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DA PALAVRA À UTOPIA

DA UTOPIA À REALIDADE

Luísa Lopes

A intervenção social não é um chavão político, uma ideia


nova, uma necessidade actual. Desde os primórdios da
humanidade que o homem como ser eminentemente social,
segundo Rousseau, intervém socialmente de acordo com as
sociedades e as épocas.
A Idade Média, época teocêntrica, adoptou os
procedimentos adequados. Toda a intervenção social
estava nas mãos da Igreja, nomeadamente das Ordens
religiosas. A educação, a protecção dos pobres e
desfavorecidos estava nas mãos dos conventos que
ensinavam a ler, a religião e recolhiam as crianças deixadas
na roda.
A dominância da Igreja, na área da intervenção social, em
aspectos diferenciados, permaneceu até aos nossos dias,
embora quase exclusivamente nas áreas de apoio a
crianças, idosos e mulheres marginalizadas.
Há porém duas grandes excepções, que merecem ser
nomeadas, pelo exemplo prático que delas poderemos
obter para solucionar problemas actuais. Refiro-me ao
Padre José Anchieta e ao Padre António Vieira, ambos,
relativamente ao trabalho que efectuaram no Brasil. Um
século os separou mas os comportamentos foram idênticos.

Em finais do século XVI, o Jesuíta José de Anchieta foi


enviado para o Brasil para a missionação. A finalidade era
converter o máximo de índios à religião católica. Este povo
era na época ainda antropófago. Como conseguir chegar
aos índios e catequizá-los?
Algumas ideias brilhantes. Os índios gostavam de música.
Eram atraídos pelos cânticos religiosos e rondavam as
igrejas nos momentos solenes. O povo temia-os porque
andavam praticamente nus. Ninguém entendia a sua
linguagem.
Anchieta convidou-os a entrar nas igrejas mesmo despidos
para que eles se deixassem motivar. Começou a ter um
contacto tão directo com eles que construiu o primeiro
dicionário explicando em português cada um dos sons e
palavras que os índios utilizavam. Adoptou a missa campal
em plena selva e nela participavam índios e o povo.
Promoveu o primeiro intercâmbio verdadeiramente cultural
e étnico.
Cem anos mais tarde, o Padre António Vieira continua este
trabalho e promove pela palavra a libertação do povo índio.
A pregar explica brilhantemente os vícios e virtudes dos
homens e mostra que muitos colonos e mesmo religiosos
tinham comportamentos piores que os próprios índios.
Em que nos podem ser úteis estes exemplos?
- Todos somos agentes de intervenção social e todos
temos forma de o fazer.
- A interculturalidade e o respeito pelo outro no seu
todo é um dado essencial
- Nenhum de nós é dono do saber

O trabalho de intervenção social ligado à Igreja dominou


até ao início do século XX, momento em que grupos de
cidadãos se uniram para resolver problemas comuns,
nomeadamente gerados pelas guerras. Foi assim o início,
por exemplo, da Cruz Vermelha e de outros grupos que se
constituíram. No início do século a intervenção social estava
essencialmente a cargo da igreja, das Misericórdias e das
Mutualidades. Em muitos países europeus surgiam já ligas
de voluntários, bem como nos Estados Unidos e no Canadá.

A política e o governo anterior ao 25 de Abril adoptou a


postura de centralização da resolução dos problemas
sociais. Com a chegada da democracia geram-se
transformações sociais e cresce a consciência de que a
intervenção social é um dever e uma luta de cada governo,
mas cada vez mais uma responsabilidade de todos nós. Em
democracia não é o estado que resolve os problemas, o
cidadão passou a ter direitos mas também o dever de uma
participação activa e cívica, o dever de defesa de valores
de cidadania.

O voluntariado social é uma das formas de combate a


problemas na área da intervenção social. Há porém áreas
muito diferentes de intervenção dado que os problemas
sociais são agora diversos e diferenciados.

Apoio a crianças , apoio a idosos, apoio a pessoas


portadoras de deficiência, apoio a pessoas com problemas
de saúde, desenvolvimento comunitário, minorias étnicas,
exclusão social são algumas das áreas de intervenção
social que precisam de maior apoio e desenvolvimento.
Crianças e jovens desfavorecidos, em risco ou abandonados
podem tornar-se futuros delinquentes. Comunidades pouco
integradas socialmente podem, pela incompreensão social,
formar guetos e gerar violência. A falta de integração de
ex-presidiários pode aumentar a criminalidade.

Um país desenvolvido e com maior nível cultural e de


segurança só é possível com o combate aos problemas que
geram insegurança/s aos vários níveis. E esse problema é
de todos nós.

