, mais flexibilidade momeio para odesenvolvimen- sistência para conquistar uma em outras paragens retorna de
dencial principal é o conheci- sa, Bis e Requeijão Poços de nas regras trabalhistas, menos to, que é a tradução de cresci- inércia própria se e quando a alguma forma para o País, seja
mento, no qual ciência e tecno- Caldas... Nossa presença, em- carga tributária, menor pre- mento com justiça social. fase, sempre cíclica, das “vacas em dividendos, seja em produ-
logia estão convertidas em for- bora ainda tímida, é bem-acei- sença do setor público. Podemos reparar, entretan- magras” retornar. tos ou respeito à maioridade de
ça produtiva estratégica e a ta, crescente e multissetorial. Contudo, as razões são mais to, que não são muitas, ainda, Além disto, temos desenvol- nossas comparações.
gestão criativa abre espaço pa- Estudos empíricos revelam complexas, não obstante a li- as empresas brasileiras com vido em algumas de nossas es- Sem construção de um pa-
ra mais ousadia, o caminho es- que a empresa internacionali- ção de casa sistêmica que te- unidades produtivas no exte- trelas uma excelência todapró- drão de competitividade mun-
tava dado e negá-lo seria com- zada normalmente tem produ- mos internamente de fazer. rior. Claro, há aquelas que in- pria em gestão. Estas, por sua dial, não há como conviver com
prometer o futuro. tividade e rentabilidade maio- Companhias como a Vale do corporaram novas compa- vez, disponibilizam cada vez a globalização e, simultanea-
Durante muitos anos fica- res do que suas congêneres do Rio Doce, Petrobrás e outras nhias, mas operações greenfiel- mais suas melhores práticas, mente, reduzir a exclusão so-
mos a discutir mecanismos de setor. Não há comprovação, co- são casos de grande geração de ds ainda são esparsas. Não di- gerando um ciclo virtuoso. O cial, valorizar a cidadania e des-
proteção que regulassem a ins- mo alguns alegam, sobre a re- caixa com visão de negócios minui, entretanto, o valor do potencial de crescimento, as- cortinar uma perspectiva aos
talaçãode empresasoua chega- duçãode exportaçõese,seocor- mundiais. Casos de sucesso avanço geográfico, que por si sim, inclusive nos seus valores brasileiros, em especial aos jo-
da de produtos similares de fo- rem em um primeiro momen- que merecem ser estudados, só, seja como for, costuma ser intangíveis, é enorme. vens, para que possam vislum-
ra do país. Uma discussão vi- to, certamente crescem em se- corporações que satisfazemne- um caminho sem volta. Ora, se o mercado interno brar o futuro não mais como
brante, oportuna em alguns ca- guida com o comércio “intrafir- cessidades e criam novas opor- Que não se perca muito tem- andadébil e seasempresas bra- uma possível ameaça mas co-
sos, mas fadada a ter no futuro ma”. Além do que há uma con- tunidades para elas mesmas e podiscutindo se a empresa bra- sileiras são mais competitivas mo uma efetiva promessa.
seu lugar apenas na história. cordância de que empresas todas as outras que consciente- sileira está ou não pronta para que seu próprio país, não há de A única maneira de nos li-
Parece chegada a hora, pois, mais competitivas fortalecem mente resolvam buscar o cami- o mundo. Empresários são prá- se estranhar o movimento. vrarmos desta dependência
de “invadir as praias dos grin- a estrutura produtiva do país nhodo crescimentoforadoBra- ticos, sabem fazer contas, ava- Ao contrário, quem sabe es- quase infantil dos humores
gos”. Embora sempre se possa sil, já que o que guia a expansão liamambientes, maximizam re- cruéis da globalização é enfren-
mostrar ao mundo que este é para o exterior são a ousadia e sultados, que é o que deles se tando-a. Já há muito sabemos
umpaís sem problemasde fron- O MUNDO ESTÁ as oportunidades de negócios. espera. Compromissos com SEM UM PADRÃO DE que o comércio internacional é
teiras,sem pretensões hegemô- FINANCIANDO COMO Os motivos são vários. Há sustentabilidade e, novamen- COMPETITIVIDADE, uma fonte de crescimento. E as
nicas, sem complexas questões grupos que desejam apenas te, com seus acionistas. empresas descobriram que,
raciais, sem crises naturais, NUNCA AS OPERAÇÕES criar uma percepção de que al- Embora a principal fonte de COMO GLOBALIZAR E além do aumento de produção
com grande demanda reprimi- BRASILEIRAS cançaram o padrão de global financiamentoda internaciona- REDUZIR A EXCLUSÃO? e redução de custo, obtêm mais
da, e, portanto, pronto para players. Algumas indústrias ad- lização ainda seja o capital pró- tecnologia, seja pela importa-
crescer muito mais, é tempo de quirem plantas, e com isto ele- prio, o fato é que o mundo está ção, ou mesmo pelo desafio da
levar nossa criatividade e expe- como um todo. vam a média de seus ratings, financiandoas operações brasi- tá-se a destravar nosso poten- competição.
riência de gerenciamento de Foram-seantigospreconcei- captando recursos a um custo leiras como nunca. Prazos lon- cial de crescimento. Nessas Buscar novas fronteiras é o
crises e ciclotimias para outros tos que bradavam contra a ex- menor. Há ainda o caminho do gos, taxas baixas, garantias ra- desbravadoras a inovação per- destino, e bastante próximo, de
lugares do mundo. portação de empregos, de capi- mercado de capitais, que quer zoáveis, redução de riscos cam- meia toda a organização, a tra- muitas das corporações brasi-
Difícil? Não. Não somente tal,desubstituição dasexporta- saber quem é quem, e aprecia biais ativo-passivos. A prospe- dicional hierarquia top-down leiras. São bons sinais.
cada vez mais exportamos nos- ções de bens do Brasil para a operações sem fronteiras. Ou ridade mundial gera liquidez, se reinventa, os compromissos Não há que se simplificar as
sos executivos, reconhecidos produção no exterior, de au- seja, há uma lógica produtivis- que por sua vez procura ativos sãocom resultados efetivos.Es- explicações, mas também não
como talentos na arena da ad- mento do pagamento de tribu- ta, mas não menos importante em empresas ou mercados ain- tas empresas sabem superar o sofisticá-la em demasia. Cres-
ministração, como já podemos tos em outros países. E não pe- que sua estratégia financeira. da não maduros. Procura com estágio de fatores, o da eficiên- cernãoé umaexpressãodevon-
ver chineses andando em auto- lo que possam ter tido de válido Demandase substituiçãode im- afinco, e nem sempre sucesso, cia e já navegam no da inova- tade, mas produto de ações, e a
móveis da General Motors fa- enquanto alertas, mas pelo des- portação locais, sinergia com já que o outro lado deste “pro- ção. É natural que elas se sin- única forma de criar cresci-
bricados no Brasil, voando em foque nesta quadra econômica os clientes, acompanhamento gresso” é a valorização desses tam mais à vontade para saltos mento sustentado é por meio
aeronavesda Embraer, proces- do mundo. dos concorrentes, escala e re- patrimônios, com múltiplos de novos, e que, fruto desta atitu- das empresas privadas, sem
sando celulose de florestas Para aqueles que navegam cursos mais baratos são resul- alavancagem que inviabilizam de, incorporem novos vetores medo do lucro responsável, on-
plantadas da Aracruz. Há hoje por esse vetor, a resposta é que tados diretos nesse ambiente algumas das pretensas bem- de crescimento. de quer que ele aconteça.●
árabes consumindo carne bra- investimento no exterior é rea- tão competitivo e, na maioria vindas consolidações. Ora,se queremosmaisresul-
sileira,russos calçandomais sa- ção das empresas, não a causa das vezes, com reflexos nos in- Não há garantia contudo, ao tados no País, façamos o que se * Horacio Lafer Piva, empresário
patos da Azaléia, americanos de problemas. E que o governo vestimentos e nos bolsos dos contrário, de que tal situação tem de fazer para tal. Os diag- e ex-presidente do sistema
usando motores Weg, africa- deveria se preocupar em tor- acionistas. perdure, de maneira que temos nósticosesugestões estão à me- Fiesp/Ciesp. Preside a Associa-
nos movendo-se em ônibus da nar o ambiente mais favorável Aliás, nos países avançados, de ser rápidos, lutar pela maior sa e são bem exeqüíveis. Mas, ção Brasileira dos Fabricantes
Marcopolo. Para não falar do e atraente aos negócios, com festeja-se o sucesso. O lucro fatiapossívelde recursose mer- enquanto isso, aceitemos tam- de Celulose e Papel (Bracelpa) e
boom das havaianas e do mer- menos burocracia, mais infra- não é um pecado, entendido co- cados, ganhando massa e con- bém que as margens geradas o Instituto DNA Brasil.
REUTERS
ALIÁS
gunda maior. O negócio é con-
Animation Stu-
siderado a maior aquisição já
dios, numa opera-
realizada por uma empresa
ção avaliada em
brasileira.
O ANO US$ 7,4 bilhões.
No acordo de com-
REUTERS
2/5: US$ 150 milhões. do mercado mundial. visualizados no portal. milhões. A etapa se-
guinte será a união da
Conta conjunta
2006>> O Itaú compra o BankBoston no
Brasil em um negócio pago em
ações. Controlador do BankBos-
26/6:
Conversa de gigante
A Arcelor aceita ser adquirida
9/10:
Os hits do momento
O Google compra o YouTube,
24/10:
Rumo à liderança
A Companhia Vale do Rio Do-
filial da Sucos del Val-
le no Brasil com a
Sucos Mais, que per-
tence à Coca-Cola.
ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB
100% ESCALACOR 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% COR
80% 85% 90% 95% 98% 100%
%HermesFileInfo:J-6:20061231:
Travessia ‘06/07: Nosso sistema prisional só libera a real incapacidade dos governos
ALEX SILVA/AE-14/05/2006
A nefasta
sanha de
prender
mais,mais...
