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Resenha:

ASPECTOS LINGUISTÍCOS DA TRADUÇÃO E A TAREFA DO


TRADUTOR
Leandro Moura1
(leandro_slm@hotmail.com)

Benjamin (2001), ao iniciar suas considerações sobre o papel a ser


desempenhado pela tradução, traz à luz, inicialmente, questões relacionadas à recepção
de um “produto final” (cujo autor refere-se como uma obra artística e que, para nós,
pode ser entendido como um texto) por parte de um receptor. Segundo o autor, não há
um leitor a quem se direcione uma obra de arte (ou texto), pois se houvesse esse tipo de
receptor, as explicações teóricas sobre a arte seriam prejudicadas. Por outro lado, se
pensarmos no que nos diz Umberto Eco, em seu O leitor modelo, veremos que é
possível haver um destinatário a quem o texto (ou, neste caso, a arte) direciona-se.
Feitas as considerações acima mencionadas, Benjamin (2001) apresenta
reflexões em relação à tradutibilidade de um texto, que, para o autor, nada mais é do que
a própria essência de certas obras, ou seja, é algo inerente a essas obras. Neste sentido,
podemos pensar que um texto, por exemplo, carrega certos traços, que o tornam mais
traduzíveis ou menos traduzíveis em relação a outros. É interessante observarmos que,
assim como lembrado pelo autor, apesar de a tradução não apresentar significado para o
original, este tem uma conexão íntima com aquela.
Mas qual seria, então, a tarefa do tradutor? Benjamin (2001) argumenta que ela
consiste em buscar, na língua em que se traduz, resquícios daquela língua original. O
tradutor deve, portanto, buscar meios para que seja estabelecido algum tipo de ligação
entre sua língua e aquela língua pura. Deste modo, a tradução passa a ser uma espécie
de fio condutor, capaz de aproximar línguas que não compartilham de um mesmo
conjunto de traços (lexical, fonético, fonológico, sintático etc.). Tal fato pode, assim,
proporcionar uma sobrevida ao texto fonte, levando-o a se perpetuar, uma vez que a
tradução expressa uma relação de proximidade entre as línguas.

1
Graduado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto. Mestrando em Letras: Estudos da
Linguagem – Tradução e Práticas Discursivas pela mesma instituição.
Ligadas à tradução, encontram-se as noções de fidelidade e liberdade, sendo esta
referente à reconstituição do sentido e aquela relacionada à fidelidade para com a
palavra. Todavia, como lembrado por Benjamin (2001), tais conceitos parecem não
atender de maneira adequada a uma teoria que objetive encontrar na tradução algo
diferente da restituição de sentido. Cabe aqui apresentarmos algumas considerações
feitar por Jakobson (2009) acerca dos aspectos linguísticos da tradução, uma vez que o
autor acredita que o significado das palavras é um fato linguístico, ou mais exatamente,
um fato semiótico.
Jakobson (2009) nos diz que o significado de palavras como queijo, maçã,
néctar etc. não pode ser inferido de um conhecimento não-linguístico, pois o significado
está ligado ao signo e não ao objeto em si. É possível depreendermos, portanto, que o
significado de qualquer signo linguístico consiste em uma tradução para outros signos
alternativos mais explícitos ou desenvolvidos. Segundo o autor, há três maneiras de se
fazer essa tradução: uma intralingual (tradução por signos da mesma língua), outra
interlingual (em signos de outra língua) e, finalmente, uma inter-semiótica (tradução em
signos não verbais). É interessante salientarmos que o autor observa que não há
equivalência completa ao se traduzir, pois as mensagens podem ser inteiramente
substituídas e não somente em códigos, de uma língua para outra, tornando a tradução
uma forma de discurso indireto: “o tradutor recodifica e transmite uma mensagem
recebida de outra fonte. Assim, a tradução envolve duas mensagens equivalentes em
dois códigos diferentes.”(JAKOBSON, 2009. p. 64)
Finalmente, é importante retomarmos as observações de Jakobson (2009) acerca
do que as línguas expressam. Segundo o autor, elas diferem, essencialmente, naquilo
que devem expressar, e não no que podem expressar. Assim, em sua função cognitiva, a
linguagem não dependerá apenas do sistema gramatical, uma vez que a definição de
nossas experiências estabelece uma relação complementar às operações
metalinguísticas, pois é preciso que interpretemos a tradução por meio de outros
códigos.

Referências Bibliográficas
BENJAMIN, W. A tarefa-renúncia do tradutor. In: HEIDEERMANN, W. (org.) Clássicos da
teoria da tradução alemão-português. Trad. S. L. Kampf. Florianópolis: NUT/UFSC, 2001.

JAKOBSON, R. Aspectos linguísticos da tradução. In: JAKOBSON, R. Linguística e


comunicação. 24. ed. Trad. I. Blikstein; J. P. Paes. São Paulo: Cultrix, 2009.

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