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moderna
Use o frio para melhorar sua produção
Energia
Gás e Eletricidade disputam padarias
Perfil
A tradição de 60 anos da Padaria Nova
Pesquisa
Conheça quem compra em padaria
Farinhas
0 0 2 0 9
Trigo e mandioca
em busca do entendimento
Entrevista
Rebelo e as raízes
EDITORA
MANÁ brasileiras
Receitas
Rosca Caseira e Bolachinha de Amendoim
EDITORIAL
Expediente
Trigo e mandioca
em busca do entendimento
Contato publicitário
EDITORA
MANÁ
Receitas
Entrevista
Rebelo e as raízes
brasileiras Página 12 Fernanda Rocha
Rosca Caseira e Bolachinha de Amendoim
Gerente de Publicidade e Assinaturas
Augusto Sanches da Silva
Gás e eletricidade disputam padarias Assistente de Redação
Fornecedores de gás e de energia elétrica estão oferecendo bônus para a troca de fornos. Vanessa Gomes de Almeida
Farinha de carimã,
uma opção amazônica
gratuitamente para os profissionais do setor. Se você ainda não é Maná Ltda., requerida junto ao INPI, Instituto Nacio-
cadastrado, ou não renova sua assinatura há mais de um ano, preencha o nal de Propriedade Industrial, sob número 820258121.
Cadastrada no ISSN, como publicação técnica, sob o
EDITORA
PRODUÇÃO
Economize com o
balanceamento de receitas
cartão resposta e assegure este privilégio. número ISSN 1415-3297. Filiada ao IVC - Instituto
Verificador de Circulação, como publicação de circula-
MANÁ
RECEITAS
0 0 2 0 7
ção controlada.
29
Torta Holandesa
e
Suflê de limão
Ponto-de-Vista ISSN
1415-3297
FILIADA AO
Empresas Gestão de estoques reduz custos e melhora
Notícias do setor. a qualidade, por Roberto Matsubayashi.
Página 6 Página 34
INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO
4
EMPRESAS
Doceira Holandesa
aposta nos bombons
Os excelentes resultados obtidos com a realização
do Festival do Bombom levaram a Doceira Holandesa
a incluir o item em sua linha permanente de produtos.
De acordo com Peter Thyssen, diretor comercial da
Doceira Holandesa, a aceitação dos mais de 20 sabores
confeccionados pelo estabelecimento ajudaram na de-
cisão de apostar no sucesso deste segmento.
10
TECNOLOGIA
Use o frio para
melhorar sua produção
A
tecnologia do frio natural, onde a fermen-
é cada vez mais tação vai dar o sabor e as
utilizada na in- características mais
dústria alimentí- atraentes do pão. Mas,
cia, e na panifica- essa fermentação está
ção isso não fica atrás. sujeita às variações de
Os processos de produ- temperatura e umidade
ção podem ser bastante do ambiente e o pão
incrementados com a pode sair com aspectos
adoção de técnicas e inesperados. Para evitar
equipamentos que auxi- essas variações foram
liam em ganhos de pro- criadas as câmaras de
dutividade, melhorias na fermentação controlada,
qualidade e, principal- que ajustam a tempera-
mente, incrementando a tura e a umidade, retar-
lucratividade. dando ou acelerando a
Do ponto de vista da fermentação dos pães.
produção, o frio tem uma Neste caso o frio é utili-
importância muito gran- zado para inibir o pro-
de, uma vez que a base cesso fermentativo, e o
de seu uso é a inibição controle da umidade aju-
ou retardamento dos pro- da a manter as caracte-
cessos microbiológicos, rísticas originais do pão.