crimes hediondos” (Lei nº
Marcos 8.072/1990), está se acentuan-
Rolim* do por conta da extraordinária
sensação de insegurança, moti-
vada, em parte, pelo aumento
das ocorrências de determina-
dos crimes – e, portanto, pelo
alargamento de experiências
overnantes, gesto- concretas de vitimização – e, de
G res,magistrados,le-
gisladores e forma-
dores de opinião de-
vem lidar com pro-
blemas reais e, tanto quanto
possível, procurar soluções pa-
ra eles. No Brasil, entretanto,
outra, pela transformação da
violênciaemumespetáculoren-
tável por boa parte da mídia na-
cional. Pressionados por resul-
tados, policiais tendem a pren-
der mais, promotores produ-
zem mais denúncias e apelos,
tornou-se comum que, entre magistrados passam a decre-
pessoas com responsabilida- tar prisões preventivas como
des públicas, o compromisso se estas fossem a regra do pro-
mais autêntico seja o de procu- cesso penal e a prolatar senten- MELHOROU? – Nas rebeliões do PCC, evidências eloqüentes da produção do crime e da violência a partir da experiência de aprisionamento massivo
rar estabelecer uma sintonia ças mais longas e, last but not
com o senso comum e as expec- least, os membros do Congres- tre 1987 e 1996, sendo que a Ho- dores.Istoocorreporqueasfun- lo sem qualquer base legal (a re- dos fatores de risco, preditivos
tativas socialmente dissemina- so Nacional alteraram a legisla- landaencarcerou,nomesmope- ções antes exercidas por aque- forma que trouxe o RDD para a para o crime e a violência, e dos
das – ainda que isto signifique, ção, criando novas figuras típi- ríodo, 20 vezes mais do que a les que foram encarcerados são Lei de Execução Penal, de duvi- agenciamentos que os tornam
como ocorre normalmente, cas, agravando penas e tornan- França. Situações assemelha- rapidamente ocupadas por ou- dosa constitucionalidade, só imediatamente possíveis – que
agravar os problemas reais. do a execução penal mais rigo- das fizeram com que, em no- tros, sendo o tráfico de drogas ocorreuem 2003). Mas, quando rompa, portanto, com a visão
Poucos temas atestam tão rosa.Taismedidas,sempresau- vembro de 2002, gestores dos apenas um dos exemplos. se trata de descumprir a Lei tacanha que reduz o tema da
dramaticamente tal inclinação dadas pela opinião pública, logo sistemas penitenciários de 44 Todos aqueles que manda- contra condenados ou suspei- segurança ao papel a ser de-
oportunista e demagógica co- se demonstram inócuas, mas o países do Conselho Europeu, mos à prisão, dela sairão mais tos, não parece haver, de fato, sempenhado pelas polícias e
moaqueles suscitados pelosde- ciclo da demanda punitiva – ao reunidos em Estrasburgo, ob- cedo ou mais tarde. E o fato é maiores problemas no Brasil. que estruture a prevenção co-
safios da segurança pública. O invés de se fechar – retoma o servassemqueonúmerodepre- que saem ou mais habilitados a Pelo contrário, o senso comum, mo uma prioridade de Estado;
sistema prisional e as políticas caminhojátrilhado,identifican- sos em cada nação é determina- praticar crimes mais graves ou a cultura institucional reprodu- que forme um Serviço Nacio-
deexecuçãopenalaparecemco- do as novas medidas como insu- do pelas respectivas políticas marcados de tal forma pelo es- zida pelas polícias e a conduta nal de Pesquisas de Vitimiza-
mo questões emblemáticas da ficientes ou “pouco rigorosas”. criminais e não pelas taxas cri- tigma que jamais encontrarão da grande maioria dos agentes ção e um Sistema Unificado de
incapacidade dos governos – de Como em um sintoma neuróti- minais. Ou seja: cada sociedade uma chance de sobrevivência públicos (incluindo nossa “qua- Informações Sobre Crime e
todos eles, bem entendido – em co de repetição (wiederholen pa- pode escolher, por várias ra- foradasalternativasilegais,ain- lificada” representação políti- Violência no Brasil; que refor-
formatar políticas capazes de ra Freud, ou “pedir novamen- zões, o número de presos que da que tentem. A experiência ca e parcelas significativas dos me profundamente nossas polí-
produzirresultados benéficosà deseja ter, se quer altas taxas de encarceramento tem sido, cias, qualificando-as, remune-
população. deencarceramentoou não.Fin- assim, um dos principais meca- rando decentemente seus pro-
Em dezembro de 2005, se- AO CONTRÁRIO DO lândia, Canadá e Alemanha, nismos pelos quais se opera a NÚMERO DE PRESOS fissionais, protegendo-os e as-
gundo dados consolidados pelo QUE SE DIZ, O BRASIL É por exemplo, escolheram dimi- produção do crime em escala É DETERMINADO POR segurando-lhes a perspectiva
Departamento Penitenciário nuir drasticamente suas popu- “industrial”. O que vale ainda de uma carreira profissional
Nacional (Depen-MJ), o Brasil UM DOS PAÍSES ONDE lações carcerárias sem que dis- mais para as piores prisões, pa- POLÍTICAS, NÃO POR (reforma que não se fará sem a
possuía pouco mais de 361 mil MAIS SE ENCARCERA to tenha resultado qualquer di- ra aquelas que asseguram, so- TAXAS CRIMINAIS desconstitucionalização do
presos. Isto significa, tendo em nâmica criminógena. Pelo con- bretudo, sofrimento, onde não modelo de polícia e sem que se
conta a média de crescimento trário, os estudos disponíveis há qualquer respeito à dignida- expurgue das corporações os
da massa carcerária brasileira, te”), insiste-se na mesma recei- apontam para o sucesso destas de dos detentos, onde a tortura membros do Ministério Públi- criminosos que lá atuam); que
que já ultrapassamos a barrei- ta de fracasso, exige-se mais do experiências que apostaram se banalizou, onde não há inves- co e da Magistratura) legiti- lance as bases para um direito
ra dos 400 mil presos no País e mesmo. em penas alternativas para a timentos em educação e profis- mam tais ilegalidades com mui- penal mínimo e para a emer-
que teremos, se nada for feito, Mas, como na psicanálise, o grande maioria dos delitos. sionalização e onde os próprios ta freqüência, por inação ou pe- gência de formas inovadoras
cerca de 1 milhão de detentos repetido nunca é exatamente o Para esta decisão, é preciso familiaresdosapenados sãohu- lo tipo de militância anti-huma- de tratamento de conflitos, co-
nos primeiros anos da próxima mesmo. No caso da elevação saber, primeiro, que a incapaci- milhados. Tal é, precisamente, nista que se alastrou como uma mo a mediação comunitária e a
década.Hoje,apenasparase re- das taxas de encarceramento e tação produzirá, sempre, um o caso da esmagadora maioria pragaemmeioaestesrepresen- Justiça restaurativa, entre
ceber o incremento anual de da deterioração das condições efeito muito modesto sobre os das prisões brasileiras. tantes das elites brasileiras ca- muitos outros passos.
presos(parasemanter, portan- de vida nas prisões, o que fize- fenômenos contemporâneos da O caso de São Paulo oferece, racterizados pelo seu ânimo em O Brasil não pode, em sínte-
to, a situação de superpopula- mos foi contribuir para o au- criminalidade e da violência. neste contexto, com o surgi- favor de políticas de tolerância se, se permitir a irresponsabili-
ção prisional inalterada), seria mento das séries causais e das Comalguns poucosperfis infra- mento e consolidação do PCC, zero e inteligência idem. dade de seguir tratando do te-
preciso construir, anualmente, dinâmicastipicamentecriminó- cionaisépossívelsealcançarre- as evidências mais eloqüentes a O Estado democrático de di- ma da segurança pública com
cerca de 80 novos presídios pa- genas. Em outras palavras: sultados apreciáveis de redu- respeito da produção do crime reito,instituiçãoaindafrágilpe- base no sensacionalismo midiá-
ra500 presos cada. Oque impli- coma crescentedemanda puni- ção de crimes com a prisão (tal e da violência a partir de uma lolegadodeautoritarismo,lassi- tico e nas frases de efeito saca-
caria um custo de quase R$ 1 tiva e a generalização da recei- éocaso,em regra,das condena- experiência massiva de encar- dão moral, ausência de espírito das das estratégias de marke-
bilhão, sem contar o que passa- ta “prender mais” e “endurecer ções de responsáveis por cri- ceramento, para adultos e ado- públicoeinsensibilidadedas ca- ting político. Nem, tampouco,
ria a ser gasto com milhares de o jogo com os bandidos”, o que mes sexuais, de latrocidas, de lescentes, construída com base madas privilegiadas, aguarda o podemosautorizarqueaincom-
novos agentes e com o custeio se alcançou foi a produção de assassinosseriais ou de respon- no desrespeito à lei e à dignida- momento de ser apresentado petência governamental e a de-
das novas instituições. Uma es- maiscrimes e de mais violência. sáveis por vários homicídios, de de das pessoas. O Estado, como àsinstituiçõesdesegurançapú- magogia reinante justifiquem
timativa que torna claro por Os especialistasna área– pe- articuladores de quadrilhas, de se sabe, possui cerca de 40% de blicanoBrasil,oque éverdadei- suas opções desastradas, mobi-
que a idéia de “construir mais lomenosaquelesquenão esque- torturadores e de corruptos e todos os presos brasileiros e é ro para as polícias e, sobretudo, lizando o medo. Senão por ou-
presídios”é,paraalémdaemer- ceram suas lições em troca de corruptores), mas, para o con- aquele que mais investiu na para o sistema prisional. tro motivo, porque, como o dis-
gência e do desespero, uma cargos – sabem que legislações junto das condenações à prisão, construção de novas prisões. Estamos, na verdade, dian- se Samuel Taylor Coleridge,
“não-proposta”. mais rigorosas não significam os efeitos imediatos quanto às Mais do que isso, foi também o te do desafio de enfrentar, com “em política, o que começa co-
Ao contrário do que muitos menos crimes e que impunida- taxascriminaisépróximodeze- lugarondeseconcebeuumregi- base no diálogo com os acúmu- mo medo normalmente termi-
acreditam,oBrasiléumdospaí- de tem muito mais a ver com a ro. Estimativas do Home Office meespecialde execução penal– los teóricos e as evidências co- na em loucura”. ●
ses onde mais se aprisiona, sen- incapacidade de produção da (do Reino Unido) apontam para o Regime Disciplinar Diferen- lhidas pela pesquisa científica
do que, na última década, mais prova do que com os marcos le- redução de apenas 1% nas taxas ciado –, pelo qual é possível iso- em todo o mundo, um caminho *Marcos Rolim é jornalista,
do que dobramos nossas taxas gais. As evidências são inúme- criminais para cada aumento lar completamente um preso democrático capaz de produ- escritor e professor da Cátedra
de encarceramento. Esta ten- ras. Holanda e França, por de 15% da população carcerá- por até dois anos. Tal experiên- zir políticas de segurança pú- de Direitos Humanos do
dência, tornada mais nítida a exemplo, tiveram 12% de au- ria. Uma relação considerada cia, assinale-se, foi colocada ini- blica eficazes. Uma opção que Centro Universitário Metodista
partir da aprovação da “Lei dos mento nas taxas criminais en- “otimista” por alguns pesquisa- cialmenteemvigoremSão Pau- se afirme desde a identificação IPA (Porto Alegre)
ALIÁS
cruel para a família portuguesa soas. Numa madrugada de pâni-
confessar ter colocado a criança reu. O laudo atesta que não havia
Bordalo. O filho do casal, An- co, como que repetindo no Rio de
na Lagoa da Pampulha, em BH, droga na boca do bebê. É solta. Na
dré, 19 anos, é esfaqueado na Janeiro o horror do PCC, delega-
dentro de um saco de lixo. cadeia, foi espancada.
barriga por Claudeci Bezerra cias e cabines de polícia foram
O ANO
JOSE LUIS DA CONCEIÇÃO/AE
2006>>
da, como suspeita. Ela foi indicia-
da após forjar provas e ser des- incendeiam um carro com ela, o
mentida pelo porteiro do prédio marido, o filho de 5 anos e uma
onde morava o coronel. vendedora. Todos morreram.
ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB
100% ESCALACOR 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% COR
80% 85% 90% 95% 98% 100%
%HermesFileInfo:J-7:20061231:
E Turquia,opapaBen-
to XVI fez de sua re-
tórica ainda mais
que amistosa. O teó-
logo não virou um diplomata,
comosugeriram alguns comen-
taristas, mas sua passagem por
antes. Ele foi admiravelmente
contido em Hagia Sophia (San-
ta Sofia), o museu e ex-mesqui-
ta construída para ser uma
igreja cristã. Ele orou em silên-
cio com o grande mufti na Mes-
quita Azul, equivalente muçul-
disposição de assumir riscos.
Avançar com amor e abertura.
Será que podemos contar
comqueBento XVItenhadispo-
sição para esse compromisso?
E será que ele terá a força ne-
cessária?
lá mostrou que, desde seu dis- mano a Santa Sofia. Mais tar- Seu encontro com o Patriar-
curso em Regensburg, em 12 de de, agitou uma bandeira turca. ca Bartolomeu I, ecumenica-
setembro, o pontífice aprende- Essas imagens e gestos são mente aberto, foi decepcionan-
ra uma lição. com freqüência mais eficazes te. Ele foi pouco além do beijo
As observações sobre o Islã do que muitas palavras. Em si, fraternal que Paulo VI havia
que ele citou em discurso na- eles não são nada, a menos que trocadocom o Patriarca Atená-
quela cidade alemã não foram sejamseguidospor um compro- goras em Jerusalém, no ano de
apenas pouco diplomáticas. Fo- misso contínuo com o diálogo. 1964. Naquela ocasião, as exco-
ram erradas. A pregação do Ainda assim, além da informa- munhões mútuas de 1054, o ano
profeta Maomé não foi, de ma- ção e da empatia, esse diálogo do cisma, foram revogadas.
neira alguma, desumana. Ele requer um terceiro elemento: Por que não restaurar final-
elevou as tribos árabes ao nível reflexão e autocrítica de ambas mente, bons 40 anos depois da-
de uma nobre religião ética e as partes. quele encontro em Jerusalém,
monoteísta. O Islã não é uma A esse respeito, por exem- a primeira comunhão com uma
religião de violência, mas uma plo,odocumento“DominumJe- celebração compartilhada da
religião de submissão ao Deus sus” – publicado em 2000 pelo eucaristia?Em vez disso, em Is-
único, o mesmo Deus dos ju- cardeal Joseph Ratzinger, cin- tambul, o bispo da Velha Roma
deus e dos cristãos. E Alá – tam- co anos antes de sua eleição co- apenas assistiu passivamente
bém o nome pelo qual os cris- mo papa, precisa ser revisto à celebração da eucaristia pelo
tãos árabes invocam o Senhor com urgência. Com frieza dog- bispo da Nova Roma.
