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Os sinais de pontuação discutem sobre sua importância na escrita e pontuação correta. Eles argumentam que uma pontuação errada pode alterar completamente o sentido de uma frase. O Ponto Final põe fim à discussão.
Os sinais de pontuação discutem sobre sua importância na escrita e pontuação correta. Eles argumentam que uma pontuação errada pode alterar completamente o sentido de uma frase. O Ponto Final põe fim à discussão.
Os sinais de pontuação discutem sobre sua importância na escrita e pontuação correta. Eles argumentam que uma pontuação errada pode alterar completamente o sentido de uma frase. O Ponto Final põe fim à discussão.
Ilustrao: Biry Os sinais de pontuao estavam quietos dentro do livro de Portugus quando estourou a discusso.
- Esta histria j comeou com um erro - disse a Vrgula.
- Ora, por qu? - perguntou o Ponto de Interrogao.
- Deveriam me colocar antes da palavra "quando" - respondeu a Vrgula.
- Concordo! - disse o Ponto de Exclamao. - O certo seria: "Os sinais de pontuao estavam quietos dentro do livro de Portugus, quando estourou a discusso".
- Viram como eu sou importante? - disse a Vrgula.
- E eu tambm - comentou o Travesso. - Eu logo apareci para o leitor saber que voc estava falando.
- E ns? - protestaram as Aspas. - Somos to importantes quanto vocs. Tanto que, para chamar a ateno, j nos puseram duas vezes neste dilogo.
- O mesmo digo eu - comentou o Dois Pontos. - Apareo sempre antes das Aspas e do Travesso.
- Estamos todos a servio da boa escrita! - disse o Ponto de Exclamao. - Nossa misso dar clareza aos textos. Se no nos colocarem corretamente, vira uma confuso como agora!
- s vezes podemos alterar todo o sentido de uma frase - disseram as Reticncias. - Ou dar margem para outras interpretaes...
- verdade - disse o Ponto. - Uma pontuao errada muda tudo.
- Se eu aparecer depois da frase "a guerra comeou" - disse o Ponto de Interrogao - apenas uma pergunta, certo?
- Mas se eu aparecer no seu lugar - disse o Ponto de Exclamao - uma certeza: "A guerra comeou!"
- Olha ns a de novo - disseram as Aspas.
- Pois eu estou presente desde o comecinho - disse o Travesso.
- Tem hora em que, para evitar conflitos, no basta um Ponto, nem uma Vrgula, preciso os dois - disse o Ponto e Vrgula. - E a entro eu.
- O melhor mesmo nos chamarem para trazer paz - disse a Vrgula.
- Ento, que nos usem direito! - disse o Ponto Final. E ps fim discusso. Conto de Joo Anzanello Carrascoza, ilustrado por Biry Voltando da escola pra casa Ricardo Azevedo
Ilustrao: Paladino O menino estava voltando a p da escola. A vida para ele parecia uma coisa sempre igual. Chegar em casa, comer, fazer lio, brincar, tomar banho, jantar, dormir, acordar. No dia seguinte, tudo a mesma coisa outra vez.
Um rudo veio de um terreno baldio. Parecia uma voz. Por entre as folhagens, o menino viu um cachorro cobrindo o focinho com as patas. O bicho, de repente, resmungou:
- Isso no podia ter acontecido!
O cabelo do menino ficou duro feito arame. Saiu correndo, mas parou. Onde j se viu cachorro falar? Deu risada de si mesmo. J estava quase na 4a srie. Sabia escrever, ler e fazer contas. Aquilo s podia ser alguma confuso.
Deu meia-volta e passou de novo pelo terreno baldio. O cachorro agora estava andando de um lado para o outro dizendo:
- No, no e no!
Quase sem respirar, o menino chegou mais perto.
Foi quando o animal gritou:
- a pior desgraa que podia ter acontecido em minha vida!