permitindo que os produtos tenham tativa para as etapas de crescimento e Este equipamento, que já faz parte do
maior durabilidade. E o controle de cozimento, prejudicando seu volume, quotidiano das melhores padarias há
temperatura ainda possibilita uma sabor e aroma. Além disso, essas mas- uma década, permite que o pão saia
gestão precisa do processo de fermen- sas perdem seu rendimento em peso, sempre igual, chova ou faça sol. Per-
tação, um dos pontos fundamentais pois sofrem maior desidratação. E a mite ainda que se elimine o turno da
para se obter um produto de qualidade perda de água acelera o envelheci- noite, uma fez que a massa modelada
superior em panificação. mento e diminui a durabilidade do pode ser colocada ns câmaras de fer-
produto final. A adição de água gela- mentação na função retardo, passan-
Água gelada na massa da é a melhor solução possível para do a noite toda com sua fermentação
Um equipamento já bastante co- essa situação, para que a massa seja praticamente parada. E, na hora pre-
nhecido, mas muito pouco utilizado, desenvolvida a contento, sem correr o determinada, o equipamento inverte
é o resfriador de água. Trata-se de risco de ser trabalhada a mais ou a sua função e aquece a massa, para
um aparelho simples, mas que pode menos. que esta esteja pronta para ser forne-
contribuir bastante para uma eleva- Outra utilidade do resfriador de ada pela manhã, na hora desejada.
ção na qualidade de seus produtos água é que usualmente ele é também
panificados. um dosador, que permite que a água Conservação do estoque
Atualmente, é cada vez mais fre- adicionada na masa seja exatamente a As câmaras modulares ou câmaras
qüente o uso de masseiras (ou amas- quantidade estipulada na receita. frigoríficas são destinadas à estoca-
sadeiras) rápidas, pela necessidade de gem de produtos alimentícios resfria-
ganho de tempo no preparo. Mas esse Crescimento sob controle dos ou congelados. Com elas é possí-
batimento rápido, com maior fator de O processo produtivo dos pães ga- vel adquirir produtos refrigerados em
fricção, promove um aquecimento da nhou várias modernizações, com maior quantidade para se obter preços
massa, que desencadeia o processo de masseiras, divisoras e modeladoras menores sem que se perca mercado-
fermentação prematuramente. Com diminuindo o tempo de preparo. To- ria. Além de permitir a estocagem de
isso a massa perde sua força fermen- davia, o crescimento é um processo produtos industrializados, há o ganho
12
“ A tecnologia do frio
permite ganhos de
produtividade na indústria
de panificação, tanto nos
processos produtivos como
na estocagem e conservação
de produtos
”
de produtividade com a conservação conservação de pães que vão ser en-
de itens de produção própria. Isso viados a pontos quentes (pães semi-
inclui desde o congelamento de re- assados congelados, cada vez mais
cheios até produtos prontos, como utilizados por cadeias de supermer-
tortas e bolos. A conservação em câ- cados) e também para congelamento
mara frigorífica permite que a pro- da produção que não foi vendida e
dução de confeitaria doce, por pode ser conservada, eliminando
exemplo, seja concentrada em al- perdas.
guns dias na produção de uma quan- Os ultracongeladores são projeta-
tidade maior, evitando desperdício dos para assegurar um controle total
de ingredientes e mão-de-obra. De- da temperatura da câmara, onde o ar
pois os itens vão sendo retirados da em alta velocidade é forçado indireta-
câmara gradativamente, à medida mente sobre o produto, proporcionan-
que vão sendo vendidos. A tecnolo- do um resfriamento rápido e unifor-
gia do frio permite aqui que haja oti- me, diminuindo os riscos de contami-
mização na produção (menor custo) nação e deterioração, preservando as
e maior variedade para o cliente, características originais dos produtos.
sem perda das características de Eles levam os produtos a uma tempe-
frescor dos produtos. ratura de - 18ºC em poucos minutos,
A tecnologia atual permite uma através desse turbilhonamento de ar
fácil adaptação dos espaços existen- frio por ventiladores, em um processo
tes para a montagem das câmaras, semelhante ao do forno turbo, onde o
que são projetadas em sistemas mo- calor é circulado.
dulares e podem ser mudadas de for-
matos, tamanhos ou posição sem di- Acessórios básicos
ficuldades. Existem alguns acessórios bási-
cos para se trabalhar com equipa-
Tendência dos congelados mentos de frio, como cortinas plásti-
Os ultracongeladores são os mais cas que impedem que haja perda de
recentes equipamentos de frio che- frio nas câmaras, economizando
gados às padarias. Eles permitem energia, e até termômetros, que per-
que os alimentos sejam congelados mitem o controle da temperatura da
tão rapidamente que a umidade que massa, da água, do ambiente de pro-
existe dentro dos alimentos não che- dução e do interior das câmaras. É
ga a se aglutinar. Com isso, ao des- fundamental ter um controle preciso
congelar o produto não perde suas da temperatura para que se tire o
características originais, principal- maior proveito possível da tecnolo-
mente de umidade. É ideal para a gia do frio.
