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1. Introdução
Indiscutivelmente, a necessidade de estar entre pessoas que compartilhem o mesmo
objetivo e nutram o desejo de mover-se pelo alcance de resultados positivos é
característica nata do homem como ser dotado de capacidade de decisão. Esses aspectos
impulsionam o surgimento de organizações, que, do nascimento à morte, absorvem o
tempo humano, dado que as atividades realizadas pelo homem, bem como aspectos
gerais de vida são concretizados nestas [HALL, 2004].
No entanto, o pensar físico a respeito do que compreende a noção organizacional tem se
modificado. Com a ampliação dos espaços de aprendizagem, novos mecanismos de
difusão do conhecimento têm se apresentado vantajosos num mundo em que o tempo
disponível para ida ao Centro de Formação é cada vez mais raro. Compreenda-se aqui o
termo Centro de Formação como qualquer instituição voltada a capacitar indivíduos
para a realização de atividades diversas, culturais ou profissionais.
Essa permissividade do saber, observada nos dias atuais, reacende a ideia de mudança
social, que, conforme Hall (2004), ocorre a partir do momento em que, por exemplo,
uma Instituição de Ensino Superior – IES – passa a oferecer um curso de graduação em
um local que antes não possuía. A universidade, deste modo, influencia a sociedade e
essa parte da sociedade atingida passa a influenciar os demais membros. Neste contexto
de compreensão sobre a noção e conceito organizacional, uma nova organização foi
criada no intuito de atender necessidades sociais, através do projeto Universidade
Aberta do Brasil – UAB, na tentativa de democratização do acesso às universidades,
pelo Ministério da Educação, sob a exigência de serem oferecidos cursos de nível
superior a distância, com qualidade.
No entanto, não importa investir em conhecimento, pois o fator motivação precisa estar
presente em nível de maior destaque. As razões de empenhar-se pela realização de algo
estão presentes em tudo o que se move por instinto humano. Nasce-se em organizações
e as tais estão presentes em toda a vida racional terrestre, no entanto, enquanto os
motivos estiverem omissos a quem deve executar qualquer que seja a operação, os
resultados podem estar comprometidos, uma vez que o indivíduo ainda não enxerga o
porquê de fazer o que faz. Numa IES não ocorre de modo diferente, os motivos,
segundo Abbad (2006) podem residir no próprio aluno, por características que lhe sejam
particulares, ou ainda intrínsecas ao curso.
É por compreender que o comportamento humano é condicionado pela vontade de
realizar a ação e que a ausência desta anterior ocasiona perdas, que os objetivos deste
trabalho foram estabelecidos. A evasão é, certamente, um dos problemas que afligem as
instituições de ensino em geral. A busca de suas causas tem sido objeto de trabalhos e
pesquisas educacionais. Sobre o tema, cabe ressaltar que se trata de problema
internacional e afeta o resultado dos sistemas educacionais. As perdas de estudantes que
iniciam e não terminam seus cursos são desperdícios sociais, acadêmicos e econômicos.
O presente trabalho, portanto, origina-se na busca de respostas às razões que levam um
aluno a deixar um curso de graduação. A fim de mais bem compreender os fatores que
levam à evasão dos alunos do curso de Administração presencial e modalidade a
distância de uma IES, foi realizado um estudo de caso com os alunos que iniciaram o
curso e não terminaram, considerando-se que a evasão pode ser medida em uma
instituição de ensino superior, em um curso, em uma área de conhecimento, ou ainda
em um período de oferta de cursos e em qualquer outro universo, desde que se tenha
acesso a dados e informações pertinentes. Optou-se por estudar a evasão no âmbito de
uma IES, a fim de analisar neste nível educacional o grande dilema da evasão.
A apresentação do artigo reparte-se em 6 seções, a contar com esta introdução. Nas que
seguem, são apresentadas, pela ordem: a fundamentação teórica, metodologia, análise e
apresentação dos resultados, considerações e referências bibliográficas.
2. Fundamentação teórica
O ensino a distância é algo bastante antigo. O que é novo é o desenvolvimento e a
adoção de tecnologias cada vez mais sofisticadas de comunicação. A primeira
tecnologia que permitiu o ensino a distância foi a escrita. A invenção da escrita
possibilitou que as pessoas escrevessem o que antes só podiam dizer e, assim, permitiu
o surgimento da primeira forma de ensino a distância: o ensino por correspondência. As
epístolas do Novo Testamento (destinadas a comunidades inteiras), que possuem nítido
caráter didático, são claros exemplos de Educação a Distância (EaD). Seu alcance,
entretanto, foi relativamente limitado – até que foram transformadas em livros. O livro
é, com certeza, a tecnologia mais importante nesta área antes do aparecimento das
modernas tecnologias eletrônicas, especialmente as digitais. EaD é o ensino que ocorre
quando o docente e o discente (aquele a quem se ensina) estão separados (no tempo ou
no espaço). Obviamente, para que possa haver EaD, mesmo nesse sentido fundamental,
é necessário que ocorra a intervenção de alguma tecnologia. Mais recentemente, as
tecnologias de comunicação e telecomunicações, especialmente em sua versão digital,
ampliaram ainda mais o alcance e as possibilidades deste tipo de ensino [MAIA e
MEIRELLES, 2002; FARIA etal, 2006].
3. Metodologia
A pesquisa foi realizada em duas etapas: a primeira em busca de dados quantitativos,
com técnicas próprias da estatística descritiva e inferencial, pois estes são os mais
apropriados para a pesquisa-diagnóstico, que não busca explicar os achados; a segunda
etapa abordou uma pesquisa qualitativa. A pesquisa quantitativa é a mais apropriada
quando da necessidade de descoberta e classificação de relação entre variáveis, bem
como causalidades entre fenômenos.