O menino sabia que aquilo era impossvel. Mesmo assim, sentiu pena do cachorro, um bicho no muito grande com o focinho sujo de terra.
O animal soltou um uivo to sem esperana que o menino entrou no mato e perguntou se ele estava precisando de alguma coisa.
Dois olhos surpresos examinaram o menino de alto a baixo. Depois, o bicho encolheu-se, escondendo o rosto com as patas. O menino sentou-se e acariciou aquela cabea peluda.
- Se eu contar o que acabo de descobrir hoje - disse o animal -, voc no vai acreditar.
E continuou falando devagarinho:
- Faz tempo, conheci uma cachorra linda. Eu estava fazendo xixi num poste. Ela passou. Abanei o rabo. Ela tambm. Foi amor primeira vista.
O menino no conseguia piscar os olhos.
- No fim - continuou ele - a gente acabou se casando.
A cachorra era viva e tinha uma filha j grandinha. Cuidei dela como se fosse minha prpria filha. Um dia, meu pai veio me visitar. Ele tambm era vivo. S sei que os dois gostaram um do outro, namoraram e casaram.
O menino queria fugir e ficar.
- Do casamento de meu pai com minha filha - contou o animal - nasceu uma ninhada de trs cachorrinhos que, ao mesmo tempo, so meus netos, pois so filhos de minha filha, e meus irmos, pois so filhos do meu pai. Eu tambm tive trs filhotinhos. Eles passaram a ser irmos da minha madrasta, a filha da minha mulher. Portanto, alm de meus filhos, so meus tios.
As lgrimas esguichavam dos olhos do cachorro.
- Meu pai casado com minha filha, ou seja, minha madrasta tambm minha filha. Por outro lado, sou pai dos irmos do meu pai, logo, pai de meu prprio pai. E como o pai do pai de algum av desse algum - e a o cachorro agitou-se -, descobri que sou av de mim mesmo!
O queixo do menino balanava debaixo da boca.
- duro ser av da gente mesmo! - exclamou o cachorro em prantos.
Abraado com o menino, o animal chorou ainda durante um bom tempo. Depois, enxugou as lgrimas, pediu desculpas, despediu-se e, com ar agradecido, sumiu no matagal. Naquele dia, o menino chegou em casa mais tarde, almoou e foi para o quarto. Deitado na cama, ficou s pensando. Como a vida pode ser uma coisa rica, complicada, meio louca, bonita, espantosa e cheia de surpresas! Conto de Ricardo Azevedo (extrado do livro No Tenho Medo de Homem, nem do Ronco, publicado pela Fundao Cargill), ilustrado por Paladino Um encontro fantstico
Ilustrao: Ivan Zigg Todos os anos eles se reuniam na floresta, beira de um rio, para ver a quantas andava a sua fama. Eram criaturas fantsticas e cada uma vinha de um canto do Brasil. O Saci-Perer chegou primeiro. Moleque pretinho, de uma perna s, barrete vermelho na cabea, veio manquitolando, sentou-se numa pedra e acendeu seu cachimbo. Logo apontou no cu a Serpente Emplumada e aterrissou aos seus ps. Do meio das folhagens, saltou o Lobisomem, a cara toda peluda, os dentes afiados, enormes. No tardou, o tropel de um cavalo anunciou o Negrinho do Pastoreio montado em plo no seu baio. - S falta o Boto - disse o Saci, impaciente. - Se tivesse alguma moa aqui, ele j teria chegado para seduzi-la - comentou a Serpente Emplumada. - Tambm acho - concordou o Lobisomem. - S que eu j a teria apavorado. Ouviram nesse instante um rumor margem do rio. Era o Boto saindo das guas na forma de um belo rapaz. - Agora estamos todos - disse o Negrinho do Pastoreio. - E ento? - perguntou o Boto, saudando o grupo. - Como esto as coisas? - Difceis - respondeu o Saci e soltou uma baforada. - No assustei muita gente nesta temporada. - Eu tambm no - emendou a Serpente Emplumada. - Parece que as pessoas l no Nordeste no tm mais tanto medo de mim. - L no Norte se d o mesmo - disse o Boto. - Em alguns locais, ainda atraio as mulheres, mas em outros elas nem ligam.
