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Educar na biologia do amor e da solidariedade

Marcinéia Oliveira
Consultora de RH
www.innersmart.com.br

O livro Educar na biologia do amor e da solidariedade – escrito por Maria Cândida


Moraes – Editora Vozes, e escrevêssemos sobre o assunto.

Analisando o processo de educar e aprender, refleti sobre todos os professores que


tive na vida. Alguns deixaram marcas positivas e outros não. Mas, muitos deles me
ajudaram a ser quem eu sou hoje, marcaram muito.

Se o educador não for capaz de despertar e chamar a atenção do educando, este


processo será inválido.O papel do educador é extenso, além de despertar e chamar a
atenção do seu aluno, é preciso ajudá-lo a refletir sobre sua própria atuação e
seu papel.Além de dar uma razão lógica para isso é preciso, que seja feito não de
maneira autoritária, mas com amor.

Lendo o texto que mencionei no início , passei a avaliar todos os professores que
tive e veio na minha mente uma fase da minha infância que me ensinou muito. A
maioria dos meus alunos e colegas sabem que tenho orgulho de ser Mineira, nasci em
uma fazenda no interior de Ouro Fino, a terra do Menino da Porteira.

Pois bem, quando eu tinha cerca de oito anos de idade ,eu cursava, a então chamada
terceira série primária. No último dia de aula, todos estavam animados para as
férias , não conseguiam conter a euforia.

Por isso, nossa professora resolveu passar o tempo, perguntou a todos o que
iríamos fazer nas férias. Parece uma pergunta fácil de responder, mas para muitos
de nós era um momento muito triste, pois a maioria eram filhos dos empregados
das fazendas da região. Apenas os filhos dos fazendeiros da região, levantaram a
mão para responder um deles disse que iria conhecer o mar , a sala inteira
suspirou admirada. Uma coleguinha disse que iria visitar os avós, que moravam na
cidade próxima. Bem na minha vez, nem titubiei, respondi muito animada que iria
trabalhar junto com meu pai. Alguns de meus colegas riram muito, mas eu nem ligava
para os deboches, nada daquilo me incomodava porque eu havia passado o semestre
todo esperando por isso.

Meus colegas riram porque meu pai não era médico, nem advogado, e muito menos
sabia ler. Este descendente de italiano trabalhava como meeiro em uma fazenda de
café. Suas atribuições, falando agora como consultora de RH, envolvia cuidar do
cafezal, manter a lavoura sempre limpa, capinar, e o mais importante era a
colheita. Nesta época ele contratava muitas pessoas para ajudá-lo, era época mais
animada da roça. Sua responsabilidade dobrava era preciso não só coordenar o
trabalho de todos, mas cuidar para que a colheita fosse armazenada corretamente.

No primeiro dia de minhas férias, acordei quando o galo cantou, pulei da cama numa
agilidade tamanha, que meu pai se espantou, visto que eu que sempre dava trabalho
para acordar cedo. Tomei minha caneca de leite com café tão rápido que nem senti o
gosto. Levantei da mesa correndo para me arrumar, se é que podemos chamar assim,
na verdade coloquei uma calça de moletom bem velha, uma meia rasgada e calcei uma
conga vermelha.Que visual terrível.

"To pronta" gritei para meu pai. Acabei acordando minha mãe, que ficou brava
comigo. Ela disse que parecia que eu estava indo para um parque de diversão, que
não dava meia hora para eu voltar correndo. Eu nem liguei , estava cheia de
curiosidade. Talvez você esteja se questionando o porquê de tanta alegria.

Bem, todo dia quando o sol começa a ir embora, meu pai chegava do trabalho. Eu
ficava esperando ele no
portão, e sempre queria saber como foi o seu dia. Muito paciente, ele contava
tudo o que aconteceu em detalhes, falava dos pássaros lindos que viu, da aventura
que teve ao correr atrás de um tatu. A maneira simples porém animada que ele
falava despertou tanto interesse em mim que decidi ir trabalhar na colheita com
ele.

