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1) O documento discute a relação entre Arquivística e Ciência da Informação na sociedade pós-moderna, com foco na Recuperação da Informação.
2) A Arquivística surgiu no século XIX para preservar documentos históricos, mas passou a gerenciar documentos correntes após a 2a Guerra.
3) A Ciência da Informação surgiu nos anos 1950 e incorporou conhecimentos de outras áreas, como a Arquivística, para atender às demandas sociais em evolução
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A relação entre a aquivistica e a ciencia da informação na sociedade pós-moderna.pdf
1) O documento discute a relação entre Arquivística e Ciência da Informação na sociedade pós-moderna, com foco na Recuperação da Informação.
2) A Arquivística surgiu no século XIX para preservar documentos históricos, mas passou a gerenciar documentos correntes após a 2a Guerra.
3) A Ciência da Informação surgiu nos anos 1950 e incorporou conhecimentos de outras áreas, como a Arquivística, para atender às demandas sociais em evolução
1) O documento discute a relação entre Arquivística e Ciência da Informação na sociedade pós-moderna, com foco na Recuperação da Informação.
2) A Arquivística surgiu no século XIX para preservar documentos históricos, mas passou a gerenciar documentos correntes após a 2a Guerra.
3) A Ciência da Informação surgiu nos anos 1950 e incorporou conhecimentos de outras áreas, como a Arquivística, para atender às demandas sociais em evolução
Silva, Irisneide de Oliveira Souza; Fujita, Maringela Spotti Lopes; Dal Evedove, Paula Regina.
A relao entre Arquivstica
e Cincia da Informao na sociedade ps-moderna. // Ibersid. (2009) 281-289. ISSN 1888-0967. A relao entre Arquivstica e Cincia da Informao na sociedade ps-moderna The relationship between Archival Science and Information Science in the post-modern society Irisneide de Oliveira Souza SILVA (1), Maringela Spotti Lopes FUJITA (2) e Paula Regina DAL EVEDOVE (3) (1) Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho - UNESP, Faculdade de Filosofia e Cincias, Departamento de Cincia da Informao - Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao, Av. Hygino Muzzi Filho, 737, Campus Universitrio, CEP. 17525900 - Marlia, SP, Brasil, Caixa-Postal: 421. (1) irisneidesilva@yahoo.com.br; (2) fujita@marilia.unesp.br; (3) sud_dove@yahoo.com.br Resumen Aunque existe un consenso segn el cual la Bibliote- conoma, Archivstica y Museologa forman el ncleo comn de la Ciencia de la Informacin, sin embargo, se constat que el foco principal de las reflexiones y discusiones realizadas por el rea no aborda la rela- cin existente entre la Archivstica y la Ciencia de la Informacin. Este artculo pretende demostrar, a partir de una perspectiva epistemolgica-social, la relacin existente entre Archivstica y Ciencia de la Informacin con nfasis en la Recuperacin de la Informacin. Palabras clave: Ciencia de la Informacin. Archivsti- ca. Recuperacin de la Informacin. Interdisciplinari- dad. Responsabilidad social.
Abstract Though a consensus exist in Brazil that Librarianship, Archival Science and Museology form the common core of the Information Science; nevertheless, there is a lack of discussions and reflections on the relation- ship between Archival Science and Information Sci- ence. This article explores, from a social- epistemological perspective, this relationship with an emphasis on Information Retrieval. Keywords: Information Science. Archival Science. Information Retrieval. Interdisciplinarity. Social re- sponsibility. 1. Introduo Como qualquer outro campo do conhecimento a Cincia da Informao (CI) possui trs carac- tersticas gerais que so sua razo de existn- cia, as quais so compartilhadas por vrios campos atuais. Por sua vez, a rea apresenta- se como sendo interdisciplinar por natureza, entretanto, as relaes com as diversas discipli- nas esto mudando; est inexoravelmente co- nectada tecnologia da informao, sendo uma participante ativa na evoluo da sociedade da informao e; possui uma forte dimenso social e humana, a qual est acima e alm da tecnolo- gia. Ao longo das dcadas os pesquisadores com- partilham de um discurso consensual, segundo o qual a CI uma cincia que tem como disci- plinas originrias a Biblioteconomia, a Arquivs- tica e a Museologia. A partir desta colocao, verificou-se uma gama de trabalhos que se preocupam em investigar como foi historicamen- te construda a relao da Biblioteconomia com a CI, dentre eles Ingwersen (1992) e Saracevic (1996; 1999). Isso em parte, justifica-se pelo fato de que a CI surgiu nos anos 50 como disci- plina do corpo terico da Biblioteconomia e, com o passar do tempo ganhou