- Comigo acontece igual - disse o Negrinho do Pastoreio. - Vivo a achar coisas que as pessoas perdem no Sul. Mas no atendi muitos pedidos este ano. - Seu caso diferente - disse o Lobisomem. - Voc no assustador como eu, o Saci e a Serpente Emplumada. Voc um heri. - Mas a dificuldade a mesma - discordou o Negrinho do Pastoreio.
- Acho que a concorrncia - disse o Boto. - Andam aparecendo muitos heris e viles novos.
- Pois - resmungou a Serpente Emplumada. - At bruxas andam importando. Tem monstros demais por a... - So todos produzidos por homens de negcios - disse o Saci. - moda. Vai passar... - Espero - disse o Lobisomem. - Bons aqueles tempos em que eu reinava no pas inteiro, no s no cerrado. - A diferena que somos autnticos - disse o Negrinho do Pastoreio. - Ns nascemos do povo. - verdade - disse o Boto. - Mas temos de refrescar a sua memria. - Se pegarmos no p de uns escritores, a coisa pode melhorar - disse a Serpente Emplumada. - Eu conheo um - disse o Saci. - Vamos juntos atrs dele! - E foi o primeiro a se mandar, a mil por hora, em uma perna s. Conto de Joo Anzanello Carrascoza, ilustrado por Ivan Zigg A lenda do preguioso Giba Pedroza
Ilustrao: Orlando Diz que era uma vez um homem que era o mais preguioso que j se viu debaixo do cu e acima da terra. Ao nascer nem chorou, e se pudesse falar teria dito:
"Choro no. Depois eu choro".
Tambm a culpa no era do pobre. Foi o pai que fez pouco caso quando a parteira ralhou com ele: "No cruze as pernas, moo. No presta! Atrasa o menino pra nascer e ele pode crescer na preguia, manhoso".
E a sina se cumpriu. Cresceu o menino na maior preguia e fastio. Nada de roa, nada de lida, tanto que um dia o moo se viu sozinho no pequeno stio da famlia onde j no se plantava nada. O mato foi crescendo em volta da casa e ele j no tinha o que comer. Vai ento que ele chama o vizinho, que era tambm seu compadre, e pede pra ser enterrado ainda vivo. O outro, no comeo, no queria atender ao estranho pedido, mas quando se lembrou de que negar favor e desejo de compadre d sete anos de azar...
E l se foi o cortejo. Ia carregado por alguns poucos, nos braos de Josefina, sua rede de estimao. Quando passou diante da casa do fazendeiro mais rico da cidade, este tirou o chapu, em sinal de respeito, e perguntou:
"Quem que vai a? Que Deus o tenha!"
"Deus no tem ainda, no, moo. T vivo."
E quando o fazendeiro soube que era porque no tinha mais o que comer, ofereceu dez sacas de arroz. O preguioso levantou a aba do chapu e ainda da rede cochichou no ouvido do homem:
"Moo, esse seu arroz t escolhidinho, limpinho e fritinho?"
"T no."
"Ento toque o enterro, pessoal."
E por isso que se diz que preciso prestar ateno nas crendices e supersties da cincia popular. Lenda recontada por Giba Pedroza, ilustrada por Orlando
A dana do arco-ris Joo Anzanello Carrascoza
Ilustrao: Alarco H muito e muito tempo, vivia sobre uma plancie de nuvens uma tribo muito feliz. Como no havia solo para plantar, s um emaranhado de fios branquinhos e fofos como algodo-doce, as pessoas se alimentavam da carne de aves abatidas com flechas, que faziam amarrando em feixe uma poro dos fios que formavam o cho. De vez em quando, o cho dava umas sacudidelas, a plancie inteira corcoveava e diminua de tamanho, como se algum abocanhasse parte dela.
