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O documento discute a discriminação no Brasil, argumentando que ela é étnica, social e regional. A ascensão social de massas provocou novas formas de discriminação contra negros, nordestinos e pobres por parte das elites. A discriminação histórica contra esses grupos está ligada às opções das elites dominantes, que precisam ser combatidas por meio de políticas públicas e mobilizações.
O documento discute a discriminação no Brasil, argumentando que ela é étnica, social e regional. A ascensão social de massas provocou novas formas de discriminação contra negros, nordestinos e pobres por parte das elites. A discriminação histórica contra esses grupos está ligada às opções das elites dominantes, que precisam ser combatidas por meio de políticas públicas e mobilizações.
O documento discute a discriminação no Brasil, argumentando que ela é étnica, social e regional. A ascensão social de massas provocou novas formas de discriminação contra negros, nordestinos e pobres por parte das elites. A discriminação histórica contra esses grupos está ligada às opções das elites dominantes, que precisam ser combatidas por meio de políticas públicas e mobilizações.
Por definio: o jeitinho brasileiro representa, em uma expresso de fcil entendimento, a
malandragem histrica do nosso povo. Malandragem com a qual temos contato desde pequenos e ouvimos constantemente nos meios de comunicao e, indiretamente, presenciamos nos atos das pessoas. H quem tenha orgulho do jeitinho, que por ser to comum, at prefiro omitir as aspas. No entanto, a idia do malandro est associada esperteza, como se houvesse algo de esperto em dizer odeio poltico ladro, mas se estivesse no poder, tambm roubaria. O cidado heroicamente afirma que tem orgulho de ser brasileiro e por isso naturalmente faz uso do jeitinho, mas no percebe que esta marca nacional uma das impulsoras do nosso regresso. Esses dois ltimos anos foram marcados pela corrupo explcita. A dvida que fica se vamos assistir a mais momentos corruptos ou se veremos esse cncer se extinguir. De fato, a corrupo no vai acabar, ela inerente a todos os povos. E no difcil de imaginar que no so apenas ns que somos espertinhos. No mundo, h muitos outros povos que tambm seguem a mesma linha de conduta individualista que seguimos, todavia h lugares onde isso minimizado. Por quais motivos? Talvez uma melhor eficincia da Justia ou uma boa conscincia coletiva. difcil definir porque o jeitinho um fantasma abstrato que nos rodeia, mas traz problemas bem concretos. Na prtica, o jeitinho uma maneira da pessoa se colocar entre o certo e o errado. Ela sabe que o que est fazendo no moralmente correto, mas perdoa a si mesmo porque tambm sabe que estar saindo na vantagem. Assim, qualquer transgresso justificada, e a pessoa vai vivendo seguindo a Lei de Grson: O importante obter vantagem em tudo. Aquele velho papo de que os valores esto invertidos ou subvertidos fica ainda mais presente. Qualquer ato que deveria servir como exemplo de moralidade torna-se intil, pois a sociedade chega a ponto de ser to materialista que ignora a tica, a moral e outros valores que no so palpveis. A partir da, o convvio social vira algo desregrado, e no estou falando de leis, estou falando de sensibilidade coletiva. Muitas leis no seriam necessrias se as pessoas tivessem a noo dos seus limites, obedecendo a liberdade dos outros. A diferena entre o jeitinho brasileiro e o jeitinho internacional que agregamos essa malandragem como caracterstica cultural do Brasil, assumindo uma postura diferente e orgulhosa de detonar os outros, que somos ns mesmos. E a poltica? Nesse caso a situao piora quanto notamos que os governos ou detentores do poder, de uma forma geral so to desregrados quanto ns. A, o mau exemplo da poltica torna a sociedade um caos, onde as pessoas sacaneiam por uma questo, digamos, de sobrevivncia moral. Considerar que s porque diversos polticos roubam ser uma explicao razovel para exercer o jeitinho, mesmo em coisas menores do que superfaturar uma ambulncia, mergulhar de cabea em um crculo vicioso do qual ningum quer intervir, todos querem participar e muitos sofrem com isso. Ter orgulho do jeitinho , sem mais, aceitar toda a situao presente que adoramos criticar. Sei que roubar uns milhes diferente de subornar um policial, mas ambas as situaes esto no mesmo patamar tico, partiram de uma mesma iniciativa extremamente egosta. Viver na surdina, burlar as regras, fazer vista grossa s normas e muito mais podem at dar um gosto de aventura, entretanto deve-se perceber que exaltar o individual em detrimento do coletivo uma forma ignorante de suicdio. Sem notar, a sociedade vai cortando seus pulsos de pouquinho em pouquinho. Numa morte lenta e deliciosamente terrvel.