uma identidade prpria tornando-se uma rea do conhecimento. A partir disto, constatou-se que o foco principal das reflexes e discusses realizadas no aborda a relao existente entre Arquivstica e a CI, portanto, sendo necessrio ampliar o referi- do escopo temtico. Neste contexto, um dos problemas crescente a carncia de estudos que reflitam a questo da relao entre as refe- ridas reas. Por sua vez, entende-se que tal discusso relevante tanto para os estudiosos, profissio- nais, bem como para as instituies educacio- nais responsveis pela formao de pesquisa- dores e profissionais destas reas. Alm disso, esta nova abordagem torna-se necessria ao delimitar uma possvel fronteira entre Arquivsti- ca e a CI, com intuito de ampliar os seus espa- os comuns e propiciar uma maior visibilidade do papel social que circunda tais reas nesta nova sociedade, a qual, devido ao processo de globalizao, marcado pela necessidade in- formacional, uma vez que a informao con- 282 Silva, Irisneide de Oliveira Souza; Fujita, Maringela Spotti Lopes; Dal Evedove, Paula Regina. A relao entre Arquivstica e Cincia da Informao na sociedade ps-moderna. // Ibersid. (2009) 281-289. ISSN 1888-0967. cebida como base para a construo e forma- o da sociedade ps-moderna. Desse modo, o presente trabalho torna-se perti- nente ao apontar o processo histrico da Ar- quivstica e da CI, os seus complexos relacio- namentos interdisciplinares e a responsabilida- de social que permeia o escopo de ambas as reas do conhecimento tendo como foco a Re- cuperao da Informao (RI), respeitando as suas especificidades. Contudo, espera-se con- solidar a necessidade de uma maior interlocu- o entre a Arquivstica e a CI, de forma que pesquisadores e profissionais compreendam que a teoria e a prtica esto vinculadas a um compromisso social. 2. O processo histrico de construo da Arquivstica e da Cincia da Informao no campo das cincias Inicialmente, para que haja uma efetiva articu- lao em torno das congruncias e divergncias que circundam a CI e a Arquivstica, busca-se esclarecer que diferentemente desta ltima, a CI no uma cincia clssica, mas sim uma cin- cia recursiva que se apropria, visando a seus objetivos, dos conhecimentos j existentes, dos avanos tecnolgicos e suas possibilidades, bem como se define segundo as demandas sociais. Portanto, refora-se que desde o final do sculo XX a sociedade passa por profundas transformaes nos modos de produo e, es- pecialmente, nos modos de produo do con- hecimento, influenciando diretamente no campo cientfico de ambas as reas. 2.1. Arquivstica A Arquivstica surge em decorrncia do proces- so histrico e social aberto pelo movimento da Revoluo Francesa de 1789, com a criao do Arquivo Nacional da Frana. Desde ento, co- mea a considerar como seu objeto a documen- tao arquivstica que interessava e legitimava a histria do Estado Nao. Posteriormente, pas- sou a preocupar-se com os mtodos e tcni- cas, com o objetivo de constituir, recuperar e difundir a documentao dentro do Estado bu- rocrtico moderno. Na segunda metade do sculo XIX, franceses formularam o princpio do respect des fonds (1) (1841), mais tarde refor- mulado pelos estudiosos alemes e holandeses como princpio da provenincia (2) (1874). Esse princpio bsico talvez explique porque a Ar- quivstica permaneceu por muito tempo voltada para os arquivos histricos ou permanentes. Porm, o referido princpio no descartava o tratamento documental nos arquivos correntes. Aps a Segunda Guerra Mundial (1939 1945), o governo dos EUA instaura uma reforma admi- nistrativa, com o objetivo de racionalizar e con- trolar a informao de grandes massas docu- mentais. Segundo o arquivista e historiador Schellenberg (2004), administrar os arquivos correntes tornava-se necessrio, j que isso promoveria a eficincia da administrao dos servios pblicos e a economia de tempo na recuperao de documentos, com acesso rpi- do pelo governo e pesquisadores. At ento, a Arquivstica se preocupava prioritariamente com a preservao de documentos de valor histrico, cuja mudana deu-se devido reorganizao administrativa norte-americana que criou um modelo que estabelecia o controle de documen- tos de arquivo desde a sua produo, armaze- namento, eliminao e guarda permanente. Com a denominada exploso informacional, no que tange aos arquivos, surgiu a concepo de informao como recurso estratgico a ser ge- renciado. Esse enfoque informacional emerge em funo da atribuio de novos valores informao, relacionado significao social do progresso e da inovao tecnolgica. Contudo, considera-se que a obra de Schellenberg possui a gnese do conceito de informao estratgi- ca, posteriormente designada, por Heredia Herrera (1991, p. 