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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA 2 1

PROFESSOR MOZART FOSCHETE


“A arte de ensinar Economia de uma maneira simples, sem mistérios”.
De Maria Eulália, uma ex-aluna.

Aula 5: A ECONOMIA INTERTEMPORAL

Parte 3: A restrição orçamentária


intertemporal do governo e a
equivalência ricardiana
Observação: A Economia intertemporal, como já foi dito, é um tópico
uma tanto complexo e constituído de temas que exigem tratamento diferente. Foi
esta a razão que nos levou em separar o tópico em quatro tópicos distintos, pois,
apesar de se enquadrarem no título “Economia Intertemporal”, não guardam
relação um com o outro. Depois do tema dessa Aula 5, ainda teremos uma Parte 4
– que trata do modelo de crescimento de Solow – que , das quatro partes, é a que
tem maiores chances de cair na prova.
Voltamos a repetir que Economia Intertemporal se constitui, sem dúvida, na
parte mais “chata” do programa do concurso do AFRFB, principalmente para os
candidatos não economistas. A vida, também, não é feita só de flores, concorda?
Então, vamos lá.

1. Introdução

Como é sabido, as contas do setor público brasileiro


apresentam um déficit crônico de forma recorrente, um
fenômeno que vem ocorrendo desde meados dos anos 70 do
século passado. Para financiar ou cobrir este déficit, o governo
conta com quatro alternativas:
i) emissão monetária;
ii) tomada de empréstimos bancários;
iii) aumento da carga tributária; e,
iv) venda de títulos públicos.

A emissão monetária foi um mecanismo bastante utilizado


pelo governo ao longo dos anos 70/80, do século passado, mas
devido aos seus efeitos perversos sobre o processo inflacionário,
praticamente foi eliminado pela proibição constitucional de
1988. Mas, vale registrar que a emissão monetária destinada a
atender as necessidades da economia acaba se constituindo,
ainda, numa fonte de financiamento do déficit público. Este é
conhecido fenômeno da “senhoriagem”, bastante estudado em
Finanças Públicas.

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Da mesma forma, a tomada de empréstimos bancários,
também bastante utilizada em anos passados, hoje já não se
constitui em alternativa de financiamento do déficit graças a
inúmeros dispositivos legais que impedem que órgãos do
governo se endividem junto ao setor bancário.
Restaram como opções, então, o aumento da carga
tributária e a venda de títulos públicos – mecanismos que o
governo tem usado e abusado. A carga tributária no Brasil tem
crescido de forma sistemática ao longo das duas últimas
décadas, saltando de algo como 22% do final dos anos 70 para
algo em torno de 32% na virada do século e, segundo
estimativas recentes, já está atingindo cerca de 38% do PIB,
agora em 2005.
Para se ter uma idéia da magnitude desta taxa, basta dizer
que não existe paralelo em nenhum país de estágio de
desenvolvimento equivalente ao do Brasil. Na América Latina, os
países com maiores cargas tributárias são o México e a
Argentina, mas ambos giram em torno dos 20%-21% do PIB –
ou seja, praticamente a metade da taxa registrada no Brasil.
A venda de títulos públicos – outro mecanismo bastante
usado pelos sucessivos governos brasileiros para financiar o
déficit fiscal ou orçamentário - tem como principal resultado a
formação da chamada dívida interna pública (DIP) que, no caso
brasileiro, mercê dos elevados juros, tem crescido de forma
geométrica nos últimos 15 anos. Assim, por exemplo, em 1994,
quando se iniciou o Governo FHC, a DIP situava-se em torno de
R$ 64,0 bilhões; já em 2002, isto é, oito anos depois, quando
Lula assumiu o governo, aquela dívida havia se multiplicado por
10, situando-se em cerca de R$ 650,0 bilhões. Agora, dois anos
e meio depois, a dívida interna pública, situa-se em
aproximadamente R$ 1,0 trilhão!
Qual a principal implicação desta monstruosa dívida? A
resposta é muito simples e óbvia: uma despesa com juros que
supera, de longe, qualquer outro item da despesa
governamental. Com uma taxa média de juros incidente sobre a
DIP da ordem de 17% ao ano, a despesa anual do governo
federal com juros está projetada, este ano, para algo como R$
170,0 bilhões – o correspondente a um terço da arrecadação
tributária total do governo e equivalente a mais do dobro dos
gastos previstos com educação e saúde somados! Registre-se
que o volume dos juros devidos pelo governo é tão elevado que,
por maior que seja o “superávit primário”, não é suficiente para