Certa vez, tentando alvejar uma ave, um caador errou a pontaria e a flecha se cravou no cho. Ao arranc-la, ele viu que se abrira uma fenda, atravs da qual pde ver que l embaixo havia outro mundo.
Espantado, o caador tampou o buraco e foi embora. No contou sua descoberta a ningum.
Na manh seguinte, voltou ao local da passagem, tranou uma longa corda com os fios do cho e desceu at o outro mundo. Foi parar no meio de uma aldeia onde uma linda ndia lhe deu as boas-vindas, to surpresa em v-lo descer do cu quanto ele de encontrar criatura to bela e amvel. Conversaram longo tempo e o caador soube que a regio onde ele vivia era conhecida por ela e seu povo como "o mundo das nuvens", formado pelas guas que evaporavam dos rios, lagos e oceanos da terra. As guas caam de volta como uma cortina lquida, que eles chamavam de chuva. "Vai ver, por isso que o cho l de cima treme e encolhe", ele pensou. Ao fim da tarde, o caador despediu-se da moa, agarrou-se corda e subiu de volta para casa. Dali em diante, todos os dias ele escapava para encontrar-se com a jovem. Ela descreveu para ele os animais ferozes que havia l embaixo. Ele disse a ela que l no alto as coisas materiais no tinham valor nenhum.
Um dia, a jovem deu ao caador um cristal que havia achado perto de uma cachoeira. E pediu para visitar o mundo dele. O rapaz a ajudou a subir pela corda. Mal tinham chegado l nas alturas, descobriram que haviam sido seguidos pelos parentes dela, curiosos para ver como se vivia to perto do cu.
Foram todos recebidos com uma grande festa, que selou a amizade entre as duas naes. A partir de ento, comeou um grande sobe-e-desce entre cu e terra. A corda no resistiu a tanto trnsito e se partiu. Uma larga escada foi ento construda e o movimento se tornou ainda mais intenso. O povo l de baixo, indo a toda a hora divertir-se nas nuvens, deixou de lavrar a terra e de cuidar do gado. Os habitantes l de cima pararam de caar pssaros e comearam a se apegar s coisas que as pessoas de baixo lhes levavam de presente ou que eles mesmos desciam para buscar.
Vendo a desarmonia instalar-se entre sua gente, o caador destruiu a escada e fechou a passagem entre os dois mundos. Aos poucos, as coisas foram voltando ao normal, tanto na terra como nas nuvens. Mas a jovem ndia, que ficara l em cima com seu amado, tinha saudade de sua famlia e de seu mundo Sem poder v-los, comeou a ficar cada vez mais triste. Aborrecido, o caador fazia tudo para alegr-la. S no concordava em reabrir a comunicao entre os dois mundos: o sobe-e-desce recomearia e a sobrevivncia de todos estaria ameaada.
Certa tarde, o caador brincava com o cristal que ganhara da mulher. As nuvens comearam a sacudir sob seus ps, sinal de que l embaixo estava chovendo. De repente, um raio de sol passou pelo cristal e se abriu num maravilhoso arco-ris que ligava o cu e a terra. Trocando o cristal de uma mo para outra, o rapaz viu que o arco-ris mudava de lugar.
- Iuupii! - gritou ele. - Descobri a soluo para meus problemas!
Daquele dia em diante, quando aparecia o sol depois da chuva, sua jovem mulher escorregava pelo arco-ris abaixo e ia matar a saudade de sua gente. Se algum l de baixo se metia a querer visitar o mundo das nuvens, o caador mudava a posio do cristal e o arco-ris saltava para outro lado. At hoje, ele s permite a subida de sua amada. Que sempre volta, feliz, para seus braos.