– não é nenhum Deus arbitrá- mática, ele renova uma preten- O principal obstáculo à res-
são arrogante ao predomínio
da Igreja Católica Romana tan-
QUANDO FALOU tosobre outras igrejascomo so- A DIFICULDADE É QUE
SOBRE O ISLÃ, NÃO FOI bre outras religiões, uma pre- ROMA NÃO ABRE MÃO
tensão que a maioria das pes-
MAL COMPREENDIDO. soas considerava extinta de- DE SEU PODER SOBRE
O PAPA ERROU pois do Concílio Vaticano II OS ORTODOXOS
(1962-1965).
Se a Igreja Católica precisa
rio, mas um de justiça e miseri- adotar um tom menos presun- tauração da antiga unidade da
córdia. çoso para com outras fés, paí- igreja é e continua sendo a pre-
Fica evidente que o papa ses muçulmanos como a Tur- tensão do papa ao poder sobre
aprendeu uma lição simples- quia também precisam avan- as igrejas orientais, uma pre-
mente pelofato de que a polêmi- çar no tratamento de suas mi- tensão que vem sendo mantida
ca preleção que ele deu em Re- norias religiosas. desde o século 11. Como argu-
gensburg já foi revisada pela A senha é liberdade religio- mentou meu colega em Tübin-
terceiravez e, na última,30 pas- sa. Sob o governo Erdogan, a gen, Joseph Ratzinger – e o fez
sagens foram sutilmente corri- Turquia está empenhada num por escrito em 1982 –, Roma de-
gidase13 notas derodapéacres- experimento momentoso para ve exigir do Leste uma doutri-
centadasparaque maisesclare- se ver até que ponto um Estado na de primado não maior do
cimentos fossem feitos. secular e o Islã podem ser com- que a que foi formulada e prati-
Entretanto, o esclarecimen- patíveis. Foram necessários sé- cada no primeiro milênio.
to poderia ser levado muito culos – até o Concílio Vaticano Isso significa que não deve-
mais longe: por exemplo, a teo- II – para a Igreja Católica final- ria haver nem um primado de
logia muçulmana atribui parti- menteaceitaros direitoshuma- jurisdição não bíblico sobre as
cular importância à afirmação nos e, em particular, a liberda- igrejasorientais, tal comofoi re-
de que a fé muçulmana é racio- de religiosa.Mas ela finalmente clamado por Roma a partir do
nal e não requer a crença em o fez. Essa aceitação também século 11, nem um primado in-
quaisquer dogmas contrários à deveria ser possível no Islã. conseqüente de honra. Em vez
razão. Em proveito do papa, 38 Os desdobramentos na Tur- disso, na tradição compartilha-
ilustres eruditos muçulmanos quia estão sendo atentamente NA MESQUITA AZUL - Ao menos com os muçulmanos o papa aprendeu alguma coisa da do primeiro milênio, o bispo
de todo o mundo responderam, acompanhados em todo o mun- de Roma deveria gozar estrita-
ponto por ponto, e de uma ma- do islâmico: será que ela conse- com conseqüências desuma- com o Islã, terá avançado tam- ortodoxos a se unirem num diá- mente de um primado pastoral
neira admiravelmente concre- guirá estabelecer um curso en- nas. Nisso as críticas levanta- bém com cristãos que lhe são logo fraterno para determinar ecumênico. Nisso João XXIII
ta, aos enganos e incompreen- tre o secularismo anti-religioso das pelo islamismo e o cristia- mais próximos? maneiras em que o trabalho de poderia servir de exemplo: ele
sões comuns entre cristãos. e o fundamentalismo religioso? nismo se justificam. Mas as Dificilmente. Por mais li- Pedro possa ser tocado sem se limitou amplamente a lide-
Isso em si é um fato sem pre- De qualquer modo, os ataques duasreligiões, elas próprias, fo- ções que o papa tenha aprendi- prejuízo do respeito à sua natu- rança espiritual, inspiração,
cedentes.Eleé importante tam- terroristas de 11 de setembro ram muitas vezes a origem de do em outras áreas, muito pou- reza e essência. mediação e coordenação.
bém porque refuta enfim o pro- de 2001,e os subseqüentes, pro- crueldades. Hoje deveriam se co aconteceu nesta frente. É fa- O que ele quer dizer com is- Meu conselho cordial a Sua
pagado clichê de que os muçul- vocaram uma discussão inten- mostrar defensoras dahumani- so? O que está realmente acon- Santidadeo papa Bento XVIse-
manos não querem o diálogo. sa sobre violência e terrorismo dade, coisa que felizmente tem tecendo? ria: por favor, aprenda com o
Em sua viagem à Turquia, o em muitos países muçulma- acontecidocom freqüência. Es- NÃO É POSSÍVEL QUE Maisanos de trabalhoem co- professor Joseph Ratzinger de
papa não repetiu as citações so- nos. Isso também é importante te compromisso com o bem-es- 40 ANOS DE DIÁLOGO missões sobre assuntosrelacio- Tübingen! ●
bre o Islã que havia feito na Ale- para um diálogo franco. tar comum deveria ocorrer nados ao papado são completa-
manha. Ao contrário, mostrou- Um diálogo cristão-muçul- também entre homens e mulhe- ENTRE IGREJAS NÃO mente inúteis. As soluções pro- *Hans Küng é padre
se pessoal e publicamente dis- mano construtivo não deveria res cujas idéias são seculares, DÊEM RESULTADO postas por teólogos e comis- e um dos principais teólogos
posto a aprender sobre a reli- erguer novas barreiras contra, com base nos valores e padrões sões têm sido postas na mesa católicos da atualidade.
giãocom opresidentedaautori- porexemplo, amodernidade se- éticos básicos compartilhados há décadas enquanto o Vatica- Por seus questionamentos
dade religiosa estatal, Ali Bar- cular. A função da religião não a que chamamos de uma ética to que Bento XVI tem invocado no as ignora. Não há falta de ao poder papal, o Vaticano
dakoglu. Isto confirma o apelo é principalmente se opor, mas humana ou uma ética global. com freqüência a unidade com- conhecimento teológico. O que retirou sua autoridade eclesiásti-
de Bento XVI por um diálogo apoiar, estar presente para ho- E quanto à Igreja Ortodoxa? pleta entre a Igreja Católica e a está faltando é outra coisa: Ro- ca para lecionar em 1979.
honesto, porque tal diálogo re- mens e mulheres de hoje. Melhorar as relações com essa Igreja Ortodoxa como uma me- ma estar disposta a renunciar Depois da proibição, foi
quer que cada lado tenha aces- É fato que a secularização igreja não teria sido justamen- ta,comofizeramseus predeces- àssuaspretensões depoder, co- nomeado professor de teologia
so a informações sérias sobre o inevitável da modernidade le- te o principal objetivo da visita sores Paulo VI e João Paulo II. mungando do espírito cristão. ecumênica na Universidade de
outro. Requer também empa- vou em parte ao consumismo, do papa à Turquia? Se esse pa- Agora, como eles, o papa está O que os chefes supremos de Tübingen, na Alemanha,
tia, sensibilidade em relação ao relativismo e ao niilismo pa fez progressos nas relações novamente convidando líderes nossas igrejas diriam aos cris- onde se aposentou em 1996.
ALIÁS
padas em diários da Dinamarca e preservativos como forma de com-
Noruega, que aproximam a religião 19/7: bater o vírus HIV. Mesmo depois
islâmica do terrorismo. Num deles, de a ONU divulgar que os índices
Bush e a bioética
REPRODUÇÃO
2006>> Dalai Lama, princi- tronco de Congregação do Clero, responsá- beatificado por João Paulo II,
pal líder espiri- embriões aprova a idéia de “pegar uma coi- vel pelos assuntos relativos a to- que reconheceu as curas feitas
tual do budismo humanos. sa viva e torná-la morta para fins dos os 400 mil padres espalhados por meio das famosas pílulas
AP
%HermesFileInfo:J-8:20061231:
Travessia ‘06/07: A guerra civil que o ilusionismo de George W. Bush não pode camuflar
E nhã de 22 de feverei-
ro de 2006, quando
insurgentes iraquia-
nos, certamente su-
nitas ligados à Al-Qaeda, explo-
diram o santuário Askarya em
Samarra. Não há como negar
deado governo de unidade na-
cional, liderado pelo primeiro-
ministro Nouri al-Maliki, está
eternamente à beira de um co-
lapso, incapaz de chegar a um
acordo sobre qualquer questão
política importante e com seus
os iraquianos xiitas quanto os
sunitassearrogam umnaciona-
lismo que talvez permita que os
dois grupos permaneçam asso-
ciados por laços frouxos num
único Estado.
Solitáriosentreosoutrosira-
que o derramamento de sangue membros xiitas constantemen- quianos,osárabessunitas resis-
e o caos no Iraque a partir deste te ameaçando se retirar da coa- tem à divisão – alguns por nos-
fato foram os detonadores de lizão. talgia do tempo em que coman-
uma guerra civil. O Exército do Iraque está di- davam, outros porque rejeitam
Os xiitas acreditam que o vidido entre batalhões xiitas, tudo o que aconteceu desde que
Mahdi, o 12º e último imã, desa- sunitase curdosemgrandepar- Saddam Hussein foi deposto.
pareceu numa caverna debaixo te homogêneos. Estas unida- Mas como o Curdistão já existe
daquele santuário em 878 e vol- des rotineiramente se recusam e o parlamento iraquiano já
tará um dia para promover a cumprir ordens do líder civil aprovou uma lei formando uma
umaeradepazejustiça.Dopon- legal, quando tais ordens en- região xiita, os sunitas terão de
to de vista dos xiitas iraquianos, tram em conflito com os dese- escolher entre formar sua pró-
a derrubada de Saddam Hus- jos de seus líderes étnicos ou pria região ou se transformar
sein e a vitória eleitoral deles religiosos. Não é de surpreen- num vazio entre o Curdistão e o
nas eleições parlamentares de der que poucos iraquianos con- sul xiita.
2005 constituíram um ato de fiem na polícia ou no Exército Os sunitas podem ganhar
justiça há muito devido a uma nacional. muito com a divisão. A insur-
maioria perseguida. Já os fun- Noiníciodenovembro,quan- gência sunita é impulsionada
damentalistas sunitas, aqueles do insurgentes sunitas massa- pela hostilidade contra os ame-
que destruíram o santuário de craram xiitas em Baquba, uma ricanos e contra o governo cen-
Askariya, deram o seguinte avi- cidade mista a noroeste de Bag- tral dominado por xiitas. Na
so: não aceitarão a nova ordem dá, os líderes xiitas locais não sua própria região, os sunitas
no Iraque. pediram ajuda ao Exército ira- poderão ter um Exército e cui-
Naquele dia da explosão, à quiano nem aos americanos dar da sua própria segurança.
tarde,líderes iraquianossereu- queestavam nas proximidades. Temem, contudo, serem priva-
niramem Bagdá,no quartel-ge- Em vez disso, chamaram o dos dos recursos do petróleo lo-
neral do líder curdo Massoud Exército Mahdi de Bagdá, que calizados ao norte e ao sul. Para
Barzani, onde eu estava hospe- matoudezenasdesunitasdeBa- facilitar a divisão, curdos e xii-
dado.Apesar daspalavrascora- quba – muitos deles sem qual- tasjáfecharamum acordoasse-
querrelaçãocomosataques an- gurandoaos sunitasumaparce-
teriores. Os restantes, simples- la proporcional das receitas
SEM RECONHECER mente foram expulsos da cida- provenientesdopetróleodoIra-
QUE HÁ UMA de. Era isto, evidentemente, o que. Além disso, há grandes
queosxiitas locaisqueriamdes- áreas sunitas onde o petróleo
GUERRACIVIL, NÃO de o início. ainda não foi explorado.