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o pagamento daquele montante. Conseqüentemente, a
alternativa é a venda de mais títulos no mercado para pagar os
juros vencidos, elevando mais ainda a DIP.
Neste contexto, está, então, criado o círculo vicioso da
dívida pública: mais dívida leva a mais juros que leva a mais
dívida, e assim, sucessivamente.
Diante desse quadro um tanto desanimador, para não
dizer aterrador, o que deve ser feito? A resposta de qualquer
economista com um mínimo de sensatez é: redução dos gastos
públicos, via corte de gastos com pessoal, redução das
aposentadorias, dos gastos supérfluos, do empreguismo político,
das obras desnecessariamente suntuosas, e coisas do gênero.
Infelizmente, no entanto, tais cortes contrariam fortes
interesses de grupos com grande poder de pressão
(magistratura, procuradoria, auditores fiscais, militares e
assemelhados) – o que tem inviabilizado todas as tentativas e
esforços naquele sentido.
Feitas estas colocações, vamos analisar a chamada
“equivalência ricardiana” relativa às contas públicas. O objeto
desse tema é verificar a reação dos indivíduos – ou agentes
econômicos – diante do anúncio por parte do governo de que
vai cortar parte dos impostos, e que o eventual déficit público
daí derivado será financiado com empréstimos.

2. A visão tradicional da dívida do Governo

Suponha, apenas, para raciocinar, que o Governo,


pressionado por amplos setores da sociedade para reduzir a
carga tributária, decide efetuar um corte no nível dos impostos
da ordem de 20%. Antes, porém, de adotar esta medida,
resolve consultar a área econômica do Ministério da Fazenda
sobre os efeitos benéficos e maléficos de tal medida.
Para analisar os efeitos dessa mudança na política fiscal, no
curto e no longo prazo, e fornecer uma resposta técnica ao
Presidente, os economistas do Ministério da Fazenda recorrem
aos modelos keynesianos, ao modelo IS-LM, ao modelo Mundell-
Fleming, aos modelos de crescimento econômico e a outros que
constam dos manuais de macroeconomia.
Depois de muito analisarem e discutirem os efeitos da
redução dos impostos, à luz dos modelos macroeconômicos, a

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área econômica fornece a resposta ao Governo, mais ou menos
nas seguintes linhas:
“O corte dos impostos provoca, de imediato, um aumento na renda
pessoal disponível, aumentando, em conseqüência, os gastos de consumo
das famílias. Este aumento do consumo afeta a atividade econômica no
curto e no longo prazos.
No contexto do modelo de curto prazo da IS-LM, o aumento do consumo
se traduz num aumento da demanda agregada por bens e serviços,
provocando um aumento do produto (ou da renda) agregado e do emprego.
No entanto, mantida a oferta monetária atual, o aumento do produto e da
renda causa uma maior demanda por moeda para transações, elevando a
taxa de juros doméstica – o que desestimula o investimento mas, ao
mesmo tempo, estimula a entrada de capitais externos. Esta entrada de
capitais externos (dólares), aumenta o valor do Real em relação à moeda
americana (e, também, em relação às outras moedas. Com isso, as
exportações brasileiras perdem competitividade no mercado internacional,
ao mesmo tempo em que as nossas importações tenderão a se elevar.
A longo prazo, o corte fiscal reduz a poupança do governo e, daí, a
poupança interna se reduz também. Com conseqüência, os investimentos
domésticos se reduzem e o produto do país deve cair.
Quanto ao efeito do corte fiscal sobre o bem-estar da economia, vale
registrar que as gerações atuais se beneficiariam de um consumo maior e
de um emprego maior, ainda que talvez com inflação mais alta.
Certamente, as gerações futuras arcarão com grande parte do ônus dos
déficits orçamentários de hoje, pois sua herança será uma dívida pública
impagável.
Pelo exposto acima, a área econômica deste Ministério não recomendaria
a adoção desta medida. Sem mais para o momento, agradecemos a
confiança em nós depositada. a) Chefe da Coordenação Econômica.

