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O documento discute a Carta de Veneza, um importante documento sobre preservação de patrimônio. Ele explica que a Carta estabelece princípios-guia em vez de regras rígidas e deve ser interpretada em seu contexto histórico. Também descreve as bases teóricas da Carta, incluindo o restauro crítico, e analisa diferentes abordagens à preservação, como a conservação integral.
O documento discute a Carta de Veneza, um importante documento sobre preservação de patrimônio. Ele explica que a Carta estabelece princípios-guia em vez de regras rígidas e deve ser interpretada em seu contexto histórico. Também descreve as bases teóricas da Carta, incluindo o restauro crítico, e analisa diferentes abordagens à preservação, como a conservação integral.
O documento discute a Carta de Veneza, um importante documento sobre preservação de patrimônio. Ele explica que a Carta estabelece princípios-guia em vez de regras rígidas e deve ser interpretada em seu contexto histórico. Também descreve as bases teóricas da Carta, incluindo o restauro crítico, e analisa diferentes abordagens à preservação, como a conservação integral.
Disciplina: Metodologia do projeto de restauro e legislao
Professor: Rosina Trevisan
Aluno: Wnia Souza Lima
Exerccio 4: Fichamento do texto: Notas sobre a carta de Veneza. KHL, Beatriz Mugayar. Notas sobre a Carta de Veneza. Anais do Museu Paulista: histria e cultura material, So Paulo, v. 18, p. 193-227, 2010
No trato de bens culturais, atualmente, so feitas menes, cada vez mais frequentes, s chamadas Cartas patrimoniais e, entre elas, a Carta de Veneza,... Analisar esses documentos de maneira fundamentada, para que se tenha um entendimento mais pleno de suas formulaes, atividade essencial para quem trabalha com preservao, sobretudo por serem textos concisos, que tm, em geral, carter indicativo e no constituem um receiturio a ser aplicado diretamente na prtica. (pg.288)
O papel das cartas patrimoniais nas organizaes internacionais de preservao
As cartas patrimoniais so fruto da discusso de um determinado momento. Antes de tudo, no tm a pretenso de ser um sistema terico desenvolvido de maneira extensa e com absoluto rigor, nem de expor toda a fundamentao terica do perodo. As cartas so documentos concisos e sintetizam os pontos a respeito dos quais foi possvel obter consenso, oferecendo indicaes de carter geral. Seu carter, portanto, indicativo ou, no mximo, prescritivo.(pg. 289)
As cartas em geral, e a Carta de Veneza em particular, no so um receiturio de utilizao fcil, nem de relao mecnica de causaefeito. Para poder utilizar suas proposies, que se equiparam a uma norma deontolgica, necessrio compreender sua natureza, as discusses que esto em sua base, os modos como suas indicaes foram apreendidas e incorporadas na prtica ao longo do tempo, e, assim, poder interpretar esses postulados de maneira fundamentada, com rigor metodolgico. (pg.289)
necessrio, ainda, ler o texto da Carta em sua inteireza, sempre; ou seja, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO PROARQ Programa de Ps-Graduao em Arquitetura
Mestrado Profissional em Projeto e Patrimnio interpretar seus artigos em relao ao conjunto das propostas contidas na Carta, e no retirar frases do contexto, desconsiderando o restante do documento, pois isso pode levar a concluses paradoxais. importante ter em mente, sempre, que a Carta contm uma srie de princpiosguia, ou diretrizes, o que algo muito diferente de regras e de um receiturio para a sua aplicao. Esses princpios devem ser reinterpretados, para cada caso particular de aplicao, em funo das colocaes gerais contidas na Carta e da discusso que a fundamenta, e no de maneira literal, restritiva e redutora. (pg.289)
A organizao do congresso, que deu origem Carta de Veneza, o prprio texto da Carta e, ainda, a criao do Icomos, fazem parte de um esforo cumulativo de vrias naes (e tambm de seus servios de preservao e de profissionais do campo) para estabelecer um sistema de cooperao internacional que auxiliasse na resoluo das numerosssimas questes envolvidas na preservao de bens culturais, de modo a enfrentlas com rigor metodolgico e coerncia de critrios e de princpios. (pg 290)
Cabe esclarecer, porm, uma confuso muito comum: falar das cartas patrimoniais como um conjunto homogneo de documentos. Sem fazer a necessria distino entre estes escritos, so colocadas num mesmo plano, por exemplo: a Carta de Atenas, de restaurao, de 1931; a Declarao de Nara sobre a Autenticidade, de 1994, do Icomos; as Normas de Quito, da Organizao dos Estados Americanos, de 1967; e a Carta e Declarao de Amsterd, do Conselho da Europa, de 1975. Claro est que todos so de enorme interesse, mas esto longe de constituir um conjunto coerente, existindo, entre eles, numerosas contradies justamente por serem elaborados em perodos distintos, por organismos e grupos diferentes, com finalidades diversas, tendo, portanto, intenes e repercusso bastante variadas , que devem ser devidamente pesadas e evidenciadas. (pg 291 e 292)