98) de gesto de documen- tos ou gesto da informao. Consequentemente, as circunstncias histricas atriburam a relevncia da informao para a tomada de decises, o que gerou as condies necessrias para o processo de desenvolvimen- to da nova Arquivstica. No que tange ao pro- cesso de construo Arquivstica evidencia-se na literatura, particularmente, as obras Arquivos modernos: princpios e tcnicas de Schellenberg publicada em 1956; a obra de Jean-Yves Rous- seau e Carol Couture, Os fundamentos da dis- ciplina Arquivstica, publicada em 1994 e a obra elaborada por Armando Malheiros da Silva et al., Arquivstica: teoria e prtica de uma cincia da informao (1999), destacando-se, sobretu- do, esta ltima pelo seu aprofundamento e comprometimento com a CI. Entretanto, a obra dos canadenses Rousseau e Couture (1998) tem como premissa a necessi- dade de mudana do objeto da Arquivstica como condio para que esta se transforme em uma cincia autnoma, no contexto de uma sociedade que movida pela informao. Os referidos autores verificaram que um dos pro- blemas vivenciados pela Arquivstica refere-se diversidade de abordagens, suscitando trs vises: uma concepo unicamente administra- tiva, voltada para o valor primrio do documen- to; uma postura tradicional que se preocupa 283 Silva, Irisneide de Oliveira Souza; Fujita, Maringela Spotti Lopes; Dal Evedove, Paula Regina. A relao entre Arquivstica e Cincia da Informao na sociedade ps-moderna. // Ibersid. (2009) 281-289. ISSN 1888-0967. exclusivamente com o valor secundrio do do- cumento; ou, por ltimo, uma concepo nova, integrada e global que tem como objetivo ocu- par-se simultaneamente do valor primrio e do valor secundrio do documento. Contudo, de- fendem uma Arquivstica integrada. A nova Arquivstica integradora concebe como objeto a informao, ao mesmo tempo em que defende a gesto documental colocando-se contrria a Arquivstica tradicional, que desde sempre, tem os arquivos e os documentos como objeto. Nesta concepo a informao tida como estratgica no ambiente organizacional, cujo acesso informacional contribui na tomada de decises, na agilidade do processo produti- vo, na melhoria da qualidade de produtos e servios e, conseqentemente, torna-se um fator decisivo para a competitividade. Considerando-se que a literatura arquivstica caracteriza-se pelas publicaes de seus ma- nuais, constata-se que a questo do objeto e do mtodo no colocada pelos grandes tratados da Arquivstica clssica, dentre eles o Manual dos arquivistas holandeses (Muller, Feith e Fruin, 1898), o qual fornece os primeiros fun- damentos das regras e dos mtodos de trata- mento dos arquivos, tomando por base o positi- vismo clssico; o Manual of Archive adminstra- tion (Jenkinson, 1922), proporcionando uma viso mais pragmtica da rea; e o Manual Ar- chivinistca general: teora e practica (Heredia Herrera, 1991), que aborda os princpios, os critrios e as normas fundamentais do tratamen- to arquivstico, distinguindo arquivos administra- tivos e histricos. Nessa perspectiva, os autores da Arquivstica voltam-se para os problemas de natureza prtica, no descendo essncia da disciplina e s causas de sua insero no cam- po da CI. Entretanto, dentro desta nova concepo a Ar- quivstica apresenta-se como sendo (Silva et al., 2002, p. 211): uma cincia da informao social, que estuda o arquivo enquanto sistema (semi-) fechado, no a- travs de um dispositivo metodolgico fragment- rio virado s para a componente funcional/servio, isto , transferncia e recuperao da informao, mas atravs de dispositivo coeso, retrospectivo e prospectivo, capaz de problematizar em torno de leis formais, ou princpios gerais, [cuja] atividade humana e social implica no processo informacional arquivstico Portanto, o novo paradigma para a Arquivstica deve evidenciar os aspectos humanos no bojo dos arquivos, uma vez que o mesmo partici- pante de um sistema intermedirio de RI. Toda- via, entende-se que um dos grandes desafios para a Arquivstica na era da ps-modernidade equacionar problemas terico-metodolgicos com aplicao prtica, particularmente, no que se refere organizao e representao das informaes, objetivando uma efetiva RI. Assim, influenciados pela tradio dos manuais clssicos a maioria dos estudos da Arquivstica continua a focar no tratamento documental ape- nas a organizao e representao documental. Por sua vez, no conseguem visualizar que na sociedade ps-moderna a questo da RI deve ser relacionada aos usurios da informao, cuja problemtica precisa ser equacionada pela Arquivstica. Para tanto, salienta-se a necessi- dade de um olhar atento para os estudos que focam as abordagens que integram aspectos humanos e tecnolgicos desenvolvidos h dcadas pela