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O prazer de ler pela voz dos

escritores
• Alexandre Honrado

O melhor do mundo, para mim, continua a ser... as histórias. As


que nos contam, as que inventamos, as que nos contam e que
misturamos com as que inventamos. Histórias.

in, Lágrimas quebradas


• António Alçada Baptista

Uma vez convidaram-me para ir à Faculdade de Letras onde


havia um colóquio sobre três poetas de que eu gostava muito e de
quem fui amigo: Vitorino Nemésio, Jorge de Sena e o Ruy Belo. Não
percebi nada do que disseram sobre eles. Falaram-me no transtexto,
no metatexto, no hipertexto e a poesia daqueles meus saudosos
amigos ficou inteiramente fora da minha compreensão.
in, A cor dos dias
• Carlos Luís Záfon
(...) - Este lugar é um mistério, Daniel, um santuário. Cada livro,
cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma
dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um
livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas
páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte.(...) Quando uma
biblioteca desaparece, quando uma livraria fecha as suas portas,
quando um livro se perde no esquecimento, os que conhecemos este
lugar,os guardiães,asseguramo-nos de que chegue aqui.Neste lugar,
os livros de que já ninguém se lembra, os livros que se perderam no
tempo, vivem para sempre, esperando chegar um dia às mãos de um
novo leitor, de um novo espírito. Na loja nós vendemo-los e
compramo-los, mas na realidade os livros não têm dono. (...).
in, A Sombra do Vento

• Eça de Queirós
E nem sei se depois adormeci - porque os meus pés, a que não
sentia nem o pisar nem o rumor, como se um vento brando me
levasse, continuam a tropeçar em livros num corredor apagado,
depois na areia do jardim que o luar branqueava, depois na Avenida
dos Campos Elísios, povoada e ruidosa como numa festa cívica. E, oh
portento! Todas as casas aos lados eram construídas com livros. Nos
ramos dos castanheiros ramalhavam folhas de livros. E os homens, as
finas damas, vestidos de papel impresso, com títulos nos dorsos,
mostravam em vez de rosto um livro aberto, a que a brisa lenta
virava docemente as folhas. Ao fundo, na Praça da Concórdia, avistei
uma escarpada montanha de livros, a que tentei trepar, arquejante,
ora enterrando a perna em flácidas camadas de versos, ora batendo
contra a lombada, dura como um calhau, de tomos de Exegese e
Crítica. (...) E assim ascendi ao Paraíso.
A Cidade e as Serras

O prazer da leitura é bem definido no poema Simplesmente ler da


professora Edith Chacon Theodoro
Simplesmente ler
Ler sempre.
Ler muito.
Ler quase tudo
Ler com os olhos, os ouvidos, com o tacto, pelos poros e demais
sentidos.
Ler com razão e sensibilidade.
Ler desejos, o tempo, o som do silêncio e do vento.
Ler imagens, paisagens, viagens.
Ler verdades e mentiras.
Ler para obter informações inquietantes, dor e prazer.
Ler o fracasso, o sucesso, o ilegível, o impensável, as entrelinhas.
Ler na escola, em casa, no campo, na estrada, em qualquer lugar.
Ler a vida e a morte.
Saber ser leitor tendo o direito de saber ler.
Ler simplesmente ler.

• Eugénio Lisboa
Em sentido muito real, as pessoas que leram boa literatura
viveram mais do que as pessoas que não sabem ler ou não se querem
dar ao trabalho de ler... Não é verdade que tenhamos uma só vida
para vivermos; se soubermos ler, poderemos viver tantas vida e
tantas variedades de vida quantas desejarmos.
Ler é transformarmo-nos de um em muitos - de singular em plural.
in, Diálogos com a literacia , org. Helena Cidade Moura

• Fernando Pessoa
Leio e estou liberto. Adquiro objectividade. Deixei de ser eu e
disperso. E o que leio, em vez de ser um trajo meu que mal vejo e por
vezes me pesa, é a grande clareza do mundo externo, toda ela
notável.
in, Livro do Desassossego. Bernardo Soares