15
ENERGIA
Gás e eletricidade
disputam padarias
energia elétrica no Rio de Janeiro, Para viabilizar a promoção, foram
O
mercado da panificação viu, nos
últimos anos uma tendência de embasada em um programa de efici- feitos convênios com os fabricantes
migração dos tradicionais for- ência energética da Agência Nacional Perfecta Curitiba, Tedesco, Prática e
nos elétricos para os a gás, e ain- de Energia Elétrica, vem incentivando Eco. Portanto, os fornos que recebem
da uma busca pela alternativa da a troca de fornos por modelos mais o desconto de R$ 2.000,00, pago pela
lenha. Tratava-se inicialmente de um atuais e eficientes, segundo Paulo Re- Light, são necessariamente destes fa-
reflexo dos altos preços da eletricidade, nato Marques, superintendente de bricantes. O panificador pode ainda
cujos preços controlados pelo governo marketing da empresa. Para tanto, foi escolher o modelo entre as duas opçõ-
passaram a ser aumentados logo após a desenvolvida a “Promoção Fornos es dadas pela promoção: ELT 125 (7,2
privatização das distribuidoras de ener- Elétricos”, campanha que dá um bô- kw) que produz em média 500
gia elétrica. Os panificadores correram nus de até R$ 2.000,00 para padarias pães/hora, e ELT 200 (15 kw) que
atrás da alternativa do gás, GLP ou Na- que desejam efetuar a compra de for- produz em média 800 pães/hora.
tural, historicamente mais barato, mas
que ainda dispunha de uma tecnologia
recente e não muito experimentada nos
fornos de padaria.
Hoje a realidade tecnológica é bem Empresas de
clara. Existem excelentes equipamen-
gás e eletricidade
tos elétricos e a gás, e mesmo a lenha.
oferecem bônus
A decisão da fonte energética parecia
que tomaria um caminho firme em di- para compra
reção ao gás, principalmente após os de fornos.
apagões do ano passado. Mas a brus-
ca elevação de seu preço ao longo
deste ano, inclusive com intervenção
da Agência Nacional do Petróleo, que
acabou privilegiando os recipientes
menores em detrimento dos instituci-
onais trouxe mais incertezas a quem nos elétricos. Além disso, o valor restante que o pa-
vai adquirir um forno novo. Segundo Paulo, a troca do um for- nificador deve pagar, pode ser finan-
A verdade é que o mercado está no antigo por um forno elétrico mais ciado em dez vezes.
cada vez mais competitivo, e os forne- moderno reduz em média de 20% a A promoção ainda está em vigor, e
cedores de energia começam a buscar 30% do consumo, havendo ainda ga- está disponível para os panificadores
maneiras de manter seus clientes e nhos em segurança, rapidez e pratici- que estejam na área onde a Light pres-
conquistar mais alguns. Como forma dade. “O mais interessante é a condi- ta seus serviços. A promoção é limitada
de incentivar o uso de seu serviço e de ção do panificador de ter um forno de a dois fornos por cliente e a documen-
proporcionar ao panificador uma última geração, que consome menos e tação necessária para se iniciar as nego-
oportunidade de trocar equipamentos, é muito mais rápido”, alega o superin- ciações são: última conta de luz paga,
algumas empresas fornecedoras inici- tendente. cartão CNPJ ou CPF e identidade.