CI no campo da RI. 2.2. Cincia da Informao A CI nasce no entremeio contraditrio entre as disciplinas sociais e tecnolgicas e no espao deixado por recortes j institudos pela Bibliote- conomia e demais cincias sociais. Portanto, surge ao lado de outras configuraes temticas datadas de 1950 em diante, tais como a do pro- cessamento automtico de dados, anlise de sistemas, ciberntica, inteligncia artificial, pes- quisa operacional, psicologia cognitivista e ou- tras, todas consideradas cincias novas. Neste perodo, dois fatos marcaram a histria da CI: o primeiro referente publicao da obra de Paul Otlet denominada Trait de Documenta- tion: le livre sur le livre - theorie et practic (1934), a qual lana os fundamentos episte- molgicos para o conceito da nova Cincia da Documentao, de carter universal, que em 1958 seria denominada de Cincia da Informa- o e; o outro evento deve-se a publicao do artigo As we may think, de Vannevar Bush (1945), no qual o referido autor delineia uma proposta para o tratamento e uso da informao em conformidade com as tecnologias da poca, idealizando a mquina MEMEX (3). Na viso de Saracevic (1999, p. 1052), Bush tornou visvel a exploso informacional e a necessidade de tornar acessvel os acervos de conhecimento. Naquele momento, governos do mundo inteiro passam a apoiar projetos de cunho informacio- nal tendo em vista que a cincia e a tecnologia so estrategicamente importantes para o pro- cesso de desenvolvimento da sociedade capita- lista. Nos EUA, a National Science Foundation (NSF) de 1950 a 1958 - criou algumas aes governamentais visando estimular o intercmbio entre cientistas do pas e do exterior para pro- mover a disseminao da informao cientfica 284 Silva, Irisneide de Oliveira Souza; Fujita, Maringela Spotti Lopes; Dal Evedove, Paula Regina. A relao entre Arquivstica e Cincia da Informao na sociedade ps-moderna. // Ibersid. (2009) 281-289. ISSN 1888-0967. e tcnica de valor consistente para o interesse nacional. Em 1968, a American Documentation Institute (ADI) passou a ser denominada American So- ciety of Information Science (ASIS). Nesse mesmo ano Harold Borko (4), publica o clssico artigo Information Science Wat is it, no qual procura conceituar a CI, tornando-se um marco histrico na rea devido a sua profundidade terica. No final dos anos 70, Belkin (1978) passa a defender o conceito de informao til relacio- nado questo da RI. Para tanto, o referido autor pauta-se na relevncia e operacionalidade ao enfatizar a aplicabilidade da informao em contextos especficos na CI, com intuito de pre- ver dificuldades dos diversos usos da informa- o na perspectiva social da RI. Assim, aps a dcada de 70, a CI incorpora abordagens humanas e sociais orientadas para a questo dos usurios. Para Ingwersen (1992) na dcada de 80, o campo da CI enfatizou a possibilidade de coo- perao entre a tecnologia e a esfera humana no que tange a transferncia da informao armazenada em vrios meios. Consequente- mente, o referido autor apontou como tendn- cias da CI para os anos 90 o foco na transfor- mao da informao em conhecimento, bem como previu o renascimento dos modelos mais slidos de RI capazes de promover o acesso adequado informao potencialmente relevan- te. A partir deste escopo, as questes voltadas ao acesso e uso da informao deixam de se- rem tratadas separadamente. Ao longo da histria, a construo do campo cientfico da CI vem se defrontando com pro- blemas, sobretudo, de natureza conceitual rela- tiva pesquisa bsica e aplicada. Neste senti- do, a questo do objeto e do mtodo por muito tempo perpassou essas questes de forma que muitas discusses caminharam no sentido de verificar a identidade da CI, conforme o padro de cientificidade ocidental institudo depois do sculo XVII e consolidado no sculo XIX. Tais posturas fizeram com que, a cincia da infor- mao nunca atinge a categoria de cincia, porque as caractersticas de cincia esto au- sentes: objeto nico, mtodo nico (Wersig, 1991 apud Robredo, 2003). Desse modo, por mais de quatro dcadas os cientistas da informao delimitaram o objeto da CI como sendo informao registrada passvel de ser transmitida. Certamente, esses fatos contriburam para a crise de identidade da CI, principalmente em relao ao seu carter de cientificidade. Para superar essa condio, desde o final dos anos 80 os estudiosos passam a investigar a CI sob o paradigma da complexidade, contextuali- zando-a como uma cincia ps-moderna. Essa concepo vem sendo discutida nos estudos de Wersig e Windel (1985); Wersig (1993); Day (2003); Robredo (2003) e Kobashi e Tlamo (2003). De forma genrica, defendem que a CI deve ser contextualizada no perodo posterior a sociedade moderna, ou seja, concebida