HAVERÁ SAÍDA Autoridades do governo Os vizinhosárabes do Iraque
Bush há muito vêm sustentan- temem que a dissolução possa
do que as notícias provenien- estabelecer um precedente pa-
josas conclamando a unidade tes do Iraque são muito melho- raseuspróprios países,mastal-
nacional, deram-se conta do res do que as que aparecem na vez concluam que um sul domi-
que estava por vir – a guerra ci- mídia, pois 14 das 18 províncias nado por iranianos é preferível
vil. E souberam que eram impo- do país estão seguras. O gene- à dominação iraniana de todo o
tentes para impedi-la. Porém, ral George Casey, omais impor- Iraque.
se decidirmos acreditar nas pa- tante de todos os comandantes ATurquia,ondevivem 14 mi-
lavras do presidente George W. americanos a serviço por lá, lhões de curdos, está preocupa-
Bush e nas de seus principais chegou ao ponto de afirmar da que um Curdistão indepen-
assessores, o que está havendo que o Iraque não está em guer- dente desperte sentimentos se-
no Iraque não é uma guerra ci- ra civil porque grande parte do paratistas por lá. Se bem que o
vil. Ou seja, a falta de disposição território está pacífico, com 80 ASKARYA DESTRUÍDA – O ataque contra santuário xiita partiu definitivamente o Iraque governo em Ancara tem reagi-
do governo americano de en- a 90% da violência ocorrendo do de forma pragmática, culti-
frentar a realidade afeta direta- somente dentro de um raio de muito dividido como também promover a paz entre árabes e tão pode aceitar o fato de que o vandolaçoseconômicos epolíti-
mentesua capacidadedeplane- cerca de 50 quilômetros ao re- não governa nada, quanto mais israelenses, faz sentido conver- país estáquebrado e que a saída cos com o Curdistão – que, co-
jar uma estratégia para lidar dor de Bagdá. Pelos critérios Bagdá. sar com Irã e Síria. Neste está- é buscar acordos bilaterais moa própriaTurquia, é secular,
com a catástrofe na qual se de Casey, a Guerra Civil ameri- O Grupo de Estudos sobre o gio, porém, nenhum dos dois com as regiões curda, sunita e não árabe, pró-Ocidente e pró-
transformou o Iraque. cana também não foi uma guer- Iraque, bipartidário, presidido países poderá fazer muito para xiita. Na primeira opção, os democracia. Um Curdistão in-
A explosão de violência que ra civil. pelo ex-secretário de Estado solucionar a crise no Iraque, EUAteriamqueservirdepacifi- dependente seria uma zona-
teve início em 22 de fevereiro Namelhor das hipóteses, no- dos EUA, James Baker, e pelo cadores entre sunitas e xiitas, tampão útil entre a Turquia e
atingiu proporções alarman- ve das províncias estão seguras ex-deputado democrata, Lee missão que exigiria muito mais um Iraque dominado pelo Irã.
tes. Diariamente, atiradores, e três destas estão localizadas Hamilton, recomenda que a A GUERRA CIVIL soldados, duraria anos e produ- OqueestaguerracivilnoIra-
carros bombas e esquadrões da no Curdistão, que é constitucio- maioriadossoldadosde comba- DISSOLVE UM PAÍS ziria incontáveis baixas. A se- que está dissolvendo é um país
morte matam uma média de nal e funcionalmente indepen- te americanos se retirem por gunda opção representa uma criado por forasteiros que, ao
100a200sunitasexiitas.Acapi- dente do restante do Iraque. As etapas até 2008. E que os solda- QUE SÓ TROUXE saída para os EUA. longo dos seus 80 anos de histó-
tal iraquiana, antes uma mistu- outras seis províncias seguras dos que restarem fiquem para SOFRIMENTO AO POVO Um Iraque segmentado con- ria,trouxesofrimentoparaqua-
ra heterogênea de sunitas e xii- estão no sul xiita que também treinareoferecerapoioaoExér- sistiria no Curdistão ao norte, se todo o povo. A grande virtu-
tas com uma pequena parcela tem um governo separado da- cito e à polícia iraquiana. O que umregião xiita composta de no- de da partição é que esta é uma
de curdos cristãos e masdeís- quele em Bagdá e nas quais os parece é que eles vêem polícia e mesmo que estejam dispostos. ve províncias no sul e outra re- solução iraquiana para um pro-
tas,estáagoradivididaentrexii- milicianos aplicam a lei islâmi- Exército como possíveis garan- Porque trata-se de uma guerra gião, sunita, incluindo três das blema iraquiano.
tas ao leste e sunitas a oeste. Os ca no estilo do Irã enquanto ig- tidores neutros da segurança civil auto-sustentada e, a me- províncias no coração da insur- Será incrivelmente doloro-
curdoseasminoriasnãomuçul- noram de todo a liberdade que a pública. Mas, na verdade, eles nos que haja uma grande mu- gência – Anbar, Nineveh e Sa- so, mas não há qualquer moti-
manas cada vez mais buscam a constituiçãoiraquianasuposta- são é sunitas ou xiitas, comba- dança na relação de Síria ou Irã lahaddin. Enquanto a fronteira vo para acreditar que a forma-
relativa segurança do Curdis- mente garante. tentesnuma guerra civil.O trei- com o Iraque, nenhum dos dois da região xiita corresponderia lização desta divisão fará das
tão, no norte do Iraque, ou sim- Quando há um quadro de namento fará apenas com que países tem qualquer motivo pa- a províncias que já existem, a coisas piores. Se tudo der cer-
plesmente deixam o país. Para guerra civil, uma estratégia fiquem mais letais. ra ajudar os EUA a se livrarem fronteira entre a região curda e to, pode até diminuir um quê
os milhões que permanecem, a cujo objetivo é construir um go- O grupo também recomen- da encrenca. a árabe-sunita é matéria de de- da violência.●
vida é cheia de restrições e te- vernodeunidadenacional eins- da a abertura de conversas com Encarar o fato de que o Ira- bate. A constituição iraquiana
mores. tituições nacionais de seguran- Irã e Síria. Já que o governo que vive uma guerra civil deixa prevê um referendo no fim de *Peter W. Galbraith é
No leste de Bagdá dominado ça, tais como Exército e polícia, Bush não tem alternativas para claras as escolhas americanas. 2007 para definir se a província ex-embaixador dos EUA
pelos xiitas, a segurança e o que não funciona. Não apenas o go- lidar com as ambições nuclea- Os EUA podem tentar unir um de Kirkuk, rica em petróleo, fa- na Croácia e um dos que
se passa por lei e ordem é pro- verno de unidade nacional está res do Irã e parece incapaz de paísque nunca funcionououen- rá parte do Curdistão ou do Ira- expuseram crimes de Saddam
ATEF HASSAN/REUTERS
10/1: 30/5: to com o primeiro-ministro. O
Ameaças nucleares Estado de emergência estopim dos conflitos teria si- 24/11:
Em outubro, a Coréia do Norte
do a demissão de 591 militares Violência pós-Saddam
Xanana Gusmão, presidente que participaram de protesto Cerca de 160 pessoas
anunciou ter explodido, no subso- do Timor Leste, declara estado trabalhista em março.
lo, seu primeiro artefato morrem em atentado
ALIÁS
de emergência no país e assu- em Bagdá, no dia
atômico. Meses antes, em me o controle do Exército e da 13/7: mais sangrento desde
janeiro, o presidente do Irã, polícia. Segundo o governo, a
Israel cerca Líbano a invasão dos EUA,
Mahmud Ahmadinejad, decisão foi tomada em conjun-
O ANO retomou o programa nu-
clear de seu país.
Mais de 50 libaneses – entre
eles quatro brasileiros-libane-
em 2003. Em dezem-
bro, enquanto a corte
REVISTO 5/5:
ses – morrem no segundo dia
de violentos ataques de Israel a
iraquiana marcava
para janeiro a execu-
ção de Saddam Hus-
Mogadíscio cai alvos civis e do grupo xiita Hez- sein, o governo ameri-
Milícias islâmicas tomam bollah em território libanês. Em canodivulga que o núme-
agosto, foi assinado um cessar- ro de soldados mortos no Iraque
a capital da Somália, am-
fogo. Cerca de 1.100 pessoas superou o das vítimas do 11/9.
pliando uma guerra que ma-
morreram no Líbano, sendo
tou mais de 350 civis só nos últi-
30% delas crianças com menos
mos três meses. Sem um governo de 12 anos. No lado israelense,
desde 1991, o país é disputado por
RAHEB HOMAVANDI/REUTERS
2006>>
de Al-Qaeda, de outro. No fim do har, ao sul do Afeganistão. A cida- tos custaram a vida de 3.900 pes-
ano, a Etiópia lança uma ofensiva A volta de quem não foi de é a capital do movimento Tale- soas, segundo dados oficiais. Isto
contra os somális e declara Num ataque suicida contra um ban, que voltou a mostrar-se forte é: quatro vezes mais mortos do
guerra ao país. comboio da OTAN, 21 civis mor- em 2006. Foi o ano mais violento que em 2005.
ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB
100% ESCALACOR 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% COR
80% 85% 90% 95% 98% 100%
%HermesFileInfo:J-9:20061231:
Travessia ‘06/07: Ousadias da Coréia do Norte e delírios do Irã agitam o clube dos com-armas
O centes na Coréia do
Norte e no Irã fize-
ram soar os alarmes
emmuitas partes do
mundo. A Coréia do Norte tes-
tou um míssil de longo alcance
em 5 de julho e uma bomba de
mas e aderiram ao tratado. O
desmantelamento da União So-
viética deixou Bielo-Rússia, Ca-
saquistão e Ucrânia como po-
tências nucleares de facto, mas
os três cederam seu arsenal à
Rússia. Argentina e Brasil, que
quirir com sua capacidade nu-
clear por ofertas de garantias
desegurança,relaçõesdiplomá-
ticas e o fim de seu isolamento.
Assim, uma evolução parecida
coma seguida pelo Vietnã pode-
ria vir. É isto, creio, que tanto
plutônio em 8 de outubro e, ape- estiveraminclinadosa obter ar- EUA quanto os outros cinco en-
sar de nenhum dos dois testes mas nucleares, terminaram volvidos nas negociações deve-
ter sido um sucesso absoluto, a aderindo ao tratado. riam oferecer.
ameaçaqueelesrepresentamfi- E no entanto, conforme che- Atualmente,estáseevitando
cou clara. ga 2007, muitos estão preocu- corretamente o retinir dos sa-
Em 11 de abril, o Irã anunciou pados com as conseqüências bres que poderia fortalecer a
que havia enriquecido uma pe- que podem vir de a Coréia do crença da Coréia do Norte de
quena quantidade de urânio e Norte continuar este seu cami- que a defesa nuclear é necessá-
declarou que agora fazia parte nho armamentista ou de o Irã ria. A pressão econômica está
do“clubenuclear”.Emboraoní- seguir seu exemplo. sendo exercida não pelas san-
vel de enriquecimento tenha si- A maioria dos países não nu- ções ordenadas pela ONU e sim
do baixo e os iranianos tenham cleares que integram o TNP porrecadosclarosde queoregi-
dito que seu objetivo é produzir também está seriamente preo- medeKimJong-ilnãodeveespe-
combustível para usinas de cupada com o fato de os cinco rar nenhuma recompensa se
energia, quem consegue enri- países nucleares não estarem não houver acordo.
quecerurânio a3,5%,comooIrã cumprindosua obrigaçãodene- Quanto ao Irã, ele deve ser
alegaterfeito,tema capacidade gociar o desarmamento. Eles levado a perceber que não está
de enriquecê-lo até os níveis reconhecem que o número de ameaçado e não precisa de ar-
mais altos necessários para armas nucleares caiu de um pi- mas nucleares para garantir a
uma bomba. co de mais de 50.000 durante a sua segurança. Não precisa
Pode-se dizer que China, Guerra Fria para em torno das nem mesmo da capacidade de
França, Rússia, Reino Unido e 27.000 atuais mas criticam os enriquecerurânio.Tudoissose-
EstadosUnidosformaramapri- países nucleares por não terem ria mais fácil se os EUA, em vez
meira onda de Estados com ar- feito mais. derepetiremseguidamente que
masnucleares.QueÍndia,Israel Em princípios do novo milê- todas as opções estão na mesa,
e Paquistão, a segunda. Estare- nio, disse o secretário-geral da mostrassem ao Irã a mesma
mos testemunhando agora uma ONU Kofi Annan, “a comunida- prontidão para oferecer com-
terceira onda que poderá ini- de internacional parece estar OUTRO LADO – Soldados norte-coreanos observam teste nuclear, a 55 Km de Seul, capital da Coréia do Sul promissos contra ataques ou
ciardisseminaçãoaindamaior? caminhando como um sonâm- tentativasdearquitetarmudan-
Creio que isto pode ser evita- bulo” para o rearmamento. bomba de plutônio enquanto evidentemente avançou em len- da demais. ça de regime que mostram para
do.Bastaqueosgovernosseate- Apesar de o Congresso ame- eles próprios se abstêm de rati- to passo de lesma. Seul, a capital da Coréia do a Coréia do Norte.