E lá estava eu pronto para o meu primeiro dia no trablaho do meu pai. Visto que
acordei minha mãe , ela ficou uma arara comigo. Meu pai então saiu puxando antes
que ela desistisse de me deixar ir.

E lá fomos nós, mas para chegarmos ao cafezal tínhamos que andar um pouco. Mas
nada importava , nem sentia a ladeira que subimos. Ao chegarmos lá, meu pai me
explicou como se plantava o café, falou dos cuidados no cultivo, sobre como os
grãos amadurecessem.

Fiquei atenta, meus olhos brilhavam com tanta informação, mas muitas dúvidas iam
surgindo,eu parecia uma maritaca, fazia inúmeras perguntas, e meu pai muito
paciente respondia a todas elas. A maneira amorosa e compassiva que um homem
simples, que mal sabia escrever seu nome, ensinava me comove até hoje.

Aos meus olhos, uma criança de oito anos de idade, meu pai tinha o melhor trabalho
que um ser humano poderia ter. Meu pai me apresentou aos colhedores de café, dos
quais muitos eu já conhecia. Fiquei feliz ao ouvi-lo dizer que tinha uma nova
profissional para ser treinada. Não podia conter a animação, me sentia uma
princesa, caminhando entre os pés de café, que eram tão altos, andava como se
desfilasse em uma passarela cheia de observadores, meu coração estava tão cheio de
esperanças e alegria, que o céu parecia mais azul, o cantar dos pássaros pareciam
as músicas maravilhosas que minha mãe ouvia na rádio Globo.
A minha motivação era aprender as técnicas profissionais da colheita do café ,
minha mente estava ansiosa por novidades. Ao ouvir meu pai dizer: "chegamos ao
nosso setor " , meu coração disparou, olhei para as fileiras de pés de café, que
na minha mente eram como os corredores enormes de uma fábrica que vi na revistas
que minha professora me deu.

Meu pai , não sabia nada sobre Maturama, muito menos sobre educar na biologia do
amor. Mas, ele sabia como abrir as portas para a motivação, sabia ensinar, teve a
capacidade de tornar um trabalho simples em algo especial. Sabia ensinar, lembro
como se fosse hoje das mãos dele deslizando nos galhos de café, e de sua maneira
bondosa ao explicar que o segredo não era força.
Após falar o que faríamos, ele demonstrou como deveria ser feito e como um perito
em ensinar, deixou que sua aprendiz tentasse fazer o mesmo, minha mão não era
calejada como a de meu pai, logo que fiz o primeiro ramo, senti que iria machucar.
Preocupado com sua aprendiz, ele enrolou um pano na minha mão, e me mandou avaliar
se seria melhor, mesmo com tanta ajuda e carinho eu não conseguia ser bem sucedida
na minha tarefa, os pés de café eram altos demais, eu só cosneguia colher na parte
baixa, mas meu pai ficou com medo que eu fosse picada por uma cobra , ai sugeriu
algo que me animou ainda mais.

Ele disse "Filha, aqui no nosso trabalho, tem muitas coisas para fazer, além de
colher café, é preciso vigiar para ver se o trabalho esta sendo bem feito. Pensei
em colocar você para fazer isso . O que você acha?" Antes que ele terminasse de
falar , eu disse que aceitava. Radiante com a mudança de função, perguntei o que
eu deveria fazer.
Indo em direção a uma senhora, que colhia café ao nosso lado, ele mostrou que sem
querer ela deixara alguns grãos. Eu deveria ver isso e pedir que ela prestasse
mais atenção. Super motivada, comecei a olhar com cuidado e vigiar a todos. Mas,
rapidamente me senti inútil, porque eles não deixavam praticamente nada. Depois de
um tempo, voltei até meu pai e falei que não queria aquela tarefa, queria voltar a
colher pois me sentiria útil.

