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Política Poderes
Executivo | Judiciário | Legislativo | Moderador
Etimologia
Conquanto trazem os dicionários a origem do vocábulo como derivado do antigo
termo verea - que significaria "administrar" - alguns autores apontam sua origem
para uma significação diversa: seria, sim, a contração de "verificador".
Origens
Em Portugal, desde suas origens, a presença do poder real era marcado pela
instalação, em cada unidade municipal com administração própria (vilas e
cidades), dos pilouros (ou pelourinho - símbolo geralmente gravado em pedra com
as armas da Coroa, em volta do qual se procedia a reunião dos moradores para a
votação, em sacos chamados pelouros) e da instalação de um "Conselho",
formado por cidadãos ou vilões dentre aqueles mais abastados e de melhor
reputação.
Com a incrementação da política colonialista, e o desenvolvimento crescente de
algumas povoações, necessitando com isto de administração local diversa da dos
agentes diretos da Coroa - procedeu-se também nas colônias a instituição de vilas
e cidades - dotando-as, portanto, de um Conselho de Vereadores.
Por este tempo, foram previstas desde as Ordenações Manuelinas e, mantidas
pelas Filipinas, mais centralizadoras, exerceram maior ou menor importância em
diversos momentos históricos.
De acordo com as Ordenações Manuelinas, as Câmaras ou Conselhos tinham
poderes, além dos ordinariamente atribuídos (limitado poder legistativo e
parlamentar), também funções judiciárias - o que foi praticamente extinto, com as
Filipinas. Permanecia, por exemplo, o papel de baixar as chamadas posturas (leis
disciplinando a vida na urbe. Um bom exemplo dessa postura era a adotada em
muitas vilas, proibindo a entrada de ciganos), taxas sobre o trabalho de artesãos.
Foram, segundo alguns, os verdadeiros representantes dos poderes da Coroa nas
colônias - o único ente administrativo verdadeiramente presente em todas as vilas.
Vereança no Brasil
Histórico
As câmaras constituíram o primeiro núcleo de exercício político, no Brasil Colônia.
Eram poucas as vilas e cidades, até a vinda da Família Real, em 1808. Além dos
Vereadores, escolhidos dentre os portugueses radicados na colônia, estas
instituições já possuíam um Procurador e oficiais. Era presidida por um ou dois
juízes ordinários (também chamados de dentro, por serem moradores do lugar).
As câmaras e seus edis foram, por diversas vezes, elementos de vital importância
para a manutenção do poder de Portugal na Colônia, organizando a resistência às
diversas invasões feitas por ingleses, franceses e holandeses.
Também, com o surgimento do sentimento nativista, já no século XVII, foram focos
de diversas revoltas e distúrbios. O direito de uma freguesia ou povoado tornar-se
vila era comprado à Coroa - algo feito pelos próprios moradores interessados.
Dentre estes era escolhida a formação da primeira legislatura.
Quando da Independência do Brasil, em 1822, as Câmaras Municipais aderiram
ao novo Imperador. O mesmo ocorreu na Bahia, que permanecia sob o jugo
português e, a partir da resistência dos edis das Câmaras foi que o povo
organizou-se para a luta - em todo o Estado os Conselhos reuniram-se e
manifestaram-se súditos de Pedro I.
Ao longo do tempo sua denominação manteve-se, apesar de algumas vezes a
câmara ter passado a chamar-se senado municipal.
A figura do vereador hoje
Sendo o município um dos entes integrantes da Federação Brasileira, conforme
define a Constituição de 1988, delegou a Carta Magna maiores poderes a este. Os
artigos 29 a 31 prescrevem, para os vereadores, dentre outros:
• Mandato de quatro anos, por voto direto e simultâneo em todo o país;
• Elaboração da Lei Orgânica do Município;
• Número de integrantes nas câmaras proporcional à população do município
(variando de 9 a 55);
• Fiscalização e julgamento das contas do Executivo;
• Inviolabilidade por suas opiniões, palavras e votos - no exercício do mandato e na
circunscrição do município;
• Legislar sobre assuntos de interesse local.
Para concorrer ao mandato de vereador a idade legal mínima é de dezoito anos.
A crise do número de vereadores
No ano de 2004 o pequeno município paulista de Mira Estrela foi alvo de uma
decisão do Supremo Tribunal Federal, determinando a diminuição do número de
vereadores daquela localidade. Esta decisão foi estendida para todos os demais
municípios e Capitais - fixando-se a delimitação em critérios proporcionais.
Houve grande reação por parte dos parlamentares afetados, e o Congresso
ensaiou a aprovação de Emenda Constitucional a fim de reverter esta decisão -
que já naquele mesmo ano influiria nas eleições municipais em todo o país - sem
sucesso: O Brasil experimentou a redução de cerca de quatro mil edis.