• José Jorge Letria


Os livros são a metade dos sonhos que tu tens...
in, Ler, doce ler

O Pequeno Pintor sabe que os livros às vezes sabem muito mais


do que nós supomos que eles sabem. Abre o livro e viaja nele, como
se viajasse à proa de um barco enfeitado com fitas coloridas do mês
de Maio.
- Gosto que penses que sou um barco - diz-lhe o livro, balançando
para os lados como se fosse um barco a sério.
O Pequeno Pintor responde-lhe:
- Leva-me até ao fim das tuas páginas.
E o livro leva-o. Quando chega a uma baía sem nome, pára para
descansar. Poisa-lhe uma gaivota dentro das páginas e ele sente
cócegas e ri muito. Quando a história acaba, o Pequeno Pintor e o
livro aprenderam mais uma viagem.
in, O Pequeno Pintor sabe...
Os Livros
Apetece chamar-lhes irmãos,
Afagá-los com as mãos,
Abri-los de par em par,
Ver o Pinóquio a rir
E o D. Quixote a sonhar,
E a Alice do outro lado
Do espelho a inventar
Um mundo de assombros
Que dá gosto visitar.
Apetece chamar-lhes irmãos
E deixar brilhar os olhos
Nas páginas das suas mãos.
in, Pela casa fora...

• Jostein Gaarder e Klaus Hagerup

Se inventar coisas é mentir então, os escritores devem gostar


muito de mentir: ganham a vida a contar aldrabices e as pessoas
sentem-se felicíssimas por comprar as suas invenções. Aliás, muitas
pessoas até se inscrevem em associações para poderem receber
directamente as aldrabices na caixa de correio.
Eu acho que há pessoas que gostam de contar mentiras. E há outras
que gostam de as ouvir. Cada cidade, da maior à mais pequena,
possui um edifício que recolhe todas as aldrabices. Chama-se
biblioteca. Mas podiam muito bem ter-lhe chamado "laboratório de
aldrabices", ou outra coisa semelhante. O melhor nome em absoluto
teria sido " lugar reservado à conservação de factos e invenções..."
Um livro é um mundo mágico cheio de pequenos sinais, em que os
mortos podem regressar à vida e os vivos podem viver eternamente.
É incrível, fantástico e "mágico" que as letras do alfabeto possam
formar tantas combinações, capazes de encher enormes estantes de
livros e de escancarar-nos um mundo infindo, que continuará a
crescer e a expandir-se enquanto houver homens sobre a Terra.
in, A Biblioteca Mágica

• Haruki Murakami

"Decido matar o tempo que falta até ser noite e ir ler para uma
biblioteca. Desde pequeno que adoro passar horas e mais horas nas
salas de leitura das bibliotecas, por isso, antes de vir para Takamatsu,
tratei de reunir toda a informação acerca das bibliotecas que é
possível encontrar no centro e à volta da cidade. [...]
Costumo ir sempre à biblioteca pública depois das aulas. Mesmo nas
férias, é aí que me encontram. Devoro tudo e mais alguma coisa -
romances, biografias, livros sobre história, numa palavra, o que
estiver à mão de semear. Depois de ter passado em revista todos os
livros infantis, mudei para a secção seguinte, que é como quem diz,
às estantes de novidades e livros para adultos. Podia não entender
muita coisa que lá aparece escrita, mas lia-os sempre até à última
página.[...]
A biblioteca era a minha segunda casa. Ou, se calhar, até a minha
verdadeira casa." (p. 47)
In, Kafka à beira-mar
• Manuel Alegre

Li este livro com muito prazer, o que me acontece já só muito


raramente. Não sei se por ter desaprendido de ler, se por se encorajar
uma arte de escrita cujo principal objectivo parece ser o de aborrecer
ou desinteressar o leitor. Eu ouvi uma vez de um grande poeta latino-
americano o desabafo magnífico: "A literatura não é para chatear.
Quando um contemporâneo me chateia, volto a Homero para me
divertir.
in, A arte de marear
Nunca li muito em férias. As minhas memórias de Verão são
sobretudo memórias de amor, de mar, de rio, de pesca, de
campeonatos de natação. Mas em S. Pedro do Sul, no solar da minha
bisavó, onde costumava passar o mês de Setembro, havia um livro
que lia e relia sempre: O Marquês de Pombal, de António Campos
Júnior, numa edição grande, ilustrada. Eram as gravuras que me
fascinavam. (...)
Noutras férias, li O Amor de Perdição. Passei a vida a fazer de Simão e
a sair barra fora enquanto, de um mosteiro, na margem, um lenço me
acenava, ainda acena. Num certo Julho, em Anadia, li, com minha tia-
avó Maria do Carmo Sampaio, dois livros que para sempre me
marcaram: Cyrano de Bergerac e Frei Luís de Sousa. Estou sempre a
voltar de Álcacer Quibir, a apontar um retrato e a dizer: Ninguém.
Mas, para dizer toda a verdade, a grande personagem das férias de
Agosto, na minha infância, em Espinho, era o Texas Jack. Fartei-me de
cavalgar nas pradarias, montando num folgoso ginete chamado
Jumper.