nhamaoprojetooriginaldoregi- ricano ter se recusado a apro- ficar o Tratado Abrangente de Mas quase todo o mundo Sul, está dentro do alcance da Da mesma maneira, nova-
mede não-proliferaçãoque hoje var uma arma nuclear de pene- Banimento de Testes, conser- acredita que a continuação do artilharia da Coréia do Norte. mente como é o caso da Coréia
está sob pressão. tração profunda, os EUA estão vando assim a sua liberdade de programa pode aumentar as Qualquer ataque por míssil dei- do Norte, uma oferta america-
Nos anos 1960, ministros da em processo de selecionar um testar tais armas. tensões numa região já volátil. xaria armas nucleares, cujo nú- na de normalização das rela-
Defesa de muitos países acha- novo padrão de bomba nu- Alémdanecessidadedereati- Poderia haver efeito dominó – mero e localização não seriam ções poderia ser uma ajuda sig-
vam que as armas nucleares po- clear. Eles também estão gas- var o desarmamento no próxi- embora dificilmente no curto conhecidos no exterior, nas nificativa para persuadir o Irã a
deriam se tornar indispensá- tando bilhões em programas mo ano, também será preciso prazo. Nenhum dos países não mãos de um regime desespera- abandonar o enriquecimento
veis e comuns. Líderes como o militares espaciais enquanto encontrar soluções para os ris- nuclearesdaregiãoestáavança- do. Mesmo simples ameaças de de urânio.
presidente John Kennedy te- rejeitam um pedido quase uni- cosespecíficoseagudosrelacio- do tecnologicamente. ataque ou de esforços para der- No fim, é difícil compreen-
miam a instabilidade que se se- versal de que a questão de ar- nadosàCoréiadoNorteeaoIrã. Provavelmente há um desejo rubar o regime da Coréia do der por que virou condição pa-
guiria num mundo em que deze- mamentosno espaçoseja discu- NocasodaCoréiadoNorte,a quase unânime em todo o mun- Norte provavelmente o torna- ra que as negociações aconte-
nas de países tivessem dedos tida na conferência sobre de- formação de um estoque nu- dodeque,apesardeoenriqueci- riam mais agressivo e, talvez, çam a suspensão, por parte do
em gatilhos nucleares. sarmamento em Genebra. cleare um novo desenvolvimen- mento de urânio não ser vedado mais irresponsável. Irã, do enriquecimento de urâ-
O Tratado de Não-Prolifera- Odesenvolvimento america- to de mísseis país seriam perce- pelo TNP, o Irã suspenda seu Também no caso do Irã, uma nio de baixo nível. Afinal, esta
ção (TNP), de 1968, visava um no de um escudo de mísseis es- bidos como uma ameaça mortal programa de enriquecimento. ação militar ou ameaças disto suspensão é justamente o obje-
mundo sem armas nucleares. tá levando China e Rússia a de- pela Coréia do Sul e pelo Japão. provavelmente seriam fúteis e tivo das conversas para come-
Para isto, os países que não as senvolver meios de penetrar As ações recentes da Coréia do até contraproducentes, fortale- çar. No caso da Coréia do Nor-
tinham foram convidados a não nesse escudo. No Reino Unido, Norte já levaram autoridades POR QUE ALGUNS cendo a posição dos que alegam te,afinal, todas as partes procu-
adquiri-las. Em troca, ganha- o governo está propondo um do governo japonês a afirmar PAÍSES TANTO que o país precisa de armas nu- ram ávidas a negociação mes-
riam acesso à tecnologia nu- programa de armas nucleares quea Constituição doJapão não cleares para se defender. mo, com o país produzindo plu-
clear pacífica. Os cinco que as para suceder ao Trident após exclui o desenvolvimento de ar- QUEREM ARMAS Se a ação militar não é uma tônio para armas a todo vapor.
tinham se comprometeram a 2020. As despesas militares mas nucleares de autodefesa. NUCLEARES? abordagem viável, o que pode O mais importante de tudo
não disseminar o know-how en- mundiais em 2005 foram esti- Mesmo uma ação preventiva ser feito? Uma boa idéia seria talvez seja que todas as partes
quanto negociavam o próprio madas em U$ 1 trilhão, cerca de não poderia ser excluída. perguntar por que alguns paí- percebam que a viabilidade e a
desarmamento. metade disto gastos apenas pe- Se esses desdobramentos Poderáo Irã ser induzido a isso? ses poderiam querer armas nu- urgência da não-proliferação
Nos quase 40 anos desde en- los Estados Unidos. ocorrerem, as tensões na região Depoisdodebacledosameri- cleares e então tentar remover não terminaram por conta do
tão, o número de países nuclea- Quase40 anos depois dacon- poderiam crescer dramatica- canos no Iraque onde eles usa- esses incentivos, sejam eles que aconteceu este ano no Irã e
res aumentou em apenas qua- clusão do TNP e cerca de 15 de- mente. China, Japão, Coréia do rammeiosmilitaresparaerradi- reais ou percebidos. na Coréia do Norte. É justa-
tro. Três – Índia, Israel e Pa- pois do fim da Guerra Fria, é Sul, Taiwan e EUA têm um for- car armas de destruição em Em 2003, a estratégia da mente o oposto: o que aconte-
quistão – jamais assinaram o mais do que hora de os países te interesse comum de evitar massa inexistentes, felizmente UniãoEuropéiacontraaprolife- ceu torna mais urgente, em
tratado. A Coréia do Norte ade- nucleares tratarem seriamen- uma escalada destas e desviar a é grande a resistência a ataques ração de armas de destruição 2007,que nãodesistamos do es-
riu em 1985, mas se retirou em te não só da questão de impedir Coréia do Norte de seu curso militares contra a Coréia do em massa recomendava que “a forço de alcançar o objetivo
2003. Iraque e Líbia, que ha- outros países de obterem ar- presente. Será que isso não po- Norte e o Irã. melhor solução para o proble- que o mundo traçou para si em
viam aderido, violaram o acor- mas nucleares mas também de ser feito? Apesardeseouviremconver- ma da proliferação de armas de 1968.●
do, mas foram trazidos de volta das ameaças representadas Quanto ao Irã, seu programa sas ocasionais nos EUA sobre destruição em massa é que os
a ele pela força ou ameaça de por seus próprios arsenais. É deenriquecimentodeurânioco- ataques para eliminar instala- países não sintam mais a neces- *Hans Blix foi ministro das Rela-
ções Exteriores da Suécia e lide-
força. A África do Sul aderiu um caso flagrante de dois pesos meçou em algum momento dos çõesnuclearesdaCoréiadoNor- sidadede precisardelas.Sepos- rou a comissão da ONU que bus-
depois de ter desmantelado e duas medidas quando China, anos 1980, durante a guerra te, parece improvável que uma sível, soluções políticas deve- cou localizar armas de destrui-
seu próprio arsenal. Sobrou Índia e EUA condenam a Co- cruel travada peloIraque de Sa- opção militar seja bem-sucedi- riam ser encontradas para os ção em massa no Iraque, durante
um único país que deve explica- réia do Norte por testar uma ddam Hussein. Desde então, ele da: ela ésimplesmente arrisca- problemasqueoslevamaprocu- o governo de Saddam
HÉLVIO ROMERO/AE
27/5: 24/10:
Indonésia à prova Recursos finitos
A Indonésia é palco de várias ma- Os recursos naturais são consumi-
nifestações naturais. Primeiro dos pelo homem a uma velocidade
ALIÁS veio um terremoto de 6,3 graus na 25% maior do que a natureza é ca-
paz de repor. O dado é do estudo
escala Richter, que matou mais de
Planeta Vivo 2006, divulgado pela
5 mil pessoas na ilha de Java.
10/8: 30/11:
11/2: 24/5: Debaixo d'água
Tufão na China Chega o novembro mais chuvoso
Soa o alarme na UE A verdade de Al Gore O tufão Saomai, o quinto do ano e dos últimos 28 anos: foram 230,7
6 alertas A Itália confirma a presença do O documentário Uma Verdade o mais forte a atingir a China em milímetros, 63% mais que a mé-
da natureza vírus H5N1, causador da gripe
aviária, depois que 17 cisnes
Inconveniente, dirigido por Davis meio século, passa pela costa su-
deste do país matando pelo me-
dia histórica do mês. Nos dias
seguintes, a chuva paralisou São
Guggenheim, estréia nos EUA e
são achados mortos no sul do nos 450 pessoas, destruindo 36 Paulo. No dia 4 de dezembro, a
traz o ex-vice-presidente Al Gore
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IMAGENS ‘06: Ano em que bombas corroeram o Líbano, prisões se rebelaram em São Paulo, cataratas secaram em Foz do Iguaçu, deputada e ministro dançaram em Brasília, ocraque perdeu a cabeça na Alemanha, o líder barbudo baixou hospital em Havana...
SEBASTIÃO MOREIRA/AE
9/7 – O presidente republicano George W. Bush estende a mão à democrata Nancy Pelosi, depois que seu partido foi
derrotado nas eleições. Ele ficou no vácuo e ela foi eleita líder da Câmara dos Representantes dos EUA uma semana depois
CARLOS BARRIA/REUTERS
Produto: ESTADO - BR_B - 12 - 31/12/06 J12 - BRASIL Cyan Magenta Amarelo Preto
%HermesFileInfo:J-12:20061231:
Travessia ‘06/07: o que nos diferencia de outros mamíferos é a perseverança na busca da auto-eliminação
Conhecido por seu pragmatismo períodos: entre 1994 e 1995, e de eleições parlamenta-
e alto grau de tecnicismo, ele 2001 a maio deste ano. res dos Estados Uni-
alcança a proeza de agradar a re- dos derruba o secre-
publicanos (Bush pai e filho) e a 31/7: tário de Defesa, Do-
democratas (Bill Clinton), além de Fidel Castro nald Rumsfeld. Pres-
ALIÁS
conquistar o governo britânico – o sionado pelo generali-
O líder cubano, de 79 anos,
primeiro cliente de sua nova firma zado descontentamento
é submetido a uma complicada
de consultoria. Seu substituto é com a condução da
operação e passa o governo,
Ben Bernanke. guerra no Iraque, ele
O ANO em caráter provisório, a seu irmão
LARRY DOWNING/REUTERS
renuncia. O escolhido
mais novo, Raúl Castro,
para ser seu substituto
REVISTO 9/4: de 75 anos. Desde que assumiu
é Robert Gates, ex-dire-
LARRY DOWNING /REUTERS
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%HermesFileInfo:J-13:20061231:
Travessia 06/07: Nosso estranho pendor para converter linhas imaginárias em barreiras
“A cometeu um
grave erro
construindo
o Muro de
Berlim e tenho certeza de que
hoje os Estados Unidos come-
tem um grave erro ao construir
Estados Unidos. Mas nada dis-
so interessa a Huntington, que
inventa uma suposta incompa-
tibilidade essencial entre os no-
vosimigrantese a nação,esque-
cendo-se convenientemente
dos atritos mais profundos que
um muro junto à nossa frontei- pontuaram a incorporação dos
ra norte.” O paralelo, que emer- imigrantes do tempo das ferro-
giu numa declaração do presi- vias, da conquista do Oeste e da
dente eleito do México, Felipe arrancada industrial. No ras-
Calderón, é óbvio mas polêmi- tro das teses intelectuais cultu-
co. O Muro de Berlim foi ergui- ralistas, os “patriotas america-
do pela Alemanha Oriental pa- nos” dos Estados do sul organi-
ra impedir que seus cidadãos zam milícias armadas de “vigi-
emigrassem rumo à mais feliz lantes”parapatrulhara frontei-
Alemanha Ocidental. O muro ra mexicana.