Ou seja, na viso de restauro, como enunciada a partir de finais dos oitocentos e reiterada na Carta de Veneza, no se volta a estado algum anterior;vaise em direo a uma conformao renovada, que respeita as fases precedentes e as prprias marcas da passagem do tempo. Notese tambm que,com base nas experincias do sculo XIX, reconstrues ao idntico (ou de uma fase anterior qualquer) no so aes admitidas no mbito da preservao; no mximo, so feitas anastiloses25. O carter de documento histrico dos bens culturais enfatizado e, por isso, tais bens no so reproduzveis e no devem ser desnaturados. Refazer um bem desaparecido equivale a falsificar um documento. (pg. 293)
Uma objeo comum Carta de Veneza, devida s suas vrias dcadas de existncia, considerl um documento ultrapassado, que teria sido substitudo por documentos posteriores do Icomos, como a Carta de Nara (que como visto, no carta, documento) e a Carta de Burra (que no referendada pela Assembleia Geral). Alm dos evidentes equvocos factuais, os documentos posteriores do Icomos no se colocam como substitutivos, mas como integrativos. Nenhuma outra carta foi feita ou aprovada para substituir a Carta de Veneza; no porque a instituio seja relapsa (basta seguir a numerosa produo cientfica e os debates sobre a Carta26), mas porque seus princpios so, ainda, considerados fundamentalmente vlidos para o trato de edifcios de interesse para a preservao, continuando a ser o documento base da instituio (pg. 293)
Carta de Veneza e suas bases tericas: formas de apreenso e atualidade
as propostas da Carta de Veneza so pautadas na viso conhecida como restauro crtico. O restauro crtico elabora uma releitura das propostas filiadas ao restauro filolgico, de Boito e Giovannoni, consolidadas nas cartas dos anos 1930.
No restauro filolgico, era dada grande ateno aos aspectos documentais das obras e s marcas de sua passagem ao longo do tempo, respeitando as vrias fases; o intuito no era, de modo algum, voltar a um suposto estado original. Se houvesse necessidade de inserir novos elementos, deveriam ser diferenciados da obra como estratificada, para no induzir o observador ao engano de confundir a interveno com a obra (em alguma de suas etapas)... O restauro filolgico, porm, mostrou certos limites, que ficaram evidentes com as devastaes geradas pela Segunda Guerra Mundial. Mostrouse insuficiente consideraremse tos as questes documentais da obra, no trabalhando, conjuntamente, com meios conceituais mais elaborados para lidar com seus aspectos de conformao e figurativos, assim como tratar lacunas (pictricas, escultricas, arquitetnicas, urbanas) atravs de neutros. (pg. 295)
... o restauro crtico, ao mesmo tempo em que acolhe os princpios fundamentais do restauro filolgico de respeito pelas vrias estratificaes do bem e de diferenciar a ao contempornea , tambm os associa ao tratamento da dimenso formal das obras, trazendo para a discusso teorias estticas e questes relacionadas percepo prprias da primeira metade do sculo XX. postura inovadora por considerar as dimenses formal e documental concomitantemente, atravs duma relao dialtica. (pg.295)
A Carta de Veneza herdeira direta do restauro crtico e, indiretamente, tambm da teoria brandiana. (pg. 295)
. Os preceitos tericos da restaurao que guiam o modo de intervir em bens de interesse cultural so relacionados diretamente com aquilo que motiva a preservao. (pg.296)
Nas atuais discusses sobre o tema (em mbito italiano, onde a discusso terica associada de modo mais evidente s aes prticas),verificamse trs tendncias principais: a crticoconservativa, herdeira direta do restauro crtico e da teoria brandiana; a conservao integral; e a hipermanuteno repristinao (pg.298)
Na conservao integral, a instncia histrica privilegiada e no interage com a instncia esttica atravs da dialtica, pois a conformao do bem entendida como decorrente da passagem do objeto pelo tempo, e, portanto, a matria deve ser preservada tal qual chegou aos dias de hoje. Uma ao como a remoo de adies (como prevista no artigo 11da Carta de Veneza), por exemplo, no preconizvel. (pg.298)
Para o restauro crticoconservativo, as instncias esttica e histrica so analisadas do ponto de vista metodolgico, interagindo atravs de dialtica, mas no so destacveis so aspectos coexistentes e paritrios. (pg.298)
