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Etnopedagogia

Uma Etnopedagogia para a Etnomatemática


Valdemar Vello
Professor especialista: Universidade Anhembi Morumbi - Produção Editorial;
Centro Universitário Moura Lacerda - Educação Matemática.
Editor de matemática da Editora IBEP-Nacional
Editor e autor de livros didáticos de Matemática, Desenho e Artes: Editoras Ática e Scipione, 1974-2005.

APRESENTADO NO 1o. CONGRESSO BRASILEIRO DE ETNOMATEMÁTICA

CBEm1
Universidade de São Paulo - Faculdade de Educação - Novembro de 2000

Referências etnoantropológicas

Este trabalho, não vinculado a qualquer pesquisa acadêmica, reforça à necessidade da concepção
de uma Etnopedagogia. Com ela pretende-se contextualizar a Etnomatemática no campo mais
abrangente da Antropologia Cultural e, em especial, da Antropologia da Educação.

Nessa proposta, buscam-se os referenciais etnoantropológicos para as ciências pedagógicas,


cujos fundamentos, centrados em princípios pluriculturais e multiétnicos, sejam co-geradores da
própria Etnomatemática e de todas as etno-x em processo de desenvolvimento: etnodesign,
etnoastronomia, etnolinguagem, etnopoesia, etnofotografia, etnodança, etnomúsica, etnoteatro,
etnopolítica…

Evidentemente, esta é uma tarefa que exige o esforço de uma comunidade pluriprofissional,
congregando antropólogos, sociólogos, pedagogos, matemáticos, engenheiros, artistas plásticos,
agricultores, políticos, pescadores, representantes de grupos étnicos, ..., pais e educandos.

Citamos apenas alguns tópicos de interesse para estudo:

As vivências etnopedagógicas;
Os etnométodos educacionais;
A etnomodelagem na prática educacional;
As instituições e grupos com perfis etnopedagógicos;
Os caminhos-referência para os projetos etnopedagógicos: os PCN;
Os parâmetros etnocurriculares para a realidade pluricultural brasileira.

As vivências etnopedagógicas nos processos de


aprendizagem

Estas propostas baseiam-se na organização de espaços de vivência, presencial e virtual,


promovendo encontros estimulantes onde as indagações, experimentações e descobertas se
manifestem por meio de produções individuais e coletivas.

Busca-se, sobretudo, a formação de centros de documentação gerados pelas criações


etnográficas dos participantes: livros de vivência, fichários, dossiês, projetos experimentais...

Estas produções são disseminadas nos meios de comunicação coletivos: murais, jornais,
exposições, performances, fóruns, chats, newsgroups...

Veja, a seguir, um "roteiro para a ambientação" das vivências etnopedagógicas, generalizado para
as mais diversas situações de aprendizagem.

As oficinas presencial e virtual como ambientes


estimulantes

A organização do espaço de trabalho:


oficinas de documentação etnográficas;
oficinas de "criação" de modelos;
oficinas de produção de textos;
oficinas de multimeios; …

O centro de documentação coletivo:

bibliotecas de classe;
fichários coletivos;
livros de vivência;
livretos temáticos;
bancos de dados eletrônicos;
livros eletrônicos; ...

A comunicação coletiva:

murais de classe;
jornais de classe;
"correspondências" interescolares;
exposições de trabalhos;
fóruns temáticos;
home pages e portais; ...

A comunidade como fonte de pesquisa

A coleta de informações:

entrevistas com profissionais;


visitas aos centros produtivos;
documentações da memória coletiva;
levantamento de informações jornalísticas;
coletas de documentos etnográficos;
pesquisas bibliográficas;
pesquisas na Internet; ...

A oficina como espaço da comunidade:

ruptura dos limites da ação pedagógica;


acolhida aos visitantes presenciais e virtuais;
respeito às individualidades dentro da comunidade;
consolidação da consciência coletiva; ...
A formação de grupos de trabalho permanentes

Os núcleos de pesquisa e produção:


resoluções de problemas;
softwares didáticos;
etnomodelagens;
brinquedotecas;
web sites; ...

A comunicação intergrupos:

"correspondências" coletivas;
encontros interescolares;
co-participações nacional e internacional;...

A ação pedagógica cooperativa

A autogestão educativa:
livre escolha das oficinas;
respeito aos ritmos individuais;
oportunidade de mudanças de rumo;
co-responsabilidade; ...

O registro individual e a produção coletiva:

criação de materiais de apoio;


elaboração de "textos de autoria";
pesquisa de documentação etnográfica;
"descobertas" de etnomodelos; ...

A vivência e o aprofundamento conceitual:

fichas-conceito;
livretos de trabalhos coletivos;
projetos de pesquisa;
avaliações coletivas; ...

A vida cooperativa:

a classe-oficina numa concepção etnoantropológica;


os núcleos de produção;
a cooperativa escolar;
os newsgroups; ...