aram, há algum tempo, programas de Até agora foram trocados 162 for- Para Marques essa é uma oportuni-
parceria com as padarias. Esses pro- nos e a empresa acredita que esse nú- dade que a Light está dando aos panifi-
gramas envolvem subsídios e como- mero deva aumentar, principalmente cadores de otimizarem sua produção
datos de fornos, além de outros bene- porque, segundo Marques, no Rio de através de equipamentos mais moder-
fícios. Veja dois exemplos reais: Janeiro (área que a Light atende), ha- nos. “Isso não deve acontecer só com os
veria uma forte cultura entre os pani- fornos, mas também com os equipamen-
Light dá bônus no Rio ficadores que dá preferência ao uso da tos adicionais; é hora de sair do proces-
A Light, empresa fornecedora de energia elétrica. so artesanal e efetivamente profissiona-
16
lizar o seu negócio”, diz Marques. necessário que entrem em contato ção. As pesquisas da empresa reve-
com a Comgás, que enviará um con- laram uma economia de 18% a
Comgás analisa cada padaria sultor até o estabelecimento para ini- 30% no consumo do forno e, ainda
A Comgás, empresa fornecedora ciar as negociações. que o gás tem atraído a muitos por
de Gás Natural em São Paulo, criou O gás natural, que durante muitos ser uma fonte sem grandes oscila-
ano passado o Programa Pão Quente, anos teve sua participação restringida ções no preço e que não sofre ru-
que tem como objetivo estimular o pela falta de investimentos na rede de mores de esgotamento breve. Mar-
panificador a usar fornos a gás natural distribuição, passou a ver sua rede tins enumera o que ele considera as
(encanado). Em primeira instância, o crescer após a implantação do gaso- três maiores vantagens do gás na-
programa consiste em um bônus de duto que vem da Bolívia. Para quei- tural: menor custo, melhor disponi-
R$ 1.800,00 na compra de um forno a mar todo esse gás, o programa Pão bilidade e melhor confiabilidade.
gás natural para as padarias interessa- Quente foi divulgado porta-a-porta e Um exemplo mostrado com orgu-
das. Entretanto, segundo Alvanei conquistou a adesão de pelo menos 70 lho por Martins é a Galeria dos
Martins, gerente de marketing da padarias. A previsão é que o programa Pães, famosa padaria paulistana
Comgás, tudo é negociável. Podem se encerre em dezembro, com pelo que utiliza gás natural.
ser oferecidos outros “brindes” aos menos 100 beneficiadas. Os fornos homologados pelo pro-
panificadores, porém cada caso deve Segundo Martins, o mais impor- grama, versões turbo e lastro, são os da
ser estudado. Dessa forma, para que tante é conscientizar o panificador Perfecta Curitiba, Supremax, L’Univer-
as padarias ingressem no programa é de que o gás natural é uma boa op- so, Tedesco, Ferri e Hyppolito.
A tradição
da Padaria Nova bio se orgulha da forma como a pada- é o longo tempo de permanência de
I
nstalada no mesmo endereço desde
1938, a Padaria Nova, de São José ria se encontra hoje, mas diz não se um mesmo padeiro na área de produ-
do Rio Pardo, interior de São Pau- esquecer da tradição em atender, ser- ção da casa. Em 1960, o fundador Ro-
lo, é um exemplo de como as pada- vir e agradar o cliente. Manter esse re- mano Buosi contratou o padeiro Ru-
rias passam de pai para filho, e ao ferencial de padrão de atendimento é bens Missura, que até hoje trabalha na
mesmo tempo uma prova da evolução um dos segredos da Nova e de muitas padaria. Rubens se adaptou às mudan-
que vem ocorrendo no setor. padarias pelo Brasil afora. ças, criou novas receitas e aprendeu a
Um de seus proprietários, o panifi- Os atuais proprietários ainda guar- lidar com os equipamentos atuais, en-
cador Fábio Figueiredo Buosi, é a ter- dam algumas coisas da época de seu fim evoluiu o seu modo de produção.