Dias depois, o Chefe da Coordenação Econômica do Ministério


da Fazenda recebe do Chefe da Casa Civil da Presidência da
República a seguinte resposta:
“Prezado Chefe da Coordenação Econômica,
O governo recebeu sua análise sobre os efeitos de um eventual corte
dos impostos e achou que se trata de um documento sério e bem
elaborado. No entanto, ontem, um proeminente economista – que se
declarou “ricardiano” – em visita ao Palácio do Planalto, leu seu relatório e,
em seguida, prestou um longo depoimento às Chefias do Palácio, inclusive
com a presença do Sr. Presidente, e chegou a conclusões totalmente
diferentes daquelas que sua Coordenação Econômica apresentou. Entre
outras coisas, aquele economista declarou que o corte dos impostos não
estimularia o consumo das famílias e, sendo assim, o déficit orçamentário
não provocaria os efeitos maléficos apontados por vocês da Coordenação
Econômica.

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Deste modo, tendo por base a análise daquele economista “ricardiano”,
gostaria de comunicar a V.Sa. e à sua equipe que o governo levará adiante
a proposta do corte fiscal.
Atenciosamente,
J.D. – Secretário do Governo”.

3. A visão ricardiana da dívida do Governo

Como foi visto, pela visão tradicional da dívida do governo,


exposta pelo Chefe da Coordenação Econômica do Ministério da
Fazenda, quando o Governo reduz os impostos, provocando um
déficit orçamentário, os consumidores, ao perceberem que estão
recebendo uma renda maior, passarão a gastar mais.
No entanto, alguns teóricos da economia e das finanças
públicas, baseados na chamada equivalência ricardiana,
questionam estas conclusões “tradicionais”. Segundo esta
abordagem, os consumidores são mais previdentes do que
alguns supõem e, por isso, baseiam seus gastos não só na
renda presente, ma também na renda esperada no futuro.
Como será, então, o raciocínio deste consumidor previdente
diante de um eventual corte dos impostos? Para esse
consumidor, o corte de impostos provocará um déficit
orçamentário que terá de ser financiado com empréstimos.
Esses empréstimos gerarão despesas do governo maiores no
futuro, seja para pagar os juros desse empréstimo, seja para
quitar o próprio empréstimo. Essas despesas maiores no futuro
exigirão forçosamente um aumento nos impostos.
Ou seja, o corte dos impostos de hoje representa um
aumento dos impostos amanhã. Isso significa que o corte fiscal
proporciona a ele, hoje, um ganho de renda que é transitório e
que, eventualmente, lhe será tomado de volta amanhã. E se
assim é, não convém alterar seu consumo hoje para se
sacrificar amanhã!
Na verdade, o raciocínio que está por trás do comportamento
deste consumidor previdente é que a dívida atual do governo
equivale a impostos no futuro e os impostos futuros equivalem
aos impostos correntes. Portanto, financiar o governo com mais
dívida é o mesmo que financiá-lo com mais impostos. Essa é a
conhecida equivalência ricardiana – denominação esta devida a

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David Ricardo1 que foi o economista a tratar desse tema, no
século XIX.
Em outras palavras, a equivalência ricardiana argumenta que
um corte fiscal hoje, que gera um déficit orçamentário
financiado por dívida, deixa o consumo inalterado. Neste
contexto, as famílias prevenidamente deverão destinar à
poupança a renda extra obtida, visando pagar o aumento futuro
dos impostos conseqüente do corte fiscal de hoje. Esse aumento
da poupança privada compensa exatamente o decréscimo da
poupança pública fruto daquele corte nos impostos.
Ou seja, no frigir dos ovos, a poupança nacional – que
corresponde à soma da poupança pública mais a poupança
privada – permanece a mesma. Esta conclusão é, portanto,
bastante diferente daquela prevista pela visão tradicional.
Agora, vejamos um outro desdobramento do corte dos
impostos: suponha, por exemplo, que, ao cortar os impostos, o
governo deixa claro que pretende cortar também suas
despesas, reduzindo suas compras no futuro. Caso o
consumidor perceba que isso é um fato, ele acreditará que não
haverá aumento de impostos no futuro, e então se sentirá mais
rico e, nesta situação, ele aumenta seu consumo presente.
Mas, note-se que a aumento do consumo, nesta hipótese, se
deveu ao corte dos gastos do governo e , não, ao corte nos
impostos. Em outras palavras, caso o governo anunciasse uma
redução futura das suas compras, o consumo aumentaria hoje,
mesmo que os impostos atuais permanecessem inalterados, já
que isso implicaria impostos mais baixos amanhã.