A continuidade:

a criação dos núcleos de estudos permanentes;


os grupos de trabalho;
o Núcleo Universitário ...;
o Núcleo Escola ...; o Núcleo Cidade de ...
Os processos e os produtos

Por suas características socioculturais, as avaliações dos processos e dos produtos das ações
etnopedagógicas enquadram-se nos mesmos procedimentos observados na vida cotidiana das
pessoas envolvidas em suas comunidades-base.

Isso significa que somente o próprio grupo social - grupo classe, em particular - tem a decisão
dos etnométodos de avaliação das suas realizações. Para tanto, é preciso estabelecer os
parâmetros mínimos de exigência previamente combinados pelo grupo - alunos e professores - e
pela instituição educacional.

Um bom referencial para avaliação é a documentação individual e/ou coletiva gerada pelos
projetos nascidos em oficinas, pois a vivência se firma sobre: a expressão e o registro.

Em Etnopedagogia, os registros dos participantes são documentos etnográficos. E, como tal, se


oferecem às possíveis avaliações no âmbito da comunidade, não exclusivamente acadêmica.

Para a avaliação são também fundamentais, nos projetos de vivência, que as ações pedagógicas
focalizem:

O ser que produz;


O objeto vivenciado;
O coletivo co-participante no processo de aprendizagem.

Estes três aspectos, quando bem assimilados e desenvolvidos, conferem excelência às


investigações etnoantropológicas.

Um convite aos etnoconstrutores

Para promover a organização e a consolidação da Etnopedagogia no âmbito da etnoantropologia


cognitiva ou da ecologia das idéias, tal como preconiza Edgar Morin, ofereço um ponto de
convergência no site Etnopedagogia: http://sites.uol.com.br/vello.

Nele procuro reunir contribuições de pedagogos e especialistas em diversas áreas que têm
apresentado um corpo de conceitos que permite, com boa aproximação, definir este movimento
pedagógico centrado em bases etnoantropológicas. No Brasil, os estudos e práticas geradas por
D`Ambrosio, com sua Etnomatemática, são referenciais etnopedagógicos; acredito que neste
caso a denominação Etnopedagogia, mais abrangente, seja recomendável, pois percebo uma
certa resistência em aceitar a Etnomatemática com tal amplitude, como almeja o próprio
D`Ambrosio.

Entendo que todos os autores citados na bibliografia são co-geradores do movimento


etnopedagógico. Num rápido olhar em outras áreas, também podemos incluir nesta lista
"etnopedagogos por natureza" como: Augusto Boal, Eugenio Barba, Grotowski, Hermeto
Paschoal, Smetac, Sivuca, Marlui Miranda, Naná Vasconcellos, só para citar alguns no domínio
das artes.

Não é fácil conceituar um movimento com características tão complexas. Mas, numa tentativa,
ainda ingênua, arrisco considerar:

A Etnopedagogia trata da totalidade das vivências de aprendizagem


dos membros de uma comunidade que se interagem no tempo e no
espaço, sujeitos-produtores dos seus próprios etnomodelos e
etnométodos, promovendo e sofrendo transformações socioculturais
e ambientais no meio em que co-habitam.

Até agora, por razões óbvias, procurei evitar frases desse tipo, pois estamos lidando com
fenômenos em constante mutação. Topei o desafio e espero que muitos façam o mesmo, uma
vez que sempre há algo "novo" a acrescentar.

Do exposto, é claro que há a necessidade de explicitar o significado de


"sujeitos-produtores dos seus próprios etnomodelos e etnométodos".
No documento de apresentação no site do Movimento de Etnopedagogia há um posicionamento
sobre esses significados.

Note, ainda, que na minha aproximação do conceito, refiro-me à aprendizagem e não ao


ensino. Centrar o olhar sobre a aprendizagem parece-me fundamental. A vida tem demonstrado
que aquele que ensina está apenas aprendendo (só para não esquecer dos pés no chão batido).

No campo estritamente educacional, uma característica marcante para distinguir um


"etnopedagogo" está na adoção da Antropologia Cultural como suporte das "novas ações
pedagógicas". As correntes que assim o fizeram são todas co-criadoras da Etnopedagogia. Mesmo
não tendo formalizado com detalhes tais posturas, considero etnopedagogos: Rousseau, Decroly,
Freinet, Paulo Freire, D`Ambrosio, Morin, Korcjac, Makarenko, Gadotti, Brandão, Fleuri, … e nós
outros que aqui, no 1o. Congresso Brasileiro de Etnomatemática, assumimos posições.