A medida, tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral, visaria a redução dos gastos
com o Legislativo nos municípios - razão primacial da ação de Mira Estrela.
Entretanto, a lei que determina o percentual de repasse para as Câmaras
permaneceu inalterada. A rigor, nem um centavo foi economizado.
Portugal
No sistema político português, estruturalmente centralizador, o vereador não tem a
função legislativa que se verifica noutras partes. O diploma legal que disciplina seu
papel na administração dos municípios, é a Lei nº169/99 de 18.09.
Ali, em seus artigos 56º e seguintes, vemos que:
• "A câmara municipal é constituída por um presidente e por vereadores, um dos
quais designado vice-presidente e é o órgão executivo colegial do município, eleito
pelos cidadãos eleitores recenseados na sua área." (art. 56º, 1)
• "Para além do presidente, a câmara municipal é composta por:
a) Dezasseis vereadores em Lisboa;
b) Doze vereadores no Porto;
c) Dez vereadores nos municípios com cem mil ou mais eleitores;
d) Oito vereadores nos municípios com mais de 50 mil e menos de cem mil
eleitores;
e) Seis vereadores nos municípios com mais de 10 mil e até 50 mil eleitores;
f) Quatro vereadores nos municípios com 10 mil ou menos eleitores" (art. 57º, 2).
O Presidente da Câmara, que será o primeiro da lista que obtiver a maior votação,
é auxiliado pelos Vereadores nas atribuições que vão desde a elaboração e
cumprimento do orçamento municipal, à venda de bens e gerenciamento dos
funcionários do município. É, ainda, ele quem representa o município. De observar
que, normalmente, só são atribuído Pelouros (ou seja a responsabilidade por um
departamento da administração municipal) aos Vereadores da lista vencedora,
ficando os restantes (Vereadores da oposição) sem responsabilidades diretas
executivas.
Neste trabalho, a Câmara é auxiliada por um Conselho, escolhido dentre as
entidades existentes no município, que funciona através de vogais e serve como
ente consultivo.
O orgão legislativo municipal é a Assembleia municipal, composta por Deputados
Municipais eleitos diretamente e pelos Presidentes das Juntas de Freguesia do
município (Deputados Municipais por inerência).
Países de língua inglesa
A instituição, em boa parte dos países de influência bretã, é mantida como
representante de uma assembléia municipal. O vereador - comumente chamado
de alderman (cuja etimologia vem, literalmente, de "homem mais velho") - também
é o membro do Conselho Municipal, nos países da Comunidade Britânica, como
Canadá, Austrália e Reino Unido - chamado de councillor, nestes casos.
Países de língua espanhola
Nestes países existe a figura do concejal ou edil (concelleiro na Galiza), cujas
funções podem envolver desde o poder legislativo ao de mero conselheiro
municipal.
• Curiosidade:
Na Comunidade Valenciana (Espanha), o município de Tavernes Blanques' tem
como "presidente da Câmara" a santa padroeira - Nossa Senhora dos
Desamparados de Carraixet, cuja imagem agora ostenta o bastão de mando.
Vereadores no mundo
Itália
Na Itália o equivalente ao vereador é o consigliere, que atua a nível comunal. Na
maioria dos casos os representantes dos conselhos municipais ou comunitários
não recebem remuneração pelo exercício da função - salvo ressarcimento por
eventuais despesas e diárias.
Moçambique
Em Moçambique, o Conselho Municipal é constituído pelo Presidente, eleito pelos
munícipes e por vereadores escolhidos por aquele, cada um gerindo o seu
pelouro. O poder legislativo ao nível do município é exercido pela Assembleia
Municipal.
Curiosidades
• A primeira eleição para vereador, no Brasil, ocorreu em 1532, na vila de São
Vicente.
• Em toda a história do país, as casas legislativas somente deixaram de existir em dois
momentos, ambos com Getúlio Vargas: de 1930, com o golpe, até 1934, quando foi
promulgada a nova Constituição; e de 1937 quando foi instituído o Estado Novo,
até 1946, quando voltou o regime democrático.
• Até meados dos anos 60 do século XX a função não era remunerada, no Brasil.
• A Lei Federal 7.212/84 instituiu o dia 1 de outubro como o "dia do vereador" em
todo o território nacional.
• Pero Vaz de Caminha, escrivão famoso por sua carta ser o único documento a
registrar a chegada da armada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, foi "vereador" na
cidade do Porto, encarregado de redigir os Capítulos da Câmara Municipal a ser
enviados às Cortes.
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Vereador"
Categoria: Parlamento