como uma cincia ps-moderna. Por sua vez, esse status liberta a CI do modelo clssico de cincia com objeto e mtodo nico anteriormente acei- to. Conforme essa nova concepo, o objeto e o mtodo so elementos sociais contextualizados dentro de fluxos de informao e de conheci- mento, pois a CI apresenta-se como um campo de estudo, pesquisa e aplicao relacionada com a informao, cuja amplitude em muito ultrapassa seus limites pr-estabelecidos (Ro- bredo, 2003). Assim, este novo posicionamento acentua na CI uma natureza interdisciplinar, a qual ampliou o foco das abordagens e implicou na adoo de mtodos diferenciados. Sobre isto, Smit, Tlamo e Kobashi (2004) apontam que a abordagem do objeto da CI interdiscipli- nar, uma vez que esta uma imposio das problemticas abordadas. Assim, considera-se importante frisar que a CI constitui um campo especfico do conhecimento. Nesta vertente, a mesma no possui um nico objeto, mas problemas informacionais dentro de um contexto social, poltico, cultural e social amplo e complexo que necessita ser investigado a partir de questes apresentadas pela cincia e pela sociedade. Portanto, h uma nova orientao para as pes- quisas em CI no quadro do conhecimento da sociedade ps-moderna assinalada pela des- personalizao, fragmentao, confiabilidade e racionalizao do conhecimento (Kobashi; Tlamo, 2003). Contudo, acredita-se que o pa- radigma da informao conhecimento para a ao e, que o papel da CI auxiliar os atores sociais que necessitam do acesso e uso da informao (Wersig, 1993). 3. A esfera interdisciplinar entre Arquivstica e Cincia da Informao: algumas contextualizaes A CI apresenta-se como sendo dinmica, inst- vel e potencialmente catalisadora dos estudos sobre fenmenos informacionais, cujo objetivo compreender as relaes humanas mediadas pela informao e os desdobramentos dessa ao considerando todas as suas configuraes 285 Silva, Irisneide de Oliveira Souza; Fujita, Maringela Spotti Lopes; Dal Evedove, Paula Regina. A relao entre Arquivstica e Cincia da Informao na sociedade ps-moderna. // Ibersid. (2009) 281-289. ISSN 1888-0967. fenomenais, suas qualidades, caractersticas e singularidades. Para tanto, torna-se impres- cindvel compreender, do ponto de vista do su- jeito, os aspectos sociais e tcnicos envolvidos na ao de produzir, sistematizar, organizar, disseminar e recuperar a informao, uma vez que a mesma sustentada por fundamentos tericos e metodolgicos, processos, manifes- taes culturais, sociais e organizacionais. Outrossim, uma das propostas da rea a abordagem cientfica dos fenmenos que envol- vem a noo de informao ocorrendo, para tanto, um dilogo entre as vrias reas do con- hecimento que trabalham efetivamente com o conhecimento da informao e seus registros, as necessidades e os usos da informao em seus contextos sociais, institucionais e indivi- duais, bem como com a comunicao humana. As bases conceituais da CI apontam que a rea dedica-se investigao cientfica em torno da informao registrada buscando sanar as poss- veis necessidades informacionais, sobretudo dos indivduos, instituies e sociedade. Porm, Popper (1972) salienta que a CI no estuda assuntos, mas sim os problemas, os quais, no seu entendimento, devem atravessar os limites de qualquer assunto ou disciplina. Portanto, a CI como qualquer outro campo, definida pelos problemas que apresenta e pelos mtodos que escolhe para resolv-los (Saracevic, 1996). Assim, acredita-se que a CI caracteriza-se como um campo do conhecimento que estuda a in- formao registrada e alicerada no bojo social. Neste sentido, seus processos requerem a con- solidao de dilogos interdisciplinares, nos quais a mediao, a formao e a interao informacional sejam evidenciadas, a fim de ser possvel compreender o modo como os sujeitos e informaes se articulam. A partir de uma das definies mais influentes da rea cunhada por Borko (1968, p. 1) obser- va-se abrangncia de disciplinas relacionadas CI, enquanto um: campo devotado investigao cientfica e prtica profissional que trata dos problemas de efetiva comunicao de conhecimentos e de registros do conhecimento entre seres humanos, no contexto de usos e necessidades sociais, institucionais e/ou individuais de informao. Portanto, entende-se que a CI em seu escopo compreende a investigao em diversas reas como: a Biblioteconomia, Arquivstica, Museolo- gia, Comunicao Social, Lingstica, Psicolo- gia, Cincia Cognitiva e Computacional, dentre outras tantas. Todavia, tais reas podem e de- vem manter um relacionamento ativo com a CI, a partir da esfera interdisciplinar. A interdisciplinaridade um marco das Cincias Sociais e Humanidades, sendo componente da maioria das Cincias que emergiram a partir dos