ao longo de mais de 1.100 quilô- O material de construção
metrosdafronteira americano- dos muros não é constituído
mexicanaseráerguidopelosEs- por concreto, tijolo ou chapas
tados Unidos para impedir que de aço, mas por identidades es-
cidadãos estrangeiros imigrem senciais fabricadas no imaginá-
ilegalmente para seu território. rio social. O “essencialismo”
Osdefensoresda barreirainsis- não é uma novidade. A produ-
tem na diferença, que não é in- ção de etnias acompanhou a
significante. emergência dos nacionalismos
O ato soberano de uma de- europeus e atingiu seu apogeu
mocracia, aprovado por um às vésperas da Primeira Guer-
parlamento livremente eleito, ra Mundial. Na mesma época,
não é igual ao “ato soberano” as potências imperiais engaja-
de um Estado fundado sobre a ram seus etnógrafos em meti-
negação da soberania popular, culosos trabalhos de invenção
que se engajava na supressão étnica na Ásia e na África. Cria-
do direito desesperado à fuga tividade efalsificação alimenta-
da opressão. Mas um muro é ram-se reciprocamente no em-
sempre um muro: a iniciativa preendimento de rotulagem
de converter a linha invisível das pessoas.
de fronteira numa barreira ma- LIMITES – Apesar de vetos e protestos, americanos começaram a construir, no Arizona, o muro que poderá separar Estados Unidos e México. Osfrutosperigososdasaven-
terial, feita de aço e concreto, turas “essencialistas” estão en-
tem indisfarçáveis ressonân- destinada a castigar a arrogân- pectiva de ingresso da Turquia. enunciadopeloprimeiro-minis- nia e expulsá-los de Israel. O tre nós. Na Iugoslávia, há dez
cias simbólicas. cia dos construtores da Torre Não é um desafio menor para o tro trabalhista Yitzhak Rabin radical imagina o muro como anos, sérvios, croatas e bósnios
Tomemos um terceiro mu- de Babel. A confusão das lín- bloco que, não por acaso, esco- em 1994, um ano depois do céle- instrumento de purificação. muçulmanos concluíram que
ro, aquele que Israel ergue, sob guas e a divisão dos homens nu- lheu Roma como lugar de assi- bre aperto de mãos com Yasser Nos Estados Unidos, sob a não mais podiam viver juntos,
argumentos de segurança, ao ma miríade de povos, espalha- naturado seudocumento de ba- Arafat que selou os acordos de gritaria estridente da seguran- entregaram-se à “limpeza étni-
longo de uma linha que esco- dos pela Terra, aparecem tam- tismo, na forma do tratado de paz de Oslo. ça fronteiriça, ouvem-se tam- ca” e traçaram fronteiras que
lheu unilateralmente, para se- bémnoCorãoeem outrastradi- 1957.Umrelatório oficialrecen- Rabin ergueu a barreira em bém os acordes da melodia são muros de sangue. Quase ao
parar-se fisicamente da Cisjor- ções religiosas. Na história, a te, elaborado pela mesma torno da Faixa de Gaza. Sharon identitária. O regente é Sa- mesmo tempo, em Ruanda, a
dânia.Abarreiraisraelenseins- identificação do “estrangeiro” União Européia, documenta a devolveu Gaza, unilateralmen- muel Huntington, cientista po- convivência entre hutus e tut-
creve-se na lógica da ocupação, representou, em todos os luga- discriminação cotidiana a que te, aos palestinos, e deflagrou a lítico que se celebrizou pelo sis, etnias criadas pelos etnó-
pois invade áreas reconhecida- res,umaetapa crucial naconso- são submetidos os muçulma- obra de separação na Cisjordâ- Choque de civilizações e que grafos belgas, explodiu numa
mente palestinas, e desafia os lidação dos poderes políticos. nos na “Europa cristã”. Entre nia. Os líderes dos partidos ri- publicou, em 2004, Who are orgia genocida. As pessoas
próprios tratados internacio- O “estrangeiro” é uma fabri- as entrevistas publicadasno re- vais foram tangidos por uma in- we? The challenges to America's acreditam em identidades es-
nais que definem os direitos de caçãodopoderpolítico,quepro- latório,constaoseguinte depoi- terpretação comum sobre o fu- National Identity (“Quem so- senciais se essas identidades se
populações sob ocupação. Mas, duz o “Nós” por oposição à ima- mento de uma jovem holande- turo de Israel. As taxas eleva- mos nós? Os desafios à identi- tornam categorias jurídicas re-
mesmo se o traçado do “muro sa: “Uma pergunta que ouvi das de crescimento vegetativo conhecidas pelo Estado.
de segurança” fosse retificado muitas vezes é: ‘Quando você árabe e o virtual esgotamento Muros estão na moda, ape-
de modo a acompanhar as fron- O ESTRANGEIRO É vai voltar?’. Eu respondo: ‘Nas- da imigração judaica para Is- ESSA CONSTRUÇÃO sardessesdesastres.Importan-
teiras reconhecidas de Israel, UMA FABRICAÇÃO DO ci em Roterdã. Para onde eu de- rael combinaram-se para pro- NÃO É FEITA NEM DE doomulticulturalismoamerica-
ele ainda representaria uma veria ir?’. Essa é uma pergunta vocar uma inversão demográfi- no, o governo brasileiro, com
operação identitária. PODER POLÍTICO: ‘NÓS’ muito dolorosa e faz a gente se ca no conjunto Israel/Palesti- TIJOLO, NEM DE AÇO. apoio militante de ONGs bem
A queda do Muro de Berlim EM OPOSIÇÃO A ‘ELES’ sentir estrangeiro, nos faz per- na, onde já se registra uma MAS DE IDENTIDADES financiadas, decidiu promover
foi celebrada como marco de ceber que somos estrangeiros maioria árabe. Na visão da elite a divisão dos cidadãos em duas
uma nova história, de uma era em algum momento.” dirigente israelense, essa ten- raças oficiais, os “brancos” e os
semmuros naqual a humanida- gem do “Eles”. Muçulmanos, Os mísseis empregados pelo dênciademográficadelargadu- dade nacional americana”). O “afrodescendentes”, classifi-
de passaria a compartilhar os cristãos e judeus conviviam em Hezbollah libanês e seus simila- raçãoameaçaa existênciadeIs- novo livro também se organiza cando cada pessoa em docu-
valores da democracia e as delí- al-Andalus, a Espanha medie- resprimitivosusadospor pales- rael como Estado judaico, exi- ao redor da noção de cultura e, mentos escolares, trabalhistas
cias do consumo globalizado. O val sob governo muçulmano, tinos a partir da Faixa de Gaza gindo a adoção da “filosofia da dessa vez, identifica na imigra- e do sistema de saúde. A produ-
Muro de Berlim separava dois não em harmonia ou igualdade, evidenciaram que o “muro de separação”. ção hispânica um ácido corro- ção burocrática de carteiras de
sistemas políticos e econômi- como reclama o mito inventado segurança” israelense não ofe- Separação não implica paz, sivo que ameaça os fundamen- identidade racial sustenta-se
cos e protegia a existência de bem mais tarde, mas sob um re- rece segurança. Nem por isso a como se observa cotidiana- tos “anglo-protestantes” da na- na concessão de “privilégios de
um Estado que não se definia gime de oscilante tolerância. A construção da barreira em tor- mente. Além do mais, ela pró- ção americana. raça”noacesso aosserviçospú-
pela língua ou pela cultura, mas Europamodernafoigestadape- no da Cisjordânia foi interrom- pria é uma meta ilusória. Co- De acordo com a concepção blicos e no mercado de traba-
pela ideologia. A sua constru- losreiscatólicosdeEspanhaen- pida: antes da segurança, trata- mo separar judeus e árabes de melting-pot, os Estados Uni- lho. O novo muro, cujo traçado
ção e a sua demolição assina- tre 1492 e 1502, que impuseram se da identidade. em Jerusalém, a cidade na dos são constituídos por ele- divide os ônibus, as escolas pú-
lam a abertura e o fechamento primeiro a conversão forçada O muro israelense associou- qual vivem lado a lado, nos bair- mentos que se misturam mas blicas e as favelas, celebra uma
de um parêntesis na história aocristianismo eemseguidaex- se ao governo de direita do pri- ros do distrito histórico? O que jamais se fundem, conservan- elite política que se recusa a es-
contemporânea, que se chama pulsaram os muçulmanos e ju- meiro-ministro Ariel Sharon, fazer com os árabes que resi- do sempre suasidentidades ori- tender os direitos de cidadania
GuerraFria.Antesedepoisdes- deus remanescentes. No inte- que tomou a decisão de erguê- dem em Israel e têm cidadania ginais. No passado, o melting- a todos e afoga as esperanças
se parêntesis, a humanidade rior do muro invisível erguido lo em 2002. Mas a obra reflete a israelense, que somam 1,3 mi- pot enfrentou os desafios da in- nacionais na funda piscina do
empregou sua diligência teóri- naqueles anos definiu-se a iden- convergênciahistóricadaspolí- lhão numa população de 7 mi- corporaçãode elementos disso- ressentimento. ●
ca para erguer barreiras entre tidade européia. ticas dos grandes partidos is- lhões? A resposta de Avigdor nantes, como os italianos, os ir-
“Nós” e “Eles”. Há pouco, o primeiro-minis- raelenses.Oconceitodasepara- Lieberman, líder de um parti- landeses e os judeus. Os imi- * Demétrio Magnoli,
Na narrativa do Gênesis, a troturcodesafiouaUniãoEuro- çãofísicaentre Israel e ospales- do extremista que passou a in- grantes mexicanos e, em geral, sociólogo e doutor em geografia
fragmentação da humanidade péia a provar que não é um “clu- tinos (“temos que decidir pela tegrar o gabinete de coalizão os latino-americanos que se es- humana pela USP, é colunista de
foi uma determinação divina, be cristão”, aceitando a pers- separação como filosofia”) foi em 2001, é privá-los da cidada- tabelecem nos Estados Unidos O Estado de S. Paulo
YONATHAN WEITZMAN/REUTERS
Produto: ESTADO - BR_B - 14 - 31/12/06 J14 - BRASIL Cyan Magenta Amarelo Preto
%HermesFileInfo:J-14:20061231:
TRAVESSIA ‘06/07: Um fenômeno político que parecia morto seduz América Latina e ecoa na Europa
RAY STUBBLEBINE/REUTERS
Senhores
populistas,
ao contra-
ataque!
mento das instituições da
Luiz Felipe de União Européia (UE). Paralela-
Alencastro* menteà inclusãodenovosmem-
bros – no primeiro de janeiro,
com a adesão da Bulgária e da
Romênia, a UE passará a con-
tar com 27 países –, ampliaram-
se os poderes dos órgãos euro-
os últimos tempos, peus de gestão coletiva sedia-
N os cientistas políti-
cos observam um
fenômeno curioso.
Praticamentedesa-
parecidadovocabulário univer-
sitário e jornalístico, a palavra
“populismo” –, muito usada nos
dos em Bruxelas. Desde logo,
parte da opinião pública pas-
sou a combater os princípios de
supranacionalidade que nor-
teiam a Comunidade Européia.