A conservao integral parte de releituras, da historiografia, que questionam a existncia de testemunhos mais relevantes do que outros para a histria. Para hierarquizar remanescentes do passado, seria necessrio um conhecimento total da histria, inquestionvel ao longo do tempo, algo negado pela reflexo historiogrfica. Juzos de valor so relativos, e o conhecimento do passado limitado e, sempre, uma construo do presente. Por no existir juzo crtico infalvel, no se deveria julgar. O documento deve, portanto, ser preservado em sua integridade, mesmo que a configurao da obra seja conflituosa. (pg. 298 e 299)
Na vertente crticoconservativa, o juzo deve ser necessariamente baseado na historiografia e na esttica, para ser de fato juzo fundamentado e no ato arbitrrio, com plena conscincia de que qualquer ao fruto do presente e sua pertinncia relativa; em relao ao restauro crtico, em funo do alargamento do que considerado bem cultural, essa tendncia mais prudente, mais conservativa, atribuindo interesse a testemunhos mais variados do que os aceitos nos anos 1960. (pg. 299)
... o valor nouniversal da Carta ocupava as reflexes de Lemaire em seus ltimos anos, e analisado a seguir, procurando evidenciar que a Carta continua, sim, vlida para guiar intervenes em monumentos histricos, mas no vlida para todo e qualquer monumento. (pg.300)
necessrio recordar que, por monumento histrico, no se deve entender obra grandiosa de valor artstico e histrico excepcional (como foi frequente no sculo XIX), mas, sim, como propem variados autores na atualidade, qualquer artefato que adquiriu significao cultural com o tempo, algo mais relacionado ao seu sentido etimolgico e s propostas de Riegl. (pg.301)
A Unesco, em busca de postura mais inclusiva e na tentativa de acolher uma maior diversidade de manifestaes culturais na lista do Patrimnio Mundial, vem reformulando suas Diretrizes Operacionais. Para ser inscrito na lista, continua exigindo que o bem tenha valor universal excepcional (outstanding universal value), analisado segundo critrios de autenticidade e de integridade. A autenticidade de um bem depende dos seguintes atributos: forma e desenho;materiais e substncia; uso e funo; tradies, tcnicas e sistemas; localizao e espao; lngua e outras formas de patrimnio intangvel; esprito e sentimento; e outros fatores externos e internos62. Do ponto de vista operacional, esses critrios so complexos e pouco claros, por continuarem a aterse palavra autenticidade complexidade atestada pela lista ter, desde seus incios, falsos confessos, como o Centro de Qubec e por continuarem a assimilar e confundir monumento e monumento histrico. (pg.302)
O excepcional caso de Varsvia admitido com justeza na lista do patrimnio mundial (apesar de contrariar os critrios de autenticidade estabelecidos pela Unesco, em vigor quando da inscrio), por ser um esforo descomunal de um grupo social para recuperar sua face devastada pelo conflito armado. O que foi reconhecido pela Unesco foi o empenho sem precedentes para reconstituir uma identidade, no o valor dos edifcios em si. ... A resposta excepcional, em Varsvia, veio de uma situao sem precedentes, em que outra ordem de razes em especial as de cunho psicossocial sobrepese quelas culturais, que regem o campo da restaurao, e que, numa situao regular, deveriam predominar. (pg. 302 e 303).
A Carta comentada
O exerccio feito a seguir comentar determinados pontos da Carta, retomando seus artigos e remetendo a uma bibliografia pertinente, com intuito de interpretar suas colocaes. A inteno no esgotar a discusso, mas, principalmente, esclarecer alguns equvocos e lanar bases para debates ulteriores, oferecendo uma viso mais alargada, e no restritiva, do documento, para que possa ser reinterpretado na atualidade. ( pg. 304) - Para a carta comentada ver da pagina 305 a 316.
Consideraes:
As cartas patrimoniais, principalmente a carta de Veneza apesar de muito citadas no so interpretadas corretamente na maioria das vezes. As cartas so documentos concisos e oferecem indicaes de carter geral. Acreditar que elas propem regras e no indicaes um erro. necessrio observar esses documentos de maneira integral, e no apenas trechos. Na interpretao das mesmas devem ser considerados tambm o perodo histrico em que foram escritas e o caso individual e particular da obra em que sero utilizadas. A reinterpretao desses princpios de maneira literal e restritiva poderia incorrer em concluses paradoxais. A anlise fundamentada de tais documentos, com o entendimento pleno destas fundamental ao profissional de preservao. Outro ponto de discrdia o fato da carta de Veneza ser considerada por muitos como ultrapassada, sendo substituda por documentos posteriores. Segundo o Icomos, nenhuma carta ou documento foi feito ou aprovado em substituio a esta. Os documentos realizados posteriormente carta de Veneza se apresentam como integrativos a este documento, j que seus princpios so, ainda, considerados fundamentalmente vlidos para o trato de edifcios de interesse para a preservao, continuando a ser o documento base da instituio.