anos 1940. De acordo com Domingues (2005), as pesquisas interdisciplinares apresentam dois aspectos: a aproximao de campos disciplina- res diferentes para a soluo de problemas especficos, e o compartilhamento de metodolo- gias visando equacionar os problemas especfi- cos de cada rea. Assim, a interdisciplinaridade refere-se aproximao de distintos campos disciplinares para a soluo de problemas es- pecficos. Muitas vezes se confunde interdisciplinaridade com a mera incorporao de conceitos, teorias e mtodos de uma disciplina para outra. Porm, deve-se colocar em foco que esse percurso no caracteriza a interdisciplinaridade, no mximo a potencializa, sugere sua necessidade, oferece as condies necessrias ao seu aparecimento, que s se concretizar a partir do dilogo con- creto entre as disciplinas. Segundo Barreto (2004), a interdisciplinaridade no cenrio atual tem sido usada para introduzir, de maneira vaga e circunscrita num certo autori- tarismo acadmico, as solues mal arrumadas para os problemas centrados nas dificuldades tericas, metodolgicas e prticas de uma rea. Nesta problemtica, busca-se preencher as lacunas tericas com arcabouos prontos de outras reas originando, por vezes, o apareci- mento de novas lacunas. Contudo, concorda-se com a viso de Mostafa (1996) ao pontuar que o campo da CI contra- ditrio na medida em que nega as suas demar- caes embrionrias. Ao mesmo tempo em que a rea se aprofunda em determinadas questes e busca resolver algumas contradies, lacunas permanecem abertas, uma vez que toda demar- cao limitante. Portanto, para Palmade (1979) a interdisciplina- ridade no pode ser apenas uma simples e rasa transferncia de problemas, conceitos e mto- dos de uma disciplina para outra, mas deve proporcionar uma integrao interna e concei- tual que rompe a estrutura de cada disciplina para construir uma axiomtica nova e comum a todas elas com o fim de dar uma viso unitria de uma determinada rea do saber. Desse modo, a interdisciplinaridade na CI oco- rre por duas razes, uma interna e outra exter- na. A primeira est relacionada ao movimento epistemolgico interno, oriundo de problemas da rea que no so respondidos por construtos ou abordagens de uma nica disciplina. A se- gunda tem origem nas diferentes formaes e 286 Silva, Irisneide de Oliveira Souza; Fujita, Maringela Spotti Lopes; Dal Evedove, Paula Regina. A relao entre Arquivstica e Cincia da Informao na sociedade ps-moderna. // Ibersid. (2009) 281-289. ISSN 1888-0967. conhecimento dos especialistas da rea (Sara- cevic, 1999). Analisando o campo interdisciplinar da CI, per- cebe-se que os estudos e pesquisas que tratam sobre a interdisciplinaridade acabam por recon- hecer que (Pinheiro, 1999). a Cincia da Informao incorpora muito mais con- tribuies de outras reas, do que transfere para essas um corpo de conhecimentos gerados dentro de si mesma. Considerando-se que existem aproximadamente cerca de 40 campos nos quais a informao desempenha um papel estratgico, mas no objeto de estudo, a Arquivstica insere-se ativa- mente nesse cenrio interdisciplinar da CI ao trabalhar com os suportes informacionais visan- do sua preservao e disseminao (Machlup; Mansfield, 1983, apud Pinheiro, 1997). Desde a Revoluo Francesa o modelo ar- quivstico vigente que est voltado principalmen- te conservao do patrimnio documental questionado pela abordagem arquivstica ps- moderna ou ps-custodial, que vem sendo construda nas ltimas dcadas. Todavia, os novos estudos procuram definir a Arquivstica como disciplina autnoma, a qual apresenta um bojo interdisciplinar pertinente, principalmente com a CI. Diante desta nova perspectiva, Gagnon-Arguin (1992) recorre concepo da Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO), quanto s relaes entre a CI, a Biblioteconomia e a Arquivstica, segundo a qual, os trs domnios possuem o mesmo objeto (a informao registrada num suporte), embora de forma distinta. Assim, mesmo que o domnio da Arquivstica esteja definido, com fundamentos tericos dis- tintos que se aplicam ao tratamento de conjun- tos documentais, acredita-se que a rea, apesar dos avanos cientficos deva reconhecer a ne- cessidade de discusses em torno da RI em suas bases conceituais. Para tanto, a Arquivsti- ca deve buscar uma ativa aproximao com a CI a fim de atender a demanda informacional da sociedade ps-moderna, por meio de um dilo- go permanente. 