Ademais,certospaíses euro-
peus recebem densos fluxos de
anos 1950 e 1960 para analisar a imigrantesafricanoseasiáticos
política latino-americana –, vol- que acentuam o sentimento de
ta com toda força à atualidade. perda da identidade nacional
A ponto de espraiar-se pelo ocidental. Na sua generalidade,
mundo afora, como assinalou os populistas europeus propug- CHÁVEZ NA TERRA DO DIABO – Ao contrário do que alguns sugerem, há grandes diferenças entre o presidente da Venezuela e o do Brasil
um editorialista do jornal Le nam por políticas antiimigrató-
Monde. Além dos líderes latino- rias e antiestrangeiras, assu- populismo agressivo de Hugo Constituinte deixam claro a di- um papel central na ampliação uruguaio Francisco Panizza,
americanos, certos represen- mindoadefesadesetoresnacio- Chávez e o reformismo pragmá- visão entre os “cruceños”, re- da base popular e na política na- professor da London School of
tantes democratas eleitos nas naisminoritários atingidospela ticodeLula,douruguaioTabaré presentantes dos interesses cionalista de Rafael Correa. Economics (Populism and the
últimas eleições americanas concorrência internacional, co- Vásquez,dachilenaMichelleBa- econômicos das zonas em torno O caso de Hugo Chávez tem Mirror of Democracy, Londres,
são chamados de “populistas” mo os pequenos proprietários cheletedoperuanoAlanGarcía. da rica província de Santa sido caracterizado como um Verso, 2005), reúne ensaios de
pelo New York Times. Ao mes- rurais, os comerciantes e os ar- Partindo dos efeitos da glo- Cruz, e os eleitos oriundos das “petropopulismo”, tal a parte vários especialistas internacio-
mo tempo, a imprensa francesa tesãos. Vinculados à conserva- balização sobre a evolução dos zonas mais pobres, e mais favo- que a renda do petróleo tem na nais. Casos como o do ex-gover-
usa o mesmo epíteto para quali- ção de direitos adquiridos e rei- populismos regionais, conside- ráveis a Morales, nos altiplanos consecução do alegado “socia- nador do Alabama George
ficarNicolasSarkozyouSégolè- vindicando, por vezes, frontei- re-se o caso dos três países pro- do oeste do país. Num discurso lismo bolivariano” chavista. Wallace ou como o do partido
ne Royal, os dois principais can- ras calcadas na representação dutoresdepetróleoegás,a Bolí- do início do mês de dezembro, Alémdisso,suareeleiçãoemno- de Nelson Mandela, a ANC,
didatos às eleições presiden- vantajosa de sua cultura, estes via, o Equador e a Venezuela. Morales denunciou o “separa- vembro, juntando-se aos seus são analisados ao lado de capí-
ciais do país. movimentos utilizam uma retó- Na Bolívia, Evo Morales ela- tismo” dos líderes de Santa dois precedentes mandatos tulos sobre Carlos Menem ou
Orestantedaimprensaeuro- rica tradicionalista. borou o mais radical discurso Cruz e das províncias vizinhas. (1998-2000 e 2000-2006), fará sobre a igreja ortodoxa na Gré-
péiaincluinestacategoria os di- Na América Latina o quadro oficial de afirmação identitária Ao mesmo tempo surgem de- com que Chávez complete 14 cia. O sociólogo e historiador
versos movimentos tradiciona- é outro. Líderes como Getúlio expresso na América contem- núncias de que o Chile seria fa- anos seguidos na presidência argentino Ernesto Laclau, que
listaseantiestrangeirosemcur- Vargas (1882-1954), Juan Perón porânea. Propondo-se resgatar vorávelaestasecessão,enquan- da Venezuela, numa conjuntu- analisa neste volume o concei-
so na Holanda, na Bélgica, na a dignidade indígena ultrajada to Hugo Chávez ameaça inter- ra de alta consistente do preço to de hegemonia ideológica em
Aústria, na Itália e na própria pelosespanhóisapartirdosécu- vir para defender Morales e o do petróleo. Tal circunstância Gramsci,é também autor do se-
França. Nos países leste-euro- NO POPULISMO, O lo 16, Morales remonta aos tem- governo de La Paz. Dependen- garante uma grande margem gundo livro importante sobre
peus, o fenômeno se cristaliza LÍDER IGNORA pos pré-colombianos, recuan- do de sua evolução, a crise boli- de manobra nacional e interna- o populismo.
em torno dos irmãos gêmeos do aquém do período das inde- viana pode tornar-se o proble- cional à sua liderança. Cabe no De fato, em On Populism Rea-
Kaczynski, dirigentes da Polô- INSTITUIÇÕES PARA pendências americanas mamais graveda AméricaLati- entantonotar queoLatinobaró- son (Londres, Verso, 2005, tra-
nia,ou do chefe ultranacionalis- FALAR PELO POVO (1776-1824), habitual ponto de na ... e da diplomacia e das For- metro – publicado em dezem- dução argentina: La razón popu-
ta búlgaro Volen Siderov. partida dos discursos populis- ças Armadas brasileiras. bropelaONG chilenaresponsá- lista, Fondo de Cultura Econó-
Note-sequeoadjetivo“popu- tasenacionalistaslatino-ameri- No Equador, a vitória de Ra- vel por este relatório periódico mica, Buenos Aires, 2005), Er-
lista” não se reveste sempre de (1895-1974), Álvaro Obregón canos. Contudo, a afirmação da fael Correa, eleito presidente sobre a política latino-america- nesto Laclau, professor da Uni-
significado pejorativo. Com o (1880-1828)noMéxico,ouVelas- identidade indígena boliviana é em novembro, também repre- na – mostra o Brasil como um versidade de Essex, discute
sentido de “partidário do povo” co Ibarra (1893-1979) no Equa- mais complexa do que parece. sentou uma afirmação de pre- dos países menos sensíveis ao obras clássicas de Gustave Le
– como na língua espanhola –, a dor, marcaram seus países e Malgrado o peso dos sença indígena no cenário políti- populismo chavista. Enquanto Bon, Cesare Lombroso, Gabriel
palavra é assumida por movi- transformaram-se em exem- quéchuas (30% da população) e co latino-americano. Definindo- opresidente venezuelano regis- Tarde e William McDougall pa-
mentosque defendem umacon- plos emblemáticos de políticos dosaimarás(25%),aBolíviacon- se como cristão de esquerda, tra 17% de opiniões favoráveis ra chegar à análise do livro de
cepção radical da democracia. populistas. ta 30 línguas e mais de 40 etnias Correa afirmou ser contrário Freud, Psicologia das Massas e
Ainda no sentido positivo, o jor- Alémdestereferencialhistó- indígenas, as quais não podem aos acordos de livre-comércio Análise do Eu. Laclau trata tam-
nal International Herald Tribu- rico regional, a onda de globali- ser desconsideradas pela políti- com os EUA. No mesmo movi- O SEPARATISMO DA bém do papel do “lumpenprole-
ne, aludindo às arquibancadas zaçãoproduzefeitosdiferencia- ca de “descolonização” defendi- mento,eleanunciouquenãopro- BOLÍVIA PODERÁ SER tariado” na obra de Marx, antes
integradasàarquitetura doIns- dos na América Latina, onde da pelo governo Morales. De fa- longará, em 2009, o tratado de de se debruçar sobre exemplos
titute of Contemporary Art, re- nãoháfortesinstituiçõessupra- to, antes reservado aos países 1999 que vem permitindo aos PROBLEMA PARA O históricos de populismo nos
cém-inaugurado em Boston, fa- nacionais, como acontece na novamente independentes da EUA a conservação de uma ba- EXÉRCITO DO BRASIL EUA, no Canadá, na Argentina
lada“missãopopulista”atribuí- UE. Assim, diferentemente da África e da Ásia, o conceito foi se militar no solo equatoriano, e na Turquia.
da ao museu. Europa ou dos Estados Unidos, utilizado pelo ministro de Edu- emManta,ponta-de-lançadalu- Écerto,portanto,queopopu-
Restaque,novocabuláriopo- a imigração extracontinental é cação, Félix Patzi. Sem dar ta contra o narcotráfico no Pací- em nosso país, na Argentina es- lismo é um fenômeno mundial.
lítico contemporâneo, a pala- bastante limitada nesta parte mais detalhes, o ministro afir- fico e de operações contra as ta taxa sobe para 38%. O fato de Mas o fato de que dois dos maio-
vrapopulismoguarda um signi- do mundo. Da mesma forma, mouque seuprograma consiste Farc na Colômbia. Retomando que a Venezuela venha com- res especialistas no assunto se-
ficado bastante preciso. Trata- certos países latino-america- em levar a cabo “a descoloniza- outrotemadaplataformanacio- prando, desde 2005, títulos da jam autores que sofreram os
se da prática política em que o nos, possuindo grandes reser- ção da Educação na Bolívia”. A nalistaregional,Correacomuni- dívida argentina, ajuda a expli- efeitos perversos do populismo
líder, pretendendo representar vas de hidrocarbonetos, tiram inverossimilhança desta políti- cou que poderá decretar uma car a popularidade de Hugo sul-americano também tem a
o povo contra as elites, arreba- bom proveito da alta de preços ca obriga o governo Morales a “moratória unilateral” da dívida Chávez no Rio de La Plata. sua importância. ●
ta para si próprio – em detri- induzida pela globalização. avançarnumterrenomaissegu- externadeseupaís,apóssuapos- Duas obras recentes, publi-
mento das instituições repre- Reagindo às generalizações roparareforçarsuapopularida- se em 15 de janeiro de 2007. cadas por cientistas políticos *Luiz Felipe de Alencastro é
sentativas – a legitimidade po- de uma parte da imprensa euro- de: a reestatização das jazidas e Em todo caso, a recente de- que desfrutam de grande auto- professor titular de História do
pular e a encarnação da identi- péiasobreasituaçãopolíticalati- da produção de gás e petróleo manda de reintegração do ridade nos estudos sobre popu- Brasil da Universidade de Paris
dade nacional. no-americana,umeditorialde O anteriormentecedidasaempre- Equador à Opep, da qual o país lismo, foram lançadas em Lon- Sorbonne, autor de O Trato dos
Na Europa, o fator predomi- Estado de S. Paulo ("As tolices sas estrangeiras. No entanto, o havia saído em 1992, demonstra dres. Ambos os livros mostram Viventes (Companhia das Letras,
nante nos movimentos populis- do raciocínio em bloco", discurso nacionalista não ga- que, ao lado do antiamericanis- adimensãomaisampladestefe- 2000) e editor do blog
tastemsidoareaçãoàglobaliza- 06.12.2006), demarcou oportu- rantea adesão ao novo governo. mo,agestão dabonança petrolí- nômeno político. http://sequenciasparisienses.
ção representada pelo adensa- namente as diferenças entre o Debates na nova Assembléia fera terá, como na Venezuela, O primeiro, organizado pelo blogspot.com
JORGE SILVA/REUTERS
ALIÁS 15/1:
Colômbia – 7,3 milhões ou 62,2%
dos votos válidos.
gua. Derrota o direitista Eduardo
Montealegre, candidato preferido
por Washington.
Produto: ESTADO - BR_B - 15 - 31/12/06 J15 - BRASIL Cyan Magenta Amarelo Preto
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TRAVESSIA ‘06/07: Razões para acreditar (ou não) em uma absolvição histórica
O legado de Fidel
WENDELL HOFFMAN/REPRODUÇÃO CBS
tro idoso sobrevivente do Gran-
Anthony ma, que nem sempre concorda
DePalma* com Raúl. E há os linhas-duras
ideológicos, aqueles como o
chanceler Felipe Pérez Roque,
conhecidos como os talibanes,
que provavelmente ficarão no
caminhodeaberturaseconômi-
erá que Fidel vai ser cas e democráticas.
Produto: ESTADO - BR_B - 16 - 31/12/06 J16 - BRASIL Cyan Magenta Amarelo Preto
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Travessia ‘06/07: Lipos, botox, dietas... para qual divindade oferecemos tantos sacrifícios?
PHILIPPE WOJAZER/REUTERS
19/8: pela ONG Davida, que defende como 3/12:
o reconhecimento da prostituição Mulher
A invasão emo Grande e Espartilhos – que tal?
como atividade profissional,
A platéia presente ao show da a grife já negocia a venda de Bonita) O Fantástico exibe reportagem
banda norte-americana Yellow- roupas com a Galeria Lafayette. entra na sobre um hábito do século 19 que
card em São Paulo é composta está de volta: o uso de espartilhos.
ALIÁS
Na mesma toada, vem aí a passarela
por uma nova onda de adoles- Dasprê, formada por presidiárias vestindo Se comprimir os ossos por horas
centes: os emos. Eles são sensí- de São Paulo. cinta-liga. não bastar, as mulheres apelam
veis e curtem rock com letras para algo que é ainda mais drásti-
2006>>
nome da famo- modelo da cate- xia nervosa, distúrbio incentivado valor supera em seis vezes as
sa grife, a marca goria BBW (Big em páginas na internet criadas, expectativas dos organizado-
Daspu chega à Beautiful Wo- geralmente, por adolescentes res do leilão, realizado pela
França. Criada man, algo que sonham ser magérrimas. prestigiosa Christie's.
