Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Origem da crise
global’ (Edições FACAMP, 2009)
Não poucas vezes têm sido ressaltadas, para explicar o atual predomínio da
economia americana, as vantagens tecnológicas de seu sistema manufatureiro vis-à-
vis o complexo industrial europeu. Com o mesmo propósito alguns autores apontam
para a natureza continental do espaço econômico americano. Mais recentemente (ver
Strategy and Structure de Chandler e Hymer), a ênfase tem sido colocada na
morfologia multidivisional da corporação norte-americana. Cremos, no entanto, que
Hobson, da mesma maneira que Hilferding, acentuou corretamente o papel do capital
financeiro para explicar o surgimento da grande empresa americana e o caráter de sua
hegemonia futura.
Desta forma, as taxas de juros internas passam a ser uma espécie de preço
sombra das taxas do mercado internacional, fixadas pelos principais eurobancos,
deixando de refletir as condições de crédito interno. Os circuitos privados de crédito
interno, por sua vez, passam a refletir, de forma perversa, as condições de liquidez
internacional, operando sob a dupla pressão dos movimentos antagônicos do circuito
intrabancário privado e das tentativas de estabilização das autoridades monetárias.
Para os países fortemente devedores, como é o caso dos Estados Unidos e da maioria
dos países latino-americanos, não é possível evitar a primazia da função meramente
especulativa do movimento do capital financeiro, o que agrava a conjuntura de crise e
de retração de taxa real de acumulação.
[3] “Cada forma funcional, ainda que nela se expresse constantemente uma parte
distinta do capital, percorre assim, simultaneamente com as outras, seu próprio ciclo.
Uma parte do capital, que muda constantemente, que constantemente se reproduz,
existe como capital-mercadorias que se converte em dinheiro; outra parte, como
capital-dinheiro que se converte em capital produtivo; outra, como capital produtivo
que se converte em capital-mercadorias. A existência constante de todas estas três
formas se acha condicionada precisamente pelo ciclo do capital total, passando por
estas três fases.” Marx, K., El Capital, vol. II, p. 93.
[4] “É a unidade dos três ciclos (…) que realiza a continuidade do processo total. O
capital global da sociedade possui sempre esta continuidade, e seu processo
representa sempre a unidade dos três ciclos.” Marx, K., El Capital, vol. II, p. 94.
[6] Hobson, J. A., The Evolution of Modern Capitalism, pp. 236/237, Allen and Unwin,
Londres, 1965.
[7] Gostaríamos de chamar a atenção para o tratamento que Keynes, na Teoria Geral,
dá ao problema das mudanças profundas ocorridas no capitalismo moderno,
particularmente nos elementos que influenciam a decisão de investir. Assim, no
capítulo 12 de sua obra maior, Keynes argumenta que “as decisões de investir do
velho tipo eram, em grande medida, irrevogáveis, não só para a comunidade em
conjunto, como também para os indivíduos. Com a separação entre a propriedade e a
direção que ocorre hoje e com o desenvolvimento dos mercados de investimento
organizados, entrou em jogo um fator novo de grande importância que às vezes facilita
o investimento, mas também contribui para aumentar muito a instabilidade do
sistema. Quando estão ausentes os mercados de valores, não há sentido em tentar
reavaliar com freqüência um investimento com o qual estamos comprometidos. Mas a
bolsa reavalia muitos investimentos todos os dias e estas reavaliações dão freqüentes
oportunidades aos indivíduos (ainda que não à comunidade em seu conjunto) para
revisar seus compromissos (…). [As] reavaliações diárias das bolsas de valores, ainda
que sejam feitas com o objetivo principal de facilitar a transferência entre os
indivíduos de investimentos passados, exercem inevitavelmente influência decisiva
sobre a taxa de investimentos correntes; porque não tem sentido criar uma nova
empresa incorrendo em um gasto maior que aquele com que se pode comprar outra
igual já existente (…). Por isso certos investimentos estão regulados pela média das
expectativas daqueles que negociam na bolsa de valores, tal como se manifesta no
preço das ações, muito mais que pelas expectativas genuínas do empresário
profissional”. (Keynes, Teoria General de la Ocupación, el Interés y el Dinero, FCE,
México, 1971.)