ceira geração da família a assumir a Pa- avô, como uma batedeira com tacho Fábio acredita que a postura do pani-
daria Nova, adquirida em agosto de de cobre do ano de 1950, um cilindro ficador dever ser essa, de estar inteira-
1938, pelo seu avô Romano Buosi. Fá- Carioca da Útil S.A., do mesmo ano, do das mudanças e avanços tecnológi-
bio comenta que muitas coisas muda- e uma masseira para dois sacos de fa- cos, sem contudo perder a tradição e
ram no estabelecimento, mas outras rinha de marca Record. Apesar dessas os vínculos com suas origens. Tudo
permanecem inalteradas. Um exemplo relíquias, garantem que sempre bus- isso é muito importante para que o ne-
é o forno, que sempre foi a lenha. O pri- cam idéias novas e procuram saber gócio seja rentável, afinal a tradição
meiro era rústico, construído com barro como isso irá facilitar a vida de sua de 64 anos é um dos principais atrati-
e tijolos. Depois foi adquirido um forno padaria. Fábio cita um exemplo: “Al- vos para a clientela.
a lenha americano da marca Siam, com gumas das antigas receitas de pães,
o lastro de 5 metros, que funcionou roscas e doces que faço em minha pa- A história da Padaria Nova
ininterruptamente por quase cinqüenta daria agradam meus clientes, mas Em São José do Rio Pardo, SP,
anos. “Recentemente vimos na Padaria nem por isso eu me esqueço das pré- em agosto de 1938 o sr. Romano
Moderna e compramos outro forno a misturas e das novidades do nosso Buosi comprava a Padaria Nova, ao
lenha, desta vez um Ferri de oito assa- mercado tão concorrido nos dias de preço de uma carroça e mais seis
deiras”, explica Fábio. hoje. Eu e minha família sempre ca- burros como pagamento inicial, e o
A Padaria Nova é um clássico minhamos rumo à modernização”, ex- restante pago com trabalho. Na épo-
exemplo da evolução das panificado- plica. ca não se falava em “delivery”, mas
ras. Embora ela se encontre no mesmo era muito comum a figura do padei-
endereço há 64 anos, é preciso muita Padeiro duradouro ro que entregava o pão de porta em
atenção aos detalhes das fotos para Outro fato marcante na Padaria porta. A entrega dos pães era feita
ver que se trata da mesma padaria. Fá- Nova, e bastante raro nos dias de hoje, em carroças puxadas por burros.
20
Romano trabalhou e administrou a
padaria até o ano de 1971, quando se
afastou com problemas cardíacos. O
estabelecimento é passado para seu
filho Antonio Carlos Buosi, que pra-
ticamente nasceu dentro da padaria.
Antonio conhecia muito bem a clien-
tela, pois durante muitos anos ele
mesmo entregou pães com a carroci-
nha. Com a ampliação dos negócios,
em 1984 a Padaria Nova se torna Pa-
daria e Mercearia Nova, mantendo o
nome e a tradição. Em 1998, Antonio
se aposenta e passa a administração
dos negócios a seus filhos, Fábio,
Fabrício e Flávio. Atualmente a pa-
daria é administrada pelos três netos
de Romano Buosi, no mesmo ende-
reço, com um ambiente bem modifi-
cado, mas com laços históricos ines-
Nesta foto de 1980, o padeiro Rubens Missura, na casa desde 1960, e Fábio, quecíveis. Veja, a seguir, duas recei-
neto do fundador, hoje um dos proprietários. tas que fazem sucesso na Padaria
Nova a mais de 60 anos.
RECEITAS
Rosca Caseira e
Bolachinha de Amendoim
Estas duas receitas foram cedidas pela Padaria Nova, e fazem parte do
receituário de D. Maria Itália, avó dos atuais proprietários. Embora tenham mais de
60 anos, as receitas continuam a ser produzidas e fazem o maior sucesso ainda hoje.
22
PESQUISA
Conheça quem compra em padaria
U
ma recente pesquisa foi reali- possível detectar que, embora com per-
zada para avaliar a situação de fis distintos, os três tipos de varejo pos-
distribuição e o comportamen- suem um mix de produtos bastante si-
to de compra no pequeno vare- milar. Os refrigerantes estão presentes
jo em todo o País. Com o obje- em 100% dos locais pesquisados; su-
tivo de determinar o impacto que o cos, cervejas e bebidas similares atin-
merchandising no ponto-de-venda gem 90% do total, seguidos de cigarros,
exerce nesses estabelecimentos, o es- balas, chicletes, biscoitos e laticínios,
tudo analisou padarias, mini-mercados com 80% de presença nesses estabeleci-
Clientes de padaria gasta R$45,00 por
e lojas de conveniência – com área mentos. mês, mas quer proximidade e variedade.