VIDAL CAVALCANTE/AE
ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB
100% ESCALACOR 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% COR
80% 85% 90% 95% 98% 100%
Produto: ESTADO - BR_B - 17 - 31/12/06 J17 - BRASIL Cyan Magenta Amarelo Preto
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Travessia ‘06/07: Inovar sob o risco de sumir ou repetir com o intuito de permanecer? Desafio para nossos compositores
J.F.DIORIO/AE
Milton Hatoum do da audiência no Festival de Ci- Av. 23 de Maio, em São Paulo. de todo o mundo. Com 50 anos
O escritor amazonense recebe por nema do Rio. Ainda em 2006, começa a de carreira e lotação esgotada
Cinzas do Norte o Prêmio Jabuti criar uma escultura em ferro em todo concerto que faz, Nel-
na categoria Livro do Ano – Ficção para a entrada do Aeroporto son Freire grava os dois concer-
José Mindlin tos para piano de Brahms,
e o primeiro prêmio da 4ª edição de Cumbica e, pela primeira
Em março, lança Destaques da
2006>>
movente filme O Brasil – do Monumento à Imigração volte aos palcos. Ele abre a tur-
Ano em que País. Em junho, Japonesa, quatro ondas nê em São Paulo e prossegue
Meus Pais Saíram de concreto instaladas no Rio. Casas lotadas, sempre.
de Férias é o preferi- Mindlin torna-se no canteiro central da ANTONIO MILENA/AE
De novos e velhos fãs.
ALEX SILVA/AE
ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB
100% ESCALACOR 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% COR
80% 85% 90% 95% 98% 100%
Produto: ESTADO - BR_B - 18 - 31/12/06 J18 - BRASIL Cyan Magenta Amarelo Preto
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Nuno
Ramos*
um de seus contos
KEINY ANDRADE/AE
30/4: 10/9: 5/11:
DIVULGAÇÃO
Produto: ESTADO - BR_B - 19 - 31/12/06 J19 - BRASIL Cyan Magenta Amarelo Preto
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AP
● ● ● SADDAM HUSSEIN (30/12,
- Dos músicos mais influentes na 95 anos) - Era conhecido como ●●●PHILIPPE NOIRET (23/11, ●●●JOHN GALBRAITH (29/4,
arte da sanfona, viveu 16 anos fo- opai donovoCódigoCivil Brasilei- aos 76 anos) - Tendo feito mais aos 97 anos) - Professor emérito
ra, foi arranjador da cantora sul- ro. Seu trabalho, Fundamentos ●●●BRAGUINHA (24/12, aos 99 anos) - Carinhoso é seu sucesso an- de 150 filmes, este francês como- de Harvard, foi crítico contumaz
africana Miriam Makeba e parcei- doDireito (1940), lançou as bases tológico, mas também assinou histórias infantis lançadas em LPs colo- veu o mundo em papéis como o da sociedade de consumo ameri-
ro de brasileiros de renome, entre de sua Teoria Tridimensional do ridos. Num tempo em que se esperavam com ansiedade as marchi- Pablo Neruda de O Carteiro e o cana e do conformismo. Defen-
eles Chico Buarque, com quem Direito, que se tornaria mundial- nhas de Carnaval, compôs As Pastorinhas e Yes, Nós Temos Banana. Poeta e o projecionista Alfredo, deu jornada de trabalho semanal
compôs João e Maria. mente conhecida. Produziu espetáculos, dirigiu filmes, dublou... Um homem multimídia. de Cinema Paradiso. inferior a 40 horas.
ARIOVALDO VICENTINI/AE ARQUIVO AE JJ. LEISTER/AE REPRODUÇÃO THE NEW YORK TIMES
● ● ● D. LUCIANO MENDES DE AL- ●●●RAUL CORTEZ (18/7, aos 73 JECE VALADÃO (27/11, aos
●●●
MEIDA (27/8, aos 75 anos)- Ar- anos) - Desempenhava qualquer 76 anos) - Ator marcado pelos
cebispo de Mariana (MG), ocu- ●●● GIANFRANCESCO GUARNIERI (6/8, aos 71 tipo: de barões do Império a italia- papéis de machão desde que tra- GERALD FORD (26/11, aos 93 anos) - Presiden-
●● ●
pou a presidência da CNBB em anos) - Ele sempre foi um militante. Como estudan- nos grosseiros, de don Juan ao rei balhou no clássico Os Cafajestes, te acidental dos EUA que sucedeu Nixon, era um tra-
1987. Destacou-se na defesa dos te, nos anos 50, depois no teatro, com peças como Lear. Em quase 50 anos de carrei- de Ruy Guerra, Valadão fez mais palhão: batia a cabeça na saída do helicóptero, enro-
direitos humanos, ainda na dita- Eles Não Usam Black-Tie, de 1962, tendo a greve dos ra, fez 66 peças, 28 filmes, 20 no- de 100 filmes. Nos últimos dez lava-sena correiado cão da família...Mas,sacrifican-
dura, e dedicou-se à Pastoral do metalúrgicos como pano de fundo. Entre seus mais velas, 6 minisséries. Venceu cin- anos se voltou para a religião e do a popularidade, anistiou Nixon e os jovens que
Menor até cair doente com um de 20 textos estão Arena Conta Zumbi e Arena Conta co vezes o Molière, maior prêmio chegouaatuarcomopastordaAs- fugiram do alistamento. Com a retirada das últimas
câncer no fígado. Tiradentes, com Augusto Boal. do teatro brasileiro. sembléia de Deus. tropas do Vietnã, cicatrizou um país dividido.
ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB
100% ESCALACOR 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% COR
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Produto: ESTADO - BR_B - 20 - 31/12/06 J20 - BRASIL Cyan Magenta Amarelo Preto
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21/12:
2007, as empresas de telefonia Blade Runner
devem começar a sentir.
No Japão, onde a população
frente, parte de sua audiência ultrapassada. A inovação do diminui a cada ano e as famí-
16/6: jovem começará a tomar o ru- ano são as mensagens de pu- lias se desmontam, uma
TV ameaçada mo da internet. blicidade em que o texto apare- mão artificial que ajuda incapa-
O YouTube chega a 100 mi- ce em imagens, o que dificulta citados a comer e uma foca de
6 inovações lhões de clipes vistos diaria-
mente. É um passo decisivo 31/10: o serviço dos programas de
combate ao spam. Com a tec-
pelúcia que responde a gestos
de carinho são os vencedores
para a grande rede: primeiro E-mail inútil nologia atual, será difícil que do Primeiro Prêmio Governa-
2006>> foram os jornais, depois as gra- Outubro é o mês que mais te- esse pesadelo desapareça nos mental de Robô do Ano. O país
REPRODUÇÃO
vadoras. Neste ano, chegou a ve spam circulando pela inter- próximos anos. Em 2006, os é o que mais investe no aper-
vez de a TV perceber que está net – a marca de 90% entre vírus foram o vilão número 2 feiçoamento da robótica em
ameaçada e que, daqui para a todos os e-mails enviados é da rede. todo o mundo.
ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB
100% ESCALACOR 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% COR
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SEGUNDO MANDATO
2003
1.º de janeiro 23 de janeiro 30 de janeiro 17 de fevereiro 11 de abril Maio
Lula toma posse como o 36.º É lançado o programa Fome Zero, Lula propõe ao Congresso Presidente lança reforma do PT dá início a processo
presidente e recomenda aos 34 que começa mais tarde em cinco reformas estruturais: Judiciário dizendo que é preciso para expulsar Heloísa
ministros austeridade absoluta Guaribas, no Piauí Previdenciária, Tributária, saber como funciona a caixa preta Helena, Luciana Genro,
Política Agrária, Trabalhista, desse Poder que se considera João Fontes e Babá
e do Sistema Financeiro. Só intocável. É criticado por criar uma
as duas primeiras avançaram Secretaria da Reforma do Judiciário
2004
o sonho errado
INFOGRÁFICO/AE
Expedito Filho base do governo e, desde junho submeter-se a uma cirurgia de se, estará em Passa Quatro turno –, a imagem ética de seu nildo dos Santos Costa, o Nildo,
BRASÍLA
de 2005, desempregou cerca revascularização do miocár- (MG), sua cidade natal, e de- partido desmoronou. “Não é que sustentou suas afirmações
de60diretores e altos funcioná- dio, por meio da colocação de pois viaja para Portugal. Já que o sonho acabou. Eu é que sobre oministro AntonioPaloc-
José Dirceu, ex-ministro da Ca- rios do governo e das estatais. pontes de safena, o ex-marque- Gushiken diz que vai acompa- sonhei o sonho errado”, resu- ci e sua ligação com auxiliares
sa Civil, Luiz Gushiken, ex-se- O critério não valeu, porém, teiro petista emociona-se com nhar a posse de Lula de seu sí- miu o deputado Fernando Ga- darepúblicadeRibeirão.Adan-
cretáriode Comunicação de go- para outros que, mesmo envol- facilidade. Ele chegou até a mu- tio em Indaiatuba, no interior beira (PV-RJ), ao deixar o PT, ça da pizza da deputada petista
verno, e o publicitário Duda vidosemescândalos, foramelei- dar alguns hábitos: trocou as paulista. quando o partido expulsou a se- Angela Guadagnin (não reelei-
Mendonça não foram convida- tos em outubro. É o caso de An- rinhas de galo de briga pelas nadora Heloísa Helena, hoje no ta) resumiu o clima de absolvi-
dos para a posse do presidente tonio Palocci, ex-ministro da vaquejadas e, sem poder movi- PIZZA PSOL, e outros três parlamen- ção com que a Câmara reagiu
Luiz Inácio Lula da Silva, ama- Fazenda que foi indiciado por mentar livremente suas contas A situação dos três – outrora tares, no fim de 2003. às acusações contra os deputa-
nhã. O convite, cogitado pelo vários crimes. Ele foi convida- bancárias, costuma viajar de ji- poderosas figuras do Planalto – Do caso Waldomiro, no iní- dos. E Lula, ao final, reelegeu-
Palácio do Planalto, acabou ve- do, mas ainda não disse se vai. pe pelo interior do Pará e da expõe uma das marcas do pri- cio de 2004, ao mensalão, que se folgadamente, enquanto a
tado por assessores do presi- JoãoPaulo Cunha, ex-presiden- Bahia. meiromandatodeLula: umase- se arrastou no último ano e oposição perguntava “de onde
dente. Concluiu-se que a pre- tedaCâmaraenvolvidono men- À sombra do poder, o ex-mi- qüência de denúncias que co- meio, mais investigações da Po- vem o dinheiro” com que os pe-
sença dos três causaria cons- salão, e José Genoino, que per- nistro José Dirceu não tira o pé meçou em fevereiro de 2004, líciaFederal e do MinistérioPú- tistas pretendiam comprar um
trangimentos. deu a presidência do PT por da vida política: tem feito críti- com o caso Waldomiro Diniz, e blico, principalmente com as dossiê contra os candidatos tu-
Dirceu, Gushiken e Duda es- causadoescândalo, também es- cas veladas à ministra Dilma fechou a campanha presiden- CPIs dos Bingos, dos Sangues- canos. ●
tão entre os 40 denunciados pe- tãonalista. “Deputado eleito es- Rousseff, sua substituta, e de- cial, em outubro passado, com sugas e o dossiê Vedoin, cente- COLABOROU GABRIEL MANZANO FILHO
loMinistério Público no caso do tá automaticamente convida- fendidosempremais espaçopa- a montanha de dinheiro do dos- nas de figuras desconhecidas
mensalão e não convém que do. Os que não têm mandato e ra o PT no poder. É dele a con- siêVedoin.Na contramãode se- invadiram o cenário político.
apareçam na foto com o presi- têm problemas, não”, informou cepção dacandidatura do depu- guidas vitórias pessoais do pre- Um deles, o empresário mi- DORA KRAMER
dente no dia da festa. O mensa- um assessor. tado Arlindo Chinaglia (PT- sidente– na economia,na políti- neiro Marcos Valério, interme-
lão,um dosescândalosque mar- Barrado nobaile, Duda Men- SP) para a presidência da Câ- ca exterior, nos programas so- diário entre partidos, estatais e A colunista volta a escrever
caram os quatro anos da gestão donça vai estar em sua fazenda mara,em oposição a Aldo Rebe- ciais e, por fim, nos cerca de 58 empresas no esquema do men- na próxima terça-feira, dia 2
petista, abalou o PT, esvaziou a no Pará no dia da posse. Após lo (PC do B-SP). No dia da pos- milhões de votos no segundo salão. Outro, o caseiro France- de janeiro.●