4. As bases da equivalência Ricardiana – uma


síntese

De todo o raciocínio exposto acima pode-se deduzir que o a


teoria da equivalência Ricardiana está embasada em três
argumentos principais:
i) Primeiro, os agentes econômicos tomam suas
decisões no presente olhando para o futuro. Este
futuro pode ser bastante longo, extrapolando para
1
David Ricardo foi, sem dúvida, um dos economistas (clássicos) mais brilhantes do século XIX, hábil
negociador e aplicador na Bolsa de Valores onde, ao que consta, ficou rico. É autor, entre outros, da
conhecida Teoria das Vantagens comparativas que, por longos e longos anos, orientou o comércio em
todos os países.

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outras gerações, mostrando uma certa
preocupação com os próprios descendentes da
atual geração e com seu bem-estar. Portanto, pela
teoria da equivalência ricardiana, não há razão
para os agentes econômicos alterarem seu nível
de consumo presente em razão de eventuais
reduções de impostos e aumento do déficit
público, porque isso terá repercussões nas
próximas gerações;
ii) Segundo, o setor público defronta-se com uma
restrição orçamentária intertemporal que precisa
ser atendida. Mas, o governo, como qualquer
outro agente econômico, não pode acumular
dívida indefinidamente. Assim, menor carga
tributária hoje significa maiores impostos amanhã.
Em conclusão, os agentes econômicos não
definem seu consumo pelo nível dos impostos
vigentes, mas pelo valor presente desses
impostos.
iii) Terceiro, a teoria da equivalência ricardiana se
apóia na hipótese da renda permanente, ou seja,
as famílias tomam decisões quanto ao nível de seu
consumo tendo por base sua renda permanente, e
não sua atual renda disponível. Como já vimos na
Aula 3, a renda permanente é definida como o
valor presente esperado dos rendimentos líquidos
(descontados os impostos). Portanto, flutuações
abaixo ou acima do valor presente dos impostos
alteram a renda disponível das famílias, mas não
interferem em sua trajetória de consumo.

5. Contraargumentos da visão tradicional

Pelo que foi visto acima, a essência da equivalência ricardiana


reside na crença de que as pessoas, quando decidem consumir,
avaliam racionalmente os impostos futuros, conseqüentes do
endividamento do governo hoje. Ou seja, na visão ricardiana, as
pessoas têm considerável conhecimento do que se passa e uma
ótima previsão do que ocorrerá no futuro.
Mas, até que ponto os consumidores são assim tão
previdentes? Na visão tradicional da dívida governamental, a