Os dados para a pesquisa quantitativa para a modalidade presencial foram levantados
através do sistema acadêmico da UFAL e do banco de dados dos alunos no Núcleo de
Tecnologia da Informação da UFAL. Para a modalidade a distância, o levantamento dos
dados dos alunos foi feito através do sistema acadêmico da coordenação do curso de
administração modalidade a distância da UFAL – analisando desde o ingresso por
vestibular até a saída antes do término do curso – e os questionários aplicados e
entrevistas realizadas com os ex-alunos deste. Sendo possível desta maneira, contrastar
informações da trajetória dos ex-alunos no curso com os motivos que apresentaram, em
entrevista, para a saída do mesmo. O instrumento de coleta de dados (questionário) foi
composto de perguntas sócio-demográficas e de dimensões, e suas respectivas variáveis,
da evasão escolar. As variáveis das dimensões foram apresentadas em forma de
questionamento (o aluno escolhe uma ou mais alternativas de resposta) e de frases
afirmativas (o aluno se posiciona numa escala Likert, apontando seu grau de
concordância ou discordância com a afirmação).
A população do estudo foi composta por estudantes evadidos do Curso de
Administração da UFAL, nas modalidades presencial e a distância, a partir do segundo
semestre do ano de 2006 até o segundo semestre do ano de 2008. Na modalidade
presencial, foram descobertos 118 ex-alunos, sendo que, segundo os critérios para
evasão da UFAL, já mencionados anteriormente neste trabalho, 15 não puderam ser
considerados evadidos, reduzindo o universo de alunos evadidos para 103. Na
modalidade a distância foram arrolados 194 ex-alunos, destes, 51 são do Pólo de
Santana do Ipanema (27 da demanda social e 24 da demanda do Banco do Brasil), 33
são do Pólo de Porto Calvo (27 da demanda social e 6 alunos da demanda Banco do
Brasil) e 110 são do Pólo de Maceió.
Na modalidade presencial, do total de alunos a serem contatados (103 pessoas), 13
pessoas responderam (taxa de retorno de aproximadamente 12,6%); 14 pessoas
apresentaram uma impossibilidade de participação; 13 pessoas não têm nenhuma uma
forma de contato; 13 foram contatadas pelo e-mail fornecido, mas sem uma resposta; 12
não enviaram resposta do questionário; 13 não conseguiram contato, apesar de inúmeras
ligações terem sido feitas em diferentes horários, eles não se encontravam ou não
podiam atender; e 26 não foram contatados. Foram enviadas 43 cartas para os alunos
que disponibilizaram endereço, destas, 5 foram devolvidas pelos Correios, devido a
mudança ou endereço insuficiente, e apenas 2 foram respondidas.
O questionário aplicado é constituído de perguntas abertas, fechadas e formadas por
uma escala Likert (1 - não influenciou, 2 – influenciou pouco, 3 – influenciou muito, 4 –
influenciou de forma decisiva e 5 – não se aplica/não conhece), sendo as desta última
categoria, relacionadas às variáveis que influenciaram ou não a saída do indivíduo do
curso.
Como meio de tabulação, utilizou-se uma planilha eletrônica. Foram inseridas todas as
respostas dos questionários obtidos e partiu-se para o tratamento das pontuações dadas
nas questões de escala Likert. Primeiramente, somou-se todos os pontos (de 1 a 5)
dados para cada questão por cada um dos respondentes, obtendo-se um resultado parcial
de cada questão (obs.: não foram computados as notas 5, deixando-se, neste caso, um
espaço vazio, já que o respondente não pôde responder). A seguir, subtraiu-se deste
somatório parcial o número total de respondentes, de maneira a retirar da contagem
final as notas 1 – variáveis que não influenciaram a saída, para se ter a pontuação do
nível de influência para cada variável. As questões sócio-demográficas foram tratadas
estatisticamente de modo a identificar as respostas mais frequentes e formar o perfil do
aluno evadido. As demais questões abertas foram analisadas individualmente.
- Masculino - 25 a 29 anos
5. Considerações
Ex-alunos afirmaram, no instrumento de coleta de dados, que a sua participação no
curso teria sido mais ativa se este fosse presencial, alegando que a motivação por parte
do tutor teria influenciado na permanência no curso. Relataram, ainda, que teria sido
muito proveitoso se tivesse existido monitoria presencial, avaliaram os módulos
disponibilizados pelo curso como muito bons, com relação ao dia e horários de estudo e
os encontros presenciais; não acharam satisfatórios; sobre as expectativas do curso,
foram satisfatórias, entretanto não se identificou com o curso. A colocação dos fatores
relativos ao aluno resultou em: primeiro lugar, Falta de tempo para estudar; segundo
lugar, Problemas profissionais e Estar cursando paralelamente outro curso; em terceiro
lugar, Desconhecimento prévio a respeito do curso de administração; em quarto lugar,
Compreensão das matérias, Reprovação em mais de uma disciplina no mesmo semestre
e Relacionamento com o tutor; e em quinto lugar, Adaptação ao sistema universitário
em relação ao ensino médio, Carga horária semanal de trabalho e Influência familiar.
Propõe-se que estudos semelhantes ao aqui apresentados sejam realizados dentro de
contextos diferentes para que os resultados venham a ser confrontados e se tenha ao
dispor semelhanças e disparidades em diferentes organizações e especificidades.
8. Referências
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