média de 50 m2 – que apresentam Nas entrevistas realizadas confir-
como peculiaridade a situação de mou-se que a intenção de compra de • 41% dos consumidores fazem com-
compra rápida e planejada, em parte 76% dos consumidores já está planeja- pras a pé;
para consumo imediato e no local. da quando eles saem de casa, e é o que • Nos mini-mercados a circulação é
Com base nos dados levantados jun- motiva a visita a estes tipos de estabele- maior que nas lojas de conveniência;
to aos estabelecimentos e através de en- cimentos. Desse total, 57% sabem que • 34% dos consumidores decidem a
trevistas com 1.500 consumidores foi produto e marca comprar e 26% plane- marca e produto no ponto-de-venda;
jam a compra do produto, mas não têm • O gasto médio nas padarias é de R$
uma marca definida. A pesquisa reve- 3,00. O cliente vai à padaria cerca de
lou ainda que 20% dos consumidores 15 vezes ao mês totalizando um gasto
acabam comprando por impulso. Isto médio de R$ 45,00/mês;
aponta, em média, um público potenci- • Nesses ambientes, o caixa é o princi-
al de 34,5% que pode ser influenciado pal ponto de visibilidade, onde ocorre
no ponto-de-venda na hora de decidir a a maior exposição e venda de produ-
compra. tos de consumo instantâneo (balas,
A pesquisa também revelou que: bombons, chicletes, cigarros, etc.);
• Existe maior grau de fidelidade do • Nas padarias e mini mercados 90%
consumidor em padarias e mini mer- das compras são pagas em dinheiro,
cados por conta da familiaridade com o que representa um baixo índice de
Exposição ajuda a vender por impulso o ambiente/funcionários e atendimen- inadimplência;
para 20% dos clientes.
to personalizado; • Nas lojas de conveniência que possu-
em caixa eletrônico as vendas são
25% maiores;
• As mídias que mais funcionam nes-
ses três tipos de estabelecimentos
são geladeiras e banners com preços
manuscritos;
Esses dados, levantados pelo Popai
Brasil, entidade que pesquisa o mer-
chandising dentro de lojas, foram apre-
sentados durante o “Grande Encontro
do Marketing no Varejo”, resultado da
união dos eventos PDV no Marketing
Mix, Prêmio Popai Brasil 2002 – pro-
movidos anualmente pela ABA – Asso-
ciação Brasileira de Anunciantes e Po-
pai Brasil – e 5º Fórum de Varejo da
América Latina - desenvolvido pelo
IPEDV – Instituto de Pesquisa e Estu-
dos de Distribuição no Varejo com
apoio da consultoria de varejo Gouvêa
de Souza & MD.
24
PARCERIA
Sebrae e Bunge
darão treinamento em SP
O
s empresários do ramo de pani- rio Regional São Miguel Paulista. cação, para depois aderiram ao Projeto
ficação têm agora uma grande A idéia é fazer o melhor uso possí- Multiplicando os Pães. “A iniciativa é
oportunidade para fomentar vel das boas práticas de gestão, toman- muito válida, vai fortalecer o setor e
seus negócios e tornar suas em- do como exemplo as empresas mais vou participar dos próximos encon-
presas mais competitivas. O inovadoras e lucrativas do setor, além tros”, disse Arlindo Martins, que há 14
Projeto Multiplicando os Pães, resulta- de atuar sobre a forma de agir e de pen- anos é proprietário da panificadora Ca-
do da parceria entre o Sebrae/SP e a sar dos proprietários de padarias dessas milópolis, em Santo André.