Muitas são já as Associações e Entidades Promotoras que


trabalham nessas áreas. O IPJ tem um papel preponderante
nesta nova mudança social porque abrange a faixa etária
dos que têm um papel fundamental- os jovens- construtores
de um novo mundo e de uma nova utopia.
Fazendo uma muito breve análise, por exemplo ao site
www.voluntariadojovem.pt constatamos que:

- os jovens aderem facilmente a causas que os motivem


- procuram projectos nas áreas que se incluem no
campo da intervenção social

Há entidades promotoras que poderão servir de exemplo


em projectos a levar a cabo:
- Projectos de apoio a crianças nos seus tempos livres
- Apoio escolar a crianças desfavorecidas
- Integração familiar ao fim de semana e férias de
crianças que vivem em instituições
- Projectos que ensinam os meninos de rua a brincar
- Promoção de intercâmbios intergeracionais que
incluem por exemplo a relação entre idosos em lares
de terceira idade e crianças que crescem sem os avós
- Integração de deficientes na comunidade- (caso
exemplar o da Artenave em Moimenta da Beira)
- Integração de Jovens deficientes (caso exemplar o da
Cercica em Cascais que tem um projecto que consiste
em levar jovens deficientes às docas ao sábado à
noite, por exemplo)
- Apoio a crianças e jovens que se encontram em
hospitais em internamentos prolongados (caso
exemplar o da Pediatria do Hospital de Faro)
- Apoio a jovens emigrantes, aprendendo a sua língua e
ensinando-lhe a nossa

Mas muitas outras hipóteses de intervenção poderiam ser


propostas e levadas a cabo através do IPJ e em consonância
com o Ministério da Educação nomeadamente.

As áreas problemáticas de intervenção social deveriam ser


delimitadas o que é fácil, há estudos e equipas de trabalho
que podem fornecer esses dados. No entanto, penso que
uma grande ligação às escolas e universidades seria
fundamental.
A marginalidade diminuiria se alguns jovens soubessem por
exemplo falar crioulo, croata ou romeno. A barreira da
língua diminuiria. Atribuir um papel importante e de
intervenção social a quem o cria é resolver parte do
problema.

Agir na área de intervenção social não pode ser apenas


atribuir subsídios a associações que resolvem localmente
alguns problemas. O IPJ, regionalmente pode ter papéis
intervenientes se for mais activo e mais conhecedor dos
próprios problemas locais. Cada delegação deveria
construir uma espécie de monografia que caracterizasse a
zona, visto que os problemas são diferenciados. Promover e
valorizar os voluntários pode ser uma forma de resolver
muitos desses problemas.
A troca de experiências entre pessoas que trabalham nas
mesmas áreas e a divulgação do trabalho que se faz é
importante. Ouvir e conhecer as realidades ajuda-nos a
compreendê-las.
As escolas são excelentes meios para o fazer.
Vejamos um breve exemplo. Uma associação de estudantes
universitários decide ter uma forte intervenção social.
Muitos estudantes eram roubados pelos marginais (alguns
bem jovens) que se movimentam na zona. Policiar a zona
não resolve qualquer problema, afasta-os dali, leva-os para
outra qualquer zona. Um grupo de estudantes resolve ir
para a rua jogar à bola. Os marginais aproximam-se pouco
a pouco. Os estudantes vão-lhes passando a bola, os
marginais aderem. O acto torna-se frequente. À medida que
o tempo passa constituem-se equipas. Combinam-se jogos.
Tornam-se companheiros e amigos. Algum tempo depois já
os marginais se dirigem à Universidade para se
encontrarem com os amigos. São todos jovens-sem-abrigo.
Recebem roupa e algumas refeições quentes. Falam entre
si dos seus problemas. Alguns estudaram, quase concluíram
cursos mas a rua perdeu-os de si próprios... São
socialmente irrecuperáveis? Não, é uma questão de
caminhar lentamente...
Ouvi-los, pô-los a falar de si próprios é uma boa prática
para qualquer público... e há formas de o fazer...
HIPÓTESES DE TRABALHOS A DESENVOLVER NA ÁREA DE
INTERVENÇÃO SOCIAL

ÁREA DO DESPORTO- Apoio a atletas com deficiência


Estabelecimento de eventuais contactos com os responsáveis
para a criação de parcerias que permitam o apoio e a
divulgação das actividades destes desportistas,
nomeadamente através da utilização de voluntários

MINORIAS ÉTNICAS E IMIGRANTES


Elaborar um estudo que permitisse ao IPJ ter dados de
percentagens de jovens da sua faixa etária de intervenção,
nas diferentes comunidades: africanos, ciganos, provindos do
leste. Promover a sua integração e inclui-los dessa forma na
política de Juventude a estabelecer pelo Governo

EXCLUSÃO SOCIAL
Programa de intervenção nas cadeias portuguesas para
jovens. Criar projectos de voluntariado dentro das próprias
cadeias. Fomentar o aumento de escolaridade desses jovens.
Promover exposições de pintura ou algo relacionado com as
artes entre esses jovens, permitindo a sua inclusão na
sociedade.

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