*Adriano Senkevics escreve para o Letras Despidas. http://criticasereflexoes.blogspot.com/2007/11/jeitinho-brasileiro.html
13/05/2011
A discriminao no Brasil tnica, social e regional Por Emir Sader
O processo de ascenso social de massas, indito no Brasil, volta a promover formas de discriminao. A poltica de sucesso comprovado de cotas nas universidades, a eleio de um operrio nordestino para Presidente da Repblica igualmente de sucesso inquestionvel -, a ascenso ao consumo de bens essenciais que sempre lhes foram negados fenmeno central no Brasil de hoje -, provocaram reaes de discriminao que pareciam no existir entre ns.
A cruel brincadeira de repetir um mote das elites O Brasil no tem discriminao porque os negros conhecem o seu lugar mostra sua verdadeira cara quando essas mesmas elites sentem seus privilgios ameaados. Setores que nunca se importavam com a desigualdade quando seus filhos tinham preparao sistemtica para concorrer em melhores condies s vagas das universidades pblicas, passaram a apelar para a igualdade na concorrncia, quando os setores relegados secularmente no Brasil passaram a ter cotas para essas vagas.
Professores universitrios incrivelmente, em especial antroplogos, que deveriam ser os primeiros a lutar contra a discriminao racial -, msicos significativa a presena de msicos baianos, que deveriam ser muito mais sensveis que os outros questo negra -, publicaram manifesto contra a poltica de cotas, em nome da igualdade diante da lei do liberalismo.
A vitria da Dilma, por sua vez, provocou a reao irada e ressentida de vozes, especialmente da elite paulistana, contra os nordestinos, por terem sido os setores do pas que pela primeira vez so atendidos em seus direitos bsicos. Reascendeu-se o esprito de 1932, aquele que orientou o separatismo paulista na reao contra a ascenso do Getlio e de suas politicas de democratizao econmica e social do Brasil. Um rano racista, antinordestino, aflorou claramente, dirigidos ao Lula e aos nordestinos, que vivem e constroem o progresso de So Paulo, e aos que sobreviveram pior misria nacional no nordeste e hoje constroem uma regio melhor para todos.
A discusso sobre o metr em Higienpolis tem a vem com a apropriao privilegiada dos espaos urbanos pelos mais ricos que, quando podem, fecham ilegalmente ruas, se blindam em condomnios privados com guardas privados. A rejeio de pessoas do bairro 3500 assinaturas estao do metr expressava o que foi dito por alguns, sentido por todos eles, de impedir que seja facilitado o acesso ao bairro a que mesmo seus empregados particulares tem que chegar tomando 2 ou 3 nibus -, com a alegao que chegariam camels, drogas (como se o consumo fosse restrito a setores pobres), violncia, etc.
Nos trs tipos de fenmeno, elemento comum a discriminao. tnica, contra os negros, na politica de cotas; contra os nordestinos, nas eleies; na estao do metr, contra os pobres.
Os trs nveis esto entrelaados historicamente. Fomos o ltimo pas a terminar com a escravido, por termos passado de colnia monarquia e no repblica. Adiou-se o fim da escravido para o fim do sculo. No meio do sculo XIX foi elaborada a Lei de Terras, que legalizou a propriedade via grilagem, em que em papel forjado colocado na gaveta e o coc do grilo faz parecer antigo. Quando terminou finalmente a escravido, todas as terras estavam ocupadas. Os novos cidados livres deixaram de ser escravos, mas no foram recompensados nem sequer com pedaos de terra. Os negros livres passaram a se somar automaticamente legio de pobres no Brasil.
O modelo de desenvolvimento, por sua vez, concentrador de investimentos e de renda, privilegiou o setor centro sul do Brasil, abandonando o nordeste quando se esgotou o ciclo da cana de acar. Assim, nordestino, esquematicamente falando, era latifundirio ou era pobre. Esse mesmo modelo privilegiou o consumo de luxo e a exportao como seus mercados fundamentais, especialmente com a ditadura militar e o arrocho salarial.
A discriminao dos negros, dos nordestinos e dos pobres foi assim uma construo histrica no Brasil, vinculada s opes das elites dominantes em geral brancas, ricas e do centro-sul do pais. A discriminao tem que ser combatida ento nas suas trs dimenses completamente interligadas: tnicas, regionais e sociais. O fato do voto dos mais pobres (que inclui automaticamente os negros) e dos nordestinos estar na base da eleio e reeleio do Lula e na eleio da Dilma, com os avanos sociais correspondentes, s acirram as reaes das elites. Discriminaes que tem que ser combatidas com politicas publicas, com mobilizaes populares e tambm com a batalha no plano das idias.
* Blog do Emir Sader, socilogo e cientista, mestre em filosofia poltica e doutor em cincia poltica pela USP - Universidade de So Paulo. Postado por Emir Sader s 05:22 http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=704