Bunge Alimentos, tem como principal regiões (ABC e Zona Leste). Pretende- A partir de agora serão 10 meses de
objetivo mudar o padrão de comporta- se que eles passem a adotar os mesmos encontros e cursos de capacitação, que
mento dos empresários do setor. padrões de competitividade dos empre- acontecerão em diferentes locais da re-
O trabalho inicial do projeto é com sários bem-sucedidos, mudando o pa- gião do ABC e também na sede do Se-
um grupo de 160 panificadoras, sendo drão de comportamento. brae/SP. “Achei a idéia ótima, vou ade-
80 no ABCD e 80 na zona Leste da Ca- rir ao projeto, participar e levar a inici-
pital, que terão assistência para melho- Primeira etapa ativa para outros amigos, que não pude-
rar seu desempenho. Em seguida serão Os proprietários de panificadoras ram vir hoje” adianta Adalberto Luis
inclusos mais 10 estabelecimentos da participaram inicialmente do 1º Encon- Vieira, proprietário da Padaria Glorio-
Região Leste 2, indicados pelo Escritó- tro Sobre Dinâmica de Varejo e Panifi- sa, em Santo André.
FARINHAS
Em busca do entendimento
I
ndependentemente do do país, girando em torno de
projeto lei que tramita na US$ 1 bilhão. Falta trigo no
Câmara dos Deputados, país e temos de pagar mais
de autoria do deputado fe- caro pelo pão e pelo macar-
deral Aldo Rebelo, pre- rão, feitos com trigo impor-
vendo a obrigatoriedade da tado”, diz.
adição de derivados de man- Yamakawa explica
dioca à farinha de trigo, o que a proposta da Abam é
Governo Federal quer um destinar até 750 mil tonela-
entendimento entre os moi- das de amido de mandioca
nhos de trigo e produtores de ao setor de panificação
amido (fécula) de mandioca (para adição à farinha de tri-
à farinha de trigo panificável. O secretário de Política Agrícola do go), que significa 10% da
Um encontro promovido em Curi- Ministério da Agricultura acredita que farinha produzida no Brasil a partir de
tiba entre integrantes da Abam (Asso- não será preciso haver obrigatoriedade trigo importado. Neste ano o setor de
ciação Brasileira dos Produtores de de adição, como prevê a lei, se os dois amido deverá destinar duzentas mil
Amido de Mandioca) e Abitrigo (As- setores conseguirem chegar a um deno- toneladas para o segmento de panifi-
sociação Brasileira das Indústrias de minador comum. Porto ressalta que di- cação. No ano passado o consumo do
Trigo) por iniciativa do Ministério da ante do cenário atual da economia bra- segmento foi de 150 mil toneladas.
Agricultura, conduzido pelo secretá- sileira, “o objetivo é se importar menos A posição da Abitrigo é pela retira-
rio de Política Agrícola, Célio Brovi- e se exportar mais. Assim, seria interes- da do projeto de lei que tramita na Câ-
no Porto, foi a cartada inicial rumo a sante que se encontrasse um caminho mara Federal. O presidente da entidade,
um possível consenso entre os dois viável para regularizar a adição do ami- Roland Guth, disse ser contrário à obri-
setores. Neste encontro foi agendada do à farinha de trigo”. gatoriedade e não contra a viabilidade
uma nova reunião, para o dia 11 de O presidente da Abam, Maurício técnica da adição, que admite ser viá-
novembro, em São Paulo, em que as Yamakawa, argumentou que a adição vel. A viabilidade técnica foi atestada
partes apresentarão propostas para um do amido de mandioca à farinha de tri- pela Embrapa, que é a maior empresa
protocolo de intenções. O local do en- go, vem ao encontro do propósito do brasileira de pesquisa no setor agrope-
contro deverá ser ainda definido. Governo Federal de reduzir as importa- cuário. Contudo, a Embrapa tem mani-
ções de trigo. “O festado posicionamento contrário à
Brasil importa hoje obrigatoriedade prevista pela lei.
70% do trigo que Veja na página 30 entrevista de
consome. O trigo é Padaria Moderna com o deputado
a segunda maior Aldo Rebelo, autor do projeto da
conta de importação obrigatoriedade.
Yamakawa,
presidente da
Abam: “750 mil
toneladas de amido
de mandioca para a
panificação”.