4. A recuperao da informao como contribuio da Cincia da Informao para a Arquivstica: um olhar para a responsabilidade social A informao no cenrio da sociedade ps- moderna configura-se como um instrumento transformador de libertao ou dominao, alie- nao ou conscientizao, sucesso ou fracasso, desenvolvimento ou estagnao, conforme seja ela transmitida e utilizada e para quem e como seja direcionada (Machado, 2000). Consequen- temente, a informao deve caminhar ao lado do homem na construo da cidadania. No panorama mostrado acima, a informao sempre foi fundamental para qualquer socieda- de, independente de seu contexto histrico. O que se percebe neste entremeio a constante modificao no papel e na relevncia da infor- mao em um dado contexto (Saracevic, 1999). A partir desta realidade, faz-se cada vez mais eminente que os profissionais da informao assegurem e faam valer o cunho social de suas reas de atuao, pois o ato de transmitir informao para aqueles que dela necessitam uma responsabilidade social, a qual reflete o verdadeiro fundamento da CI, bem como de suas reas afins como a Arquivstica. Nessa perspectiva, Silva et. al (2002) propem que o novo paradigma para a Arquivstica deva caracterizar-se pela teoria sistmica, no qual o arquivo visto como um sistema de informao social em que a estrutura, a funo e a memria so definidoras dos possveis tipos de arquivos. Nesta mesma linha de pensamento, Gonzlez de Gmez (1990, p. 118) aponta que o arquivo um participante e representante de um Sis- tema formal intermedirio de Recuperao da Informao. Conforme a autora um dos desa- fios consiste em investigar tais sistemas sob o ponto de vista dos fatores externos como as condies culturais, histricas e sociais para perceber o universo da ao, do conhecimento e do discurso social. Tendo em vista que Belkin (1978) defende a necessidade de um auto-conhecimento da CI com intuito de ultrapassar a viso reducionista e adequar essa disciplina aos modelos tradicio- nais da cincia, prope os atributos pautados na relevncia e na operacionalidade, os quais se relacionam RI quanto a trs aspectos: meto- dolgicos, comportamentais e conceituais. O referido autor enfatiza a importncia da aplicabi- lidade da informao em um contexto especfico para a CI e, ao mesmo tempo aponta a dificul- dade de se prever os efeitos individuais dos diversos usos da informao na perspectiva social da RI. Por sua vez, a RI enquanto um dos focos da CI faz-se presente no desenvolvimento de especia- lidades como a Bibliometria, Estudo de Usurio e Comunicao Cientfica. Entretanto, a partir de uma viso mais profunda exposta por Sara- cevic (1996) tem-se a RI como o ncleo da CI, uma vez que a RI insere-se na rea como uma 287 Silva, Irisneide de Oliveira Souza; Fujita, Maringela Spotti Lopes; Dal Evedove, Paula Regina. A relao entre Arquivstica e Cincia da Informao na sociedade ps-moderna. // Ibersid. (2009) 281-289. ISSN 1888-0967. tentativa de solucionar o problema da exploso informacional com vistas a assegurar o seu papel social. Na viso do autor, a RI engloba os aspectos intelectuais da descrio de informa- es e suas especificidades para a busca, indo alm dos sistemas, tcnicas ou mquinas em- pregados para o desempenho da operao. Alguns estudiosos da CI, dentre eles Belkin (1978), Saracevic (1996) e Capurro (2003) de- fendem que a RI, assim como a aquisio, pro- duo, armazenamento, tratamento e organi- zao seria uma atribuio de interesse dos profissionais de informao. A participao dos cientistas da informao em RI baseia-se na linha histrica da Biblioteconomia. Entretanto, Svenonius (2000) reconhece a emergncia de outras entidades. No tocante Arquivstica, Taylor (2003) observa que a organizao dos documentos de arquivo obedece aos Princpios da Provenincia e do Respeito Ordem Original e destaca que um movimento significativo de padronizao da descrio arquivstica vem se intensificando nos ltimos anos, em funo do crescimento das pesquisas que utilizam a fonte arquivstica. As- sim, a descrio arquivstica, materializada nos instrumentos prprios de pesquisa, insere-se num contexto mais amplo que o do papel so- cial dos arquivos, o qual vai ao encontro da proposta social da CI. Diante do exposto, assinala que a utilizao das normas de descrio viabiliza, no mbito ar- quivstico, o acesso a documentos como pro- vas de ao e a construo dos instrumentos de pesquisa, os quais concretizam a recupera- o dos documentos e das informaes neles contidas (Duranti, 1994). Considerando-se que o foco da CI refere-se informao como um fenmeno inscrito na realidade humana e social, tal objeto coincide com o da Arquivstica, o qual consiste num con- junto documental produzido e acumulado, ou seja, a informao resultante das atividades do homem em sociedade (Silva et al., 2002, p. 31). Portanto, ao considerar as relaes entre a Ar- quivstica e a CI no contexto social e a infor- mao enquanto objeto de interesse, a preocu- pao acerca da RI comum na concepo das duas reas. 5. Consideraes finais Para