Mas como hábil professor ele sabia ensinar e motivar, ele disse:"Filha, sua tarefa
não é inútil . Na verdade seu trabalho é muito importante, você tem que
supervisionar a todos nós. Por que se cada pessoa deixar uns 10 grãos em cada
árvore, no final teremos deixado quase mil grãos, e no final da colheita uns 100
mil, isso é quase 5 sacas grande de café, é prejuízo para nós, porque o lucro da
metade disso é nosso. Você será nossa fiscal".

Nunca soube se aqueles números eram reais, mas não me importava em nada. Foi o
bastante para me ensinar o valor de ter um supervisor verificando a realização das
tarefas. Extremamente empolgada andava entre os colhedores, com um sorisso de
orelha a orelha. Havia homens, mulheres, jovens e eu me sentia um xerife entre
eles, uma autoridade. Afinal, meu pai era o chefe e eu a supervisora de todos ali,
com uma importante missão.

Cumprindo minha tarefa ,checava com cuidado quem estava deixando os grãos, corria
por todo lado, ao som dos assovios do pessoal e das músicas de João Mineiro e
Marciano, lembro um trecho de uma delas " ainda ontem chorei de saudade, relendo a
carta ...".

Quase perto do almoço fui perdendo o interesse na minha função. Disfarçando voltei
para perto do meu pai, que logo de cara me perguntou se eu estava gostando da
tarefa, cabisbaixa disse que sim. Mas, como bom instrutor ele percebeu no meu tom
de voz que eu já tinha desanimado.

Em toda sua simplicidade e com amor, ele me perguntou se eu sabia porque todos
estavam trabalhando muito bem e super motivados. Balançando a cabeça como sinal de
não, olhei para ele desanimada.

Desempenhando o papel de professor, ele me ajudou a refletir sobre as minhas


atividades e ver que a maneira como eu me encaixava naquela situação. Explicou
que graças a minha supervisão, e por causa da minha alegria, todos estavam
animandos. "Eles até estão cantando mais animados". Me contou que quando eu
elogiei a dona Josefa, ela passou a colher mais rápido. O seu José começou
assoviar quando eu o elogiei.

No livro Educar na biologia do amor e da solidariedade, destaca que a tarefa


escolar envolve criar condições para que o aprendiz amplie sua capacidade de ação
e reflexão no mundo onde vive, e foi isso que meu pai fez .Ele foi um professor
que sabia a importância de ensinar com amor, teve a capacidade de transformar uma
atividade sem sentido em algo extremamente prazeroso.

Obviamente, ele nem de longe tinha conhecimento de que os professores precisam


criar condições operacionais necessárias para que os seus alunos possam aprender.
Nem muito menos sabia da grande importância que tem a convivência harmoniosa e
sadia, mas mesmo assim fazia tudo isso.

Para meu pai ensinar como colher café não envolvia só transmitir seu conhecimento.
Ensinar era algo criativo ele fazia com que eu ,na qualidade de sua aluna,
desejasse executar a tarefa. Não só mostrava o que deveria ser feito, mas o
porquê e a importância disso. Em toda sua vida simples, este homem analfabeto,
soube ensinar. Liderou por anos uma equipe grande, ensinou jovens o valor do
estudo, e o valor do trabalho.

Hoje, quer sejamos professores, quer sejamos instrutores em uma empresa, ou apenas
pais que desejam que seus filhos se tornem um ser humano bom, precisamos criar
condições para que os nossos alunos e aprendizes se sintam motivados a aprender.

A afim de que possamos tomar consciência dos sentimentos e emoções de nossos


alunos é preciso educar reconhecendo a totalidade do ser humano, assim como meu
pai fez. Hoje não consigo imaginar como ele poderia descrever e inspirar eu e meus
irmãos a trabalharem com ele em condições terríveis.

"a educação como "sistema educacional" configura um mundo, e os educando confirmam


em seu viver o mundo que viveram em sua educação. Os educadores, por sua vez,
confirmam o mundo que viveram ao serem educados no educar."(Maturana, 1999, p. 29)

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