28
ENTREVISTA
Aldo Rebelo e as raízes brasileiras
O projeto de lei que obrigaria os moi- Não queremos fazer uma imposição. E
32
PONTO-DE-VISTA
A
automação na gestão de esto- em informações mais avançadas, que
ques é uma operação vital para visam compartilhar dados de vendas e
que indústrias, varejo, centros estoques, para que a ação de reposição
de distribuição e atacadistas seja mais eficiente e ágil. A busca é
consigam efetivamente atingir por modelos de reposição baseados no
resultados positivos, tornando-se cada compartilhamento de informações
vez mais competitivos no mercado mais avançadas. Existem, para tanto,
nacional e mundial. Presente no dia-a- modelos tais como o VMI (Vendor
dia das empresas, a gestão de estoques Managed Inventory ou Estoque Ge-
suscita importantes ganhos: eficiên- renciado pelo Fornecedor) ou CPFR
cia, redução de falhas e custos, rapi- (Collaborative Planning Forecast and
dez, confiabilidade e capacidade de Replenishment), que visam, no pri-
rastreabilidade . meiro caso, compartilhar dados de
Além do uso de equipamentos e vendas e estoque para que a ação da
softwares (impressoras de barras, reposição seja mais eficiente e ágil, e
scanners, computadores e programas no segundo o plano de negócios, para
de controle), a gestão de estoques, em que haja um gerenciamento das pro-
função do volume de dados e comple- das as movimentações físicas, recebi- moções e sazonalidades. É o gerenci-
xidade dos processos em face do mo- mento, conferência, armazenagem, amento da demanda na cadeia otimi-
delo adotado, envolve uma série de movimentação interna, expedição e zando os estoque de todos os elos en-
procedimentos, em especial pelos es- passagem pelo ponto-de-venda. Para volvidos.
tabelecimentos que operam no varejo, isto, é importante o código de barras A automação, sem dúvida, é uma
pois afeta dois aspectos cruciais do associado à identificação padroniza- ferramenta preciosa e necessária. Ela
negócio: a disponibilidade do produto da, como é definido no Sistema nos possibilita ter confiança total nas
e o custo, que tem impacto direto no EAN.UCC, que permite a automação informações sobre os produtos já no
resultado ou rentabilidade. do processo de captura das informa- ato do recebimento, entre “n” benefí-
O grande desafio é encontrar o ções e torna viável o controle requeri- cios diretos advindos do bom controle
equilíbrio entre essas variáveis: se o do nas grandes quantidades de itens de estoque. Dizer que a automação é
comerciante tenta assegurar a disponi- normalmente movimentadas. um salto para a eficiência, de forma
bilidade aumentando o estoque, im- Para o relacionamento com os par- alguma é um exagero. A cada dia,
pacta diretamente no custo relaciona- ceiros comerciais e os fornecedores, mais empresas e indústrias comprova-
do à sua manutenção, como capital de há a necessidade de comunicar as in- ram seus benefícios: satisfação do cli-
giro e armazenamento. Por outro lado, formações: pedido de compra, espe- ente pela melhor disponibilidade de
se para cortar os custos, os estoques lho de notas fiscais, aviso de entrega, produtos; maior receita; produtos de
são demasiadamente reduzidos corre- e neste caso o uso de mensagens pa- melhor qualidade (mais frescos e
se com isso, o grande risco de não dronizadas EANCOM, utilizando o apresentáveis); redução nas perdas
atender ao cliente. Riscos? Sim, mas é EDI (Electronic Data Interchange ou por obsolescência ou produtos impró-
imprescindível perceber os benefícios Intercâmbio Eletrônico de Dados), prios para consumo; otimização da
reais que todo esse processo oferece torna o processo muito mais fácil e mão-de-obra, com a automação que
para o mercado e para o consumidor. eficiente. Com o bom controle opera- propicia menores taxas de erros nos
A gestão de estoques pode ser sub- cional, consegue-se redução de custos processos de registro e controle das
dividida em dois grupos de ativida- e tempos de movimentação, bem informações; bem como o melhor
des: operacionais e estratégicas. No como toda informação sobre a sua aproveitamento das áreas físicas.
primeiro, a busca é pela eficiência dos disponibilidade.
No item estratégico, os objetivos Roberto Matsubayashi é gerente de solu-
controles relativos à movimentação
são os modelos de reposição baseados ção de negócios da EAN Brasil.
de produtos: captura e registro de to-
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