compreender uma cincia torna-se ne- cessrio, ainda que de forma breve, voltar s suas origens e buscar a essncia, visando a um efetivo entendimento de sua relao interna, com outras cincias e com a sociedade, consi- derando-se que nenhuma cincia pode ser ana- lisada isoladamente, mas deve ser vista dentro de um processo interacional. No anseio pela interdisciplinaridade, as reas do conhecimento devem se ater ao fato de que a ao ou ato interdisciplinar no pode simples- mente enfatizar as teorias e conceitos de um campo/rea e a partir deles formar um novo conhecimento em outro campo/rea. Torna-se imprescindvel, a partir das discusses e reflex- es ora expostas, que este transporte de idias e mtodos respeite as caractersticas existentes e manifestadas da rea que empresta, uma vez que o estabelecimento de um canal formal de comunicao e de relaes entre as reas ser o nicho necessrio ao seu desenvolvimento e sustentabilidade enquanto cincia. Contudo, entende-se que este novo cenrio abre precedentes para o surgimento de outros paradigmas e diretrizes entre a Arquivstica e a CI, visando a uma maior fundamentao dos corpos tericos e delineamento de seus horizon- tes cientficos, os quais se encontram em cons- truo. Neste sentido, acredita-se que a delimi- tao do escopo de abrangncia da Arquivstica em relao a CI suscitar a aproximao das reas e, conseqentemente, contribuir para um fortalecimento terico-conceitual de seus cam- pos cientficos. Salienta-se que a Arquivstica enquanto rea do conhecimento possui seu prprio domnio, com fundamentos tericos distintos que se aplicam ao tratamento documental. No entanto, torna-se importante reconhecer que apesar dos avanos, os estudiosos da Arquivstica precisam urgen- temente refletir sobre a questo da RI, com vistas a um efetivo acesso e uso da informao na sociedade ps-moderna. Para tanto, salien- ta-se a necessidade de se manter um dilogo permanente com a CI. Neste sentido, as sociedades ps-modernas requerem uma nova postura de estudiosos e profissionais da Arquivstica e da CI. Por isso preciso ir alm das fronteiras estticas, de modo que possibilite um novo olhar sobre o docu- mento enquanto objeto tangvel e intangvel, dentro de um contexto social, poltico e cultural mais amplo, fruto das relaes sociais entre os homens no processo de produo e reproduo do conhecimento. S assim, a Arquivstica e a CI cumpriro o seu papel social, ao mesmo tempo em que ganharo status e visibilidade perante a sociedade. Os esforos de cientistas e profissionais da informao que investigam a pesquisa bsica e aplicada na Arquivstica e na CI so necessrios na atual sociedade, complexa e pluralista, na 288 Silva, Irisneide de Oliveira Souza; Fujita, Maringela Spotti Lopes; Dal Evedove, Paula Regina. A relao entre Arquivstica e Cincia da Informao na sociedade ps-moderna. // Ibersid. (2009) 281-289. ISSN 1888-0967. qual os atores sociais buscam no patrimnio documental contedos informacionais que aten- dam de fato suas necessidades sociais e cultu- rais de grupos e indivduos, tais como: cons- truo de identidades culturais; construo e preservao de memrias individuais e coleti- vas; e construo da cidadania. Portanto, tentou-se neste trabalho, de forma resumida, relacionar a interface existente entre a Arquivstica e a CI a partir das contribuies da RI. Considera-se, porm, que outros estudos devem ser realizados com base nessa perspec- tiva objetivando um maior aprofundamento des- ta relao. Notas (1) No ano de 1841, foi formulado na Frana o princ- pio do respect des fonds, segundo o qual deve-se agrupar os documentos oficiais de acordo com a natureza das instituies pblicas que o acumula- ram. (2) De acordo com esse princpio os documentos de cada rgo devem ser mantidos, no arquivo de custdia, na ordem dada pelo servio de registro do rgo e no devem ser reorganizados por gru- pos de assuntos. (3) O MEMEX teria capacidade de associar idias e promoveria a duplicao dos processos mentais artificialmente. Apesar do Memex nunca ter sido construdo, as idias de Bush foram importantes para a criao da Cincia da Informao (Sarace- vic, 1999, p. 1052). (4) Artigo publicado com base na concepo de Cin- cia da Informao de Robert S. Taylor e nos tra- balhos das Conferncias de 1961-1962. Referncias Barreto, A. A. (2004). Sobre a interdisciplinaridade. // Data- GramaZero, 5:6 (dezembro 2004). Belloto, H. L. (2004). Arquivos permanentes: tratamento documental. 2. ed. rev.e ampl. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004. Belkin, N. J. (1978). Information concepts for information science. // Journal of Documentation. 4:1 (mar. 1978) 55-85. Borko, H. (1968). 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