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perspectiva de impostos futuros não tem uma influência tão
grande no consumo atual, como sugere a visão ricardiana.
Esses “tradicionalistas” apresentam três argumentos
contrários à visão ricardiana: primeiro, eles argumentam que as
pessoas são “míopes”, sendo incapazes de compreenderem
plenamente as implicações dos déficits orçamentários do
governo. Nesta hipótese, um corte fiscal financiado, hoje, por
endividamento, levará esta pessoa a acreditar que sua renda
permanente aumentou, mesmo que isso não tenha ocorrido. Daí
afirmarem que o corte fiscal levará a um consumo maior hoje e
a uma poupança nacional menor.
Um segundo argumento dos tradicionalistas pode ser descrito
assim: a visão ricardiana da dívida do governo parte do
pressuposto de que os consumidores baseiam seu consumo não
apenas na renda presente, mas também na renda permanente,
que inclui não só a renda atual mas também a renda esperada
no futuro. Neste raciocínio, um corte fiscal financiado por
endividamento aumenta a renda atual, mas não altera a renda
nem o consumo permanente. No entanto, os defensores da
visão tradicional da dívida do governo argumentam que a renda
atual é mais importante do que a renda permanente para os
consumidores, especialmente levando-se em conta que os
consumidores enfrentam restrições para contrair empréstimos.
Ora, uma pessoa que deseje consumir mais do que sua
renda atual permanente – talvez porque espera uma renda
maior no futuro – só precisa tomar emprestado. Mas, se ela não
pode tomar empréstimo para financiar seus consumo ou se só
pode tomar emprestado uma quantia limitada, a renda atual
determina seu nível de gasto – independentemente de qual é a
sua renda permanente. Nesse caso, um corte fiscal financiado
por dívida do governo aumenta, sim, a renda atual e, em
conseqüência, aumenta também o consumo, mesmo que a
renda futura seja mais baixa. Em outras palavras, este corte de
impostos funciona, para o consumidor, como um empréstimo
que o governo lhe faz e este empréstimo deverá ser pago no
futuro com aumento dos impostos. E se assim é, o corte fiscal,
ao contrário do que afirma a visão ricardiana, amplia, sim, o
consumo presente
. Além da miopia e das restrições aos empréstimos, os teóricos
da visão tradicional da dívida do governo argumentam, mais,
que os consumidores esperam que os impostos futuros maiores

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recairão não só sobre eles, mas também sobre as gerações
futuras.
Vejamos um exemplo de tal situação: suponha que o
governo corte impostos hoje e, para compensar, emita títulos
com prazo de 30 anos e, ao encerrar este prazo, aumente os
impostos para pagar os títulos. Nesse caso, dívida hoje do
governo representa uma transferência de riqueza da próxima
geração de contribuintes – que vai ter de pagar aqueles
impostos – para a geração atual de contribuintes (que recebeu o
aumento de renda fruto do corte dos impostos). Ou seja, um
corte fiscal financiado com dívida estimula o consumo pois
propicia à atual geração a chance de consumir às custa da
próxima geração.

6. Algumas conclusões

De tudo o que se disse acima pode-se concluir que o debate


sobre a dívida do governo é, na verdade, um debate sobre o
comportamento do consumidor.
A equivalência ricardiana pressupõe que os consumidores são
previdentes e não aumentarão seu consumo de imediato
quando houver um corte dos impostos, pois julgam que, mais
cedo ou mais tarde, virão novos impostos para pagar o
conseqüente endividamento do governo. Nesta visão, os
consumidores tenderão a poupar a renda extra que obtiveram
com o corte dos impostos com o objetivo de poderem pagar os
impostos de amanhã.
Já a visão tradicional acredita que os consumidores, por uma
série de razões – seja porque são míopes e não compreendem
os efeitos de um déficit orçamentário, seja porque sofrem
restrições quanto à possibilidade de contraírem empréstimos,
ou, ainda, seja porque acreditam que os impostos de amanhã
recairão sobre um maior número de indivíduos – optam por
aumentar seu consumo presente sempre que houver um corte
de impostos que aumente sua renda disponível.
De qualquer forma, a conclusão desse debate acerca da
validade da teoria da equivalência Ricardiana não deve assumir
posições extremas. De um lado, muito economistas acreditam
que a equivalência ricardiana é uma mera construção teórica e
de pouco interesse como mecanismo orientador das políticas
econômicas. De outro lado, há aqueles economistas que,

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mesmo reconhecendo as limitações desta teoria, acreditam
fortemente que ela representa uma boa aproximação da
realidade.
É difícil tomar partido nesse debate. De qualquer forma, se a
visão tradicional da dívida pública estiver correta, palmas para a
análise do Coordenador da Área Econômica do Ministério da
Fazenda. Sua interpretação dos efeitos do corte dos impostos
estava correta. E o Palácio com suas Chefias míopes que pague
o “pato” do corte dos impostos!
______________
Bibliografia consultada:
-Esta Aula 5 foi inteiramente embasada, com as devidas adaptações e
reduções nas seguintes duas obras:
1. Rezende, F. – Finanças Públicas – 2ª Edição, Editora Atlas,
S.Paulo, 2001.
2. Mankiw, N.G. – Macroeconomia – 5ª edição, Editora LTC,
R.Janeiro, 2004.

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