As pessoas e os livros

ANDRÉ, M. E. D. A. (Org.). Pedagogia das diferenças na sala de aula. Campinas: Papirus, 1999.
ANDRÉ, M. E. D. A. Etnografia na prática escolar. Campinas: Papirus, 1995.
ARDUINI, J. Destinação antropológica. São Paulo: Paulinas, 1989.
ASSMANN, H. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. Petrópolis: Vozes, 1998.
BERNARDI, B. Introdução aos estudos etno-antropológicos. Lisboa: Edições 70, 1988.
BIEMBENGUT, M. S., HEIN, N. Modelagem matemática no ensino. São Paulo: Contexto, 2000.
COULON, A. Etnometodologia e educação. Petrópolis: Vozes, 1995.
D`AMBROSIO, U. Educação para uma sociedade em transição. Campinas: Papirus, 1999.
D`AMBROSIO, U. Etnomatemática. [on-line] org. Valdemar Vello, available from World Wide Web:
<URL: http://sites.uol.com.br/vello/ubi.htm> Comentário: site oficial de Ubiratan D`Ambrosio;
contém seus principais textos escritos a partir de 1998.
D`AMBROSIO, U. Etnomatemática. São Paulo: Ática, 1990.
FICHTE, H. Etnopoesia: antropologia poética das religiões afro-americanas. São Paulo:
Brasiliense, 1987.
FREINET, É. Nascimento de uma pedagogia popular. Lisboa: Estampa, 1978.
FREIRE, P. Pedagogia para a autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
GADOTTI, M. Diversidade cultural e educação para todos. Rio de Janeiro: Graal, 1992.
GADOTTI, M. Pedagogia da terra. São Paulo: Fundação Peirópolis, 2000.
GAZETTA, M. Etnomatemática: uma visão metodológica. In: Encontro Regional de Ensino das
Ciências, 1, 1988, FFCLRB-USP, Ribeirão Preto, São Paulo.
GERDES, P. Desenhos de África. São Paulo: Scipione, 1990.
GERDES, P. Etnomatemática: cultura, matemática, educação. Maputo: Instituto Superior
Pedagógico, 1991.
HICKS, D. Esplorare i futuri alternativi: uma guida per gli insegnanti. Treviso: MCE, 1992.
JUNQUEIRA, C. Antropologia indígena: uma introdução. São Paulo: Educ, 1999.
LABURTHE-TOLRA, P., WARNIER, J.-P. Etnologia-antropologia. Petrópolis: Vozes, 1997.
LÉVY, P. A ideografia dinâmica: rumo a uma imaginação artificial? São Paulo: Loyola, 1998.
LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 1998.
LUDOJOSKI, R. L. Antropologia: educación permanente del hombre. Buenos Aires: Guadalupe,
1990.
MARIOTTI, H. As paixões do ego: complexidade, política e solidariedade. São Paulo: Palas
Athena, 2000.
MOLES, A. A. A criação científica. 3.ed. São Paulo: Perspectiva, 1998. (Estudos, 3).
MORIN, E. O método: 4 / as idéias. Porto Alegre: Sulina, 1998.
MORIN, E., MOIGNE, J.-L. A inteligência da complexidade. São Paulo: Fundação Peirópolis, 2000.
(Nova consciência). Comentário: um texto-referência para uma fundamentação da
Etnopedagogia.
PAULA CARVALHO, J. C. Antropologia das organizações e educação. Rio de Janeiro: Imago, 1990.
POLYA, G. A arte de resolver problemas. Rio de Janeiro: Interciência, 1978.
RABITTI, G. À procura da dimensão perdida: uma escola de infância de Reggio Emilia. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1999. Comentário: no prefácio recomendo a leitura dos tópicos: Os
Estudos Antropológicos da Socialização, p. xii; Os Estudos Antropológicos da Escolarização, p. xii;
A Área dos Estudos de Etnografia da Educação, p. xiii.
TEIXEIRA, M. C. S. Antropologia, cotidiano e educação. Rio de Janeiro: Imago, 1990.
VELLO, V. Ateliê de livre expressão matemática na realidade potiguar. In: Encontro Nacional de
Educação Matemática, 3, 1990, Natal. Anais do III ENEM, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, 1990.
VELLO, V. Ateliê de livre expressão matemática: uma proposta etnopedagógica. In: Encontro
Paulista de Educação Matemática, 2, 1991, São Paulo. Anais do II EPEM, Universidade de São
Paulo, 1991.
VELLO, V. Etnopedagogia. [on-line]. Available from World Wide Web: <URL:
http://sites.uol.com.br/vello>
VELLO, V., COLUCCI, M., ARIANE, P. Artes: pranchas de linguagem visual. São Paulo: Scipione,
2001. Comentário: das 120 pranchas da coleção, 60 têm propostas facilitadoras de vivências
etnopedagógicas no aprendizado da matemática. Prêmio Jabuti - 2001.
VIVAR FLORES, A. Antropologia da libertação latino-americana. São Paulo: Paulinas, 1991.
WHEATLEY, M. J., KELLNER-ROGERS, M. Um caminho mais simples. São Paulo: Cultrix /Amana-
Key, 1996.

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