in, A arte de marear


• Michel Tournier

Há um milagre de que sou testemunha e actor várias vezes ao


dia, e ao qual no entanto não me consigo habituar: é o milagre da
leitura. Pego num maço de folhas de papel enegrecidas de sinais.
Olho-as, e eis a maravilha: surgem no meu espírito senhores e belas
damas, um castelo, um parque admirável povoado de estátuas ou de
animais raros. Desenrolam-se histórias ofegantes, divertidas ou
comoventes, de tal modo que tenho dificuldade em reter os meus
arrepios, os meus risos ou as minhas lágrimas. E todas estas
aparições apenas têm como origem aquele papel enegrecido. Que
paradoxo!
Será que tais aparições não têm de facto outra origem a não ser
aquele papel enegrecido? Reflectindo bem, há lugar para dúvidas. E
então eu? EU, o leitor? É que esta fantasmagoria que se desdobra no
meu espírito graças ao milagre da leitura é tanto obra do meu espírito
como do próprio texto escrito. Sim, creio que um livro tem sempre
dois autores: aquele que o escreveu e aquele que o lê. Um livro
escrito, mas não lido, não chega verdadeiramente a existir. É um ser
virtual que se esgota no seu apelo ao leitor; tal qual uma semente
que perdidamente voa ao capricho do vento até que venha a tombar
num pedaço de boa terra onde poderá enfim tornar-se ela própria,
isto é: folha, flor e fruto.
in, Petites Proses
• Orphan Pamuk
I had read a book and all my life has changed.’’ This is a novel about
books and their magical effects which change our lives. The character who
devotes his whole life to the light spurted from the book he reads, runs after the
new life the book promises, enters into another life passing through doors which
open out on the one hand into the Life’s, the Unique Moments’, the Death’s, the
Writing’s, the Accident’s secrets and on the other into the childhood, comic
books, the appearance and disappearance of an angel, to Dante and to Rilke.

(Prémio Nobel da Literatura 2006)


Um dia li um livro e toda a minha vida mudou.
in, A Vida Nova

• Padre António Vieira

Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego


que guia, um morto que vive
• Umberto Eco
The Mysterious Flame of Queen Loana (2005)
Synopsis

Yambo, a sixty-ish rare book dealer who lives in Milan has suffered a loss of
memory; not the kind of memory neurologists call 'semantic' (Yambo remembers
all about Julius Caesar and can recite every poem he has ever read), but rather his
'autobiographical' memory: he no longer knows his own name, doesn't tecognize his
wife or his daughters, doesn't remember anything about his parents or his
childhood.

His wife, who is at his side as he slowly begins to recover, convinces him to return
to his family home in the hills somewhere between Milan and Turin. Yambo
promptly retreats to the sprawling attic, cluttered with boxes of newspapers, comics,
records, photo albums and adolescent diaries.

There, he relives the story of his generation: Mussolini, Catholic education and guilt, Josephine Baker,
Flash Gordon, Cyrano de Bergerac.

As he recovers his memory, two voids remain shrouded in fog: a terrible event he experienced during the
resistance, and the vague image of a girl whom he loved at sixteen, then lost. But a relapse occurs.

Now in a coma, his memories run wild, and life racing before his eyes takes the form of a graphic novel.
Yambo struggles through the frames to find at last the face of the girl he loves: she descends the stairs of
their high school and morphs into a Dante-esque promise (or threat) of the afterlife, as he struggles harder
to capture her simple, innocent, real-life image - the schoolgirl he never forgot.

Copiously illustrated throughout with images from comics, book jackets, record sleeves and other printed
ephemera, The Mysterious Flame is a fascinating and hugely entertaining new novel from the
incomparable Umberto Eco.

"- Tenho muitos livros. Desculpa, temos.


- Aqui estão cinco mil. E há sempre o imbecil do costume que entra e
diz quantos livros tem, leu-os todos?
- Normalmente, respondes: nenhum, de outro modo, por que os
guardaria aqui? O senhor porventura costuma guardar as latas de
conserva depois de as esvaziar? Os cinquenta mil que já li ofereci-os a
prisões e a hospitais. E o imbecil estremece."
in, A misteriosa chama da rainha Loana

• Vergílio Alberto Vieira


...Os segredos dum livro escondem encantos de fada..."
in, Os Livros dos outros

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